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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ – UEPA

CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E TECNOLOGIAS – CCNT


CURSO DE BACHARELADO EM DESIGN

NICHOLAS DE ARGOLO COSTA

ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO


Análise do posto de trabalho

Belém – PA
2021
NICHOLAS DE ARGOLO COSTA

ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO


Análise e diagnóstico do posto de trabalho

Projeto apresentado no curso de bacharelado


em design da Universidade do Estado do Pará
apresentado à Prof. Brena Renata Maciel Nazaré
como método avaliativo para a disciplina de
“Princípios Organizacionais Aplicados ao Design”.

Belém – PA
2021
1 INTRODUÇÃO

O atual estado social de medidas higiênicas no Brasil indicado pelas diretrizes


da Organização Mundial da Saúde (OMS) em parceria com o Ministério da Saúde
devido ao avanço epidemiológico do vírus SARS-CoV-2, causador da doença Covid-
19, proporcionou mudanças significativas no âmbito social e nas relações pessoais
entre indivíduos. Sobretudo, devido às indicações de distanciamento entre indivíduos,
a pandemia possibilitou a migração das estações de trabalho convencionais para o
ambiente doméstico através do teletrabalho, ambiente este, diversas vezes não
adaptado às necessidades fisiológicas e psíquicas do trabalhador. Este trabalho
procura aplicar o método de Análise Ergonômica do Trabalho (AET) sobre o ambiente
de uma estação de trabalho com viés educacional e científico

O teletrabalho, trabalho remoto, trabalho à distância ou Home office é uma


modalidade de trabalho na qual o profissional exerce suas atividades sem participar
necessariamente do ambiente laboral da empresa em que ele trabalhe,
regulamentado pela constituição através Lei 13.467/2017 e descrita como: “prestação
de serviços preponderantemente fora das dependências do empregador, com a
utilização de tecnologias de informação e de comunicação que, por sua natureza, não
se constituam como trabalho externo” (BRASIL, 2002), o teletrabalho vêm
desempenhado significativa participação no contexto da pandemia devido à seu
caráter preventivo (contato entre indivíduos), e flexível. Entretanto esse modelo não
vigora exclusivamente devido à pandemia do Covid-19.

Desde meados da terceira revolução técnico-cientifico informacional, a


expansão das tecnologias da informação, assim como sua acessibilidade à grandes
públicos, gerou a oportunidade de desfrutar das vantagens apresentadas por esses
avanços, o teletrabalho enquadrando-se na sociedade como um modelo de trabalho
específico para certas funções. Conforme a sociedade avançava e a quarta revolução
industrial toma forma, a velocidade, amplitude e profundidade, e o impacto sistêmico
(SCHWAB,2016), a normalização dos Home offices em todo o mundo qualificou a
modalidade como parte importante da matriz de empregos na maioria das grandes
empresas.

Com o avanço da pandemia causada pela Covid-19, a implementação dos


home offices se tornou comum na maioria dos setores do mercado, muitas vezes
socialmente forçada, uma vez que profissionais procuram manter seus empregos
independente de uma situação confortável de trabalho devido aos altos índices de
desemprego ocorrentes no Brasil (13,9 milhões de desempregados com uma taxa de
desemprego de 13,9% referentes ao 4º trimestre do ano de 2020. IBGE,2020). Essa
rápida adaptação emergencial onde profissionais são inseridos à um ambiente de
trabalho caseiro muito presente em suas rotinas diárias intriga a ergonomia nas suas
camadas fisiológicas, biomecânicas, comportamentais e sensoriais (IIDA,2005), uma
vez que certos ambientes de teletrabalho não recebem adaptação ergonômica do
posto de trabalho oferecido pela empresa; nem ofertam capacitação e treinamento
para profissionais desempenharem suas tarefas no âmbito doméstico. Embora os
percalços existam e eles muitas vezes são superados através dos próprios recursos
dos profissionais, é estimado que diversos segmentos de empresas demonstraram
interesse na aplicação do teletrabalho, segundo a Sociedade Brasileira de
Teletrabalho e Teleatividades (Sobratt) em pareceria com a Consultoria em Recursos
Humanos (SAP), 72% das empresas que participaram do levantamento afirma possuir
“desejo de manter as medidas” (com restrições de jornada), mesmo após o término
da crise sanitária.

