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CONTEXTO HISTÓRICO E FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO DE PERNAMBUCO


Depois da Bahia e do Rio de Janeiro, Pernambuco é o estado brasileiro com a
maior participação na história do Brasil, talvez por ser um dos mais antigos do país.
Foi em 1501 que a primeira expedição portuguesa chegou ao local, coordenada por
Gonçalo Coelho, com a companhia de Américo Vespúcio.
A partir de 1534, a Coroa dividiu o território do Brasil em diversas capitanias
hereditárias e no ano seguinte, seu donatário, Duarte Coelho, se estabeleceu no local.
Data de 1537 a fundação das vilas de Olinda e Igarassu. Esse sistema foi um
completo fracasso, entretanto, a capitania de Pernambuco foi uma das únicas que
prosperou.
A princípio ela era bem maior do que o território conhecido hoje, englobando os
atuais estados da Paraíba, Rio Grande do Norte, Alagoas, Ceará e parte da Bahia.
Por conta do clima e do solo favoráveis ao plantio de cana-de-açúcar, logo
foram instalados na capitania diversos engenhos, que eram movimentados
principalmente pela mão de obra escrava. Logo Pernambuco se tornou o responsável
por mais de metade das exportações de açúcar do Brasil.
Essa ascensão econômica logo despertou ambições em outras nações
europeias, aqui, em especial os holandeses. Primeiro, em 1624, eles invadiram a
Bahia, porém, aproximadamente um ano depois foram expulsos ação de uma armada
de portugueses e espanhóis por conta da União Ibérica.
Eles tornaram a voltar ao Brasil em 1630, e dessa vez invadiram Recife e
Olinda, na capitania de Pernambuco, onde ficaram até 1654. Até 1645 eles tiveram o
total domínio da região, até a eclosão da Insurreição Pernambucana. O conflito que
lutava contra a soberania holandesa durou por mais de dez anos, até que eles se
renderam.
O domínio conquistado ficou conhecido como Brasil-holandês, e a partir da
chegada do governador Maurício de Nassau, em 1637, o local experimentou imenso
desenvolvimento.
Entre este período, até a Proclamação da República, Pernambuco registrou
uma série de conflitos, estes, estão listados abaixo. A partir daí os esforços se
voltaram para infraestrutura e desenvolvimento industrial, de modo que em 1960
Recife era a terceira maior cidade do Brasil.
Sobre o estado de Pernambuco
Representado pela sigla PE, Pernambuco é um dos estados dos estados
brasileiros que está localizado na região centro-leste do nordeste. Seu gentílico é o
pernambucano.
Além do oceano Atlântico a leste, seus estados limítrofes são:
Norte (N) – Paraíba
Noroeste (NO) – Ceará
Sudeste (SE) – Alagoas
Sul (S) – Bahia

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Oeste (O) – Piauí

Pernambuco, também chamado de “Terra dos Altos Coqueiros” e “Terra


Abençoada”, tem 185 municípios, divididos em 17 regiões geográficas imediatas e
quatro regiões geográficas intermediárias: Recife, Caruaru, Serra Talhada e Petrolina.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a
área do estado é de 98.149,119 km², o que o coloca como o décimo nono em
extensão territorial no país.

MICRORREGIÕES
Pernambuco possui dezenove microrregiões: Alto Capibaribe, Araripina, Brejo
Pernambucano, Garanhuns, Fernando de Noronha, Itamaracá, Itaparica, Mata
Meridional, Mata Setentrional, Médio Capibaribe, Petrolina, Recife, Salgueiro, Sertão
do Moxotó, Suape, Vale do Ipanema, Vale do Ipojuca, Vale do Pajeú e Vitória de
Santo Antão.

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Por último, existem os municípios, que são circunscrições territoriais que


possuem relativa autonomia e concentram um poder político local, cujo sistema
funciona com dois poderes, sendo o executivo a Prefeitura, o legislativo a Câmara de
Vereadores. Ao total, Pernambuco é dividido 185 municípios, tornando a décima
primeira unidade da federação com o maior número de municípios. Alguns destes
municípios formam uma conurbação. Oficialmente existem em Pernambuco uma
região metropolitana, a do Recife, e uma região integrada de desenvolvimento
econômico, o Polo Petrolina e Juazeiro.

MESORREGIÕES
Lista de mesorregiões do estado de Pernambuco
1. Mesorregião do São Francisco Pernambucano
2. Mesorregião do Sertão Pernambucano
3. Mesorregião do Agreste Pernambucano
4. Mesorregião da Zona da Mata Pernambucana
5. Mesorregião Metropolitana do Recife

Região de Desenvolvimento: Agreste Central


Municípios: Agrestina, Alagoinha, Altinho, Barra de Guabiraba, Belo Jardim, Bezerros,
Bonito, Brejo da Madre de Deus, Cachoeirinha, Camocim de São Felix, Caruaru,

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Cupira, Gravatá, Ibirajuba, Jatáuba, Lagoa dos Gatos, Panelas, Pesqueira, Poção,
Riacho das Almas, Sairé, Sanharó, São Bento do Una, São Caitano, São Joaquim do
Monte, Tacaimbó.
Região de Desenvolvimento: Agreste Meridional
Municípios: Águas Belas, Angelim, Bom Conselho, Brejão, Buíque, Caetés, Calçado,
Canhotinho, Capoeiras, Correntes, Garanhuns, Iati, Itaíba, Jucati, Jupi, Jurema, Lagoa
do Ouro, Lajedo, Palmeirina, Paranatama, Pedra, Saloá, São João, Terezinha,
Tupanatinga, Venturosa.
Região de Desenvolvimento: Agreste Setentrional
Municípios: Bom Jardim, Casinhas, Cumaru, Feira Nova, Frei Miguelinho, João
Alfredo, Limoeiro, Machados, Orobo, Passira, Salgadinho, Santa Cruz do Capibaribe,
Santa Maria do Cambuca, São Vicente Férrer, Surubim, Taquaritinga do Norte,
Toritama, Vertente do Lério, Vertentes.
Região de Desenvolvimento: Mata Norte
Municípios: Aliança, BuenosAires, Camutanga, Carpina, Chã de Alegria, Condado,
Ferreiros, Glória do Goitá, Goiana, Itambé, Itaquitinga, Lagoa do Carro, Lagoa de
Itaenga, Macaparana, Nazaré da Mata, Paudalho, Timbaúba, Tracunhaém, Vicência.
Região de Desenvolvimento: Mata Sul
Municípios: Água Preta, Amaraji, Barreiros, Belém de Maria, Catende, Chã Grande,
Cortes, Escada, Gameleira, Jaqueira, Joaquim Nabuco, Maraial, Palmares, Pombos,
Primavera, Quipapá, Ribeirão, Rio Formoso, São Benedito do Sul, Sirinhaém, São
José da Coroa Grande, Tamandaré, Vitória de Santo Antão, Xexéu.
Região de Desenvolvimento: Metropolitana
Municípios: Abreu e Lima, Aracoiaba, Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe,
Fernando de Noronha, Igarassu, Ipojuca, Itamaracá, Itapissuma, Jaboatão dos
Guararapes, Moreno, Olinda, Paulista, Recife, São Lourenço da Mata.
Região de Desenvolvimento: Sertão Central
Municípios: Cedro, Mirandiba, Parnamirim, Salgueiro, São José do Belmonte, Serrita,
Terra Nova, Verdejante. Região de Desenvolvimento: Sertão de Itaparica Municípios:
Belém de São Francisco, Carnaubeira da Penha, Floresta, Itacuruba, Jatobá,
Petrolândia, Tacaratu.
Região de Desenvolvimento: Sertão do Araripe
Municípios: Araripina, Bodoco, Exu, Granito, Ipubi, Moreilândia, Ouricuri, Santa Cruz,
Santa Filomena, Trindade. Região de Desenvolvimento: Sertão do Moxotó Municípios:
Arcoverde, Betânia, Custódia, Ibimirim, Inajá, Manari, Sertânia.
Região de Desenvolvimento: Sertão do Pajeú
Municípios: Afogados da Ingazeira, Brejinho, Calumbi, Carnaíba, Flores, Iguaraci,
Ingazeira, Itapetim, Quixaba, Santa Cruz da Baixa Verde, Santa Terezinha, São José
do Egito, Serra Talhada, Solidão, Tabira, Triunfo, Tuparetama.
Região de Desenvolvimento: Sertão do São Francisco

