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Índice

Tema 1 - O CVV e o Centro de Valorização da Vida 7

Tema 2 - A pessoa que procura o CVV 16

Tema 3 - O voluntário 20

Tema 4 - A Relação de Ajuda 25

Estágios Temáticos

Estágio 1 31

Estágio 2 36

Estágio 3 45

Estágio 4 48

Estágio 5 52

Estágio 6 62

Os Sete Princípios 68

As Sete Práticas 69

Administração 70

Regimento Interno do Programa de Apoio Emocional do CVV 73

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TEMA 1 - O CVV
CENTRO DE VALORIZAÇÃO DA VIDA
1 - Características da nossa sociedade

As rápidas transformações que ocorrem continuamente na sociedade fazem com que os


princípios e valores tradicionais, tais como o casamento, a família, a religião, a amizade e a hones-
tidade, também sofram mudanças sucessivas.
Os relacionamentos entre as pessoas tornam-se, a cada dia, no mínimo mais complexos e ricos.
Os casais separados precisam dividir o tempo entre os filhos e os novos companheiros; os filhos,
entre os diversos pais; os religiosos disputam entre si a posse da “verdade”; os amigos desconfiam
de estarem sendo “passados para trás” ou de que lhes vão “puxar o tapete”, porque a esperteza
ainda tem mais valor do que a amizade.
O individualismo, ou a defesa dos interesses pessoais - recurso para a sobrevivência diante do
excesso de competição e da ausência de cooperação -, supera em importância o coletivismo ou a
preocupação pelo interesse comum. As consequências são conhecidas de todos: o distanciamen-
to entre as pessoas, a frieza e a insensibilidade.
Nossa época, no entanto, também apresenta características bastante positivas, que estimulam
a capacidade de realização de cada indivíduo. O desafio da comunicação verdadeira entre as
pessoas está muito mais presente. Estamos na era da comunicação de massa, através da TV, do
rádio, do jornal e da Internet.
Mesmo com tantos recursos, porém, para muitas pessoas a única forma que lhes resta de co-
municar os sentimentos é a violência contra os outros ou contra si mesmas.

2 - Causas sociais do surgimento dos trabalhos de ajuda

A própria sociedade, como um organismo vivo, desenvolve parte de sua energia e transforma
algumas dessas características e combate outras.
Diversos grupos têm se organizado com o objetivo de suprir as necessidades coletivas mais im-
portantes. São pessoas que se sensibilizam mais facilmente com os grandes problemas humanos
e tomam para si a tarefa de colaborar para amenizá-los. Delas surgiram diversos tipos de trabalhos
de ajuda, com consequências imediatas.
O simples fato de se saber que “algo está sendo feito” já produz sentimentos positivos no seio
da sociedade. As pessoas sentem-se mais seguras e confiantes, mesmo que não necessitem de
ajuda imediata.

3 - A prevenção do suicídio se faz com aceitação e compreensão

Nenhum ser humano pode dizer que “jamais pensará em suicídio”. A nossa condição interior
e a maneira como dimensionamos os problemas pode ser também passaporte para a dor e o
sofrimento, de onde a morte parece ser, por vezes, a única saída. “Prevenção do suicídio” é uma
expressão de força, de impacto, para a ação silenciosa dos voluntários. Ela nos faz recordar de

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imagens de policiais e enfermeiros procurando impedir uma tentativa de suicídio. Mas, se a ex-
pressão for usada no sentido da Medicina Preventiva, como ação preventiva do suicídio, então
estará descrevendo um dos aspectos mais importantes do trabalho.
O médico vacina as pessoas, visando desenvolver-lhes resistência contra as doenças. Nós va-
cinamos pessoas por meio da aceitação e da compreensão, para que elas desenvolvam força e
confiança em si mesmas e, dessa forma, adquiram resistência contra a doença do desespero.