Embora o Teletrabalho como modalidade emergente, possa vir a ser uma boa
implementação para certos modelos de empresa, é necessário que empresas e
contratantes entendam, como toda opção, as vantagens e desvantagens de aderir o
home office, assim como é papel destes prover intervenções ergonômicas que
possibilitem a viabilidade de utilizar do teletrabalho. Klaus Schwab no livro “A Quarta
Revolução Industrial” (SCHWAB,2016) indaga sobre o futuro da aplicação das
“nuvens humanas” (profissionais autônomos que trabalham em diversos segmentos
do mercado sem encacha-se necessariamente no modelo de profissional), o contexto
de dualidade em ambos os casos gera uma reflexão acerca das oportunidades em
ambas as tecnologias, assim como suas limitações:

Será que esse é o começo de uma revolução do novo trabalho flexível


que irá empoderar qualquer indivíduo que tenha uma conexão de internet e
que irá eliminar a escassez de competências? Ou será que irá desencadear
o início de uma inexorável corrida para o fundo em um mundo de fábricas
virtuais não regulamentadas? (SCHWAB,2016, p.56).
O contexto geral apresentado e adaptado à realidade do presente artigo
promove embasamento para o desenvolvimento de projeto com finalidade de analisar
e propor melhorias e sugestões sobre um ambiente de trabalho multifuncional de um
discente da Universidade do Estado do Pará. Por fim, o mesmo se dispõe a
desenvolver uma adaptação do ambiente de trabalho propondo intervenções e
procurando melhoras no sistema preestabelecido com maior conforto no desempenho
de tarefas. Para obtenção de resultados desejados será implementa a Análise
Ergonômica do Trabalho (AET) descrita na Norma Regulamentadora 17 (NR-17) do
Guia Trabalhista. Além de aplicar conhecimentos de ergonomia proposto por Itiro Iida
(2005) no livro “Ergonomia: Projeto e Produção” e João Gomes Filho (2003)
“Ergonomia do Objeto: Sistema Técnico de Leitura Ergonômica”.

1.2 OBJETIVO GERAL

Desenvolver uma adaptação do ambiente de trabalho de um indivíduo através


de ferramentas de estudo e análise ergonômica nos níveis físico, cognitivo e
organizacional,

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Realizar uma Análise Ergonômica do Trabalho (AET) a partir da situação-


problema identificada no contexto do ambiente de trabalho de um usuário e das
demandas do mesmo.

Aplicar conhecimento de ergonomia baseados em autores renomados no ramo


como os já previamente citados Itiro Iida (2005) e João Gomes Filho (2003);

Propor melhorias para o posto de trabalho do usuário através da análise das


demandas, tarefas e atividades efetuadas no ambiente;

Sugerir aprimoramentos para o posto de trabalho do usuário através de


indicações para modificação do ambiente;

Desenvolver um artigo acadêmico a partir do presente artigo visando


publicação.
1.3 JUSTIFICATIVA

A justificativa procura argumentar a favor da necessidade da implementação


das possíveis soluções apontadas pela análise ergonômica, a principal justificativa
que fortifica a alteração do ambiente de trabalho referido nesse projeto está nos riscos
à saúde física e psicológica do usuário A. Analisando os aspectos de queixa
apresentados no tópico “demanda” percebe-se nítidos problemas fisiológicos
relacionados à musculatura e postura que poderão acarretar em quadros clínicos
complicados se exposto à longo prazo. Também contido nesse espectro,
considerando a ergonomia de correção como “aplicada Em situações reais, já
existentes, para resolver problemas que se refletem na segurança, fadiga excessiva,
doenças do trabalhador ou quantidade e qualidade da produção. ” (IIDA; 2005), torna-
se evidente a necessidade de aprimorar a eficiência do usuário através de
intervenções em seu ambiente de trabalho.

1.4 HIPÓTESE

Compreende-se que, a partir dos dados coletados e sintetizados


posteriormente nesse projeto, é possível desenvolver um diagnóstico com soluções
plausíveis que ofereçam soluções finais ou parciais à problemas de ergonomia
fisiológica, cognitiva e organizacional.

