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Apostila de Biologia Do Desenvolvimento Humano
Apostila de Biologia Do Desenvolvimento Humano
Biomedicina | 2022.2
Espermatogênese
ESPERMATOGÊNESE
A espermatogênese é o processo da
formação dos gametas masculinos que ocorre nos
testículos. No testículo, os gametas são formados
nos túbulos seminíferos e daí são acrescidos de
líquidos provenientes dos mesmos túbulos, das
vesículas seminais, da próstata e das glândulas
bulbouretrais, que servem como veículos para
transportá-los ao exterior.
ANATOMIA DOS ÓRGÃOS GENITAIS
MASCULINOS HUMANOS –
TESTÍCULO, EPIDÍDIMO, CANAL
DEFERENTE E URETRA
Junto com o líquido produzido nos túbulos
O aparelho reprodutor masculino é seminíferos, pelas células de Sertoli, os
formado pelos testículos (órgãos produtores espermatozoides são levados até a rete testis e daí
dos gametas), epidídimo, canal deferente e para o epidídimo mediante os túbulos eferentes.
uretra (vias de eliminação dos Nos túbulos eferentes, 90% do líquido secretado
espermatozoides). pelos túbulos seminíferos é reabsorvido. Quando,
Os testículos são órgãos pares situados no camundongo, há uma deficiência na
dentro da bolsa escrotal. Cada testículo está reabsorção, o indivíduo torna-se estéril. As células
envolvido pela túnica albugínea, formada por principais do epidídimo possuem processos
tecido conectivo denso, que emite septos celulares ramificados (esterocílios) responsáveis
dividindo o órgão em lóbulos. No interior dos pela nutrição e pelo amadurecimento dos
lóbulos estão alojados os túbulos seminíferos, espermatozoides. Os espermatozoides, que até
responsáveis pela formação das células gaméticas aqui eram transportados passivamente, são, agora,
masculinas. Os túbulos seminíferos são estruturas transportados sob a ação peristáltica dos
enoveladas, e ambas as extremidades confluem e fibromiócitos, que se localizam na parede externa
se abrem na rete tetis. Da rete testis partem de 10 do epidídimo e estão aderidos intimamente ao seu
a 20 túbulos eferentes, sendo que estes têm epitélio. O lúmen do epidídimo torna-se mais
continuidade com o epidídimo, que, por sua vez, expandido na sua porção mais caudal e, nessa
continua com o canal deferente. região, os espermatozoides são armazenados e
reabsorvidos, se não forem ejaculados. A partir do
epidídimo, os espermatozoides são transportados
até o nível da ampola (uma expansão do canal
deferente) e daí em diante são acrescidos das
secreções produzidas pelas glândulas anexas e
ejaculados pela uretra. A uretra é rodeada pelo
corpo esponjoso peniano, e supra adjacente a este
estão os dois corpos cavernosos. O pênis
apresenta uma parte fixa e uma móvel. A parte
móvel é o corpo peniano, e a fixa é unida ao
diafragma urogenital e ao púbis pelas suas raízes.
Giovanna Andrade Fernandes
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Sertoli por meio de especializações de membrana, entre células vizinhas. Provavelmente reside aí um
como os desmossomos. dos mecanismos para o sincronismo durante a
espermatogênese.
As células gaméticas direcionam-se ao
lúmen do túbulo seminífero por estarem Está demonstrado também que as células
intimamente ligadas às células de Sertoli, as quais de Sertoli produzem uma substância que atua
sofrem mudanças de conformação, que deslocam como fator de crescimento, conhecida como fator
suas margens laterais. Uma alternativa é que as de crescimento dos túbulos seminíferos (SGF –
células gaméticas se movam ativamente para cima seminiferous growth fator), que estimula a
e entre as células de Sertoli. Essa possibilidade proliferação das células somáticas e o aumento na
exigiria que as junções entre as células da formação de vasos sanguíneos durante a vida fetal
linhagem espermatogênica e as de Sertoli fossem e o desenvolvimento pós-natal. As células de
quebradas e depois refeitas. Sertoli do adulto continuam a produzir SGF e
respondem a essa substância produzida por elas
Além da barreira hematotesticular, as
próprias secretando algumas proteínas,
células de Sergoli desempenham outras funções.
destacando-se, entre elas, uma que promove a
Sua localização e forma demonstram uma íntima
ligação dessas células com espermatozoides
associação com a progênie de espermatócitos em
(ABP).
fase de diferenciação, sendo, por isso,
consideradas células de apoio mecânico e de As células de Sertoli apresentam
nutrição. Como a linhagem gamética se receptores para o hormônio folículo-estimulante
desenvolve no microambiente providenciado pelas (FSH) e as testosterona, que são os principais
células de Sertoli, é possível que o controle da hormônios reguladores da espermatogênese.
diferenciação celular das células germinativas
O líquido presente nos túbulos seminíferos
tenha relação com essas células.
é elaborado pelas células de Sertoli,
Tem sido demonstrada a presença de demonstrando, assim, uma função secretora. São
filamentos celulares contendo actina e, por isso, também essas células que sintetizam uma proteína
fornecendo uma certa possibilidade contrátil para específica designada proteína ligante do
as células de Sertoli. Esse fato poderia promover andrógeno, conhecida como ABP (androgen-
ou auxiliar o movimento das células germinativas binding protein).
da lâmina basal para o lúmen do túbulo
As células de Sertoli captam a testosterona
seminífero. Parece também que as células de
produzida pelas células de Leydig e a convertem
Sertoli estão envolvidas no desprendimento das
em deidrotestosterona, mediante a ação da 5α-
espermátides finais e dos espermatozoides para o
redutase, e em estradiol, mediante a ação da
lúmen do túbulo.
aromatase. Esses hormônios são secretados junto
A fagocitose é uma função bem conhecida com a ABP.
das células de Sertoli, pois elas fagocitam
Outra função muito relevante dessas
efetivamente restos citoplasmáticos das
células é a produção do hormônio
espermátides durante a espermiogênese, quando
antimulleriano (AMH), responsável pela
essas se transformam em espermatozoides.
regressão, no macho, dos ductos de Muller ou
Durante o processo de espermatogênese, muitas
paramesonéfricos (ductos que dão origem ao trato
células germinativas, que iniciaram sua
reprodutor feminino).
diferenciação, degeneram, e seus restos também
são fagocitados pelas células de Sertoli. LINHAGEM ESPERMATOGÊNICA –
Junções comunicantes foram observadas ESPERMATOGÔNIAS: MANUTENÇÃO
entre células de Sertoli. Essas junções permitem a DAS CÉLULAS-TRONCO
passagem de íons e de pequenas moléculas de uma
célula para outra, estabelecendo comunicações
Giovanna Andrade Fernandes
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Ovogênese
INTRODUÇÃO assemelha-se à de uma amêndoa, apresentando de
três a cinco centímetros de comprimento, 1,5 a 02
Ovogênese é o processo da formação do centímetros de largura e em torno de um
gameta feminino. Esse processo implica, além da centímetro de espessura. Distinguem-se duas
redução do número diploide de cromossomos para regiões principais: a cortical e a medular.
haploide, o armazenamento maior ou menor de
substâncias de reserva, levando em conta o que o Cada uma das tubas uterinas tem de 10 a
embrião necessitará para o seu desenvolvimento. 18 centímetros de comprimento. Distinguem-se
Enquanto a substância de reserva é mínima duas regiões, uma proximal (o istmo) e uma
naqueles embriões que desde o início do distal, na qual estão situadas a ampola, sítio da
desenvolvimento estabelecem conexões nutritivas fecundação, e o infundíbulo, sítio da capacitação
com a mãe, ou, passando por um estágio larval, do ovócito. As dobras da mucosa do istmo estão
retiram os nutrientes do meio, em outros dispostas longitudinalmente, o epitélio apresenta
embriões, a substância de reserva acumulada no poucos cílios e o lúmen é reduzido. O istmo abre-
ovo torna o embrião autossuficiente até a eclosão. se no ângulo superior (corno) do útero. Na
Finalmente, é durante a ovogênese que se vão ampola, a membrana mucosa forma uma rede
depositando no gameta feminino produtos de delicada de dobras nas quais as células ciliadas
expressão gênica que influenciarão o estão em maior número do que as células
engatilhamento da expressão de outros genes no secretoras. A ampola continua no infundíbulo, que
início do desenvolvimento do embrião. é um segmento em forma de funil, que se abre na
cavidade do corpo e apresenta franjados (as
ANATOMIA DO APARELHO fímbrias).
REPRODUTOR FEMININO HUMANO
Antes da ovulação, a tuba recebe um
Os órgãos internos do aparelho reprodutor aumento de suprimento sanguíneo e apresenta um
feminino humano compreendem dois ovários, aumento de sua motilidade. O movimento da tuba
duas tubas uterinas, um útero, o colo do útero e a uterina, bem como movimentos do próprio ovário
vagina. permitem que as fímbrias do infundíbulo se
posicionem acima do folículo maduro e capturem
o ovócito no momento da ovulação.
durante o seu desenvolvimento. Esse vitelo está característica, sendo envolvidos por uma
em função do tempo e da independência de seu camada proteica. Esses grãos são menores
futuro desenvolvimento. que os grãos proteicos e apresentam forma
arredondada.
Durante o crescimento do ovócito, ocorre
Ovos telolécitos: possuem grande
não apenas um aumento quantitativo do
quantidade de vitelo. Há uma segregação
citoplasma, mas também, principalmente,
do citoplasma e do vitelo, o qual aparece
mudanças na qualidade pela elaboração e
como uma massa compacta no interior do
distribuição regular de várias inclusões, que serão
ovo, o citoplasma está restrito a uma fina
essenciais para o desenvolvimento do embrião.
camada sobre a superfície com um
A síntese de vitelo ocorre no segundo pequeno espessamento no lado superior,
período de crescimento do ovócito. zona que contém o núcleo. (Alguns autores
chamam de telolécitos ovos com
O vitelo não é uma substância definida,
quantidade moderada de vitelo e reservam
mas um termo morfológico. A substância química
o termo panlécito para ovos com grande
componente do vitelo pode não ser a mesma em
quantidade de vitelo).
todos os casos. Os principais componentes do
Ovos centrolécitos: o vitelo situa-se no
vitelo são as proteínas, os fosfolipídios e as
interior do ovo, e o citoplasma é
gorduras neutras.
distribuído em uma fina camada na
Os diferentes tipos de ovos presentes na superfície periférica. Contudo, permanece
natureza variam de acordo com os animais uma ilha citoplasmática no centro do ovo,
considerados e o meio que os cercam. onde está o núcleo. Assim, não se pode
determinar os polos animal e vegetal do
Ovos oligolécitos: são ovos com pouca ovo, mas, em contrapartida, diz-se que
quantidade e distribuição de vitelo mais ou possui polaridade anteroposterior. Esse é o
menos uniforme, cujo diâmetro está na ovo típico dos artrópodes, especialmente
ordem de décimos de milímetro. São dos insetos.
também conhecidos como isolécitos ou
homolécitos. Nesses ovos, a única ENVOLTÓRIOS CELULARES DO
referência visível da polaridade é o local OVÓCITO
de formação do corpúsculo polar.
Ovos heterolécitos: têm quantidade Os envoltórios celulares do ovo nos
moderada de vitelo. Em média, possuem cordados têm múltiplas funções e apresentam
um mm de diâmetro. O polo animal e o íntimos contatos com ele por meio de
vegetal são distintos porque a especializações de membranas.
concentração de vitelo se localiza no polo Nos cordados, o ovócito é envolvido por
vegetal. Os ovos de anfíbios são os um grupo de células foliculares, inicialmente uma
representantes típicos desse tipo de ovo. O camada, que aumenta de número à medida que o
vitelo proteico aparece em grandes ovócito vai se desenvolvendo. No início, a relação
grânulos com forma oval e achatados em entre as células foliculares e o ovócito é muito
um dos planos. Esses grânulos conferem simples, ocorrendo, em alguns locais,
ao citoplasma uma grande densidade. especializações de membrana tipo desmossomos.
Comparados aos ovos oligolécitos, À medida que o desenvolvimento progride, surge,
apresentam um tamanho real muito maior. entre as células foliculares e o ovócito, uma
Eles são chamados por alguns autores de substância densa, rica em glicoproteínas,
mesolécitos, e por outros, de telolécitos. constituindo uma membrana, que nos mamíferos é
Além dos grãos proteicos, os ovos de conhecida como zona pelúcida. As células
anfíbios armazenam lipídeos e glicogênio. foliculares e o ovócito, mesmo assim, mantêm
Os lipídeos apresentam uma configuração contatos, pois se podem observar microvilosidades
Giovanna Andrade Fernandes
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das células foliculares e do ovócito interdigitando- ovócito. Entre as nurse cells e o ovócito não se
se através dessa substância densa. Processos de notam processos citoplasmáticos tipo microvilos,
pinocitose foram observados na base das mas a comunicação entre ambas as células é
microvilosidades do ovócito, demonstrando garantida através de pontes citoplasmáticas.
passagem de material proveniente das células
foliculares. Após o desenvolvimento completo do
OVOGÊNESE EM MAMÍFEROS –
ovócito, tais microvilosidades, tanto do ovócito DESENVOLVIMENTO DOS FOLÍCULOS
quanto das células foliculares, tendem a se retrair. OVARIANOS
Isso é o que acontece nos vertebrados. Nos peixes,
Em humanos, assim como em muitos
quando essas interdigitações retraem, deixam
grupos animais, especialmente nos cordados, os
minúsculos canais na membrana primária do ovo,
ovócitos são rodeados, durante seu crescimento
constituindo as micrópilas, por onde os
e maturação, por células especializadas (as
espermatozoides terão acesso ao ovo no momento
células foliculares).
da fecundação.
Folículos primordiais: são os mais
abundantes, sendo formados já na vida
embrionária. Estão localizados na parte
periférica do córtex ovariano. O ovócito I
está envolvido por apenas uma camada de
células foliculares pavimentosas. A meiose
se detém em prófase I, permanecendo,
assim, todos os ovócitos até o início da
vida fértil da mulher, quando, então, a cada
ciclo menstrual, alguns entram em
desenvolvimento.
Folículos em desenvolvimento – Folículo
primário: a cada ciclo, um grupo de 25 a
30 folículos começa seu crescimento.
Quando o ovócito é estimulado, logo se
observa que as células foliculares que o
envolvem começam a aumentar de
tamanho e passam à forma cúbica. É
formado assim um folículo primário.
