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MINERALOGIA E CRISTALOGRAFIA DO DIAMANTE DO

TRIANGULO MINEIRO *

ClRANO ROCHA LEITE

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de


Araraquara, S. Paulo

íNDICE
RESUMO .. .... ... .. . ................. .. ... ... ...... . ........... .... . 102
ABSTRACT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
1. INTRODUÇÃO .... .... ...... . ....................................... 103
1. Histórico e trabalhos anteriores ............. . ................. 104
2. Situação geográfica e geológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
3. Amostragem. .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
II . MÉTODOS DE ESTUDO . . .. . ..... ........ .......................... 107
1. Microscopia óptica . ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
2. Interferometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lOS
3. Difração de raios X ................. .................... .. .... 109
a. Método de Laue.. .................................... ....... 109
b. Método do pó ................................ ........ ....... 109
c . Método da precessão ...... .. ............................... 109
4 . Absorção ao infravermelho. ............... . . . .......... ..... ... 112
5 . Fluorescência .. ......... . . ...... .. ... .. .. . . .. ............... . . . . 112
6. Métodos químicos ..... ...... ................................... 113
UI . GENERALIDADES SOBRE O DIAMANTE ......... . .......... ..... . 114
1. Cristalografia ................................................ . .. IH
2. Composição Química .............. ..... ........ . ... . ........... . 115
3. Propriedades Físicas .................. ......................... 115
4. Variedades. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
5. Ocorrência. ........ . ..... .. .......... ...... ............. . .. . .... 117
6. Síntese .................................................. ·.. ..... 118
IV . MORFOLOGIA . .... ....... .............. ..... ......... ............. . 118
1. Formas simples .... .. .......... .... ............................. 119
a. Hábito octaedrico ............ ... .. . . ....... ........ . .. ...... 119
b. Hábito rombododecaédrico ..... .. ........................ .. 120
c . Hábito cúbico. ...... .... ..... .. .. ................ . ....... .. 120
2. Formas combinadas o. o • o •••• • ••• o • • o •• o • o o o ••••••• o •••• o • • • • • • • • 122
3. Formas irregulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
4. Germinados.. o..... . .. .. .... ..... .............. ..... ... ....... . 122
5. Freqüência das formas cristalográficas ............ o •••••••••• o 12J
6. Origem das formas cristalográficas .. .... o • • •• • • • • • • • • • • • • • • • • • • 124

, Tese apresentada em 1969 à Faculdade de Filosofia, Ciencias e Letras da Universidade de São


Paulo para a obtenção do título dO
e Doutor em Ciências .

101-
V. FIGURAS E ESTRUTURAS DE SUPERFíCIE ...................... 126
1. Faces de octaedro 127
2. Faces de rombodod~~~~~~ ..................................... .
... .. ....... ...... .. .. ..... ...... .... . 131
3. Faces de cubo . ... ... ..... ...... .... . ... .. ..... .. .. ....... .. .. . 132
4. Estrutura de superfícies em geminados ... ... . . .. .. ... ... ..... . 132
VI. ESPECTROSCOPIA .. ......... ..... . ......... .. .......... . . .. . . .. . . . 133
1. Espectrografia de absorção as irradiações infravermelhas 133
2. Fluorescência ao ultravioleta .... .. ... ....... ...... . .. .. ............. : 136
VII. INCLUSÕES ...... . .... ... ..... . . ..... . ... ... ... . . .... . .. ......... .. 136
1. OUvina .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
a. Morfologia ... .......... .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
b . Difração de raios X .............. . ......................... 139
c . Composição química . .......... ..... ......... ..... ......... . 139
d. Orientação. ....... . ... .. ............. .... . ...... ............ 144
2. Granada " .... ... . .. .... ..... .. ...... ...... ........ ... . ..... .. . 145
3 . Cromita...... .. ......... ... . .... .. ... . ......... ..... ........ . ... 151
4 . Pentlandita ..... ...... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153
5. Diamante . . . . ....... ..... .... . ... . . .... .... .. .... ....... . . . . . . . . . 153
6 . Inclusões não identificadas .. ........ ....... ........... . ..... ... 153
VIII. CONCLUSÕES .. . ..... . ............ . . ....... .. .. ....... .. ........ ... . 154
1 . Paragênese primária . .... . ... ...... .... .. .... ... ...... .... .... .. 154
2. Estudo comparativo ................. . ... .. .... ...... ... ... .... . 155
3 . Considerações sobre a orígem .... .... . ..... .. .... . .......... . .. 155
IX . AGRADECIMENTOS. . ... . ... ... .. ................ . . .. .. .... ..... ... 156
X. BIBLIOGRAFIA.. . .................................. . . . . . . . . . . . . . . . . 157

RESUMO

o presente trabalho procura carac- conta a estrutura cristalina do diamante.


terizar o diamante do Triângulo Mineiro, As figuras de superficie são, em li-
através de sua morfologia, figuras e es- nhas gerais, as mesmas já observadas em
truturas de superfície, propriedades es- diamantes de outras procedências, ten-
pestroscópicas (absorção ao IV e fluo- do-se notado sàmente algumas estruturas
rescência ao UV) e, principalmente, pe- e figuras superficiais ainda não descritas.
las inclusões minerais, estudo que pode- A origem destas figuras pode ser admi-
rá conduzir, com maior segurança, os tida como conseqüência de corrosão na-
trabalhos geológicos futuros, em busca tural do diamante, o que se confirma pe-
da matriz primária, ainda desconhecida. la sua presença em sólidos de cIivagem.
O estudo morfológico revelou a pre- Os diagramas de absorção ao infra-
dominância do hábito rombododecaédri- vermelho, acusaram uma freqüência anô-
co, entre as formas simples presentes, mala de diamantes do tipo Ib, raros en-
sendo também freqüentes os geminados tre os diamantes naturais. Esta observa-
(33% do total). A predominância da ção deve ser confirmada por estudos fu-
forma rombododecaédrica, com faces turos, e talvez constitua uma das princi-
arredondadas, é explicada, aqui, como pais características do diamante do Triân-
resultado de dissolução natural, em am- gulo Mineiro.
bientes oxidantes. O rombododecaedro As inclusões minerais, identificadas
- forma de equilíbrio durante tal pro- através da difração de raios X (método
cesso - foi deduzido pela variação de da precessão): forsterita, piropo, mag-
velocidade de dissolução, levando-se em nesiocromita e pentlandita, sugerem pro-

- 102-
cessos genéticos ligados ao magmatismo A paragênese primária, indicando o
ultrabásico. A presença de efeitos secun- equilíbrio
dários no hospedeiro (birrefringência
forsterita + espinélio +
anômala e fraturas de tensão, além do coesita ~ piropo
fato de estas inclusões ocorrerem epità-
xicamente orientadas no diamante, afas- talvez permita estimar as condições de
tam qualquer hipótese de preenchimen- pressão e temperaturas ambientes du-
to secundário. rante a cristalização do diamante.

ABSTRACT

The purpose of this work is to however, may be not still mentioned. The
characterize the diamond from the "Tri- origin of some of those figures. should be
ângulo Mineiro" region (Minas Gerais) admitted as a result of crystal dissolution,
according to its morphological features; by its presence on natural clivage surfa-
surface structures and surface figures; ces.
spectrographic properties (IV absorption The infrared absorption diagrams
and UV fluorescence) and specially by showed a anomalous occurrence of the
the recognition of its mineral inclusions. type Ih diamonds. That kind of stone is
These crystallographic data may be im- very rare amongst the natural ones and
portant to guide, with greater sucess, the that property may be the more re-
future geological work searching the dia- markable characteristic of the diamond
mond matrix-rock, until unknown in that from the "Triângulo Mineiro".
region. The mineral inclusions, identified by
The morphological study revealed a x-ray diffraction (precession method) -
predominance of the rhombododecahe- forsterite, pirope, magnesio-chromite and
dral habit among the single forros pre- pentlandite - sugests a genetic process
sented by the diamond crystals. It is very very elose to the ultrabasic rocks. The
frequent also the occurrence of diamond secondary effects observed on the host
twinned crystals (33% of the observed crystal (anomalous birefringence and ten-
samples). The predominance of the sion fractures) and the epitaxic deve-
rhombododecahedral habit, with both lopment of the inclusions in the diamond,
rounded faces and edges, is explained as indicates, on the other hand, that those
a result of a natural dissolution process mineraIs were enclosed during the dia-
in a oxidizing media. The rhombodode- mond crystal growing.
cahedral form was deduced here as the The primaI}' paragenesis, revealed
equilibrium form during that processo by that syngenetic inclusions, sugests
It was considered in that assumption the the equilibrium:
dissolution velocities changes, according
forsterite + spinel +
to the diamond crystal structure.
coesite ~ pirope,
The surface figures and surface
structures are, on its general features, the that may be applied to estimate the
same as the described ones on diamonds pressure and temperature conditions in
from other localities. Some of them, the time of the diamond crystallization.

I. INTRODUÇÃO

Desde o século passado, procurou- talvez pudessem ser explicadas pela falta
se elucidar o problema da origem do dia- de um estudo mineralógico inicial, cujos
mante brasileiro, principalmente através resultados orientassem, com maior segu-
de métodos exclusivamente geológicos. rança, os trabalhos geológicos posterio-
As controvérsias que até hoje perduram res.