4 - Histórico

A partir do momento em que um ser humano colocou-se em disponibilidade para ouvir com
compaixão o desabafo das angústias de outro ser, pode-se dizer que começou o trabalho de pre-
venção do suicídio.
No início do século XX, despontaram diversos serviços de apoio emocional em situações de
crise, todos oferecidos por voluntários. Primeiro, nos Estados Unidos da América, e, depois, em
Londres, ambos no ano de 1906; posteriormente, em Viena, 1948, e em Berlim, 1956.
Entretanto, foi a partir da II Guerra Mundial que, na Europa e nos EUA, começaram a se formar
grupos, profissionais ou voluntários, com a estrita finalidade de prevenir o suicídio. Pessoas que se
colocaram disponíveis para ajudar aqueles que sofrem a ponto de desejarem dar fim à própria vida.
De todas as entidades que foram se formando, uma delas mais se projetou. Trata-se de os
Samaritans, fundada em 1953 pelo Reverendo Chad Varah, psicoterapeuta e pastor da Igreja An-
glicana. Embora ganhando estrutura naquela ocasião, os Samaritans começaram muito antes,
em 1936. Naquele ano, o jovem Varah, recém-formado pela Igreja Anglicana, fora designado para
proceder ao ofício fúnebre de uma jovem de 14 anos que se suicidara. Após fazer a encomendação
do corpo, voltou para casa e escreveu para um pequeno jornal de Londres, dizendo-se disponível,
em sua própria casa, para “ouvir seriamente pessoas falarem de assuntos sérios”. A partir daquele
momento, o Reverendo Varah não mais descansou. Já no dia seguinte à publicação do artigo dele,
recebia a visita de uma pessoa do Continente, isto é, de alguém que atravessara o Canal da Man-
cha somente para abrir-se com o homem que se propunha a ouvir.
Atualmente, os Samaritans contam com mais de 200 postos na prevenção do suicídio em toda
a Inglaterra e Irlanda, reunindo cerca de 20 mil voluntários. Deste grupo teve origem o Befrienders
Worldwide, organização que congrega voluntários de 36 países, onde cerca de 370 postos estão
em atividade.

5 - Redes de Prevenção do Suicídio

Os serviços de prevenção do suicídio constituem uma rede inserida em outras redes locais e
globais que oferecem múltiplas formas de suporte.
Podem ser classificados em três categorias, conforme suas características:
a) Humanitários: como “Samaritans”, da Inglaterra; “SOS Amitié”, da França; e o CVV, do Brasil.
Neste grupo, todos os trabalhadores são voluntários reunidos tão somente pelo desejo de servir,
não havendo entre eles discriminação de religião, cor, sexo, filiação política, etc. São entidades
não religiosas e apartidárias, de portas abertas para o atendimento gratuito a pessoa que procura
ajuda, sem discriminação de qualquer espécie;
b) Religiosos: como “Telefono Amico”, da Itália; a “Pastoral da Escuta” e o “Fala que eu te escu-
to”, aqui do Brasil. São mantidos e integrados pelos membros de uma ordem religiosa e também
são desenvolvidos gratuitamente;
c) Científicos: geralmente integrados por profissionais remunerados - médicos, psicólogos, ad-
vogados, etc. O “SPC – Suicide Prevention Center”, de Los Angeles, nos Estados Unidos, é um
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deles. Seus profissionais têm contribuído muito para que possamos conhecer um pouco melhor o
suicídio e suas causas.
O CVV é um programa de prevenção do suicídio do tipo humanitário, isto é, integrado somente
por voluntários e que presta serviço gratuitamente. Até mesmo seus consultores, como médicos,
advogados e psicólogos, atuam voluntariamente.

6 - O Centro de Valorização da Vida - C.V.V.

O Centro de Valorização da Vida é uma Organização da Sociedade Civil sem finalidades lucrati-
vas, de caráter filantrópico, fundada em 1º de março de 1962 como Campanha de Valorização da
Vida, na cidade de São Paulo, por um grupo inicial de 14 voluntários. Foi registrado como Centro
de Valorização da Vida em 20 de fevereiro de 1965 e, em 20 de dezembro de 1973, reconhecido
como Entidade de Utilidade Pública Federal pelo Decreto nº 73.348.