Folículos em desenvolvimento – Folículo
secundário: as células foliculares
dividem-se e passam a constituir várias
camadas de células foliculares. O seu
conjunto forma a camada granulosa do
folículo. O progressivo crescimento
folicular reflete uma comunicação
molecular bidirecional entre o ovócito, as
células granulosas e as células tecais, isto
é, células do tecido conectivo adjacente
Em certos animais, como insetos, que envolvem a camada granulosa. Esse
moluscos e anelídeos, desenvolve-se, durante a processo de intercomunicação deve-se a
gametogênese, além das células foliculares, um moléculas de sinalização pertencentes à
grupo de células especiais (as nurse cells ou superfamília do fator transformador de
células nutrices ou trofócitos), que também estão crescimento beta (TGF-β, transforming
relacionadas com a passagem de materiais para o growth factor- β), fatores de
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morfogênese óssea (BMP, bone marrow pedúnculo, também constituído por células
morphogenetic proteins). Quando as foliculares, chamado de cumulus
células da granulosa se dividem e formam oophorus. O folículo que atinge esse
duas a três camadas que rodeiam o estágio de desenvolvimento é conhecido
ovócito, alguns autores denominam essa como folículo maduro ou folículo de
fase como folículo pré-antral. Nessa fase, Graaf. Por estímulo hormonal, na
inicia-se a diferenciação do estroma ao ovulação, é eliminado o ovócito com
redor do folículo em células tecais e aquelas poucas células foliculares que o
forma-se uma membrana basal que limita rodeiam, essas células são conhecidas
as células tecais e as células da granulosa. como células da corona radiata. Esse
As células da granulosa expressam o conjunto é colhido pelo infundíbulo da
receptor para o FSH na presença do qual é tuba uterina.
aumentada a atividade estrogênica, Corpo lúteo ou amarelo: após a ovulação,
essencial para dar continuidade ao as células foliculares e as da teca interna
desenvolvimento do folículo. que permanecem no ovário dão origem ao
Folículos em desenvolvimento – Folículo corpo lúteo ou amarelo, que é uma
terciário: entre as células da granulosa glândula endócrina temporária. Produz
começam a se formar pequenas cavidades progesterona e estrógeno, que atuam
cheias de líquido (provavelmente sobre a mucosa uterina, estimulando a
secretadas por elas próprias). Forma-se secreção de suas glândulas. A progesterona
várias gotas que se fundem e originam ainda impede o desenvolvimento de novos
uma gota grande e única. Está assim folículos ovarianos e a ovulação. Quando
formado o antro folicular, preenchido por não ocorre a fecundação, o corpo lúteo tem
um líquido composto por proteínas, uma existência de apenas 10 a 14 dias, ou
hormônios e outras moléculas. Em seja, persiste durante a segunda metade do
decorrência dessa formação, a maior parte ciclo menstrual. Se houver gravidez, o
das células fica rechaçada para a periferia, corpo lúteo aumenta muito e só entrará em
e o ovócito, dentro do antro folicular, regressão após o 5° ou 6° mês, mas não
posiciona-se excentricamente, envolvido desaparece completamente e secreta
por algumas células foliculares. As tecas progesterona até o final da gravidez.
foliculares, constituídas por tecido Porém, ao final, a placenta produz
conectivo, também adquirem aproximadamente dez vezes mais
configurações especiais. São duas tecas: a progesterona do que o corpo lúteo na
interna e a externa. A teca interna toma segunda metade do ciclo.
uma configuração concêntrica em torno do Corpo albians: as células do corpo lúteo
folículo e suas células adquirem gravídico (após o parto) ou do corpo
características de células sintetizadoras de lúteo menstrual sofrem degeneração,
esteroides. Essas células sintetizam desaparecem por autólise, sendo seus
estrogênio, um dos hormônios do ovário. restos celulares fagocitados por
Como toda glândula endócrina, a teca macrófagos. O local é, então, ocupado por
interna adquire intensa vascularização. As uma cicatriz de tecido conectivo denso (o
células da teca externa assemelham-se em corpo albicans).
tudo ao restante do estroma do ovário, e o Folículos atrésicos: durante a vida fértil da
seu limite com este é gradual e não é bem mulher, compreendida entre a menarca e a
definido. menopausa, em cada mês, ou seja, em cada
Folículo maduro (ou de Graaf): o ovócito, ciclo menstrual, vários folículos entram em
com suas células foliculares, não se desenvolvimento, mas geralmente apenas
encontra solto dentro do antro folicular, um chega a ser ovulado. Os demais, em
mas preso ao folículo por um pequeno qualquer estágio de desenvolvimento,
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à medida que aumentam sua taxa na fêmea. Os ciclos reprodutivos e o seu sincronismo
circulação sanguínea, determinam um com as condições do ambiente são controlados
mecanismo de feedback, atuando sobre o pela liberação de hormônios sexuais.
hipotálamo, o qual comanda a hipófise na
Como em humanos, os ovários dos demais
inibição da produção de FSH e LH. Em
mamíferos também produzem estrógeno e
consequência, como o corpo lúteo era
progesterona. O estrógeno é o responsável pelo
mantido pelo LH, na falta deste ele começa
comportamento receptivo da fêmea durante o
a degenerar e, evidentemente, a produção
estro. O desenvolvimento das glândulas mamárias
de progesterona também decresce
e as características secundárias da fêmea devem-se
consideravelmente. Como era a
parcialmente ao estrógeno. Além das funções
progesterona que mantinha o endométrio,
associadas à reprodução, o estrógeno também
na sua falta, o endométrio começa a
atua no crescimento do esqueleto, na manutenção
descascar, ocorrendo a menstruação.
óssea, na atividade das glândulas sebáceas, no
Quando não ocorre fecundação, a
balanço eletrolítico, na retenção do cálcio e de
degeneração do corpo lúteo inicia dentro
fosfato e no depósito de gorduras. Os estrógenos
de oito a dez dias após a ovulação. A
são esteroides anabólicos. A progesterona assiste
redução de esteroides na corrente
o estrógeno em provocar o comportamento sexual
sanguínea, em decorrência da degeneração
característico associado ao estro, além de inibir as
do corpo lúteo, desfaz a inibição da
contrações da musculatura lisa uterina enquanto
hipófise e ela reassume a produção das
promove o desenvolvimento glandular do
gonadotrofinas, reiniciando o ciclo.
endométrio, sendo necessário para manter a
Ciclo uterino: o endométrio uterino é
gravidez. Ela também acentua o desenvolvimento
regulado pela taxa de esteroides presentes
das porções secretoras e excretoras das glândulas
na corrente sanguínea.
mamárias.
Ciclo cervical: o muco cervical também
apresenta variações conforme a fase do Pró-estro: marca o início do ciclo
ciclo considerada. É durante o período de reprodutivo. Nesse estágio, o crescimento
ovulação que o muco cervical, produzido folicular é acelerado sob a influência do FSH. O
pelas glândulas cervicais uterinas, folículo começa a secretar estrógeno, que tem
apresenta condições ótimas para permitir a influência sobre os órgãos genitais. O endométrio
entrada e o direcionamento dos hipertrofia e o tecido conectivo torna-se
espermatozoides no trato genital feminino congestionado pelo grande aumento vascular.
em busca do ovócito a ser fecundado.
Estro: durante o estro, o folículo ou os
folículos atingem a maturidade, e a secreção
estrogênica, o seu pico. A secreção de FSH
OVOGÊNESE EM MAMÍFEROS – começa a decair, e a secreção de LH é iniciada.
CONTROLE HORMONAL DA Disso decorre a ovulação. É nesse período que a
REPRODUÇÃO EM OUTROS fêmea apresenta um comportamento receptivo ao
MAMÍFEROS macho. A influência do estrógeno tem sua máxima
expressão. A ovulação pode ser considerada um
À medida que os mamíferos investem no período transitório entre o estro e o metaestro ou
desenvolvimento gestacional intrauterino, o parte do estágio deste. Durante o estro, a
número de descendentes é reduzido, e o cuidado proliferação epitelial e glandular endometrial é
parental após o nascimento passa a ser exigido mais aparente. O tecido conectivo endometrial
para garantir o sucesso da prole. Em algumas torna-se altamente congestionado e edemaciado.
espécies, os machos colaboram nas atividades de
cuidado com os filhotes e, por isso, apresentam Metaestro: após a ovulação, o folículo que
comportamentos específicos coordenados aos da restou no ovário se modifica e se torna corpo
lúteo. A progesterona tem sua máxima produção.
Giovanna Andrade Fernandes
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O CRH atua diretamente sobre o útero e o células foliculares a sintetizar estrógeno. Esse
colo do útero. Assim, ele aumenta as chances hormônio, pela circulação, atinge o fígado e o
induzidas pelo estrógeno ou pode, algumas vezes, estimula a produzir vitelogenina (precursora do
compensar uma produção inadequada de vitelo), que, por sua vez, através da circulação,
estrógeno. será transportada aos ovários, onde as
gonadotrofinas promovem a sua absorção pelos
OVOGÊNESE EM MAMÍFEROS – ovócitos por meio de um processo de endocitose
CONTROLE HORMONAL DA LACTAÇÃO mediado por receptores. A teca folicular é
Durante a gravidez, os altos níveis de intensamente capilarizada e, após a saída da
estrógeno e de progesterona induzem o aumento vitelogenina desses capilares, ela passa através de
das glândulas mamárias e inibem, por canais entre as células foliculares e alcança a
retroalimentação, a secreção de hormônios de superfície dos ovócitos, onde é incorporada por
liberação hipofisários. Com a eliminação da endocitose. A superfície dos ovócitos é recoberta
placenta após o parto e o consequente rápido por microvilosidades na base das quais são
declínio dos níveis de estrógeno e de progesterona observadas invaginações e fossas. Essas estruturas
circulantes, o hipotálamo é liberado de sua são recobertas por proteínas que formam uma
inibição e passa a secretar hormônios de liberação camada de diminutas projeções. A principal
hipofisários. O hormônio de liberação de proteína encontrada é a caltrina no lado convexo
prolactina, de modo análogo aos de liberação de citoplasmático e um glicocálice na superfície
FSH e de LH, é secretado para dentro do sistema côncava extracelular. No ovócito em
porta-hipofisário, fator que estimula a secreção de desenvolvimento, o glicocálice contém receptores
prolactina pela hipófise. A prolactina estimula a específicos para vitelogenina que promovem sua
produção do leite pelas glândulas mamárias, mas absorção. As invaginações e as fossas
sua liberação é estimulada mediante a sucção pelo desprendem-se da membrana plasmática e formam
recém-nascido, que ativa os receptores nervosos as coated vesicles, que carregam a vitelogenina
dos mamilos, e a informação é transmitida ao para o interior do ovócito. As vesículas tornam-se
hipotálamo e à hipófise. A hipófise aumenta a lisas interna e externamente e originam os
produção de oxitocina, hormônio envolvido no endossomos que se fundem com os corpos
trabalho de parto e que agora induz contrações das multivesiculares (MVBs = multivesicular
células mioepiteliais das glândulas mamárias, bodies). O vitelo se condensa e cristaliza dentro
provocando a ejeção do leite. dessas estruturas e forma as plaquetas primordiais
de vitelo (PYPS = primordial yolk platelets). A
OVOGÊNESE EM OUTROS GRUPOS fusão das plaquetas primordiais forma os grãos de
ANIMAIS – ANFÍBIOS vitelo.
citoplasmáticas. Embora todas as células do clone tenham efeito regulador nas atividades dos órgãos
pareçam equivalentes, uma delas especializa-se e ou no desenvolvimento de caracteres sexuais
se diferencia em gameta. O conjunto do ovócito secundários.
com suas nurse cells associadas forma o
Durante a última fase da ovogênese,
compartimento do ovo, o qual é completamente
forma-se a membrana vitelínica. Sobre essa
rodeado por células foliculares. As nurse cells
membrana, as células foliculares depositam o
parecem providenciar o desenvolvimento do
córion (que é o resultado de uma secreção
ovócito com o transporte de macromoléculas e até
cuticular). A micrópila é um sistema de
de ribossomos através das pontes intercelulares.
canalículos situado no polo anterior do ovo e serve
Um ovaríolo muito estudado é o de como local de entrada de espermatozoides, em
Rhodnius (percevejo). Como ocorre também em parte também tendo função respiratória. Nesse
qualquer ovaríolo politrófico, as células nutrices nível, o córion é secretado em torno de longos
(trofócitos) dos ovaríolos telotróficos são prolongamentos citoplasmáticos das células
altamente ativas na síntese de RNA e de proteínas, foliculares, os quais, quando retraídos, mantêm
e os ovócitos apresentam mínima capacidade seus canalículos. Em alguns insetos, ocorrem
sintetizadora. A disposição espacial entre os várias aberturas na área da micrópila.
trofócitos e os ovócitos determina uma via de
Quando o ovo passa pela boca da
transporte polarizada dos trofócitos em direção
espermateca, pequenas massas de
aos ovócitos. As macromoléculas sintetizadas
espermatozoides são descarregados sobre a
pelos trofócitos migram por cordões tróficos para
superfície da micrópila. O ovo, portanto, é
o interior dos ovócitos. Os cordões tróficos de
inseminado logo que deixa o oviduto. Geralmente,
Rhodnius e de outros hemípteros estão abarrotados
ele é depositado em seguida, mas, em alguns
de microtúbulos. O transporte essencial tanto em
insetos, o tempo de permanência no
Rhodnius quanto em outros hemípteros parece
compartimento genital feminino pode ser maior. O
estar associado com uma malha de
ovo sofre sua divisão de maturação e, logo após, o
microfilamentos que poderia providenciar a força
núcleo masculino une-se ao feminino e o ovo
para propelir as macromoléculas através dos
fertilizado pode iniciar seu desenvolvimento
cordões. Depois de encerrado o fluxo de
quando as condições externas são favoráveis.
macromoléculas dos trofócitos para os ovócitos
através dos cordões tróficos, estes se fecham e os
microtúbulos no seu interior tornam-se altamente
compactados em um arranjo cristalino. Os cordões A ORGANIZAÇÃO DO OVO
podem se retrair e ser absorvidos.
Na sua constituição, o ovo apresenta as
O ovo, tanto dos ovaríolos politróficos quanto organelas características de qualquer célula
dos telotróficos, deixa o vitelário após romper o somática, no entanto, como tem papel
tampão de células epiteliais que o separam do fundamental na manutenção, pelo menos das
pedúnculo ovariano. As células foliculares primeiras fases do desenvolvimento embrionário,
permanecem no ovaríolo e degeneram ou, em adquire uma série de especializações que não são
alguns casos, formam um corpo lúteo que, no encontradas nas células somáticas. Um dos
entanto, não apresenta desenvolvimento posterior aspectos mais característicos da morfologia do
ou atividade secretória. Os trofócitos também são ovo é a configuração espacial de suas organelas e
exauridos e degeneram. inclusões citoplasmáticas. O citoplasma do ovo
também é chamado de ooplasma.
É interessante notar que, enquanto em
vertebrados muitas atividades do organismo estão Os ovos apresentam um polo animal e
relacionadas às funções reprodutivas por meio da outro vegetal. O núcleo localiza-se no polo
secreção de hormônios pelas gônodas, em insetos animal, e, quando ocorre a divisão meiótica, os
não há evidências de que os órgãos reprodutores corpúsculos polares são formados nesse polo. O
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polo vegetal corresponde àquele relacionado com presença de protomelanina. Esses grãos são
a maior concentração de vitelo e seu desempenho chamados de melanossomos. A distribuição do
na nutrição embrionária. Um aspecto crítico do pigmento nos ovos de anfíbios não é uniforme. O
arranjo espacial do ovo é sua polaridade. Os hemisfério vegetal é branco porque perde os
constituintes do ovo são distribuídos de forma grânulos de pigmento, e o polo animal é altamente
desigual ao longo do eixo maior do ovo. Esse eixo pigmentado. Entre a zona escura e a clara, há uma
é uma linha imaginária que conecta os dois polos: outra de concentração pigmentar intermediária, a
animal e vegetal. Certas organelas e inclusões zona marginal. O córtex persiste após a
citoplasmáticas estão localizadas no polo animal. fecundação e desempenha importante papel no
desenvolvimento, pois ali existem
Nos peixes ósseos, nos répteis e nas aves,
microfilamentos corticais que providenciam as
o citoplasma ativo contendo o núcleo fica
forças para constrição celular durante a clivagem,
rechaçado para o polo animal, o restante fica
bem como alteram a forma das células durante a
repleto de vitelo no polo vegetal.
gastrulação.