- 103-
Com o intuito de fornecer alguns a origem do diamante, na regmo, com
dêsses elementos, ainda pràticamente rochas de composição semelhante ao
omissos na literatura geológica nacional, kimberlito: magnetita-piroxenito de Ca-
elaborou-se o presente trabalho, que pro- talão (Goiás) e a rocha tufácea de Ube-
cura caracterizar o diamante do Triângu- raba. Porém, desde que essas rochas são
lo Mineiro, através de sua morfologia, estéreis em diamante, deixou o problema
propriedades físicas e, especialmente, de em suspenso.
suas inclusões minerais. :E:stes dados po- Rimann (1915,1917 e 1931) descre-
derão estabelecer, dentro de certos limi- veu a ocorrência de chaminés ultrabási-
tes, as condições ambientes quando de cas do tipo kimberlítico, na Serra da Ma-
sua formação, além de permitir a com- ta da Corda e em diversos pontos do
paração dos diamantes de diversas áreas Triângulo, acreditando serem as respon-
conhecidas. sáveis pelo diamante do oeste de Minas
Gerais, no que foi apoiado por Maack
1. Histórico e trabalhos (1926 e 1932).
anteriores Guimarães (1931, 1932 e 1934), e
Bôa Nova (1932), contestaram as con-
As ocorrências de diamante, em Mi- siderações de Rimann: as chaminés se-
nas Gerais, são conhecidas desde o iní- riam , na realidade, lençóis de eruptivas
cio do século XVIII (Reis, 1959), e os básicas (rochas tufíticase brechiformes),
núcleos iniciais de exploração desenvol- pobres em olivina e estéreis em diaman-
veram-se na região de Diamantina, ao te.
N do Estado. A legislação mineira da Freyberg (1932 e 1934), em estudo
época, forçava a exploração clandestina sôbre a geologia e recursos minerais da
em grande escala e muitos garimpeiros, região, confirmou as observações de Ri-
para fugirem à fiscalização, embrenha- mann e Maack, com relação às chami-
vam-se mais para o interior, surgindo, nés da Serra da Mata da Corda, e supôs
assim, novos centros de garimpo, a W que o magma se haja manifestado em di-
do Rio São Francisco, na região do Tri- versos períodos. Em primeiro lugar, te-
ângulo Mineiro. ríamos os derrames, no Triássico e, pos-
Nessa área, o diamante encontra-se teriormente, no Cretáceo, as erupções,
disseminado numa extensão de apro- com as quais estariam ligadas as chami-
ximadamente 100. 000 km 2 (Leonardos, nés.
1956) e, talvez por essa razão, essas Guimarães (1965), utilizando elemen-
ocorrências não sejam tão conhecidas tos já citados em trabalhos anteriores,
geolàgicamente, como na área de Dia- classifica, de modo geral, as ocorrências
mantina. Contudo, mesmo assim, são inú- diamantíferas brasileiras, dentro de se-
meros os estudos sôbre a geologia do dia- q üência metamórfica, como depósito de
mante na região do Triângulo. epizona. Considera improvável que os
Derby (1882), estudando as ocorrên- processos genéticos, na região do Tri-
cias de Diamantina (São João da Cha- ângulo, estejam ligados a magmatismo
pada), relaciona os processos genéticos básico ou ultrabásico.
com rochas ácidas e extrapola essas con- Como se vê, de 1934 até o presente,
siderações para os depósitos do Triângu- o panorama permanece essencialmente
lo. No entanto, mais tarde (1898), su- o mesmo.
gere que as ocorrências de Água Suja
(atual Romaria), e talvez os de Abaeté, 2. Situação geográfica e
possam ligar-se a eruptivas básicas. As geológica
jazidas de Água Suja já haviam sido
anteriormente descritas por Campos A região do Triângulo Mineiro, com-
(1891) e Hussak (1894). preende a área delimitada pelos Rios
Em 1906, Hussak tentou relacionar Grande e Paranaíba, estendendo-se, a E,

- 104-
SITUACÃO GEOGRÁFICA
e principais rios diamont-iferos
• do
TRIANGULO M INEIRO
N '00

G O

I
.: 1 'o.

, '.
,
,, .
/

Figura 1 - Situação geográfica e principais rios diamantíferos do Triângulo Mineiro

até o Rio São Francisco e, ao S, até o região do alto Paranaíba (Grupo Araxá,
paralelo de 209 , aproximadamente. Grupo Canastra e Grupo Bambui). Sô-
A drenagem da área se faz pelas ba- bre êle, depositam-se as formações Eocre-
cias do Paraná ou do São Francisco, táceas (Formação Botucatu e Formação
sendo o divisor formado pela Serra da Areado), recobertas por eruptivas bási-
Mata da Corda e Serra da Canastra. A cas (Formação Serra Geral) e ultrabá-
altitude é variável entre 400 e 1 200 m sicas (Formação Patos) . Os sedimentos
acima do nível do mar, e o relêvo é li- fluviais da Formação Uberabae Grupo
geiramente ondulado, tornando-se mais Bauru (Neocretáceos), foram precedi-
acidentado a E. O diamante é, aí, encon- dos de vulcanismo alcalino, responsáveis
trado nas aluviões recentes dos rios ou pelos distritos de Tapira, Araxá, Salitre,
terraços fluviais. Serra Negra e o de Catalão (em Goiás).
Os atuais centros de produção diaman- Depósitos aluviais, coluviais e eluviais,
tífera e os principais rios explorados, es- inconsistentes, representam, na região, o
tão representados na Figura 1. Cenozóico.
A geologia da área (Hasui, 1967) é
representada , predominantemente, pelas 3. Amostragem
formações Cretáceas e Cenozóicas, assen- A quase totalidade dos diamantes es-
tadas, em discordância angular, sôbre o tudados foi adquirida de intermediários
Complexo Cristalino. (compradores), em centros de comér-
A Tabela 1 mostra, resumidamente, cio diamantário, o mais próximo possí-
a coluna geológica regional, podendo-se vel dos garimpos: Araguari, Estrêla do
ver, . no mapa geológico (Figura 2), a Sul, Romaria, Monte Carmelo, Abadia
distribuição geográfica das unidades es- dos Dourados, Coromandel, Patrocínio,
tra tigráficas. Patos de Minas, São Gonçalo do Abaeté,
O Complexo Cristalino aflora a NE Tiros, Cedro do Abaeté, Abaeté e Dôres
e a SE do Triângulo (Grupo Araxá e do Indaiá. A aquisição direta, que seria
Grupo Canastra), aparecendo, ainda, na ideal, para maior autenticidade da amos-

- 105-
TABELA 1 -- Coluna geológica geral (segundo Hasui, 1967)

Unidade Unidade Litoeatratigráfica


Litologia e di8cordâncias Ambiente
Cronogeológica Grupo Forrn.açõ e s Membro
Areias inconsolidadaa. Cas- Aluvial
calhol, cangas limoníticas. Eluvial
Cenozóico Depósitos de lagoa.i. Coluvial
r-------------r---t----------r----------------------~r_------di.cordância--------~----------~
Arenito B e conglomerado.
e, subordinadaITlente, a:--
Bauru Fluvial
gilito 6, íolhelho 8 papir áceo a,
o rochas silicosa. e calcários
~
u ~---------+------------,---------_1r_------di.cordãncia--------~-----------1
'j
lO
~
Arenitos a conglomerados e,
U Uberaba auhordinadarnente, argilitoa Fluvial
o e ailtito 8 vulc ânico I.
lO
Z
~---------L------------~--------_1~------di.cordância--------~----------,
Rocha.s alcalinas
Cretáceo ~4----.-----'r----i-----?
Basa.lto I e arenito s intertr!,

o 'tl
~
Serra
Geral peano 6
"
.
Continental
'
u
~
o
.9 L> .."
Patos .
Derrames ultrabáaico8 e in-
~ 'tl "u "
tercalações pirocláaticas
al
o
w !. Botucatu Botucatu Arenitos EÓlico
I~
VI l Areado
ArenitolS, siltitoa, íolhelho6
Fluvial
pirobetuminoBo 8
~------------L---r----------+------------4---------~--------discordância--------+_----------4
Ardó aia6, metasiltito a, arcó-
BambuÍ seos, calcá.rios, filito. e quart Geo-
Pré -Cambriano ziws.Itabirito6, xistos, gna:is
Canastra Sinclinal
(1 )
Araxá lea.Aníibolito5, granitos e
pegmatitos ~

MAPA GEOLOGICO DO TRIÂNGULO MINEIRO


(segundo Hosui,1967l
~ ~:~:~~:ocss ~ Formação Poros
O Grupo Bouru ~ Formaçõo Areado
§ rormoção Ub erobo a Grupo Bombui
. Oisrrit-os Alca lir.OS t223 Grupo Conost-ro
~ Formação Serra Gero. ITIII1J Grupo AroJ.Ó
O Arenit-o 8ot-ucat-u
;s1êIB~1@~9;E"",

Figura 2 -- Mapa geológico do Triângulo Mineiro (segundo Hasui, 1967).

- 106 ~
tragem, é quase impraticável: o garim-
peiro só se desfaz do seu material, após 140
um grande número de ofertas. No entan- -
to, tôda a precaução foi tomada, com o 120

intuito de não se contaminar o lote es-


100
tudado, com diamantes de outras áreas
diamantíferas mais distantes (Mato Gros- ~ 80
so ou norte de Minas Gerais). t
'"o
Desta forma, foi possível dispor de,
E
o
60 -
0,
c
aproximadamente, 230 amostras, tôdas 40

elas do tipo industrial (diamantes com


20
inclusões ou defeitos), e de pêso variá-
vel entre 0,05 a 2,00 quilates métricos.
o .0,4 0,8 1,2 1,6 2,0

A Figura 3 mostra a distribuição do pêso em Qui1or-es

material estudado, levando-se em consi-


deração o pêso. Figura 3 - Características da amostragem.

II. MÉTODOS DE ESTUDO

N a elaboração da parte experimental aplicação dêste método no presente estu-


do presente trabalho, procurou-se, sem- do. Talvez, em amostras mais favoráveis,
pre que possível, aplicar métodos dees- com faces planas e paralelas, a microrra-
tudo não destrutivos, com o objetivo de diografia possa ser utilizada, com su-
se preservarem as amostras, para traba- cesso.
lhos posteriores. Dentre êstes métodos, A goniometria de reflexão também foi
tentou-se, inicialmente, utilizar a micros- tentada, no estudo morfológico do dia-
copia de raios X (microrradiografia), mante, sendo utilizado o aparelho teo-
que elimina os inconvenientes da refle- dolítico, de dois círculos. As medidas
xão total, quando o diamante é examina- dos ângulos diedros foram, no entanto,
do à lupa ou ao microscópio, por luz impraticáveis, pois com exceção da face
transmitida. A microrradiografia já foi de octaedro, as faces das demais formas
aplicada com êxito, no estudo de preci- se apresentam sempre arredondadas e
pitados em diamantes (Shah e Lang, irregulares, refletindo contInuamente em
1959). No entanto, o processo utilizado, grandes intervalos angulares.
topografia de raios X (Lang, 1958), re-
quer a preparação prévia da amostra, 1. Microscopia óptica
em lâmina delgada, sendo, portanto, se- O exame óptico, à lupa ou ao micros-
midestrutivo. Diante disto, procurou-se cópio polarizador, foi importante, prin-
empregar outros processos de microrra- cipalmente no estudo morfológico e na
diografia: contacto, projeção ou câmara observação de figuras e estruturas de su-
obscura (Poen, 1955) , que possibilitam perfície do diamante, sendo também apli-
a radiografia de amostras brutas. Porém, cado como método auxiliar, nos traba-
a grande transparência do diamante aos lhos de identificação de suas inclusões.
raios X, permitindo que a radiação di- A microscopia óptica, segundo a téc-
fratada pelo cristal também impressione nica convencional, requer a preparação
o filme, prejudica o contraste das radio- da amostra, em lâminas delgadas (para
grafias, o que impediu, por enquanto, a luz transmititida) ou secções polidas

