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NORNIA RURAL TRAZ AVANIEDS Novo texto 6 avaliado por representantes dos trabalhadores, empregadores, governo e profissionais da area prevencionista Quinze anos apds sua publicagao original, pela Portaria n° 86/2005 do entao Ministério do Trabalho e Emprego, anova Norma Regulamentadora 31 (Seguranga e Satide no Trabalho na Agricultura, Pecudria, Silvicultura, Exploragao Florestal e Aquicultura) foi publicada no Diério Oficial da Unido em 27 de outubro de 2020 pela Secretaria Especial de Previdéncia e Trabalho por meio da Portaria n° 22.677. Com entrada em vigor prevista para um ano a contar da data, estabelece os preceitos a serem observados na organizagao e no ambiente de trabalho rural tornando compativel 0 planejamento e 0 desenvolvimento das atividades no setor com a prevengao de acidentes e doengas ocupacionais. Baseada nos princ{pios da harmonizagao, simplificacao e desburocratizagao das NRs, assim como da manutengao da Seguranca e Reportagem de Martina Wartchow Satide no Trabalho, a versao revisada tem 17 capttulos, seis a menos que a anterior. Os itens, no entanto, foram aumentados de 0 para 900, uma vez que 0 contetido de NRs urbanas foi adequado ao meio rural ¢ inserido no novo texto. Outra mudanga significativa 6 a exigéncia do PGRTR (Programa de Gerenciamento de Riscos no Trabalho Rural) de acordo com a nova NR 1 (Disposigdes Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais). Na avaliagdo da maior parte dos entrevistados, trata-se de uma norma melhor em relagao & anterior e satisfatoria para empregados e empregadores, com uma linguagem mais clara e acessivel aos interessados. Os obstéculos a serem vencidos para sua implementacao, entretanto, ainda séo considerados grandes, especialmente os relacionados & informalidade no campo. 7 evista PROTEGKO 87 MM Embora o Brasil fosse essencial- mente agrario e grande parte de sua populagao vivesse no campo no ano da publicagao da CLT (Consolida- a0 das Leis do Trabalho), em 1943, 6s trabalhadores rurais tiveram seus direitos equiparados aos urbanos so- mente em 1988, com a promulgacao da Constituicdo Federal. Publicada ‘em margo de 2005, a versio original da NR 31 consolidou em um tinico instrumento normativo os requisitos referentes a SST no campo, antes es- parsos em cinco NRRs (Normas Re- gulamentadoras Rurais), e trouxe importantes methorias e redugio de acidentes e doengas ocupacionais no setor. Tais conquistas, no entanto, convivem até hoje com desafios per- sistentes, como o desrespeito a legis- lagao trabalhista ea normatizacao de Seguranga e Satide Ocupacional, a informalidade, trabalho escravo e 0 trabalho infantil. Conforme relata 0 engenheiro de seguranga e auditor fiscal Carlos Fer- nando Lage Paixao, integrante do Grupo Técnico € do Grupo de Traba- Iho Tripartite responsaveis pela ela- boragdo da nova NR 81, a norma pu- blicada em 2005 passou por poucas alteragdes, entre elas, a incluso, em 2011, de requisitos referentes a mé- quinase equipamentos em consonan- cia coma NR 12. B, em 2018, houve a transformagtio da GSSMATR (Gestio de Seguranga, Satide e Meio Ambien te do Trabalho Rural) em PGSSMATR (Programa de Gestao de Seguranca, Satide e Meio Ambiente do Trabalho Rural). “Varios obstéculos existentes no meio ambiente de trabalho rural pa- ra.a proteggio da SST foram vencidos coma adogao da primeira NR3I, prin- cipalmente com relacao a implemen- tacio das medidas de seguran méquinas, equipamentose implemen- tos, A adocdo de instalagdes sanitérias, nas frentes de trabalho, as medidas de seguranga e satide na utilizagao de agrotéxicos, adjuvantes e produ- tos afins”, relata ele, que também in- tegrou.a CPNR (Comissio Permanen- te Nacional Rural), encarregada das questdes de SST rural, criada pela Portaria SIT/MTE n’ 18/2001 ¢ extin- ta pelo Decreto n° 9.759/2019, MARCO Para o engenheiro de seguranga e auditor fiscal Sérgio Augusto Letizia Garcia, outro integrante do GT e do GTT da nova NR 31, a norma origi- nal € um marco importantissimo na melhoria das condigdes de trabalho do meio rural. Isso porque, segun- do ele, trouxe avangos considerdveis, também na destinagdo de resfduos, no fornecimento ¢ na substituicao de ‘A partir de 2005, scalizagio passou a atu fortemente para methora da concise de trabano 138 rewsta pRoTEGkO ferramentas manuais, na construgao emanutengao desilos e secadores, 10 transporte de trabalhadores, trabalho com animais, em edificagdes rurais © instalagoes elétricas e, prineipalmen- te, areas de vivéncia, que incluem, além das instalagdes sanitérias, abri- 205, refeitorios, gua potavel e fresca. Garcia observa, ainda, que, da mes- ma forma, foram varios os desafios vencidios pela fiscalizagéo nesses til timos 15 anos. “A partir da Portaria n? 86/2005, as inspegdes dos empre- gadores rurais pela Auditoria Fiscal do Trabalho, incluindo dentincias e demandas de trabalho escravo, tive- ram um ineremento considerdvel, pas- sando o entao MTE a incluir no seu planejamento 0 Projeto Rural como obrigat6rio para a maioria das regio- nais”, recorda. Carlos Fernando com- plementa quea principal conquista da AFT no perfodo foi a conscientizagao dos empregadores para o cumprimen- to das exigéncias previstas na norma, especialmente com relacao aos bene- ficios gerados para o seu negocio e pa- ra obentestar de seus empregados. PLANO O engenheiro de seguranga Clovis Eduardo Meirelles, pesquisador apo- sentado da Fundacentro, onde come