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Municípios: Afrânio, Cabrobó, Dormentes, Lagoa Grande, Orocó, Petrolina, Santa


Maria da Boa Vista.
A Zona da Mata é marcada por formações onduladas, caracterizadas como
“domínio dos mares-de-morro”. É lá, inclusive, que na transição como Agreste é
localizada a Serra das Russas que, na verdade, é a borda ocidental do Planalto da
Borborema, que corta alguns estados da Região Nordeste. O Agreste localiza-se
sobre este planalto, sua altitude média é de 400m, podendo passar dos 1000m nos
pontos mais elevados. A estrutura geológica predominante é a cristalina, sendo
responsável, junto como clima semiárido, por formações abruptas (pedimentos e
pediplanos).
CLIMA

O clima de Pernambuco é o tropical com variações locais marcadas pela


posição geográfica, pela falta de chuvas e pelos sistemas meteorológicos atuantes na
região. Assim, pode-se dividir o estado em quatro tipos climáticos: tropical quente e
úmido (litoral), tropical quente subúmido e seco (Zona da Mata), tropical de altitude
(norte) e tropical quente e seco (Agreste e Sertão).
Por estar localizado entre sete e oito graus abaixo da Linha do Equador,
Pernambuco sofre influência direta da Zona da Convergência Intertropical

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Tropical (ZCIT), que promove uma precipitação constante em todas as áreas afetadas.
Entretanto, muitas massas de ar atuam sobre o estado, desviando a chuva do território
pernambucano.
Pelo menos quatro sistemas meteorológicos além da ZCIT atuam sobre o
estado, sendo eles: Vórtices Ciclônicos em Ar Superior, Cavado e Instabilidades de
Frentes Frias, Ondas de Leste e Sistemas de Brisa. Isso faz com que as chuvas se
concentrem especialmente no Litoral e na Zona da Mata, caracterizando o clima
destas mesorregiões como tropical úmido.
No litoral, as chuvas se prolongam ao longo de quase todo o ano com um curto
período de seca, geralmente registrado na primavera. A partir de fevereiro, a porção
litorânea do estado passa a registrar maiores índices de pluviosidade, atingindo picos
no mês de junho, quando o leste do estado fica sob plena estação chuvosa. Em anos
normais, a precipitação média anual na região pode chegar a 2050 mm. As
temperaturas médias ficam entre 25 e 30ºC no litoral pernambucano, expressando
amplitudes térmicas anuais próximas a 5ºC.
O regime de ventos na região é considerado regular, em geral, direcionado no
setor Leste-Sudeste. Ventos alísios e brisas marítimas também possuem forte
influência no clima local, incidindo não apenas no clima, mas também na formação
vegetal e morfológica do litoral pernambucano.
Aquém do litoral, mais de 70% do estado de Pernambuco está inserido no
chamado Polígono das Secas, região marcada pela média anual pluviométrica em
torno dos 800 mm. Dos 185 municípios pernambucanos, 145 ficam na área
compreendida pelo Polígono das Secas. Tanto as mesorregiões do Sertão e do
Agreste como a do São Francisco estão situadas nesta área, caracterizada pelo clima
semiárido.
No Sertão do São Francisco, a sudoeste do estado, a média pluviométrica
anual não costuma ultrapassar os 500 mm. Entre os meses de janeiro e abril são
registrados os maiores índices de chuva na região, que podem chegar a 400 mm. Por
outro lado, o inverno é o período em que a expectativa de chuvas na região é a mais
baixa. O máximo esperado para um mês é de 18 mm. Ainda assim, os registros
mostram que, em alguns meses da estação, não caiu uma gota do céu.
Nos últimos anos, o número de desastres causados pela estiagem e pela seca
foi muito elevado. Somente em 2012, registrou-se 184 ocorrências de desastres no
estado. Entre 1991 e 2012, Araripina, Iguaraci e Iati (no Sertão Pernambuco),
Taquaratinga (no Agreste) e Taquaratinga do Norte (no São Francisco Pernambucano)
foram os municípios mais afetados pelos eventos de estiagem e seca. O aumento
populacional em áreas vulneráveis e a destruição da vegetação natural por meio
das queimadas acarretam em uma piora do quadro na região, a ponto de expandir o
semiárido sobre áreas ainda não atingidas.

VEGETAÇÃO

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A vegetação de Pernambuco é dividida, basicamente, em quatro tipos:


Formações Litorâneas, Floresta Tropical, Caatinga e Cerrado. A primeira marcada
pela presença de restingas e manguezais. Já as florestas atlânticas se caracterizam
por espécies perenes ou deciduais. Por fim, a caatinga, responsável pela cobertura de
83% do território pernambucano.