- 107-
(para luz refletida), o que resulta na sua Nos diamantes cujas faces se apresen-
destruição parcial. Com o objetivo de tavam suficientemente planas e regula-
realizar o estudo óptico, conservando-se res, empregou-se a microscopia por luz
os exemplares intactos, teve-se de, inicial- refletida, no estudo de figuras e estrutu-
mente, contornar o problema da reflexão ras de superfície. Considerando-se, po-
total, provocada pelo alto índice de re- rém, a raridade dêstes casos, tal técnica
fração do diamante, o que se conseguiu foi pouco utilizada.
examinando-se as amostras imersas em
líquidos de alta refringência. Para isto, 2. Interferometria
construiu-se um pequeno recipiente, co-
lando-se um aro metálico de 0,5 mm de Aplicando-se a microscopia óptica,
altura por 2,0 cm de diâmetro, sôbre cujos recursos são limitados, não se po-
uma lâmina de vidro. Os líquidos inicial- de distinguir, no plano de observação,
mente utilizados, como meio de imersão, pormenores com dimensões inferiores a
foram o 1-monobromonaftaleno (n = À/2, sendo À o comprimento de onda
1,658) e o óleo de canela (n = 1,600) . da luz utilizada. No entanto, mesmo
Porém, a instabilidade dêstes líquidos, com meios ópticos, podemos observar
levou a substituí-los por nujol (n desníveis nesse plano, da ordem de 10
1,453), sem grande prejuízo nas obser- .x, ou seja, "1500, para a luz verde da
vações. lâmpada de mercúrio (Tolansky, 1960).
Outro artifício usado para melhorar as Estas medidas são possíveis através de
condições de estudo, foi adaptar o mi- métodos interferométricos e a sua apli-
croscópio utilizado (Standard Universal cação, na microtopografia de superficies
Zeiss), de modo a obterem-se ilumina- polidas, é importante, no estudo do cres-
ção e contraste desejáveis, principalmen- cimento cristalino e na investigação de
te para a fotomicrografia. Tais condi- propriedades mecânicas (clivagem e du-
ções foram conseguidas empregando-se reza de abrasão ou endentação) de cris-
luz convergente e deslocando-se a posi- tais ou ligas metálicas. Estudos dêste ti-
ção do condensador, tanto vertical como po foram realizados, para a interpreta-
horizontalmente. :f:ste procedimento per- ção do desenvolvimento das cavidades
mitiu utilizar os raios refletidos interna- triangulares (trígonos), que ocorrem na-
mente no diamante, para melhorar a turalmente, nas faces (111) do diaman-
sua própria iluminação. te. Muitas dessas figuras, assemelham-
Com êstes recursos, foi possível ob- se a pirâmides negativas de base triangu-
servar as inclusões, no interior do dia- lar, e os dados interferométricos permi-
mante, e obter informações sôbre a sua tiram o cálculo dos índices (hkl) das
morfologia, orientação, propriedades ópti- faces dessas pirâmides.
cas, bem como a sua influência nos cris- O método da interferometria utiliza o
tais hospedeiros (fraturas de tensão e mesmo princípio que explica a formação
birrefringência anômala). de franjas de interferência, produzidas
Os índices de refração das inclusões, pela reflexão de raios luminosos, nas su-
utilizados para a sua perfeita identifica- perfícies de películas finas. Desta forma,
ção, foram determinados com o sacrifí- cobrindo-se a superfície de um cristal
cio de alguns exemplares de diamante. com uma lamínula de vidro, a película
Os cristais incluídos, depois de destaca- de ar entre o cristal e a lamínula, desde
dos do hospedeiro e colocados na extre- que suficientemente fina, produzirá, ao
midade de capilares de vidro, foram microscópio e com luz monocromática
imersos em líquidos de refrigência conhe- refletida, franjas de interferência cuja
cida e, aplicando-se a técnica descrita configuração irá depender da superfície
por Rosenfeld (1950), determinaram-se do cristal (supõe-se que a lamínula seja
todos os seus índices, utilizando-se sem- perfeitamente plana e lisa). Esta figura
pre o mesmo cristal. é, na realidade, um verdadeiro mapa to-

108 -
pográfico da superfície cristalina, sendo, na câmara de precessão, conservando-se
a eqüidistância entre as curvas de nível, fJ. igual a 0° (sendo iJ. o ângulo de pre-
igual a )./2. cessão), e utilizando-se o foco pontual
A interpretação da micro topografia, do tubo de Mo sob 35 kV e 20 mA. A
a partir da figura interferométrica é ime- vantagem dêste procedimento reside no
diata, desde que se conheça o compri- fato de poder-se trabalhar com peque-
mento de onda da luz utilizada. nas distâncias entre o cristal e o filme,
No presente estudo, aplicou-se um o que permite reduzir, para apenas al-
processo de interferometria relativamen- guns minutos, o tempo de exposição. f:s-
te recente (Nomarski e Weill, 1955), te processo mostrou-se bastante eficiente
que utiliza a interferência de duas ima- na seleção de amostras interessantes, a
gens polarizadas, sendo uma tomada serem submetidas a estudos posteriores,
como plano de referência para outra. sendo também aplicado no exame de
f:ste processo não oferece a precisão de cristais geminados de diamante, quando
outros, como os descritos por Tolansky os dados morfológicos foram insuficien-
(1960), mas apresenta como vantagem, tes para o seu reconhecimento.
a facilidade da preparação da amostra,
pois dispensa a cobertura do cristal b. Método do pó
com lamínulas e a prateação do conjun-
to, necessária para melhor reflexão. Os trabalhos de rotina, para a identi-
A microtopografia do diamante foi ficação de satélites e minerais associados,
reali~ada ao microscópio metalográfico bem como de inclusões extraídas do hos-
(Reichert Metatest), com o interferôme- pedeiro, foram efetuadas p er meio de
tro de polarização colocado entre o ilu- diagramas de pó, obtidos com radiac ão
minador opaco e a objetiva. As duas Cu Kq. 0 ,=1 ,5418 A), em câmara ~ipo
imagens polarizadas são produzidas por Buerger, modificada por Camargo e SV1-
um prisma duplo de quartzo, sendo cada sero (1966), cujo diâmetro de 28 mm
um ligeiramente deslocado e inclinado exige curtos períodos de exposição. Em
em relação a outro. A formação da fi- sasos em que se necessitava maior pre-
gura interferométrica se dá quando os cisão nas medidas dos d hkf ' utilizou-se
polarizadores do microscópio estão cru- a câmara de 114,6 mm de diâmetro, to-
zados. Para a obtenção de luz monocro- mando-se as precauções citadas por Aza-
mática, usou-se filtro amarelo, com ), roff e Buerger (1959), para a correção
igual a 0,59fJ.. dos êrros sistemáticos
Na identificação, comparou-se os d hkf
J. Difração de raios X
observados e as intensidades relativas
A difração de raios X foi aplicada,
das reflexões correspondentes, estimadas
em suas diversas modalidades, para a
visualmente, com os padrões catalogados
identificação das inclusões e dos satéli-
pelo fichário de diagramas de pó (X -
tes do diamante, através de suas cons-
ray Powder File ASTM, 1965).
tantes reticulares. f:ste método permitiu,
igualmente, determinar a orientação das c. Método da precessão
inclusões epitáxicas, em relação ao cris-
tal hospedeiro, possibilitando, ainda, a O método da precessão, divulgado por
caracterização dos geminados de diaman- Buerger (1964), foi, dentre todos, o
te. Serão citados, a seguir, os processos mais aplicado no presente estudo, pela
empregados e os objetivos da sua apli- sua eficiência e versatilidade, além de
cação.
não requerer a destruição da amostra.
a. Método de Laue Como o método de Laue, a precessão
se aplica a monocristais; porém, enquan-
Os diagramas de Laue foram tomados to os lauegramas são projeções esféricas

- 109-
distorcidas (gnomônicas) e superpostas Antes da identificação sistemática das
de níveis do retículo recíproco cristalino, inclusões, organizou-se uma tabela das
os diagramas de preces são constituem a distâncias interplanares, presentes nos
projeção retigráfica de somente um dês- minerais incluídos em diamante: olivi-
tes níveis e, conhecendo-se, a priori, a na, granada e cromita (Futergendler,
orientação do cristal com relação ao fei- 1958). Essas distâncias (Tabela 2) fo-
xe incidente, a sua interpretas:ão é ime- ram calculadas a partir das constantes
diata. cristalográficas dêsses minerais e, na re-
lação dos d hkf teóricos, excluiram-se os
Para se conseguirem êstes diagramas,
correspondentes a reflexões sistemàtica-
utiliza-se a câmara de precessão e, se-
mente {xtintas, devido ao grupo espa-
gundo a técnica tradicional, o estudo da
cial. Prepararam-se também, com ante-
rêde recíproca cristalina é efetuado to-
cedência, as projeções estereográficas
mando-se fotografias orientadas perpen-
dos minerais suspeitos, com o objetivo
dicularmente aos eixos cristalográficos
de interpretarem-se, com maior seguran-
X, Y e Z, obtendo-se, desta forma. O~
ça, os diagramas de precessão obtidos.
diagramas dos níveis recíprocos Okf,
A identificação das inclusões foi efe-
hOf e hkO (níveis recíprocos de ordem
zero) , sendo necessários, para as foto- tuada pela comparação dos hkf obser-
grafias dos níveis superiores (1kf, 2kf, vados com os constantes na Tabela 2,
etc.), sucessivos ajustes na distância en- confrontando-se também as medidas an-
tre o cristal e o filme. As limitações ine- gulares entre as direções recíprocas, de-
rentes ao método, que muitas vêzes im- terminadas nos diagramas de precessão,
pedem a fotografia dêsses níveis, e a com os ângulos diedros dêsses minerais,
impossibilidade da orientação do cristal obtidos nas projeções estereográficas, sô-
segundo uma das direções convencio- bre o diagrama de Wulff. Esta operação
nais, levaram a aplicar, no presente tra- permite determinar-se a natureza do cris-
balho, a técnica da "varredura" (Camar- tal incluído com apenas uma fotografia,
go e Leite, 1967), que consiste em orien- de um nível zero qualquer.
tar-se o cristal, de modo que uma dire- Na prática, o estudo é realizado com
ção recíproca qualquer [uvw] * coinci- o diamante, contendo a inclusão, inicial-
da com o eixo de rotação do dial da câ- mente orientado ao acaso, na câmara de
mara. Nesta posição, é possível fotogra- precessão. Utilizando-se radiação poli-
farem-se todos os níveis recíprocos que cromática de Mo e p. igual a 10°, obtêm-
contêm a direção [uvw] *, bastando, pa- se fotografias de orientação, que reve-
ra isso, apenas girar o dial da câmara, lam, além das reflexões do diamante
na medida de um ângulo previamente (muito intensas), as da inclusão (meno-
calculado. Mesmo sem o auxílio de da- res e mais fracas) . Nestas fotografias,
dos morfológicos, a técnica da "varredu- pode-se selecionar um nível recíproco
ra" permite o estudo da rêde recíproca de ordem zero da inclusão que, depois
de cristais e, por esta razão, mostrou- de orientado, pode ser fotografado sem
se muito eficiente no estudo das inclu- distorções. Em nosso estudo, êstes dia-
sões, no interior do diamante, quando é gramas foram tomados com p. = 20°,
impraticável a orientação, segundo a lltilizando-se o feixe pontual não filtra-
morfologia. O cálculo do ângulo de giro do do tubo de Mo.
do dial, necessário para a fotografia de A orientação das inclusões epitáxicas
um nível recíproco desejado, bem como pode também ser determinada na câma-
o problema da orientação, foram trata- ra de Buerger. Desde que os diagramas
dos por meio de projeções estereográfi- de precessão constituem projeções não
cas, em que se pode visualizar a relação distorcidas de um nível do retículo re-
de polaridade dos retículos cristalinos, cíproco cristalino, é possível, através de-
direto e recíproco. las, determinar a orientação do cristal

