Você está na página 1de 2

Notícias Brasil Internacional Econo

PUBLICIDADE

A luta contra a mina


de carvão que dizimou
uma floresta na
Alemanha
Tim Mansel
BBC World Service

29 julho 2019

Ativistas ambientais lutam contra a mudança


climática

Uma pequena área de floresta na Alemanha,


próxima à fronteira com a Holanda, se tornou o
centro da disputa em torno da exploração de
carvão no país.

Um terço da eletricidade alemã ainda é


produzida a partir da queima de carvão -
principalmente o lignito (carvão marrom).

Para mudar esse cenário, ativistas ambientais


concentram esforços na floresta de Hambach,
no oeste da Alemanha, a 30 km da cidade de
Colônia. Eles vivem em casas no alto das árvores
e chamam a floresta de "Hambi".

Brasil tem muito a ensinar sobre meio


ambiente à Alemanha?

Por que cientistas dizem que próximos 18


meses serão cruciais para salvar o planeta

Por que o futuro do agronegócio depende


da preservação do meio ambiente no Brasil

Eles usam algo como um uniforme: botas


pesadas, calças escuras, blusa com capuz e um
lenço que cobre o nariz e a boca. Mona, Omo e
Jim parecem ter 20 e poucos anos e dizem que
querem mudar o mundo.

PUBLICIDADE

or para São São Paulo para


Paulo Recife
alvador a São Voe de São Paulo a Recife
R$ 351 em !AT… por R$ 522 em !ATAM.co…

r de R$351 A partir de R$522

Comprar

or para Rio São Paulo para


Janeiro Recife
lvador a Rio de Voe de São Paulo a Recife
r R$ 459 em L… por R$ 522 em !ATAM.co…

r de R$459 A partir de R$522

Comprar

e para São São Paulo para


Paulo Rio de Janeiro
cife a São Paulo Voe de São Paulo a Rio de
em !ATAM.com Janeiro por R$ 269 em L…

r de R$651 A partir de R$269

Comprar

aulo para Vitória para São


lvador Paulo
São Paulo a Voe de Vitória a São Paulo
or R$ 340 em … por R$ 233 em !ATAM.co…

r de R$340 A partir de R$233

Comprar

"Nós lutamos contra o capitalismo e as grandes


empresas que governam o mundo e o destroem
para o lucro", diz Jim.

Matérias recomendadas

A fotógrafa sobrevivente do
Holocausto que há mais de 50
anos luta contra massacres dos
yanomami

Além do desmatamento: 38%


da Floresta Amazônica é
afetada por outras formas de
degradação

'Americanas me levou à
falência e agora temo nunca
reaver dinheiro'

Como tanques de EUA e


Alemanha podem virar o jogo
na Ucrânia

Só sobraram 10%

Os ativistas estão no "Hambi" porque a floresta


está ameaçada de destruição total.

Abaixo da floresta está uma das maiores jazidas


de carvão da Europa. Desde que começou a
extração, em 1978, as árvores foram arrancadas
gradualmente para permitir que as escavadeiras
conseguissem acessar a riqueza abaixo: milhões
de toneladas de carvão - que mantêm a
indústria funcionando nesta parte da Alemanha
e é um modo de vida para milhares de pessoas.

Para piorar a situação, o carvão que é extraído


nessa área é o carvão marrom, que emite níveis
particularmente altos de dióxido de carbono.

Somente 10% da floresta ainda estão de pé.


Esse percentual se tornou um símbolo poderoso
do movimento contra as mudanças climáticas na
Alemanha.

Mona, Omo e Jim - o núcleo duro, preparado


para viver lá nas noites frias de inverno e
defender suas árvores - receberam centenas de
visitantes, que foram mostrar solidariedade aos
ativistas e revolta contra a empresa RWE Power,
de energia e mineração. "Hambi bleibt!", eles
cantam ("deixe Hambi").

A 'linha vermelha' formada por manifestantes ao


redor da floresta: eles não querem intervenção no
que restou da floresta

Eles são de Colônia, Aachen e cidades próximas.


Uma mulher é dos Países Baixos, do outro lado
da fronteira.

"Eu vim aqui para protestar", diz Peter, que é


originalmente do Quênia, mas agora trabalha
em Bonn, na Alemanha. "Acho que a Alemanha
deveria ter um papel mais ativo no combate aos
combustíveis fósseis".

Eles se juntam nos arredores da aldeia de


Morschenich e caminham algumas centenas de
metros em direção à floresta, parando no
caminho para contemplar a escala da mina, uma
enorme ferida na paisagem, e o tamanho das
máquinas de escavar, gigantes de metal.

AFP

Duas centrais elétricas são abastaecidas a partir


do carvão marrom da Floresta de Hambach

Eles foram convidados a usar vermelho e formar


uma linha ao longo de um banco de terra que
separa a floresta da área da mina. A "linha
vermelha" envia uma mensagem clara: até aqui e
não além.