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As Formações Litorâneas de Pernambuco se estendem ao longo de sua faixa


costeira, que pode variar de poucos metros a alguns quilômetros. Nas proximidades
do mar, predominam os vegetais mais rasteiros, além de gramíneas mais espessas
como os capins. Junto às dunas, restingas acompanham os terraços litorâneos,
incluindo, ocasionalmente, a presença de algumas pequenas árvores de copa larga e
irregular. Os campos de restinga presentes registram a existência de uma vegetação
mais arbustiva, mas com densidades variáveis. Nas desembocaduras dos rios, solos
lodosos permitem a proliferação de mangues, especialmente nas cidades de Goiana e
Igarassu.
Um pouco mais no interior do continente surge a Floresta Tropical Atlântica, um
conjunto de florestas tropicais com vegetação tipicamente perene ou decidual. Ao
longo de boa parte da Zona da Mata distribuem-se as espécies perenifólias com
folhagem densa e escura que se desenvolveram graças ao clima úmido da região.
Destacam-se ingás, vesgueiros, jatobás e maçarandubas. Por outro lado, em áreas de
altitude mais baixa, a cobertura vegetal apresenta espécies caducifólias
com caules relativamente longos, tais como camondongos, catolés e timbaúbas.
Nas regiões mais altas, acima dos 500 metros, houve o desenvolvimento de
florestas perenifólias, cujo porte das árvores varia de 20 a 35 metros. Isso só foi
possível em virtude das condições serranas, tipicamente mais frias e chuvosas. É
interessante notar que tais áreas se situam em meio à zona da caatinga, podendo
ocorrer assim os chamados “brejos de altitude” na continuidade da cobertura vegetal
ao longo da extensão do território.
Na maior parte do estado, à exceção das porções mais altas do território, a
vegetação predominante é a caatinga. As principais características de suas espécies
são o porte médio a baixo, a adaptação aos períodos de seca e a presença
de espinhos. Tal tipo de vegetação tem como importante variável a disponibilidade
hídrica, o que leva a uma classificação entre vegetais hipoxerófilos (mais úmidas) ou
hiperxerófilos (mais secas). Cactáceas e bromeliáceas são as famílias botânicas que
mais se destacam na vegetação local.
Junto aos tabuleiros e às chapadas, os cerrados são os responsáveis pela
cobertura vegetal. A vegetação é herbácea com pequenos arbustos de galhos
tortuosos e folhas coriáceas, ou seja, grossas e facilmente quebráveis. Em geral, tais
espécies se desenvolveram devido à ação humana, especialmente na região dos
tabuleiros, já que ali predominavam os vegetais presentes na área úmida do estado.
A fim da conservação e do manejo da biodiversidade, foram criadas 81
Unidades de Conservação (UC) no estado, a maioria destinada à preservação dos
mangues e da Mata Atlântica. Dentre elas, destacam-se os cinco parques estaduais,
além das três estações ecológicas (Caetés, Serra da Canoa, Bita e Utinga).
Pernambuco conta com outros 31 Refúgios da Vida Silvestre, 18 Áreas de Proteção
Ambiental, 14 Reservas Particulares do Patrimônio Natural e oito Reservas de Floresta
Urbana. Há também um Monumento Natural (Pedra do Cachorro) e uma Área de
Relevante Interesse Ecológico (Ipojuca-Merepe).
O território pernambucano dispõe ainda de três Reservas Biológicas, uma
Floresta Nacional (Negreiros) e dois Parques Nacionais. Um deles, o Parque Nacional
Marinho de Fernando de Noronha, é composto por 2/3 da ilha principal e por todas as
ilhas secundárias do arquipélago. A UC, criada em 1988, tem o objetivo de proteger

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os ecossistemas marinhos e terrestres, aliando isso a um turismo sustentável que


preserve o patrimônio natural.

HIDROGRAFIA

Hidrografia Na hidrografia, existe a forte presença de rios, sobretudo na Região


Metropolitana do Recife (RMR) que conta com 14 municípios. Há, também, muitas
barragens de contenção de enchentes e abastecimento populacional como Tapacurá,
Carpina, Jucazinho, entre outras. Os principais rios do estado são o Capibaribe e
Beberibe, Ipojuca, Uma, Pajeú, Jaboatão e São Francisco, este último extremamente
importante do desenvolvimento do Sertão, uma vez que possibilita a distribuição de
águas nas regiões secas. As grandes bacias hidrográficas de Pernambuco possuem
duas vertentes. Faz parte da bacia do Atlântico Nordeste Oriental e da Bacia do rio
São Francisco. Os rios que escoam para o rio São Francisco formam os chamados
rios interiores, cujo todos os rios nascem em municípios limítrofes na divisa de estados
da Região nordeste, os rios que escoam para o Oceano Atlântico, constituem os
chamados rios litorâneos, fazem parte da bacia hidrográfica do Atlântico Nordeste
Oriental, cujo quase todos nascem no planalto da Borborema.

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GEOLOGIA E RELEVO

O relevo é moderado: 76% do território estão abaixo dos 600 m. É formado


basicamente por três unidades geo ambientais: Baixada litorânea, Planalto da
Borborema e Depressão Sertaneja. O litoral é uma grande planície sedimentar, quase
que em sua totalidade ao nível do mar, tendo alguns pontos abaixo do nível do mar.
Nessas planícies estão as principais cidades do estado, como Recife e Jaboatão dos
Guararapes.
A altitude aumenta à medida que se afasta do litoral. O Planalto da Borborema,
principal formação geológica na faixa de transição da Zona da Mata para o Agreste, é
conhecido popularmente como Serra das Russas, e tem altitude média de 400 m,
ultrapassando os 1.000 m nos pontos mais elevados. Em Brejo da Madre de Deus, no

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agreste pernambucano, está localizado o Pico da Boa Vista (1.195 m), ponto
culminante do estado. (Pico do Papagaio é o ponto mais alto do estado)
No Sertão os níveis de altitude decrescem em direção ao Rio São Francisco,
formando, em relação ao Planalto da Borborema, uma área de depressão relativa. O
município sertanejo de Triunfo é a cidade mais alta de Pernambuco (1.004 m), e onde
localiza-se o segundo ponto mais alto do estado, o Pico do Papagaio (1.185 m).
Baixada Litorânea
Distinguem-se, de leste para oeste: praias protegidas pelos recifes; uma faixa
de tabuleiros areníticos, com 40 a 60 m de altura; e a faixa de terrenos cristalinos
talhados em colinas, que se alteiam suavemente para oeste até alcançarem 200 m no
sopé da escarpa da Borborema.
Tanto a faixa de tabuleiros como a de colinas são cortadas transversalmente
por vales largos onde se abrigam amplas várzeas (planícies aluviais). Fortes
contrastes observam-se entre os solos pobres dos tabuleiros e os solos mais ricos das
colinas e várzeas. Nos dois últimos repousa a aptidão do litoral pernambucano para o
cultivo da cana-de-açúcar, base de sua economia agrícola.
Planalto da Borborema e depressão sertaneja
Seu rebordo oriental, escarpado, domina a baixada litorânea com um desnível
de 300 m, o que lhe confere ao topo uma altitude de 500 m. Para o interior, o planalto
ainda se alteia mais e alcança média de 800 m em seu centro, donde passa a baixar
até atingir 600 m junto ao rebordo ocidental.
Diferem consideravelmente as topografias da porção oriental e da porção
ocidental. A leste, erguem-se sobre a superfície do planalto cristas de leste para oeste,
separadas por vales, que configuram parcos relevos de 300 m. Aproximadamente no
centro-sul do planalto eleva-se o maciço dômico de Garanhuns, que supera a altitude
de 1.000 m.
No Sertão as cotas altimétricas decrescem em direção ao Rio São Francisco,
formando, em relação ao Planalto da Borborema, uma área de depressão relativa. As
formações geomorfológicas predominantes são os inselbergues, serras e chapadas,
estas últimas aparecendo em áreas sedimentares. A Chapada do Araripe tem altitude
média de 800 m.
Ilhas oceânicas
O arquipélago de Fernando de Noronha é constituído por rochas vulcânicas, e
seu relevo envolve desde áreas planas de baixa altitude até morros com encostas
íngremes e picos isolados como o Morro do Pico (323 metros sobre o nível do mar). Já
o arquipélago de São Pedro e São Paulo, cujas rochas expostas
são peridotitos serpentinizados de um megamullion tectonizado — única exposição
mundial do manto abissal acima do nível do mar —, se eleva apenas até 23 metros de
altitude.