1.5 LIMITAÇÕES

A principal limitação relacionada ao andamento do projeto será o término da


atividade no fim da fase de “análise das atividades”, como este possui um caráter
educacional e experimentativo, a conclusão se limita às fases de coleta de dados e
síntese de dados.

Embora a aplicação do experimento não seja concretizada, deve-se


considerara ao máximo as situações reais vivenciadas e observadas durante a
análise. Tendo isso em conta soluções apontadas que fogem consideravelmente dá
realidade do usuário (isso descrever o caráter econômico, de aplicabilidade e social),
não poderão ser consideradas como possíveis nesse projeto.
1.6 METODOLOGIAS UTILIZADAS

A estrutura geral deste projeto se baseia no método da “Análise Ergonômica do


Trabalho” aliada à referências e ferramentas complementares e seus respectivos
componentes de procedimento.

1.6.1 Pesquisa bibliográfica

Preliminarmente ao início da produção do projeto, foram executadas diversas


pesquisas bibliográficas acerca dos assuntos de ergonomia do trabalho, normas
regulamentadoras, e análise de postos de trabalho. Essas referências procuram
conciliar conhecimentos e ferramentas em prol de um trabalho

1.6.2 Entrevista

O primeiro processo avaliativo que procura recolher dados do problema se


baseia nas demandas do usuário, para compreender as mesmas é necessário que
seja efetuada uma entrevista com o usuário principal do ambiente de trabalho, a partir
dos dados recolhidos será viabilizado o início da análise das principais demandas e
requisições propostas.

1.6.3 Registro fotográfico

Com objetivo de proporcionar um acompanhamento imagético sobre a


evolução e características do local de uso, serão necessários a realização de registros
fotográficos ou captura de imagens. Uma das principais funcionalidades das
fotografias para esse projeto recai sobre a facilidade de descrição dos ambientes
através das imagens, assim como também poderão ser usadas ferramentas de
manipulação para construção de esquemas.

1.6.4 Observação

A ergonomia é uma ciência experimenta. Ela se assemelha a ciências naturais


e sociais, que constroem os seus conhecimentos a partir de observações e
experimentações (IIDA, 2005, p.35), assim como a entrevista, a observação é uma
das principais ferramentas de comunicação. Diferente do contato direto com o usuário,
observações se baseiam principalmente na percepção, ver sem interpretar, a partir
das observações iniciais é possível construir-se uma hipótese sobre uma provável
solução aos problemas percebidos durante a etapa, essas hipóteses após a etapa de
verificação se tornam fatos.
2 ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO (AET)

Os objetivos básicos da ergonomia são fatores necessariamente consideráveis


para manutenção de um sistema humano-máquina-ambiente, segundo Iida (2005,
p.4), a ergonomia visa sobretudo: a saúde, quando as limitações energéticas,
cognitivas e fisiológicas do trabalhador não são agredidas pelo sistema; a segurança,
interferindo no posto, ambiente, e organização do trabalho provendo o necessário
para capacitar os trabalhadores, assim como reduzindo a ocorrência de erros,
acidentes, estresse e fadiga; e a satisfação, que compreende ao resultado da
adequação do sistema ao trabalhador, podendo variar de acordo com contextos
culturais.

No caso desse projeto, os objetivos básicos da ergonomia se voltarão


principalmente para uma análise do posto do trabalho, sendo este “uma unidade
produtiva envolvendo um homem e o equipamento que ele utiliza para realizar o
trabalho, bem como o ambiente que o circunda (IIDA, 2005, p.189)

A principal metodologia adotada nesse trabalho consiste na Análise


Ergonômica do Trabalho (IIDA, 2005), uma ferramenta que propicia a análise,
diagnóstico e intervenção sobre um ou mais sistemas humano-máquina-ambiente. A
AET se desenvolve a partir de 5 etapas: a análise da demanda procura descrever a
situação-problema de um sistema e quais são suas origens, e procura justificar a
necessidade de uma intervenção ergonômica sobre o posto de trabalho; Análise da
tarefa, baseia-se na análise dos objetivos prescritos pelo contratante/empregador,
tanto de forma formal e contratual quanto de forma informal, a AET procura visualizar
as discrepâncias entre a tarefa (ação prescrita), e a atividade (ação real)