Despejos

No ano passado, o "Hambi" foi palco de um


grande confronto. A empresa RWE queria voltar
a derrubar árvores. A polícia chegou, aos
milhares, para expulsar os ativistas, que
moravam ali há vários anos, e desmontar suas
casas nas árvores.

"É difícil ver como eles destroem a sua casa", diz


Omo. "A casa da árvore que você construiu e
onde você viveu e passou tanto tempo."

GETTY IMAGES

A polícia desalojou os manifestantes em setembro


do ano passado

Os despejos foram
temporariamente
suspensos quando um Podcast
jovem, que foi descrito
como ativista e
jornalista, caiu de um
viaduto e morreu. Então,
após um pedido da
associação "Friends of
the Earth", um tribunal
impôs uma proibição
Brasil Partido
temporária de derrubar
árvores, em nome da João Fellet tenta
conservação. entender como
brasileiros
chegaram ao grau
A RWE disse que não atual de divisão.
tem planos de começar
Episódios
a cortar árvores
novamente, pelo menos
até o fim do verão de
2020 (23 de setembro, no Hemisfério Norte).

Há indícios de que a floresta ainda possa


sobreviver. Um relatório encomendado pelo
governo e publicado no início deste ano, que
recomendou o fechamento de todas as usinas a
carvão na Alemanha até 2038, também
estabeleceu que a conservação do que restou da
floresta Hambach seria "desejável".

Mas os ativistas desconfiam.

"Em outubro de 2020, eles poderiam ter


permissão para entrar novamente", diz Jim.
"Então, precisamos aumentar a pressão sobre o
governo e a empresa, para que eles não tenham
permissão."

Carvão marrom

A Alemanha é a maior fonte de lignito do


mundo, seguida pela China e pela Turquia.
Em 2016, a União Europeia foi responsável
por 37,5% da produção mundial.

A mina de Belchatow, na Polônia, com 12


km de comprimento e 200 metros de
profundidade, é a maior do mundo.

O carvão marrom é pior que o carvão


comum, para a saúde e o clima, porque é
necessário queimar uma quantidade maior
para produzir a mesma quantidade de
energia.

A poluição na Alemanha e na Polônia se


estende por toda a Europa, inclusive para o
Reino Unido, dependendo da direção do
vento

Fonte: HEAL

Vilas fantasma

Além de "Hambi bleibt", outra música ecoa pelas


árvores. "Alle Dörfer Bleiben" (deixe todas as
vilas ficarem).

As minas de superfície, como a mina de


Hambach, têm tão pouco respeito pelas vilas
quanto pelas florestas. Estima-se que 300 vilas
alemãs tenham sido demolidas desde 1945 para
dar lugar à extração de carvão.

A preocupação dos ativistas chegou tarde para


Manheim, a apenas alguns quilômetros.

As máquinas de escavação são enormes

Se você parar à tarde no cruzamento onde ficava


a antiga padaria, você vai ouvir aves. Mas você
não vai ouvir mais nada. Nenhum cachorro latirá,
nenhuma buzina de bicicleta tocará. Você não
ouvirá nenhuma saudação amigável. Na verdade,
você não verá ninguém.

Quando você passar pelo quartel dos


bombeiros, você começará a entender o porquê.
Existem espaços abertos onde ruas inteiras
desapareceram. Algumas casas ainda estão de
pé, abandonadas e em mau estado, esperando
que as equipes de demolição cheguem e
destruam os muros.

Rua vazia em Manheim

Manheim é um povoado fantasma, uma sombra


da agitada comunidade agrícola que já foi. Dos
1.600 moradores, restaram apenas alguns, e
todos partirão nos próximos anos. Morschenich
aguarda o mesmo destino - são duas aldeias que
desaparecerão.

No ano passado, depois de serem expulsos da


floresta, ativistas ocuparam várias casas. A
polícia chegou para retirá-los, e a RWE decidiu
demolir parte da aldeia antes do prazo para
desencorajar a ocupação.

"Eu vim para ver como a casa estava sendo


demolida e não nego ter derramado algumas
lágrimas", diz Claudia Jakobs, que agora mora
com o marido Marco na nova aldeia, Manheim-
Neu, que está lentamente tomando forma, a
poucos quilômetros de distância. Mas ela diz
que está mais feliz agora que sua antiga casa
não está mais lá.

Claudia e Marco Jakobs na rua onde um dia esteve


a casa em que eles viveram

Antes de a casa ser derrubada, ela passava


todos os dias para verificar se estava tudo bem
com a casa e se nenhum ativista havia entrado.

Kurt e Cilly Rüttgers também estavam


preocupados com a presença dos ativistas.

Eles administravam um dos bares da vila, o Zum


Roten Hahn, que pertenceu à família há 150
anos. As fotografias adornam as paredes e os
troféus estão alinhados na prateleira acima do
bar. Mas uma cerveja não é servida aqui há
quase dez anos. Os filhos de Kurt e Cilly não
quiseram assumir o negócio em uma cidade que
não tinha muito tempo de vida.

