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Português

Gramática:
● Funções sintáticas
Sujeito
- simples: O João sai da escola/ Eles vão ao cinema.
- composto: Eu e a Alice vamos à escola/ Ele e ela.
Predicado
- verbo + complementos- ex: A Maria acordou/ Ela escreveu um postal..
Complemento do verbo
- direto: “o quê?”, “quem?”- ex: Ela escreveu uma carta aos pais/ Ele comprou estas revistas.
- indireto: “ a quem?”- ex: Ela escreveu uma carta aos pais/ A Mariana telefonou à avó.
- oblíquo: preposição + nome- ex: O Luís foi à Faro/ Ela pôs o livro na estante.
Vocativo (chama…pergunta…implora)
- Ex: Miguel, dás-me a bola?/ O Cristiano, não me diga que se enganou outra vez.
Predicativo do sujeito
- verbos de movimento: ex: o rapaz revelou-se um excelente aluno/ Aquele casa parece abandonada.
Modificador do grupo verbal
- O constituinte que não é selecionado pelo verbo dá informações sobre o tempo, espaço, modo,
causa, fim…- ex: Preparamos a apresentação na casa do Miguel/ Os alunos entraram
ordenadamente na sala.

● Orações coordenadas
Copulativa➡ e (adiciona uma informação)
Disjuntiva➡ ou (alternativa)
Adversativa➡ mas (relação de oposição)
Conclusiva➡ logo, portanto (conclusão)
Explicativa➡ pois (explicação ou justificação)

● Orações subordinadas
Adverbial
Causal➡ como (causa/ motivo)
Condicional➡ se (condição)
Consecutiva➡ que (consequência)
(tão/tanto…..)
ex: Ele correu tanto que ficou exausto
Concessiva➡ embora (concessão)
Comparativa➡ como se (comparação)
Temporal➡ logo que (circunstância de tempo)
Final➡ para que (finalidade)

Adjetivas relativas
Restritiva➡ que (nome)
ex: O livro que eu li é interessante
Explicativa➡ que (nome acompanhado entre vírgulas)
Substantivas
Completiva➡ que/ se/ para (verbo)
ex: Ele disse que ia ao cinema
Relativa sem antecedentes ➡ quem/ quanto/ onde e como (verbo)

● Valor modal
Modalidade Epistémica:
- Valor de certeza
→Gil Vicente é considerado o pai do teatro português.
→Estou certo de que as suas obras nos obrigam a refletir sobre a vida.
→Os alunos não leram a obra.
- Valor de probabilidade
→Talvez esta matéria seja interessante.
→É provável que os alunos gostem da obra.
→O teu livro deve estar na sala.
Modalidade Deôntica:
- Valor de obrigação
→É obrigatória a leitura da obra.
→Temos de entregar o trabalho.
→Não escrevas no livro!
- Valor de permissão
→Quem acabou o teste já pode sair.
→Deixo-os ouvir música na aula.
Modalidade Apreciativa:
→Infelizmente, perdi o meu livro preferido…
→ Seria bom que dramatizássemos a farsa de Inês Pereira.
→Enfrentar o público será um pesadelo!

● Atos ilocutórios
- Assertivos:
→Inês Pereira tem um quotidiano entediante: costurava, bordava e fiava.
→Gil Vicente é considerado o pai do teatro.
- Compromissivos:
→Prometo que trago o manual na próxima aula.
→Se conseguires ler o texto até a próxima aula, dou-te boa nota.
→Estarei na escola às 8:00 horas.
- Diretivos:
→O que pensas deste texto?
→Aconselho-os a lerem o texto com atenção.
→Quantas vezes te disse para trazeres o manual?
- Expressivos:
→Lamento o atraso, professora.
→Parabéns!
→Gosto muito das obras de Gil Vicente.
→Não achas esta obra fantástica?
- Declarativos:
→Estás despedido!
→Declaro-vos marido e mulher.
→Condeno o réu ao pagamento de uma coima.
→Está encerrada a reunião.

● Recursos expressivos
- Apóstrofe: Chamamento ou interpelação de alguém, de um ser ou de uma ideia.
- Hipérbole: Expressão que representa um exagero.
- Eufemismo: Expressão que suaviza uma ideia desagradável.
- Metáfora: Associação de dois elementos, por comparação, em que é omitido o termo comparativo
(como, parece, etc.)
- Ironia
- Comparação
- Enumeração

