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Eam 4chaves
Eam 4chaves
Fortaleza/CE, 2016
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Sumário
1- INTENCIONALIDADE E RECIPROCIDADE................................................................. 5
2- SIGNIFICADO .............................................................................................................7
3- TRANSCENDÊNCIA ................................................................................................... 8
4- COMPETÊNCIA ........................................................................................................ 10
REFERÊNCIA.................................................................................................................... 12
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Experiência de Aprendizagem Mediada (EAM) é a Teoria Cognitiva que propõe a
mediação como elemento potenciador do desenvolvimento e da modificabilidade do
educando. É o processo através do qual um indivíduo mais experiente se interpõe entre o
estudante (organismo) e o estímulo (aquilo que deve ser aprendido), modificando o estímulo de
acordo com as necessidades do aprendiz.
Assim sendo, Feuerstein enriquece o conceito de Piaget do S-O-R
(Estímulo/Organismo/Resposta), colocando entre eles o mediador. A imagem que temos, então,
fica assim:
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processo de aprendizagem.
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critérios ou tipos fundamentais de interação. Os quatro primeiros critérios são necessários e
suficientes para uma interação ser considerada mediação. Os seis critérios restantes podem
funcionar e, diferentes momentos, onde e quando apropriados, servindo para equilibrar e
reforçar uns aos outros.
São eles:
1- Intencionalidade e Reciprocidade 5- Autorregulação e Controle do Comportamento
2- Significado 6- Compartilhamento
3- Transcendência 7- Individuação
4- Competência 8- Planejamento de Objetivos
9- Desafio
10- Automodificação
1- INTENCIONALIDADE E RECIPROCIDADE
ELABORAÇÃO:
É como se o mediador colocasse uma lente de aumento sobre um estímulo em
particular para focá-lo melhor e distingui-lo dos demais. Isso é intencionalidade. A intensificação
do estímulo chama a atenção do mediado, provocando o que Feuerstein chamava de "estado
de vigilância" voltado para esse estímulo. Isso é reciprocidade.
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Para aprender é preciso ser capaz de cria significado a partir de uma grande quantidade de
estímulos que impactam continuamente sobre os sentidos. É preciso aprender a isolar cada
estímulo em particular e interagir conscientemente com eles. Isso é alcançado pelo
relacionamento entre mediador e mediado. O mediador isola e interpreta os estímulos
(INTENCIONALIDADE) e os apresenta de maneira que resultem numa resposta (RECIPROCIDADE)
esperava do mediado.
IMPORTANTE:
A mera intenção de intervir e de interpretar um estímulo não garantirá que a
atenção ou a vigilância ocorra (escrever um livro não garante que ele será lido).
Para assegurar reciprocidade, o mediador deve buscar ativamente a atenção do
mediado e impor propositalmente a mediação (o leitor deve ser levado a abrir o livro escrito e
se engajar na leitura).
NA SALA DE AULA:
Obstáculos à intencionalidade e reciprocidade podem ser, principalmente: (a)
aguardar que o estudante inicie uma interação na crença de que é importante não impor a
iniciação com um estímulo. Nesse caso não há intencionalidade; (b) professor convida à
interação numa lição relevante é bem preparada, mas na qual os estudantes não são iniciamos
pelo professor por estarem cansados, por falta de interesse ou por falta de motivação, por não
perceberem a importância do tópico, ou outro motivo subjetivo. Nesse caso não há
reciprocidade.
LEMBRE-SE:
Há três elementos que influenciam e que estão envolvidos na intencionalidade e
reciprocidade:
- MEDIADOR, cuja linguagem, ritmo e gestual podem ser variados para realçar a
intencionalidade;
- MEDIADO, cujo foco de atenção, nível de interesse e disponibilidade afetam a reciprocidade;
- ESTÍMULO (apresentação de ideias e de material que estejam vinculamos aos domínios de
aprendizagem ou a elementos de sua construção), que pode ser variado em termos de
amplitude, repetição, modalidade, etc, para ampliar a intencionalidade e reciprocidade.
2- SIGNIFICADO
APLICAÇÃO:
- Ressaltar o valor dos módulos aos estudantes, dando-lhes sentido na formação, e significado
perante as DCN.
- Tornar explícitas as estratégias e habilidades subjacentes envolvidas em cada tarefa.
- Energizar o estímulo, alterando sua frequência ou intensidade.