a) Fase Embrionária

Em julho de 1961, o jovem Jacques André Conchon, então com 19 anos, é tomado de grande
emoção ao receber de um amigo, Milton Batista Jardim, um envelope de papel manilha, com a
informação de que vinha a pedido do “Comandante”.
O Comandante Edgard Armond foi o idealizador da Escola de Aprendizes do Evangelho, mi-
nistrada pela Federação Espírita do Estado de São Paulo. Ao abrir o envelope, viu um recorte de
jornal, com um bilhete manuscrito: “Para quem deseja servir, aqui está uma boa oportunidade”.
Em anexo, uma matéria sobre o trabalho de prevenção do suicídio realizado na Inglaterra pelo Re-
verendo Chad Varah.
Emergiram indagações reflexivas: “Se eles fazem lá, podemos fazer aqui?!... Se é possível pre-
venir lá, por que não seria aqui? É outra cultura, outro país, podemos adaptar...”.
Seguia o mês de agosto de 1961 a todo vapor no campo dos Estudos, Pesquisas e Estatísticas,
com o apoio e orientação do Dr. Ary Alex, médico do HC - Hospital das Clínicas. No final daquele
mês, ocorreu a apresentação do Esboço da Campanha de Prevenção do suicídio para o “Coman-
dante”.
No mês de setembro, depois de sedimentada a ideia de plantões, aconteceu a primeira Mobi-
lização de Voluntários, e surgiram 30 interessados, dentre esses Flávio Focássio. No mesmo mês
foi feita a visita ao Hospital das Clínicas, sob a supervisão do Dr. Pedro Augusto Martins, oportuni-
dade de grande impacto emocional, de reforço à determinação de servir à causa da prevenção do
suicídio e de contribuir de algum modo para minorar as estatísticas.
A certeza de que era preciso e possível fazer algo consolidou-se ao contato com as vítimas do
suicídio, em pleno “calvário de dor”, nos corredores do HC na área dos sobreviventes. Em outubro
seguiram-se os encontros para preparação do grupo. No primeiro, o conferencista faltou e im-
provisou-se. No segundo, um efeito desanimador. Após examinar ficha por ficha, o conferencista
presente balançou a cabeça negativamente no seu parecer: “Você está com um material humano
fraquíssimo”, disse ele, referindo-se aos candidatos ao voluntariado. De todo modo, o encontro
trouxe o beneficio da indicação do livro do psiquiatra Karl Menninger: “O Homem Contra Si Pró-
prio”.
No terceiro encontro, o palestrante convidado faltou, e houve uma evasão de mais de 50% dos
candidatos. O encontro seguinte compensou todos os anteriores quando a conferencista da noite,
a enfermeira Nancy Puhlmann Di Girolamo, afirmou: “A Campanha que hoje vocês iniciam, se, ao
longo de cem anos, tiver salvado uma vida, uma só, já estará justificada”. A reunião seguinte tam-
bém foi um incentivo eloquente, com o psiquiatra Wilson Ferreira de Mello: “Dentro de dez anos

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vocês estarão entendendo de desespero e ansiedade mais do que eu”.
Novembro prosseguiu com a revisão sobre o nome da campanha, com os desenhos de Nelson
de Oliveira e a preparação para iniciar os plantões. Dezembro surgiu com um desafio que inicial-
mente pareceu um obstáculo e, mais tarde, compreendeu-se ser um exercício de aceitação e de
oportunas lições de determinação, perseverança e disciplina. Jacques foi recrutado para o Exérci-
to. Os jovens continuaram nos caminhos da perseverança no servir por entre os desafios da vida,
da escola, da faculdade, do trabalho, da sobrevivência, entre tantos outros. No mês de dezembro,
o grupo decidiu entrar em férias, para o “desespero de alguns”: “Como? Nem começamos e já
vamos entrar de férias?”
Uma pausa providencial, denominada de férias, após o conferencista daquele final de ano “jogar
um balde de água fria no grupo”, justamente ao falar de “Como dar de si – o que é doação afetiva”,
tema que entusiasmara os interessados em engajar-se. Questionamentos tais como: “Vocês es-
tão mexendo em casa de vespeiro”, “vocês estão invadindo a seara alheia”, entre outros, soaram
como desestímulos.
O mês de janeiro de 1962 foi marcado por intensa dedicação no Exército e no Trabalho. Em fe-
vereiro, ocorreu a definição do tema para a campanha: com a sugestão de Alice Monteiro, surgia
a “Campanha de Valorização da Vida”. Começava a convocação dos voluntários, a elaboração do
MGP – Mapa Geral de Plantão, a definição da estrutura, do local, da administração, etc. Foi dis-
tribuído o Rol Expressivo de Pensamentos Positivos, com frases tais como: “Amanhã será outro
dia”, “Após a tempestade vem a bonança”, etc, experiência que na prática durou poucos dias, pois
rapidamente o grupo percebeu a inadequação de usá-lo durante os atendimentos. No dia 1º de
março de 1962 aconteceu o primeiro plantão.
Nos primeiros quatro anos de atividades, o CVV atendeu em uma sala contígua ao consultório
do Dr. Wilson Ferreira de Mello. Local de grande movimento cuja sala de espera era partilhada,
quando necessário, com as pessoas que procuravam o CVV. Constatou-se um efeito negativo
nessas pessoas, desmotivando-as de retornar. Foi então realizada uma campanha financeira entre
familiares e amigos dos plantonistas, que resultou na compra da sede própria, em julho de 1968. A
linha telefônica, que na época era muito difícil de ser obtida, foi conseguida através de uma pessoa
vinculada ao trabalho.
A conquista da sede própria trouxe ao grupo a segurança para divulgar o serviço de prevenção
do suicídio, por sentir que estava então capacitado a atender adequadamente a um maior número
de pessoas. Inicialmente, o CVV buscou, além de contribuir para minorar o índice de suicídios,
oferecer uma ampla assistência aos que se encontravam em vias de cometê-lo. Focado no proble-
ma e no indivíduo, oferecia soluções e tinha por objetivo tanto dissuadir a pessoa da ideia suicida,
como também prepará-la para enfrentar os problemas futuros. O que durou pouco tempo, uma
vez que o CVV aprendeu com as próprias pessoas em sofrimento que elas buscavam outra coisa:
queriam falar e ser escutadas, sem interferências ou julgamentos.
Em 1970, o grupo passou a estabelecer os critérios para uma divulgação cuidadosa do CVV. Em
1971, começou a expandir a disponibilidade do atendimento, com a criação do Corujão (plantão
das 22 horas às 7 horas). Em dezembro 1974, estendeu o período de atendimento para 24 horas.
O Reverendo Chad Varah veio ao Brasil em maio de 1977, transmitindo ao grupo de voluntários
uma mensagem de confiança que desencadeou o processo de expansão do CVV. Ele retornou em
abril de 1979 para o 1º Encontro Nacional de Plantonistas, com a presença de 500 participantes.