110 -
Tabela 2
Distâncias interplanares de inclusões de diamantes (até d hkl 1,500 1)

a. Olivina
ao = 4,76 - 4,82 1 ho = 10,20 - 10,48 1 Co = 5,99 - 6,10 1
hkE d hkE (1) hkl d hkE (1) hkl d hkl (1)
020 5,10 - 5,24 211 2,161 - 2,192 123 1,732 - 1,764
110 4,31 - 4,38 220 2,156 - 2,190 060 1,700 - 1,747
021 3,88 - 3,97 141 2,105 - 2,154 241 1,671 - 1,703
101 3,73 - 3,78 132 2,032 - 2,074 061 1,635 - 1,679
111 3,50 - 3,56 221 2,029 - 2,060 232 1,634 - 1,663
120 3,48 - 3,55 230 1,950 - 1,984 133 1,619 - 1,651
121 3,01 - 3,07 042 1,942 - 1,987 160 1,601 - 1,642
002 3,00 - 3,05 150 1,875 - 1,922 152 1,589 - 1,626
130 2,767 - 2,830 202 1,863 - 1,891 043 1,572 - 1,606
022 2,583 - 2,636 023 1,860 - 1,896 310 1,568 - 1,588
040 2,550 - 2,620 231 1,854 - 1,886 250 1,549 - 1,582
131 2,512 - 2,567 103 1,841 - 1,874 161 1,547 - 1,586
112 2,460 - 2,503 212 1,833 - 1,861 301 1,534 - 1,553
200 2,380 - 2,410 113 1,812 - 1,845 311 1,516 - 1,537
041 2,346 - 2,407 142 1,798 - 1,853 320 1,515 - 1,536
210 2,318 - 2,349 151 1,789 - 1,805 213 1,513 - 1,537
122 2,270 - 2,313 222 1,750 - 1,779
140 2,248 - 2,302 240 1,740 - 1,774
b. Granada c. Cromita
ao = 11,52 - 12,06 1 ao 8,20 - 8,32 o
A

hkE d hkl (1) hkl d hkl (1) hkl d hkl (1)


211 4,70 - 4,92 433 1,976 - 2,07 111 4,73 4,83
220 4,08 - 4,27 442 1,920 - 2,01 220 2,90 2,96
222 3,33 - 3,48 611 1,869 - 1,956 311 2,47 2,52
321 3,08 - 3,22 620 1,821 1,907 222 2,37 - 2,41
400 2,88 - 3,02 541 1,778 - 1,861 400 2,05 - 2,09
411 2,72 - 2,84 622 1,737 - 1,818 331 1,881 1,918
420 2,58 - 2,70 631 1,699 - 1,778 422 1,674 - 1,706
332 2,46 - 2,57 444 1,663 - 1,741 333 1,578 - 1,609
422 2,35 - 2,46 543 1,629 - 1,706 511 1,578 - 1,609
431 2,26 - 2,37 640 1,598 - 1,672
521 2,10 - 2,20 721 1,568 - 1,641
440 2,04 - 2,13 642 1,539 - 1,612

em estudo. Quando se fotografam diver- terminar a sua orientação mútua e, con-


sos cristais simultâneamente - como é seqüentemente, estabelecer qual ou quais
o caso de inclusões em diamantes - os os planos reticulares onde pode ocorrer
diagramas obtidos podem apresentar a o crescimento epitáxico.
superposição dos níveis dos retículos re- A fim de se obterem diagramas de
cíprocos dos cristais, o que permite de- precessão suficientemente precisos, deve-

- 111-
Sé',primeiramente, orientar o diamante, cristalográficos que permitem a epitaxia.
de modo que sua direção [111] ou [110] Admitindo"se, segundo a maioria dos
coincida com o eixo de rotação do dial autores, que os planos de crescimento
da câmara: esta orientação permite apli- do diamante são paralelos à face do
car a técnica da "varredura" com a má- octaedro, sàmente êstes planos poderão
xima eficácia. Obtemos, desta forma, di- servir de suporte à epitaxia e a operação
versas fotografias de precessão de níveis se simplifica, resumindo-se na determina-
recíprocos de ordem zero do diamante, ção dos planos cristalográficos da inclu-
e, entre elas, selecionamos as que tam- são coincidentes com o plano (111) do
bém apresentam níveis recíprocos de diamante. Isto feito, pode-se comprovar
ordem zero da inclusão, o que sàmente a epitaxia, através da verificação da
ocorre se ambos os níveis são pràtica- coincidência dos nós reticulares nestes
mente coincidentes, dentro de um limite planos, observando"se a equivalência dos
de precisão de -t- 3°. períodos de translação - T [uvw] -
A coincidência de níveis do retículo em duas direções [uvw] e o ângulo for-
recíproco pode ser interpretada como mado entre elas. Para maior rapidez
coincidência de zonas do retículo direto, de interpretação, foram preparadas, com
pois ambos os retículos são polares e, antecedência, tabelas com as translações
transportando-se para a projeção este- no diamante e das inclusões epitáxicas
reográfica estas zonas coincidentes, po- possíveis (Tabela 3), usando-se a ex-
demos ràpidamente determinar os planos pressão:
T [uvw] = a o2 . u 2 + b o2 • V 2 + C 2 •W 2
o
-t- 2vwb oc o cos a -t- 2uwa OC OcosfJ -t- 2uva Ob Ocos 'I

onde: Os ângulos entre essas direções po-


dem ser obtidos gràficamente, por meio
a o , b o , C o a , fJ e 'I são as de projeções estereogràficas e sôbre o
constantes da cela unitária e [uvw] os diagrama de Wulff, ou, então determi-
índices da direção considerada, inferio" nados pela relação (válida sàmente para
res a 3. sistemas ortogonais):
uu'a 2
o
+ vv'b O2 + ww' c O2
cos [uvw] [u'v'w']
T [uvw] . T [u'v'w']

4. Absorção ao infravermelho tuados com amostras pulverizadas e con-


feccionando"se pastilhas de Kbr, como
A determinação das propriedades
suporte. Com a finalidade de se conser-
espectrográficas do diamante, verificadas
varem as amostras para estudos futuros,
pelo seu comportamento em relação à
não foi utilizada a técnica convencional,
absorção de raios infravermelhos, teve,
destrutiva, e os diagramas foram obtidos
como objetivo, classificá-los de acôrdo
do material bruto, com um dispositivo
com o tipo (tipo Ia, Ib, lIa ou IIb), o
especial para amostras microscópicas,
que permitiu estimar a freqüência dêsses
adaptável ao aparêlho perkin Elmer 421.
tipos nos diamantes provenientes do Tri-
ângulo. De outro lado, pôde"se ainda, 5. Fluorescência
comparar os espectros obtidos com outras
propriedades estudadas: côr, morfologia, O exame dos diamantes, sob a lâmpa-
estruturas de superfície, presença de in- da de quartzo, foi realizado com o obje-
clusões e defeitos de crescimento. tivo análogo ao do estudo espectrográfico
Normalmente, os aspectros de absor- de absorção ao infravermelho. Dêste
ção de infravermelho de sólidos, são efe- modo, compararam"se a presença, a in-

- 112-
Tabela 3
Translações reticulares do diamante e inclusões (até u, v ou w = 3)

a. Diamante b. Granada c. Cromita


ao = 3,5667 X ao = 11,60 X ao = 8,30 X
[uvw] T [uvw] (X) [uvw] T [uvw] (X) [uvw] T[uvw] (X)
100 3,57 100 11,60 100 8,30
110 5,04 110 16,40 110 11,74
111 6,18 111 20,09 111 14,38
210 7,97 210 25,94 210 18,59
211 8,74 211 28,41 211 20,33
221 10,69 221 34,80 221 24,90
310 11,28 310 36,~8 310 26,24
311 11,83 311 38,48 311 27,53
320 12,96 320 41,83 320 29,93
321 13,34 321 43,41 321 31,06
322 14,71 322 47,83 322 34,22
331 15,55 331 50,56 331 36,18
332 16,72 332 54,40 332 38,93
d. Olivina
ao = 4,76 X b o = 10,20 X Co = 5,99 X
[uvw] T [uvw] (X) [uvw] T [uvw] (X) [uvw] T [uvw] (X)
100 4,76 311 18,54 123 27,60
001 5,99 103 18,59 322 27,63
101 7,65 302 18,64 223 28,82
010 10,20 203 20,34 323 30,71
201 11,25 013 20,67 130 30,97
110 11,26 120 20,95 031 31,18
011 11,83 113 21,20 131 31,54
111 12,75 312 21,25 230 32,05
102 12,89 021 21,26 231 32,59
210 13,95 213 22,74 132 33,20
211 15,18 221 23,30 232 34,21
301 15,49 122 24,13 331 34,30
012 15,73 320 24,90 032 34,35
112 16,44 313 25,11 133 35,80
310 17,55 321 25,61 233 35,83
212 18,12 023 27,19 332 36,73

tensidade e a côr da luminescência, com realizada com a microssonda de Cas-


as propriedades já acima citadas. Neste taing (electron micro-probe), a fim de
estudo, utilizou-se como fonte de luz se determinar a composição de inclusões
ultravioleta, o aparêlho Mineralight, com negras e placóides, comuns em diaman-
À igual a 3. 660 X. te. Nos trabalhos de rotina, limitou-se
apenas aos ensaios, por via sêca ou úmi-
6. Métodos Químicos da, recomendados nos guias de minera-
As análises químicas, por meios es- logia determinativa(Leinz e Souza Cam-
peciais, não foram aplicadas ao presen- pos, 1968), para a identificação dos sa-
te estudo, com exceção de sàmente uma, télites e minerais associados.

