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Livreto Anafilaxia
Livreto Anafilaxia
© 2021. Ministério da Saúde. Sistema Universidade Aberta do SUS. Fundação Oswaldo Cruz & Universidade
Federal do Maranhão. É permitida a reprodução, disseminação e utilização desta obra, em parte ou em sua
totalidade, nos termos da licença para usuário final do Acervo de Recursos Educacionais em Saúde (ARES).
Deve ser citada a fonte e é vedada sua utilização comercial, sem a autorização expressa dos seus autores,
conf. Lei de Direitos Autorais-LDA. (Lei n.09.610, de 19 de fevereiro de 1998).
Sumário
Apresentação .................................................................................................................... 4
1 ANAFILAXIAS ................................................................................................................. 5
Apresentação
Olá, aluna(o)!
Você sabe quais são as características clínicas das reações anafiláticas?
Quais os critérios para o seu diagnóstico e o tratamento adequado para esses casos?
Convidamos você a explorar este recurso educacional com o intuito de compreender
o conceito de anafilaxia, reconhecer o quadro clínico das reações anafiláticas e de
estabelecer o diagnóstico correto para iniciar o tratamento eficaz de forma imediata.
Bons estudos!
OBJETIVO
Ao final deste material, esperamos que você compreenda o conceito de anafilaxia,
reconhecendo o quadro clínico das reações anafiláticas e identificando o
tratamento adequado.
1. ANAFILAXIAS
Embora não haja um consenso sobre o seu conceito, de modo geral, compreende-se a
anafilaxia como1:
Reação alérgica grave e inesperada que tem um início rápido e pode ser fatal.
1.1 Classificação
A anafilaxia não imunológica é produzida por fatores cujo mecanismo exato de indução
ainda não está bem elucidado, mas sabe-se que é desencadeada por alguns fatores
físicos, como exercícios, calor, radiação ultravioleta, álcool e alguns medicamentos, como
os opioides. Ainda é desconhecido o mecanismo responsável pelo quadro de anafilaxia
idiopática, sendo essa reação diagnosticada após a realização de um estudo alérgico em
que a causa não foi determinada1.
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CLASSIFICAÇÃO DA ANAFILAXIA PELOS MECANISMOS FISIOPATOLÓGICOS
IgE Mediada
(Alimentos, venenos de insetos, látex,
medicamentos, contraste radiográfico)
Imunológica
(Alérgica)
Não IgE Mediada
(Derivados do sangue, agregados imunes,
contraste radiográfico, anti-inflamatórios
não hormonais)
Agentes Físicos
Anafilaxia (Frio, exercícios físicos, etanol)
Não Imunológica
(Não Alérgica)
Outros medicamentos
(Anti-inflamatórios não hormonais,
opiáceos, contraste radiográfico)
Idiopática
Fonte: Adaptado de CARDONA, Victoria et al. World allergy organization anaphylaxis guidance 2020. World
Allergy Organization Journal, v. 13, n. 10, p. 100472, 2020.
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1.2 Fatores Desencadeantes
Os principais fatores desencadeantes das reações anafiláticas são os alimentos,
picadas de inseto ou o contato com outros animais, e medicamentos2.
Banana;
Frutas cítricas;
Chá de camomila;
Leite de vaca;
Alimentos Ovo;
Peixe e crustáceos;
Amendoim, amêndoa, nozes;
Glúten;
Trigo.
Abelhas;
Formigas;
Animais
Águas-vivas;
Serpentes.
Ácido acetilsalicílico;
Analgésicos;
Anti-inflamatórios;
Medicamentos Relaxantes musculares;
Antibióticos;
Quimioterápicos;
Inibidores de bomba de prótons.
Látex;
Contrastes radiográficos;
Outras Causas
Exercícios físicos;
Baixas temperaturas.
Fonte: Adaptado de CARDONA, Victoria et al. World allergy organization anaphylaxis guidance 2020. World
Allergy Organization Journal, v. 13, n. 10, p. 100472, 2020.
Rinite Alérgica
Eczema
Asma e
outras doenças Doença
respiratórias Psiquiátrica
COMORBIDADES
Doenças
Cardiovasculares Mastocitose
Fonte: Adaptado de CARDONA, Victoria et al. World allergy organization anaphylaxis guidance
2020. World Allergy Organization Journal, v. 13, n. 10, p. 100472, 2020. Disponível em:
<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7607509/pdf/main.pdf.>. Acesso em: 06 maio 2021.
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2 QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO DAS REAÇÕES
ANAFILÁFICAS
As reações anafiláticas apresentam manifestações clínicas mistas, sendo incluídos
diversos sinais e sintomas sistêmicos, que variam de leves a graves, podendo evoluir
brevemente para quadros muito graves, que se não tratados imediatamente podem
evoluir para óbito3.
O diagnóstico de anafilaxia é altamente provável quando pelo menos um dos dois critérios
a seguir é atendido:
1. Início agudo (minutos a várias horas) com comprometimento da pele, mucosa ou ambos
(Ex.: urticária generalizada, prurido disseminado, edema em lábios, língua ou úvula).
Fonte: Adaptado de CARDONA, Victoria et al. World allergy organization anaphylaxis guidance 2020. World
Allergy Organization Journal, v. 13, n. 10, p. 100472, 2020.
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Quando a história de contato com as substâncias é evidente, o diagnóstico da reação
anafilática se torna óbvio. Porém, quando isso não acontece, é essencial que sejam
considerados diagnósticos diferenciais2. Os principais diagnósticos diferenciais envolvem
a agudização da asma, síncope, síndrome do pânico, urticária generalizada, obstrução
de via aérea por corpo estranho, espasmo laríngeo, infarto agudo do miocárdio (IAM),
tromboembolismo pulmonar, acidente vascular cerebral (AVC), convulsão, intoxicação
aguda, hipotensão, reação vasovagal, choque hipovolêmico e choque séptico2.
