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Sentença. 8005851-16.2022.8.05.0124
Sentença. 8005851-16.2022.8.05.0124
14/08/2023
Número: 8005851-16.2022.8.05.0124
Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
Órgão julgador: V DOS FEITOS DE REL DE CONS CIV E COM. DE ITAPARICA
Última distribuição : 02/12/2022
Valor da causa: R$ 30.712,19
Assuntos: Rescisão do contrato e devolução do dinheiro
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
NEILTON ROCHA DE OLIVEIRA (AUTOR) SASHA LIBORIO PRATA (ADVOGADO)
BAHIANA REIS LTDA - EPP (REU) RAFAEL DA SILVA SANTANA (ADVOGADO)
PATRIMONIAL AGRO PASTORIL BELA VISTA LTDA - ME RAFAEL DA SILVA SANTANA (ADVOGADO)
(REU)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
39719 03/07/2023 15:32 Sentença Sentença
4148
PODER JUDICIÁRIO
SENTENÇA
Vistos etc.
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Número do documento: 23070315324384900000385964763
Em que pese o art. 329 do Código de Processo Civil admitir o aditamento da exordial
até i) a citação, independentemente de consentimento do réu, ou ii) o saneamento do processo,
com consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a possibilidade de manifestação
deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado o requerimento de prova suplementar,
consoante o Enunciado nº 157 do FPNAJE, “nos Juizados Especiais Cíveis, o autor poderá aditar
o pedido até o momento da audiência de instrução e julgamento, ou até a fase instrutória,
resguardado ao réu o respectivo direito de defesa”.
Sendo assim, defiro o quanto requerido no ID 379472364, tendo as Rés exercitado o
direito ao contraditório e à ampla defesa durante audiência conciliatória (ID 379497553).
Não é o caso dos autos, entretanto, pois embora ajuizada hodiernamente perante a 19ª
Vara do Sistema dos Juizados Especiais do Consumidor da Comarca de Salvador/BA, a
demanda tombada sob o nº 0086766-43.2020.8.05.0001 não contempla o ora Autor em seu polo
ativo, mas JANDERSON DO CARMO CARDIM, LAFAIETE FERREIA COSTA e MARIA
CRISTINA SOUSA SANTANA.
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Isto posto, com base no inciso I do Art. 487 do Código de Processo Civil, JULGO TOTALMENTE
IMPROCEDENTES os pedidos realizados pelo Autor na exordial.
Em verdade, o Autor litiga contra as Rés nos autos do PROCESSO nº 0086763-
88.2020.8.05.0001, em trâmite perante a 3ª Vara do Sistema dos Juizados Especiais do
Consumidor da Comarca de Salvador/BA, encontrando-se o feito atualmente pendente de
apreciação em sede recursal, tendo o Juízo a quo decidido que (ID 379353456):
(...)
Não assiste razão aos autores. Do exame dos autos, verifico previsão contratual de
responsabilidade do comprador quanto ao custeio de realização da infraestrutura básica, cláusula
7ª, §§ 3º e 7º, eventos 01 e 70. Resta evidente a obrigação de pagamento, no caso concreto, ser
de responsabilidade dos demandantes. Assim, não pode esquivar-se de sua condição contratual
e respeitar o princípio da força obrigatória dos contratos. Insta salientar que os próprios autores
carrearam o contrato no qual consta a cláusula supracitada, demonstrando a devida ciência dos
acionantes, no que se refere ao custeio de realização da infraestrutura básica. Também
carrearam informe publicitário das acionadas com a informação de que o custo da infraestrutura
seria dividico entre os proprietários dos lotes. Portanto, evidente a obrigação assumida pela parte
autora, sendo que a mesma não pode alegar desconhecimento da aludida cobrança.
Isto posto, JULGO IMPROCEDENTES os pedidos.