ou em 1975 e gerencioua area de se- guranca rural por mais de 20 anos, co- ordenou a elaboragao e a implemen- taco de um plano nacional de SST rural. Em parceria com a OIT (Orga- nizagao Internacional do Trabalho), a iniciativa levou a formagao de equipes de ciéncias agrarias nas unidades re- gionais da Fundacao. Ele conta que tais ages possibilitaram um panora- ma dos acidentes e doengas ocupa- cionais do setor e contribufram para ‘a primeira NR 31, da qual participou da criagao. “Nosso grande problema na época era o fato dea CAT (Comu- nicagao de Acidente de Trabalho) ru- ral s6 ser emitida para trabalhadores vinculados a uma empresa, E isso é um grande problema até hoje, porque amaioria dos trabalhadores rurais es- tdalocada na agricultura familiar, sem. cL 3 Conforme dados do MTE de 2006, um ano apés a publicacao da pri- meira NR 31, das 3.200 autuacoes relativas & norma: »» 40% estavam relacionadas a reas de vivencia (instalagdes sani- tarias, abrigos, refeitérios, gua po- tavel ¢ fresca, etc); »» 18% medidas de protecao pes- soal (fornecimento e utilizagao de EPIs, ot 9 18% gestao de seguranea, sau de e meio ambiente de trabaiho rural (exame médico admissional, primei- 08 socorros, etc); >» 6% agrotéxicos, adjuvantes @ produtos afins (capacitacao, reutl- Zagao de embalagens vazias, etc): »» 4% transporte de trabalhadores (adaptagao de veiculos, assentos de espuma, etc] »» 4% maquinas, equipamentos ¢ implementos (protegao da transmis- séo de forca, etc); >» 8% disposigdes gerais - obriga- (Ges e competéncias - das respon- Sabllidades (condigdes de higiene conforto, etc); >» 7% outros, ‘Jé em 2019, conforme dados da SIT, de um total de 67.550 fiscal (G0es relativas &NR 31, 08 10 t6pi- os mais fiscalizados foram: » Deixar de submetertrabalhador ‘aexame médico admissional (1.967); >» Deixar de fornecer EPIs gratui- tamente (1.841); »» Deixar de submeter trabalhador a exame médico periddico (1.453); »» Deixar de disponibilizarinstala~ (oes sanitarias nas frentes de traba- tho (1.210); »» Delxar de equipar 0 estabeleci- mento rural com material de primel- tos socorros (1.038); >» Deixar de disponibilizar nos lo- cais de trabalho agua potavel « fres- ca.em quantidade suficiente (1.004); » Deixar de proporcionar capaci- taco sobre prevencao de acidentes com agrotéxicos (883); » Delxar de proporcionar capaci- tagao para manuseio ou operacao segura de maquinas ou implemen- tos (887); >» Deixar de adotar medidas de avaliagao e gestao dos riscos (844); »» Deixar de disponibilizar nas fren- tes de trabalho abrigos contra intem- péries durante as reteigbes (842). 40 rewstaPROTEGkO vineulo empregaticio”, ressalta, Meirelles considera a norma de 2005 um grande avango para a SST no campo. Entre as methorias, cle ci- taa exigencia da CIPATR (Comissao Interna de Prevengao de Acidentes do ‘Trabalho Rural), do SESTR (Servigo Especializado em Seguranga e Sati- de no Trabalho Rural), alimitagao de algumas atividades ¢ de hordrios de trabalho. Conforme dados do AEPS (Anudrio Estatistico da Previdéncia Social) de 2007, dois anos ap6s a pu- blicacdo da primeira NR 31, do total de 659.523 acidentes de trabalho re gistrados, 28.893 (4,38%) foram no setor agropecuatio, J4 em 2018 (da- dos mais recentes), foram 16.713 (2,9%) de um total de 576.951, uma redugao de 42,15%. Para o representante da bancada dos trabalhadores na CTPP (Comis sao Tripartite Paritaria Permanente), oengenheiro de seguranca Robinson Leme, secretério nacional de SST da Nova Central Sindical de Trabalhado- res, sem chivida, a NR 31 trouxe me- Ihorias nas condigoes de trabalho no setor. 0 que, a seu ver, também foi impulsionado pela atuacio da AFT ¢ do MPT (Ministério Pablico do Traba- Iho). “Verificando-se as estatisticas da Previdéncia, constata-se uma redugio dos acidentes ocorridos no campo nos dias atuais em relacdo aos anos 2000. Na época, a cada trés dbitos no setor rural, havia umm na indstria da cons- truco. Dez anos depois, a situacao é inversa”, constata, DEFEITO. “Mas ¢ importante frisar que, em- bora muito bem gerada, a norma ori- ginal tern um grande defeito: ela s6 abrange cerca de 25% da populagao trabalhadora rural, aquela com vin Jo empregaticio. Os trabalhadores da agricultura familiar ficaran totalmente & margem’, afirma Meirelles. Confor- me dados do Censo Agropecudrio de 2017 (o mais recente) do IBGE (Insti- tuto Brasileiro de Geografia e Estatis tica), havia 5.073.324 estabelecimen- tos agropecudrios no Pais naquele ano Metroles: 3 abrange 25% dos rabethadores € 15.105.125 pessoas ocupadas neles. Do total desses estabelecimentos, 77% cram classificacios como agricultura fa- miliar (3,9 muilhoes), abrangendo 67% de todo pessoal ocupado em agrope- cuitia no Pais, ou seja, 10,1 milhoes de pessoas (46,6% no Nonteste, 16,5% Sudeste, 16% Sul, 15,4% Norte €5,5% Centro-Oeste). esses mais de 15 milhées de traba- Ihadores rurais, 73% tinham lago de pa- renitesco como produtor (1.101.533). J os outros 27% (4.003.592), sendo 88% homens e 12% mulheres, nao ham esse lago. Segundo dados pu- blicados pelo Dieese (Departamento Intersindical dle Estatistica e Estudos Socioeconémicos) ¢ divulgados pela Contar (Confederagao Nacional dos ‘Trabalhadores Assalariados € Assala- riadas Rurais), entre esses assalatiados sem lago de parentesco com o produ- tor, a informalidade nacional média fica préxima a 60%, chegando perto dos 80% nas regides Norte e Nordes- te e ultrapassando os 90% em alguns estados. PROBLEMAS