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CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA

RURAL CAMPUS DE PATOS


UNIDADE ACADÊMICA DE MEDICINA VETERINÁRIA

PROJETO DE MONOGRAFIA

VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA FELINA: UM ESTUDO RETROSPECTIVO EM


FELINOS ATENDIDOS NO HOSPITAL VETERINÁRIO DE CAMPINA GRANDE
NO PERÍODO DE 2012 A 2022.

Área: Clínica de Pequenos Animais


Aluno(a): Marcella Santiago Rodrigues Matrícula: 418240167
Orientador(a): Prof.ª Dra. Rosangela Maria Nunes da Silva

Patos/
PB 2022
SUMÁRIO

Página
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................3
2 OBJETIVOS.............................................................................................................3
2.1 Geral..........................................................................................................................4
2.2 Específicos.................................................................................................................4
3 REVISÃO DE LITERATURA................................................................................4
3.1 Transmissão e patogenia..........................................................................................4
3.2 Sinais clínicos.............................................................................................................5
3.3 Diagnóstico.................................................................................................................6
3.4 Terapêutica e prevenção...........................................................................................6
4 MATERIAL E MÉTODOS......................................................................................7
5 CRONOGRAMA......................................................................................................8
REFERÊNCIAS........................................................................................................9
ANEXO....................................................................................................................12
APÊNDICE.............................................................................................................13
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1 INTRODUÇÃO

O vírus da imunodeficiência felina (FIV) é uma das doenças infecciosas mais


comum em felinos domésticos e selvagens como leões, hienas, guepardo e puma. O vírus
integra a família Retrovidae, assim como o vírus da leucemia felina (FeLV) e subfamília
Lentivirinae, a mesma que o vírus do HIV. Onde os animais infectados apresentam uma
disfunção imunológica lentamente e progressiva levando a depleção das células T CD4+,
hipergamaglobulinemia e elevação de linfócitos B CD21 que se tornaum modelo biológico
mais similar em pequenos animais à infecção pelo vírus da Síndrome da imunodeficiência
adquirida (AIDS).
O vírus é classificado em 7 subtipos: A, B, C, D, E, F e U com base na
antigenicidade da glicoproteína do envelope gp120. A distribuição geográfica é variável
sendo predominantes o subtipo A e B, no Brasil foi encontrado somente o subtipo B com
um único relato de infecção do subtipo A. O principal meio de transmissão é saliva por
mordidas sendo mais comum são felinos machos e animais de vida livre. Já foram
desenvolvidas vacinas contra a FIV porem, só é eficaz contra alguns subtipos. Portanto, só é
comercializada onde são encontrados esse subtipo.
Existem diversas análises laboratoriais para detectar o vírus como imunoensaios
enzimáticos (ELISA), imunofluorescência indireta (IFI), reação em cadeia mediada pela
polimerase (PCR) e isolamento viral, dependendo do estágio da doença há possibilidade de
ter um resultado falso negativo por isso a importância de um exame clínico minucioso.
A prevenção se dá isolando e testar quaisquer gatos recém-adquiridos antes de sua
introdução na população, esterilização do felino para tentar inibir o comportamento
agressivo, evitar contato com felinos de vida livre e passeio sem supervisão.
Tendo em vista a elevada incidência da doença viral e seu alto poder de
disseminação, bem como a importância da sua prevenção, será realizado um estudo
retrospectivo sobre o vírus da imunodeficiência felina, abordando os aspectos clínicos e
laboratoriais da enfermidade, diagnosticados entre os anos de 2012 a 2022 no Hospital
Veterinário Universitário Prof. Dr. Ivon Macêdo Tabosa, da Universidade Federal de
Campina Grande (UFCG), na cidade de Patos-PB, região semiárida do nordeste brasileiro.

