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AÇÕES POSSESSÓRIAS

Art. 554 e seguintes - CPC


FATO AÇÃO CABÍVEL EXEMPLO PRÁTICO
Esbulho = O autor da Ação de reintegração Leandro, possuidor de um sítio,
ação perdeu a posse. de posse viajou e quando retornou
encontrou Joaquim morando no
sítio sendo, inclusive, proibido
de ingressar no local.
Turbação = Há uma Ação de Manutenção Leandro possui um sítio e seu
moléstia de Posse vizinho toda semana avança um
(perturbação ou pouco a cerca, turbando sua
chateação) ou perda posse.
parcial da posse.
Ameaça de efetiva Interdito Proibitório. Leandro possui um sítio e
ofensa à posse = Há recebe constantes ameaças de
uma real ameaça a um grupo de pessoas que está
posse. acampado nas margens da
rodovia de que assim que ele
sair do imóvel, o grupo irá
ocupar o local.

FUNGIBILIDADE DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS


O esbulho, a turbação e a ameaça são institutos possíveis de serem identificados
conceitualmente, contudo, na prática, são parecidos.
Assim, pensando na semelhança e na dificuldade de diferenciar uma situação
fática da outra, o art. 554 do CPC/15 trouxe a possibilidade de fungibilidade
entre ações possessórias. Ou seja, se for ajuizada uma possessória mas o juiz
verifica que cabe é outra, concederá esta outra, em vez de julgar improcedente
o pedido do autor.

POSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO DE PEDIDOS


O art. 555 do CPC/15 traz o que pode ser cumulado com o pedido possessório:
I – condenação em perdas e danos;
II – indenização dos frutos.
Além disso, poderá o autor requerer, ainda, imposição de medida necessária e
adequada para evitar nova turbação ou esbulho ou para garantir o cumprimento
da tutela provisória ou final.

NATUREZA DÚPLICE
Imagine que Joaquim ajuizou contra Leandro uma ação de reintegração de posse
alegando que sua posse foi esbulhada, mas, na verdade, o que ocorreu foi o
inverso, ou seja, foi Joaquim que esbulhou a posse de Leandro.

Se Leandro quiser, ele poderá fazer pedidos em desfavor de Joaquim e em qual


peça processual? Sim! A natureza das ações possessórias também é dúplice. De
acordo com o art. 556 do CPC/15, esses pedidos devem ser feitos na contestação.
Não precisa propor reconvenção para tal.

COMPETÊNCIA
Bens móveis: Foro de domicílio do réu (art. 46 do CPC/15) – competência relativa.
Bens imóveis: Foro de situação da coisa (art. 47 do CPC/15) – competência
absoluta.

LEGITIMIDADE
Ativa: possuidor da coisa. Lembre-se que possuidor não necessariamente é
proprietário.
Passiva: que praticou o esbulho, turbação ou ameaça à posse.
Saiba também que o possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de
indenização, contra o terceiro, que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era.
Exemplo: Leandro tem a posse da chácara e Joaquim pratica o esbulho. De
repente, Joaquim transfere o esbulho para Pedro. Leandro pode ajuizar a ação
contra Pedro que aceitou a posse esbulhada.
PARTICIPAÇÃO DO CÔNJUGE
Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é
indispensável nas hipóteses de composse, ou de ato por ambos praticado.
Imagine que Leandro tenha ajuizado uma ação de reintegração de posse contra
Joaquim. Leandro é casado. Logo, ele precisa da participação do cônjuge para
esta ação? A resposta é positiva se o bem é de posse conjunta. Caso contrário,
não há a necessidade de participação do cônjuge.

PROCEDIMENTO
Tanto a reintegração quanto a manutenção de posse terão o mesmo
procedimento.
Atenção! Para estas duas ações é possível ter um rito especial e um rito comum.
Para determinar o rito, basta observar se a posse é nova ou se a posse é velha.
Posse nova : aquela na qual a ofensa a posse ocorreu a menos de 01 ano e 01
dia = procedimento especial.
Posse velha: aquela na qual a ofensa a posse ocorreu a mais de 01 ano e 01 dia
= procedimento comum.
A contagem se dá a partir da efetiva data da turbação ou do esbulho.
 O que diferencia o procedimento especial do procedimento comum é a
possibilidade de decisão liminar (tutela provisória) em favor do possuidor.