Farsa de Inês Pereira (mais quero asno que me leve que cavalo que me derrube)
● Inês Pereira
Solteira:
- habitante de uma vila ou burgo rural;
- instruída (pequena burguesia);
- ociosa, detesta as tarefas domésticas (costurar, bordar e fiar);
- alegre e galhofeira, quer divertir-se, mas a mãe não a deixa;
- desejosa de se casar para se libertar do jugo materno;
- sonhadora e idealista: quer casar com um homem que, ainda que pobre ou feio, seja avisado e
discreto, para fugir à vida que tem e ascender socialmente.
- trocista e irónica para com o primeiro pretendente, rejeita-o.
Casada e viúva:
- ingénua, não adivinha o verdadeiro caráter e intenções do escudeiro;
- submissa e infeliz perante os maus-tratos domésticos que sofre;
- arrependida, lamenta ter casado com Brás da Mata e rejeitado Pero Marques;
- vingativa, quando o escudeiro parte para Marrocos, deseja a sua morte e jura que casará uma
segunda vez com o marido que lhe seja obediente;
- hipócrita, comporta-se como socialmente é esperado ao chorar pelo marido morto, quando, na
verdade, se sente livre;
- inteligente, aprende que a experiência é a grande mestra de vida.
Casada em segundas núpcias:
- pragmática e calculista, opta por casar com Pero Marques;
- livre e feliz, canta e sai de casa com o consentimento do marido;
- libertina e adúltera, inicia um relacionamento com o ermitão de cupido, seu antigo apaixonado;
- desrespeitosa, abusa da bondade do marido e pede-lhe para a acompanhar à ermida do amante;
- satisfeita e realizada: conseguiu um marido abastado, honrado e obediente, bem como um amante
galanteador.
● Mãe
- cristã, frequenta a missa;
- preocupada com a educação da filha, sentido de se tornar uma esposa prendada e recatada;
- autoritária e intransigente para com Inês: obriga-a a realizar as tarefas domésticas e não a deixa sair
de casa;
- conselheira do matrimónio da filha: a favor do pretendente Pero Marques e contra Brás da Mata;
- atormentada com o conflito geracional;
- conformada, consente o casamento com Brás da Mata;
- generosa, oferece a casa aos noivos e vai para uma casinha humilde;
- ausente, depois do primeiro casamento, não aparece mais em cena.
● Lianor Vaz
- amiga da mãe, a quem cabe a função de arranjar um marido para Inês;
- casada, no entanto, revela um «encontro» com clérigo, num misto de indignação e prazer;
- «honesta» e «desinteressada pelo dinheiro», aparentemente, Leonor Vaz apenas é movida pela
amizade à família da Inês;
- conselheira ponderada, avisa Inês dos perigos do seu ideal de marido e tenta persuadi-la a fazer a
escolha mais prudente- casar com Pero Marques
- persistente, depois de enviuvar, condu-la ao matrimónio com Pero Marques.
● Pero Marques
- homónimo do seu falecido pai, herdou uma fazenda de mil cruzados e muito do seu gado- é
abastado e trabalhador (povo);
- ingénuo, rústico, simplório, ignora as regras de convivência social- não se sabe vestir bem, falar em
público, sentar-se numa cadeira…;
- apaixonado e bem-intencionado, pretendo casar com Inês e preocupa-se com a sua reputação;
- ridicularizado, humilhado e rejeitado por Inês;
- respeitador, apesar de ser magoado, promete só casar quando ela desejar;
- condescendente, casado em segundas núpcias com Inês, a quem concede liberdade total e
satisfazendo todos os seus caprichos;
- enganado descaradamente por Inês, é «cuco», «gamo» e «cervo»
- «asno», carrega literalmente a mulher às costas numa «romaria» até ao Ermitão.
● Brás da Mata, escudeiro
- apresentado pelos judeus, como o tipo de homem que corresponde ao ideal de marido de Inês: fala
bem, toca viola, é o típico cortesão por quem Inês anseia;
- trocista e preconceituoso, sem conhecer Inês, troça da «moça de vila»;
- fidalgo pelintra;
- calculista e dissimulado: elabora um plano com moço para se apoderar do dinheiro de Inês;
- bem-falante, galanteador, sabe ler e escrever, parece ser o homem idealizado por Inês;
- autoritário, agressivo e violento; após o casamento, revela a sua verdadeira personalidade à esposa;
- egoísta, vai para Marrocos para ser armado cavaleiro, deixando Inês e o moço na penúria;
- cobarde, é morto por um pastor mouro, quando fugiu do campo de batalha, em Arzila;
- elegante, supostamente valente e destemido, representa o «cavalo».
● Os Judeus
- incumbidos de encontrar o marido ideal para Inês;
- unidos no seu discurso e modo de agir, como se fossem uma única personagem, o que produz um
efeito de cómico;
- sem escrúpulos e oportunistas, exageram nas qualidades do pretendente;
- materialistas e astutos, pretendem o proveito próprio com o casamento arranjado.
● Moço
- denunciador do verdadeiro caráter e intenções do escudeiro;
- conivente com as mentiras do seu amo;
- responsável por vigiar Inês, quando o escudeiro está em Marrocos, assim que ela enviúva, é
despedido.

● Tipos de cómico
- De carácter: Associado à personalidade e às características da personagem.
- De situação: Produzido por uma circunstância que causa o riso.
- De linguagem: Relacionado com discurso da personagem.

● Objetivos da sátira
- Refletir sobre a realidade social portuguesa da época de Gil Vicente.
- Analisar criticamente os grupos e as instituições de uma sociedade.
- Denunciar os vícios e os erros em tom humorístico.
- Corrigir os comportamentos condenáveis (função edificante).

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