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1.resumo: A.I. Inteligência Artificial (Steven Spielberg e Stanley Kubrick, 2000) Discute Sobre As
1.resumo: A.I. Inteligência Artificial (Steven Spielberg e Stanley Kubrick, 2000) Discute Sobre As
Inteligência Artificial, de
Steven Spielberg e Stanley Kubrick.
1.RESUMO
O projeto de pesquisa visa investigar como o filme A.I. Inteligência Artificial (2000), de
Steven Spielberg e Stanley Kubrick propõe discussões a respeito das relações humanas com
as novas tecnologias através da ressignificação da mitologia do ser criador e da criatura.
Através do objeto, visa-se investigar também a relação entre ressignificação de mitos antigos
na cultura de massa com o processo de articulação das identidades deslocadas e
descentralizadas da pós-modernidade com o homem do passado, do presente e o homem do
futuro, através do resgate a mitos antigos como sistema simbólico para refletir sobre questões
atuais e suas consequências.
3.JUSTIFICATIVA
A.I. Inteligência Artificial (Steven Spielberg e Stanley Kubrick, 2000) discute sobre as
consequências da tecnologia ao mesmo tempo que ressignifica mitos a respeito da criação e
da busca do homem pelo sentido da humanidade, como com a citação direta de Pinóquio
(1883), de Carlo Collodi. A temática é presente nos filmes de ficção cientifica que mostram a
relação entre humanos e inteligência artificial, fazendo referência ao mito do criador e da
criatura que discute a relação entre os seres criados, se superam a criação ou não.
No cerne da ficção científica está, por isso, muitas vezes, um questionamento das
consequências dos avanços tecnológicos e científicos sobre o destino da humanidade.
Tendo em conta o estado da arte ao nível da tecnologia e da ciência, que tipo de mundo
podemos esperar, que condições de existência podemos aguardar? É esta a questão fulcral
que quase sempre se coloca. Esta preocupação com o futuro, este propósito de prospectivar
o amanhã, é uma constante antropológica (NOGUEIRA, 2010, p.29)
Esse tema é recorrente e traz para a discussão como os homens lidarão com novas
tecnologias que vem sendo construídas no hoje. Talvez uma discussão isolada, visto o meio
que se propaga. O cinema é um meio de mão única, mas ainda assim propõe o pensamento
ao espectador através da narrativa audiovisual, que pode estender a discussão em outras
comunidades e meios, físicos ou virtuais, caso seja de interesse de quem assiste.
O objeto da pesquisa foi escolhido por discutir questões como a razão e a emoção e o
que faz do homem um ser humano. Temos como proposta do filme a capacidade de sonhar,
de tecer uma rede simbólica e sua busca por recria-la, saindo da posição de ser criado e se
tornando o criador, conforme a fala do cientista que cria o protagonista: “Nosso teste era
somente um: aonde seu razoamento (self motivated reasoning) te levaria? A conclusão
lógica, a fada azul representa a falha humana de procurar o que não existe ou o maior dom
humano: a habilidade de buscar nossos sonhos.” (A.I Inteligência Artificial, 2000)
Se o homem é um ser simbólico e é isso que os diferencia dos outros animais, como
afirma Cassirer (1944), quais as implicações da construção de uma inteligência artificial
capaz de construí-la? Além do tema, o filme propõe a discussão da forma com que os
humanos lidam com sua criação, se são capazes de ama-las ou não, mostrando a perspectiva
de uma sociedade que se vê numa condição superior à das máquinas por serem orgânicos e,
portanto, na posição de destruir aquilo que criou. A narrativa imagina uma possível
identidade cultural da sociedade mostrada no contexto desse futuro distópico:
As culturas nacionais são compostas não apenas de instituições culturais, mas também de
símbolos e representações. Uma cultura nacional é um discurso – um modo de construir
sentidos que influencia e organiza tanto nossas ações quanto a concepção que temos de nós
mesmo (ver The Penguin dictionary of sociology, verbete “discourse”). As culturas
nacionais ao produzir sentidos sobre “a nação”, sentidos com os quais podemos nos
identificar, constroem identidades. Esses sentidos estão contidos nas histórias que são
contadas sobre a nação, memórias que conectam seu presente com seu passado e imagens
que dela são construídas. Como argumentou Benedict Anderson (1983), a identidade
nacional é uma “comunidade imaginada”. (HALL, p.38)
Sendo assim, o resgate da discussão proposta pelo mito do criador e sua relação
com o ser criado propõe a imagem de uma sociedade futura, que chega nesse patamar
pelas consequências das ações da sociedade que assiste ao filme, propondo a expressão
da tomada de consciência através da ressignificação desse mito.
4.OBJETIVOS
Analisar o filme sob uma perspectiva simbólica, investigando o uso dos símbolos
presente em narrativas mitológicas antigas, com o mito da criação e a relação entre criador e
criatura que propõe repensar o lugar do homem, que passa do ser criado ao criador, e sua
identidade.