Análise da atividade procura a natureza real dos papéis e ações


desempenhados num sistema, interessante notar que, embora dois funcionários
possuam a mesma tarefa, eles não necessariamente desempenharam as mesmas
atividades, tomando as mesmas decisões ou mesmo executando as atividades da
mesma maneira, a análise da atividade leva em consideração fatores internos
(aqueles inerentes do indivíduo como a antropometria), e externos, que se
caracterizam como os condicionadores de uma certa atividade, categorizadas em
conteúdo do trabalho (quais normas devem ser seguidas, que modo de operação deve
ser adotado), organização do trabalho (turnos, horários de pausa, expediente), e
meios técnicos (vinculados às ferramentas de trabalho).

A etapa seguinte, diagnóstico, procura identificar os causadores dos problemas


apontados na demanda, para que na etapa seguinte, recomendações, possa ser
proporcionado as soluções e apontando correções que aprimore o ambiente de
trabalho, descrevendo em detalhes as ações a serem tomadas para manutenção do
sistema, assim como os agentes encarregados de efetuar tal manutenção.

Além da Análise ergonômica do trabalho, algumas ferramentas como técnicas


de observação, sobretudo através de anotações e fotografias, serão uteis para
recolhimento de dados qualitativos e observações de contexto no cenário; métodos
de coleta quantitativa como medições temporais e espaciais do ambiente auxiliaram
no desenvolvimento de soluções e ponderação de dados; para sintetizar dados e
apresenta-los no presente trabalho é vital apresentar tabelas e infográficos
transparentes.
3 ANÁLISE DA DEMANDA

A priori, para desenvolver uma análise ergonômica efetiva é necessário


compreender a necessidade de aplicação da análise, a demanda trata de discorrer
acerca das necessidades dos empregados e usuários do posto do trabalho, no
contexto desse trabalho, requisição da análise foi efetuada pelo mesmo indivíduo que
a fará (AET). Segundo Iida (2005):

Demanda é a descrição de um problema ou uma situação


problemática, que justifique a necessidade de uma ação ergonômica. Ela
pode ter diversas origens, tanto por parte da direção da empresa, como da
parte dos trabalhadores e suas organizações sindicais (IIDA, 2005, p.60)

Para compreender os diversos aspectos da demanda, é necessário em um


primeiro momento dissertar sobre a demanda em si, para enfim compreender um
contexto geral onde a mesma se encaixa, após a definição desses atores, objetivos e
limites serão atribuídos para concentrar o foco projetual no ambiente de trabalho.

3.1 CONTEXTO

O ambiente de trabalho que sofreu a Análise Ergonômica do trabalho se trata


do cômodo “escritório”, pertencente à casa do usuário em questão localizado no nono
andar de um prédio, o cômodo anteriormente utilizado como um dormitório atualmente
possui a função de escritório, local de trabalho, biblioteca, armazém de utensílios,
local de lazer, divertimento e estúdio artístico, o principal usuário do ambiente se dá
pelo Usuário “A” (Nicholas), sendo também o espaço de trabalho de usuários
ocasionais como a Usuária “B” (Tânia), o ambiente possui duas estações de trabalho
principais, a primeira sendo o computador pessoal alocado na mesa de trabalho “A”
(visualizar figura 1), e o segundo representado pelo computador na mesa “B”
(visualizar figura 2), ambos possuem diversos aparelhos periféricos com suas funções
específicas, para a análise desse projeto, será admitido apenas o posto de trabalho
referente ao usuário “A”, uma vez que o uso da estação “B” é bastante ocasional.

Figura 1: Ferramentas principais da estação de trabalho “A”


Fonte: Autor, 2021.
Figura 2: Mesa e estação de trabalho “B”

Fonte: Autores, 2021.


