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A REPÚBLICA INGLESA

A DITADURA DE OLIVER CROMWELL (1649 – 1658)

Após a guerra civil, a monarquia inglesa foi extinta e a república foi implantada, sendo
governada por Oliver Cromwell... Essa república, também conhecida na história como
república puritana, foi na verdade uma ditadura

Cromwell governou com mão de ferro e isso só foi possível porque ele possuía o apoio
e o controle do Exército. Esse poder foi utilizado para esmagar qualquer resistência de
opositores, além de expandir o território, através da conquista da Irlanda.
A república foi ditatorial e Cromwell recebeu o título de Lorde Protetor. Vamos ver os
principais eventos deste período:

1 – Execução do rei Carlos I


2 – Dissolução do Parlamento (1653): No Parlamento havia diversas facções e muita
divergências entre os parlamentares sobre os novos caminhos do país...para Cromwell,
essas divergências atrasavam a implementação de seus planos de governo...além
disso, era preciso consolidar seu poder e impedir o surgimento e o fortalecimento de
uma nova liderança...sendo assim, em 20 de abril de 1653, Cromwell dissolveu o
Parlamento e o substituiu por um Conselho escolhido por ele próprio.

3 – A Separação entre Igreja e Estado: a Igreja Anglicana deixou de ser a Igreja oficial
da Inglaterra.

4 - Fechamento de teatros: o teatro era considerado entretenimento mundano e


imoral; foram fechados em 1642.

5 - Censura de livros: Foi implantado um sistema de censura para controlar o que era
publicado e disseminado. Muitos livros considerados imorais ou contrários à doutrina
puritana foram proibidos ou destruídos.

6 – Perseguição aos católicos: os católicos foram desencorajados de praticar sua fé;


foram proibidas as celebrações litúrgicas, missas e rituais..
- Confisco de Propriedades e Riquezas: Os católicos eram frequentemente alvo de
confisco de propriedades e riquezas. Muitos católicos ricos tiveram suas propriedades
e bens confiscados pelo governo, como parte dos esforços para enfraquecer a
influência católica.
- Restrições Profissionais: Os católicos também enfrentavam restrições em relação a
cargos públicos e profissionais. Muitos eram excluídos de posições de poder e
influência na sociedade, incluindo funções governamentais e militares.
- A educação católica também foi restringida. As escolas católicas foram fechadas, e os
católicos foram desencorajados de fornecer educação religiosa a seus filhos.

Perseguição e Prisão: Católicos que continuavam a praticar sua fé eram


frequentemente perseguidos, presos e punidos. Muitos sacerdotes católicos foram
presos e executados por realizar missas secretas ou outras atividades religiosas.

7 - Controle dos costumes: Os puritanos acreditavam na importância da simplicidade e


modéstia na vestimenta e nos costumes. Eles procuraram controlar a maneira como as
pessoas se vestiam e se comportavam em público para promover a moralidade.
8 - Imposição do domingo: O domingo era visto como o dia do Senhor, e o governo
puritano impôs estritas leis sobre o que era permitido fazer nesse dia, proibindo
atividades consideradas profanas, como festas e diversões.

9 - Proibição de Festividades Religiosas: na visão do puritanismo radical do governo de


Cromwell, festividades religiosas tradicionais, como o Natal e a Páscoa foram proibidas
ou desencorajadas por estarem ligadas ao catolicismo.

10 - Restrições aos Anglicanos: Embora Cromwell tenha se oposto ao episcopado da


Igreja Anglicana, ele também impôs restrições aos anglicanos que não aderiam aos
princípios puritanos. Muitos clérigos anglicanos foram expulsos de suas igrejas e
substituídos por líderes puritanos.

Insatisfação com o regime puritano: O regime puritano liderado por Cromwell impôs
rígidas restrições aos costumes e práticas religiosas, o que gerou descontentamento
entre setores da população que preferiam um retorno à igreja anglicana e à tolerância
religiosa.

Necessidade de uma figura central: Muitos ingleses acreditavam que a restauração da


monarquia traria maior estabilidade política, ao ter um líder central e familiar no
trono, que unisse o país e colocasse um fim nos conflitos internos.

Reação ao radicalismo político: Algumas camadas da sociedade, inclusive membros da


nobreza e burguesia, sentiram que o regime republicano estava se tornando
excessivamente radical e questionaram a viabilidade a longo prazo desse tipo de
governo.

Assim, a restauração da monarquia foi vista como uma forma de encerrar um período
de experimentação política e retornar a uma estrutura de governo mais tradicional,
com um monarca no trono. Carlos II foi recebido com certo apoio popular, e sua
restauração trouxe uma estabilidade relativa ao país após anos de agitação política e
conflitos.

Essas restrições e medidas impostas pelo regime puritano durante o governo de


Cromwell foram uma tentativa de criar uma sociedade mais pura e moral, de acordo
com seus princípios religiosos. No entanto, muitas dessas restrições foram percebidas
como opressivas e impopulares entre amplos setores da população, o que contribuiu
para o desejo de restaurar a monarquia após a morte de Cromwell.

fato, a liderança de Oliver Cromwell durante o período do Protetorado foi


caracterizada por um governo autoritário, e ele exerceu uma quantidade significativa
de poder como Lord Protetor da Inglaterra. Durante sua gestão, Cromwell atuou como
uma figura centralizada e dominante, tomando decisões unilaterais e exercendo
controle sobre os assuntos políticos, militares e religiosos.