Marcas visíveis, como grãos de pigmento
NÚCLEO DO OVO
nos ovos de anfíbios, ilustram diretamente a
polaridade. A ausência de tais marcas não pode O núcleo do ovo formará a vesícula
ser interpretada como perda de polaridade pelo germinativa.
ovo. O estabelecimento de especializações
regionais do embrião é determinado pela O núcleo do ovócito torna-se altamente
distribuição desigual dos constituintes do modificado durante a ovogênese. Nas fases
citoplasma do ovo. Consequentemente, o iniciais da ovogênese, ele ocupa uma posição mais
mecanismo que estabelece e mantém a ou menos central no ovócito. À medida que a
organização espacial do ooplasma fornece as célula aumenta de diâmetro, o núcleo toma uma
bases para o desenvolvimento embrionário posição nitidamente excêntrica e passa a situar-se
ordenado. muito perto da membrana plasmática no polo
animal. O núcleo também aumenta muito o seu
CÓRTEX DO OVO tamanho e recebe o nome de vesícula
germinativa. Essa designação deve-se ao fato de
A presença de grânulos corticais e,
que o núcleo de um ovócito, em estágio avançado,
muitas vezes de pigmento são características do
é preenchido por um líquido. Os cromossomos
córtex do ovo.
ainda em prófase I da meiose ficam bastante finos
O citoplasma do ovo apresenta duas zonas: e compridos, dificultando a observação, mesmo
a zona cortical, situada logo abaixo da membrana com técnicas próprias para corá-los, como
plasmática, e o endoplasma, o restante do Feulgen ou o verde de metila.
citoplasma do ovo. Enquanto o córtex apresenta
Em certos animais, como os anfíbios, os
alta viscosidade, um gel semirrígido, o
cromossomos adquirem características especiais, é
endoplasma é de consistência mais fluida.
o caso dos cromossomos com aspecto de “escovas
É comum a presença de duas inclusões de lavar tubos de ensaio”, conhecidos como
típicas na zona cortical: os grânulos corticais, lampbrush ou Muller feaders ou cromossomos
situados logo abaixo da membrana plasmática, são plumosos.
vesículas rodeadas por uma unidade de
O aparecimento dos cromossomos
membrana, contendo mucopolissacarídeos ácidos,
plumosos coincide com outra fase na qual aparece
enzimas e proteínas. Desempenham importante
um número significativo de nucléolos perto da
função na fecundação por estabelecer eficiente
membrana nuclear. Tem-se notado a transferência
bloqueio à poliespermia.
do RNA desses nucléolos para o citoplasma. O
Nos anfíbios, os grãos de pigmento acúmulo de RNA do ovócito é necessário, pois se
apresentam coloração marrom-escura devido à
Giovanna Andrade Fernandes
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sabe que o embrião não apresentará síntese dessa conforme os grupos considerados: nos
substância até o início da gástrula. insetos, moluscos, anfíbios e aves são
conhecidas como membranas vitelinas,
Após a prófase meiótica, os cromossomos
nos tunicados e peixes são conhecidas por
plumosos voltam ao seu estado normal.
córion. Nos mamíferos, o equivalente é
O nucléolo mostra-se muito ativo e denominado zona pelúcida. A camada
altamente envolvido no metabolismo de gelatinosa do ovo do ouriço-do-mar
crescimento do ovócito. Sua atividade na síntese também é uma membrana primária.
de RNA ribossômico é intensa e, por isso, seu Embora as membranas primárias sejam
tamanho encontra-se bastante aumentado. Em vez produzidas durante a ovogênese, elas
de um nucléolo grande, nos anfíbios podem-se podem sofrer modificações após a
encontrar múltiplos nucléolos pequenos. Nos ovos ovulação. A membrana vitelina do ovo de
com pouco vitelo, como no ouriço-do-mar, nota-se Xenopus sofre modificações moleculares
apenas um nucléolo grande durante o crescimento enquanto o ovo passa pelo oviduto, sendo
do ovócito. Em certos insetos, além de um estas essenciais para que o ovo se torne
nucléolo grande, aparecem várias dezenas de propício à fecundação. Nos insetos, uma
pequenos nucléolos. Nos carrapatos, dois segunda membrana espessa é secretada
nucléolos são frequentemente encontrados. É pelas células foliculares na superfície da
comum encontrar-se vários nucléolos iniciais membrana vitelina (o córion), estrutura
também nos vertebrados (mas não em mamíferos, complexa e típica para cada espécie. O
que apresentam um só). Já foi observada a córion é uma secreção cuticular mais
migração de substâncias nucleolares e mesmo próxima da queratina do que da quitina.
nucléolos inteiros para o citoplasma. Essa estrutura é perfurada por uma
micrópila no polo anterior do ovo. Nesse
Os nucléolos desaparecem quando ocorre caso, não confundir com a membrana
ruptura da vesícula germinativa. primária dos tunicados e peixes, também
MEMBRANAS ENVOLTÓRIAS DO OVO chamada de córion. A membrana vitelina é
o resultado de um endurecimento da
O ovo apresenta membranas primárias, periferia do citoplasma ovular. Nos
que se desenvolvem ainda no ovário, e mamíferos, não se forma uma membrana
membranas que se desenvolvem durante sua vitelina, mas ocorre uma outra membrana:
passagem pelo oviduto, denominadas a membrana pelúcida, originada quase que
secundárias. exclusivamente de células foliculares. Essa
O ovo, como qualquer outra célula, é membrana pelúcida é interdigitada por
envolvido por sua membrana plasmática, que se projeções citoplasmáticas das células
chama oolema. No entanto, na maioria dos ovos, foliculares e do próprio ovócito. A parte
com exceção daqueles das esponjas e alguns dessa membrana oriunda das células
celenterados, outras membranas envoltórias são foliculares é constituída por
produzidas. mucopolissacarídeos ácidos, e a parte
interna gerada pelo próprio ovócito é
Membranas primárias: são aquelas que basicamente constituída por
se desenvolvem ainda no ovário, entre os mucopolissacarídeos neutros.
ovócitos e as células foliculares, no Membranas secundárias: são secretadas
espaço ocupado pelas interdigitações e pelos ovidutos ou por outras estruturas
pelas microvilosidades. Inicialmente, são acessórias do aparelho genital enquanto o
positivas para mucopolissacarídeos, depois ovo passa pelo oviduto em busca do
são fortificadas pela adição de proteínas exterior. Nos anfíbios, a camada gelatinosa
fibrosas. As membranas primárias têm que envolve os ovos é produzida pelos
recebido diferentes denominações ovidutos.
Giovanna Andrade Fernandes
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Fecundação
INTRODUÇÃO pH em 7,2 no espermatozoide enquanto ele está
no testículo é a alta tensão do CO 2. Nesse pH, não
A fecundação pode ser definida como o há respiração nem motilidade do espermatozoide.
encontro e a fusão de duas células gaméticas Quando os espermatozoides são lançados na água
formando um indivíduo diferente daquele que o do mar, cujo pH situa-se em torno de 8,0, há uma
originou. O zigoto formado é único, porque, como relativa baixa na tensão do CO 2 e eles tornam-se
metade de seus cromossomos vem do pai e metade ativos, aumentano a respiração e o batimento
da mãe, ele é o resultado de uma nova combinação flagelar. Na água do mar, há abundância de Na +,
gênica diferente da de seus pais. Esse processo que, penetrando na célula, faz o H+ sair, elevando,
resulta na variabilidade da espécie. desse modo, o pH. A consequência dessa elevação
Durante o processo meiótico, a troca de do pH é a ativação da ATPase presente nos braços
segmentos cromossômicos, no crossing-over, e a de dineína da subfibra A do axonema do flagelo.
migração de cromossomos na anáfase I, resulta em A atividade da ATPase é muito sensível ao pH.
um embaralhamento do material genético, Em um pH 6,2, ela torna-se inativa, não havendo
tornando-se quase matematicamente impossível a produção de ATP. Com o aumento de pH, há uma
cópia de um indivíduo idêntico a outro. Somente abrupta atividade da ATPase e um subsequente
os gêmeos monozigóticos, isto é, provenientes da aumento acentuado da motilidade do
mesma fecundação, terão o mesmo genoma. espermatozoide.
Ainda assim, cada um continua sendo único, visto
que a expressão é epigenética. Entre os grandes
desafios para o acontecimento da fecundação,
destacam-se: o encontro dos gametas entre si, o
seu reconhecimento, que apenas um dos inúmeros
espermatozoides ganhe o interior do ovócito ou do
óvulo e a ativação do metabolismo adormecido do
ovo.
ATIVAÇÃO E ENCONTRO DOS
GAMETAS
Os espermatozoides são moldados para ir
ao encontro do ovo, mas, enquanto estão nos
testículos, falta-lhes a motilidade. Esta lhes advém
quando já estão a caminho do encontro do gameta
feminino. Tratando-se do ouriço-do-mar, talvez o
animal mais estudado no que tange à questão da
fecundação, o engatilhamento do movimento do
espermatozoide dá-se devido à elevação do pH Em relação à motilidade do
interno da célula, de 7,2 para 8,0. O que mantém o espermatozoide em mamíferos, pensa-se que ele
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Os mamíferos não possuem membrana efeito, isto é, qual a relação da entrada de Na + com
vitelina, mas, sim, zona pelúcida (ZP), cuja matriz o bloqueio da poliespermia, foi sugerido, então,
fibrilar é formada de glicoproteína sintetizada e que o espermatozoide conteria uma proteína
secretada pelo ovócito em crescimento. Sua fusogênica capaz de abrir os canais de Na+ e que
função, entre outras, é ligar-se ao espermatozoide, essa proteína seria regulada pela mudança elétrica
iniciando, desse modo, a reação acrossômica. O que ocorre na membrana do ovo.
fato de nos mamíferos a fecundação ser interna
diminui o problema da especificidade.
BLOQUEIO VAGAROSO E
DEFINITIVO: REAÇÃO CORTICAL
Uma proteína existente no acrossomo do
hamster denominada PH20 pode vir a dar as bases A despolarização da membrana do ovo
para um controle imune da fertilidade. Essa estende-se por aproximadamente um minuto, após
proteína foi isolada e injetada tanto em machos o qual a membrana se repolariza, e, em tais
quanto em fêmeas de hamster, e todos os condições, outros espermatozoides, presos à
indivíduos assim tratados tornaram-se estéreis por membrana vitelina, poderiam ganhar o seu
vários meses. Verificou-se também que o soro interior. Para evitar isso, necessita-se de outro
desses indivíduos tinha uma alta concentração de mecanismo seguro e contínuo, sendo esse a reação
anticorpos contra a proteína PH20. cortical, que consiste na fusão e posterior
exocitose do conteúdo dos grânulos corticais
BLOQUEIO DA POLIESPERMIA entre a membrana plasmática e a vitelina.
Não é difícil de se imaginar os monstros
que seriam criados como resultado de um ovo que
tivesse sido fecundado por vários
espermatozoides. Para assegurar a continuidade da
espécie, a evolução criou um mecanismo capaz de
bloquear a poliespermia.
BLOQUEIO RÁPIDO E PASSAGEIRO
O bloqueio rápido e passageiro ocorre por
uma despolarização da membrana plasmática do
ovo. Para que o espermatozoide penetre no ovo,
este deve ter a sua membrana polarizada. Como o
meio do ovo é a água salada, onde existe uma
grande concentração de íons Na+, em comparação
com o meio interno, sua membrana está
polarizada. O caso inverso ocorre com o íon K +.
Inserindo-se um microelétrodo no citoplasma do
ovo e outro no meio externo, verifica-se um
potencial de membrana em repouso de O conteúdo desses grânulos corticais é
aproximadamente -70 mV, sendo o lado interno glicoproteico. Entre as proteínas existem as
mais negativo. proteases, que dissolvem a membrana vitelina no
ponto onde ela se prende às proteínas da
Quando o primeiro espermatozoide toca a
membrana plasmática, desprendendo os
membrana plasmática do ovo, ela despolariza, e o
espermatozoides a ela aderidos. Outras proteínas,
Na+ passa para o seu interior, ocorrendo também a
assim como mucopolissacarídeos criam um
saída de K+. Isso faz com que o potencial de
gradiente osmótico entre a membrana plasmática e
membrana suba para +20 mV, ficando agora o seu
a vitelina, atraindo água e criando, assim, um
lado interno mais positivo. Até o presente
espaço entre a membrana vitelina e a plasmática.
momento, ignora-se qual a relação de causa e
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A membrana vitelina passa então a ser elevação do pH é devida à ação de uma bomba de
denominada membrana de fertilização. troca de Na+/H+, isto é, na despolarização da
membrana, entra Na+ e, assim, o H+ sai,
A enzima responsável pela transformação
aumentando, desse modo, o pH interno. Essa
da membrana vitelina em membrana de
bomba de troca seria ativada pela proteína cinase
fertilização é uma peroxidase, que integra os
C, que, por sua vez, é ativada pelo diacilglicerol,
grânulos corticais e cuja função parece ser a de
subproduto da hidrólise do PIPa. Se ovos de
estabelecer ligações cruzadas entre os resíduos de
ouriço-do-mar recém-fecundados são colocados
tirosina com as proteínas adjacentes, tornando a
em uma solução que contém uma concentração
membrana de fertilização mais rígida. Um último
baixa de íons Na+ e a droga amiloride, a qual
componente dos grânulos corticais é a proteína
inibe a troca de Na+ por H+, não ocorre síntese
que mantém os blastômeros juntos nos primeiros
proteica, nem movimento dos pró-núcleos e
estágios de desenvolvimento.
tampouco divisão celular.
Entre o conteúdo da vesícula acrossômica
há uma variedade de proteases que perfuram a
zona, permitindo que o espermatozoide adentre no
ovo.
FUSÃO DA MEMBRANA PLASMÁTICA
DOS GAMETAS
Experimentos com nocauteamento gênico
sugerem que a fusão dos gametas depende da
interação entre uma proteína do espermatozoide e
uma outra proteína do ovo associada à integrina FUSÃO DOS PRÓ-NÚCLEOS
CD9. Fêmeas de camundongos portadores de
nocautes gênicos para CD9 são estéreis porque Depois que o espermatozoide entra, sofre
seus ovócitos não conseguem fusionar-se com os um giro de 180°, o que lhe permite, agora, colocar
espermatozoides. Por sua vez, a esterilidade pode o centríolo virado para o pró-núcleo feminino.
ser revertida se for injetado no ovócito RNAm Esse centríolo organiza os microtúbulos que
para a proteína CD9. No lado do espermatozoide, aproximam os pró-núcleos.
o responsável pela fusão parece ser uma proteína O que o zigoto tem proveniente do
semelhante a uma imunoglobulina denominada espermatozoide é o centrossomo e, logicamente,
Izumo. Espermatozoides de camundongo o pró-núcleo masculino. As outras estruturas do
portadores de mutações de perda-de-função que espermatozoide que entram no ovo se desintegram
podem atravessar a zona não podem, porém, totalmente. Estima-se que no camundongo
fundir-se com a membrana plasmática do ovócito. somente uma mitocôndria em 10 mil presentes no
ATIVAÇÃO DO METABOLISMO zigoto tem origem paterna.
ADORMECIDO DO OVO A orientação do espermatozoide ao entrar
no ovo difere entre os animais. Durante a reação
Antes da fecundação, o metabolismo do
acrossômica, a porção externa da membrana
ovo está adormecido: não existe nem síntese de
acrossômica do hamster vesicula-se e desaparece,
DNA, nem síntese proteica, nem de RNA. Por
ao passo que a membrana interna reverte sua
outro lado, o consumo de O2 é mínimo. Logo após
orientação fundindo-se com a membrana
a fecundação, dá-se o despertar desse
plasmática do espermatozoide. O conteúdo
metabolismo. A célula começa a duplicar o seu
enzimático da bolsa acrossômica derrama-se, ao
DNA com o início das clivagens. Aumenta o
romper a membrana externa, entre as células da
consumo de O2, assim como a síntese proteica. A
corona radiata, quebrando, assim, os vínculos
transcrição, porém, vai ocorrer mais tarde. A
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encontrado mais tarde também nas células fosforilado no aminoácido 161, que é uma
somáticas, onde tem a função de induzir a treonina, e isso torna ativa a proteína cinase Cdc2.
transcrição de G2 para mitose. Um outro degrau na Logo após, dão-se as fosforilações da Cdc2 nos
elucidação da regulação do ciclo celular veio por aminoácidos 14, que é uma treonina, e no 15, que
meio dos experimentos com as leveduras é uma tirosina, inibindo-se a atividade da proteína
Saccharomyces cerevisiae, onde se descobriram Cdc2 e formando agora complexos inativos B
mutantes sensíveis à temperatura que eram Cdc2, que se acumulam durante o S e o G2. A
deficientes no ciclo celular e, assim, não o passagem de G2 para M é feita pela ativação dos
completavam. Tais mutantes foram denominados complexos Cdc2-ciclina B mediante a
cdc (cell Division cycle) e sua característica era desfosforilação da treonina-14 e tirosina-15 por
estacionar no crescimento em pontos específicos uma fosfatase denominada Cdc25, ativando o MPF
do ciclo celular. Um mutante característico é o e passando a célula para M.
cdc28, que não sintetiza uma proteína necessária
para avançar do G1 para o S, como acontece no
Saccharomyces cerevisiae normal Cdc28. Outro
mutante que foi isolado é o cdc2, que não permite
à célula avançar além do G1 ou do G2 para M.