O coordenador-geral de SST da SIT (Subsecretaria de Inspegaio do Traba- Iho), © auditor fiscal Marcelo Naegel representante da bancada de govel no na CTPP, lembra que os prineipai problemas encontrados nas ativida- des rurais durante as fiscalizagdes da AFT antes da publicagao da primeira verstio da NR 31 eram: auséneia de instalagoes sanitérias e locais para refeigdo nas frentes de trabalho, ma- nuseio de agrotéxicos sem o uso de Equipamentos de Protegao Individu- al, transporte de trabalhadores em veiculos inadlequados, falta de forne- cimento de égua potavel nas frentes de trabalho, condigées inadequadas em alojamentos, moradias e reas de vivéncia. Complementa que também ceram muito frequentes problemas re- lativos 2 capacitagao dos trabalhiado- res, & protecaio de méquinas ¢ equi- pamentos e a seguranga das instala- Ges elétricas (maiores informagoes no quadro Saiba Mais). “Embora algumas das situagoes an- teriores ainda persistam, muitos dos problemas foram superados com a primeira publicacao da NR 31, que foi muito importante paraa SST no meio fal. Ela contém dispositivos para reas de vivencia, maquinas ¢ equi- pamentos, transporte de trabalhado- res, edificagoes, instalagoes elétricas, entre outros, representando grande ofission pr 7 tiderrapante Sapato Feminino Te &. fe, Ra er & www.softworksepi.com.br avango a época”, constata Marcelo. A da norma, complementa ele, traz novos e importantes dispo- sitivos para o aprimoramento no tra- tamento desses problemas, GESTAO © Brasil hoje figura entre as princi- pais economias agropecuarias mun- is, tendo a soja como alavoura com. maior valor de produgiio no P: guida de cana-de-agticar, milho e ca- f6;e, na pecudtia, os galindceos como maior rebanho em niimero de cabe- ‘¢as, seguiidos de bovinos e suinos. Os problemas relativos & SST, no entanto, ‘embora possam ter mudado um pouco © perfil com a modernizagao das tec- EPI MODERNO e CONFORTAVEL nal Sapaténis Ref. BB81 CA n? 43.860 ‘Atende Norma NR-32 © .B, BG) PROFESSIONAL SHOES ‘Sopaténis exclusive, diferencide, design inovadore super confortvel cS & SS = Ss © EEE = = (16) 3703 3240 qiesctotsaicomte Fochigo: 100% consensada nologias de plantio ¢ a mecanizagio do setor, continuam. Afinal, os riscos ocupacionais existentes no campo seguem intimeros © diversificados, ineluindo os de acidentes com ferra- ‘mentas manuais cortantes; méquinas e implementos agricolas; animais pe- conhentos; exposi¢do a agentes in- fecciosos e parasitirios; a radiagoes solares e intempéries; aruido e vibra- do; a particulas de graos armazena- dos, dearos, pélen, dejetos de origem animal; a agrotoxicos e fertilizantes, ritmo intenso de trabalho, ete. Nesse censitio, na avaliagao de Car los Fernando, a nova NR 31, “que foi aprovada por con CTPP, au- menta a seguranca dos trabalhado- res e estimula a modernizacao do se- tor rural, possibilitando uma efetiva gesttio dos riscos pelo responsavel © estimulando 0 uso de novas tecnolo- gias. E mais SST e menos buroeraciae custos para o setor”, Marcelo tem opi- nido similar: “A recém-publicada nor ma evoluit na prevengao de acidentes € doengas ocupacionais, instituindo, porexemplo,o PGRTR. E uma norma mais moderna, mais inteligente e que traz ganhos, tanto para trabalhadores, quanto para empregadores e a socie~ dade como um todo”, afirma. “A aprova m 100% de con- senso entre as trés bancadas, com 0 acompanhamento do MPT (Ministé- rio Pablico do ‘Trabalho), foi um pon- to muito positivo; demonstra a ma- 42 PeusTaPROTEGAO (Cadus norma preservada turidade do texto”, avalia 0 assessor juridico da CNA (Confederacao da Agricultura e Pecudria do Brasil), 0 advogado Rodrigo Hugueney do Ama- ral Mello, representante da bancada dos empregadores no GTT. Para ele, a evolugao da nova versio se deu em razio dos 15 anos que se passaram, praticamente, sem alteragoes do texto original. “Nese perfodo, foi possivel encontrar e mapear quais os pontos de maior dificuldade no entendimento e na aplicagaio da norma a realidade do campo”, afirma. Rodrigo recorda que a CPNR foi institufda para criar a NR 31 e acom- panhar sua implantagio, “Ou seja, desde 2005, quando foi publicada a primeira versio da norma, a Comis- sao vinha acompanhando as di dades que surgiam, fazendo reunides itinerantes e ouvindo os problemas na ponta. Esse hist6rico foi fundamental para 0 processo de revisto, de forma que chegamos a um texto que temos a convicgio que melhoraré muito a vida do produtor rural e traré muito mais seguranga para o trabalhador no campo”, acredita. TEMOR © consultor juridico da Contar, 0 advogado Carlos Eduardo Chaves Sil- va, Cadu, representante da bancada dos trabalhadores no GTT, também vé com bons olhos o resultado final do novo texto, mas faz algumas res- salvas. “A NR 31 de 2005 6 um marco legal importantissimo para o meio ru- ral, fruto da uta dos trabalhadores, do movimento Grito da Terra Brasil, nos anos 2000, quando a Contag (Confe- deragdo Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) reivindicou a cria Gao de uma norma mais abrangente © mais especifica, porque, até aque- Je momento, os trabalhadores viviam de aplicagdes de pequenas partes de normas existentes. Na época, estii- vamos reivindicando 4gua potavel, 0 fim do transporte conhecido em al- guns lugares do Pais como pau de arara”, lembra, Complementa que a publicagdo da primeira NR 31, tam- bém decorrente da Convengao 184 (Seguranga e Satide na Agricultura) da OFT, foi considerada uma conquis- ta