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Fichamento - Mov Negro Educador
Fichamento - Mov Negro Educador
Para que um coletivo seja considerado como Movimento Negro: "É preciso que nas ações
desse coletivo se faça presente e de forma explícita uma postura política de combate ao
racismo." p. 24
"A educação é o campo escolhido para as reflexões aqui realizadas devido ao fato de ser
um direito social, arduamente conquistado pelos grupos não hegemônicos do Brasil e que
durante muito tempo foi sistematicamente negado aos negros e às negras brasileiros." p. 24
"A partir do final dos anos de 1970, o Movimento Negro, juntamente com alguns intelectuais
negros e não negros, alertaram a sociedade e o Estado para o fato de que a desigualdade
que atinge a população negra brasileira não é somente herança de um passado escravista,
mas, sim, um fenômeno mais complexo e multicausal, produto de uma trama completa entre
o plano econômico, político e cultutal (SILVÉRIO, 2002)" p. 26
"O Movimento Negro é, portanto, um ator coletivo e político, constituído por um conjunto
variado de grupos e entidades políticas (e também culturais) distribuídos nas cinco regiões
do país." p. 27
A citar: Frente Negra Brasileira (1931); Teatro Experimental do Negro - TEN (1944-1968) -
promoviam educação e cultura e Movimento Negro Unificado - MNU (1978), organização
nacional que elege a educação e o trabalho como duas importantes pautas na luta contra o
racismo.
"A partir dos anos de 1980, com o processo de reabertura política e redemocratização do
país (Assembleia Nacional Constituinte, promulgação da Constituição Federal de 1988),
outro perfil de Movimento Negro passou a se configurar, com ênfase especial na educação."
p. 32
"É possível dizer que até a década de 1980 a luta do Movimento Negro, no que se refere ao
acesso à educação, possuía um discurso mais universalista. Porém, à medida que este
movimento foi constatando que as políticas públicas de educação, de caráter universal, ao
serem implementadas, não atendiam à grande massa da população negra, o seu discurso e
suas reivindicações começaram a mudar. Foi nesse momento que as ações afirmativas,
que já não eram uma discussão estranha no interior da militância, emergiram como uma
possibilidade e passaram a ser uma demanda real e radical, principalmente a sua
modalidade de cotas." p. 33
"A partir da segunda metade dos anos de 1990, a raça ganhou outra centralidade na
sociedade brasileira e nas políticas de Estado." p. 33
"É possível educar para a diversidade em uma sociedade marcada pelo colonialismo, pelo
capitalismo, pelo machismo e pelo racismo?" p. 43
A partir dos anos 2000: "o movimento se destaca pela sua atuação na esfera jurídica,
política, social e econômica, via a cobrança da garantia de oportunidades iguais e do direito
à educação, assim como na esfera acadêmica, via demanda pela implementação das
políticas de ações afirmativas; notadamente na questão das cotas raciais (democratização
do acesso e garantia da permanência)." p. 50
"O Movimento Negro, na construção dos seus saberes, denuncia que a escravidão, as
teorias raciais, a colonização dos países africanos, os sofrimentos e a opressão trazidos por
esses processos foram alternativas que poderiam ter sido evitadas no passado." p. 119
"O que nos falta para que o Movimento Negro e outros movimentos sociais aprofundem a
comunicação e a cumplicidade? [...] Talvez uma das respostas esteja em um dos
componentes do próprio alvo comum contra o qual os movimentos sociais lutam para
superar: o caráter violento do capitalismo global, alimentado pelas várias formas de
discriminação e pela colonialidade do poder." p. 121-122
"[...] esse caráter violento pode ser ainda mais problematizado se a ele somarmos um outro
fenômeno perverso: o racismo. Assim, o alvo comum contra o qual os movimentos sociais,
em geral, e o Movimento Negro, em particular, deverão superar se reconfigurará como: o
caráter violento do racismo e do capitalismo global, alimentados pelas várias formas de
discriminação e pela colonialidade do poder, do ser e do saber." p. 122
"O projeto educativo emancipatório do Movimento negro, do ponto de vista institucional, tem
como foco a educação básica e o Ensino Superior. porém, ele não se reduz a educação
formal. Ele visa a educação como processo de formação humana, vivido por todos nós.
Visa, ainda, promover um processo social, cultural, pedagógico e político de reeducação do
negro e da negra sobre si mesmos e sobre o seu lugar de direito na sociedade brasileira." p.
130
"E ainda:
Só o passado como opção e como conflito é capaz de desestabilizar a repetição do
presente. Maximizar essa desestabilização é a razão de ser de um projeto educativo
emancipatório. Para isso, tem de ser, por um lado, um projeto de memória e denúncia e, por
outro, um projeto de comunicação e cumplicidade (SANTOS, 1996)." p. 131