Mais tarde, mostrou-se que o cdc28 e o cdc2 são
genes homólogos exigidos para que a célula possa
avançar no G1, e do G2, para M. A proteína
codificada por tais genes é chamada de Cdc2. O
gene cdc2 codifica uma proteína cinase. Mais um
passo na descoberta do controle do ciclo celular
foi dado com trabalhos realizados com ouriço-do-
mar. Durante a clivagem desses equinodermos,
ocorre o acúmulo e a degradação de duas
proteínas. Na interfase, são acumuladas e logo
degradadas ao final de cada mitose. Essas Uma vez que a Cdc2 proteína cinase é
proteínas foram denominadas de ciclinas (ciclina fosforilada, ela, por sua vez, fosforiliza uma série
A e ciclina B). Hipotetizou-se que pudessem estar de proteínas-alvo que iniciam os eventos
relacionadas com a entrada e a saída da fase M, o mitóticos. Então, começa a degradação da ciclina
que veio a confirmar-se mais tarde, já que se B mediante uma proteólise mediada pela
injetando ciclina A em ovócitos de rã era o ubiquitina, que também desativa a Cdc2,
suficiente para fazê-los passar de G2 para M. finalizando, assim, a mitose e a citocinese, e a
célula retorna à interfase.
O complexo MPF foi purificado mais tarde
a partir de ovos de rã e verificou-se que constava
de duas subunidades: Cdc2 e ciclina B. A ciclina B
é uma proteína reguladora exigida para a atividade
catalítica da proteína cinase Cdc2.
Estudos ulteriores têm confirmado a ação
da ciclina B, assim como tem sido demonstrada a
regulação do MPF por meio da fosforilação e da
desfosforilação da proteína Cdc2.
Nos mamíferos, a síntese de ciclina B
começa no período S e forma complexos com
Cdc2 durante os períodos S e G2. Após a formação
desses complexos Ciclina-Cdc2, o Cdc2 é
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blastômeros maximizam seus contatos uns com os selectinas são proteínas que se ligam a
outros, formando uma bola compacta de células carboidratos, envolvidas nas interações entre
mantidas unidas por junções de oclusão. Esse leucócitos e células endoteliais, e que viabilizam a
processo, a compactação, segrega as células “captura” dos leucócitos do sangue circulante. Um
internas, que se comunicam intensamente por mecanismo semelhante é proposto, então, para a
junções comunicantes, das células externas. “captura” do blastocisto da cavidade uterina pelo
Aproximadamente três dias após a fertilização, as epitélio uterino. Após a captura pelas selectinas, a
células do embrião compactado se dividem ligação adicional e a invasão pelo trofoblasto
novamente, formando uma mórula de 16 células envolvem as integrias expressas pelo trofoblasto e
(que lembra uma amora). As células internas da as moléculas de matriz extracelular laminina e
mórula constituem a massa celular interna, e as fibronectina. Os receptores de integrina para a
células circunjacentes compõem a massa celular laminina promovem a ligação, enquanto os para a
externa. A massa celular interna origina os fibronectina estimulam a migração. Essas
tecidos do embrião em si e a massa celular moléculas também interagem com vias de
externa forma o trofoblasto, que mais tarde transdução de sinal para regular a diferenciação do
contribui para a formação da placenta. trofoblasto, de modo que a implantação é o
resultado da ação mútua entre o trofoblasto e o
endométrio. Assim, até o final da primeira semana
do desenvolvimento, o zigoto humano já passou
pelos estágios de mórula e de blastocisto, e teve
início a implantação na mucosa uterina.
FORMAÇÃO DO BLASTOCISTO
Por volta do período em que a mórula
entra na cavidade uterina, um fluido começa a
penetrar os espaços intercelulares da massa celular
interna através da zona pelúcida. Gradualmente, O ÚTERO NO MOMENTO DA
esses espaços intercelulares se tornam confluentes
e, finalmente, é formada uma única cavidade, a
IMPLANTAÇÃO
blastocele. Nesse período, o embrião é A parede uterina consiste em três camadas:
denominado blastocisto. As células da massa
celular interna, chamada agora de embrioblasto, 1. Endométrio ou mucosa que reveste a
estão em um polo, e as da massa celular externa, parede interna.
ou trofoblasto, achatam-se e formam a parede 2. Miométrio, camada espessa de músculo
epitelial do blastocisto. A zona pelúcida liso.
desaparece, possibilitando que a implantação 3. Perimétrio, o peritônio que reveste a
comece. Nos seres humanos, as células parede externa.
trofoblásticas sobre o polo do embrioblasto
começam a penetrar entre as células epiteliais da
mucosa uterina por volta do sexto dia. As
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NONO DIA
O blastocisto está alojado mais
profundamente no endométrio, e o orifício
deixado por sua penetração na superfície do
epitélio é fechado por um coágulo de fibrina.
Enquanto isso, no polo embrionário, as
células achatadas, originadas provavelmente do
hipoblasto, formam uma membrana fina, a
membrana exocelômica (de Heuser), que está
alinhaa na superfície interna do citotrofoblasto.
As células da massa celular interna (ou
Essa membrana com o hipoblasto forma o
embrioblasto) também se diferenciam em duas
revestimento da cavidade exocelômica, ou
camadas: uma de pequenas células cuboides
vesícula vitelínica primitiva.
adjacentes à cavidade blastocística, conhecida
como camada hipoblástica, e uma de células DO DÉCIMO PRIMEIRO AO DÉCIMO
colunares altas adjacentes à cavidade amniótica, a SEGUNDO DIA
camada epiblástica.
Do décimo primeiro ao décimo segundo
Juntas, essas camadas formam um disco dia do desenvolvimento, o blastocisto está
achatado. Ao mesmo tempo, aparece uma pequena completamente inserido no estroma endometrial, e
cavidade no epiblasto, que aumenta para se tornar o epitélio superficial cobre quase completamente o
a cavidade amniótica. As células epiblásticas orifício de entrada na parede uterina. O blastocisto
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produz, então, uma pequena protrusão no lúmen extraembrionário e, quando convergem, dão
uterino. origem a um novo espaço denominado cavidade
extraembrionária ou cavidade coriônica. Esse
espaço circunda o saco vitelínico primitivo e a
cavidade amniótica, exceto no local onde o disco
germinativo se conecta ao trofoblasto. O
mesoderma extraembrionário que reveste o
citotrofoblasto e o âmnio é denominado
mesoderma extraembrionário somático, e o
revestimento do saco vitelínico é conhecido como
mesoderma extraembrionário esplâncnico.
O crescimento do disco bilaminar é
relativamente lento em comparação ao do
trofoblasto, portanto, o disco permanece muito
pequeno (0,1 a 0,2 mm). As células do endométrio
se tornam poliédricas e preenchidas por glicogênio
e lipídios. Os espaços intercelulares são
preenchidos por material extravasado, e o tecido
se torna edematoso. Essas alterações, conhecidas
como reação decidual, estão inicialmente
limitadas à área imediatamente adjacente ao sítio
de implantação, mas se disseminam pelo
endométrio com rapidez.
DÉCIMO TERCEIRO DIA
Até o décimo terceiro dia do
desenvolvimento, o defeito na superfície do
endométrio já se regenerou. Algumas vezes,
Simultaneamente, as células do entretanto, ocorre sangramento no local da
sinciciotrofoblasto penetram mais fundo no implantação, como resultado de aumento do fluxo
estroma, alcançando e abrindo a parede de sanguíneo para os espaços lacunares. Como esse
revestimento endotelial dos capilares maternos. sangramento ocorre próximo ao vigésimo oitavo
Esses capilares, congestionados e dilatados, são dia do ciclo menstrual, pode ser confundido com
conhecidos como sinusoides. Conforme o sangramento menstrual normal e, desse modo,
trofoblasto continua a abrir cada vez mais causar inexatidão na determinação da data
sinusoides, o sangue materno começa a fluir pelo provável do parto.
sistema trofoblástico, estabelecendo a circulação
uteroplacentária. Enquanto isso, o hipoblasto produz células
adicionais que migram ao longo do interior da
Nesse ínterim, uma nova população de membrana exocelômica. Elas se proliferam e
células aparece entre a superfície interna do formam gradualmente uma nova cavidade dentro
citotrofoblasto e a superfície externa da cavidade da cavidade exocelômica, conhecida como
exocelômica. Essas células, derivadas do saco vitelina secundária ou vitelina definitiva. A
vitelínico, formam um tecido conjuntivo frouxo e cavidade vitelina é muito menor que a cavidade
delicado, o mesoderma extraembrionário, que exocelômica original ou cavidade vitelina
acaba preenchendo todo o espaço entre o primitiva. Durante sua formação, grandes porções
trofoblasto externamente e o âmnio e a membrana da cavidade exocelômica são pinçadas para fora,
exocelômica internamente. Logo depois, grandes sendo representadas pelos cistos exocelômicos,
cavidades se formam no mesoderma
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que são encontrados frequentemente no celoma trofoblasto e o âmnio, bem como a membrana
extraembrionário, ou cavidade coriônica. exocelômica. Quando se desenvolvem vacúolos
nesse tecido, forma-se o celoma
extraembrionário ou cavidade coriônica. O
mesoderma extraembrionário que recobre o
citotrofoblasto e o âmnio é o mesoderma
extraembrionário somático, a cobertura que
cerca a vesícula vitelínica é o mesoderma
extraembrionário esplâncnico.
família TGF-β), que inibem a atividade de nodal uma cascata de moléculas e genes sinalizadores.
(um membro da família TGF-β), estabelecendo, Quando a linha primitiva aparece, o FGF8 é
assim, a parte cranial do embrião. A ausência de secretado por células no nó e na linha primitivos, e
cerberus e lefty1 na parte caudal do embrião esse fator de crescimento induz a expressão de
permite que a expressão de nodal continue, e este NODAL. A expressão de NODAL é então restrita
sinal estabelece e mantém a linha primitiva. Uma ao lado esquerdo do embrião pelo acúmulo de
vez que a linha primitiva esteja formada, o serotonina (5-HT) no lado esquerdo. Essas altas
NODAL aumenta a expressão de vários genes concentrações de 5-HT no lado esquerdo ativam a
responsáveis pela formação dos mesodermas expressão do fator de transcrição MAD3, que
dorsal e ventral, assim como das estruturas da restringe a expressão de NODAL ao lado esquerdo
cabeça e da cauda. Outro membro da família do do nó primitivo. PITX2 é um fator de transcrição
TGF-β, a proteína morfogenética óssea quatro que contém homeobox, que é um “gene mestre”
(BMP4), é secretada por todo o disco responsável pelo estabelecimento da lateralidade
embrionário. Na presença dessa proteína e de esquerda, e sua expressão é repetida no lado
FGF, o mesoderma será ventralizado para esquerdo do coração, no estômago e no intestino
contribuir na formação dos rins (mesoderma primitivo conforme esses órgãos adotam suas
intermediário), sangue e mesoderma da parede posições corporais assimétricas.
corporal (mesoderma da placa lateral). Na
verdade, todo o mesoderma seria ventralizado se a
atividade da BMP4 não fosse bloqueada por
outros genes expressos no nó. Por esse motivo, o
nó é o organizador. CHORDIN (ativado pelo
fator de transcrição GOOSECOID), noggin
efollistatin antagonizam a atividade da BMP4.
Mais tarde, esses três genes são expressos na
notocorda e são importantes para a indução neural
na região cranial. Os genes que regulam o desenvolvimento
A regulação da formação do mesoderma do lado direito não são tão bem definidos, embora
dorsal nas partes medial e caudal do embrião é a expressão do fator de transcrição SNAIL seja
controlada pelo gene BRACHYURI (T) expresso restrita ao mesoderma da placa lateral direita e
no nó primitivo, nas células precursoras da provavelmente regule os genes efetores
notocorda e na notocorda. Esse gene é essencial responsáveis pelo estabelecimento do lado direito.
para a migração celular pela linha primitiva. Por que a cascata é iniciada no lado esquerdo é um
BRACHYURY codifica uma proteína de ligação a mistério, mas o mecanismo pode envolver cílios
uma sequência específica de DNA que funciona nas células do nó primitivo, que batem para gerar
como um fator de transcrição. Dessa maneira, a um gradiente de Nodal para a esquerda ou um
formação do mesoderma nessas regiões depende gradiente de sinalização estabelecido por junções
desse produto gênico, e sua ausência resulta no comunicantes e transporte de pequenos íons.
encurtamento do eixo embrionário (disgenesia
caudal). O grau de encurtamento depende do
momento em que a proteína se torna deficiente.
A lateralidade (esquerda-direita) CRESCIMENTO DO DISCO
também é estabelecida no início do EMBRIONÁRIO
desenvolvimento. Normalmente, muitos órgãos
apresentam assimetrias, incluindo o coração, os O disco embrionário, inicialmente
pulmões, o intestino, o baço, o estômago, o fígado achatado e quase redondo, torna-se alongado
e outros. O posicionamento desses órgãos e a gradualmente, com uma parte cefálica larga e uma
definição de suas assimetrias são orquestrados por região caudal estreita. A expansão do disco
Giovanna Andrade Fernandes
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embrionário ocorre principalmente na região Essa estrutura determina um eixo na linha média,
cefálica, a região da linha primitiva permanece que funcionará como a base do esqueleto axial. As
aproximadamente com o mesmo tamanho. O partes cefálica e caudal do embrião são
crescimento e o alongamento da parte cefálica do estabelecidas antes que a linha primitiva tenha se
disco são causados por migração contínua de formado. Assim, as células do hipoblasto
células da região da linha primitiva no sentido (endoderma) na margem cefálica do disco
cefálico. A invaginação das células superficiais na formarão o EVA, que expressa genes de formação
linha primitiva e sua migração subsequente para da cabeça, incluindo OTX2, LIM1 e HESX1, bem
frente e lateralmente continua até o final da quarta como o fator solúvel cerberus. NODAL, um
semana. Nesse estágio, a linha primitiva mostra membro da família de genes TGF-β é, então,
alterações regressivas, diminui rapidamente e logo ativado e inicia e mantém a integridade do nó e da
desaparece. linha primitivos. A lateralidade (assimetria
esquerda-direita) é regulada por uma cascata de
O fato de que a linha primitiva na parte
moléculas e de genes sinalizadores. FGF8,
caudal do disco continua a favorecer novas células
secretados por células no nó e na linha primitivos,
até o final da quarta semana tem um impacto
induz a expressão de NODAL e de LEFTY2 do
importante para o desenvolvimento do embrião.
lado esquerdo, e esses genes aumentam a
Na parte cefálica, as camadas germinativas
expressão de PITX2, um fator de transcrição e
começam sua diferenciação específica por volta da
gene-chave para a lateralidade esquerda. O
metade da terceira semana, enquanto, na parte
neurotransmissor serotonina (5-HT) também
caudal, a diferenciação começa até o final da
atua na definição da lateralidade por meio da
quarta semana. Assim, a gastrulação, ou a
restrição da expressão NODAL ao lado esquerdo.
formação das camadas germinativas, continua nos
O posicionamento normal dos órgãos (a esquerda
segmentos caudais ao mesmo tempo que as
e a direita) é chamado de situs solitus, enquanto
estruturas craniais estão se diferenciando, fazendo
sua inversão completa é chamada de situs
com que o embrião se desenvolva no sentido
inversus. Quando um ou mais órgão estiverem em
cefalocaudal.
posição anormal, essa condição será chamada de
RESUMO situs ambiguous ou heterotaxia. Indivíduos com
situs inversus correm baixo risco de apresentar
O evento mais característico durante a outros defeitos congênitos, mas seus filhos correm
terceira semana é a gastrulação. Ela começa com risco mais elevado, principalmente para
o surgimento da linha primitiva, que tem em sua cardiopatia. Em contrapartida, os pacientes com
parte cefálica o nó primitivo. Na região do nó e heterotaxia correm risco elevado de ter muitos
da linha, as células epiblásticas se movem para tipos de malformações congênitas e quase todos
dentro (invaginam) para formar novas camadas, o apresentam algum tipo de anormalidade cardíaca.
endoderma e o mesoderma. As células que não Erros nos níveis de 5-HT ou a expressão incorreta
migram através da linha primitiva, mas de genes da via de sinalização da lateralidade,
permanecem no epiblasto, formam o ectoderma. como PITX2, resultam em defeitos de
Assim, o epiblasto dá origem a três camadas lateralidade, como dextrocardia, situs inversus e
germinativas, ectoderma, mesoderma e anomalias cardíacas.
endoderma, e essas camadas formam todos os
tecidos e órgãos. As células epiblásticas que se movem pelo
nó e pela linha primitivos são predeterminados por
As células pré-notocordais que suas posições a se tornarem tipos específicos de
invaginam na região da fosseta primitiva se mesoderma e de endoderma. Assim, é possível
deslocam para a região cefálica até alcançarem a elaborar um mapa de destino do epiblasto
placa precordal. Elas se intercalam no endoderma mostrando seu padrão.
como a placa notocordal. Com a continuação do
desenvolvimento, a placa se desprende do No final da terceira semana, são
endoderma e forma um tubo sólido, a notocorda. estabelecidas três camadas germinativas na
Giovanna Andrade Fernandes
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Anexos Embrionários
INTRODUÇÃO ectoderma embrionário. Ela é formada por um
epitélio pavimentoso simples, sendo revestida
Os anexos embrionários de mamíferos são: externamente pelo mesoderma extraembrionário.
o âmnio, o saco vitelino, o córion (parte fetal da Esse mesmo mesoderma forma um pedúnculo
placenta) e o alantoide. Essas estruturas, embora embrionário entre a bolsa amniótica e o córion,
derivadas do embrião, não contribuem muito para que futuramente constituirá parte do cordão
a formação do seu corpo. umbilical.