3.1.2 Demanda

Segundo Iida (2005, p.189): “Posto de trabalho é a configuração física do


sistema homem-máquina-ambiente. É uma unidade produtiva envolvendo um homem
e o equipamento que ele utiliza para realizar o trabalho, bem como o ambiente que o
circunda. ”, os postos de trabalho são o principal objeto de análise deste projeto, mais
especificamente, o ambiente a ser analisado se trata do cômodo denominado
“escritório”. Para perceber as necessidades propostas, deverão ser observadas as
demandas humanas, as demandas das ferramentas, as demandas do ambiente e
inadequações; a análise parte das observações apontadas pelo usuário
empiricamente, elas se apresentam listadas a seguir:

Demandas humanas:

 “Cinto algumas dores na patela quando me sento visando conforto. ”


 “Em situações em que trabalho por diversas horas, não raramente sinto dores
nos tendões e nas falanges: imediatamente após o término da tarefa ou
persistente até os dias seguintes ao termino da tarefa. ”
 “Sinto muita inquietação e dor na base da coluna cervical. ”
 “Geralmente quando deito para dormir sinto certa rigidez na região lombar e no
cóccix. ”
 “Em situações de trabalho ou lazer em que fico diversas horas utilizando o
mouse óptico, sinto dores nos tendões do pulso, nas costas (deltoide e
trapézio). ”
 “Algumas dores regulares, mas não muito fortes na coluna na zona torácica, ”

Demandas das ferramentas:

 “Acredito que devido à maior parte da produtividade do meu trabalho ser


produzido durante o turno da noite, o volume de luz brilhante incidido
diretamente na minha retina devido ao monitor de LED utilizado em meu
computador seja o motivo de eu rotineiramente sentir dificuldade para dormir. ”
 “meu mouse não possui uma pega muito boa, também por ser muito velho, o
botão de clique direito funciona com pouca eficácia. ”
Demandas do ambiente:

 “Em dias específicos como tardes e noites de sexta-feira, sábados e domingos,


não é difícil ouvir mais de um ponto de música alta devido à altitude do prédio,
além de ser música bastante alta, são vários pontos aleatórios em torno do
prédio, gerando um forte ruído e poluição sonora. ”
 “Certos períodos do ano como do solstício de verão até meados do segundo
semestre do ano existe uma forte incidência de sol no cômodo nos períodos
dentre 15:00 e 17:00 horas. ”
 “Embora a nossa principal fonte de ventilação, o ventilador de teto, funcione
bem em dias comuns, em dias de forte ventania a pressão do ar natural sobre
o cômodo anula a funcionalidade do ventilador de teto, diversas vezes
necessitando optar por desliga-lo. ”
 “Embora possua um apreço estético considerável, a utilização da cor verde nas
paredes do cômodo em situações específicas agride meu sistema sensorial. ”

Inadequações:

 “A ventilação geral no cômodo muitas vezes se apresenta insuficiente, gerando


um ambiente mau arejado e abafado, esse de fato é o cômodo menos ventilado
do imóvel e isso influencia bastante em certas ocasiões. ”
 “O imóvel apresenta uma falha gravíssima de engenharia, a caixa para
instalação de condicionadores de ar é construída abaixo das janelas.
(Inutilizando parcialmente a central de ar do cômodo uma vez que o ar frio mais
denso que o ar morno do cômodo não promove resfriamento). ”

3.2 CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DE TRABALHO

O cômodo possui as dimensões de 2,70 metros de altura; 2,37 metros de


largura e 3,16 metros de profundidade, ele consta com duas principais saídas de
ventilação, uma porta que leva aos diversos cômodos e uma janela com as dimensões
de um quadrado de 1,20 metros (visualizar figura 3). Dentre os diversos móveis
principais presentes do cômodo, duas estações de trabalho com computadores, uma
representada pela mesa A (visualizar figura 1) um móvel modulado composto de uma
mesa plana e longa com dimensões de 2,28 metros de comprimento por 51
centímetros de profundidade e 3,5 centímetros de espessura; o corpo principal do
móvel, dividido em duas metades separadas por um vão destinado ao usuário, a
metade esquerda possuindo 4 gavetas para armazenamento de utensílios mais
comuns na rotina; a metade direita se destina à depósito de itens menos usuais mas
que necessitam de armazenamento adequado; a soma da espessura da tábua
principal da mesa mais a altura do corpo principal do móvel somam 80 centímetros de
altura. Além da mesa “A”, há também a estação de trabalho sobre a mesa “B”, que
embora relevante para o ambiente, não se aplica à análise ergonômica como
justificado no tópico “contexto”.

Figura 3: esquema básico das dimensões do cômodo

Fonte: Autores, 2021.

