Você está na página 1de 11

1

DELEGAÇÃO DE NIASSA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS E MATEMÁTICA

Cadeira: Química Macromolecular.

Curso de Química. Nível: 4º ano. II semestre. 2023

AULA 1

1. Introdução à Química Macromolecular

1.1. Objecto de estudo

A Química Macromolecular dedica-se ao estudo de compostos de alto peso molecular.


Ex.: Polietileno, proteínas, celulose, etc.

Polímeros são macromoléculas constituídas por ligação de pequenas moléculas


chamadas monómeros e a unidade que se repete varias vezes dentro do polímero são
chamadas elos estruturais (unidade repetitiva). O processo de ligação dessas pequenas
moléculas é chamado polimerização.

Ex.: nM polimerização -M-M-M-M-M-M-M-

M : monómero

-M-M-M-M-M-M-M- : polímero

-M- : elo elementar

O valor de n exprime o grau de polimerização, indicando o número dos elos


monoméricos que formam a macromolécula.

Expressão matemática:

Docente: Mestre Domingos Augusto João


2

Onde: M: massa molar média do polímero. m: massa molar do monómero

1.2. Classificação dos polímeros

Os polímeros podem ser classificados:

a) Quanto à ocorrência

 Polímeros naturais (biomoléculas): são sintetizados pelos organismos. Ex.:


proteínas.
 Polímeros semi-sintéticos ou artificiais: são produzidos a partir dos polímeros
naturais por meio de reacções químicas. Ex.: celulóide.
 Polímeros sintéticos: são obtidos através de transformações químicas a partir de
refinados do petróleo, gás natural ou do carvão. Ex.: polietileno, polipropileno,
poliéster, poliuretano, etc.

b) Quanto ao número de monómeros

 Homopolímeros: são formados por monómeros iguais. Ex.: polietileno


nCH2= CH2 → ( - CH2 - CH2-)n
(etileno) (polietileno)

 Copolímeros: são obtidos a partir de dois ou mais monómeros diferentes.


Ex.: GRS, Borracha SBR ou Buna-s

Docente: Mestre Domingos Augusto João


3

Os copolímeros podem ser de quatro tipos, nomeadamente copolímero alternado,


copolímero em bloco, copolímero randómico e copolímero enxertado.

 Copolímero alternado: os dois monómeros se inserem na cadeia duma forma


alternada.
Ex.:

 Copolímero em bloco: são constituídos por uma sequência de monómeros


iguais formando um bloco de cada tipo de monómeros.
Ex.:  
 Copolímero randómico: os monómeros se inserem na cadeia duma forma
aleatória.
Ex.:
 Copolímero enxertado: a cadeia principal formada por mesmas unidades
repetidas sofre ramificações de uma estrutura proveniente de um outro
monómero. Ex.:

c) Quanto ao método de preparação do polímero


 Polímeros de condensação: são obtidos a partir da reacção de dois monómeros,
com eliminação de uma substância mais simples, como por exemplo, H2O, NH2,
etc. Ex.: poli(tereftalato de etileno)

Docente: Mestre Domingos Augusto João


4

 Polímeros de adição: ocorre com adição de monómeros sem a obtenção de


subprodutos.

Ex.: nCH2= CH2 → ( - CH2 - CH2-)n

d) Quanto ao comportamento mecânico

 Plasticos: são sólidos a temperatura ambiente. Eles são classificados em:

 Termoplásticos: quando aquecidos amolecem, fluem e deformam-se e quando


arrefecidos, enrijecem. São moldáveis, recicláveis, solúveis e possuem cadeia
linear ou ramificada. Ex.: polietileno, fibras (náilon).
 Plásticos termofixos ou termoenduráveis: quando aquecidos amolecem e
fluem, mas quando continuamente aquecidos, solidificam e não é possível voltar
a amolecê-los e não são recicláveis. Reagem quimicamente, formando ligações
cruzadas entre as cadeias e se solidificam. Ex.: resinas de fenol-formaldeídos
(baquelite) ou ureia-formaldeído.