ÂMNIO
A cavidade amniótica é uma estrutura que
aparece no final da primeira semana de
desenvolvimento e forma uma bolsa acima do
disco embrionário, cujo assoalho é o próprio
Giovanna Andrade Fernandes
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dobramento caudal do embrião, o alantoide passa A placenta é o órgão-elo entre mãe e filho.
a situar-se ventralmente, ficando logo atrás do Ela permite que os mamíferos se desenvolvam de
pedículo do saco vitelino. O alantoide, como o simples ovos oligolécitos, diferindo de seus
saco vitelino e o âmnio, é revestido pelo parentes mais próximos, répteis e aves, que se
mesoderma extraembrionário. Acredita-se que o desenvolvem de ovos telolécitos, pois proporciona
alantoide oriente a formação dos vasos umbilicais ao indivíduo em desenvolvimento a garantia de
(ou alantoidianos). Forma-se, assim, o cordão suas necessidades básicas: respiração, nutrição e
umbilical que, devido à expansão do saco eliminação de seus catabólitos. O
amniótico, ficará revestido pelo epitélio desenvolvimento dentro do corpo da mãe garante
amniótico. Os vasos umbilicais originam-se a proteção ao embrião, permitindo que se
partir do mesoderma local. desenvolva um ou poucos indivíduos, diferindo
daqueles oligolécitos de postura externa, em que
Nos répteis e nas aves, esse anexo é muito
são necessários milhares de ovos para que alguns
desenvolvido, assumindo função respiratória e de
possam sobreviver à ação dos predadores. Sem
armazenamento de materiais excretados. Nos
dúvida, a aquisição placentária dos mamíferos
mamíferos, nos quais se desenvolve a placenta,
Eutheria é uma conquista que lhes permite investir
essas funções são também assumidas por ela.
diretamente no desenvolvimento de poucos
A parte intraembrionária do alantoide indivíduos, otimizando suas chances de sucesso.
contribui para a formação da bexiga e do úraco, Por alcançarem o estágio adulto mais lentamente e
ligamento fibroso que serve de elo entre o teto da requererem uma alimentação pós-natal por parte
bexiga e a área umbilical. dos pais, os filhotes aprendem comportamentos
complexos durante o cuidado parental.
Inicialmente, o embrião está conectado à
placenta em formação pelo pedúnculo O dispêndio energético é direcionado à
embrionário. Pelo lado embrionário, o pedúnculo placenta, o que permite a absorção de nutrientes
estende-se até a face dorsal da cavidade amniótica. pelo feto a partir da corrente sanguínea materna.
Com o desenvolvimento dessa cavidade e o Assim, a mãe não gasta energia na produção de
dobramento do embrião, o pedúnculo, junto com o ovos com muito vitelo. Além disso, a placenta,
alantoide nele contido, são deslocados para a face por um mecanismo de contracorrente, semelhante
ventral da cavidade amniótica. ao que ocorre nas brânquias dos peixes teleósteos,
permite as trocas de oxigênio e de dióxido de
O pedúnculo do embrião e o do saco carbono entre mãe e feto, pois o fluxo sanguíneo
vitelino afinam-se e conectam-se para juntos dos capilares do feto é oposto ao dos capilares
formarem o cordão umbilical, que une a face maternos. É por esse mecanismo também que os
ventral do embrião (futuro umbigo) com a excretas da circulação fetal são removidos de
placenta. O cordão umbilical é revestido modo eficiente. O alantoide que realizava as
externamente pelo âmnio. No interior do cordão funções respiratórias e de excreção em répteis e
umbilical, o pedúnculo do saco vitelino e o aves é substituído pela placenta nos mamíferos
alantoide degeneram. O cordão umbilical é eutérios. A função do saco vitelino de transferir
preenchido por mesênquima, a geleia de Wharton, nutrientes para o embrião nos répteis e nas aves é
e apresenta três vasos: duas artérias e uma veia. substituída pela placenta nos mamíferos.
PLACENTA Os ovos cleidoicos garantem um pleno
A placenta é um órgão de tecidos, tanto desenvolvimento fora do organismo materno, pois
fetais quanto maternos, que serve de transporte de funcionam como um sistema fechado, no qual o
nutrientes e oxigênio, da circulação materna para desenvolvimento do indivíduo é garantido no que
o feto, e de resíduos metabólicos e CO2 da se refere à nutrição e à respiração, precisando tirar
circulação fetal para a materna. do meio apenas calor e um pouco de umidade.
Como esses ovos altamente desenvolvidos
continuavam sendo vítimas de predadores, a
Giovanna Andrade Fernandes
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transferidos desse modo. Utilizando-se o mesmo ovários (pelo corpo lúteo). Rapidamente, a
processo, também pode ocorrer a passagem de placenta assume essa função. A progesterona é
agentes infecciosos, vírus e bactérias. Alguns necessária durante a gravidez para manter o
microrganismos infectam e lesam primeiro as endométrio íntegro. A placenta possui toda a
vilosidades coriônicas, atingindo, assim, maquinaria enzimática para a síntese da
facilmente, os vasos fetais. progesterona a partir do acetato ou do colesterol,
mas perde duas enzimas necessárias para a síntese
C. Secreção endócrina placentária: o
de estrogênio. No entanto, elas estão presentes nas
sinciciotrofoblasto atua como uma
adrenais e muito provavelmente no fígado do feto.
glândula endócrina, pois, utilizando
Dessa maneira, a integração de funções ocorre
precursores derivados do próprio feto, da
entre feto e placenta. O aumento de níveis de
mãe ou de ambos, tem a capacidade de
estrógenos placentários na circulação sanguínea
sintetizar vários hormônios.
materna determina o aumento da sensibilidade do
Os hormônios placentários são as miométrio à oxitocina. A oxitocina é um
gonadotrofinas e a somatotrofina coriônica hormônio hipofisário que estimula as contrações
(hormônio de crescimento placentário), que são da musculatura uterina, podendo, assim,
hormônios proteicos e os estrógenos e a relacionar-se com o início do trabalho de parto. A
progesterona, que são hormônios esteroides. progesterona é necessária para manter o
endométrio e, consequentemente, a gravidez. É
Gonadotrofina coriônica humana (hCG): possível que a parturição decorra também da
bem no início da gravidez, esse hormônio é diminuição, ou da diminuição brusca, da produção
produzido pelo sinciciotrofoblasto e estimula a de progesterona pelo corpo lúteo e pela placenta.
produção inicial de estrogênio e de progesterona O que se observa a respeito do estrógeno é
pelo corpo lúteo. Ele é uma glicoproteína que exatamente o inverso. Injeções de estrógeno (em
mantém o corpo lúteo (pois sua ação é similar ao ratos) podem causar aborto. O início do trabalho
hormônio luteinizante), até que a placenta seja de parto deve estar, portanto, relacionado com
capaz de produzir progesterona e estrogênio por si dois fatos: decréscimo de progesterona e
própria. Precocemente se difunde ao sangue simultâneo aumento de estrógeno.
materno pelas lacunas do sinciciotrofoblasto,
sendo que sua presença na urina ou no sangue ESTÁGIOS NO TRABALHO DE PARTO
serve como diagnóstico de gravidez. A produção
desse hormônio atinge seus níveis mais altos O trabalho de parto ou parturição (do
durante o terceiro mês de gravidez, declinando latim, parturitis: nascimento da criança) envolve
depois. três fases:
apresentam muito ramificadas. O alantoide mesoderma que estaria entre o saco vitelino e o
insinua-se no interior de cada vilosidade, córion não se desenvolve. O saco vitelino
carregando seus vasos sanguíneos. Esse tipo de endodérmico e o trofoblasto justaposto
placenta é conhecido como zonaria ou anular e é desaparecem, e o que sobra do saco vitelino
característica dos carnívoros (gata, cadela). inverte-se. A face interna coloca-se contra o
epitélio uterino, constituindo o saco vitelino
invertido placentário.
células próximas da linha média formam uma somitômeros, que aparecem primeiramente na
placa espessa de tecido, conhecida como região cefálica do embrião. Sua formação ocorre
mesoderma paraxial. Mais lateralmente, a na direção cefalocaudal. Cada somitômero
camada mesodérmica permanece fina e é consiste em células mesodérmicas organizadas em
conhecida como placa lateral. Com o espirais concêntricas ao redor do centro da
aparecimento e a coalescência das cavidades unidade. A partir da região occipital, os
intercelulares na placa lateral, esse tecido se somitômeros se organizam em somitos,
divide em duas camadas: caudalmente. O primeiro par de somitos surge na
região occipital do embrião aproximadamente no
Uma camada contínua com o mesoderma
vigésimo dia do desenvolvimento. Daí em diante,
cobrindo o âmnio, conhecida como aparecem novos somitos na sequência
camada mesodérmica somática ou craniocaudal a uma taxa de aproximadamente três
parietal. pares por dia, até que, no final da quinta semana,
Uma camada contínua com o mesoderma existam 42 a 44 pares. Há quatro pares occipitais,
cobrindo a vesícula vitelínica, conhecida oito cervicais, doze torácicos, cinco lombares,
como camada mesodérmica visceral ou cinco sacrais e oito a dez coccígeos. Como os
esplâncnica. somitos são especificados com periodicidade, a
Juntas, essas cavidades revestem uma idade do embrião pode ser determinada com
cavidade recentemente formada, a cavidade precisão durante esse período embrionário pela
intraembrionária, que é contínua com a cavidade contagem deles.
extraembrionária em cada lado do embrião. O
mesoderma intermediário conecta o mesoderma
paraxial ao da placa lateral.
conforme o somito se define. O aumento da fazendo com que ele inicie a expressão do gene
proteína Notch ativa outros genes de padronização específico dos músculos MYF5 e forme os
da segmentação que criam o somito. precursores musculares primaxiais. A interação
entre a proteína inibitória BMP4 (e provavelmente
Diferenciação somítica. Quando os
FGF) do mesoderma lateral e os produtos de
somitos se formam primeiramente a partir do
WNT ativadores da epiderme direciona a porção
mesoderma pré-somítico, eles existem como uma
dorsolateral do somito a expressar outro gene
esfera de células mesodérmicas (semelhantes a
muscular específico, MYOD, e a formar os
fibroblastos). Essas células sofrem um processo de
precursores musculares primaxiais e abaxiais. A
epitelização e se dispõem em um formato de
porção média do epitélio dorsal do somito é
rosca ao redor de um pequeno lúmen. Por volta do
direcionada pela neurotrofina 3 (NT-3),
início da quarta semana, as células nas paredes
secretada pela região dorsal do tubo neural, para
ventral e medial do somito perdem suas
formar a derme.
características epiteliais, tornam-se mesenquimais
novamente (com formato de fibroblasto) e mudam
de posição, cercando o tubo neural e a notocorda.
As células nas bordas dorsomedial e ventrolateral
da região do somito formam os precursores das
células musculares, enquanto as células entre
esses dois grupos formam o dermátomo. As
células de ambos os grupos musculares
precursores tornam-se mesenquimais novamente e
migram abaixo do dermátomo para criar o Mesoderma intermediário. O mesoderma
dermomiótomo. intermediário, que conecta temporariamente o
mesoderma paraxial à placa lateral, diferencia-se
em estruturas urogenitais. Nas região cervical e
torácica superior, ele dá origem a grupos celulares
fragmentares (futuros nefrótomos), enquanto,
mais caudalmente, forma massa tecidual não
segmentada, o cordão nefrogênico.
Mesoderma lateral. O mesoderma
lateral divide-se nas camadas parietal (somática)
e visceral (esplâncnica), que revestem a cavidade
intraembrionária e recobrem os órgãos,
Cada miótomo e cada dermátomo retém respectivamente. O mesoderma da camada
sua inervação a partir de seu segmento original, parietal, junto com o ectoderma sobrejacente,
não importando para onde as células migrem. forma as pregas da parede corporal lateral, que,
Cada miótomo e cada dermátomo também tem seu junto com as dobraduras da cabeça (cefálica) e da
próprio componente nervoso segmentar. cauda (caudal), fecham a parede corporal ventral.
