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Texto: Lucas 17:11-19


INTRODUÇÃO
A graça de Jesus não é para ser compreendida, mas experimentada. Não quero suscitar
polemica, mas inicio esse sermão assim. Minha proposta não é desqualificar os estudos ou os
estudiosos da graça ou de qualquer outro assunto teológico, mas mostrar que mais do que
compreender e entender tamanho significado é necessário a experiência da graça de Jesus.
Muito tem se falado, pregado, comentado e escrito sobre o tema e isso é bom! São vários
autores de renome nacional e internacional que investem tempo e dedicam todo seu talento
para explicar o que é a graça de Deus. Quando afunilamos essa constatação, percebemos que
no meio reformado existe vasto conteúdo e muitos que falam do assunto com propriedade.
Nos últimos anos então, nós, o povo reformado, buscamos de forma ávida, ler mais, estudar
mais, nos debruçar mais no conhecimento teológico sobre vários assuntos, especialmente
graça. Creio que, neste sentido, estamos bem e temos a noção exata do que é a graça de Jesus.
Porém minha pergunta é: Já experimentamos esta graça? Já nos colocamos à postos para
recebê-la? Pois como já falei, melhor é receber e experimentar a graça do que ir para as redes
sociais com videos e textos querendo “lacrar” na graça de Jesus. Estamos formando um povo
cristão reformado que sabe (intelectualmente falando) muito, mas tem pouca experiência real
e concreta com a graça ou qualquer outro benefício da parte de Deus como: Misericórdia, paz,
perseverança, esperança, amor, fé.
É necessário então uma dosagem equilibrada, ou seja, nem tanto ao mar, nem tanto a terra...
Temos que ir atrás do conhecimento, mas sem perder a oportunidade da experiência. Temos
que tirar nota 10 tanto na ortodoxia (sentido formal) como na ortopraxia (sentido prático).
O texto do sermão é bastante conhecido e provavelmente você já leu, já meditou ou mesmo
ouviu alguma mensagem nele com o foco na gratidão ou na cura. E se ouvi, leu e entendeu
assim, não está errado, mas esse texto não fala apenas de gratidão e cura, mas especialmente
de graça. Pois é! O que Jesus faz aqui é oferecer a sua graça. Por isso, quero convidá-lo para
compreender essa graça, mas acima de tudo, experimentá-la. Então vamos lá!
A EXPERIÊNCIA DA GRAÇA DE JESUS
1. A experiência da graça de Jesus é possível porque é incondicional. (Vs. 11 - 12)

O termo incondicional sugere a ideia de que não há condição, distinção, restrição ou


predileção para experimentar a graça de Jesus. Quando Jesus oferece sua graça, Ele não faz
acepção de pessoas. O texto mostra isso quando Jesus atende, acolhe, conversa e cura os dez
leprosos.

Para a sociedade da época de Jesus, um leproso certamente não se encaixaria nesse perfil e
contexto. Essa pessoa certamente não receberia tão grande benção. Entenda por quê.

A lepra era uma palavra usada para várias doenças de pele. De acordo com a Lei, uma pessoa
leprosa era considerada imunda: “Disse o Senhor a Moisés e a Arão: O homem que tiver na
sua pele inchação, ou pústula, ou mancha lustrosa, e isto nela se tornar como praga de lepra,
será levado a Arão, o sacerdote, ou a um de seus filhos, sacerdotes. O sacerdote lhe
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examinará a praga na pele; se o pelo na praga se tornou branco, e a praga parecer mais
funda do que a pele da sua carne, é praga de lepra; o sacerdote o examinará e o declarará
imundo” (Lv 13: 1-3).

Assim, o leproso era expulso de casa e da sociedade e proibido de entrar em qualquer cidade.
Devia vestir roupas rasgadas, deixar o cabelo emaranhado e clamar “imundo, imundo!”.
Portanto, os leprosos não despertavam compaixão, mas eram marginalizados pela sociedade.
Eles tinham que viver isolados e não conseguiam se aproximar de indivíduos saudáveis. Os
rabinos impunham à comunidade que o leproso não deveria ser abordado nem
cumprimentado: tal era o medo do contágio, não apenas físico, mas também espiritual.