- 113-
I I I. GENERALIDADES SOBRE O DIAMANTE
Um grande número de trabalhos cien- O trabalho dos cristalógrafos e geólogos
tíficos, versando sôbre as propriedades, atuais é, não só a obtenção de diamantes
composição, síntese, aplicação, ocorrên· sintéticos com propriedades prefixadas e
cia e origem do diamante, são constan- a baixo custo, como o estabelecimento
temente publicados, e a razão dêste in- definitivo das condições de origem, para
terêsse reside no fato de tratar-se de que novas jazidas sejam localizadas.
substancia ímpar, incomparável a qual-
quer um de seus sucedâneos, nesta ou 1. Cristalografia
naquela aplicação. A sua raridade, as·
saciada à durabilidade e às proprieda- Sob o ponto-de·vista morfológico, os
des ópticas, lhe conferem valor gemo- cristais de diamante raramente externam
lógico inestimável, tendo, ainda, larga a relativa simplicidade de sua estrutura.
aplicação industrial, como material de A natureza de suas formas peculiares,
corte e abrasivo. apresentando faces arredondadas e ares-
Os primeiros mineralogistas e crista- tas curvas, será ainda, objeto de muitos
lógrafos se ocuparam da morfologia es- estudos futuros. As formas cristalográfi-
tranha do diamante, não observada em cas tidas como seguramente observadas,
outro mineral e, a descoberta dos de· segundo Goldschmidt (1916): { 100},
pósitos diamantíferos primários, nos fins {1l0), {ll1), {211}, {322), {331),
do século passado, fêz com que a aten- (552), (332), eram consideradas he-
ção dos estudiosos se voltasse para o miédricas, em virtude de sua simetria in·
problema da origem, datando dessa ferior, revelada por estrias sôbre as faces
época, também, os primeiros ensaios de dos cristais (Fersman e Goldschmidt,
síntese. As bases teóricas para a pro- 1911). Após a determinação da estrutu-
dução artificial seriam, no entanto, esta- ra do diamante, quando a simetria halo é-
belecidas somente anos mais tarde, e o drica foi verificada nos diagramas de di-
início da produção em escala industrial fração de raios X, poucos autores (Bee-
do produto sintético, só foi possível re- kenkamp, 1926) continuaram a admitir
centemente. a hemiedria.
Um outro problema que muito preo· No que diz respeito à natureza das fa-
cupou os pesquisadores antigos, referia- ces arredondadas, Fersman e Goldsch-
se ao seu caráter holoédrico ou hemié- midt (1911) foram talvez os primeiros
drico, o que constitui até hoje problema a suspeitar da dissolução natural, como
aberto, mesmo depois de conhecida a responsável pelo seu desenvolvimento, no
sua estrutura cristalina, determinada em que foram severamente criticados por
1913. De outro lado, grande progresso Williams (1932), que admitiu serem re-
no estudo de suas propriedades, sentiu- sultantes de crescimento (faces vicinais).
se após a publicação do trabalho de Atualmente, os autores se dividem,
Robertson, Fox e Martin (1934), quan- apoiando esta ou aquela interpretação
do os diamantes foram classificados em existindo, ainda, os que consideram a ori-
dois tipos distintos. Nas décadas de 40 gem híbrida, ou seja, crescimento e dis-
e 50, físicos da escola hindu e da escola solução.
inglêsa tentaram interpretar a existência O diamante apresenta estrutura ca-
dêsses tipos, através de estruturas teó· racterística, bem conhecida (Bragg e
ricas, deduzidas com base em suas pro- Bragg, 1913), que pode ser interpretada
priedades espectrográficas. Somente em como a interpretação de dois retículos
1959, porém, conseguiu-se relacionar os cúbicos, A e B, centrados nas faces, es-
diversos tipos observados e as respecti- tando, a origem de A em (O, O, O) e de
vas propriedades características, com a B em (1/4, 1/ 4, 1/4).
presença de impurezas, principalmente Os tetraedros dos retículos A e B
do nitrogênio (Kaiser e Bond, 1959). acham·se opostamente orientados, decor-

- 114-
rendo, disto, a simetria holoédrica do mantes do tipo I foram classificados em
conjunto (grupo espacial Fd3m). A si- Ia, com plaquetas de lüirogênio, e Ib,
metria pontual da cela unitária é, no en- mais raros, com nitrogênio substitucional.
tanto, hemiédrica. O parâmetro unitá- De maneira análoga, os diamantes do
rio, ao obtido de cristais individuais, é tipo II foram subdivididos (Custers,
variável: 3,55970 -+- 20kx (Bijvoet, 1952) em dois grupos: tipo lIa, teorica-
1951) . mente puros, e tipo IIb, cujas impurezas
(Alou talvez B ou Be), lhe conferem
2. Composição Química características semicondutoras.
Além do nitrogênio, muitas impurezas
o mais puro dos diamantes ainda pode podem ocorrer como elementos menores
apresentar 0,001 % de impurezas, e as (Chesley, 1942; Raal, 1957): Si, AI, Ca
pedras de boa qualidade contêm, em e Mg; mais raramente, Fe, Ti e Cu, po-
média, 99,9 % de carbono (Seal, 1968). dendo ainda existir traços de Ag, Cr, Na,
Entre as impurezas, a mais importante é Ba, Sr e Pb. Estas impurezas, aparente-
o nitrogênio, que ocorre em teores de mente, não se relacionam com o tipo do
até 0,25% (Kaiser e Bond, 1959), e a diamante, podendo ocorrer nos diaman-
sua influência, sôbre as propriedades fí- tes do tipo II como nos do tipo I (Bun-
sicas, é tal modo importante, que consti- ting e Van Valkenburg, 1958).
tui a base da moderna classificação do
diamante, segundo os tipos Ia, Ib, lIa e 3. Propriedades Físicas
IIb.
Desde 1934, admite·se a existência de Considerando-se o diamante estrutural-
dois tipos fundamentais (tipos I e lI), mente perfeito e constituído apenas por
com diferente comportamento físico (Ro- átomos de carbono, fortemente unidos
bertson, Fox e Martin), o que se expli- entre si, por ligações direcionais covalen-
ca, atualmente, pela presença de nitro- tes, podem-se prever algumas de suas
gênio nos diamantes do tipo I. A prin- propriedades físicas teóricas. Os dia-
cípio, julgou-se que esta impureza se en· mantes naturais e sintéticos, no entanto,
contrasse na forma de átomos substan- apresentam comportamento físico anô-
cionais isolados e, assim sendo, tais dia- malo, explicado como conseqüência de
mantes deveriam apresentar ressonância defeitos estruturais (vacâncias, átomos in-
eletro-paramagnética (E.P.R.), devida à tersticiais, deslocamentos, etc.), muitos
diferença de valência do carbono e nitro- dêles provocados pela presença de im-
gênio. Verificou-se, no entanto (Smith et purezas. Artificialmente, é possível intro-
aI., 1959), que os diamantes, mesmo duzirem-se defeitos análogos, no retÍCulo
contendo altas concentrações de nitrogê- cristalino do diamante, através do bom-
nio, não apresentavam essa propriedade, bardeamento com nêutrons, eléctrons,
concluindo-se, então (Elliot, 1960), que raios X ou raios gama, que pode acarre-
os átomos de nitrogênio deveriam estar tar o deslocamento dos átomos de carbo-
segregados, concentrando-se em plaque- no, produzindo-se, assim, vacâncias e
tas, posteriormente verificadas, através da átomos intersticiais.
microscopia eletrônica (Evans e Phaal, Entre as até agora observadas, as pro-
1962). A presença de difração anômala priedades ópticas são as mais intensa·
de raios X por diamantes dêste tipo já mente afetadas por êstes defeitos estru-
havia sido anteriormente observada por turais, admitindo-se ser o nitrogênio o
Wooster e Hoerni (1955) e Caticha-Ellis principal responsável pelas anomalias ve-
e Cochran (1958). Alguns cristais de rificadas nos espectros ópticos de absor-
dia:mante, porém, podem apresentar ni- ção ou emlssao . Desta forma, os dia-
trogênio em centros paramagnéticos, o mantes do tipo Ia e Ib absorvem as ra-
que indica que a impureza está sob a for- diações ultravioletas de comprimento de
ma substitucional. Dêste modo, os dia- onda inferiores a 3. 000 0 Â (4 eV), en-