A camada parietal do mesoderma lateral dá
Regulação molecular da diferenciação origem, então, à derme da pele na parede corporal
dos somitos. Os sinais para a diferenciação do e nos membros, aos ossos e ao tecido conjuntivo
somito surgem das estruturas circunjacentes, dos membros e ao esterno. A camada visceral do
incluindo a notocorda, o tubo neural, a epiderme e mesoderma lateral, junto com o endoderma
o mesoderma lateral. A expressão de PAX3, embrionário, forma a parede do tubo intestinal. As
regulada pelas proteínas WNT do tubo neural células mesodérmicas da camada parietal que
dorsal, marca a região do dermomiótomo do circundam a cavidade intraembrionária formam as
somito. As proteínas WNT do tubo neural dorsal membranas mesoteliais ou membranas serosas,
têm como alvo a porção dorsomedial do somito,
Giovanna Andrade Fernandes
Biomedicina | 2022.2
PADRONIZAÇÃO DO EIXO
ANTEROPOSTERIOR – REGULAÇÃO
POR GENES HOMEOBOX
Os genes homeobox são conhecidos por
seu homeodomínio, um segmento característico
de ligação ao DNA, o homeobox. Eles codificam
fatores de transcrição que ativam cascatas de
genes capazes de regular fenômenos como a
segmentação e a formação do eixo. Muitos genes
homeobox são agrupados em clusters
homeóticos, embora outros genes também tenham
o homeodomínio. Um cluster de genes
importantes para a especificação do eixo
craniocaudal é o complexo gênico homeótico
Hom-C na Drosophila. Esses genes, que
englobam as classes de genes homeóticos APARÊNCIA EXTERNA DURANTE O
Antennapedia e Bithorax, estão organizados em SEGUNDO MÊS
um único cromossomo como uma unidade
funcional. Assim, os genes que especificam as No final da quarta semana, quando o
estruturas mais craniais ficam na extremidade 3’ embrião tem aproximadamente 28 somitos, as
do DNA e são expressos primeiros, os genes que principais características externas são os somitos e
controlam o desenvolvimento posterior são os arcos faríngeos. A idade do embrião, portanto,
expressos sequencialmente e são encontrados de em geral é expressa em somitos. Como a
modo crescente na extremidade 5’. Esses genes contagem dos somitos fica difícil durante o
são conservados em seres humanos, e há quatro segundo mês do desenvolvimento, a idade do
cópias: HOXA, HOXB, HOXC e HOXD, que são embrião é indicada pelo comprimento
dispostos e expressos como na Drosophila. Dessa craniocaudal (CCC), expresso em milímetros. O
maneira, cada cluster fica em um cromossomo CCC é medido do vértice do crânio até o ponto
distinto, e os genes em cada grupo são numerados médio entre os ápices das nádegas.
de um a treze. Os genes com o mesmo número,
mas pertencentes a clusters diferentes, formam um
grupo parálogo, como HOXA4, HOXB4, HOXC4
e HOXD4. O padrão de expressão desses genes e a
evidência em experimentos de nocaute, nos quais
são gerados camundongos sem um ou mais desses
genes, sustentam a hipótese de que desempenham
um papel na padronização craniocaudal dos Durante o segundo mês, a aparência
derivados dos três folhetos embrionários. externa do embrião se altera por aumento do
tamanho da cabeça e pela formação dos membros,
face, orelhas, nariz e olhos. No início da quinta
semana, os membros anteriores e posteriores
aparecem como brotos em formato de remo. Os
primeiros estão localizados dorsalmente à
tumefação pericárdica no nível do quarto somito
cervical até o primeiro torácico, o que explica sua
inervação pelo plexo braquial. Pouco depois, os
brotos dos membros inferiores aparecem
caudalmente à ligação do pedúnculo umbilical no
Giovanna Andrade Fernandes
Biomedicina | 2022.2
RESUMO
Durante o período embrionário, que se
estende da terceira à oitava semana do
desenvolvimento, cada um dos três folhetos
embrionários (ectoderma, mesoderma e
Esses sulcos, conhecidos como raios, endoderma) dá origem a seus próprios tecidos e
aparecem primeiramente na região da mão e um sistemas orgânicos. Como resultado da formação
pouco depois no pé, já que os membros superiores orgânica, estabelecem-se as principais
têm o desenvolvimento um pouco mais adiantado características do formato corporal.
do que o dos membros inferiores. Enquanto os
dedos das mãos e dos pés estão se formando, uma O folheto embrionário ectodérmico dá
segunda constrição divide a porção proximal dos origem aos órgãos e às estruturas que mantêm
brotos em dois segmentos e podem ser contato com o mundo externo:
reconhecidas as três partes características das
Sistema nervoso central.
extremidades adultas.
Sistema nervoso periférico.
Epitélio sensorial da orelha, do nariz e dos
olhos.
Pele, incluindo pelos, cabelos, unhas.
Glândulas hipófise, mamárias e
sudoríparas, bem como o esmalte dos
dentes.
A indução da placa neural é regulada pela
inativação do fator de crescimento BMP4. Na
região cranial, a inativação é causada por noggin,
chordin e follistatin secretados pelo nó, pela
notocorda e pelo mesoderma precordal. Na
ausência de inativação, BMP4 faz com que o
ectoderma se transforme em epiderme e que o
mesoderma ventralize para formar o mesoderma
intermediário e da placa lateral.
Giovanna Andrade Fernandes
Biomedicina | 2022.2
endoblasto do intestino anterior que termina em por uma fenda: o sulco nasolacrimal. Nessa
fundo cego. Essa membrana didérmica é época, como os processos maxilares estão
conhecida como membrana bucofaríngea. Sua crescendo em direção à linha média, os olhos
precoce regressão deve-se à falta de mesoderma (inicialmente laterais) começam a ser puxados
entre o ecto e o endoderma, faltando, para frente, indo mais tarde ocupar sua posição
consequentemente, a presença de vasos definitiva. Também se observa o início da
sanguíneos, acarretando sua degeneração. As formação da orelha externa, cujo meato auditivo
cavidades oral e nasal têm origem ectodérmica ou externo tem origem no primeiro sulco branquial.
endodérmica, conforme estejam situadas na frente Os processos maxilares fundem-se aos processos
ou atrás dessa membrana. nasais laterais na região da fenda nasolacrimal,
proporcionando uma continuidade entre a parede
A primeira parte da face a formar-se é a
lateral do nariz e a região superior da bochecha.
mandíbula, resultante da fusão na linha média dos
dois processos mandibulares. Como essa fusão é Os processos nasais medianos aproximam-
muito precoce, ainda na quarta semana, são raras se entre si e fundem-se na linha média, fusão que
as malformações observadas por fusão imperfeita resulta na formação do segmento intermaxilar. A
dos processos mandibulares. intermaxila é constituída por três componentes: (a)
componente labial, que formará o filtro do lábio
A região inferior do processo frontonasal,
superior; (b) componente maxilar, região do
no final da quarta semana, apresenta de cada lado
maxilar superior que conterá os quatro incisivos
espessamentos ectodérmicos ovalados, os
superiores; e (c) componente palatino, que
placódios nasais, que posteriormente vão
corresponderá ao palato primário.
diferenciar-se em derivados epiteliais sensitivos
(mucosa olfatória). Espessamentos similares Os processos maxilares continuam
formam-se acima dos processos maxilares, avançando para a linha média, porém são
originando os placódios do cristalino. O interceptados pelos processos nasais medianos.
mesoderma ao lado dos placódios olfatórios cresce Essas fusões ocorrem no período da sexta e sétima
e se eleva, sobrepondo-se a eles e assumindo uma semana.
forma de ferradura. Os bordos dessas elevações
As fossetas nasais estão agora muito mais
são chamados de processos nasais medianos e
aprofundadas e passam a formar as fossas nasais,
laterais. Os placódios olfatórios, então, passam a
que estão separadas entre si devido à persistência
situar-se em depressões nas fossetas nasais.
da parte profunda do processo frontonasal, o qual
Como o mesênquima dos processos medianos e
forma o septo nasal cartilaginoso. Os processos
laterais continua crescendo, as fossetas nasais
nasais laterais contribuem para a formação das
tornam-se aprofundadas e formam os sacos nasais
narinas. Os processos maxilares fundem-se pela
primitivos. Cada saco nasal fica em posição
sua outra extremidade com os processos
ventral ao encéfalo e estão separados inicialmente
mandibulares.
da cavidade oral pela membrana oronasal, cujo
rompimento ocorre muito cedo, deixando as Os lábios superiores apresentam dupla
cavidades oral e nasal em ampla comunicação. A origem. Lateralmente são formados pelos
separação das cavidades oral e nasal só ocorrerá processos maxilares, mas a parte central, a região
definitivamente com a formação do palato, correspondente ao filtro, origina-se da intermaxila,
quando o processo palatino primário e os isto é, a região da fusão dos processos nasais
processos palatinos laterais unir-se-ão entre si e medianos.
com o septo nasal. Os processos maxilares
crescem muito e aproximam-se na linha média Até o final da sexta semana, não existe
com os processos nasais medianos. uma separação entre lábios e gengiva. A separação
entre essas duas estruturas tem início quando um
Os processos maxilares, na quinta semana, espessamento ectodérmico começa a interpor-se
ainda estão separados dos processos nasais laterais entre elas, crescendo para dentro do mesênquima.
Giovanna Andrade Fernandes
Biomedicina | 2022.2
BRANQUIAIS – DERIVADOS DO
TERCEIRO ARCO BRANQUIAL
A cartilagem do terceiro arco dá origem ao
corno maior e à parte inferior do corpo do osso
hióideo.
A musculatura desse arco origina o
músculo estilofaríngeo. A inervação provém do
nervo glossofaríngeo (IX). A parte da língua que
é derivada desse arco também é suprida por essa
inervação.
Sistema Respiratório
INTRODUÇÃO
Na face ventral do intestino cefálico, na
parte correspondente à região caudal da futura
faringe, começa a esboçar-se um sulco
longitudinal, o sulco laringotraqueal, quando o
embrião tem cerca de 26 a 27 dias. Esse sulco
aprofunda-se, e a saliência ventral, em relação à
faringe primitiva, forma o divertículo
laringotraqueal. A porção cranial desse
divertículo originará a laringe, e a porção média
formará a traqueia. O divertículo laringotraqueal cresce
ventrocaudalmente (a partir do assoalho da
faringe) e vai sendo envolvido pelo mesoderma
esplâncnico. O revestimento endodérmico do
divertículo laringotraqueal origina o epitélio e as
glândulas da laringe, a traqueia, os brônquios, os
bronquíolos e o epitélio de revestimento
pulmonar. O tecido conectivo, as cartilagens e os
músculos desenvolvem-se do mesoderma
esplâncnico.
Giovanna Andrade Fernandes
Biomedicina | 2022.2
Sistema Digestório
PORÇÃO CAUDAL DO INTESTINO As membranas bucofaríngea e cloacal são
ANTERIOR: DESENVOLVIMENTO formadas pelo ectoderma e pelo endoderma e
NORMAL correspondem àquelas regiões em que o
Giovanna Andrade Fernandes
Biomedicina | 2022.2
mesoderma não pode se interpor durante a região compreendia entre o limite caudal do saco
formação do terceiro folheto germinativo. A vitelino até a membrana cloacal, e dele se
porção compreendida entre as duas membranas originará o restante do cólon transverso, o cólon
(bucofaríngea e cloacal) é totalmente originária da descendente, o sigmoide e o reto.
parte dorsal do saco vitelino. O endoderma origina
a maior parte do epitélio do tubo digestório e o
DESENVOLVIMENTO DO ESÔFAGO
parênquima de suas glândulas associadas (fígado A porção do intestino anterior situada
e pâncreas). A musculatura e os tecidos entre o divertículo respiratório e o futuro
conectivos do tubo digestório e do peritônio estômago, isto é, o esôfago, tem forma tubular e
visceral são originários do mesênquima não sofre variações morfológicas significativas
esplâncnico circunjacente ao revestimento durante a organogênese.
endodérmico do tubo digestório primitivo.
O esôfago não sofre grandes modificações
Esse mesoderma prende o tubo digestório morfológicas durante sua organogênese,
à parede dorsal do embrião pelo mesodorsal. Na conservando sua forma tubular inicial. Logo no
região ventral, também ocorre o mesmo começo, ele é bastante curto, mas, por volta de
fenômeno, mas o mesoventral não persiste por sete semanas, já atinge sus proporções finais
toda a extensão do tubo digestório. O mesoventral graças ao alongamento do corpo, resultando em
é mantido na maior parte do intestino médio e uma ascensão da faringe e do esôfago.
posterior.
O endoderma que reveste esse tubo se
As membranas bucofaríngea e cloacal desenvolve bastante e oblitera seu lúmen. Porém,
degeneram após as quatro primeiras semanas normalmente, ainda no final da vida embrionária,
iniciais, estabelecendo-se a comunicação do tubo uma recanalização é obtida. As glândulas mucosas
digestório com o exterior do embrião. desse órgão são originárias do endoderma. A
Por motivos didáticos, costuma-se dividir musculatura lisa do esôfago é derivada do
o tubo digestório primitivo em três regiões: mesênquima esplâncnico que circunda o
intestino anterior ou cefálico, intestino médio e endoderma, o qual delimita o tubo internamente, e
intestino posterior ou caudal. a musculatura estriada deriva do mesênquima dos
últimos arcos viscerais e, por isso mesmo, é
inervada por ramos do nervo vago que suprem o
quarto e o sexto arcos.
DESENVOLVIMENTO DO ESTÔMAGO
Duas rotações do esboço do estômago,
uma no seu eixo craniocaudal e outra no eixo
anteroposterior, definem a morfologia e o
posicionamento do estômago.
O estômago deriva da porção caudal do
intestino anterior. De início desenvolve-se
uniformemente, tomando um aspecto fusiforme na
quinta semana de desenvolvimento. Depois, esse
fuso desenvolve-se mais rapidamente na sua
parede dorsal do que na ventral. Ele está preso às
O intestino médio corresponde à região paredes dorsal e ventral do corpo pelos
que se comunica com o saco vitelino, e dessa parte mesogástrios dorsal e ventral, respectivamente. O
derivarão o restante do duodeno, o jejuno, o íleo, o próximo passo, no seu desenvolvimento, consiste
ceco, o cólon ascendente e parte do cólon em uma rotação de 90º no sentido dos ponteiros
transverso. O intestino posterior corresponde à do relógio, em torno de seu eixo longitudinal ou
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umbilical fisiológica. A herniação ocorre porque, normalmente, mas, no terceiro mês, sua
com o rápido crescimento da alça do intestino extremidade distal cresce mais lentamente, de
médio, a cavidade abdominal torna-se pequena modo a formar uma continuação distal de
para contê-la. Deve-se levar em conta também diâmetro bastante menor, o apêndice vermiforme.
que, nessa época, o fígado e os mesonefros e os Essa é uma estrutura filogeneticamente decadente
metanefros estão bastante desenvolvidos, e, como tal, pode ser muito variável quanto à
tornando, consequentemente, menor o espaço da forma.
cavidade abdominal.
Apesar da ampla movimentação durante a
A porção cranial da alça intestinal morfogênese do intestino médio, não ocorre
desenvolve-se rapidamente, originando a deslocamento dos intestinos cefálico e caudal,
formação das futuras alças intestinais. Na porção pois, já no início da morfogênese, formam-se dois
caudal, as modificações são bem menores. Ainda ligamentos, o de Treitz (cranial) e o frenocólico,
no interior do cordão umbilical, a alça do intestino que liga a flexura cólica esquerda ao diafragma.
médio sofre uma rotação de 90º no sentido
contrário ao dos ponteiros do relógio (olhando-se
MALFORAMÇÕES DO INTESTINO
o embrião pela face ventral). A rotação tem como MÉDIO
eixo a artéria mesentérica superior. Em
Onfalocele
consequência da rotação, a parte cranial da alça do
intestino médio (a que desenvolve as alças A onfalocele é uma malformação decorrente
intestinais) é voltada para a direita, e o segmento da falta de retorno das alças intestinais à cavidade
caudal se estabelece na esquerda. umbilical. A herniação normal, durante o
desenvolvimento do intestino médio, torna-se
Na décima semana de desenvolvimento,
persistente. A hérnia pode consistir em apenas
devido à atrofia dos mesonefros, à diminuição do
uma alça intestinal, como a persistência da maior
crescimento do fígado e ao aumento real da
parte do intestino. Nesse caso, o saco herniado
cavidade abdominal, o intestino médio herniado
está revestido pelo epitélio amniótico do cordão
volta gradativamente ao abdome para ocupar seu
umbilical. É um saco transparente.
lugar definitivo. À medida que o intestino volta,
ele sofre mais uma rotação de 180º ainda no Existe um tipo de extrusão da maior parte das
sentido inverso ao dos ponteiros do relógio, vísceras abdominais quando não há um
concluindo uma rotação final de 270º. fechamento perfeito das pregas laterais do corpo
durante o modelamento do corpo do embrião.
Em consequência dessa rotação final, o
ceco e o apêndice (derivados do segmento caudal A onfalocele diferencia-se da hérnia umbilical
do intestino médio) posicionam-se à direita em porque, nesse caso, a alça intestinal herniada é
posição sub-hepática. O intestino delgado revestida por tecido subcutâneo e pele.
derivado do segmento cranial fica colocado para a
Divertículo de Meckel
esquerda. No decorrer do desenvolvimento, o ceco
cresce para baixo e para o interior da fossa ilíaca O divertículo de Meckel é uma malformação
direita, ao passo que o alongamento da parte ocasionada pela persistência ou pela
proximal do cólon dá origem ao cólon ascendente. remanescência da porção proximal do ducto
vitelino. Ele tem cerca de 03 a 06 cm e,
A dilatação cecal inicialmente é invisível.
normalmente, passa despercebido, apresentando as
Até dois meses de desenvolvimento, tantas são as
mesmas camadas do íleo.
modificações que ocorrem no trato digestório que
o intestino delgado, que antes era uma linha Algumas vezes, pode se inflamar e ocasionar
contínua com o intestino grosso, agora desemboca sintomas como na apendicite. Pode acontecer
nesse quase em ângulo reto. Como consequência também que contenha tecido pancreático ou
dessa união angular, o cólon desenvolve um mucosa gástrica ectópicos. Nesses casos, podem
divertículo, o ceco. O ceco continua crescendo acontecer ulcerações ou mesmo perfurações.
