Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Visão Detalhada Sobre Ação...
Visão Detalhada Sobre Ação...
De acordo com o professor Guilherme de Souza Nucci (2013, p. 67), a ação penal pode
ser conceituada como:
Note, caro(a) leitor(a), que o conceito doutrinário trazido pelo professor Guilherme de
Souza Nucci menciona duas possibilidades de ação penal, englobando o direito do
Estado-Acusação (Ministério Público) de ingressar em juízo e o direito da vítima
(querelante) de ingressar em juízo, sempre em busca da satisfação de uma pretensão.
Dessa forma, podemos perceber que o referido conceito demonstrou a existência de
duas modalidades de ação penal, sendo uma de titularidade do Ministério público (ação
penal pública) e outra de titularidade do querelante (ação penal privada).
A partir de agora, vamos aprofundar ambas as modalidades de ação penal, com base na
obra do professor Renato Brasileiro de Lima e através do quadro-resumo abaixo (LIMA,
2017, p. 246-261):
AÇÃO PENAL
Privada
Incondicionada
Condicionada à representação
Condicionada à requisição
Note, caro(a) leitor(a), que a resposta negativa se impõe! Afinal, a seara militar traz
inúmeras particularidades e divergências em relação às modalidades de ação penal.
Art. 29. A ação penal é pública e somente pode ser promovida por denúncia do
Ministério Público Militar.
Art. 31. Nos crimes previstos nos arts. 136 a 141 do Código Penal Militar, a ação penal;
quando o agente for militar ou assemelhado, depende de requisição, que será feita ao
procurador-geral da Justiça Militar, pelo Ministério a que o agente estiver subordinado;
Vejamos, ainda, o disposto nos arts. 121 e 122 do Código Penal Militar (COM):
Art. 121. A ação penal somente pode ser promovida por denúncia do Ministério Público
da Justiça Militar.
Dependência de requisição
Art. 122. Nos crimes previstos nos arts. 136 a 141, a ação penal, quando o agente for
militar ou assemelhado, depende da requisição do Ministério Militar a que aquele
estiver subordinado; no caso do art. 141, quando o agente for civil e não houver co-
autor militar, a requisição será do Ministério da Justiça.
Por todo o exposto, podemos concluir que a ação penal na seara militar será sempre
pública. Aliás, a regra é que seja pública incondicionada. Contudo, teremos exceções
em que a ação penal pública no campo militar vai depender de requisição.
Cabe ressaltar, contudo, que o texto do art. 31 do CPPM fala sobre o “assemelhado” e
ainda exige a requisição do “Ministério Militar a que o autor do fato estiver
subordinado” o que pode causar ampla confusão no(a) caro(a) leitor(a), tendo em vista
que tais informações estão desatualizadas.
Portanto, para facilitar a compreensão, vamos aprofundar tais regras através dos
quadros de fixação abaixo, que apontam as três situações em que a ação penal será
pública condicionada à requisição:
Do Ministério da Justiça.
O autor tem que ser civil e não pode ter coautoria com militar.
Do presidente da República.
Note, caro(a) leitor(a), que existe uma terceira hipótese de requisição prevista no art.
95, parágrafo único, da Lei nº 8.457/1992, a qual não pode ficar esquecida.
Ora, caro(a) leitor(a), mas e quanto à ação penal privada? Será que ela jamais será
admitida no processo penal militar brasileiro?
Vale ressaltar que o CPM e o CPPM silenciaram em relação a esta possibilidade, dando
a impressão de que a mesma de fato não é cabível. Contudo, devemos refletir um pouco
mais acerca da ação penal privada subsidiária da pública, tendo em vista que esta é
simplesmente uma ação pública que não foi intentada no prazo legal.
Além disso, a carta magna faz previsão de tal possibilidade sem qualquer restrição
acerca da justiça ter que ser comum ou castrense (militar). Por esse motivo, não há
nenhum problema em sua admissibilidade em tais hipóteses. Vejamos, abaixo, posição
importante do professor e doutrinador Renato Brasileiro de Lima acerca da
possibilidade de ação penal privada subsidiária da pública dentro do direito processual
penal militar:
De toda sorte, as regras serão as mesmas previstas para o processo penal comum, de
modo que o prazo da referida queixa subsidiária será de seis meses, a contar da data
em que tiver expirado o prazo para o Ministério Público Militar (MPM) promover a
competente ação penal.