- 115-
quanto os do tipo lIa e lIb são transpa- fringência. Segundo Friedel, as tensões
rentes, até o limite inferior de 2.300 A internas seriam originadas pela transfor-
(5, 4 eV). Do mesmo modo, os do mação paramórfica de beta para alfa
tipo Ia e Ib apresentam um sistema de (forma estável à temperatura e pressão
bandas de absorção à radiação infraver- ambientes), com alteração de volume.
melha, no intervalo de 7,5 a 9,0!J.' o que Tolansky (1966) admite o intercresci-
não se observa nos diamantes do tipo lIa mento de diversos tipos de diamante (I
e lIb. Podem-se distinguir os tipos Ia e e 11), como a causa das tensões internas.
Ib, pela intensidade relativa dessas ban- Assim como o comportamento óptico,
das. Diamantes de todos os tipos absor- as propriedades mecânicas do diamante
vem na região de 3 a 6!J.; no entanto, estão intimamente relacionadas com a
somente os do tipo lIb apresentam picos presença de nitrogênio. Os diamantes
de absorção anômalos dentro dêsse inter- estruturalmente menos perfeitos (tipo I)
valo. Além disso, êstes diamantes são apresentam dureza maior, pois os seus
comumente azulados (Premier Blues), defeitos cristalinos aumentam a energia
mostrando, ainda, picos de absorção mui- interna do retículo, como acontece nas
to pronunciados, na região do visível. ligas metálicas. A clivagem, neste caso,
é mais difícil, e a sua superfície não
A fluorescência - azul, verde ou ama-
apresenta a regularidade observada no
rela - é observada, geralmente, nos dia-
tipo 11. Ambos os tipos apresentam va-
mantes do tipo I, quando submetidos à
riações, na dureza de abrasão (Kraus e
radiação ultravioleta, sendo freqüente o
Slawson, 1939), sendo menor nas dire-
padrão geométrico da distribuição desta
ções paralelas aos eixos cristalográficos
fluorescência, o que é explicado pelo
X, Y e Z. Dêste modo, a face (100)
zoneamento de camadas com diferente
apresenta durezas maiores ao longo das
natureza, durante o crescimento. Os dia-
diagonais, enquanto que nos planos
mantes do tipo I1b são normalmente fos·
( 110), isto se verifica somente ao longo
forescentes.
da diagonal menor. Na face de octaedro
Outra propriedade óptica importante, não existem direções paralelas a X, Y e
conhecida desde o século passado, é a Z e, neste plano, as direções de menor
birrefringência anômala, atw~lmente ad- resistencia à abrasão (do centro da face
mitida como fenômeno de piezobirrefrin- para as arestas), apresentam dureza
gência (Pointdexter, 1955). O diamante maior que as observadas ao longo da
torna-se birrefringente, uniaxial ou bia- diagonal da face do cubo ou do rom·
xial negativo, quando submetido a pres- bododecaedro . A variação desta pro-
sões dirigidas, dependendo o caráter ópti· priedade, nas três direções, não pode
co, da direção na qual a fôrça é aplicada. ser representada por uma superfície con-
O diamante com inclusões frequentemen- tínua, como no caso da indicatriz óptica
te exibe esta anomalia e a tensão interna, (Denning, 1953).
responsável pela birrefringência, é devida Com relação ao pêso específico, va-
aos diferentes coeficientes de dilatação do riável entre 3,51477 e 3,52554 g/cm3 ,
diamante e do cristal incluído. f:ste fenô- a 25°C (Mikolajevskyet aI., 1964), os
meno indica, seguramente, que a inclusão diamantes do tipo I são mais densos,
é contemporânea ou preformada. Muitos o que indica presença de impurezas com
diamantes, ou mesmo a totalidade, como pêso atômico maior do que o do car-
admite Tolansky (1966), apresentam bono, confirmando, portanto, a ocor-
birrefringência anômala causada por ou- rência de nitrogênio, nestes cristais.
tros fatôres, que não as inclusões . f:ste
comportamento anômalo levou Friedel 4. Variedades
(1932) a admitir uma fase paramórfica do
diamante (f3), estável acima de 1885 Q C A literatura mineralógica cita, ao la-
(à pressão ambiente), quando se verifi- do do diamante comum, a ocorrência
ca uma alteração nos padrões de birre- de diversas formas imperfeitas, consti-

- 116-
tuÍdas por agregados policristalinos. Co- cêrca de 2% de seu pêso, no resíduo
mumente, são denominados borte, car- de combustão.
bonado, etc., mas a terminologia, ainda As variedades policristalinas de dia-
obscura e utilizada arbitràriamente, é mante podem ser consideradas como ge-
aplicada também às variedades de dia" minados múltiplos e complexos, de di-
mante inadequadas à lapidação. fícil interpretação, como admite Slawson
(1950) .
Williams (1932) cita, como varieda-
des mais comuns, o borte, a stewartita, 5. Ocorrência
a framesita, a bala e o granizo. No
Brasil, empregamos o têrmo carbonado, O diamante é explorado, desde a an-
para designar uma variedade com as tiguidade, em depósitos aluvionares e,
mesmas características do borte, descri- somente nos fins do século passado, se
to por Williams: agregado policristalino, teve notícia de sua ocorrência primária,
de granulação variável, entre fânero e em Kimberley (África do Sul). Nestes
criptocristalina; coloração escura; de cin- depósitos, o diamante ocorre em con-
za a preta; alto teor de impurezas dutos vulcânicos ultrabásicos (40% de
(10% em média) e baixa densidade Si0 2 ), denominados kimberlitos, consti-
(aproximadamente 3,48). O mesmo tuídos de rochas peridotíticas, tufáceas
têrmo é, entre nós, aplicado para o ou brechiformes, parcialmente serpenti-
monocristal de diamante negro, origi- nizadas, contendo olivina, apatita, pe-
nado, possIvelmente, pela grafitização rowskita, ilmenita, cromita, enstatita,
parcial (Friedel, 1932). As outras va" granada e diopsídio.
riedades (framesita, stewartita e bala), Atualmente, admite"se que tais rochas
apresentam, em linhas gerais, as mes- sejam a matriz primária do diamante ou,
mas propriedades do borte ou carbo- pelo menos, o meio de transporte dos
nado. A framesita dêles se distingue cristais já formados, para regiões mais
apenas pela granulação mais fina, e pelo superficiais da crosta.
brilho, tendendo ao vítreo, em algumas Ocorrências de diamante, ligadas a
regiões. A stewartita é a variedade de magmatismo menos básico, são descritas
borte magnético, o que se deve às in- no dolerito de Oakey Creek (Austrália)
clusões de magnetita. A bala é o borte e no augita-andesito de Holsdam (África
de tom cinza-metálico, com forma arre- do Sul).
dondada. O caráter fibrorradiado, admi- Após a descoberta de Kimberley, ten-
tido para explicar a forma esférica desta tou-se localizar as possíveis matrizes,
última variedade, não foi observado em nas regiões onde se encontravam dia-
secções polidas (Fischer, 1961). mantes aluvionares. No Brasil, essas
buscas foram infrutíferas, sendo, no en-
A alta dureza de abrasão, apresenta-
tanto, bem sucedidas na Rússia, onde
da por estas variedades, é conseqüência
da descontinuidade dos planos de cliva" se encontraram diamantes em chaminés,
gem, entre os diversos grânulos que do tipo kimberlítico (Urais e Yakutia),
constituem o agregado. e na India, onde os depósitos aluvio"
nares parecem ligar-se a condutos vul-
O granizo, como o diamante negro, cânicos ultramáficos, em Panna (Ma-
parece não apresentar natureza policris- thur, 1962). Chaminés de kimberlito
talina e suas características são total- diamantífero são ainda encontradas nos
mente diversas das do borte ou carbo- E.U.A. (Piky County, Arkansas). Em
nado. Distingue"se do diamante comum, várias localidades da África (Serra Leoa,
por ser opaco e apresentar níveis de Tanganica e Congo), admite-se que o
crescimento com coloração cinza de tons diama'nte se relacione com rochas kim-
diferentes. A sua morfologia, dureza e berlíticas .
densidade, são comparáveis às do dia- São também citadas ocorrências de
mante puro, apresentando, no entanto, cristais diminutos (100 A), em mete0"

- 117-
ritos ( condritos), em concentrações de vel somente a pressões ou temperaturas
até 0,3 % (Ureyet al., 1957). elevadíssimas (300 katm ou 4.000 0 C),
razão pela qual se utilizam catalisadores
6. Síntese metálicos, no processo de síntese. O
mecanismo de formação seria, neste ca-
A produção artificial do diamante, so, um pouco mais complexo: a grafita
desde há muito, interessou aventureiros dissolve-se no metal fundido, sob a for-
de todo o mundo, mas os primeiros ma de carbono atômico e o diamante
ensaios realizados com algum rigor cien- começa a cristalizar-se quando as con·
tífico, e cujos resultados são hoje postos dições de pressão e temperatura se si-
em dúvida, foram empreendidos por Ha- tuam na sua região de estabilidade,
nay (1880) e Moissan (1894), subme- formando-se grafita abaixo da curva de
tendo compostos de carbono a altas equilibrio (Simon, 1968b).
pressões e altas temperaturas. As pri- Os limites do domínio de formação
meiras tentativas bem sucedidas, no en- do diamante, são, dêste modo, consti-
tanto, foram obtidas em 1955, pela Ge· tuídos pela própria curva de estabilida-
neral Eletric (E. U . A. ), ASEA (Sué- de grafita·diamante e a linha de fusão
cia) e De Beers (África do Sul), após do metal (Fe, Ni, Nicrômio, Inconel,
o perfeito estabelecimento do diagrama Ni-Ge, etc.), ou do eutético, se fôr o
de equilíbrio grafita-diamante (Rossini caso.
et al., 1952).
:E.ste diagrama, modificado por Ber- Recentemente, tentaram-se outros
man (1964), nos mostra que o dia- meios de síntese, fora da região de esta-
mante é estável, à temperatura ambiente bilidade do diamante, a baixas pressões
(298°K), acima de 16,1 katm, exigin- e a baixas temperaturas. O mecanismo
do pressões muito maiores, a tempera- de desenvolvimento, nestes processos,
turas mais elevadas. A transformação poderia ser explicado através da cinética
direta grafita-diamante é, porém, possí- de formação (Simon, 1968b).