b) Atualidade

I - Programa CVV de Prevenção do suicídio


Primeira atividade desenvolvida pelo Centro de Valorização da Vida: um serviço gratuito de

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apoio emocional oferecido por voluntários disponíveis para conversar com pessoas em estado de
angústia, sofrimento, e em necessidade de desabafar por telefone, e-mail, carta, virtual ou pesso-
almente.
Também está associado ao Befrienders Worldwide, entidade que congrega instituições de apoio
emocional e prevenção do suicídio em todo o mundo.
Presta, atualmente, os seguintes serviços:
1. CVV Posto, com postos nas principais capitais e cidades do país, com atendimento por te-
lefone 24 horas através do 188, além de oferecer apoio emocional por e-mail, carta e presencial.
Ainda promove e participa de ações comunitárias, palestras e eventos em prol da sociedade;
2. CVV Comunidade, com voluntários integrados aos postos CVV ou não, que prestam apoio a
grupos diversos da sociedade, tais como presidiários, associações de bairro, empresas, escolas,
faculdades, universidades e sobreviventes de suicídio por meio do GASS - Grupo de Apoio aos
Sobreviventes de Suicídio. Realiza palestras, sessões de Cine Ser, Cursos e o programa Caminho
da Renovação Contínua – CRC, cuja finalidade é divulgar e propagar a Proposta de Vida do CVV;
3. CVV WEB, com voluntários vinculados aos Postos CVV ou não. Realizam os apoios por chat
online, de seus computadores ou celulares pessoais, em sala virtual privativa do CVV;
4. CVV Virtual, com voluntários vinculados aos Postos CVV ou não. Realizam os apoios através
da chamada de Voz por IP de seus computadores ou celulares pessoais, em sala virtual privativa
do CVV.

II - Hospital Francisca Júlia


Fundado em 1º de maio de 1968, iniciou suas atividades na cidade de São José dos Campos
(SP) em 12 de agosto de 1972. Atende pessoas com transtornos mentais e dependentes químicos
através de leitos de internação, em convênio com o SUS, e também particulares. Além do hospital,
oferece atendimento de ambulatórios infantil e adulto, e Serviços Residenciais Terapêuticos.
O Centro de Valorização da Vida também promoveu e viabilizou a introdução do Programa Ami-
gos do Zippy no Brasil, para crianças de seis a sete anos de idade. Esse programa teve origem
na Inglaterra com uma equipe internacional e multidisciplinar sob a coordenação do Befrienders
Worldwide. O objetivo é desenvolver as capacidades das crianças para lidar com as dificuldades
delas do dia-a-dia, identificar e conversar sobre sentimentos e lidar com eles.
A exemplo do que ocorreu na Inglaterra, onde foi fundada uma organização independente e es-
pecífica (PFC – Partnership for Children) para cuidar de programas de desenvolvimento de habili-
dades socioemocionais, no Brasil, após a aprovação da fase experimental coordenada e represen-
tada pelo CVV, o programa estrategicamente ganhou independência. Para tal, foi fundada a ASEC
– Associação pela Saúde Emocional de Crianças, para trazer e desenvolver programas e capacitar
educadores em escolas públicas e particulares. É ela hoje quem administra e representa o progra-
ma Amigos do Zippy, mantendo-se o espírito de parceria e interação entre ambas as Organizações
(CVV e ASEC). A ASEC e a PFC trabalham com uma estrutura constituída por profissionais.