ASPECTOS HUMANOS E INDICADORES SOCIAIS POPULAÇÃO


De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no
censo de 2010 a população pernambucana era de 8. 796. 266 pessoas, a estimativa

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(2015) contabilizou 9. 473. 266 habitantes, distribuídos em 185 municípios. Sendo que
cerca de 80, 2% moram em espaços urbanos e 19, 83% moram em espaços rurais, a
população urbana (7.052, 210) e população rural (1.744, 238). Pernambuco é o 7º
estado mais populoso do Brasil e o 2º estado com maior população do Nordeste,
perde apenas para a Bahia (IBGE, 2018). A taxa média de crescimento populacional
pernambucana foi de 1, 06% entre 2000 e 2010. No Brasil, esta taxa foi de 1,17% no
mesmo período. Entre 1991 e 2000, o estado apresentou taxa de 1, 18%, denotando
redução das taxas de crescimento populacional de Pernambuco.
A densidade populacional do estado (média de habitantes por quilômetro
quadrado) é de 86, 62 hab/km². Em Recife, a capital do estado, a densidade
demográfica é de 7. 039, 64 hab/km². Em 2010, a população feminina (51, 90% de
mulheres) era ligeiramente superior à população masculina (48, 10% homens). Entre
as cidades mais populosas do estado estão Recife (1. 633, 697), Jabotão de
Guararapes (695. 956), Olinda (390.771 hab.), Caruaru (356. 128 hab.) e Petrolina
(342. 219 hab.).
Sobre a composição étnica, a população parda é predominante 53,3% do total,
os brancos correspondem a 40,4%, os negros a 4,9% e os índios 0,5%, de acordo
com o Censo 2010 do IBGE. A estrutura etária de Pernambuco está organizada da
seguinte maneira: população com mais de 65 anos (7, 37%), entre 15 e 64 anos (66,
89%) e com menos de 15 anos (25, 74%) (ATLAS DO BRASIL, 2013). A taxa de
fecundidade apresentou queda importante em uma década. Em 2000 a taxa era de 2,
48 filhos por mulher e em 2010 foi de 1, 92 filhos por mulher. No que se refere a
mortalidade infantil, em 2000 a taxa era de 47, 31 por mil e caiu para 20, 23 por mil
crianças. A mortalidade de crianças até 5 anos de idade era de 54, 60 por mil em 2000
e em 2010 foi de 22, 03 por mil. No Brasil, a mortalidade infantil foi de 13, 82 crianças
em 2015. Outro aspecto importante é o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal,
passou de 0,544 em 2000 para 0,673 em 2010 - uma taxa de crescimento de 23,71%.
Este índice leva em consideração longevidade, renda e educação. O estado ocupa a
19ª posição entre as 27 unidades federativas brasileiras de acordo com o IDHM.
Nesse ranking, o maior IDHM é 0,824 (Distrito Federal) e o menor é 0,631 (Alagoas).
Em Pernambuco, a expectativa de vida subiu de 67, 32 anos em 2000, para 72, 32
anos em 2010. Em média, os brasileiros vivem 74, 68 anos. Sobre a escolaridade, em
2010, o estado apresentou os seguintes dados: população 25 anos ou mais de idade,
22,23% eram analfabetos, 43,05% tinham o ensino fundamental completo, 30,59%
possuíam o ensino médio completo e 8,01% o ensino superior completo (Atlas do
Brasil, 2013).
Os níveis de renda também melhoraram em Pernambuco, a renda per capita
média de Pernambuco cresceu 90,80% nas últimas duas décadas. Entre 1991 a 2000
(R$ 275,49 a R$ 367,31). Nos anos 2000 a 2010 (R$ 367, 31 a R$ 525,64). A
população mais pobre, cuja renda domiciliar per capita é inferior a R$ 140, 00 também
foi reduzida: passou de 57,99%, em 1991, para 45,27%, em 2000, e para 27,17%, em
2010 (ATLAS DO BRASIL, 2013).

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ECONOMIA DE PERNAMBUCO

Nos últimos 30 anos Pernambuco vem mudando seu perfil econômico: deixa de
ser um estado agrícola e se transforma em grande centro de serviços, com destaque
para o comércio e o turismo. O setor de serviços representa mais da metade do PIB
Produto Interno Bruto estadual, enquanto a agricultura contribui com menos de 10%
das riquezas do estado. A economia de Pernambuco apresenta grande diversidade
com a presença de cadeias produtivas bem estruturadas e investimento em
infraestrutura que são fatores para que o Estado apresente uma performance
econômica acima dos indicadores nacionais nos últimos anos. Segunda economia do
Nordeste, superada apenas pela da Bahia, Pernambuco tem um PIB da ordem de R$
17 bilhões, equivalente ao do Chile e superior ao de países como Paraguai e Uruguai,
parceiros do Brasil no Mercosul. Estado onde a economia açucareira foi a mais
expressiva do Brasil, do período colonial ao início deste século, Pernambuco passa
por aceleradas transformações. A cana-de-açúcar ainda representa 40% da economia
estadual, mas vem perdendo este peso para outras atividades agrícolas, industriais e
de serviços, que urbanizam rapidamente o setor econômico.
Segundo estimativas do Condepe, o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado
ficou na casa dos R$ 40 bilhões em 2004, o segundo maior do Nordeste, atrás apenas
da Bahia, e vem crescendo num ritmo um pouco superior ao do País, se consolidando
como 8ª economia do país. Em 2003, o PIB local, que representa 20% do PIB do
Nordeste e em torno de 2,7% do nacional, registrou incremento de 1,22%, enquanto o
do País apresentou retração de 0,5%. Em 2004, o PIB estadual acompanhou o
nacional, crescendo 5%, entre 2000 e 2003, Pernambuco cresceu em média 0,68%
acima do crescimento nacional. O setor terciário é o que tem envolvido maior número
de pessoas e gerado maior produção. Destacam-se aí as atividades comerciais e
financeiras, correspondentes a 21% e 25%, respectivamente, do PIB estadual. A
indústria de transformação também cresceu e responde por 25%da produção total do
Estado.

