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I - Lei 11.340/2006 - "Lei Maria Da Penha"
I - Lei 11.340/2006 - "Lei Maria Da Penha"
Prefácio
A Lei Maria da Penha cancelou a Lei 9099/95 para casos de violência doméstica, que
versa sobre crimes de baixo poder ofensivo que podem ser resolvidos por meio de
conciliação entre as partes e não geram uma ação penal.
No âmbito do Poder Judiciário a Lei Maria da Penha cria Juizado e Vara Especializada
de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, o qual deve ser composta por
equipe multidisciplinar (assistente social e psicóloga/o).
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a
mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão,
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio
permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente
agregadas (“local físico”);
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos
que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou
por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha
convivido com a ofendida, independentemente de coabitação (relações de afeto do
presente ou do passado, independente da orientação sexual)
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Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, caberá ao juiz, no prazo de
48 (quarenta e oito) horas:
Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a
requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida.
Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir avaliação mais aprofundada, o juiz
poderá determinar a manifestação de profissional especializado, mediante a indicação
da equipe de atendimento multidisciplinar
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II Referências do edital
ALVES, Andrea M. Pensar o gênero: diálogos com o Serviço Social. In: Revista
Serviço Social e Sociedade, nº 132. São Paulo: Cortez Editora, 2018. SciELO - Brasil -
Pensar o gênero: diálogos com o Serviço Social Pensar o gênero: diálogos com o
Serviço Social. Acesso em: 20 jul. 2021.
Há no Serviço Social uma compreensão geral de que gênero trata das relações
de poder na vida social, relações essas que atribuem posições assimétricas ao
masculino e ao feminino (pg. 269)
O artigo apresenta as três abordagens sobre gênero mais comuns nas pesquisas no
campo do Serviço Social brasileiro. São elas: o marxismo, as relações sociais de sexo
e a interseccionalidade.
1) Gênero e marxismo:
Marx oferece um caminho apropriado para a compreensão das relações de
gênero como relações sociais.
Posições relacionais de homens e de mulheres são componentes do modo de
produção e da reprodução da vida, por isso são socialmente construídas → divisões
de papeis sociais que se apresentam como naturais são socialmente
construídas
Para Marx a divisão do trabalho começa com a separação entre trabalho
manual e trabalho intelectual, e não com a divisão sexual. - este é um ponto que
deve ser problematizado, já que para Marx o lugar que as mulheres vão ocupar na
força de trabalho não é tratado como uma questão que afeta diferentemente
homens e mulheres e sim como um processo que diz respeito à lógica da
acumulação capitalista.
Engels avança nesse ponto ao trazer que dominação das mulheres pelos
homens ocorreu concomitante à formação da família monogâmica e ao advento da
propriedade privada (= ao advento da sociedade capitalista), o que foi problematizado
pelo feminismo ao apontara a dominação masculina nas sociedade pré-classistas.
Heleieth Saffioti: referência brasileira na abordagem da subordinação feminina
na sociedade de classes: 1) trabalho não pago desenvolvimento pelas mulheres
(economia dos cuidados como coluna de sustentação da ordem capitalista) + impacto
da incorporação das mulheres no trabalho assalariado; 2) relação entre sexo e classe
A incorporação das mulheres à força de trabalho no capitalismo varia
conforme o grau de desenvolvimento das forças produtivas → O pleno
desenvolvimento do sistema capitalista de produção coloca o trabalho feminino as
margens do trabalho remunerado, ou seja, leva as mulheres ao trabalho parcial ou à
posição exclusiva de “dona de casa” → legitimação ideológica do lugar
subalternizado da mulher na sociedade de classes
A marginalização da mulher em uma sociedade periférica como a brasileira se
dá pela estratificação social (= distribuição de prestígio, status e autoridade na
ordem social) que é composta por 03 elementos: sexo, idade e raça. “Segundo a
autora, a estratificação social é um catalisador das tensões sociais na ordem
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3) Interseccionalidade
Relevância para as relações raciais (presentes nos estudos de Saffioti) e
também nas discussões das relações sociais e sexo;
Até 1970 o feminismo trabalhava como o patriarcado como a forma universal
da exploração das mulheres – pureza sexual imposta as mulheres brancas e
maternidade vigiada como formas de dominação dos corpos e da sexualidade das
mulheres pelos homens e para proveito deles – feminismo negro –
hipersexualização das mulheres negras e negação da maternidade como forma de
dominação dos corpos e da sexualidade das mulheres pelos homens e para proveito
deles = patriarcado diminuiu e invisibilizou as experiencias corporais e sexuais das
mulheres negras
A abordagem interseccional coloca a raça e a sexualidade no centro da
problematização das relações de gênero e o “feminismo negro é o berço da
interseccionalidade” (pg 279).