Mas Jesus quebra essa barreira. Jesus com graça socorre aqueles que já estavam esquecidos
pela família e pela sociedade, mas não para Deus! A graça de Jesus é assim: indistinta e
incondicional. Experimente!

2. A experiência da graça de Jesus acontece quando quem necessita, pede. (Vs. 13)

A fama de Jesus corria solta por toda parte. Jesus era conhecido como aquele que podia curar
as pessoas, resolver seus problemas, mudar radicalmente o ser humano. Também era
conhecido como aquele que acolhe quando todos rejeitam, aquele que mesmo vendo o homem
malcheiroso por estar afundado na lama fétida do pecado o cobre com seu amor. Aquele que
rompe com o isolamento da solidão humana e que abraça calorosamente vencendo a dor do
isolamento humano.

Lembrem-se, a lei exigia que as pessoas com lepra ficassem longe dos sadios (Lv. 13:46).
Esse grupo de leprosos ousou se aproximar tanto quanto puderam e gritaram. Apesar de todas
barreiras que existiam, aqueles homens fizeram o que todo homem precisa fazer: Clamar por
Jesus!

Esta não a única história que apresenta esse clamor, pedido, grito de necessidade. A bíblia
relata outras histórias como a do cego Bartimeu, por exemplo. O texto diz: “E muitos o
repreendiam, para que se calasse; mas ele clamava ainda mais: Filho de Davi, tem
compaixão de mim.” (Mc. 10:48).

Bartimeu não desistiu de clamar por Jesus. Mesmo sendo repreendido por muitos, continuou,
persistiu, sabendo que só necessitava de uma oportunidade para conseguir o que tanto
sonhava.

Agora imagine a situação. Um homem que era desprezado, humilhado, ignorado por todos.
Sem valor para aquela sociedade. Ele poderia ter pensado, logo depois da primeira repreensão
que tomou por ter clamado por Jesus: “É melhor eu me calar mesmo se não vou acabar preso
ou linchado”. Mas ao contrário disso, Bartimeu mais uma vez enfrentou tudo e todos e
continuou a clamar persistentemente. Ele abriu o coração e gritou: “Jesus...tem compaixão de
mim!”.

Antes do clamor e do pedido: sentado, abandonado e mendigando. Depois do clamor e do encontro:


andando, independente e seguindo o seu caminho.  Que mudança! Pela graça Bartimeu experimenta a
diferença que Jesus faz. Assim como os dez leprosos experimentaram.
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3. A experiência da graça de Jesus provoca no receptor gratidão e desejo de glorifica-lo


(Vs. 15-18)

A graça de Jesus gerou no coração de um dos dez leprosos gratidão e um desejo enorme de
honrar e glorificar a Deus. Observe que apenas um retornou e os outros nove (que também
foram curados) só queriam o benefício da cura. Era um interesse apenas pessoal, pontual, para
aquele problema e não para vida. Mas o leproso que entendeu que nele se manifestava a graça
de Jesus voltou com o coração transbordante de pelo menos dois sentimentos: Gratidão e
Devoção.

Tendo esses sentimentos no coração e na alma o ex-leproso então faz o que lhe cabe: Dar
glórias a Deus e prostrar-se agradecendo.

Adorar é uma atitude intencional para oferecer algo significativo a Jesus. O desejo de adorar e
dar a honra a Deus é sempre impulsionado por algo, na maioria das vezes, pela gratidão. O
conceito de adoração (honrar e glorificar) aqui implica em oferecer algo a Deus – Ir à
presença dele com algo a dar: “UM CORAÇÃO QUE O RECONHECE COMO A FONTE
DE TUDO”.

A atitude de ação de graças é fruto de uma observação racional do que Jesus é e do que Jesus
fez, mas que afeta os nossos sentimentos. Adorar é declarar com gratidão quem Jesus é. Foi
isso que o ex-leproso, o único dos dez, fez.

4. A experiência da graça de Jesus produz a fé salvadora no pecador. (Vs. 14; 19)

O que podemos perceber é que Jesus era diferente da maioria dos líderes religiosos do seu
tempo. Os necessitados eram acolhidos e curados. Ele tornava o Reino dos Céus acessível e
mais próximo de todos que pela fé se aproximavam d’Ele. Ele se deixava envolver com
pessoas sofredoras.