2 OBJETIVOS
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2.1 Geral

Este trabalho tem o objetivo de realizar um estudo retrospectivo sobre o Vírus


da Imunodeficiência em felinos (FIV), abordando os aspectos clínicos e laboratoriais da
enfermidade, diagnosticados entre os anos de 2012 a 2022, no Hospital Veterinário
Universitário Dr. Ivon Macêdo Tabosa, da Universidade Federal de Campina Grande
(UFCG), cidade de Patos-PB, região semiárida do Nordeste brasileiro.

2.2 Específicos

◦ Levantar dados clínicos (anamnese), registrados em fichas de atendimento de


gatos diagnosticados com FIV;
◦ Avaliar os resultados laboratoriais dos exames sanguíneos referentes ao
eritrograma, leucograma e provas bioquímicas de felinos com FIV;
◦ Analisar os registros dos exames complementares para a identificação viral da
FIV através do ensaio de imunoabsorção enzimática (ELISA) ;
◦ Discorrer sobre as medidas terapêuticas realizadas em gatos acometidos pela
FIV.

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Transmissão e patogenia

O vírus está presente na saliva podendo ser transmitida através do coito se forem
mordidas, in útero e durante a lactação se os níveis de viremia estiver alto. A principal
consequência do FIV no organismo infectado é a imunossupressão, mas também pode
produzir neoplasias, discrasias sanguíneas por mielossupressão e distúrbios neurológicos.
(SACRISTÁN,2021). Outras possíveis formas de transmissão podem ser através da placenta
ou leite, ou iatrogenicamente por transfusões de sangue (PERHARIŸ et al., 2018).
O microorganismo pertence à família Retroviridae, subfamília Orthoretrovirinae e
gênero Lentivírus, mesma classificação que a AIDS. (BEATTY, 2017; PERHARIŸET AL.,
2018). Os Lentivírus são definidos pela sua taxa elevada de mutação devido a uma enzima
transcriptase reversa propensa a erro, que leva à circulação de muitas cepas heterólogas,
mesmo em um único hospedeiro (PAN et al., 2018).
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Após a inoculação, o vírus se replica nas células T CD4+, responsáveis pelas respostas
imunes do organismo contra patógenos. A infecção viral leva a morte celular infectando
também os macrófagos e células dendríticas (LITTLE et al., 2015). Após a infecção celular,
o RNA é transcrito reversamente para DNA de filamento duplo pela enzima viral
transcriptase reversa onde se integra no material da célula como um pró-vírus. (BEATTY,
2017). Nos linfócitos ativados, o RNA é transcrito usando o molde de DNA ocorrendo a
síntese da proteína viral, liberação do vírus e montagem do vírion (LITTLE et al., 2015).
Os genes do vírus são: gag, que contém informações para montagem do vírion e
proteínas estruturais, pol que codifica as enzimas como transcriptase reversa e eny,
responsáveis pelas glicoproteínas de envelope (GONZÁLEZ & AFFRANCHINO, 2018). As
características do envelope das glicoproteínas torna o vírus facilmente inativado por
desinfetante comum e baixa resistência (PERHARIŸ et al., 2018).

3.2 Sinais clínicos

A patologia tem um período assintomático longo variando de 6 a 8 semanas após a


infecção (BEATTY, 2018). A doença foi categorizada em 3 fases:
 Fase aguda: Anorexia, febre, leucopenia, neutropenia, linfadenomegalia E
depressão (AIYARANOI et al., 2018; LITTLE, 2015). Durante a fase aguda,
além da diminuição de LTCD4+, há uma inversão da relação LTCD4+:LTCD8+
no sangue (ECKSTRAND et al., 2016).
 Fase crônica e assintomática: Caracteriza um período de infecção assintomática
podendo duras anos. Pode ocorrer inflamações ou infecções devido à queda dos
linfócitos T (WESTMAN, 2019).
 Fase síndrome de imunodeficiência adquirida felina (FAIDS): Durante a qual a
replicação viral aumenta e a doença clínica se torna aparente, em parte devido a
uma linfocitopenia CD4+ (WESTMAN, 2019).
A imunodeficiência gera alterações na microbiota da cavidade oral onde ocorre
colonização de patógenos como vírus e bactérias que se manifesta em lesões orais
(AZÓCAR-AEDO, 2018). Como sinais clínicos foi relatado também: uveíte, glaucoma,
inflamação da parte plana, degeneração da retina, hemorragia retiniana, linfomas, leucemias,
doenças neurológicas, convulsões, alterações do comportamento, dificuldades cognitivas e
paresias (LITTLE., 2015).
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3.3 Diagnóstico