5. FUNDAMENTAÇÃO TEORICA
Se tais sociedades não se desintegram totalmente não é porque elas são unificadas,
mas porque seus diferentes elementos e identidades podem, sob certas
circunstâncias, ser conjuntamente articulados. Mas essa articulação é sempre parcial:
a estrutura da identidade permanece aberta. Sem isso, argumenta Laclau, não haveria
nenhuma história. (HALL, 2006 p.12)
Essa identidade, portanto, não será unificada, mas pode ser articulada de forma
parcial com as identidades estáveis do passado, segundo Laclau (apud HALL, 2006,
p.13).
Sendo assim, como o filme propõe tal futuro distópico, cujo planeta passa por uma
catástrofe e aposta na tecnologia como resposta aos problemas de escassez, o comportamento
social apresentado discute a questão da identidade do homem face a novos tipos de
inteligência criadas por ele mesmo, gerando uma segregação também dentro do grupo dos
orgânicos (humanos), dos que criam a inteligência e buscam pelo seu aprimoramento e dos
que o desaprova.
6. METODOLOGIA
Para os autores, três classes de filmes podem ser destintas quanto a análise simbólica:
1) uma que exige a leitura simbólica global ou parcial; 2) uma que propõe ao mesmo tempo,
um mundo plausível e uma interpretação literal da história, mas sem se preocupar com a
verossimilhança e, por seus desvios, convidam a leitura simbólica e; 3) uma cuja história
pode ser compreendida de forma literal, mas não impossibilita a interpretação simbólica por
parte do leitor. Ele deve definir o eixo de sua análise, emitindo hipóteses a respeito do
funcionamento duplo do roteiro (literal e simbólico), sendo que o filme analisado se
enquadra na terceira classe.
O método foi escolhido e se torna exequível pois o objeto traz uma realidade distópica
porém ainda plausível, cuja leitura literal da narrativa é possível. Mas propõe-se a leitura
simbólica em busca da ressignificação dos mitos citados, direta e indiretamente:
Portanto, se faz necessário definir de que tipo de ponto(s) de vista a análise trata, sendo
que as questões pensadas a priori pelo analista estão no âmbito moral e espiritual, avaliando
a concepção do homem enquanto sujeito. Contudo, propõe-se não limitá-la a eles, visto que a
melhor compreensão a respeito do tema e dos estudos culturais e de identidade podem levar a
novos caminhos.
Contudo, compreende-se que não será possível observar no filme “toda a sociedade e a
história do tempo, presentes, passados e principalmente futuras”, conforme observa Vanoye
e Anne Goliot-Lété. Sendo o retorno ao filme e ao seu discurso, observando nele quais os
mitos que traz em sua narrativa e os temas que propõe discutir.
Vale ressaltar, portanto, que antes da análise serão melhores pesquisados os conceitos
de identidade e cultura dos estudos culturais e também antropológicos, além da função do
mito na cultura, a fim de melhor compreender sua ressignificação no filme, especificamente,
e vislumbrar o papel que pode estabelecer na articulação entre as mudanças do mundo pós-
moderno.
Sendo assim, o gênero do filme também será investigado, visto que suas temáticas
abordam discussões a respeito das novas tecnologias e sua história pode apontar certa
mudança – ou não – daquilo que a sociedade pensa a respeito de suas consequências.
Portanto, investigar a forma que o cinema propõe a discussão a respeito das novas
tecnologias no gênero da ficção cientifica pode contribuir para os estudos a respeito da
sociedade, da sua cultura e identidade.
7. CRONOGRAMA
Análise fílmica x x
Participação em congresso da área com x x x x
publicação de artigos
Elaboração da tese x x x
Qualificação da tese x x x x
Defesa da tese x
8. REFERÊNCIAS
CAMPBELL, Joseph. O Herói de Mil Faces. Trad. Adail Ubirajara Sobral. São Paulo:
Pensamento, 1991. p.41 – 42
CAMPBELL, Joseph; Moyers, Bill. O Poder do Mito. Trad. Carlos Felipe Moisés. São
Paulo: Palas Athena, 1949. p.203
CASSIRER, Ernst. Antropologia Filosófica: ensaio sobre o homem. Trad. Dr. Vicente Felix
de Queiroz. São Paulo: Editora Mestre Jou, 1994. p.65
GRANT, Barry Keith. Film Gender Reader IV. Texas: University of Texas Press, 2012. p.
402 -432
HALL, Stuart. A identidade Cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
MORIN, Edgar. Cultura de Massas no século XX: o espírito do tempo. Trad. Maura Ribeiro
Sardinha. 2ª edição. Rio de Janeiro: Sindicato Nacional dos Editores de Livros, 2002. p.15