IV. MORFOLOGIA

A morfologia do diamante do Triân- concluindo ser o octaedro a forma do-


gulo Mineiro tem sido estudada somente minante, o que se deve, talvez, à cli-
em gemas de porte descomunal, prove- vagem natural, pois a fase (111), em
nientes dos garimpos de Coromandel e diamantes muito deienvolvidos, raramen-
Estrêla do Sul. No entanto, os resul- te deve ocorrer.
tados dêsses estudos não podem ser Leinz (1939), estudou o "Presidente
considerados representativos, devido ao Vargas" (770 quilates métricos), o
caráter verdadeiramente anômalo de tais sexto, na relação mundial dos grandes
amostras, tôdas elas ultrapassando 100 diamantes, tendo encontrado, além dos
quilates métricos, em pêso. planos de clivagem, faces curvas e irre-
A primeira destas pedras, "Estrêla gulares do rombododecaedro.
do Sul" (254 quilates métricos), foi en- O diamante "Darcy Vargas" (460
contrada em 1853, no Rio Bagagem e quilates métricos), segundo Leonardos
parecia tratar-se de um diamante natu- e Saldanha (1939), apresentava planos
ralmente clivado, apresentando ainda fa- de octaedro e faces menos desenvolvi-
ces curvas de hexatetraedro ou rombo- das de cubo, rombododecaedro e trite-
dodecaedro, o que se pode deduzir atra- traedro. As faces (111) foram caracte-
vés de desenhos atribuídos a Duffrénoy rizadas, pelos autores, por meio de fi-
(Reis, 1959). guras de contôrno triangular indefinido;
Em 1938, Barbosa descreveu o "Mi- entretanto, pela fotomicrografia publica-
nas Gerais" (172,5 quilates métricos); da no trabalho, pode-se considerar que

- 118-
tais planos devem ser do tipo hexate- faces planas. A terminologia adotada na
traédrico, fortemente abaulados _ O mes- descrição das demais formas cristalográ-
mo deve ocorrer com o diamante "Co- ficas, refere-se ao hábito do cristal, o
romandel" (400,65 quilates métricos) que pode não concordar com a nomen-
(Saldanha, 1941), onde o hábito octaé- clatura convencional, utilizada para de-
drico é resultante da associação de cinco signar as formas simples, com relação
planos de clivagem e duas faces (111) à classe de simetria à qual pertencem.
naturais, porém recurvadas _ No mesmo Serão empregados, dêste modo, os têr-
trabalho, o autor ainda ressalta a fre- mos octaedro e trioctaedro, correspon-
quência de diamantes perfeitamente oc- dentes a formas holoédricas, ao lado de
hexatetraedro, que se refere a uma for-
taédricos que ocorrem em Piuí (extre-
ma hemiédrica.
mo SE do Triângulo), não esclarecen-
do, contudo, o tamanho das amostras_ A classificação adotada, com a fina-
lidade de sistematizar o estudo das for-
Fato interessante é a proveniência co-
mum dêstes diamantes, todos êles en- mas presentes, considera, de início, qua-
contrados no Rio Santo Antônio das tro tipos característicos: formas simples,
Minas Vermelhas, afluente do Paranaíba formas combinadas, formas irregulares e
(Município de Coromandel, MG). geminados, fàcilmente identificáveis nos
diamantes do Triângulo. Os hábitos cris-
Outros grandes diamantes, "Governa-
talinos observados e que serão descritos
dor Valadares" (Saldanha, 1942); "In-
a seguir, podem incluir-se dentro de um
dependência" e outros (Reis, 1959),
dêstes tipos. Em alguns casos, no entan-
apresentavam as mesmas características
to, esta classificação pode assumir cará-
gerais dos diamantes acima descritos:
ter subjetivo, em virtude da ocorrência
ausência de faces planas naturais, ocor-
de hábitos intermediários.
rendo, em seu lugar, formas indefinidas,
com arestas e faces curvas e irregulares, 1. Formas simples
o que torna a orientação morfológica
possível somente pelos planos de cliva- Entre os diamantes que apresentam
gem, quase sempre presentes. formas simples, pode-se distinguir, à pri-
As amostras de menor porte podem meira vista a predominância do hábito
apresentar, entretanto, a predominância octaédrico ou rombododecaédrico, sendo
de um hábito definido, o que permite raramente verificado o desenvolvimento
classificá-las, sob o ponto-de-vista mor do hábito cúbico. As características e
fológico, e, daí, estimar a freqüência variações de cada um, serão tratadas
dos diversos hábitos, entre os diamantes separadamente.
do Triângulo Mineiro. Tal estudo, apa- a. Hábito octaédrico
rentemente simples, é dificultado pela
ocorrência de faces curvas, comuns em Considerando que o desenvolvimento
diamante, que impossibilitam o perfeito do diamante se efetua pelo empilhamento
reconhecimento das formas cristalográfi- de planos (111), como é admitido pela
cas presentes. Muitos autores a elas se maioria dos autores, o octaedro seria a
referem, através dos seus índices, mas forma de equilíbrio, durante o cresci-
a insegurança dêste procedimento pode mento do cristal. No entanto, cristais
ser verificada pela total ineficiência dos octaédricos perfeitos, apresentando vér-
dados goniométricos, necessários para a tices e arestas bem delineados, não fo-
sua determinação. Por êste motivo, se- ram encontrados entre as amostras estu-
rá evitada, na descrição das formas dadas, excluindo-se, no caso, os sólidos
observadas, a nota segundo o índice, de clivagem. A face (111) ocorre fre-
com exceção das formas {111), {110} qüentemente e a sua superfície, plana e
e {IOO), que parecem as únicas origina- regular não é observada em nenhuma
das por fenômenos de crescimento cris- ourta forma; porém, está sempre asso-
talino, podendo, neste caso, apresentar ciada a faces arredondadas de rombo-

- 119-
dodecaedro ou hexatetraedro, que substi- Os diamantes perfeitamente rombodo-
tuem os vértices e arestas do octaedro. decaédricos são raros, e as faces (110),
É também comum, os diamantes do nestes cristais, podem-se apresentar ex-
Triângulo, o cristal de hábito octaédrico, tremamente lisas, como se fôssem arti-
com arestas e vértices reentrantes, ori- ficialmente polidas, notando-se, em
ginado pelo crescimento de dois ou mais alguns casos, ligeiro sulco, ao longo de
indivíduos paralelos. Vários autores in' sua diagonal maior. Em outros, êstes
terpretam estas formas como resultantes planos são estriados, nesta mesma dire-
de geminação, segundo (100) ou [100] ção, o que lhes confere hábito semelhan-
(geminado de Mohs), o que é possível te ao trioctaedro (Figura 4 d ). Nestas
admitir, considerando a simetria hemié- duas variantes, pode-se verificar, e é co-
drica do cristal. O desenvolvimento do mum, o desenvolvimento de arestas si-
hábito tetraédrico de dois indivíduos, nuosas, poucos salientes e irregulares, na
encontrado num só exemplar (Figura direção da diagonal menor das faces
4 a), sugere, a princípio, esta interpre- (110). Quando tais arestas se mostram
tação. Freqüentemente, observam-se, em mais perfeitas e pronunciadas, a forma
cristais dêste tipo, a substituição dos vér- resultante exibe hábito nitidamente hexa-
tices e arestas por faces curvas, resul- tetraédrico (Figura 4 c ), que, em alguns
tando numa forma semelhante à des' casos, faz lembrar o cubo piramidado,
crita por Valarelli (1963). pelo igual desenvolvimento nas direções
Os tipos intermediários, nos diaman- r 111 ], o que se observa nas variedades
tes de hábito octaédrico, situam-se entre opacas de diamante.
o octaedro quase perfeito, com arestas Não se verificam, nas formas trioctaé-
e vértices pouco arredondados, e as dricas, a presença das arestas do octae-
formas combinadas de octaedro e rom- dro, que aqui são substituídas por fa-
bododecaedro (Figura 4 li ). Pode-se ces do tipo (11 O), fortemente recurva-
considerar ainda o meio-têrmo entre o das (Figura 4 d ). t possível, também,
agregado de vários indivíduos paralelos nestas amostras, observarem-se as ares-
(Figura 4 b ) e a forma combinada, apre' tas sinuosas e os sulcos já citados na
sentando faces de cubo, octaedro e rom- face de rombododecaedro e, na medida
bododecaedro (Figura 4 h ). Quando em que êstes elementos melhor se defi-
ocorre o arredondamento das arestas e nem, o conjunto pode tomar o aspecto
vértices nestes cristais, pode-se notar o do hexaoctaedro.
início do desenvolvimento do hábito trio-
Entre os diamantes rombododecaédri-
ctaédrico (Figura 4 d ) .
cos característicos, é comum a ocorrên-
Além dos diamantes octaédricos equi-
cia de amostras alongadas numa das di-
dimensionais, é possível encontrarem-se
reções [111], decorrendo, disto, o hábi-
octaedros com hábito tabular, segundo
to prismático dêsses cristais. Nos dia-
( 111 ). Observaram-se, ainda, cristais
mantes hexatetraédricos já se observa,
alongados na direção [110]; parecem.
com freqüência, o hábito tabular, segun-
porém, sólidos de clivagem. do (111) (Figura 4 e ), que também
b. Hábito rombododecaédrico pode ser encontrado em cristais do tipo
A forma rombododecaédrica é a mais trioctaédrico (Figura 4f). O maior de-
comum entre as observadas, em decor- senvolvimento de duas faces paralelas,
rência do grande número de variantes neste último tipo, pode originar uma for'
que pode apresentar, não havendo, con- ma achatada, segundo um dos eixos de
tudo, limite nítido entre elas. Pode-se, simetria binária (Figura 4 g ) .
no entanto, distinguir a predominância c) Hábito cúbico
de três formas, tôdas elas mostrando fa-
ces arredondadas e arestas curvas: o Os cristais cúbicos ocorrem somente
rombododecaedro propriamente dito., o em variedades translúcidas ou opacas de
hexatetraedro e o trioctaedro. diamante, e suas faces, apesar de planas,

120 -
a b

d e f

dZ ~~
ç -_.- I
I
Ii II
I
1\ :1
~' ~:I
I'
Y

j k L
Figura 4 - a. Geminado de Mohs; b. Agregado paralelo de vários octaedros; c. Hexatetraedro com
faces arredondadas; d . Trioctaedro com faces arredondadas; e. Hexatetraedro tabular; f. Trioctaedru
tabular; g. Trioctaedro achatado segundo um E 2 ; h. Cubo com arestas arredondadas (combinado de
cubo e rombododecaedro); i. Combinado de octaedro e rombododecaedro; j. Combinado 111 - 110
100; k. Combinado 111 - hh ; 1. Geminado hexatetraédrico, pseudo-múltiplo.