“Na abordagem interseccional, a raça funciona como experiência de
constituição do eu e como criação de uma comunidade de sentidos e de destino
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Considerações finais:
“Lacunas para o Serviço Social: gênero tem sido usualmente pensado como
sinônimo de mulheres. Em geral, é a situação das mulheres que aparece com mais
nitidez nas abordagens sobre gênero empregadas na área. Os homens aparecem
menos e quando o fazem é por derivação. Os homens se fazem conhecer a partir da
investigação sobre mulheres. As pesquisas acabam enfocando a questão da mulher
ou das mulheres e menos as relações de gênero propriamente ditas. Não é por acaso
que inúmeras vezes o interesse pelo conceito de patriarcado é o que desponta nos
estudos do Serviço Social, fazendo comque se perca o foco na discussão de gênero”
(pg. 283).
A tendência à incorporação da questão étnico-racial tem sido feita pela via da
relação com o debate marxista clássico, em que raça tende a aparecer como forma de
estratificação social — o mesmo se passa com gênero —, e assim coadjutora das
relações de exploração de classe, ou através da abordagem das relações sociais de
sexo, incluindo raça como consubstancial à classe e gênero e, portanto, estruturante
da vida social (pg 283/4).
Introdução
A negação do direito das mulheres à autonomia sobre o próprio corpo reflete uma
estrutura patriarcal, portanto, a garantia dos direitos reprodutivos (que inclui o aborto)
na esfera dos direitos humanos das mulheres está diretamente relacionado a
conquista da autonomia das mulheres.
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O Serviço Social é uma das áreas de reflexão quanto aos direitos reprodutivos das
mulheres e o CFESS – Conselho Federal de Serviço Social vem aquecendo o debate
sobre o aborto, mas ainda há uma lacuna na produção da área a no trabalho
profissional.
1) Concepção de direitos adotada pelas autoras: direitos sociais são possibilitam o fim
da desigualdade social ou a emancipação humana, mas permitem que grupos
oprimidos quebrem o silêncio, a naturalização da condição subalterna e busquem
outras possibilidades de inserção na sociedade.
consequências. (Nações
A discussão feminista sobre o aborto tem como eixo norteador a autonomia das
mulheres, o que nos aponta para aproximação entre essa questão e o Serviço Social
→ a autonomia necessita da liberdade para que possa existir de verdade → O Código
de Ética do Serviço Social (Brasil, 2012), de 1993, revisado e atualizado em 2011, traz
como um dos princípios fundamentais o reconhecimento da liberdade como valor
central, bem como das demandas políticas relativas a ela, como a autonomia, a
emancipação e a plena expansão dos indivíduos sociais (pg 317) + todos os demais
princípios do código de ética estão articulados ao da liberdade, mas vale destaque
para a defesa intransigente dos direitos, a busca por uma nova ordem societária sem
opressão de classe, gênero e raça/etnia, o enfrentamento das desigualdades =
Serviço Social alinhado com as discussões feministas quanto aos direitos sexuais e
reprodutivos:
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Prevê que uma vítima de abuso sexual ou estupro terá que realizar um boletim de ocorrência e fazer um
exame de corpo de delito para, só então, ser atendida em uma unidade de saúde e também modifica o
tipo de atendimento que essa vítima receberá no hospital, vetando, por exemplo, que ela receba
orientações sobre aborto legal
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Porém, embora o debate esteja presente nos órgãos de defesa da categoria, não está
necessariamente presente no conjunto da categoria.
Considerações finais
“A luta das mulheres pela liberdade sexual e reprodutiva, bem como pela legalização
do aborto, conforme percebemos, sempre foi pauta do movimento feminista” (pg. 321).
“A questão do aborto no Brasil exige não apenas a mudança na lei, mas também a
adaptação das políticas sociais e as mudanças nos padrões estabelecidos
culturalmente e que respaldam as práticas sociais” (pg. 321).
“No que tange ao Serviço Social, mesmo com as diversas manifestações do CFESS e
do posicionamento oficial em relação ao aborto, não é possível afirmar que, no
cotidiano de trabalho, as assistentes sociais traduzam essa direção em sua prática
profissional. Assim como não é possível afirmar que conheçam ou concordem com o
posicionamento do CFESS” (pg. 321).
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É o dia de luta pela descriminalização do aborto na América Latina e Caribe, a campanha do dia 28 de
setembro foi instituída em 1990, durante o 5º Encontro Feminista Latino-Americano e Caribenho,
realizado na Argentina.