Eles receberam recentemente o que Cilly


descreve como "convidados não convidados".
Kurt me mostra a casa do jardim nos fundos do
bar, uma pequena sala com equipamentos
básicos de cozinha. "Eles quebraram as janelas e
rasgaram as cortinas", diz.

"Kohlegegner", diz Cilly, bruscamente. O


significado literal: "oponentes do carvão". Em
outras palavras, "ativistas contra a mudança
climática". Cilly afirma que nunca teve medo de
viver em Manheim, mas a visão de manifestantes
na aldeia com lenços sobre os rostos a assusta.

Essa descrição, "Kohlegegner", é reveladora. As


pessoas em Manheim, ao que parece, são
defensoras do carvão, apesar da perda iminente
de seu povoado. O carvão proporciona
empregos nesta região há décadas.

Kurt diz que já nos anos 50, quando era criança,


sabia-se que algum dia a cidade desapareceria.
Isso pode explicar por que alguns dos
moradores estão incomodados com o fato de
pessoas de fora irem para Manheim agora e lhes
dizerem o que pensar e como se comportar.

O carvão proporciona empregos nesta região da


Alemanha há décadas.

Hubert Perschke é uma dessas pessoas de fora.


Ele é um ativista e fotógrafo que mora em uma
cidade próxima e documentou a destruição
gradual de Manheim por vários anos.

"É verdade que a maioria das pessoas aqui não


quer que as casas vazias sejam ocupadas", diz
ele.

Mas ele acrescenta que também havia sinais de


simpatia pelos ativistas.

Hubert Perschke, ativista e fotógrafo, documentou


a destruição gradual de Manheim

"Algumas pessoas trouxeram comida e roupas",


diz ele. "E alguns disseram a eles onde poderiam
encontrar a chave para uma casa vazia."

Ele defende o direito dos ativistas de usar a


floresta de Hambach para o protesto.

"O carvão tem uma tradição aqui. É um bem


cultural", afirma ele. "E, como pessoas de fora,
estamos desafiando isso. Estamos claramente
dizendo que há coisas mais importantes, como o
clima."

Já assistiu aos nossos novos vídeos no


YouTube? Inscreva-se no nosso canal!

Histórias relacionadas
O bambu que está colocando
em risco a floresta no
sudoeste da Amazônia
25 julho 2019

Garimpo Kayapó Imagens mostram avanço do


garimpo ilegal na Amazônia
em 2019
25 julho 2019

glacier melting Aquecimento do planeta já é o


maior evento climático em 2
mil anos, indica pesquisa 
25 julho 2019

Principais notícias
Do apoio a Bolsonaro a acordo com Lula, o
que explica força de Arthur Lira?
Há 1 hora

Por que eleição no Senado virou 'grande


aposta' de bolsonaristas
31 janeiro 2023

Crise dos yanomamis tem de estar 'na agenda


internacional', diz ministra da saúde em visita
aos EUA
31 janeiro 2023

Leia mais

Como a filha de Cleópatra transformou sua


trágica herança num reinado triunfante

29 janeiro 2023

BBB 23: relacionamentos abusivos não são


exclusividade de 'mulheres frágeis', alerta
especialista

24 janeiro 2023

Da popularidade ao ‘sumiçoʼ: o que aconteceu


com os poodles no Brasil?

28 janeiro 2023

Mulher britânica morre e corpo é encontrado


só três anos depois em apartamento

28 janeiro 2023
Por que Relógio do Juízo Final está mais perto
do que nunca do Apocalipse

26 janeiro 2023

Os pais que cortam laços com os próprios


filhos

22 janeiro 2023

Por que governo japonês está oferecendo


milhares de dólares para famílias deixarem
Tóquio

21 janeiro 2023

'Quase aniquilação': o massacre de Bear River,


um dos piores contra indígenas da história dos
EUA

31 janeiro 2023

Protestos no Irã: como uso do celular pode


levar à prisão no país

30 janeiro 2023

Mais lidas

! Quais são os 10 países mais ricos do


mundo?

" Como economia do Brasil se compara a


outros países, segundo projeções do
FMI para 2023

# 4 fatores que podem determinar a


maneira como você fala

$ Hanseníase: a doença antiga que a


ciência não consegue eliminar

% Como a filha de Cleópatra transformou


sua trágica herança num reinado
triunfante

& Oscar 2023: a polêmica que pode


desclassificar indicada a melhor atriz

' Por que eleição no Senado virou


'grande aposta' de bolsonaristas

( Excessos? O que dizem juristas sobre


'superpoderes' de Alexandre de Moraes
contra golpismo

) 'Quase aniquilação': o massacre de


Bear River, um dos piores contra
indígenas da história dos EUA

!* O enigma que só será resolvido em


2113 sob a Torre Eiffel

Por que você pode confiar na BBC

Termos de Uso Cookies

Sobre a BBC Contate a BBC

Política de privacidade AdChoices / Do Not Sell


My Info

© 2023 BBC. A BBC não se responsabiliza pelo


conteúdo de sites externos. Leia sobre nossa política
em relação a links externos.

Você também pode gostar