Ele teve compaixão daquele grupo de leprosos. Não há dúvidas disso, mas impôs um teste de
fé. A ordem de Jesus, quando nada ainda havia acontecido aos homens, foi um teste de fé.
Eles foram curados enquanto obedeciam a Jesus. Cada passo de obediência que aqueles
homens davam era um alívio para o corpo e a alma.

O interessante é que todos tiveram fé e foram curados, mas apenas um foi além da
necessidade imediata (Lepra) teve a fé que é necessária para a justificação, salvação, como diz
o texto de Romanos: “Portanto, justificados pela fé, temos paz com Deus, por meio de nosso
Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem obtivemos também acesso pela fé a esta graça,
na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus.” Romanos 5:1-2.

Algo semelhante aconteceu com a mulher com fluxo de sangue. A bíblia diz que foram doze
anos de lágrimas e perdas na vida de uma mulher doente, mas quando ela buscou a Jesus, sua
vida mudou! Ela experimentou a manifestação do poder da Fé em Cristo! Foi um toque de fé,
que extraiu de Jesus o antídoto para a sua morte, sua agonia e seu desespero. A evidência de
que fora tocado pela fé, é que d’Ele saíra poder – poder do alto! Aquela mulher não tocou
simplesmente nas vestes de Cristo, mas na essência de Seu Ser.

A cura foi imediata. A cura que ela procurou em vão durante doze anos foi realizada num
momento. A cura que os médicos não puderam lhe dar, foi lhe concedida instantaneamente.
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Em Cristo há cura imediata para todas as nossas enfermidades físicas, emocionais e


espirituais.

A cura daquele leproso foi completa. Embora seu caso fosse crônico, ele foi completamente
curado. (FALAR SOBRE O SACERDOTE) Há cura completa para o pecador. Ainda que
uma pessoa seja rejeitada ou esteja afundada no pântano do pecado, há perdão e cura para ela.

A fé em Jesus salvou esse homem fisicamente ao restaurar sua saúde; salvou-o socialmente ao
restaurar sua convivência com outras pessoas na comunidade; e salvou-o espiritualmente,
capacitando-o a experimentar uma nova vida em Cristo.

CONCLUSÃO

O que assegurou a cura e a salvação daquele homem não foi o quanto ele poderia caminhar
crendo e obedecendo até ficar limpo, mas o alcance da sua fé na graça de Jesus.

Dez leprosos foram, mas apenas um voltou. Da mesma forma acontece nas nossas igrejas. A
multidão vem, porém, poucos entendem e experimentam da graça de Jesus.

Muitas pessoas vêm à igreja porque estão acostumadas a vir. Acham errado deixar de vir. Mas
estar em contato real com Jesus não é o que esperam acontecer no culto. Elas continuarão
indo e vindo até Jesus voltar, mas só despertarão tarde demais, quando já estiverem diante do
tribunal de Deus para darem contas da sua vida. Alguns vêm para orar, mas não sentem a
graça de Jesus. Outros se assentam ao redor da mesa do Senhor, mas não têm comunhão com
Cristo. São batizados, comem o pão e bebem o vinho, mas não se alimentam de Cristo.
Cantam, oram, ouvem, mas isso é tudo; eles não contemplam o Senhor nem vão para casa em
paz. É como a multidão que comprime Jesus, mas não entende e nem experimenta da sua
graça. Vêm à igreja, mas não se encontram com Jesus.

A bênção com que Jesus despediu aquele homem é a mesma que Ele quer dar a você agora.
Talvez, você tenha vindo para a igreja “leproso, ou seja, com medo, angustiado, em crise
existencial, perdido e sem salvação. Mas, agora, você pode voltar para casa livre, curado,
perdoado e salvo. Você aprendeu como é possível; quando acontece; o que provoca e o
produz no ser humano a experiência da graça de Jesus. Então experimente ouvir Jesus falar:
“Levanta-te e vai: a tua fé te salvou.” Está é a verdadeira experiência da graça!

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