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Nesses casos, o diagnóstico é clínico, não sendo necessária a realização de exames
laboratoriais, inicialmente, considerando a duração dos sintomas, histórico familiar,
comorbidades, utilização de novas medicações ou aumento de dose. Os diagnósticos
diferenciais dessas lesões envolvem tinea corporis, pitiríase, granuloma anular, hanseníase
e lúpus eritematoso subcutâneo³. Observe abaixo alguns casos de pessoas com urticárias
e angiodemas:
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3 TRATAMENTO DA REAÇÃO ANAFILÁTICA
Após a identificação de um caso de reação anafilática, a equipe da Unidade de Saúde
da Família (USF) deve trabalhar de forma integrada, encaminhando o usuário para ambiente
adequado onde será possível prestar os cuidados iniciais, articular imediatamente junto à
Rede de Atenção à Saúde a remoção do usuário para unidade de urgência e emergência e
garantir as medidas de suporte necessárias até a chegada do Serviço Móvel de Urgência. No
entanto, vale ressaltar que a atuação da equipe da USF, no caso em questão, não se encerra
com a remoção do usuário. É necessário que o usuário seja monitorado pela equipe, através
de busca ativa e visita domiciliar pelo agente comunitário de saúde, e do compartilhamento
e discussão do caso na reunião de equipe e na reavaliação clínica após alta da unidade de
urgência e emergência, pois a longitudinalidade e a coordenação do cuidado são atributos
essenciais da APS.
IMPORTANTE
A adrenalina por via IM apresenta mais rápida e mais alta taxa de concentração
plasmática do que por via subcutânea (SC), e apresenta maior margem de segurança do
que a administração por via intravenosa (IV)4.
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IMPORTANTE
Até o momento, não existem estudos com elevado grau de evidência sobre o
uso da adrenalina IV na anafilaxia, devendo essa via ser utilizada apenas por
profissional médico experiente, em ambiente hospitalar e com monitoramento
cardíaco rigoroso, uma vez que apresenta maior risco de efeitos adversos graves,
como taquiarritmias e isquemia miocárdica, devido à dosagem inadequada ou
possível potencialização por outros medicamentos que o usuário está recebendo.
Desse modo, a via IV apenas será indicada em casos refratários após múltiplas
doses IM de adrenalina, parada cardíaca ou em pessoas hipotensas que não
respondem à reposição volêmica IV4.
Medo Palpitações
Inquietação Palidez
Tontura Tremor
Mesmo nas pessoas que apresentam comorbidades ou maior risco de efeitos adversos
pelo uso de adrenalina, uma vez que não existe contraindicação absoluta ao seu uso, a
relação risco-benefício indica a utilização da medicação nos casos de anafilaxia, pois o
benefício é muito maior do que o risco das complicações5.
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Vale salientar que a adrenalina pode apresentar interação com outras drogas. Os
betabloqueadores podem diminuir sua eficácia, os inibidores da enzima conversora de
angiotensina e os bloqueadores do receptor de angiotensina II podem concorrer com
seu efeito compensatório à hipotensão; os antidepressivos tricíclicos e os inibidores
da monoamina oxidase (MAO) dificultam a metabolização da adrenalina e promovem o
aumento da concentração sérica acima de níveis terapêuticos, e a cocaína e as anfetaminas
facilitam a toxicidade da adrenalina pelo aumento da sensibilização do miocárdio5.
IMPORTANTE
Deve-se estar atento aos quadros de anafilaxia em pessoas que fazem uso de
betabloqueadores, pois estão mais sujeitos às reações anafiláticas. Além disso,
a adrenalina pode ter ação limitada nesses pacientes4.
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MEDICAMENTOS UTILIZADOS NAS REAÇÕES ANAFILÁTICAS
0,01mg/kg, até o
Adrenalina 1mg/ml 0,3ml a 0,5ml, IM.
máximo 0,5mg, IM.
Hidrocortisona –
100mg a 500mg
Ampola com 100mg 4mg/kg IV ou IM.
IV ou IM.
ou 500mg
Fonte: Adaptado de CARDONA, Victòria et al. Guía de actuación en anafilaxia. Galaxia, 2016; BRASIL. Ministério
da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Cadernos de Atenção Básica nº
28 – Acolhimento a demanda espontânea: Queixas mais comuns na Atenção Básica. Volume II. 1 ed. Brasília:
Ministério da Saúde, 2012; SOLÉ, D. Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento de Alergia. Guia Prático
de Atualização. Anafilaxia. nº 1, 2016.
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Após os cuidados iniciais na Unidade Básica de Saúde (UBS), os usuários
que apresentam quadro de anafilaxia devem ser removidos para unidade de
urgência/emergência para terapia e monitoramento contínuos, especialmente aqueles
com apresentação inicial de comprometimento respiratório ou circulatório significativo e
pacientes com anafilaxia refratária6.
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ABORDAGEM INICIAL - ANAFILAXIA
Além disso:
9. Se indicado a qualquer momento, inicie a ressuscitação
cardiopulmonar com compressões torácicas contínuas.
Fonte: Adaptado de CARDONA, Victoria et al. World allergy organization anaphylaxis guidance
2020. World Allergy Organization Journal, v. 13, n. 10, p. 100472, 2020. Disponível em:
<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7607509/pdf/main.pdf.>. Acesso em: 06 maio 2021.
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Considerações finais
Até a próxima!
Referências