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A diversificação foi a grande marca do setor, com gêneros tradicionais (têxtil e


alimentar) perdendo importância no Valor da Transformação Industrial (VTI), passando
de quase 60% para 35%, entre 1960 e 1985, segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Essa diversificação alavancou o desenvolvimento das
indústrias química, de material elétrico, comunicações, mecânica, metalurgia, matéria
plástica, bebidas, vestuário e calçados. Entre 1999 e 2004 foram aportados R$ 1,3
bilhão em investimentos em infra-estrutura pública, destinados sobre tudo a rodovias,
portos, aeroporto semalha de abastecimento de gás natural em conjunto com os
esforços do Estado em articular uma política de incentivos fiscais. Nos anos 90, o
trinômio constituído pela emergente atividade do turismo, a agricultura irrigada e o
Complexo Portuário de Suape, projeta ainda mais a economia pernambucana no
conjunto nacional.
O turismo tem como principal ponta de lança o projeto Costa Dourada. O
programa, parceria da iniciativa privada com os governos federal e dos estados de
Pernambuco e Alagoas, visa dotar de infraestrutura o litoral no trecho entre Cabo de
Santo Agostinho (sul de Pernambuco) e Barra de Santo Antônio (norte de Alagoas),
para explorar as potencialidades turísticas naturais da região. Quanto ao mercado
interno, segundo o IBGE, o Estado conta com uma população de 8 milhões de
habitantes, 16% da população do Nordeste. A população economicamente ativa é de
1,444 milhão de pessoas, o PIB per capita é de R$ 4.887. Em relação à posição
geográfica no Nordeste, vale frisar que Pernambuco faz divisa com 5 dos 9 estados da
região e conta com fácil acesso por rodovia, por via aérea ou por modal marítimo. No
vale do rio São Francisco – o rio de maior extensão dentro do território brasileiro – a
agricultura irrigada está revolucionando a produção e a produtividade de frutas e
legumes. Tomate, cebola, uva, manga, melão e melancia produzidos nessas áreas
representam metade da economia gerada pela tradicional lindústria álcool açucaceira,
e as uvas produzidas em Pernambuco já são exportadas para a Europa. A área de
agricultura irrigada se apoia na infraestrutura do porto fluvial de Petrolina, às margens
do Rio São Francisco.
O Estado tem como uma de suas principais estruturas logísticas o Complexo
Industrial e Portuário de Suape, localizado a 40 quilômetros do Recife e que conta com
40 escalas mensais de navios, sendo 25 de longo curso e 15 de cabotagem, além de
concentrar os principais investimentos públicos privados do Estado. Uma nova fase do
porto de Suape aponta para a continuidade do desenvolvimento e crescimento da
região, com destaque para: a consolidação do estaleiro que o consórcio Camargo
Corrêa/Andrade Gutierrez/Mitsui vai construir, com previsão para entrar
emoperaçãoem2008,o polo petroquímico do grupo italiano M&G já em construção, a
construção do moinho pela Bunge Born e a refinaria a ser implantada pela Petrobras
em parceria com a venezuelana PDVSA, cujo investimento ainda precisa ser
consolidado. Desta forma, para os próximos anos, a expectativa é de que a economia
de Pernambuco deve manter o ritmo de crescimento acima da média nacional, tal
como nos últimos anos, impulsionada pela inversão de orçamento para a região a
partir dos projetos sociais, com a consolidação dos investimentos em Suape e o bom
desempenho das exportações e da indústria de bens intermediários. Cabe destacar
que Pernambuco, apesar de ter uma economia em desenvolvimento tem como
barreira o engessamento da receita corrente líquida para pagamento da dívida, falta
de dinamismo no mercado imobiliário na região metropolitana de Recife, o perfil pouco
exportador, que não se beneficia da onda de bons resultados nacionais ainda
prejudicado como comprometimento do desempenho da região do Vale do São
Francisco, em função das chuvas. Contudo, o Estado caminha para a solução desses

COORDENAÇÃO SARGENTO MARQUES


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problemas através da efetivação dos investimentos em Suape, o que, indica que o


Estado tem condições de apresentar crescimento vigoroso, principalmente em um
cenário de médio prazo.
O Produto Interno Bruto de Pernambuco foi de R$ 42.260.926 mil em 2000,
correspondente a 2,7% do PIB nacional. Participações internas do PIB: A Região
Metropolitana de Recife Em 1973 foi criada, pelo Governo Federal, a RMR (Região
Metropolitana do Recife) com o objetivo de facilitar a administração de
desenvolvimento das cidades circunvizinhas do Recife. Medida que não se limitou
apenas ao Recife e sim para todas as grandes capitais brasileiras.
A Região Metropolitana do Recife é composta por 15 municípios. De acordo
com o IBGE a RMR é formada por 15 municípios, são eles: Jaboatão dos Guararapes,
Olinda, Paulista, Igarassu, Abreu e Lima, Camaragibe, Cabo de Santo Agostinho,
Goiana, São Lourenço da Mata, Araçoiaba, Ilha de Itamaracá, Ipojuca, Moreno,
Itapissuma e Recife. Com 3.787.667 habitantes (IBGE/2009). Em março de 2009,
havia 3.213 mil pessoas em ida- de ativa na Região Metropolitana de Recife. Deste
total, 42,9% encontrava-se ocupada (nível de ocupação), 5,0% desocupada e 52,1%
não economicamente ativa. A taxa de desocupação (10,4%) apresentou-se crescente
em relação a fevereiro de 2009 e em equilíbrio em relação ao mesmo mês do ano
anterior. Na comparação mensal, observou-se estabilidade nos contingentes dos
grupos de ocupação. Em relação a março de 2008, houve crescimento dos
empregados com carteira de trabalho no setor privado (5,8%). O rendimento médio
real habitualmente recebido por mês pelas pessoas ocupadas (R$ 834,70), apresentou
queda de 3,5% frente a fevereiro de 2009 e 2,1% na comparação com março de 2008.
Na comparação mensal, os empregados com carteira de trabalho assinada e os
trabalhadores por conta própria tiveram seus rendimentos acrescidos de 1,7% e 5,1%.
Os empregados sem carteira de trabalho assinada no setor privado e os militares ou
funcionários públicos estatutários apresentaram queda de rendimento de 6,3%e 10,1%
respectivamente. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, houve redução do
rendimento para o sem pregados com carteira de trabalho assinada (1,2%), militares e
funcionários públicos estatutários (9,1%) e aumento para os trabalhadores por conta
própria (2,4%).
O ESPAÇO RURAL DE PERNAMBUCO

COORDENAÇÃO SARGENTO MARQUES


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O território rural denominado Agreste Meridional de Pernambuco abrange uma