ART. 79 DO CPPM
– OFERECIMENTO DA RECEBIMENTO OU
DENÚNCIA REJEIÇÃO DA DENÚNCIA
5.1. Obrigatoriedade
Ademais, conforme ressalta Renato Brasileiro (LIMA, 2017, p. 214): “cabe ressaltar que
o somatório dos elementos ‘materialidade’ e ‘autoria’ traz aquilo que a doutrina
convencionou chamar de ‘justa causa’, que consiste em um lastro probatório mínimo
(mínimo de provas) necessário ao oferecimento da denúncia”.
Dessa forma, não há por parte do Ministério Público qualquer discricionariedade, tendo
em vista que todas as vezes em que estivermos diante de uma prova de ocorrência da
infração penal (materialidade) e de indícios suficientes de quem a tenha praticado
(autoria), não haverá outra opção viável ao parquet, senão o oferecimento da denúncia.
b) indícios de autoria.
Atenção!
Atenção!
Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no âmbito da Justiça Militar
5.2. Indisponibilidade
Art. 32. Apresentada a denúncia, o Ministério Público não poderá desistir da ação
penal. Estudamos sobre indisponibilidade no contexto do inquérito policial militar
(IPM). A autoridade que instaura o IPM não pode arquivá-lo.
Do mesmo modo, o Ministério Público quando oferecer a ação penal não poderá
desistir, pois o interesse em jogo não é o interesse pessoal, e sim o interesse coletivo.
Os interesses coletivos são indisponíveis.
5.3. Oficiosidade
Art. 136. Praticar o militar ato de hostilidade contra país estrangeiro, expondo o Brasil
a perigo de guerra:
§ 2º Se resulta guerra:
Art. 141. Entrar em entendimento com país estrangeiro, ou organização nêle existente,
para gerar conflito ou divergência de caráter internacional entre o Brasil e qualquer
outro país, ou para lhes perturbar as relações diplomáticas:
§ 2º Se resulta guerra:
São duas situações que representam exceções ao princípio da oficiosidade, que exigem
uma condição de procedibilidade, qual seja, uma requisição da autoridade legitimada.
Ressalta-se, mais uma vez, que a regra é que o Ministério Público, ao receber o IPM e
verificar que todos os requisitos necessários para o oferecimento estejam presentes, via
de regra poderá propor a denúncia independente de provocação (este é o princípio da
oficiosidade).
Iniciando o nosso estudo pelo conceito das condições da ação, de acordo com, podemos
compreendê-las como os requisitos indispensáveis ao exercício do direito de ação, seja
no processo civil, seja no processo penal (comum ou militar) (SANTOS, 1990, p. 163).
Ressalte-se, que para fins didáticos, vamos dar início ao estudo das referidas condições
da ação através do direito processual penal comum, sendo certo que os requisitos
relativos ao direito processual penal militar vão ser avaliados em um segundo
momento, sobretudo para viabilizar uma comparação entre ambas as situações.
São aquelas que devem estar presentes em todas e quaisquer ações penais.
São aquelas que só devem estar presentes em algumas ações penais específicas.
A partir de agora, vamos dar início ao estudo isolado de cada uma das condições
genéricas da ação penal no direito processual penal comum.
6.3. Legitimidade
Com base na teoria da afirmação ou asserção, aquele que se afirma titular do direito de
punir possui legitimidade ativa e deve figurar como autor, ao passo que aquele que é
afirmado como obrigado ou responsável por este direito possui legitimidade passiva e
deve figurar como réu.
Art. 29 do CPP. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for
intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e
oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do
querelante, retomar a ação como parte principal.
Note, caro(a) leitor(a), que o art. 46 do CPP traz o prazo (via de regra) para que o
Ministério Público ofereça a denúncia: cinco dias (réu preso) e 15 dias (réu solto).
Ao afirmarmos que tal prazo é uma regra, estamos apenas demonstrando que há outros
prazos distintos, espalhados pela legislação brasileira, como por exemplo o prazo para
oferecimento da denúncia previsto na Lei de Abuso de Autoridade, que será de 48
horas, na forma do art. 13 da Lei nº 4.898/1965.