O diagnóstico se dá através da detecção do anticorpo específico para o vírus


(AIYARANOI et al., 2018). A detecção de anticorpos específicos é feita com kits de
imunocromatografia e ELISA, detectável 60 dias após a infecção. (LITTLE, 2015). A
presença de falso-positivo quando ocorre em animais muito jovens com anticorpos maternos.
A imunidade passiva pode duras entre 8 a 17 semanas após o nascimento, portanto o teste
sorológico pode ser feito a partir de 6 meses (LORENZETTI, 2020).
No diagnóstico laboratorial pode ser encontrada neutropenia, linfopenia, anemia e
anormalidades nas plaquetas (CHAGA, 2021). O isolamento viral e o PCR é bastante útil
quando não se consegue diagnóstico a partir do exame ELISA (BEATTY, 2017). Contudo,
um resultado negativo não descarta a infecção, pois ocorre a diminuição dos linfócitos
TCD4+, portanto menos células disponíveis (LITTLE, 2015). Pode ocorrer falsos positivos
em animais vacinados.

3.4 Terapêutica e prevenção

Logo após o resultado positivo deve-se isolar o animal infectado do animal saudável para
evitar a contaminação. Os fármacos antirretrovirais são o mesmo usado em pacientes com
HIV, pois as enzimas de replicação do FIV e do HIV apresentam homologia molecular e
similar sensibilidade a esses fármacos. O tratamento a ser instituído depende da condição da
saúde do animal. Sendo necessário exames complementares como exames hematológicos,
bioquímicos e urinálise e identificação de qualquer agente secundário (LITTLE, 2015).
A medicação de eleição é A Zidovudina (AZT), que faz parte da classe dos inibidores
da transcriptase reversa, sendo o único recomendado pelo ABCD (European Advisory on Cat
Disease) (SILVA, 2017). Os retrovírus sintetizam as enzima transcriptase reversa, integrase e
protease para a sua replicação (BEATTY, 2017), visando interromper o ciclo o medicamento
atua inibindo essas enzimas (AIYARANOI et al., 2018).
A prevenção se inicia com o controle sanitário. É necessário a realização de testes para
identificar os animais soropositivo, restringir o contato com gatos de vida livre e castração
para inibir comportamento agressivo (CHAGA, 2021). Há no mercado vacinas contra FIV,
porém não é disponível em todos os países devido ao subtipo.
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4 MATERIAL E MÉTODOS

Para a realização do presente trabalho será realizado um estudo retrospectivo acerca dos
casos de panleucopenia felina em gatos, ocorridos no Hospital Veterinário Universitário Prof.
Dr. Ivon Macêdo Tabosa da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), na cidade de
Patos-PB, região semiárida do Nordeste brasileiro, a fim de quantificar, analisar, estudar e
discutir a incidência dessa enfermidade nos anos de 2012 a 2022.
Serão utilizadas as fichas de atendimentos, com os dados clínicos dos pacientes
diagnosticados com o vírus da imunodeficiência felina, no setor da clínica médica de pequenos
animais, como também os exames complementares referentes ao eritrograma, leucograma,
plaquetograma, bioquímica sérica, ensaio de imunoabsorção enzimática (ELISA) e reação em
cadeia da polimerase (PCR), computando-se os registros em planilhas para leitura e
interpretação dos achados.
As informações referentes ao tema serão pesquisadas em livros, artigos científicos,
monografias, revistas veterinárias, teses e dissertações. Após o levantamento de dados e
obtenção da casuística da patologia, os mesmos serão discutidos e analisados, demonstrando
nesse trabalho quais medidas preventivas poderão ser adotadas para reduzir ou até mesmo
extinguir a enfermidade na região do semiárido paraibano, ou em estados circunvizinhos de
clima e temperatura similares ao estudo sobre o vírus da imunodeficiência felina.
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5 CRONOGRAMA

2022.1 2022.2

Maio
Nov.