Alguns aspectos que apontam para o caráter ditatorial de Cromwell incluem:

Supressão de oposição: Cromwell lidou com a oposição interna e externa de forma


dura e repressiva, incluindo a perseguição de dissidentes políticos e religiosos.

Domínio militar: Cromwell tinha o controle do exército e utilizava seu poder militar
para consolidar sua posição política e reprimir qualquer resistência.
Governo centralizado: Sob o governo de Cromwell, o poder estava altamente
concentrado em suas mãos, e ele tinha a autoridade final em questões de Estado.

Censura e repressão: Durante seu governo, houve censura rigorosa da imprensa e


repressão à liberdade de expressão, o que limitava a oposição e críticas ao regime.

Embora Cromwell tenha sido visto como um líder forte e eficiente por alguns, sua
abordagem autoritária e centralizada do poder também gerou ressentimento e
insatisfação entre muitos. Sua atuação como ditador contribuiu para o desejo de
restaurar a monarquia após sua morte e para a retomada do governo monárquico com
a restauração de Carlos II. A breve experiência do Protetorado sob o governo de
Cromwell ilustra os desafios e complexidades do exercício do poder em um contexto
político conturbado e em constante mudança.

O Parlamento não se rebelou contra a dissolução feita por Oliver Cromwell em 1653,
em parte, devido à situação política e militar da época, que favorecia o poder do
exército e a posição de Cromwell. Algumas razões que explicam a falta de uma rebelião
parlamentar imediata são:

Domínio militar: Cromwell tinha o controle do exército e, como general e líder militar,
desfrutava de grande prestígio e lealdade das forças armadas. O exército era uma
força significativa na política da época e sua influência era determinante na
estabilidade e segurança do país. O Parlamento, portanto, tinha que considerar o
poder do exército antes de qualquer ação.

Desgaste e divisões internas: O Parlamento que foi dissolvido por Cromwell (conhecido
como o Parlamento Rump) estava enfrentando problemas de eficácia e divisões
internas. Além disso, havia uma percepção de que o Parlamento estava se mantendo
no poder além do período para o qual havia sido eleito. Isso enfraqueceu a
legitimidade e a autoridade do Parlamento Rump.

Receio de agravar a instabilidade política: A Inglaterra estava passando por um período


de incerteza política, com diferentes facções disputando o poder. O Parlamento pode
ter temido que uma rebelião contra Cromwell poderia agravar ainda mais a
instabilidade e resultar em conflitos internos, prejudicando a estabilidade do país.

Respeito por Cromwell como líder militar: Apesar de suas ações autoritárias, Cromwell
era visto por muitos como um líder forte e eficiente. Seu histórico como general bem-
sucedido no comando do exército durante a Guerra Civil Inglesa e a Guerra Anglo-
Holandesa conferiam-lhe certo respeito e apoio.

Perspectiva de uma nova constituição: Cromwell prometeu um novo modelo


constitucional e uma reforma do sistema político após a dissolução do Parlamento
Rump. Ele estabeleceu o "Barebone's Parliament" como um órgão consultivo para
ajudar na redação de uma nova constituição e, mais tarde, se tornou Lord Protetor.
Algumas pessoas esperavam que essa mudança resultasse em uma forma mais estável
de governo.

Esses fatores contribuíram para a falta de uma rebelião imediata do Parlamento contra
Cromwell após sua dissolução, mas é importante ressaltar que o governo do
Protetorado foi marcado por instabilidade política e conflitos, mesmo com o apoio
militar

1- A execução do Rei Carlos I (1649): o rei foi acusado, julgado e condenado à morte
pelos seguintes crimes:
- Cobrança de Impostos sem Consentimento Parlamentar: Carlos I tentou financiar
suas políticas e empreendimentos através da cobrança de impostos sem a aprovação
do Parlamento, desrespeitando os princípios estabelecidos na Petição de Direitos de
1628, que exigia o consentimento parlamentar para a tributação.
- prisões arbitrárias: O rei prendia cidadãos sem julgamento justo e sem acusações
claras, indo contra o princípio do devido processo legal e do habeas corpus, que
protegem os cidadãos contra detenções arbitrárias.
- Interferência na Liberdade Religiosa: Carlos I tentou impor uma forma mais ritualista
de anglicanismo à Igreja da Inglaterra, causando conflitos religiosos e perseguindo
aqueles que não seguiam as práticas religiosas prescritas.
- Repressão Política: O rei tentou silenciar a oposição política e restringir a liberdade de
expressão, resultando na prisão e perseguição de opositores políticos.
- Dissolução do Parlamento: Carlos I dissolveu o Parlamento várias vezes, quando este
não atendia aos seus interesses...além disso, governou sem a aprovação parlamentar,
concentrando poder nas mãos e minando a representação democrática.
- Utilização do Exército Real: O rei usou o exército real para impor sua autoridade,
muitas vezes ameaçando e reprimindo oponentes políticos e civis.
- Restrições aos Tribunais e ao Sistema Judiciário: Carlos I tentou controlar o sistema
judicial e interferir na independência dos tribunais, minando a imparcialidade do
sistema legal.

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