De toda sorte, caso o membro do Ministério Público perca o prazo para agir e não adote
nenhum dos três procedimentos alternativos que possui, a sabermos, oferecer a
denúncia, baixar para diligências ou requerer o arquivamento, teremos configurada a
sua inércia. Em tais casos, o ofendido (vítima do crime) terá a faculdade (não é
obrigação) de ingressar com a ação penal no lugar do Ministério Público. Teremos,
então, uma ação penal privada (pois foi ofertada pelo ofendido) em um caso que deveria
ser de ação penal pública (pois foi ofertada pelo Ministério Público). Trata-se, portanto,
da ação penal privada subsidiária da pública, que poderá ser intentada pelo ofendido no
prazo máximo (decadencial) de até seis meses, a contar da inércia do Ministério
Público.
Note, apenas, que o Ministério Público não perde seu direito de oferecer a denúncia
durante o referido prazo, fazendo com que a legitimidade seja concorrente.
Note, caro(a) leitor(a), que, se o servidor público sofrer um crime contra a honra, em
razão do exercício de suas funções, teremos duas possibilidades alternativas: caso o
servidor público escolha oferecer queixa-crime, a ação penal será privada (legitimidade
– Interesse de agir
– Interesse-necessidade
– Interesse-utilidade
A máquina judiciária não deve ser movida apenas por uma motivação ideal, sendo certo
que precisa produzir alguma modificação efetiva no mundo. Portanto, precisamos ter
algum resultado prático e com o processo, sob pena de restar descaracterizado o
interesse de agir, sob a vertente da utilidade.
– Interesse-adequação
O provimento jurisdicional pretendido deve ser apto a corrigir o mal causado pela
prática da infração penal ora combatida.
Atenção!
– Justa causa
Há intensa polêmica doutrinária acerca da inserção da justa causa como uma terceira
condição genérica da ação penal, merecendo destaque três correntes principais de
pensamento (LIMA, 2017, p. 215):
A justa causa surge como uma terceira condição genérica da ação penal, ao lado da
legitimidade para agir e do interesse de agir.
A justa causa está separada das condições genéricas da ação penal, sendo considerada
um fenômeno distinto e separado das mesmas.
Cabe ressaltar que esta corrente doutrinária se tornou mais forte a partir da
microrreforma processual de 2008 (Lei nº 11.719/2008), que trouxe a possibilidade de
rejeição da petição inicial em virtude da ausência de justa causa (art. 395, III, do CPP).
Por fim, vamos avaliar o segundo exemplo conhecido e cobrado em provas de concurso
público, relativo às condições específicas da ação penal. Repise-se, apenas, que tais
condições específicas fazem parte de um rol exemplificativo, o que significa que
podemos destacar inúmeras outras.
Será necessária apenas nos crimes de ação penal pública condicionada à requisição,
que são justamente os delitos contra a honra (arts. 138 ao 140 do CP), se praticados
contra presidente da República ou chefe de governo estrangeiro.
Ora, e como seria no processo penal militar? Há uma convergência ou divergência dos
posicionamentos doutrinários?
Inicialmente, cabe ressaltar que as ações penais do processo penal militar também
exigem o preenchimento de condições da ação genéricas e específicas, sendo certo que
as genéricas são aquelas consideradas essenciais em todas e quaisquer situações e as
específicas são aquelas consideradas essenciais apenas em alguns casos particulares.
São aquelas que devem estar presentes em todas e quaisquer ações penais.
São aquelas que só devem estar presentes em algumas ações penais específicas.
A partir de agora, vamos dar início ao estudo isolado de cada uma das condições
genéricas da ação penal no direito processual penal militar:
Com base na teoria da afirmação ou asserção, aquele que se afirma titular do direito de
punir possui legitimidade ativa e deve figurar como autor, ao passo que aquele que é
afirmado como obrigado ou responsável por este direito possui legitimidade passiva e
deve figurar como réu.
O interesse de agir no direito processual penal castrense também deve ser avaliado sob
os três prismas de necessidade, utilidade e adequação do direito processual penal
comum.
Súmula nº 12 do STM: A praça sem estabilidade não pode ser denunciada por deserção
sem ter readquirido o status de militar, condição de procedibilidade para a persecutio
criminis, através da reinclusão. Para a praça estável, a condição de procedibilidade é a
reversão ao serviço ativo.
Por fim, há uma segunda condição específica da ação penal militar usualmente cobrada
em provas de concurso público, a qual merece ser lembrada:
Outro delito do processo penal castrense, que também exige a comprovação do status
de militar do acusado – como condição específica de procedibilidade da ação penal – é o
crime de insubmissão, previsto no art. 183 do CPM.