área de 13.153 km2, está localizado em parte da Mesorregião do Agreste
Pernambucano e do Sertão Pernambucano. Atualmente é composto por 20
municípios: Águas Belas, Buíque, Iati, Ibimirim, Inajá, Itaíba, Pedra, Venturosa,
Angelim, Bom Conselho, Caetés, Capoeiras, Garanhuns, Ibirajuba, Manarí,
Paranatama, Saloá, São Bento do Una, Terezinha e Tupanatinga.
De acordo com informações do IBGE (2010), o contingente populacional do território
apresenta-se com 587.086 habitantes, dos quais 257.840 residem na área rural, o que
corresponde a 42,7% do total. Com IDH médio de 0,60, esse meio rural é composto
por agricultores familiares e patronais, famílias assentadas, comunidades quilombolas,
terras indígenas, dentre outros.
O território enquadra-se na categoria de rural, seguindo-se o critério
estabelecido por Veiga (2002), pois apresenta uma população média de 29.354
habitantes e uma densidade de 44,77 habitantes por km2, ou seja, uma população
média menor do que 50.000 habitantes e uma densidade inferior a 80,0 habitantes por
km2.
Entre os seus municípios, Garanhuns destaca-se apresentando uma acentuada
população urbana, com uma taxa de 89,1%, já os municípios de Paranatama, Manari e
Caetés apresentam taxas de 79,1%, 78,9% e 71,7% da população rural,
respectivamente, revelando assim, uma certa heterogeneidade no território. Além
disso, vale ressaltar, que o município de Garanhuns centraliza economicamente o
Agreste Meridional e se estabelece pela importância como polo regional.
Quanto aos indicadores sociais, observa-se uma grande amplitude relativa ao
(Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)) entre os municípios. Os
municípios de Garanhuns, de Venturosa e de São Bento do Una apresentam os
maiores IDH-M, com 0,69; 0,63 e 0,62 respectivamente. Já os municípios de Manari e
Caetés apresentam os menores IDH-M, com 0,47 e 0,52. Tais informações revelam

COORDENAÇÃO SARGENTO MARQUES


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também a ocorrência de uma acentuada disparidade na qualidade de vida entre os


municípios do território.
As áreas rurais do território são reconhecidas economicamente pela presença
da pecuária leiteira. No entanto, as pequenas propriedades rurais, de cunho familiar,
que exploram principalmente as culturas do feijão e da mandioca, apresentam grande
relevância socioeconômica para a região, revelando nesse conjunto as principais
atividades de exploração das áreas rurais. Historicamente, esse arranjo formou-se ao
longo dos anos, pois o Agreste constituiu-se como o local de produção de alimentos
para o abastecimento interno da região Nordeste, em face da cultura expansionista e
exportadora da cana-de-açúcar.
A velha estrutura coronelista, ainda reflete sobre a atual estrutura agrária e
sobre as relações sociais de dependência e subordinação que insiste em permanecer
em diversos municípios desse território. Dessa forma, perpetua-se a ação política de
comando sobre a população e cargos, de uma forma geral, atuando em diversos
segmentos e instituições públicas.
Os festejos juninos apresentam-se como a expressão máxima da cultura,
porém as tradições folclóricas tendem a se perder no tempo, em face da
homogeneização dos costumes, principalmente no que diz respeito à música, com os
grupos eletrônicos de forró. Trabalhar as ruralidades ainda presentes requer um árduo
e constante desafio, para que não haja perda tanto cultural como economicamente,
uma vez que esses valores são descontruídos pela aquisição de novos hábitos
impostos pelos meios de dominação e imposição de valores externos.
Atrelado a isso, nota-se a insatisfatória presença de estrutura das políticas
públicas, relacionadas ao nível educacional, principalmente nas formações iniciais das
crianças, no apoio à assistência das atividades produtivas e na preservação e
exploração sustentável das riquezas naturais e arqueológicas.

COORDENAÇÃO SARGENTO MARQUES


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O ESPAÇO URBANO DE PERNAMBUCO

COORDENAÇÃO SARGENTO MARQUES


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A partir de 1970 a distribuição da população pernambucana passou por


significativas alterações. A população urbana, pela primeira vez, foi maior do que a
população rural. Neste período, a população urbana que morava em espaços urbanos
era de 2. 810. 415 pessoas, ao passo que a população rural era de 2. 350. 210
habitantes. Atualmente, mais de 80% da população pernambucana reside em espaços
urbanos. A maior concentração populacional de Pernambuco ocorre na mesorregião
metropolitana de Recife. A concentração fundiária, a produção monocultora e o início
da modernização agrícola brasileira caracterizam o êxodo rural e a urbanização de
Pernambuco entre 1970 e 1990. Recife, além de possuir função administrativa, é
importante em outras inúmeras atividades (industrial, comercial, turística), inclusive,
em nível de influência, extrapola o nível regional e os estados da região Nordeste.
Dentre as principais cidades do estado, pode-se se destacar o papel de Olinda,
primeira capital e centro histórico e turístico de Pernambuco. Entre os centros
industriais, Jabotão de Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Paulista, Igarassu e
São Lourenço da Mata, municípios que são conurbados a capital e pertencem à
Região Metropolitana de Recife. De acordo com o Observatório das Metrópoles, a
Região Metropolitana de Recife foi institucionalizada pela Lei Federal de nº 14 de 1973
e atualmente é composta por 14 municípios: Abreu e Lima, Araçoiaba, Camaragibe,
Cabo de Santo Agostinho, Goiana, Igarassu, Ilha de Itamaracá, Ipojuca, Itapissuma,
Jaboatão dos Guararapes, Moreno, Olinda, Paulista, Recife, São Lourenço da Mata. A
RM de Recife concentra 42% da população do estado em 2, 81% do território de
Pernambuco. As dinâmicas econômicas e urbanas mais expressivas e a maior parte
do PIB estadual (65, 1%) também se concentram na região metropolitana. A
população de Recife corresponde a 41, 2% da RM e representa 7, 2% da área total
metropolitana.

QUESTÕES AMBIENTAIS DE PERNAMBUCO

O Estado de Pernambuco com uma superfície de 98.307 Km2 constitui uma


das menores unidades político-administrativas, tanto em termos do Nordeste, como do

COORDENAÇÃO SARGENTO MARQUES


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Brasil, correspondendo a 6,4% da área nordestina e 1,2% da superfície brasileira.


