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Rumo A Um Campo Conceitual Da Pedagogia Das Artes Visuais (CCPAV)
Rumo A Um Campo Conceitual Da Pedagogia Das Artes Visuais (CCPAV)
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All content following this page was uploaded by Sebastian Galindo Calderon on 12 June 2023.
Em direção a um campo possível de pedagogia das artes visuais, abre-se a discussão sobre a
redefinição da pedagogia e da educação como um exercício político, razão pela qual é um
campo conceitual aberto a múltiplas interpretações. A partir das práticas construídas a partir
de pesquisas recentes sobre a imersão da(s) pedagogia(s) das artes visuais (Romero et al,
2019), podemos apreciar uma mutação constante e variada do campo conceitual da
pedagogia das artes visuais, redefinindo a didática como um conceito raiz da pedagogia, o
conceito de ensino-aprendizagem no contexto das artes, ou a profissão de professor dentro
do conhecimento pedagógico (Vasco, 2000) tem sido decisivo para não fechar o campo
conceitual da pedagogia.
Uma linha de força difere das linhas de errancia, devido aos graus de afetação em que uma
ou outra pode ser determinada em um campo artístico puramente visual. Uma linha de força
tem a ver com a criação, assim como uma linha de errancia, no entanto, enquanto uma tem
um componente de criação subjetiva, a outra tem uma composição coletiva como uma obra
inacabada. Paul Klee (2015) em A teoria da arte moderna afirma que a criação é um
elemento que deve ser constituído na linha de força, a linha de força seria essa
multiplicidade sensível da criação do artista, no campo conceitual isso é fundamental na
medida em que a percepção parte daí, Não se trata de conceituar a criação artística, trata-se
de abrir o campo conceitual por meio do qual um conceito pode ser sustentado ou não em
um campo de imanência (Deleuze & Guattari, 2001), campo esse em constante mutação,
pelo ato de criação que emerge e é afetado por ele.
"Eu me desvio [...] As mais diversas linhas. Esfumadas. Estriadas. Movimento ondulante.
Movimento travado. Articulado. Contra-movimento. Trançado. Tecelagem. Alvenaria.
Imbricação. Solo. Várias vozes. Linha que se perde. Recuperando o vigor (Dinamismo) [...]
Sentidos, No início é o ato, mas acima dele está a ideia". (Klee, 2015. P. 37)
As linhas de força são linhas que já passaram pelo próprio trabalho. Isso é importante para
a pedagogia das artes visuais, na medida em que se deve levar em conta a concepção do
sujeito da relação pedagógica e seu impacto na formalização da relação, seja ela
investigativa, pedagógica ou criativa. A linha de errância transita, entretanto, como fez
Deligny (2017) com a criação coletiva da experiência autista no campo da criação, para
compreender que, para além do regime simbólico, a linha permitia à pessoa autista mover-
se nômade pelo espaço e transformá-lo em experiência sensível diante das exigências da
escolarização ou da normalização.
Fernand Deligny (2017) quando recorre ao que foi fundado como linhas de errância (nem
todas as linhas são iguais: a linha do professor, a linha do camponês, a linha do louco, a
linha do deslocado, a linha do policial, etc.) para formular a pedagogia como uma maneira
de mapear o espaço a partir da criação e da disposição corporal do autista. Isso pode ser
integrado em uma visão poética etno-autobiográfica no filme (1976) Ce Gamin Lá. A ideia
de outra pedagogia que permita a exploração além da instituição, a construção de uma linha
coletiva além da uniformidade ou a burocratização incessante de grupos de resistência,
levou Deligny a formular, na forma de um "guerrilheiro autista", uma agência coletiva de
desejo com crianças autistas, As linhas de errância são fundamentais porque não têm a ver
com um significante, mas com mapas que ressignificam o coletivo, para um campo
conceitual da pedagogia das artes visuais é fundamental construir uma possibilidade de
criar conceitos a partir da diferença, do outro, do anormal. O imperceptível ou a-
significante nas práticas pedagógicas torna-se visível na medida em que uma linha é
composta com outras:
"E as linhas estão constantemente se cruzando, elas coincidem por um instante, elas se
sucedem por algum tempo. Uma linha errante coincide com uma linha habitual, e aí a
criança faz algo que não pertence mais exatamente a nenhuma delas, encontra algo que
perdeu - o que aconteceu? - ou então pula, bate palmas, faz um movimento rápido e
minúsculo - mas seu próprio gesto, por sua vez, emite várias linhas..." (Deleuze & Guattari,
2017).