 Elastómeros: a temperatura ambiente o seu comprimento inicial deformam-se


no mínimo duas vezes, mas retorna o seu comprimento original depois de
retirado o esforço devido a presença neles de cadeias flexíveis ligadas uma às
outras, com baixa densidade de ligação cruzada fazendo com que os mesmos
tenha a capacidade de:

Docente: Mestre Domingos Augusto João


5

 aceitar grandes deformações (˃200%), mantendo boa resistência


mecânica e módulo de elasticidade quando deformado,

 recuperar rapidamente a deformação, após retirado o esforço,

 ter recuperação total da deformação

e) Quanto ao desempenho mecânico

 Termoplásticos convencionais (commodities): são de baixo custo, baixo nível


de exigencia mecânica, alta produção, facilidade de processamento, etc. Ex.:
poliolefinas (LDPE, HDPE, PP), poliestireno (PS) e o policloreto de vinila
(PVC).

 Termoplásticos especiais: são de custo levemente superior aos convencionais,


mas com algumas características um pouco melhores. Exemplos:

 Copolímeros de etileno-acetato de vinila (EVA) e estireno-acrilonitrila


(SAN);

 Homopolimeros de politetrafluoro-etileno (PTFE) e polimetacrilato de


metila (PMMA).

Portanto, em PMMA e SAN, procura-se alta transparência e em PTFE, alta estabilidade


térmica e química.

 Termoplásticos de engenharia (TE): a confecção de peças de bom


desempenho para aplicações em dispositivos mecânicos (engrenagens, peças
técnicas para a indústria eletroeletrônica e automobilística, etc.) exige do
polímero alta resistência mecânica (rigidez), boa tenacidade e excelente
estabilidade dimencional. Ex.: poliamidas (náilons em geral), os poliésteres
termoplásticos (polietileno-tereftalato PET e polibutileno-tereftalato PBT),
poliacetais (homopolímeros e copolímeros), o policarbonato (PC), copolímero
de estirenobutadieno-acrilonitrila (ABS) e polioxi-fenileno (PPO).

 Termoplásticos de engenharia especiais: são aplicados nas situações em que é


exigida alta temperatura (˂150ºC). Neste caso, são utilizados polímeros com

Docente: Mestre Domingos Augusto João


6

grande quantidade de anéis na cadeia principal. Ex.: Polímeros contendo enxofre


(polisulfonas, polisulfeto de fedeno PPS), poliimidas (poliimida-poliamida),
alguns poliuretanos, poliéster-éter-cetona (PEEK) e polímeros de cristal líquido
polirnérico.

F) Quanto à estrutura química

 Polímeros de cadeia carbónica: são polímeros originários de monômeros


contendo uma dupla ligação carbono-carbono reactiva. Ex.: polietileno,
polibutadieno, policloropreno, etc.

 Polímeros de cadeia heterogénea: polímeros, a cadeia principal do polímero


possui, além do carbono, um outro átomo (heteroátomo), por exemplo, o
oxigênio, nitrogênio, enxofre, silício, etc. Ex.: poliéteres (-C-O-), poliésteres (--
CO-O-), policarbonato (-O-CO-O-), poliamidas (-NH-CO-), poliuretanos (-NH-
CO-O-), etc.

1.3. Propriedades físicas de polímeros

As cadeias individuais de um polímero, como o polietileno, são mantidas juntas por


meio de forças de Van der Waals e actuam em pequenas distâncias. Essas forças são
fortes quando as cadeias poliméricas se alinham em arranjo organizado e bem
empacotado. As regiões do polímero onde as cadeias são altamente ordenadas são
chamadas cristalitos. As regiões entre os cristalitos são amorfos e não cristalinas, nas
quais as cadeias são orientadas aleatoriamente. Quanto mais cristalino, mais ordenado é
o polímero, além de ser mais denso, mais duro e mais resistente ao aquecimento. Se as
cadeias poliméricas possuírem substituintes, como por exemplo, no poli
(metilmetacrilato) ou ramificações que as empeçam de estar firmemente unidas, a
densidade do polímero é reduzida.

Docente: Mestre Domingos Augusto João


7

Os polímeros podem sofrer o processo de solubilização. Este é um processo físico


reversível que não altera a estrutura química na cadeia polimérica. Este se diferencia do
ataque químico, que é um processo químico irreversível e que leva à degradação da
cadeia polimérica. A solubilização é um processo lento que acontece em dois estágios.

Estágio 1: o polímero sólido em contato com o solvente tende a inchar através da


difusão das moléculas do solvente para dentro da massa polimérica, formando
um gel inchado. Este estágio não acontecerá se as estruturas químicas do polímero
e do solvente forem muito diferentes, se existir alta densidade de ligações cruzadas e se
as interações polímero-polímero forem muito maiores que as interações
polímero-solvente.