7 - Os Postos CVV

O CVV coloca-se à disposição de grupos de pessoas que voluntariamente queiram instalar


um ou mais Postos de Prevenção do Suicídio em sua cidade e região. Para facilitar e viabilizar a
sustentabilidade, o Posto funciona como Franquia Social, o que exige a existência de uma man-
tenedora que o represente localmente dentro da sua área de abrangência, responsável por sua
representação jurídica. A criação da mantenedora visa cuidar e garantir o respeito e o cumprimento

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da legislação em vigor referente ao território de abrangência, as regras, as normas, os princípios,
as práticas, os preceitos e as orientações do Programa CVV e de funcionamento da Rede CVV.
Ao grupo interessado serão fornecidas todas as informações sobre como constituir essa asso-
ciação, obrigações civis e legais, regimento interno, custos, hierarquia administrativa e organiza-
cional, e outras que forem necessárias.
Um traço fundamental do CVV é a atuação como grupo de amigos a serviço das pessoas, pois
somente dessa forma é possível alcançar resultados duradouros.
A Direção Centrada no Grupo é o modelo sobre o qual está baseada toda a vida organizativa
do CVV. As funções são executadas por membros diferentes, conforme as habilidades específicas
exigidas pelas diferentes situações, e sempre centradas no grupo ao qual pertence. O que significa
intrinsicamente estar centrado no Trabalho e no Serviço (ideal existencial que nos torna grupo e
rede).
O grupo interessado na constituição do Posto CVV deve observar as etapas descritas a seguir:
a) Informar ao Posto Coordenador Regional;
b) Fundar uma Associação Civil, a Mantenedora, sem fins lucrativos, para desempenhar a fun-
ção de Personalidade Jurídica do Posto e registrá-la no cartório local, juntamente com o Estatuto
da entidade e outros documentos necessários;
c) Providenciar local e infraestrutura necessária para funcionamento do Posto (exemplo: equipa-
mentos para o atendimento e conexão banda-larga);
d) Iniciar a divulgação para a realização de um Curso de Seleção de Voluntários;
e) Eleger a coordenação do Posto, responsável para estar em contato com a regional e tratar
das atividades diárias.

8 - Organização dos Postos CVV

Dentro de cada Posto, os voluntários estão organizados em pequenos grupos, coordenado por
um entre eles, mais experiente, que esteja disponível para prestar apoio e esclarecimento sempre
que os voluntários necessitarem.
A equipe composta pelas Coordenações de Grupos constitui o Grupo Executivo daquele Posto,
que possui uma Coordenação Geral nomeada anualmente.
Os Postos estão agrupados em Regionais, para estimular o desenvolvimento de atividades vol-
tadas ao aperfeiçoamento constante dos voluntários.
As deliberações atinentes ao Programa CVV de Prevenção do Suicídio são da alçada do Grupo
Executivo Nacional, constituído pelas Coordenações Regionais de todo o País.
A reunião de todas as Coordenações de Postos do Brasil constitui o Conselho Nacional, órgão
soberano do CVV, que tem por objetivo desenvolver estudos e referendar as deliberações do Gru-
po Executivo Nacional.