Em Isto nao e um cachimbo e, um ensaio sobre Magritte de Michel Foucault (2012) pode
ilustrar como essa concepção entre o que é visível e o que é enunciável é levada para além
do arquivo. O que é falado nunca é o mesmo que é visto, é um ensinamento que Magritte
nos deixa na obra Isto não é um cachimbo, o caligrama como uma força enuncia um
cachimbo, um cachimbo como um murmúrio que se dobra ao infinito embora o negue, este
é o objetivo da enunciação, que seja dito em um tempo concreto, e que ao mesmo tempo
possa ter a força da visibilização e que consiga sair até mesmo da própria linguagem para
traçar a força dentro/fora da enunciação ou do discurso, esse é o legado de Blanchot (2010)
ou de Todorov (2017), quando antecipa a queda de um monologismo que cairia ao infinito
como forma de transgredir uma linha que os enunciados fazem parte daquilo que não se vê
também (visível/invisível):
"Por sua dupla entrada, ele garante essa captura, da qual o discurso sozinho ou o desenho
puro não são capazes. Ela evoca a ausência invencível sobre a qual as palavras não
conseguem triunfar, impondo-lhes, pelas artimanhas de uma escrita que joga com o espaço,
a forma visível de sua referência: sabiamente dispostos na folha de papel, os signos
convocam, do exterior, pela margem que desenham, pelo recorte de suas massas no espaço
vazio da página, a própria coisa de que falam" (Foucault, 2012. P. 17).
Com relação ao exposto acima, pensar em como as práticas pedagógicas nas artes visuais
são escritas. Como, por meio do exercício da escrita, é possível capturar como prática uma
noção que evoca formas de visibilidade do conhecimento, do poder e da subjetivação a
partir de um exercício de multiplicidade que, sem dúvida, tem a ver com o exercício do
caligrama que nos mostra que não se trata de um cachimbo, Não se trata mais de empunhar
a verdade e o olhar como uma fonte confiável de práticas, ou a certeza do relato do que é
visto ou percebido; trata-se da possibilidade de que o conceito em um campo de enunciação
saia da codificação do poder e possa ser anunciado além do conjunto que até mesmo o
próprio campo conceitual pode conceber. A maneira pela qual o que é visto é colocado em
diálogo com o que é dito é conjurada em uma relação. A relação (pedagógica) geralmente é
exercida nos níveis de visibilidade e enunciabilidade (magmas), sendo que as relações com
o conhecimento desses dois dependem de suas condições ético-políticas de possibilidade e
das relações de poder subjacentes.
Para concluir esta terceira categoria, o imaginário social e histórico são noções que abrem o
campo conceitual da pedagogia das artes visuais, pois retomam duas noções: o real e o
virtual (Coccia, 2021) e o imaginário radical (Castoriadis, 2014). O real e o virtual são as
possibilidades em que os organismos vivos podem se organizar além das taxonomias
modernas, caso de alguns insetos ou cefalópodes (2021. P. 65) ou das mesmas
conformações humanas, o real seria o que acontece na multiplicidade de Gaia, e o virtual o
que coexiste com essa multiplicidade, mesmo que não seja real. Castoriadis (2014)
considera que o imaginário real radical, que é onde proponho o vivo, significa:
Bibliografía
Díaz, M (2010) Del discurso pedagógico: problemas críticos. Editorial Magisterio. Bogotá.
Foucault, M (2012) Esto no es una pipa. Ensayo sobre Magritte. Eterna Cadencia.
Argentina.
Ortega, P & Mejia, M (2011) Lola Cendales González, entre trayectos y proyectos en la
educación popular. Revista Colombiana de Pedagogía. Semestre 2. Recuperado de:
http://www.scielo.org.co/pdf/rcde/n61/n61a15.pdf
Sáenz, J (Ed.) (2014) Artes de vida, gobierno y contra-conductas en las prácticas de sí.
Universidad Nacional de Colombia. Bogotá.
Todorov, T (2017) Mijaíl Bajtín: el principio dialógico. Ediciones Caro y Cuervo. Bogotá.
Torres, A. (2017) Escribir la historia desde abajo y desde el sur. Editorial Desde Abajo.
Bogotá.