Divergentes a causa de pedir e os pedidos, não reconheço a litispendência, restando
evidenciada a impossibilidade de reunião dos processos no Juízo prevento na forma do art. 55,
§§ 1º e 3º do CPC.
Da Revelia.
Com efeito, consta dos autos e-mail encaminhado pela parte Ré ao Autor, em
09.02.2021, informando-lhe acerca da suspensão das cobranças alusivas à infraestrutura
“enquanto perdurar a demanda judicial” (ID 327578113).
A constituição posterior do Autor em mora (ID’s 379356659 e 379356660) viola a boa-
fé objetiva e processual, ex vi dos arts. 113 e 442 do Código Civil e 5º do CPC, importando em
ato ilícito (CC, art. 187).
A conduta lesiva ao Consumidor revela-se ainda mais evidente quando olvidam as
Fornecedoras de trazerem a lume prova de que fora ele regularmente convocado para participar
da 1ª Assembleia Geral Ordinária, a qual teve lugar às 9h10 e 10h do dia 26.01.2020, mediante
“edital de convocação enviado por meio de Carta Registrada via AR, apresentando a seguinte
ordem do dia: 1 – Formalização dos procedimentos para início e gerenciamento das obras de
infraestrutura; 2 – Formação da Comissão de Representantes dos
ADQUIRENTE(S)/COMPRADOR(ES) de lote(s) no Loteamento; 3 – Aprovação dos métodos
Construtivos dos projetos de Infraestrutura; 4 – Aprovação do(s) orçamento(s) de custos da obra
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de Infraestrutura do Loteamento”, tampouco de que integrou ele a lista dos 722 (setecentos e
vinte e dois) proprietários participantes da reunião (ID 379356672).
Não há dúvidas de que incumbia ao Autor arcar com o rateio da estrutura, conforme
Instrumento Específico do Contrato de Venda e Compra do Loteamento Terra Bela e do
respectivo Exemplar do contrato padrão, além de cronograma de Execução de Obras e Projetos,
todos arquivados junto ao Cartório de Registro de Imóveis, Hipotecas, Títulos e Documentos e
Civil das Pessoas Jurídicas dessa Comarca (§§ 3º a 7º da Cláusula Sétima) (ID’s 379353457,
379356664 e 379356666).
Carecem os autos, ainda, de prova de que o Autor tenha sido informado pela
Comissão de Representantes sobre a majoração das prestações alusivas à infraestrutura.
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DEVOLUÇÃO DE PARTE DO VALOR PAGO. MOMENTO. 1. Para efeitos do art. 543-C do
CPC: em contratos submetidos ao Código de Defesa do Consumidor, é abusiva a cláusula
contratual que determina a restituição dos valores devidos somente ao término da obra ou
de forma parcelada, na hipótese de resolução de contrato de promessa de compra e venda
de imóvel, por culpa de quaisquer contratantes. Em tais avenças, deve ocorrer a imediata
restituição das parcelas pagas pelo promitente comprador - integralmente, em caso de
culpa exclusiva do promitente vendedor/construtor, ou parcialmente, caso tenha sido o
comprador quem deu causa ao desfazimento. 2. Recurso especial não provido. (REsp n.
1.300.418/SC, relator Ministro Luis Felipe Salomão, Segunda Seção, julgado em 13/11/2013,
DJe de 10/12/2013.)
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL.
PROMESSA DE COMPRA E VENDA. ATRASO NA ENTREGA DA OBRA. CULPA DO
VENDEDOR. RESTITUIÇÃO INTEGRAL. COMISSÃO DE CORRETAGEM. PRESCRIÇÃO.
INAPLICABILIDADE DO TEMA 938 DO STJ. PRESCRIÇÃO DECENAL. INDENIZAÇÃO POR
PERDAS E DANOS. COMPATIBILIDADE DE PEDIDOS. SÚMULA 83/STJ. AGRAVO
DESPROVIDO.