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As cavidades celomáticas
intraembrionárias direita e esquerda inicialmente
apresentam ampla comunicação entre si. Após o
estabelecimento da forma do embrião, as
membranas mesodérmicas esplâncnicas fundem-
se na linha média e estabelecem uma separação
entre as cavidades celomáticas intraembrionárias.
Esse septo permanece indefinidamente em
algumas regiões do corpo, como na região
abdominal superior, mas, em outros locais,
desaparece parcialmente, colocando em contato a
cavidade celomática direita e esquerda, como no
tórax. Na quinta semana de desenvolvimento,
estão bem estabelecidas uma cavidade torácica e
uma abdominal, que se comunicam entre si por
Essas cavidades formam-se a partir da
canais situados ao lado do intestino anterior (os
cavidade celomática intraembrionária primitiva.
canais pericardioperitoneais). Esses canais, que
No decorrer da terceira semana e
correm paralelamente ao esôfago, são separados
desenvolvimento, o mesoderma intraembrionário
entre si por esse órgão e seus mesos dorsal e
define teres regiões: o mesoderma para-axial
ventral. É a partir desses canais que se formarão as
(somitos), o mesoderma intermediário
cavidades pleurais. As cavidades torácicas e
(relacionado ao futuro desenvolvimento
abdominal são separadas por um septo (o septo
urogenital) e o mesoderma lateral. Este último,
transverso), e as cavidades pericárdica e pleurais
depois da coalescência de várias fendas, delamina-
são separadas pelas membranas
se.
pleuropericárdicas.
pleurais. Mais tarde, os canais alargam-se muito mesoventral do esôfago, separando a cavidade
para conter os pulmões em crescimento. pericárdica das cavidades pleurais.
Cristas similares às pleuropericárdicas
formam-se mais caudalmente a essas: são as
cristas pleuroperitoneais, definidas como
projeções dorsolaterais da parede do corpo. Suas
bordas livres crescem e projetam-se para as
extremidades caudais dos canais
pleuroperitoneais. Na sexta semana, o crescimento
de suas bordas livres, em direção mediana e
ventral, faz com que elas se fundam com o
mesentério dorsal do esôfago e com o septo
transverso, estabelecendo definitivamente a
separação das cavidades pleurais da cavidade
abdominal. As membranas, após o crescimento de
mioblastos para o seu interior, formam as porções
posterolaterais do diafragma.
O crescimento acentuado dos pulmões faz
proeminência nos canais pleurais, abrindo espaços
cada vez maiores nas paredes laterais do corpo.
Assim, os pulmões e as membranas
pleuropericárdicas ficarão situadas de cada lado
do coração, com as relações características futuras
do adulto.
Em decorrência desse crescimento lateral
FORMAÇÃO DO DIAFRAGMA
dos esboços pulmonares para dentro dos canais
pleurais, forma-se um par de cristas na parede A estrutura que se manifesta na separação
lateral de cada canal. São as membranas entre a região pericárdica e o celoma abdominal é
pleuropericárdicas. o septo transverso. Ela começa a surgir no final
da terceira semana de desenvolvimento e formará
As membranas pleuropericárdicas formam-
o tendão central do diafragma. Essa estrutura é
se na face interna, na região cranial da cavidade
formada por uma camada de mesotélio celômico
torácica, à altura do coração. Essas cristas são
apoiado por uma massa de mesoderma. No
protuberâncias de mesênquima que contêm as
encurvamento cefálico do embrião, na quarta
veias cardinais comuns que se dirigem ao coração.
semana, o septo torna-se uma divisão incompleta
As veias cardinais comuns (ductos de entre as cavidades pericárdica e abdominal. Ele
Cuvier) drenam o sistema venoso embrionário cresce em direção dorsal, desde a parede ventral
para o seio venoso do coração em do corpo, e se funde com o mesênquima
desenvolvimento. De início, as membranas (mesentério) ventral do esôfago (mediastino
pleuropericárdicas projetam-se para as primitivo) e com as membranas pleuroperitoneais.
extremidades cranianas dos canais Durante o processo, cordões endodérmicos do
pleuropericárdicos. Subsequentemente, com o fígado em formação crescem e submergem em seu
crescimento das veias cardinais comuns, a descida mesênquima inferior. Essa área do fígado é
do coração e a manifestação da posição do seio conhecida como área nua, em contraste com o
venoso, essas veias cardinais deslocam-se em resto da superfície do fígado, recoberta pelas
direção à linha média, carregando as dobras camadas mesodérmicas esplâcnicas do mesentério
pleuropericárdicas, como se fossem mesentérios. ventral.
Na sétima semana, elas se fundem com o
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Esse mesentério corresponde ao ventrais do corpo, o coração fica por fora do lugar
mesentério dorsal das alças do jejuno-íleo. de convergência, em vez de ser incorporado.
Quando os cólons chegam à sua porção MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS –
definitiva, os mesentérios dos cólons ascendente, COMUNICAÇÃO ENTRE AS
descendente e da parede do sigmoide são CAVIDADES PERICÁRDICAS E
apertados contra o peritônio da parede dorsal
PLEURAIS
abdominal. Ocorre a fusão dessas camadas, e os
cólons ascendente e descendente ficam ancorados Um defeito pericárdico, que causa
em posição retroperitoneal definitiva. Somente o distúrbios relativos pequenos, é uma formação ou
apêndice e a porção inferior do ceco permanecem fusão defeituosa das membranas
com o seu mesentério livre. pleuropericárdicas que separam as cavidades
pericárdica e pleurais. Permanece uma
O mesocolo transverso evolui
comunicação entre a cavidade pericárdica e uma
diferentemente, apresentando uma linha de
das cavidades pleurais.
inserção, que se estende da flexura hepática do
cólon ascendente à flexura esplêcnica do cólon MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS –
descendente. EVENTRAÇÃO DO DIAFRAGMA
MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS – A eventração do diafragma é um defeito
HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA raro, no qual parte do diafragma apresenta
CONGÊNITA musculatura defeituosa e expandida para a
cavidade torácica. Como resultado, um pequeno
Hérnia diafragmática congênita é um
saco peritoneal contendo alças intestinais pode
defeito posterolateral do diafragma e ocorre com
entrar no tórax. Esse defeito ocorre de uma falha
mais frequência no lado esquerdo. Não se conhece
na formação do tecido muscular que se
bem a razão desse fato, mas provavelmente está
desenvolve dentro da membrana pleuroperitoneal.
relacionado ao fechamento mais precoce da
abertura pleuroperitoneal direita. Em geral, essa MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS –
malformação deve-se à falta de desenvolvimento HÉRNIAS UMBILICAIS E
da prega pleuroperitoneal. INGUINAIS
No final da sexta semana, as membranas
As hérnias umbilicais resultam de um
pleuroperitoneais devem estar fundidas com
fechamento imperfeito do cordão umbilical, e as
outros componentes diafragmáticos, se isso não
alças intestinais podem sair por essa abertura. O
ocorre, as alças intestinais, que retornam do
mesmo pode ocorrer na região inguinal.
cordão umbilical para a cavidade abdominal,
podem passar para dentro do tórax. Em casos mais MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS –
raros, o fígado e os rins também podem atingir a HÉRNIA EPIGÁSTRICA CONGÊNITA
cavidade torácica, deslocando o coração e os
pulmões e comprometendo a respiração quando a Hérnia epigástrica congênita é um defeito
criança nasce. raro, ocorrendo na linha média, entre o processo
xifoide e o umbigo. É decorrente da falta de fusão
MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS – completa das pregas laterais do corpo durante o
Ectopia cordis processo de fechamento transversal na quarta
semana.
Esse defeito se estabelece possivelmente
em torno da terceira semana de desenvolvimento, MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS –
quando ocorre a demarcação dos celomas intra e CECO E CÓLON MÓVEIS
extraembrionários pela abertura do corpo. Nesse
momento, quando estão formando-se as paredes O cólon ascendente, em condições
normais, funde-se com a parede dorsal do abdome
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Sistema Nervoso
NEURULAÇÃO embrião, acima da notocorda e de parte do
mesoderma para-axial. Essa placa consiste em um
No homem, o esboço primitivo que dará espessamento ectodérmico (a placa neural).
origem ao sistema nervoso surge em torno de 18
dias de desenvolvimento, antes mesmo do
aparecimento do primeiro somito. Ele desenvolve-
se a partir do ectoderma situado na região
mediodorsal do embrião, à frente do nó e acima do
cordomesoderma. O cordomesoderma, que atingiu
sua posição pelo processo de gastrulação, será o
responsável pela indução do ectoderma supra
adjacente a tornar-se tecido neuroblástico.
O tubo neural forma um cilindro fechado O fechamento do tubo neural nos humanos
que se separa do ectoderma superficial. Com a exige uma interação complexa entre fatores
formação do tubo neural, ficam separados o genéticos e ambientais. Genes como Pax3, sonic
ectoderma que originará o sistema nervoso e o hedgehog e openbrain são necessários para a
ectoderma de revestimento. Durante esse formação do tubo neural, assim como os fatores
desprendimento, o tubo neural ficará localizado nutricionais, como colesterol e vitamina B12 (ácido
abaixo do ectoderma de revestimento, que se refaz fólico). Foi estimado que 50% dos defeitos do
de maneira contínua sobre aquele. Entre os dois tubo neural poderiam ser evitados se tivessem
irão infiltrar-se, pouco a pouco, elementos administrado às gestantes vitamina B12.
mesenquimatosos. CRISTAS NEURAIS
Durante o fechamento do tubo neural,
algumas células que se acham próximas de sua
borda permanecem independentes, não ficarão
incluídas no tubo neural e nem no ectoderma de
revestimento que se refaz por cima do tubo neural.
Essas células constituem duas bandas situadas de
cada lado dos ângulos delimitados pelo tubo
neural e pelo ectoderma de revestimento. Elas
formam as cristas neurais.
Inicialmente, as cristas neurais formam
duas faixas contínuas e paralelas à placa neural
entre ela e o ectoderma supra-adjacente. No
fechamento do tubo neural, as cristas, ao se
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posicionando entre essas duas áreas, na face A formação da bainha de mielina em torno
voltada para o lúmen do tubo. dos axônios tem início ao redor do quarto mês de
vida fetal e esse processo continua durante todo o
As placas basais (cornos ventrais)
primeiro ano de vida pós-natal. A mielinização,
expandem-se, direcionando-se ventralmente.
em geral, completa-se na época em que as fibras
Decorre desse crescimento o aparecimento de um
se tornam plenamente funcionais.
sulco longitudinal mediano e ventral (a fissura
mediana ventral). Futuramente, anterior a essa As células de Schwann, derivadas das
fissura, ocorrerá a artéria espinal anterior. As cristas neurais, promovem a mielinização dos
placas alares (cornos dorsais) crescem e axônios dos neurônios motores somáticos e dos
aproximam-se uma da outra na linha média, neurônios motores autônomos pré-ganglionares,
obliterando a porção dorsal do tubo neural e tanto do simpático quanto do parassimpático,
formando, dessa forma, o septo mediano dorsal. quando esses saem do sistema nervoso central.
A medula apresenta agora sua forma definitiva, Essas células mielinizam também os
com seus cornos sensitivos dorsais, cornos prolongamentos central e periférico dos neurônios
motores ventrais e um pequeno canal medular pseudounipolares sensitivos viscerais e somáticos.
central. A mielinização dos axônios, ainda no interior do
sistema nervoso central, é promovida pelos
A medula espinal, na região torácica e
prolongamentos dos oligodendrócitos.
lombar superior, desenvolve mais um corno (o
corno lateral). A sua porção ventral situa-se na MEDULA ESPINAL – MODIFICAÇÕES
placa basal, e os axônios dos seus neurônios são NA POSIÇÃO DA MEDULA
aferentes e emergem pela raiz nervosa ventral,
indo para os gânglios simpáticos. A porção dorsal Em decorrência de um crescimento mais
do corno lateral situa-se na placa alar e, portanto, acentuado da coluna vertebral, a medula
é eferente. espinal, ao nascimento, está no nível da 2ª ou 3ª
vértebra lombar e, no adulto, geralmente, na
Os axônios dos neurônios do corno basal borda inferior da 1ª vértebra lombar.
(motor) são predominantemente eferentes
(motores) e atravessam a zona marginal Até o terceiro mês de desenvolvimento, a
(substância branca), e a sua reunião no lado medula ocupa toda a extensão do canal vertebral e
ventral da medula constitui a raiz motora dos os nervos espinais atravessam os forames
nervos espinais anteriores. Os nervos são vertebrais no seu nível de origem. Eles formam
responsáveis pela transmissão de impulsos praticamente um ângulo reto com a medula. Com
motores da medula para a periferia do corpo. o decorrer do desenvolvimento, no entanto, a
coluna vertebral e a dura-máter crescem mais
Os axônios dos neurônios do corpo dorsal rapidamente do que a medula. Os nervos espinais
(sensitivos) são predominantemente aferentes persistem com as suas saídas pelos forames
(sensitivos), penetram na zona marginal da iniciais e, por isso, principalmente os das regiões
medula (substância branca), de onde descem para lombar e sacra ocorrem obliquamente em relação
um nível mais baixo (ramo descendente) e sobem à medula. O posicionamento da medula dentro do
para um nível mais alto (ramo ascendente). canal vertebral obedece ao seguinte padrão: aos
MEDULA ESPINAL – MIELINIZAÇÃO seis meses de vida fetal, a medula situa-se ao nível
da primeira vértebra sacra, na criança recém-
As células de Schwann mielinizam os nascida, está no nível da segunda ou terceira
axônios de neurônios do sistema nervoso vértebra lombar, no adulto, geralmente termina na
periférico, ao passo que os olingodendrócitos borda inferior da primeira vértebra lombar,
mielinizam os axônios de neurônios do sistema próximo ao início da segunda.
nervoso central.