Mar.
Dez.

Abr.
Fev.
Out.

Jun.
Jan.
Set.
Revisão de literatura X X X X X X X X X X

Levantamento de casos de felinos X X X X X


diagnosticados com FIV
Levantamento de resultados X X X X X X
laboratoriais
Organização e análise de dados das X X X X X
fichas clínicas e dos resultados
laboratoriais
Análise estatística X X X

Discussão dos registros X X


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REFERÊNCIAS

AIYARANOI, Kawintra et al. Prevalence of feline immunodeficiency virus & feline leukemia
virus in clinically healthy cats in Khon Kaen province. The Thai Journal of Veterinary
Medicine, v. 48, n. 1, p. 117-121, 2018.

AZÓCAR-AEDO, L.; MONTI, G. Risk factors for seropositivity to feline retroviruses among
owned domestic cats in Valdivia, southern Chile. Current Science, p. 1548-1553, 2018.

BEATTY, J., Feline immunodeficiency virus infection, Textbook of Veterinary Internal


Medicine, 8 ed., p. 2422-2423, 2017.

CHAGA, Breno David Lubas; VARGAS, Néthelin Machado; DUTRA, Lara Seffrin. VÍRUS
DA IMUNDEFICIÊNCIA FELINA: REVISÃO DE LITERATURA. Anais do Seminário
Interinstitucional de Ensino, Pesquisa e Extensão, 2021.

ECKSTRAND, Chrissy D.; SPARGER, Ellen E.; MURPHY, Brian G. Central and peripheral
reservoirs of feline immunodeficiency virus in cats: a review. Journal of General Virology,
v. 98, n. 8, p. 1985-1996, 2017.

GONZÁLEZ, Silvia A.; AFFRANCHINO, José L. Properties and functions of feline


immunodeficiency virus Gag domains in virion assembly and budding. Viruses, v. 10, n. 5, p.
261, 2018.

LITTLE, Susan E. et al. Doenças virais: retrovírus. In: LITTLE, Susan E.. O gato: medicina
interna. Rio de Janeiro: Roca, 2015. Cap. 33. p. 1506-15013.

LORENZETTI, Douglas Miotto et al. Aspectos epidemiológicos e doenças associadas à


infecção retroviral em gatos submetidos à necropsia. 2021.

PAN, Mei-qiao; WANG, Jiu-cheng; WANG, Ya-jun. The prevalence and genetic diversity of
feline immunodeficiency virusand feline leukemia virus among stray cats in Harbin,
China. Turkish Journal of Zoology, v. 42, n. 2, p. 245-251, 2018.

PERHARIĆ, Matko et al. The epidemiology features of retroviral infections in domestic cats
from the Zagreb urban area. Veterinarski arhiv, v. 88, n. 3, p. 345-354, 2018.
12

SACRISTÁN, Irene et al. Cross‐species transmission of retroviruses among domestic and wild
felids in human‐occupied landscapes in Chile. Evolutionary applications, v. 14, n. 4, p.
1070-1082, 2021.

SILVA, Fábio da Silva. Terapia antirretroviral no controle do vírus da imunodeficiência felina.


2017.

WESTMAN, Mark E. et al. Comparison of three feline leukaemia virus (FeLV) point-of-care
antigen test kits using blood and saliva. Comparative Immunology, Microbiology and
Infectious Diseases, v. 50, p. 88-96, 2017.
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ANEXO
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