Além das estações de trabalho, o cômodo provém de: três estantes


geométricas idênticas dispostas sobre a mesa “A” (visualizar figura 4) com objetivo de
armazenamento de livros e exposição de objetos decorativos; uma estante com
dimensões de 1,83 metros de altura, 62 centímetros de largura, e 38 centímetros de
profundidade, destinada para deposição de artigos de escritório, arquivos e
suprimentos de arte; análoga a ela, uma pequena arquivadora destinada a
armazenamento de arquivos menos relevantes dentre outras quinquilharias (visualizar
figura 5); na parede inversa à estação de trabalho “A” estão dispostas duas prateleiras
planas para disposição de elementos decorativos, assim como um relógio não
funcional e um teclado musical.
Figura 4: Estantes sobre a mesa “A”.

Fonte: Autor, 2021.

Outros objetos de interação presentes no cômodo constam como: uma cadeira


pequena de escritório estofada da cor azul (originalmente pertencente à estação de
trabalho A), uma cadeira grande de escritório com estofado da cor preta (utilizada de
acordo com a disponibilidade), um quadro de cortiça para organização de tarefas e
expositor de estudos e ideias (sobre a mesa de trabalho “A”), um quadro de lembretes
de plástico preto (preso na parede tangente à mesa de trabalho “B”), um ventilador de
teto regulável com 3 níveis de velocidade, e uma central de ar ineficiente devido ao
projeto original do imóvel.

Figura 5: móveis para deposição e teclado musical

Fonte: Autor, 2021.


3.3 CARACTERIZAÇÃO DO USUÁRIO

Levando em conta que as necessidades estipuladas na NR-17 visam a


“adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos
trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e
desempenho eficiente. ” (Procurar forma correta de referenciar NR), torna-se
necessário conhecer em níveis mais específicos as características do usuário final.
Serão levantados dados qualitativos referentes às especificidades do indivíduo.

O usuário “A” (Nicholas), possui 20 anos de idade, 1,80 m de altura pertencente


ao sexo masculino; devido à idade avançada ao fim da adolescência e início da fase
adulta, estima-se que o indivíduo pouco provavelmente sofrerá mudanças de estatura
ou proporções dos segmentos do corpo naturalmente (IIDA, 2005, p.98); não possui
nenhuma deformidade e/ou malformação de membros e extremidades corporais;
possui características endomorfas nas coxas, abdômen e braços, mesomorfas nos
ombros, peito, costas e cabeça; e ectomorfas nos antebraços e penas. (IIDA, 2005,
p.104).

3.4 ANÁLISE DA TAREFA

“Tarefa é um conjunto de objetivos prescritos, que os trabalhadores devem


cumprir. ” (IIDA, 2005, p.60), ou seja, se diferem de atividades, uma vez que tarefas
possuem um caráter prescritivo, propondo um objetivo, não especificando seus
métodos ou ferramentas para o atingir. Para a aplicação da AET nesse trabalho,
necessita-se compreender as diversas tarefas efetuadas no ambiente de trabalho, em
quais postos de trabalho elas são executadas, quem as executará e qual o cargo do
usuário no momento de sua execução. Segundo Iida:

A análise da tarefa realiza-se em três níveis. O primeiro, chamado de


descrição da tarefa, ocorre em um nível mais global, o segundo, chamado de
descrições das ações, em um nível mais detalhado, e o terceiro, uma revisão
crítica, para corrigir os eventuais problemas. (IIDA, 2005, p.198).

3.5 DESCRIÇÃO DA TAREFA


A descrição da tarefa deve suprir a necessidade de caracterizar a tarefa e os
fatores que possibilitam sua conclusão, isso se exprime: no operador da tarefa, seu
cargo seus aspectos internos (inerentes ao usuário), e externos (referentes ao sistema
máquina e ambiente); características técnicas de suas ferramentas e materiais
necessários para desempenhar a tarefa; Aplicações, define o posicionamento da
tarefa na matriz produtiva (aplicável com limitações a esse trabalho); condições
operacionais, referentes ao modo de operação do usuário sobre a tarefa, assim como
seus fatores de risco; condições ambientais, referente aos arredores do posto de
trabalho; e condições organizacionais, relacionadas aos aspectos organizacionais e
sociais do trabalho.