Estágio 2: consiste na entrada de mais solvente leva à desintegração do gel


inchado, com a consequente formação de uma solução verdadeira. Este estágio
será prejudicado (mas não necessariamente inviabilizado) se na massa polimérica
estiverem presentes: cristalinidade, pontes de hidrogênio, ligações cruzadas (em baixas
concentrações) e se as interacções polímero-polímero forem maiores que as
interações polímero-solvente.

Docente: Mestre Domingos Augusto João


8

2. Configuração de cadeias poliméricas

a) Encadeamento em polímeros

Tomemos como base CH2=CH-R.O carbono CH2 é carbono cabeça e o CH de carbono


cauda. Assim, o encadeamento pode ser:

 Cabeça-cauda: durante o crescimento da cadeia sempre é o


carbono cauda do monômero que se apresenta para se ligar com ela.

CH–CH2 –CH–CH2
R R

 Cabeça-cabeça: a ligação ocorre entre carbono cabeça do monómero.

R-CH-CH2-CH2-CH-R

 Cauda-cauda: a ligação ocorre entre carbono cauda do monómero.

CH2-CH-CH-CH2
R R
Em monômeros vinílicos, onde o grupo lateral (R) é volumoso, a tendência
natural de encadeamento é a de cabeça-cauda, devido ao seu impedimento estérico.

b) Isomeria cis e trans

 Configuração cis: a cadeia cresce do mesmo lado da dupla ligação.


H H
C=C
CH2- CH2-

 Configuração trans: o crescimento da cadeia se dá em lados opostos da dupla


ligação.

Docente: Mestre Domingos Augusto João


9

CH2- H
C = C
H CH2-

c) Taticidade

 Isotático: todos os grupos laterais R apresentam a mesma orientação relativa


(para frente) em relação ao plano definido pelos átomos da cadeia principal.

 Sindiotático: os grupos laterais são dispostos de maneira alternada, ora


para cima, ora para baixo com relação ao plano da cadeia principal.

 Atático - não há uma regularidade nesta disposição.

Exercícios propostos

Docente: Mestre Domingos Augusto João


10

1. O polímero policloreto de vinilo, muito usado, tem a seguinte estrutura:

-CH2-CH-CH2-CH-CH2-CH-…
Cl Cl Cl

a) Escreva o elo estrutural do polímero e fórmula estrutural do monómero.


b) Determine o grau de polimerização de um polietileno que tem massa molecular 500
e é um líquido viscoso.

2. Diferenciar os seguintes pares de termos, dando exemplos em cada caso:

a) Forças intermoleculares e forças intramoleculares.


b) Cadeias lineares e cadeias cruzadas.
c) Copolímeros em bloco e copolímero graftizado.
d) Polímeros de adição e polímeros de condensação.
e) Polímeros termoplásticos e polímeros termofixos.
f) Polímeros de cadeia carbónica e polímero de cadeia heterogénea.

Referências Bibliográficas

BATHISTA , André Luis Bonfim; SILVA, Silva Emerson Oliveira da. Conhecendo
Materiais Poliméricos. Universidade Federal de Mato Grosso e Instituto de Ciências
Exatas e da terra, 2003.

BRUICE, Paula Yurkanis. Química Orgânica. 4.ed, vol.2, São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2006.
CANEVAROLO Jr, Sebastião V. Ciências dos Polímeros: um testo básico para
tecnólogos e engenheiros. São Paulo: Artliber Editora, 2002.
COSTA, Alexandre; FERREIRA, Ana Margarida; COSTA, Ana Maria. Química: 12º
ano. Vol.2, Lisboa: Platano Editora, 2009.
MANO, Eloisa Biasotto; MENDES, Luís Cláudio. Introdução a Polímeros. 2ed. ver. E
ampl. São Paulo: Edgard Blucher, 2004.

Docente: Mestre Domingos Augusto João


11

LOURENÇO, Maria da Graça; TADEU, Virgínia. Química 11º ano de Escolaridade:


ciências físico-químicas. Porto, 1996.
TSVETKOV, L.A. Quimica Organica 3. Moscovo: Editora Mir, 1987.

Docente: Mestre Domingos Augusto João

Você também pode gostar