Art. 31, CPPM. Nos crimes previstos nos arts. 136 a 141 do Código Penal Militar, a ação
penal; quando o agente for militar ou assemelhado, depende de requisição, que será
Art. 32, CPPM. Apresentada a denúncia, o Ministério Público não poderá desistir da
ação penal.
Conforme estudamos no início desta unidade, a ação penal pública é regida pelo
princípio da obrigatoriedade ou legalidade, que dispõe que o membro do parquet
deverá oferecer a denúncia, sempre que tiver prova da existência do crime
(materialidade) e indícios suficientes de quem o tenha praticado (autoria).
Por uma decorrência lógica, o parquet também não poderá desistir da ação penal
anteriormente intentada. Afinal, estamos diante de dois lados da mesma moeda:
PRINCÍPIO CONSEQUÊNCIA
Informações
Requisição de diligências
Cabe ressaltar, por sua vez, que a palavra “representação” não guarda nenhuma
semelhança com a condição específica de procedibilidade da ação penal pública, que
leva o mesmo nome. Afinal, sabemos que os crimes militares são (via de regra) de ação
penal pública incondicionada e (por exceção) de ação penal pública condicionada à
requisição, seja do presidente da República, do ministro da Defesa ou do ministro da
Justiça.
Logo, não há em todo o direito processual penal militar qualquer ação penal que se
sujeite à representação do ofendido ou de seu representante legal.
9. Denúncia
Requisitos da denúncia
g) a classificação do crime;
h) o rol das testemunhas, em número não superior a seis, com a indicação da sua
Dispensa de testemunhas
Ademais, apresentará descrição dos fatos com todas as circunstâncias. Vale lembrar
que na fase inicial (no momento do oferecimento da denúncia), nem sempre o
Ministério Público obterá detalhes quanto aos fatos, pois estes serão aprofundados
durante a instrução criminal, logo, demonstra-se necessária a apresentação de
elementos mínimos quanto à narrativa, sob pena de inépcia da inicial. Deve indicar,
também, razões de convicção inseridas na narrativa, apontando os argumentos que o
levaram a essa conclusão, bem como a classificação do crime e o rol de testemunhas
(se houver), não superior a seis por fato.
Quanto à rejeição da denúncia, tem-se um paralelo com o art. 395 do CPP comum, no
qual há a hipótese de inépcia da inicial, quando os elementos formais mínimos não
estão presentes. A denúncia também não será recebida se o fato narrado não constituir
crime de competência da justiça militar, pois se for caso de atipicidade, essa rejeição
fará coisa julgada material. Se o fato narrado não é crime militar, mas sim comum,
nesse caso, o juiz o rejeitará, determinando o encaminhamento das peças à esfera
comum e ressuscitando o conflito negativo de jurisdição.
Uma vez que o juiz rejeita diretamente a inicial acusatória, devolvem-se os autos. Desta
forma, o Ministério Público se manifestará ao corrigir as imperfeições formais que
serão sanadas. Considera-se essa questão interessante pois quando o juiz a rejeita na
esfera comum, por inépcia, nada a impede de ser reformulada e reapresentada. Por
conseguinte, isso funcionará da mesma maneira, podendo-se rejeitar diretamente, e os
vícios sanados permitirão o oferecimento de uma nova denúncia. No caso de
ilegitimidade do acusador, a rejeição da denúncia não obstará o exercício da ação
penal, desde que promovida por acusador legítimo.
Exemplo: imagina-se que foi promovida ação privada subsidiária da pública. Após isso,
expirou-se o prazo ministerial, confirmando a ilegitimidade do acusador e do
querelante, uma vez que não foi cumprido o requisito da ação subsidiária da pública
(inércia ministerial).
Rejeição de denúncia
Ilegitimidade do acusador
Art. 79. A denúncia deverá ser oferecida, se o acusado estiver prêso, dentro do prazo de
cinco dias, contados da data do recebimento dos autos para aquêle fim; e, dentro do
prazo de quinze dias, se o acusado estiver sôlto. O auditor deverá manifestar-se sôbre a
denúncia, dentro do prazo de quinze dias.
Prorrogação de prazo
§ 2º Se o Ministério Público não oferecer a denúncia dentro dêste último prazo, ficará
sujeito à pena disciplinar que no caso couber, sem prejuízo da responsabilidade penal
em que incorrer, competindo ao juiz providenciar no sentido de ser a denúncia
oferecida pelo substituto legal, dirigindo-se, para êste fim, ao procurador-geral, que, na
falta ou impedimento do substituto, designará outro procurador.