Segundo dados estatísticos da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
- IBGE, contava este espaço, em 1991, com uma população aproximada de 7.122.548
habitantes, o que correspondia a 5% da população brasileira. Se por um lado é
Pernambuco, uma das Unidades da Federação de menor superfície, o mesmo não
ocorre em relação a sua população absoluta e a sua densidade demográfica, visto ser
um dos Estados mais populosos, bem como, um dos primeiros colocados quanto à
densidade demográfica na Federação. De configuração geográfica longitudinal estreito
no sentido Norte/Sul e, alongado no sentido Leste/Oeste, se encontra Pernambuco
inteiramente situado dentro dos limites da zona Tropical.
Em decorrência dessa configuração espacial e do processo de povoamento
que aqui se efetivou, o espaço pernambucano oferece, do litoral para o interior, uma
sucessão de diferentes paisagens com os mais variados gêneros de vida, sistemas
agrários e aspectos urbanos. Daí ser o seu território dividido em três grandes regiões
geográficas: o Litoral-Mata, o Agreste e o Sertão. O Litoral-Mata corresponde à porção
mais oriental de Pernambuco, ocupando a faixa de terras que se estende da costa
Atlântica aos primeiros contrafortes do planalto da Borborema. Trata-se da região mais
dinâmica do Estado, sendo a de maior importância desde o século XVI, época em que
se iniciou o processo de colonização. Nela está inserida a mesorregião Metropolitana
do Recife, área de grande concentração populacional, 72% do total regional,
concentração industrial com o Complexo Industrial Portuário de Suape, localizado em
Cabo/Ipojuca e distritos industriais em Paulista, Igarassu e Jaboatão dos Guararapes;
além de uma intensa concentração e diversificação das atividades de comércio e
serviços. Possuindo uma superfície de 11.472 Km2 e uma população de 4.049.375
habitantes, o que representa 12% da área e 57% do contingente populacional do
Estado, pode o Litoral-Mata, excluindo o sub-espaço da Região Metropolitana do
Recife ser visto como uma unidade geográfica caracterizada por uma exploração
econômica bem definida, a da cana de açúcar.
Apesar disso, a distribuição espacial dessa cultura apresenta características
diferentes na região, se compararmos a porção norte, a Mata Seca, com a porção Sul
que corresponde à chamada Mata Úmida. Essa diversidade de aspectos é explicada
pelas condições climáticas, tipos de solos, vegetação e, também, pela ocupação
humana. Observa-se que a Mata Meridional (Mata Úmida) é a área onde ocorreu, de
forma bastante significativa, a expansão e o domínio da agroindústria sucro-alcoleira
do Estado, pouco cedendo espaço a outro tipo de ocupação. Ao norte, na Mata
Setentrional também conhecida como Mata Seca apesar de haver um domínio da
cana, esta divide espaço com uma agricultura diversificada de banana, mandioca,
pastagens e, até mesmo com a pecuária. A cana de açúcar introduzida no século XVI
encontrou nessa porção do espaço pernambucano, face às condições climáticas e
edáficas reinantes, um habitat favorável a sua expansão. Na faixa litorânea regional,
as praias e os tabuleiros estão ocupados com extensos plantios de coqueiros.
Após a Litoral-Mata, caminhando em direção ao interior, ao Oeste de
Pernambucano, atinge-se o Agreste, região de transição entre o Litoral-Mata e o
Sertão. Ocupando o topo e a porção oriental do planalto da Borborema, esta região
possui uma superfície de 23.934 Km2, o que corresponde a 25% do território
pernambucano, abrigando um contingente populacional da ordem de 1.817.968
habitantes, ou seja, 26% da população do Estado. Em função da sua localização, o
Agreste possui trechos com características físicas e sócio-econômicas que o
assemelham ora a uma, ora a outra, daquelas regiões que lhe servem de limite. A

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diversificação climática associada ao relevo movimentado, representado pela


Borborema, contribuem para a existência, nessa porção do espaço estadual, de duas
subregiões bastante individualizadas e distintas: os Brejos e a Caatinga. Os Brejos
correspondem aos trechos mais úmidos do Agreste. Estão geralmente situados nas
encostas e topo das serras que formam o planalto, a altitudes que variam dos 300 aos
1.000 metros, expostos aos ventos úmidos que vêm do Atlântico, os Alíseos de
Sudeste. Estas áreas são ocupadas por uma atividade policultora, representada pela
fruticultura, horticultura, lavouras de subsistência e cana de açúcar. Ao lado dos
Brejos, a caatinga é a outra face do Agreste, correspondendo aos trechos sub-úmidos
e semi-áridos situados nas encostas Oeste e Noroeste da Borborema, localizados a
sotavento.
Nos locais onde os solos adquirem uma maior espessura e a umidade é um
pouco elevada, desenvolve-se a atividade pecuária, ora de corte, ora de leite e a
agricultura de subsistência ao lado da cultura do algodão herbáceo. Esta última cultura
vem perdendo sua importância no Estado. O Agreste apresenta um certo dinamismo
industrial representado ora por unidades fabris de grande porte e com elevada
tecnologia, ora por um número considerável de pequenas unidades domésticas de
transformação e por um expressivo artesanato. O Sertão com uma superfície de
62.911 Km2, ocupa todo o Oeste pernambucano, correspondendo a quase 70% do
território estadual, onde vivem cerca de 1.255.205 habitantes.
A ocupação humana nesta área fez com que amplos trechos da cobertura
vegetal natural, a caatinga, fosse devastada e substituída pelas atividades pecuárias e
agrícola, a exemplo de lavouras de subsistência e culturas de algodão arbóreo e
herbáceo. Nas áreas úmidas a exemplo das chamadas “serras frescas” se desenvolve
uma atividade policultora, representada pela fruticultura e pela horticultura. Necessário
se faz mencionar a atividade econômica que vem sendo realizada na região sertaneja,
com o emprego de vultosos recursos e tecnologia moderna. Graças ao uso da
irrigação, amplos espaços vêm sendo incorporados ao processo produtivo regional.
Exemplo disso são os grandes projetos agrícolas realizados na mesorregião do São
Francisco, tornando aquele espaço um verdadeiro “oásis” no Estado de
Pernambucano. Aí são cultivadas frutas, a exemplo da uva, manga, acerola, melancia,
etc. e hortaliças que são diretamente colocadas no mercado externo, via Porto de
Suape, localizado na Região Metropolitana do Recife.
A atuação do homem como produtor e consumidor nesses espaços geo-
sócioeconômicos de Pernambuco tem se realizado de forma muito preocupante, face
uma série de problemas ecológicos que vêm sendo identificados. Na verdade, em
função do processo de povoamento que aqui se efetivou e da organização econômica
do nosso território, quando áreas eram devastadas e incorporadas ao processo
produtivo estadual, Pernambuco vem enfrentando uma série de impactos ambientais.
Esta situação se agravou com o crescimento econômico uma vez que este
ocorreu sem demonstrar um maior comprometimento com as questões relacionadas
ao gerenciamento do meio natural e com o social. Assim, quando se pretende
identificar impactos ambientais no Estado, deve-se considerar aqueles relacionados
com a destruição da vegetação natural, com o uso irracional dos solos, com a poluição
dos cursos d’água e com a baixa qualidade de vida de grande parte de sua população.
De ocupação recente, Pernambuco teve sua vegetação natural, a Mata Atlântica,
destruída desde o início da exploração de seu espaço, a princípio com o pau-brasil e,
posteriormente cedendo lugar à ocupação dos solos pela cana de açúcar, pelos
engenhos e usinas.