No contexto do presente trabalho, a estação de trabalho “A” comandada por


apenas um usuário (usuário “A”) possui três configurações mais comuns de tarefas,
havendo possibilidade de considerar outras mais ocasionais ou raras, as três
principais configurações se dão por:

 Configuração padrão, destinada a tarefas de estudo e entretenimento;


 Configuração de trabalho digital, destinada a tarefas vinculadas à precisão em
softwares gráficos;
 Configuração de trabalho manual, destinada a tarefas de manuseio de
ferramentas gráficas físicas.

3.4.1 Configuração padrão

O posto de trabalho configurado na sua forma mais básica, possui considerável


versatilidade em execuções de tarefas e atividades distintas. A principal tarefa
executada aloca-se no campo educacional, denominada “tarefa de aprendizagem”. O
usuário durante essa tarefa possui o cargo de “estudante”.

Segundo o Estatuto UEPA Regimento Geral, dentre os diversos diretos e


deveres atribuídos aos discentes regularmente matriculados, compele:

 Frequentar as aulas e demais atividades escolares;


 Concluir o valor mínimo de carga horária estipulado por disciplina;
 Possuir rendimento de 75% de frequência em aulas e atividades;
 Concluir atividades visando manutenção da média de 8 pontos de 10;
Além dessas obrigatoriedades prescritas no Regimento Geral, há também as
competências desejadas estipuladas no plano de ensino das demais matérias, como:

 Conectar repertórios existentes no cenário da cultura para a produção de


conhecimento;
 Planejar, elaborar, supervisionar e coordenar projetos de produtos e serviços
em design;
 Implementar novos conhecimentos, procedimentos, fazer de modo novo;

Análogas à estas, também são descritas diversas habilidades que devem ser
desenvolvidas e amplificadas, tanto para crescimento do discente como profissional e
indivíduo, como para manutenção do ambiente educacional:

 Buscar informações nas diversas áreas do conhecimento;


 Ampliar o repertório de alternativas projetuais;
 Aprimorar a capacidade analítica e de síntese;
 Avaliar de forma autocrítica os projetos;
 Possuir capacidade multidisciplinares;
 Atuar em atividades interdisciplinares;
 Identificar demandas da sociedade e propor soluções;
 Saber expressar-se de forma escrita, ora e, sobretudo, visual;
 Aplicar conhecimentos culturais, científicos e tecnológicos.

Também é necessário considerar as tarefas prescritas por matéria, uma vez que o
curso de bacharelado em design possui uma ampla gama de proficiências e
habilidades exigidas:

 Possuir conhecimento para gerar textos acadêmicos assim como domínio das
ferramentas necessárias para produzir os mesmos;
 Quando exigidas, aplicar habilidades manuais de modelagem e modelização
prática;
 Ser habilitado na utilização de softwares para computadores específicos
voltados a produção gráfica em certas áreas.
3.4.1.1 Descrição da tarefa de aprendizagem