Lao expressiva que 0 movimento sindical recusou, ao longo desses 15 anos, qualquer possibilidade de uma revisao, por receio da perda de direi- tos conquistados, Por isso, quando a proposta de um. novo texto foi colocada em consulta piiblica em outubro de 2019, a eate- goria a recebeu com surpresa etemor, da mesma forma como recebeu a ex- tingdo da CPNR e suas regionais, se posicionando firmemente pela manu- tengao da versio da NR 31 ainda em vigor. “Optamos por ndo apresentar proposta alguma de alteracao, para ’o legitimar qualquer proceso de revisio, ou seja, nfo Iutamos para melhorar pontos que precisavam ser melhorados. Dessa forma, as propos: tas que vieram foram do setor patro- nal”, relembra. Acrescenta, no entanto, que, apds tomar conhecimento de quem eran os auditores fiscais integrantes do Grupo ‘Técnico do Governo responsével pe- la elaboragtio de uma nova proposta a ser discutida de forma tripartite, “pessoas que participaram da cons- trugao da primeira norma e jamais co- locariam suas digitais para destrut-la”, houve alguma tranquilidade. “Entao aceitamos a negociacao a partir da e conseguimos preservar quase que a integralidade da norma”, afirma, MMM NRs sao adaptadas ao setor Mudanga possibilita aplicagao exclusiva dos dispositivos do novo texto Uma das principais mudangas tra- zidas pela nova versao do texto é a incorporagao de outras normas ade- quadas as caracteristicas ¢ especif- cidades do meio rural. A consultora sindical e trabalhista da Uniea (Uniao da Indiistria de Cana-de-Acticar), a advogada Blimara Aparecida Assad Sallum, representante da bancada patronal pela CNA (Confederagio Nacional da Agricultura e Pecudria do Brasil) no GT da NR 31, cita, co- mo exemplos,as NRs 1 (Disposicoes Gerais e GRO), 17 (Ergonomia), 33 (Espaco Confinado) e 35 (Trabalho em Altura). Ela observa que a ino- vacdo possibilita a delimitagao para aplicagao exclusiva somente dos dis- positivos da NR 31, exceto quando houver remissio expressa de outras normas urbanas ou quando se tratar das NRs 3 (Embargo ou Interdigdo), 13 (Galdeiras, Vasos de Pressao ¢ ‘Tubulagoes e Tanques Metalicos de Armazenamento), 15 (Atividades Operagées Insalubres), 16 (Ativida- des ¢ Operagées Perigosas), 20 (In- flamaveis e Combustiveis) ¢ 28 (Fis alizagoes e Penalidades) “Nesse contexto, ¢ inquestionavel -guranga juridica para os empre- gadores e, consequentemente, 0 au- mento da seguranca dos trabalhado- res para a prevengio de acidentes ¢ doengas para as atividades r afirma Elimara. Segundo ela, desde 1988, quando foram editadas as NR- Rs 1 a5, e depois da primeira NR 31 entrar em vigor, um dos motivos da inseguranga juridica ¢ 0 grande nii- mero de autuagdes no campo decor rentes de normas urbanas. assessor jurfdico da CNA, Rodri- go Hugueney, também comenta que as auttiagdes com base em NRs turba- nas séio muito comuns no meio rural, que significa nao s6 inseguranga Juridica como inseguranga para o tra- balhador, em fungao da exigéncia da ral” 44 rewsTaPROTEGAO aplicacio de normas que nao foram pensadas para a atividade rural”. Co- mo exemplo, cita a necessidade de elaboracao do PPRA e PCMSO (NRs 7e9) no meio rural quando a NR 31 ainda em vigor tem seu proprio pro- arama de gestao, o PGSSMATR. “Tal exigéncia obriga 0 produtor rural a ter trés programas de gestdo, o que significa trés v ais custo, sem nenhum aumento de seguranga”, re- lata. Complementa que, nesse pon- to, na nova versio, houve total rees- truturagao do PGSSMATR, inclusi- ve mudando sua nomenclatura para PGRTR, para demonstrar harmonia com os programas urbanos, mas sem confundi-los. Aadocao de uma redacao mais cla 1a e objetiva, sem a redugao ou per da de contetido, € considerada ou- tro importante ganho pelo assessor juridico da CNA. “Onde foi posstvel, buscamos adotar menos termos tée- nicos, de forma a facilitar e permitir o entendimento do texto diretamente pelo produtor rural, Certamente es- se foi outro ganho em seguranga ju- ridica e clareza, 0 que vai contribuir na hora da aplicagio e evitar aut agdes por divergéncias interpreta- tivas, tanto na implantacao, quanto na fiscalizagao da nova norma” dita Rodrigo, COMPREENSAO Aadaptagao de normas urbanas a0 meio rural eo acréscimo desses itens no texto da nova NR 31 sao bem-re- cebidos pelos trabalhadores segundo © consultor juridico da Contar, Carlos Eduardo Silva. Até porque, lembra ele, a proposta inicial da baneada pa- tronal era que se aplieasse ao campo aR BI exclusivamente. “Condensar tudo na mesma norma ajuda no dia adia, torna mais fécil para emprega- dores ¢ empregados compreenderem © que € aplicavel ao campo e sabe- rem que a aplicago ¢ obrigatoria. E agente conseguiu barrar o prineipal, que era a ideia de vocé ter uma apli- cago exclusiva da NR 31”, comenta, Embora considere um retrocesso limitar a aplicagao da integra das NRs no campo, “até porque varios érgaios entendem o que esta na Constituigio Federal de 1988, ou seja, a equipara- ao dos trabalhadores 0s rurais”, 0 engenheiro de seguran- ¢a Robinson Leme, representante dos trabathadores na CTPP, vé ava os na nova NR 31. Entre eles, cita ‘Medlds de proteedo om maquinas equipamentos foram harmonizadas com a nova NR 12 6 direito de recusa (itens 31.2.5.1 ¢ 31.2.5.2), ou seja, o trabalhador pode interromper suas atividades quando constatar uma situagao de trabalho que,a seu ver, envolva um risco gra- ve e iminente para a sua vida e satt- de, Também destaca a consideragao em relagdo aos fatores ergondmicos