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a) Estrutura Administrativa do CVV

CVV
Programa de Prevenção do Suicídio

Conselho Nacional

GEN

Coordenações Regionais

Mantenedora Postos do CVV

Grupo Executivo Local

Coordenação
Comissões Grupos
Geral do Posto

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9 - O Programa de Seleção de Voluntários (PSV)

O curso - o PSV - é constituído de quatro temas (parte teórica), 8 a 11 estágios e a aula admi-
nistrativa, totalizando no mínimo 9 encontros e no máximo 12 encontros (parte prática). Ao concluir
o conjunto dos temas com aproveitamento, o candidato passa aos estágios. Nessa etapa, terá
oportunidade de adquirir familiaridade com as situações do cotidiano do CVV e dos atendimen-
tos, no caso de plantonistas, vivenciando o período institucionalmente nomeado de probatório.
Posteriormente à admissão, entre 90 e 120 dias, os candidatos ao voluntariado CVV participam
da aula de reforço, que finaliza o período probatório, e credencia oficialmente a pessoa enquanto
voluntária CVV.
O PSV engloba metodologias e métodos diferenciados relativos aos serviços oferecidos: Tele-
fone, Apoio pessoal, Chat, Virtual, E-mail e Comunidade. Há pontos específicos e diferenciados
entre os serviços (presencial, virtual e misto), bem como regras, normas administrativas, compro-
missos observados a cada modalidade, função a ser exercida e gestão interdependentes. Ora,
contudo, a essência do conteúdo - filosofia, princípios, práticas, preceitos, missão, visão, valores e
proposta de vida - é a mesma para todos os Serviços CVV, para todos os que desejam engajar-se
no Voluntariado e Rede CVV.
O detalhamento, etapas e fases do PSV podem e devem ser observados nas Apostilas e Manu-
ais específicos sobre o tema.
O PSV seleciona o potencial voluntário, mas o caminho formativo e de desenvolvimento se faz
através da experiência vivencial, da participação nas oportunidades de estudos, tais como: reuni-
ões, treinamentos, exercícios, leituras edificantes, encontros, cursos, seminários, reciclagens, etc.
Institucionalmente, o CVV se preocupa e cuida do desenvolvimento e fortalecimento do voluntá-
rio, no exercício do voluntariado e enquanto pessoa, através de inúmeras ofertas e possibilidades
para seu autoconhecimento, maturidade emocional e espiritual, com o trabalho, com o serviço e
com a vida, com oportunidades e com momentos de estudos, além da supervisão, do apoio e do
suporte dos mais experientes. É um processo cíclico, em que o engajamento e o compromisso
pessoal são diferenciais na jornada do tornar-se pessoa e grupo, e melhor servir.

10 - Elementos essenciais do trabalho

São três os elementos necessários ao funcionamento dos postos:

I - O voluntário
É a pessoa com disponibilidade interior para acolher, ouvir, respeitar e compreender as pessoas
angustiadas que procuram o CVV.
Ela deve estar disposta a adquirir ou aperfeiçoar as seguintes características básicas:
a) Flexibilidade: capacidade de deixar o seu ponto de vista e se aproximar do outro com since-
ridade e honestidade;
b) Não sectarismo: não induzir para religião, política ou qualquer outro caminho;
c) Disponibilidade para superar as dificuldades pessoais: os seus preconceitos e medos para
aprender a estar junto com a pessoa;
d) Humildade para reconhecer sua limitação e esforço para se colocar à mesma altura daquele
que está se relacionando com ele;
e) Abertura para Supervisão e Aprimoramento Humano: abertura à opinião, suporte, supervisão
e orientação na prestação do serviço; confraternizar e treinar sempre para melhor ser e servir.
II - A infraestrutura

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O local deve ser simples, acolhedor, sóbrio e silencioso, que se permita conversar sem dificul-
dade, garantindo sempre a privacidade e o sigilo.
O equipamento necessário e suficiente para que se realize uma ou mais das formas de apoio:
a) Telefone com recursos para acessar o PABX virtual 188;
b) E-mail;
c) Chat;
d) Virtual;
e) Presencial;
f) Carta;
g) Comunidade.
Todos os apoios são sigilosos e com respeito total à privacidade da pessoa. Esta é uma essên-
cia do CVV. Nenhuma informação é revelada a ninguém fora do CVV sem a permissão da pessoa
que procura ajuda. O voluntário, antes de começar a trabalhar no CVV, assume um compromisso
de seguir as regras do trabalho e manter sempre atitude de confidencialidade, tanto durante o seu
tempo de serviço, quanto depois de deixar o CVV. Todos os assuntos com imprensa, advogados,
polícia e outras agências são encaminhados à Coordenação ou ao Voluntário responsável pela
área de Comunicação e Administração do Programa em referência.
III - A divulgação
Necessária para que outras pessoas, em busca de apoio ou candidatas ao voluntariado, conhe-
çam o serviço do CVV e as oportunidades de trabalho voluntário.

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