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precoces do desenvolvimento, as placas basais do tinha forma de fenda, agora está alargado e
mielencéfalo mostram espessamento originado por formará a porção caudal do quarto ventrículo. A
proliferação de neuroblastos motores que se parte mais caudal do mielencéfalo corresponde à
dispõem segmentalmente. São conhecidos como porção fechada do bulbo, e essa região muito se
neurômeros ou rombômeros e representam assemelha à medula espinal. O lúmen permanece
territórios separados nos quais as células dentro de um canal estreito. Neuroblastos das placas alares
cada um se misturam, mas não o fazem com as (sensitivas) migram para a zona marginal, onde
células de rombômeros adjacentes e cada um tem formam os núcleos gráceis (medianos) e os
destino característico. Eles fazem saliências em núcleos cuneiformes (laterais). Tais núcleos
cada lado da linha média na face ventral vista por associam-se com tratos do mesmo nome
fora e no piso do quarto ventrículo. provenientes da medula. Na área ventral do bulbo
Posteriormente, fundem-se, para formar as (porção fechada), surge um par de feixes de fibras
colunas ventrais de substância cinzenta, que corticoespinais descendentes, as pirâmides,
continuam com as da medula. A continuidade provenientes, em parte, do córtex cerebral. Na
dessas colunas é interrompida em certos pontos parte mais rostral do mielencéfalo, em decorrência
por especializações locais. Quando uma porção da do movimento de abertura, as placas alares
substância cinzenta fica mais ou menos situam-se lateralmente e mais dorsais do que as
delimitada, recebe o nome de núcleo. Os placas basais, resultando, posteriormente, em uma
neurômeros que, no homem, aparecem entre a porção mediana dos núcleos motores em relação
terceira e a quarta semana, têm uma existência aos núcleos sensitivos. Os neuroblastos das placas
transitória. São em número de seis e são basais do mielencéfalo (bulbo), assim como os da
classificados pelas letras a, b, c, d, e, f. O mais medula desenvolvem os núcleos motores. No
anterior está na altura da flexura pontina. Os mielencéfalo, esses núcleos originam três colunas
rombômeros relacionam-se com a origem dos em cada lado. Do centro para os lados, são as
pares craniais que inervam os arcos branquiais e seguintes: (a) eferente somático geral (neurônios
que são o trigêmeo (V), que inerva o primeiro arco do nervo hipoglosso); (b) eferente visceral
branquial, e sua raiz motora, que se origina na especial (neurônios que inervam os músculos dos
zona correspondente aos rombômeros a e b; o arcos branquiais); (c) eferente visceral geral lateral
facial (VII), que inerva o segundo arco branquial e (alguns neurônios do vago e do glossofaríngeo).
sua raiz motora, que se origina na zona As placas alares contêm os núcleos sensitivos que
correspondente ao rombômero c; o glossofaríngeo formam quatro colunas de cada lado. Essas são do
(IX), o vago (X) e o espinal (XI), que inervam os centro para os lados: (a) aferente visceral geral
terceiro e o quarto arcos e que têm origem dos (recebe impulsos das vísceras); (b) aferente
rombômeros e e f (seus neuroblastos constituirão visceral especial (recebe impulsos dos botões
o núcleo ambíguo). Estranhamente foge dessa gustatórios da língua); (c) aferente somático geral
relação entre rombômeros e arcos branquiais o (recebe impulsos das fibras provenientes da
rombômero d, que origina o motor ocular externo superfície da cabeça); (d) aferente somático
(VI). A modificação mais pronunciada, já no especial (recebe impulsos provenientes da orelha).
início do desenvolvimento da parte rostral do Além da formação das colunas, outros
mielencéfalo (região aberta do bulbo), é a neuroblastos da placa alar migram para baixo, isto
divergência dorsal das placas laterais, isto é, as é, posicionam-se ventrolateralmente à placa basal,
placas rotam em torno de um eixo longitudinal originando o complexo nuclear olivar. A placa do
imaginário, comparando-se ao movimento que se teto do mielecéfalo, extremamente fina, é
faz quando se abre um livro. Como consequência, constituída por uma única camada de células
a parede do teto fica muito adelgaçada e formará a ependimárias, recobertas externamente pela pia-
tela coroide do quarto ventrículo, porém, a máter (mesênquima vascular). Essas duas
estrutura geral das paredes laterais continua estruturas constituem a tela coroide. Uma
similar à da medula, com o sulco limitante proliferação ativa do mesênquima vascular
separando as placas alares e basais. O lúmen, que determina uma série de invaginações dessa tela,
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que se projetam para dentro do lúmen do quarto pedúnculos cerebelares médios. Como ocorreu
ventrículo, na região correspondente à flexura na medula e no bulbo, o sulco limitante, no
pontina, originando o plexo coroide, produtor de metencéfalo, separa as placas alares e basais, e os
líquido cerebrospinal. Posteriormente, em torno núcleos aferentes encontram-se em posição dorsal
do quarto mês de desenvolvimento, surgem em relação ao sulco, ao passo que os núcleos
orifícios na placa do teto do romboencéfalo, em eferentes estão em posição ventral. Cada placa
regiões em que ele se torna muito adelgaçado, basal contém dois grupos de núcleos motores: (a)
originando os forames de Luschka (dois laterais) em posição medial, o eferente somático, que
e o de Magendie (mediano), através dos quais o origina o nervo abducente (VI); (b) em posição
líquido cerebrospinal tem acesso livre ao espaço lateral, o grupo visceral: eferente visceral especial,
subaracnoide. Após circular pelo espaço que origina os componentes branquiomotores do
subaracnoide, o líquido cerebrospinal será nervo trigêmeo (V), que inerva a musculatura de
absorvido para dentro do sistema venoso através origem do primeiro arco branquial e do nervo
das vilosidades aracnoides que são protrusões da facial (VII), que inerva a musculatura originada do
aracnoide que se interiorizam para os seios segundo arco branquial; eferente visceral geral,
venosos durais. Plexos coroides semelhantes que contém fibras salivares do nervo facial. O
formam-se no teto do terceiro ventrículo e nas desenvolvimento das placas alares do metencéfalo
paredes medianas dos ventrículos laterais. apresenta um desenvolvimento diferente de
acordo com suas porções ventromediais ou
dorsolaterais. Suas porções ventromediais contêm
três grupos de núcleos sensitivos: (a) coluna
aferente visceral geral, correspondente à porção
cranial do núcleo sensitivo dorsal do nervo vago;
(b) coluna aferente visceral especial,
correspondendo à porção cranial do núcleo do
trato solitário, que recebe fibras gustatórias da
língua e do palato através do nervo intermediário,
do nervo glossofaríngeo (IX) e do nervo vago (X);
(c) coluna aferente somática lateral, que recebe
Metencéfalo fibras sensitivas da porção pontina do nervo
trigêmeo; e uma pequena porção do complexo
O metencéfalo é derivado da região mais vestíbulo-coclear, que recebe fibras aferentes
cefálica do rombencéfalo e está compreendido sensitivas especiais da orelha interna.
desde a flexura pontina até o istmo
rombencefálico. Suas paredes originam a ponte e
o cerebelo, ao passo que o seu lúmen contribui
para a formação da parte cranial do quarto
ventrículo. A camada marginal das placas basais
originam a ponte, local por onde passam muitas
fibras nervosas que ligam a medula espinal com os
córtices cerebral e cerebelar. Devido à grande
quantidade de fibras que passa pelo plano
mediano da ponte, forma-se uma saliência
volumosa no seu lado anterior e lateral. Além da
grande quantidade de fibras nervosas, na ponte DESENVOLVIMENTO DO
desenvolvem-se os núcleos pontinos, derivados de
MESENCÉFALO
neuroblastos que migraram das placas alares do
metencéfalo e do mielencéfalo. Os axônios desses A parede dorsal do mesencéfalo, ao
neurônios dirigem-se ao cerebelo, formando os contrário das vesículas rombencefálicas, não se
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adelgaça. Suas placas alares e basais, separadas Essa região desenvolve-se a partir das placas
pelo sulco limitante, são facilmente basais do mesencéfalo e contém os núcleos de
reconhecidas. origem do terceiro par craniano (oculomotores) no
nível dos colículos superiores, os núcleos do
Anatomicamente, o mesencéfalo é quarto par (tocleares) no nível dos colículos
formado por três regiões principais: o teto, o inferiores. No tegumento do mesencéfalo, situam-
tegumento (porção média) e a porção se os núcleos rubros, que estão em cada lado,
peduncular (pé do pedúnculo). perto da linha média. A substância nigra (núcleo
negro) também teria origem na placa basal, que
está situada em ambos os lados, adjacente ao
pedúnculo ceberal.
DESENVOLVIMENTO DO
PROSENCÉFALO
O prosencéfalo se subdividirá,
originando duas vesículas: o diencéfalo e o
Teto do mesencéfalo telencéfalo.
Os neuroblastos das placas migram para o teto
Diencéfalo
ou tectum e formam dois pares de eminências
conhecidas como colículo superior (anterior) e O diencéfalo é uma vesícula ímpar, derivada
colículo inferior (posterior). Essas quatro do prosencéfalo, limitada, posteriormente, por um
elevações recebem o nome de tubercúlos plano que passa atrás da pineal e dos corpos
quadrigêmeos. Os colículos superiores são mamilares e, anteriormente, por um plano que
centros reflexos e de correlação visual, e os passa na frente do quiasma óptico e do forame de
inferiores estão relacionados aos reflexos Monro. Em corte transversal, o diencéfalo
auditivos. Os colículos formam-se por intensa apresenta uma forma hexagonal. Para alguns
proliferação de células do manto que migram para autores, essas seis faces têm correspondência com
a zona marginal. as descritas para a medula, o bulbo etc., ou seja,
placas alares, basais do teto, e do assoalho. Outros
Porção média do mesencéfalo – o autores não encontram essa correspondência e
tegumento consideram que o diencéfalo não apresenta placas
Giovanna Andrade Fernandes
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basais e nem assoalho, sendo que as alares se telencefálicas entram em continuidade ao longo do
fundiram na linha média ventral. O diencéfalo teto do diencéfalo constituem as lâminas coroides
origina importantes estruturas e, apesar disso, seu dos ventrículos laterais. Nessa região,
crescimento é pouco acentuado. O grande inicialmente, o delgado epêndima do teto dos
espessamento de suas paredes laterais comprime o hemisférios é contínuo com o teto ependimário do
lúmen, resultando daí o terceiro ventrículo como terceiro ventrículo. É nesse local que se formam
uma estreita fenda vertical. Antes que o os plexos coroides dos ventrículos laterais. Os
prosencéfalo se divida e mesmo antes do hemisférios cerebrais expandem-se muito.
fechamento do neuróporo anterior, surgem duas Porlongam-se em direção rostral e ocultam a
projeções laterais, as vesículas ópticas. Mais porção média do telencéfalo (lâmina terminal).
tarde, com a divisão do prosencéfalo, elas ficarão Expandem-se ainda mais em direção dorsal e
em conexão com o diencéfalo. Essas vesículas caudal, cobrindo todo o diencéfalo e o telencéfalo.
formarão a retina e as vias ópticas primárias, além Os hemisférios se encontram na linha média.
de induzir a formação de diversos constituintes do Nessa região, suas faces achatam-se (superfície
globo ocular. mediana) e aprisionam o mesênquima na fissura
longitudinal entre elas, originando a foice do
Telencéfalo cérebro (lâmina de dura-máter). Inicialmente as
paredes das vesículas telencefálicas estão
No início, é formado por uma vesícula única, constituídas, como em outros segmentos do tubo
mas é a que apresenta o maior e mais complexo neural, por uma camada epedimária, uma camada
desenvolvimento nos mamíferos. Essa vesícula, a do manto e uma marginal. Os neuroblastos da
mais anterior do tubo neural, logo apresenta duas camada do manto migram para a camada marginal
evaginações dorsolaterais, as vesículas de maneira que o córtex cerebral será marginal
telencefálicas, que darão origem aos hemisférios (substância cinzenta). A substância branca,
cerebrais. A parte cranial média do telencéfalo é constituída pelos prolongamentos dos neurônios
chamada lâmina terminal e não participa na corticais, será de localização interna nos
formação dos hemisférios cerebrais. As cavidades hemisférios cerebrais. Na substância branca, são
das vesículas telencefálicas (ventrículos laterais) encontradas fibras de associação que põem em
no início se comunica amplamente com o lúmen mútua relação os córtices cerebrais de ambos os
do terceiro ventrículo (diencéfalo) por meio do lados, assim como feixes de fibras de proteção que
orifício interventricular de Monro. Mais tarde, estabelecem relações do córtex cerebral com
essas comunicações tornam-se muito menores. A outras partes do sistema nervoso. Situados na
separação das paredes laterais do tubo neural em substância branca, ladeando os ventrículos,
placas basais e alares não está definida. Há autores encontram-se massas nucleares (substância
que consideram, no telencéfalo, somente a cinzenta), que constituem os núcleos da base. O
existência da lâmina do teto e as placas alares. De conjunto dos principais núcleos da base forma o
qualquer maneira, as vesículas telencefálicas, corpo estriado.
devido às suas relações gerais, são consideradas
provenientes das placas alares. As vesículas Corpo estriado
telencefálicas laterais apresentam expansão rostral
muito grande, muito maior que a parede rostral do No decorrer da sexta semana de
segmento médio do telencéfalo (a lâmina desenvolvimento, começa a se formar uma
terminal). É por meio da porção dorsal da delgada saliência proeminente na camada do manto das
lâmina terminal que, durante o desenvolvimento, paredes ventrolaterais dos hemisférios cerebrais.
se tornam visíveis feixes de fibras que cruzam de Essa região corresponde à região basal interna dos
um lado a outro o cérebro, relacionando entre si os hemisférios, portanto justaventricular, onde há
centros olfatórios. Essa é a primeira conexão inter- comunicação direta com a área talâmica do
hemisférica que surge e que se chama comissura diencéfalo. Essa formação, de aspecto estriado, é
anterior. As zonas onde as vesículas raiada por feixes fibrosos brancos na sua
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substância cinzenta, daí seu nome. São conexões consideravelmente a área do córtex cerebral sem
muito complexas, algumas das quais ainda não aumento de volume de massa encefálica.
compreendidas, mas sabe-se que intervêm na
coordenação de atividades musculares muito
complexas. A configuração é visível no terceiro
mês. O crescimento dos hemisférios também afeta
ventrículos situados dentro deles, formando seus
prolongamentos, ou cornos anterior e inferior.
Durante o crescimento, o corpo estriado está
dividido em duas partes: uma parte dorsomedial,
que forma o núcleo caudado, uma porção
ventrolateral, que forma o núcleo lenticular. A
divisão do corpo estriado em núcleo caudado e
lenticular deve-se ao desenvolvimento de feixes
de fibras aferentes e eferentes, que conectam
mutuamente o córtex cerebral e os centros Córtex cerebral
inferiores e atravessam a massa nuclear do corpo
estriado. Esse feixe de fibras constitui a cápsula O córtex cerebral pode ser dividido em uma
interna. O núcleo caudado recebe esse nome área filogeneticamente mais antiga, a porção
porque, no seu crescimento, com exceção da parte cortical do rinencéfalo (paleopálio), e em uma
rostral, ele se adelgaça. A porção rostral mais mais recente (neopálio). O riencéfalo começa a se
volumosa, piriforme (cabeça), e o corpo situam-se formar em torno da sexta semana como uma
no assoalho do prolongamento ou corno anterior evaginação da parte ventral do telencéfalo.
do ventrículo lateral, e a porção afilada e alongada Compreende duas partes: uma basal e outra
(cauda) faz uma volta em U e situa-se no teto no cortical. A porção basal, que se exterioriza como
prolongamento inferior. O núcleo lentiforme, evaginação do telencéfalo, é constituída pelo
mais tarde, é subdividido em uma porção lateral bulbo olfatório e pelo pedúnculo olfatório. A
externa, o putame, e em uma porção medial, o porção cortical do rinencéfalo localiza-se na parte
globo pálido. Putame, que significa casca, do telencéfalo e é composta pelo hipocampo e
corresponde à parte externa do núcleo lenticular, e pela substância cinzenta, imediatamente contígua.
a parte interna, que, no adulto, apresenta muitas As células dessa área migram da camada do manto
fibras mielinizadas, que lhe dão aspecto para a zona marginal, onde formam uma delgada
esbranquiçado, recebe o nome de globo pálido. camada superficial e servirão do ponto de
Como consequência da expansão dos hemisférios retransmissão dos impulsos olfatórios. O número
cerebrais, suas superfícies mediais aproximam-se de camadas dessa região cortical é menor do que
das superfícies laterais do diencéfalo, ocorrendo, as seis características do neocórtex. O hipocampo
posteriormente, fusão dessas paredes, permitindo apresenta configuração arqueada, acompanhando
que o núcleo caudado e o tálamo entrem em a extensão dos hemisférios cerebrais e formando a
íntimo contato. O crescimento dos hemisférios porção ventromedial do córtex cerebral,
cerebrais origina a formação dos lobos frontal, caudalmente, segue a curva do núcleo caudado. O
temporal, parietal e occipital. Contudo, a região neocórtex deriva do neopálio. Nos primatas, o
lateral do corpo estriado cresce mais devagar, neocórtex oculta por completo o rinencéfalo, tão
ficando em uma depressão conhecida como lobo desenvolvido nos mamíferos inferiores e ainda
da ínsula. Essa região é recoberta pelo mais em outras classes. O neocórtex está
crescimento dos lobos adjacentes. Os hemisférios especialmente desenvolvido no homem. É no
cerebrais, inicialmente, apresentam superfície lisa, neocórtex que se desenvolvem os centros
mas, à medida que crescem, surgem muitos sulcos relacionados com a memória, a atividade
e giros (atingindo o máximo de desenvolvimento voluntária e o controle inibitório, o que se deve ao
no homem). Esse mecanismo permite aumentar grande número de zonas associativas, sendo
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