alinhados & NR 17, assim como a in- clusdo desses no PGRTR, amparada naNR1 com relagao a hierarquia das medidas de protegao. PGRTR “Anova NR 31 apresenta uma que- bra de paradigma no sentido de pro- porcionar a busea pelas melhores priticas de gestao de SST por meio do PGRTR, privilegiando as solugdes de eliminagao de perigos ou de mi- tigagao dos riscos por meio da sua harmonizacao com os conceitos es- tabelecicos pela Gestao de Riscos Ocupacionais da nova NR 1”, res- salta 0 engenheiro de seguranca e auditor fiscal Carlos Fernando Pai- xfo. Segundo ele, o PGRTR reforca ssponsabilidade ao empregadot 46 nest PROTEGAO 3 em relacdo as obrigagdes relativas & prevencdo de acidentes ¢ a Seguran- ¢a do Trabalho, tendo em vista que anova norma adota a ampliagao dos s a serem tutelados no ambi- to do Programa, que estabelecera a forma que se dard o tratamento des- ses riscos. O engenheiro de seguranga e au- ditor fiscal Sérgio Garcia explica que 0 PGRTR possi estrutura similar a0 PGR da area urbana, devendo contemplar 05 riseos quimicos, fi- sicos, biol6gicos, de acidentes ¢ 0s aspe tos ergondmicos, com, no minimo, inventério de riscos e plano de ago. “A expectativa 6 que, comaavaliagaio dos riscos ocupacio- nais no inventario de riscos ¢ o cronogra- ma para implantag de melhorias através de um plano de acao, os empregadores pos- sam adotar medidas de prevencio para ga- rantir um ambiente de trabalho seguro e sau- davel”, observa, Ainda no que diz respeito ao PGRTR, 0 Garcia feramenta para as menores empregador rural ou equiparado com até 50 empregados deve ter acesso a ferramenta de avaliagio de risco para estruturar o Programa e elabo- rar plano de acao, “Essa ferramenta, que sera cedida gratuitamente pelo governo, representa importante me- dida de prevengao, pois possibilitara aumento da quantidade de empre- sas em conformidade com a norma , por consequéncia, as condigoes de trabalho melhorarao”, prevé Garci Carlos Fernando afirma que tal ino- vacio sera de muita importancia em funcao da conhecida dificuldade que ‘© pequeno produtor tem para obter lum programa de gestao. “Muitas ve- ze, no hé profissional para elabo- ragao em sua regio ou, quando ha, custa muito caro a estruturacao e, depois, a implementagao, 0 que tor- na ndo atrativo fazé-lo da forma séria que deveria, razo pela qual foi pen- sada essa solugao”, diz, J4 0 consultor juridico da Contar afirma que 0 assunto é visto com cautela por parte do movimento sin- dical dos trabalhadores em funcao da grande informalidade que existe no setor rural. “Quando a gente tem. uma média nacional de 60% de in- formalidade no campo, chegando a 90% em alguns estados, percebe-se ‘que algo nao esta funeionando, Tem muito produtor que no tem sequer programa, Entdo ¢ possivel ter uma ferramenta que po E, em tese, essa ferramenta nao sera elaborada por profissional habilitado, A discusstio da qual vamos participar a ampliar isso? agora, portanto, é como deve ser es- sa ferramenta. Mas ja ha quem sina lize que 0 risco podera ser maior comenta, HIGIENE Outra importante mudanga trazida pela nova NR31 naavaliagao de Car- los Fernando a reestruturagao do capitulo das Condigdes Sanitdrias e de Conforto no Trabalho Rural, para compatibilizd-lo com as alteragoes feitasnaNR 24 (Condigdes Sanitérias e de Conforto nos Locais de Traba- Iho), que teve atualizaeao publicada em setembro de 2019, bem como pa- ra deixar mais claro quais obrigagées cabem as frentes de trabalho ¢ dizer respeito as estruturas fixas e méveis “O que éum problema na norma atu- al, que nao permite o entendimento com facilidade de quais obrigagbes deve ser observadas em quais situ- agdes”, observa, Complementa que 0 novo texto traz, mais uma garantia de condigdes dignas de trabalhoao esta- belecer que as instalagdes sanitarias © 0s locais para refeicao devem ser instalados fora da area alagada, em local seco, devendo ser garantido 0 acesso aos trabalhadores, Mais careza sobre obigarses nas estuturas fase méveie Ainda nesse quesito, Garcia ob- serva que a nova NR 31 estabelece diferengas de tratamento para pro- priedades rurais com menor ntimero de trabalhadores. A primeira delas 6 a dispensa de instalacdes sanitérias separadas por sexo para estabeleci- mentos rurais com até cinco traba- A PRECISAO QUE TODO PROFISSIONAL PRECISA! MMM Ihadores que utilizem a instalagao initaria de sua sede, desde que ga- rantidas condigdes de higiene e pri- vacidade. A segunda é a dispensa de instalagdes sanitérias exclusivas pa- a0 pessoal que manipule alimentos ¢ possibilidade de ligagao direta do local para preparo de refeigdes com instalagdes sanitérias e com dormi- t6rios quando o local para refeigoes tiver capacidade para até 10 traba- Ihadores. Para Carlos Fernando, outro item que traz maior clareza nas obrigacdes nas frentes de trabalho é a coneei- tuagao de trabalho itinerante, uma questo especifica rural, na qual al- guns trabalhadores percorrem a pro- priedade sozinhos ou em pequenos grupos para atividades como, por exemplo, consertar cerca e juntar gado. “Esse conceito é importante para desobrigara necessidade de for- necimento de estruturas moveis para esse tipo de trabalhador, visto que, normalmente, ele esta em constante deslocamento em cima de cavalos ov motos”, comenta. Jé para o consul- tor juridico da Contar, no entanto, a possibilidade de ocorrer ma inter- pretagao do conceito de itinerante, mesmo que ele conste no glossario, SESTR, CIPATR E EAD TRAZEM NOVIDADES Quanto ao SESTR, 0 auditor fiscal Sérgio Garcia explica que o texto da NR 31 ainda vigente faz previsao de servigo especializado préprio, externo coletivo, ou seja, o empregador rural atualmente pode contratar empresa de consultoria externa composta por protissionais especializados. Jé anova ‘verso estabelece as modalidades indi- ‘vidual ¢ coletivo, permitindo também a ‘contratagao de empresa especializada ‘em servigos de seguranca e satide.