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23

O surgimento de vilas e cidades, o crescimento populacional foram todos fatos


que também contribuíram de forma decisiva para a destruição das paisagens naturais
de Pernambuco. Este desflorestamento foi realizado com grande intensidade não
apenas na região do Litoral-Mata, mas também no Agreste e no Sertão, quando os
brejos e as caatingas foram também atingidos. Merece destaque também a destruição
das matas de restingas e dos mangues; na região do Litoral, esta última área
considerada como “berçário” de uma grande quantidade de espécies que têm na
alternância da água doce com a salgada, o seu habitat natural. Tudo isso foi
devastado em nome de um pseudo “desenvolvimento” econômico. Um segundo
aspecto é o do impacto do processo de utilização dos solos sobre os mesmos. A
exploração agrícola vem sendo feita muitas vezes sem levar em conta estudos
pedológicos e técnicas racionais de manejo de solos.
A atividade agrícola feita em linhas de maior declive, com culturas enfileiradas
umas ao lado das outras, dão origem a caminhos naturais para o escoamento pluvial e
ao transporte de sedimentos soltos para as porções mais baixas. Desse modo, se
procede à destruição mecânica dos solos e ao transporte dos mesmos muitas vezes
para as várzeas, contribuindo para o assoreamento dos rios. A irrigação ao lado da
utilização de insumos agrícolas os mais variados vêm sendo realizada em grande
escala, tanto nas margens do rio São Francisco ou de outros rios estaduais, como
também à jusante de grandes açudes do DNOCS. Embora seja uma das alternativas
mais promissoras para a área, ela necessita ser estudada, adotando-se critérios para
o controle do uso da água, a fim de evitar o desperdício de um recurso escasso, ou as
consequências do excesso de água no solo em alguns pontos e o processo da
salinização, em áreas em que os solos são ricos em sais minerais de fácil dissolução.
Outro problema sério é o da mecanização introduzida em áreas de encostas
menos íngremes - da ordem de 20° de inclinação - e em locais de solos pouco
profundos. Nem sempre a substituição da enxada ou do arado à tração animal pelo
trator indica uma evolução, uma modernização racional. Merece referência também a
má distribuição da propriedade da terra, o problema fundiário, de vez que ela leva à
pobreza e à miséria que é um dos mais sérios problemas ecológicos, de vez que com
a miséria vem a fome, a vulnerabilidade da população às endemias e epidemias, o
baixo nível educacional, a queda dos padrões sanitários, etc.
A expansão horizontal de culturas em áreas ecologicamente pouco favoráveis
às mesmas, faz desaparecer a produção agrícola de alimentos - a pequena produção -
e campos de pastoreio. Isto provoca, naturalmente, a absorção de pequenas e médias
propriedades, transformando em proletários rurais numerosos pequenos produtores. É
muito comum proprietários mais ricos conseguirem empréstimos subsidiados nos
bancos oficiais e passarem a cultivar pastagens - muitas de gramíneas africanas - que
substituem as pastagens naturais, ampliando a capacidade de lotação de seus
campos. Com esta expansão, eles dispensam a força de trabalho representada pelos
Sem Terras, que recebiam anualmente pequenos lotes para cultivar milho, feijão, no
período chuvoso e devolviam a terra, após a colheita, com o restolho das culturas que
se constituía em alimentação suplementar para o gado. A gramínea cultivada provoca
o desemprego e a expulsão de grandes contingentes de arrendatários e parceiros que
cultivavam terra alheia. Costume dos mais danosos ao meio ambiente é o de se lançar
aos rios, dejetos domésticos a resíduos industriais. Os rios se tornam com o tempo,
verdadeiros canais de esgoto que transportam até a foz ou até certos pontos do seu
curso, materiais pútridos e ofensivos à saúde pública. Na maior parte do espaço
pernambucano se observa que os esgotos domésticos são lançados direta ou

COORDENAÇÃO SARGENTO MARQUES


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indiretamente nos rios, infectando as águas que a juzante vão ter uso industrial ou
mesmo doméstico. Além dos resíduos domésticos, existem os resíduos industriais.
Estes materiais são altamente poluidores, sobretudo os de indústrias que usam, em
larga escala, produtos químicos, como é o caso dos curtumes, das indústrias têxteis,
etc. Produtos que lançados aos rios provocam modificações químicas nas águas e
eliminam várias espécies da fauna ictiológica, quebrando o ciclo biológico e
favorecendo o crescimento de espécies daninhas.
Um dos casos mais evidentes em Pernambuco, na região do Litoral-Mata é o
da agroindústria canavieira que lança aos rios resíduos de tipos os mais variados.
Assim, durante a safra, a cana de açúcar, antes de ser levada à moenda, é lavada
afim de que se liberte da grande quantidade de pó e de areia que estão ligados ao
colmo. Estes detritos são levados pela própria água de lavagem para o rio que se
localiza nas proximidades das mesmas. Além destes detritos, os rios são poluídos
também com as águas da lavagem das fábricas, feitas periodicamente. Contudo, o
resíduo que provoca maior dano é representado pelo vinhoto das destilarias de álcool,
devido ao seu elevado volume e a sua composição química. O vinhoto, lançado nos
rios, sobretudo no estio quando o volume d’água é menor, provoca uma série de
fermentações e de oxigenação da água que destrói a fauna ictiológica e permite a
proliferação de espécies que são predadoras dos peixes. Daí a disseminação, em alta
escala, na área canavieira de moléstias como a esquistossomose que se constitui uma
verdadeira praga. Contudo, os problemas ecológicos não advêm apenas dos fatores já
citados; um dos mais sérios problemas ambientais do nosso Estado é a pobreza, a
miséria que aflige parte considerável da população pernambucana.
A concentração fundiária, a modernização tecnológica, etc, são as grandes
responsáveis pela transformação de numerosos pequenos produtores em proletários
rurais e pela expulsão destes do campo; esta população se dirige para os centros
urbanos, se marginalizando, se prostituindo e contribuindo para a proliferação de
favelas. Os dados estatísticos revelam um forte processo de evasão da população no
meio rural e, em contra partida, um acelerado crescimento urbano. Esse processo vai
condicionar um tipo de urbanização caracterizado por uma crescente pobreza da
população e por uma carência de infraestrutura urbana, como: instalações sanitárias,
esgotos, tratamentos de dejetos humanos, habitações, educação, serviços de saúde,
etc. Não se pode esquecer que Pernambuco é uma área, no momento, de sérios
problemas sociais, infestado pelo cólera, pela diarreia infantil, pelo sarampo, pela
desnutrição, pela fome e por uma série de tipos de verminose. Finalizando este
estudo, aproveito para chamar atenção de como o sistema de apropriação e
exploração dos recursos no espaço pernambucano provoca uma série de problemas
ecológicos que contribuem para a queda da qualidade de vida da população.

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