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A passagem do Evangelho de hoje,

conhecida como o grito do Redentor, mostra-nos


Jesus de braços abertos a clamar a uma
multidão de homens que atravessa os séculos:
"Vinde a mim todos vós que estais cansados e
fatigados sob o peso dos vossos fardos, e Eu
vos darei descanso".
Santo Agostinho assinala que o fardo a que
se refere Cristo não é senão o peso do  pecado,
o jugo da escravidão da iniquidade, a opressão
molesta da concupiscência. Pecamos na vã
esperança de encontrar no mundo uma
felicidade que ele não nos pode oferecer, pois
"o salário do pecado", escreve o Apóstolo, "é a
morte" (Rm 6, 23).
Quem peca há de experimentar, cedo ou
tarde, a tristeza, o desencanto, a frustração, o
tédio mortal que pesa sobre uma consciência
que se deixou desviar de seu fim e propósito.
Ora, o alívio que nos propõe Aquele que
conhece o coração dos homens consiste, não
em privar-nos do fardo, mas em substituí-lo por
outro — o fardo da cruz, carregada de bom
grado e com amor: "Pois o meu jugo é suave e o
meu fardo é leve".
“Aquele que comete pecado é escravo do
pecado”, de maneira que, se permanecermos na
palavra do Filho, Ele nos fará livre dos laços da
iniquidade e de Satanás.
Vejam, pelo pecado o homem se torna réu
de morte eterna e mancípio do demônio. Por
seu sacrifício vicário na cruz, Nosso Senhor
livrou-nos desses males; no entanto, para
tirarmos verdadeiro proveito de sua Redenção,
precisamos esforçar-nos, com o auxílio da graça,
por lutar contra a causa de toda escravidão: o
pecado mesmo.
É irônico que, nos tempos que correm, tantos
levantem a voz para reivindicar toda sorte de
liberdades quando, ao mesmo tempo, cedem às
faltas morais mais indignas e escravizantes.
O mundo quer falsas liberdades para
acorrentar-se, com cada vez mais força, aos
seus próprios vícios. Mas o cristão consciente
de sua fé sabe que esses desvarios do mundo
não passam de mentiras, disseminadas por
aquele que é homicida desde o princípio .
Para não cairmos nos mesmos enganos com
que o inimigo tem o mundo sob os seus pés,
precisamos ter contato diário com a verdade de
Cristo, e isso se faz pela leitura meditada das
Escrituras, o estudo do Catecismo e,
principalmente, a oração constante.
Com o coração fortalecido pela Palavra de
Deus e a inteligência enriquecida com as
verdades da fé.
Dirijamo-nos todos os dias ao Coração
Sagrado daquele que nos comprou de volta a um
altíssimo preço, o preço de seu Sangue.
Não há outra opção: ou deixamos que o jugo
do pecado nos oprima e afunde no Inferno, ou
erguemo-nos com Cristo e permitimos que Ele
nos ajude a suportar a cruz da caridade , do
sacrifício, da obediência, da total entrega de si.
Aceitemos sobre nossos ombros a cruz de
Nosso Senhor; como Ele, doemo-nos aos
irmãos, deixemo-nos devorar por eles, não nos
vendamos à promessa diabólica de uma vida
sem dor e sacrifício, de uma vida que não vale a
pena ser vivida, já que o seu termo é a morte
eterna.
Peçamos, pois, a Nosso Senhor que nos dê
um coração manso e humilde como o dEle, a fim
de aprendermos com Ele o caminho que leva ao
Pai e à salvação.

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