“A principal diferenga é que 0 novo texto define a carga horaria em que os profis- sionais do SESTR devem desenvolver ‘aces técnicas, integradas as praticas de gestdo de segurangae sauide, aler- tando os profissionais e empregadores rurais da vedagao de outras atividades durante © hordrio de atuagao no servi- 0", complementa. Em relagao CIPATR, Garcia co- menta que houve uma harmonizacao ‘com a NR 5 (CIPA) € 0 detalhamento do processo eleitoral. O consuitor juri- ddico da Contar, Carlos Eduardo Silva, ‘considera uma conquista da classe tra- balhadora o fato de ter sido incluida a ‘obrigatoriedade do processo elettoral da Comissao Interna 36 ser iniciado ‘apés a notificagao do sindicato. “Mui- tas vezes, a empresa publica o edital ‘no mural € o sindicato nao consegue ‘acompanhar 0 calendario ou nem fica sabendo’, justifica, ENSINO Entre as principais mudancas da no- va NR 31 que considera positivas, 0 consultor de Engenharia de Seguranga do Trabalho do Sinojpa (Sindicato da In- distria de Azeite e Oleos do Estado do Prd), o engenheico de seguranca Jair Pamplona Beltrao da Silva Janior, parti- cipante do GTT pela bancada patronal, Gita a atualizagao da norma para utii- Zagio de inovages tecnolégicas que vam sendo muito difundidas durante a pandemia da Covid-19. Uma delas é a Possibilidade do ensino a distancia ou semipresencial.“O que tornard possivel © aumento de treinamento para capa- citagées dos trabalhadores, tendo em vista a redugdo de custos, principal- mente com logistica de instrutores", acredita, Lista, ainda, 0 arquivamen- to de documentos em meio eletrénico @ 08 avisos @ comunicados por meio eletronico, Por sua vez, Cadu observa que a ca- tegoria dos trabalhadores concordou com a possibilidade da capacitagao EAD ou semipresencial porque esta condicionada as exigéncias da NR 1, que, a seu ver, so rigorosas, devendo seguir a legislacao da modalidade, ten- do regrase ambientes adequados para tal, Comenta, ainda, que certo temor da parte do movimento sindical de que a possibiidade do reaproveitamento de contetidos pelo mesmo empregador possa trazer algum tipo de prejuizo. A seu ver, no entanto, 0s requisitos mi- nimos exigidos esto bern-delineados. 49 PewsTaPROTEGAO preocupa a categoria, ‘TECNOLOGIAS No que diz respeito a méquinas equipamentos, Carlos Fernando ob- serva que, tanto na atual quanto na nova versio da NR 31, sempre se pro- curou manter uma sintonia fina com as medidas de protecdo estabelecidas pela NR 12, mas procurando deixar claras as diferencas existentes en- tre 0s setores produtivos. “Portanto qualquer alteraco na NR 12 era ime- diatamente analisada e avaliada pela CPNR, pata verificar 0 s com relagao ao maquiné do no setor rural. O mesmo foi feito com relagao a nova NR 12 quando da construgao do texto basico da nova RBI”, afirma, Entre as importantes mudangas teenoldgicas trazidas pela versao atu- alizada da norma rural, Garcia cita a obrigatoriedade de sistema de rever- stio dos rolos recolhedores nas novas méquinas forrageiras tracionadas. Outro avango mencionado por ele é a necessidade dos silos e secadores serem projetados e montados por profissional legalmente habilitado, devido ao elevado nimero de aciden- tesna montagem desses equipamen- tos ¢ 0 rompimento dos silos quan- do carregados com graos, vitimando muitos trabalhadores. a, ainda, a obrigatoriedade parte superior dos silos pass 1 feito por meio de es das com degraus, tipo earacol ou si- ilar, com plataformas de descanso e chegada, incorporadas & estrutu- ra do silo, E quando houver risco de queda, possuir escada inclinada com degraus no trecho do telhado e plata- forma no colar central do silo, Outra alteragiio que considera um avango 6 a necessidade de estabelecer no PGRTR medidas de prevencao con- tra risco de queda nas atividades de colheita e tratos culturais, bem como ‘a.capacitagio dos trabalhadores, com treinamento de, no minimo, duas ho- “A incluso dos contetidos da 3.¢ 85 no texto da NR 31 foi um ras. NR avango importante face as especitfici- dades dos trabalhos em silos, moegas € pogos de elevadores nas unidades de beneficiamento de graos e risco de queda nas atividades de colheita ¢ tratos culturais, ressalta, Garcia também observa que 0 no- vo texto da NR 31 estabelece que, s indicado no PGRTR ou configurada exposicdo a radiagao solar sem ado- cdo de medidas de protecao coletiva ou individual, o empregador deve for- necer protetor solar ao trabalhador por meio de dispensador coletivo. “0 fornecimento de protetor solar, que nao ¢ considerado EPI, por nao pos- suir CA (Certificado de Aprovagao), era uma solicitacao antiga dos traba- Ihadores”, lemibra, Segundo Cadu, 0 movimento sindical dos trabalhado- res se mobilizaré no sentido de que a obrigatoriedade do protetor solar seja aplicavel a todos que trabalhiam no campo, independentemente de constar no PGRTR. “Porque, ainda que se use 0 chapéu drabe € cami- sa de manga longa, 0 rosto vai estar exposto. Entao vamos nos mobilizar para que esse item seja aplicado