1. Resolvido o contrato de promessa de compra e venda de imóvel por inadimplemento do
vendedor, é cabível a restituição das partes ao status quo ante, com a devolução integral
dos valores pagos pelo comprador, o que inclui a comissão de corretagem. Incidência da
Súmula 83 do STJ. 2. "A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça está sedimentada
no sentido de que, em demandas objetivando a restituição dos valores pagos a título de
comissão de corretagem em que a causa de pedir é a rescisão do contrato por
inadimplemento do vendedor, o prazo prescricional da pretensão da restituição de valores
tem início após a resolução, sendo inaplicável o prazo prescricional trienal" (AgInt no
AREsp 1.864.106/RJ, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA,
DJe de 14/12/2021). 3. Conforme a jurisprudência desta Corte Superior, quando a causa de
pedir o reembolso das despesas de intermediação imobiliária é o atraso na entrega das
chaves, aplica-se a prescrição decenal do art. 205 do CC/2002, e não a prescrição trienal do
art. 206, § 3º, IV, do CC/2002. Precedentes. Súmula 83/STJ. 4. Agravo interno a que se nega
provimento. (AgInt no REsp n. 2.047.767/SP, relator Ministro Raul Araújo, Quarta Turma,
julgado em 5/6/2023, DJe de 13/6/2023.)
AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL - AÇÃO DE RESCISÃO DE CONTRATUAL - DECISÃO MONOCRÁTICA QUE
NEGOU PROVIMENTO AO RECLAMO - INSURGÊNCIA DA DEMANDADA. (...) 2. "A despeito
do caráter originalmente irretratável da compra e venda no âmbito da incorporação imobiliária (Lei
4.591/1964, art. 32, §2º), a jurisprudência do STJ, anterior à Lei 13.786/2018, de há muito já
reconhecia, à luz do Código de Defesa do Consumidor, o direito potestativo do consumidor
de promover ação a fim de rescindir o contrato e receber, de forma imediata e em
pagamento único, a restituição dos valores pagos, assegurado ao vendedor sem culpa pelo
distrato, de outro lado, o direito de reter parcela do montante (Súmula 543/STJ)" (REsp
1.723.519/SP, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
28/08/2019, DJe de 02/10/2019). (...) (AgInt nos EDcl no AREsp n. 2.044.223/RJ, relator Ministro
Marco Buzzi, Quarta Turma, julgado em 29/5/2023, DJe de 1/6/2023.)
Finalmente, deixo de declarar a nulidade das Assembleias Gerais que tiveram lugar em
26.01.2020, 04.07.2020, 07.02.2021, 02.02.2022, 06.04.2022 e 03.09.2022 porquanto observado
o devido quórum de abertura, não produzindo efeitos contra Comprador que não fora previamente
convocado na forma estabelecida contratualmente.
Diante do exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES OS PEDIDOS para
declarar a culpa exclusiva das Rés pelo inadimplemento e consequente rescisão contratual,
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condenando-as solidariamente a restituírem ao Autor o valor de R$ 14.700,00 (quatorze mil e
setecentos reais), incidentes juros legais de 1% ao mês desde a citação (AgInt no AREsp n.
1.699.501/SP, Relatora Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, DJe de
7/12/2020) e correção monetária segundo índice contratualmente estabelecido (arts. 32-A, caput
da Lei de nº 6.766/79 e 67-A, §8º da Lei de nº 4.591/64), desde o efetivo desembolso.
Condeno as Demandadas, ainda, ao pagamento de indenização por danos morais no
valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), corrigido monetariamente pelo INPC a partir do
arbitramento e incidentes juros legais na forma supracitada, nos termos da Súmula nº 362 do
STJ.
Transitado em julgado, sem que a parte Autora promova a pertinente execução (art.
52, V da Lei nº 9.099/95), arquivem-se os autos.
Itaparica - BA, (data da assinatura digital).
JUIZ DE DIREITO
JUIZ DE DIREITO
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