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Um modelo espacial para análise e ensino de escolas de pensamento estratégico

Há décadas, diversos autores tentam definir o que foi chamado de dimensões das

questões estratégicas, denominando-as dimensões do “que” e do “como”. Entretanto,

têm-se percebido que discutir as questões estratégicas com base apenas nessas duas

dimensões tem levado a visões que não condizem com a realidade. Dessa forma, é proposta

uma nova visão sobre as questões estratégicas, que propõe três dimensões a serem

trabalhadas: a dimensão processo, das variáveis e do problema gerencial.

A dimensão processo divide-se em três etapas, que não precisam ocorrer de forma

sequencial: observação, formação e implementação. A primeira trata da observação da

realidade da organização, seu ambiente e outras questões pertinentes; a segunda trata-se

do processo de formação da estratégia, considerando os processos onde as estratégias são

planejadas e/ou emergidas de forma orgânica; e a terceira refere-se à sua implementação.

A dimensão das variáveis, tendo também sofrido modificações no proposto por

Ansoff, divide as variáveis em duas categorias distintas, sendo a primeira variáveis técnicas,

econômicas e informacionais, consideradas variáveis tangíveis, e a segunda variáveis

psicológicas, sociológicas e políticas, consideradas intangíveis. Com a primeira categoria

dispensando explicações, a segunda categoria é pautada na influência das relações sociais

nos processos de decisões econômicas.

A terceira e última dimensão, após mudanças, também divide-se em três diferentes

categorias, vistas a partir da centralidade dos problemas gerenciais, sendo essas a

centralidade superior, que possui a maior centralidade e aborda questões internas à

organização, a centralidade inferior, que possui a menor centralidade e aborda questões

externas, e a centralidade intermediária. Além dessas, a dimensão divide-se também em

duas visões distintas, onde as três categorias referem-se a esferas diferentes. Na visão

macro, a centralidade inferior se aplica à sociedade em que a organização está inserida, a

intermediária a própria organização, e a última, aos indivíduos que compõem essa

organização. Na visão micro, que trata dos aspectos internos, a centralidade inferior

refere-se aos seus colaboradores, a intermediária a gerência que encontra-se nos níveis

hierárquicos intermediários, e a superior à direção.


Um estudo realizado busca classificar as estratégias em 10 escolas diferentes,

chamadas escolhas de pensamento, com seus respectivos focos nos aspectos das

dimensões apresentadas.

Iniciando pela escola do design, o gestor deve controlar o processo de formação da

estratégia. Ele deve estudar os ambientes inerentes à organização e observar os fatores

internos, como seus pontos fortes e fracos e os fatores externos, como as suas ameaças e

oportunidades, para a concepção da estratégia.

Na escola do planejamento, a formação da estratégia acontece de forma planejada,

controlada e formal, por profissionais especializados. A característica de controle também se

aplica fortemente à sua implementação.

Na escola do posicionamento, a formação da estratégia continua como um processo

planejado, controlado e formal, trazendo novamente o gestor no papel de analista,

selecionando e recomendando estratégias para os gerentes.

Na escola empreendedora, apesar do processo ser centrado no gestor, ele se baseia

em sua visão, com uma natureza descritiva. O empreendedor tem uma visão de futuro da

organização e um senso de direção a longo prazo, de forma controlada, porém com foco no

aprendizado.

A escola da cognição busca estudar os processos mentais para entender como, a

partir da observação do ambiente, uma estratégia é formulada na mente daqueles que as

criam. A partir das experiências do estrategista, neste caso, o gestor, este decide como agir.

Para a escola do aprendizado, como o nome sugere, a estratégia é vista como um

processo emergente a partir do aprendizado de todos os membros da organização,

individual ou coletivamente, a partir das situações vividas dentro da organização. Aqui, a

liderança abandona a missão de conceber a estratégia e passar a atuar de forma a gerenciar

o processo de aprendizagem estratégica.

Para a escola do poder, a formação da estratégia trata-se de um processo de

negociação, em que utiliza-se da influência do poder e da política dos indivíduos da

organização. Divide-se em duas dimensões, sendo a micro, onde a formação da estratégia

ocorre por meio da negociação entre os indivíduos que dividem o poder dentro da

organização, e a macro, onde busca-se a negociação com outras organizações, a fim de criar

estratégias coletivas que vão de acordo com os seus interesses.


CULTURAL

AMBIENTAL

CONFIGURAÇÃO

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