efe- tivamente”, complementa, AGROTOXICOS No que diz respeito aos agrotoxi- cos, adjuvantes ¢ produtes afins, Gar- cia observa que 0 novo texto altera a definigao de exposigao direta ou indi- reta. Como, por exemplo, a redugio de 30 para 15 metros da distancia do depésito de agrotéxicos em relacaoa abitagoes € locais onde so conser- vados ou consumidos alimentos, me- dicamentos ¢ outros materiais. “As bancadas levaram em consideragao que 0 sentido das aberturas devido ao vento € 0 riseo de contamina do solo sto mais importantes que a distancia”, observa. O novo texto também possibilita 0 armazenamento desses produtos en armiérios exclusivos, traneados e pro- tegidos de sol ¢ intempéries, confec- cionados de material resistente que F ! tow oeetl permita higienizagio e nao propicie apropagagao de chamas, localizados fora de moradias, areas de vivénciae reas administrativas, Desde que ob- servado 0 volume maximo estabele- cido na norma (limite de 100 kg, 100 litros ou a somatéria de litros e quilos considerados conjuntamente) e a in- compatibilidade quimica entre ele “Nesse ponto especfico, vale chamar atengao ao vanguardismo da norma, ‘ue, jd pensando na maior seguran- ‘a, passou a estabelecer a avaliagao da ineompatibilidade quimica entre ‘0s produtosarmazenados, para evitar acidentes como aquele que ocorreu recentemente no Libano”, comenta Carlos Fernando. Foi incluida, ainda, a obrigatorie- dade de as pessoas envolvidas em trabalhos com agrotéxicos tomarem banho depois de finalizadas todas as atividades envolvendo o preparo e/ou aplicagao de agrotéxicos, adjuvantes € proglutos afins, conforme proc dimento estabelecido no PGRTR. A nova redagio também estabelece a protegao as gravidas e lactantes em relagdo a exposicao aos agrotéxicos aobrigatoriedade de maquina com bine fechada, exceto para as culturas ‘em parreiras, quando da aplicacao de agrotoxieos com a utilizagao de atomi- zador mecanizado tracionado. EVISTAPROTEGKO 49 MMM Melhorias ainda necessarias Servigo especializado é citado entre pontos que podem ser aperteicoados Orepresentante da bancada dos tra- balhadores na CTPP, 0 engenheiro de seguraniga Robinson Leme, se mostra preocupado coma possibilidade de fal- ta de controle de qualidade profissio- nal no que diz respeito a contratagao do SESTR terceirizado a partir da nova versio da NR 31. Ble inclusive se diz surpreso com ando incluso, na verso final do novo textoda norma, de alguns itens propostos pelo governo no sen- tido de cancelamento e impedimento por parte da SIT de empresas espe lizadas infratoras aos quais a bancada patronal era contra, 0 coordenadorgeral de SST da SIT ‘ememibrodaCTPP (representagao do governo), 0 auditor fiscal do trabalho Marcelo Naegele, afirma, no entanto, que o texto da NR 31 foi totalmente aprovado por consenso entre as trés representagdes - govern, trabalhado- res ¢ empregaciores - incl lagdo a esse tema, * Importante deixar claro que as exigéncias técnicas previs- tas no texto da nova NR 31 garantern © controle sobre a qualidade da pres- tagio deste tipo de servigo”, afirma, 0 consultor juridico da Contar, Car. los Eduardo Silva, comenta que o que mais preocupavaa classe trabalhadora era a possibilidace de se ter uma mo- dalidade mista de SESTR, 0 que nao se concretizou, Quanto ao controle de ‘empresas terceirizadas, observa que fi- cou previsto na nova norrna, no item, 314.26, que a empresa especializada ‘em prestagdo de servigos de SST rural deve cumpriras atribuigoes do SESTR previstas na normatizago. Consta,ain- da, no item 31.4.19, que tanto 0 Servi- {¢0 individual quanto 0 coletivo devern or registrados conforme estabelecido pela Strab (Secretaria de Trabalho). "B ‘© Ministério da Economia ficou de edi- tar um ato normativo para definir tais critérios”, complementa. “A meu ver, ‘que mais trazprojuizo a retirada da obrigatoriedade de se ter um acordo 50 rewsta PROTEGKO em convengao coletiva para implantar BSTR externo”, afirma. para o consultor de Engenharia de Seguranga do Trabalho do Sinolpa, Jair Beltrao, a maior preocupagao em relagdo ao SESTR est relacionada & contratacao dos profissionais espe- cializados, prineipalmente os de nivel superior. “Pois 90% ou mais das ativi dades rurais sao desempentadas lon- ge dos centros urbanos e ésabido que, emnosso Pais, algumas cidades do in- terior nao possuem médicos de qual- quer especialidade para atendimento da populagao”, observa, Para ele, como ‘medida paliativa, poderia ser autoriza- daa contratacao do profissional sem a especializagao em SST. “Logicamente que os empregadores rurais ou equipa- rados deverdo comprovar, nas fiscaliza- sda SIT, a dficuldade da contrata- ‘cao dos profissionais de nivel superior © com especializagio”, complementa. ESTUDOS Na avaliagao do engenheiro de se- ‘guranga e auditor fiscal Sérgio Garcia, ainda 6 possivel avangar em estudos sobre medidas de seguranca para a aplicagdo aérea de agrotéxicos, feita através de avides e, mais recentemen- ‘Aplicaete complexs em atvidades dversas e com empregadores de todos os partes te, com drones. “A pulverizagio aérea pode provocar a deriva, que oferece isco de contaminagao de fontes de gua, residéncias em propriedades proximas e prejuizo a outras culturas agricolas”, ressalta. Por stta vez, a consultora sindical e trabalhista da Unica, Blimara Sallum, comenta que, apéso inicio da vigéneia, com a efetiva implantagiio da versio atualizada, poderao surgit novas opor tunidades de melhorias nao previstas no processo