- Utilizar comportamentos não-verbais (posição, expressão facial, nível e inflexão de voz) para
dar significado.
- Reconhecer o significado expresso pelas respostas dos estudantes.
3- TRANSCENDÊNCIA
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critério necessário para que uma interação se constitua numa experiência de aprendizagem
mediada. Na sua essência, qualquer ato que seja uma experiência de aprendizagem Mediada
deve incluir intencionalidade e reciprocidade, significado e transcendência.
Ela ocorre quando o mediador liga uma atividade específica com outras. Isso
movimenta o mediado para além da necessidade direta e imediata explicitada pela interação.
Assim, é formada uma ponte entre a atividade imediata e outras atividades relacionadas.
Fazendo isso, o mediador amplia o sistema de necessidades do mediado, incluindo
a necessidade por compreensão, por pensamento reflexivo e pela formação de relações entre
atividades. A transcendência é capaz de desenvolver:
(A) uma profunda compreensão das coisas;
(B) uma curiosidade que leva o mediado a inquirir e descobrir sobre as relações entre as
coisas;
(C) uma percepção de como as coisas estão interligadas;
(D) um desejo de saber mais sobre as coisas e de buscar explicações sobre elas.
NA SALA DE AULA:
O potencial da transcendência fica limitado quando o foco estiver nos fatos e na
mera repetição demorada desses fatos, e quando o conhecimento é fragmentado e
compartimentado.
Esse potencial pode ser materializado quando o foco está no ensino do processo -
ensino do conceito subjacente - e quando o conhecimento está integrado e ligado a um contexto
mais amplo.
LEMBRE-SE:
A mediação da transcendência envolve:
- encontrar uma regra geral que se aplique a situações correlatas;
- ligar eventos do presente com eventos do futuro;
- engajar-se num pensamento reflexivo para alcançar a compreensão do que está subjacente
na situação;
- pensar lateralmente sobre experiências e conclusões.
4- COMPETÊNCIA
NA SALA DE AULA:
A autoconfiança pode ser facilmente corroída na sala de aula. Os sistemas
educacionais que são competitivos e orientados para produtos frequentemente dão mais
atenção aos erros que aos passos dados em direção aos acertos e ao sucesso da tarefa.
Quando a atenção negativa é direcionada para o erro, os mediados começam a se
definir em termos de suas fraquezas e não dos seus pontos fortes. Essa percepção negativa leva
ao tipo de autoimagem na qual o mediado acredita que nunca será bom o suficiente,
independentemente dos sucessos que consiga alcançar.
Uma autoimagem pobre pode ser responsável por vários problemas
comportamentais na sala de aula, tais como:
- falta de confiança, quando os mediados passam a ficar tão preocupados com a percepção de
capacidade superiores professores e de outros alunos que se tornam relutantes em tentar ou
perseverar nas tarefas propostas;
- falta de motivação, quando os mediados evitam uma atividade ou tarefa, ou deixam de
participar por não entender seu significado ou por acharem-se incapazes;
- ansiedade, resultando em impulsividade e mau desempenho.
A percepção que os mediadores tem dos mediados e passam para eles, tanto a
explícita ("você não é capaz disso!") quanto a implícita ("isso não interessa a vocês, porque vocês
não entenderiam mesmo"), causa um profundo impacto em seu senso de competência. Os
mediados frequentemente buscam satisfazer as expectativas dos outros, sejam elas positivas ou
negativas. O resultado é a realização de uma profecia.
APLICAÇÃO:
- Modificar o estímulo de acordo com o nível de competência do mediado, selecionando
material apropriado, simplificando, reduzindo a velocidade e repetindo.
- Formular perguntas de acordo com o nível de desenvolvimento dos mediados.
- Interpretar as razões para o sucesso dos mediados e certificar-se de que tenha compreendido
os processos que levam a um desempenho bem-sucedido.
- Deixar claro para os mediados o progresso que cada um está atingindo, ao longo do processo.
- Responder aos elementos positivos do trabalho dos mediados, mesmo quando os resultados
finais não são satisfatórios.
REFERÊNCIA
Aprendizagem mediada dentro e fora da sala de aula / Programa de Pesquisa cognitiva. 4ª edição.
Divisão de Educação Especializada da Universidade de Witwatersrand, África do Sul; Mandia
Mentis Coordenação; tradução José Francisco Azevedo. São Paulo, 2011.