Procedimento Especial das Ações Possessórias:


a) Petição Inicial
O autor deve provar na petição inicial:
I – a sua posse;
II – a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;
III – a data da turbação ou do esbulho;
IV – a continuação da posse, embora turbada, na ação de
manutenção, ou a perda da posse, na ação de reintegração
b) Liminar
O deferimento da liminar, se devidamente instruída a petição inicial, se dará
inaudita altera partes, ou seja, sem prévia oitiva do réu.
Não estando a petição inicial devidamente instruída a petição inicial, determinará
que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer
à audiência que for designada. (Audiência de justificação)
Atenção! Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a
manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos
representantes judiciais.

c) Audiência de Justificação (só se a prova documental não for suficiente)


O réu pode participar da produção da prova testemunhal? A participação do réu
é bastante restrita, podendo participar da audiência, não cabendo a ele arrolar
testemunhas, pois a audiência é voltada para o autor justificar, e não para o réu
contestar.
O réu pode produzir prova testemunhal? Não. Todavia, o réu poderá participar
da prova testemunhal produzida pelo autor, formulando, por exemplo,
perguntas, oferecendo ainda contraditas contra as testemunhas do autor.
O objetivo da audiência é que o AUTOR justifique a necessidade de que sua ação
possessória seja procedente.
Considerada suficiente a audiência de justificação, o juiz fará logo expedir
mandado de manutenção ou de reintegração.

d) Citação do réu
Independente se concedido ou não o mandado liminar de manutenção ou de
reintegração, o autor promoverá, nos 5 (cinco) dias subsequentes, a citação do
réu para, querendo, contestar a ação no prazo de 15 (quinze) dias.
e) Contestação
O prazo para contestar é de 15 dias, contados da citação do réu.
Todavia, se houver audiência de justificação prévia, o prazo para contestar será
contado da intimação da decisão que deferir ou não a medida liminar.
Atenção ! Depois de concedida a liminar, o procedimento passará a ser comum.
As ações possessórias de posse nova começam com o rito especial, mas, depois
da concessão da liminar, passam a ter o procedimento comum. Não havendo
necessidade de fase instrutória, o juiz passará direto para a fase da sentença.

f) Sentença
Se o pedido for julgado procedente, o juiz reintegrará ou manterá o autor na
posse, condenando o réu a abster-se de prosseguir com os atos de esbulho ou
turbação, inclusive com fixação de multa para caso de descumprimento.

Procedimento para o interdito proibitório:


Natureza de procedimento especial preventivo, pois há uma ameaça de turbação
e de esbulho. Assim, tendo o conhecimento de futura turbação ou esbulho, é
possível realizar um interdito proibitório.
A diferença básica entre reintegração, manutenção e interdito proibitório é que,
neste, a turbação ou esbulho ainda não ocorreu.
Além disso, o mandado expedido pelo magistrado é um mandado proibitivo que
terá uma multa fixada, caso o réu crie justo receio sobre o autor. Aplicam-se
subsidiariamente ao interdito proibitório todos os regramentos das ações de
reintegração e manutenção de posse.
Aqui há previsão expressa de multa! Na reintegração e manutenção, quando o
juiz concede a tutela, pode fixar a multa. Aqui ele tem que fixar.
LITÍGIOS COLETIVOS PELA POSSE
Os litígios coletivos são aqueles que envolvem muitas pessoas nos pólos passivo
e/ou ativo da ação.
Nesses litígios será OBRIGATÓRIA a realização de mediação se o esbulho ou a
turbação ocorreu a mais de ano e dia no prazo de 30 dias.
Nesses litígios ocorrerá:
• Intervenção do Ministério Público
• Manifestação dos órgãos públicos responsáveis pela política agrária;
• Participação da Defensoria-Pública: havendo beneficiários da gratuidade da
justiça, sendo tal participação como custus vulnerabilis.

PRINCIPAIS PONTOS DO PROCEDIMENTO ESPECIAL DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS


 Concessão da liminar quando a posse é menor que ano e dia (posse nova).
 Possibilidade de marcação de audiência de justificação prévia.
 Liminar podendo ser concedida sem oitiva da parte contrária se a petição
inicial já estiver instruída; (liminar inaudita altera partes)
 Após a concessão da liminar o procedimento passa a ser o comum.

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