de revisio. “Por se tratar de uma norma muito complexa, apli- cével ao segmento com empregadores de pequeno, médio e grande porte, em atividades diversificadas que empre ‘gam milhdes de trabalhadores em to- do o Pais”, complementa. No mesmo sentido, o assessor juridi- co da CNA, Rodrigo Hugueney, obser- va que, assim como ocorreu na versio de 2005, conforme for acontecendo a implantagao da norma, certamente serao encontrado pontos de metho- ria, “Ainda mais quando comegarem ‘a aparecer novas tecnologias para a atividade rural. Sempre ha 0 que ser ‘melhorado, todavia apenas sabereros conforme a norma entre em vigéneia ea gente vi acompanhandoa implan- tagao”, ressalta ele. INFORMALIDADE, Para Cadu, no deverd ser dificil aplicar a nova versio da NR 31, por que demandaré uma adapta que jf € aplicado atualmente. “Muita gente vendeu a ideia de que a norma seria destrufca, mas ela nao s6 nao foi destruida como teve avangos. Nosso problema maior é outro: a informali- dade. Porque um empregador que nao assina a carteira de um trabalhador ificilmente vai fornecer EPI, dificil- mente vai treind-lo, E temos um uni- verso muito grande de trabalhadores informais’, afirma. Diz, ainda, que 0 préximo passo do movimento sindical dos trabalhadores 6 difundir as infor- mages e gerar debates em torno das mudangas e sobre as conquistas da ca- tegoria prineipalmente para dentro das convengées coletivas eacordas coleti- vos de trabalho, “Acreditamos que a nova NR 31 vai terplena aplicabilidade na pratica, Ela {oi pensada na realidade do produtor rural, prineipalmente © pequeno e 0 médio, que tinham muita dificuldade dee se adequar & norma, Entao muito do que foi alterado vem para trazé-la para a realidad que jé ocorre nas pro- priedades”, afirma Rodrigo. Ele acre- dita que, mesmo que a previsio da en- trada em vigor seja 27 de outubro de 2021, certamente havera um pouco de dificuldade na implantagao do no- vo modelo de GRO. “O novo PGRTR trouxe uma nova légica para o sistema de gestio, com mais responsabilidade para quem ira elaboré-lo, Em contra- partida, traré mais seguranca ao tra- balhador, pois © Programa sera mais especifico para cada atividade, pois a norma agora traz 0 que deve ser tute- Jado, qual o fim que deve ser observa- do na criagao do Programa, deixando a cargo do profissional dizer de que ‘maneira serd atingida a seguranga exi- ida”, destaca. Beltrao acredita que nao haverd ‘grandes dificuldades para aplicagao da nova NR 31, principalmente por dois, fatores, Um deles € que ela esti escrita numa linguagem de fécil entendimento e de forma mais completa para fa tara sua aplicagio, O outro é que hi o prazo de 12 meses para ajustes e pro- _gramagao para implanta: haven- donecessidade de atuagao em carter de urgéncia. Para ele, os principais obs- taculos encontram-se nos itens que precisa de urn estudo mais aprofundado, com necessidade de inves- timentos para o seu cum- primento. Como exemplos, citao PGRTReas adequa- (Ges que os fabricantes de mequinas e equipamentos terdo que fazer desde a fa- se de projeto. “Na medida em que trou- xemos para a norma ex- periéncias obtidas pelos representantes do gover- no, trabalhadores e em- pregadores e foram feitas as adequagées no que foi possivel, a norma pode- 14 ser aplicada com maior seguranga pelos emprega- dores’,afirma Elimara, Complement, no entanto, que dificuldades sempre existirao, por se tratar, segundo ela, de uma norma bem completa e bastante complexa, uma vez que deve atender a diversos segmentos do setor rural, no qual hé muitas particularidades € peculiaridades. “Acredito que, com a simplificagao e a clareza na linguagem, delimitagao da aplicagaio da norma e com as inovagdes jf apontadas, as di- ficuldades, quando existentes, sera0 minimizadas”, avalia. Ela considera prudente que, desde jd, os emprega- dores rurais passem a conhecer a no- as alteragoes. joa ser enfrenta doa partir de agora serd.a implantacao da nova R31 em todas as regides do Pais, por causa da ampla diversidade das atividades rurais que sio desen- volvidas em todo o territério nacional” prevé Carlos Fernando. Nesse sentido, conforme o coordenador-geral de SST da SIT, uma série de agdes esta sendo planejada para divulgar 0 novo texto, como transmissdes on-line (lives) & reunides técnicas com setores espect- esate: aplicaeso em todes 2s reglées do Pals ficos. Segundo Marcelo, grande parte esses eventos sera realizada em par- ceria com as entidades representati vas cle empregadores ¢ trabalhadores. Ele complementaque, porsua vez, ‘equipe de auditores fiscais do trabalho ‘que participou da construgao da nova norma auxiliard na capacitagdo de au ditores de todo 0 Pais com 0 objetivo de preparé-los de formaadequada para ‘executarem as fiscalizagées nas ativi- dades rurais a partir da sua entradaem vigor. Acrescenta que a capacitagio se- 1 feita pela Enit (Escola Nacional de Inspegao de Trabalho), Jaa Contar fez um estudo compara- tivo das regras estabelecidas na NR 31 ainda em vigor e do novo texto com 0 objetivo de ajudar os dirigentes sindi- ‘ais na compreensao das mudangas. trabalho foi elaborado em parceria com a Feta (Federagio dos Trabalhado- res Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Rio Grande do Norte) e a Fetar-RS (Federagao dos Trabalhadores Assalariados Rurais no Rio Grande Sul) e com 0 apoio da Oxfam Brasil. Acesse: http/ivww:con= A Jaranivi file 1643.pdf a AEvIsTAPROTEGKO 81

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