 Objetivo: A tarefa objetiva assimilação de conhecimento dedicado às diversas


matérias do curso de bacharelado em design, estimam-se algumas
modalidades de atividades acadêmicas reverentes a certos tipos específicos
de matérias, essas possuem mais de um tipo de modalidade e podem variar de
acordo com o semestre vigente. As modalidades se dão por: desenvolvimento
de projeto escrito, toda atividade onde a produção textual acadêmica possui
protagonismo; exame de proficiência, qualquer prova ou teste relativos a
afirmar as habilidades do discente através de perguntas objetivas ou subjetivas;
produção gráfico-manual, qualquer atividade cujo objetivo final resulta em uma
peça gráfica ou objeto físico de qualquer espécie. Também se emprega que
que as atividades acadêmicas se aprimorem conforme o discorrimento do
curso, uma vez que matérias assimiladas anteriormente auxiliarão no
desenvolvido de outras futuras, assim como a experiência do discente,
convergindo todos esses fatores, tem-se um aumento na complexidade das
atividades conforme o andamento do curso.
 Operador: Usuário “A” em posição de estudante, possui a necessidade de
manter a atenção o máximo possível nos conteúdos ministrado nas aulas online
através do Ensino a Distância, assim como deve proativamente participar das
aulas na medida do possível (seja por áudio, vídeo ou mensagem), e assimilar
pontos importantes da aula e da matéria através da transcrição de conteúdo.
 Características técnicas: Para efetivamente compreender os diversos itens
prescritos pela tarefa, é necessário que o usuário possua uma estação de
trabalho básica possuindo: assento adequado às necessidades do usuário,
possuindo as características mínimas exigidas pela Norma Regulamentadora
17 (BRASIL,2002) “altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da
função exercida; características de pouca ou nenhuma conformação na base
do assento; borda frontal arredondada; encosto com forma levemente adaptada
ao corpo para proteção da região lombar. ” ; mesa ou gabinete plano e regular
para disposição de itens; computador que compreenda as exigências do curso
e suas respectivas matérias (isso se dá por um computador do tipo desktop ou
laptop com performance moderada, no caso do desktop, há a necessidade de
periféricos como mouse óptico e teclado), uma mídia para anotação (o próprio
computador ou cadernos e fichários tradicionais), para assimilação de
conteúdo; conectividade com redes locais de Ethernet, Wi-Fi ou dados móveis
com considerável instabilidade e banda larga; monitor de vídeo LCD ou CRT
de boa qualidade com opções de regulação de brilho, contraste e saturação;
segundo a NR-17 (BRASIL, 2002 ), um ambiente de trabalho manual sentado
deve ao menos “ter altura e características da superfície de trabalho
compatíveis com o tipo de atividade, com a distância requerida dos olhos ao
campo de trabalho e com a altura do assento; ter área de trabalho de fácil
alcance e visualização pelo trabalhador; ter características dimensionais que
possibilitem posicionamento e movimentação adequados dos segmentos
corporais”.
 Aplicações: a tarefa de aprendizagem possui inúmeras variáveis que delimitam
a duração da mesma, não existe uma estimativa exata do tempo provável de
duração da tarefa, uma vez que as atividades avaliativas possuem certa
flexibilização de tempo entre si, porém há ocorrência de algumas regularidades
como: tarefas semanas, em que a ação necessária é prescrita no dia
correspondente e deverá ser entregue 7 dias (uma semana), após a prescrição,
tarefas; tarefas trissemânea, onde o prazo de entrega está descrito 21 dias
após a prescrição; tarefas semestrais, geralmente avaliativas e as mais
recorrentes no curso, os demais prazos de tarefas estão em sua maioria
contidos no semestre.
 Condições operacionais: Embora a situação permita maior flexibilização na
forma de se portar durante as tarefas, é ideal que o usuário vista roupas
adequadas semelhantes às utilizadas durante o período presencial das aulas,
embora seja indicado modificação na indumentária de acordo com as
condições climáticas de temperatura e humidade; A postura adotada deve
acomodar as recomendações apontadas por Iida (2005, p.109), acerca do
levantamento mínimo de medidas antropométricas para função de digitadores,
considerando: a altura da lombar (encosto da cadeira) condizente ao
posicionamento adequado; altura poplítea (altura do ascendo), que possibilite
a formação de um ângulo de 90 graus entre a coxa, o joelho, e o pé do usuário;
Altura do cotovelo (altura da mesa) coincidente ao nível da mesa e altura do
cotovelo
4 REFERÊNCIAS

NR 17 - NORMA REGULAMENTADORA 17: Ergonomia. Disponível em


http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr17.htm. Acesso em Maio de 2021;

BRASIL. Ministério do Trabalho e do Emprego;. Manual de aplicação da Norma regulamentadora


no 17. 2.ed. Brasília, DF: Ministério do Trabalho, 2002.

GOMES FILHO, João. Ergonomia do Objeto – sistema técnico de leitura ergonômica / João
Gomes Filho, São Paulo, Editora Escrituras, 2013.

COM home office estabelecido após um ano de pandemia, empresas apostam em modelo híbrido no
futuro. SOBRATT Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades, 2021. Disponível em:
https://www.sobratt.org.br/12032021-com-home-office-estabelecido-apos-um-ano-de-pandemia-
empresas-apostam-em-modelo-hibrido-no-futuro/. Acesso em Maio de 2021

IIDA, Itiro. Projeto e produção / Itiro Iida. 2ª edição rev. e ampl. São Paulo. Editora Edgar Blücher,
2005.

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