- 121 -
apresentam-se corroídas irregularmente. são inseguras para a perfeita caracteri.
"f:ste hábito é raramente observado e, zação desta última forma (Figura 4 k ) .
em vista disto, as características aqui
descritas podem não ser representativas. 3. Formas irregulares
Entretanto, nas poucas amostras cúbicas Muitos diamantes, principalmente os
cncontradas, nota-se, como no octaedro, maiores, não apresentam hábito defini-
a substituição das arestas e vértices por do, desenvolvendo·se ou achatados, ou
faces arredondadas e irregulares de rom- alongados, ou irregularmente, sendo di·
bododecaedro ou hexateraedro (Figura fícil a sua orientação. Apesar da gran-
4 h ) . O hábito cúbico, nestes cristais, de semelhança com os cristais de hábito
é equidimensional, verificando-se, em rombododecaédrico, a sua irregularida-
apenas um indivíduo, ligeiro achatamen- de morfológica não permite classificá-
to segundo (111), o que lhe conferia -los em nenhum dos tipos precedentes .
hábito romboédrico. Nestas amostras, não se observam faces
2. Formas combinadas planas e os cristais são limttados por
superfícies curvas do tipo rom bodode-
Há cristais de diamante em que se caédrico . Por vêzes, êstes planos mos-
pode observar a combinação de mais tra:m-se tão recurvados, que não se po-
de um dos hábitos citados, sendo mais dem notar as arestas formadas por êIes.
freqüentes os que apresentam faces pIa' Algumas destas formas são, vulgar-
nas de octaedro . "f:stes cristais mostram, mente designadas por "lascas" ou "las-
além da forma (111), faces arredonda- cados" . Podem-se incluir entre os dia-
das de formas rombododecaédricas (Fi- mantes do tipo irregular, os sólidos de
gura 4 i). clivagem, em que a morfologia original
Nos cristais cúbicos, quando os vérti- é inacessível, e é o caso de muitos dos
ces e arestas se tornam mais arredonda- grandes diamantes citados na literatura.
dos, verifica-se, também, o desenvolvi'
mento do hábito rombododecaédrico (Fi- 4. Geminados
gura 4 h). Pode-se considerar os geminados co-
Podem-se, no entanto, considerar co- mo resultantes de acidentes, durante o
mo formas combinadas autênticas, ape. crescimento cristalino (Simon, 1968a),
nas as que apresentam a associação de ocorrendo isto em virtude da pequena
<110), ( 111), e { 100), ou ainda, diferença da energia de adesão, na con-
\. 111) e {I 00). São raramente encon- figuração normal ou na de geminação.
tradas, e talvez sejam as únicas combi- Há autores (Buerger, 1945) que admi-
nações originadas por crescimento cris- tem, no limite entre dois individuos ge-
talino . Neste casos, as faces (110) e minados, uma estrutura polimórfica pos-
( 100) apresentam-se planas, verifican- sível. Tal acontece com a blenda (ZnS
dO'se a presença de estrias paralelas e cúbico), onde dois cristais geminados
bem definidas, ao longo da diagonal segundo [111] têm, no contacto, a es-
maior da face de rombododecaedro. A trutura da wurtzita (ZnS hexagonal).
forma combinada de (111) - (1I0) No diamante, o empilhamento se faz
- {l 00) (Figura 4 j) ocorre geralmen. em camadas de tetraedros, paralelas a
te em cristais translúcidos, denominados ( 111 ), e a geminação é verificada quan·
"cascudos", pelos garimpeiros, e a asso- do êstes tetraedros se unem ao substrato,
ciação de {111} e {I 00) foi observada a 60° da posição normal . Segundo
em apenas um exemplar incolor de extre- Slawson (1950), quando o acoplamen.
ma limpidez . to se dá na posição intermediária, a 30°,
São encontrados, também, cristais o tetraedro gira para a posição de em-
apresentando a combinação de (111) pilhamento normal, e a neutralidade de-
e {hhE), com faces planas e estriadas. ve ocorrer somente a 10 ou 15° da po-
As medidas goniométricas, no entanto, sição de geminação, pois a energia su-

- 122-
perficial é influenciada pelo arranjo das substituição dos vértices e arestas dos
camadas inferiores . Abaixo dêste limi- octaedros, por faces curvas, como ocorre
te, o tetraedro gira para a posição de na forma simples. Num dêstes gemina-
60°, podendo originar um segundo in- dos, do tipo hexatetraédrico, o maior
divíduo cristalino. Sendo êste fenômeno desenvolvimento de um dos cristais re-
freqüente, na cristalização do diamante, sultou numa forma singular, que, de
pode-se admitir que, em escala submi. início, sugere a geminação múltipla (Fi-
croscópica ou mesmo microscópica, to- gura 41) .
dos os diamantes devem apresentar A geminação cruzada é relativamente
áreas ou regiões geminadas (Slawson, comum nos cristais cúbicos, verifican-
1950). A camada entre dois indivíduos, do-se, num dos exemplares, acentuada
neste caso, apresenta simetria hexagonal, diferença de coloração dos dois indiví-
e a existência dessa fase polimórfica do duos. :f:ste tipo de geminação pode ser
diamante, com estrutura semelhante à interpretado, geometricamente, de ma-
da wurtzita (Ergun e Alexander, 1967), neira análoga à anterior. Do ponto-de-
vem apoiar a suposição de Buerger -vista estrutural, porém, deve-se admitir
(1945) . a existência de um plano de compo~ição
Adotando-se a interpretação geométri- original diferente de (111).
ca, os geminados dêste tipo, definidos Os geminados múltiplos podem apre-
através de seus elementos de geminação, sentar formas arredondadas e irregula-
têm (111) como plano de composição res, mas obedecem às condições verifi-
original e plano de geminação, sendo cadas na geminação simples. Encontra-
[111] o eixo de geminação. Em tôdas ram-se, entre as amostras estudadas,
as amostras observadas, verificou-se obe- agrupamentos dêste tipo, constituídos
diência a esta condição (lei do espiné- por três indivíduos, não se observando
lia), notando-se somente a variação da o paralelismo entre os elementos de ge-
morfologia externa dos geminados, cuja minação . O geminado múltiplo descrito
descrição poderá ser mais um elemento por Palache (1932), também presente
a caracterizar o diamante do Triângulo nos diamantes do Triângulo, pode ser
Mineiro. . considerado como dois geminados sim-
Em geral, sob o ponto-de-vista mor- ples, parcialmente cruzados.
fológico, os geminados de diamante tem Por meio de difração de raios X, ve-
forma indefinida, podendo ser fàcilmente rificou-se, ainda, um geminado com for-
confundidos com os cristais simples, de ma externa perfeitamente octaédrica, li-
forma irregular. Dêles distinguem-se, no mitada por faces planas e irregularmen-
entanto, pela presença de "suturas" ou te corroídas, não se determinando, con-
"costuras", observadas no contacto dos tudo, o caráter simples ou múltiplo da
dois indivíduos. Nos casos de difícil ca- geminação.
racterização morfológica, os geminados
podem ser reconhecidos, através de dia- 5. Frequência das formas
gramas de difração de raios X (método cristalográficas
de Laue ou precessão), que revelam a O estudo da freqüência das diversas
simetria senária, causada pela superpo- formas e hábitos, presentes nos diaman-
sição de dois cristais mutuamente gira- tes do Triângulo Mineiro, deveria res-
dos 60°. tringir-se a áreas diamantíferas isoladas.
Entre os geminados com formas de- Os resultados, neste caso, seriam mais
finidas, os mais freqüentes exibem hábito úteis, podendo-se verificar as variações
tabular, designados comumente por morfológicas, nos diferentes depósitos.
"chapéus-de-frade", e constituídos de A incerteza da proveniência exata de
dois indivíduos octaédricos achatados, muitas amostras impediu tal procedi-
segundo o plano de geminação. Nas mento, e os resultados do presente estu-
amostras dêste tipo, pode-se notar a do podem ser considerados representa-

- 123-
rivos, respeitando-se as características da 6. Origem das formas
amostragem efetuada. O tamanho dos cristalográficas
cristais, por exemplo, deve ser um dos
primeiros fatôres a ser observado, veri- A morfologia cristalina é, atualmente,
ficando'se, de imediato, a predominân- explicada, em base estrutural, pela teo-
cia de indivíduos geminados ou de for- ria dos vetores PBC, de Hartman e
mas irregulares, nas amostras de pêso Perdok (1955), que admite, no cristal,
superior a 0,5 quilates métricos. De a existência de cadeias de ligações perió-
outro lado, em cristais pouco desenvol- dicas (Periodic Bond Chain ou PBC),
vidos (inferiores a 0,10 quilates), po- paralelas aos principais eixos de zona
de"se notar a ocorrência freqüente de a formadas pelas sucessivas ligações en'
rombododecaedros equidimensionais, com tre as partículas vizinhas, mais forte-
faces lisas e arredondadas. mente unidas entre si. As faces parale-
Na Tabela 4 é mostrada a freqüência las aos PBC serão, portanto, as mais
percentual, segundo as formas e hábitos desenvolvidas e, nos cristais onde apa-
presentes. Foram, aqui, separadas as recem mais de um dêstes vetores, pode-
formas combinadas em transicionais, -se classificá'las em três tipos, de dife-
com faces curvas associadas à forma rentes expressões morfológicas: faces F
{111} , e formas combinadas autênticas, (flat: plana), paralelas a pelo menos
que apresentam a combinação das for- dois PBC e, conseqüentemente, as mais
mas {111 } , { 11 O} e { 100} ou prováveis superfícies de equilíbrio; faces
{ 111} e { 100}, pois parecem ori' S (stepped: escalonada), paralelas a um
vetor PBC e de ocorrência possível; e
ginadas por processos diversos.
faces K (kinked: reticulada), não pa-
Nota-se, entre os diamantes do Triân- ralelas a nenhum PBC, o que torna im-
gulo, a predominância da forma simples provável o seu desenvolvimento . As va-
rombododecaédrica, seguindo-lhe, em riações morfológicas observadas em
freqüência, os geminados de contôrno muitos casos, são explicadas pela influ-
irregular. ência de impurezas, que se depositam

Tabela 4
Freqüência percentual de formas e hábitos

Freqüência Freqüência
Formas Hábito em %
em %

r Octaédrico 35
Simples 45 -\ Cúbico 2
l Rombododecaédrico 63

Combinadas 10
J Combinado Transicional 78
l Combinado Autêntico 22
Irregulares 12
( Tabular 33
J Cúbico cruzado 4
Geminados 33
l Irregular
Múltiplo
58
5

- 124-
simultâneamente e em níveis epitáxicos, (Bovenkerk, 1961; Bezrukow et aI.,
alterando as direções dos PBC. 1966). A presença da face (110) pla-
No diamante, as ligações covalentes na, em algumas formas combinadas, po.
entre os átomos de carbono, se efetuam, de ser interpretada como resultante de
inicialmente, na direção [111], mas, a faces vicinais, do tipo (111), e não co-
sua repetição periódica, resulta num ve' mo plano de crescimento.
tor PBC paralelo a [110]. A única for- A forma de equilíbrio cúbica foi obser-
ma do tipo F, possível, neste caso, seria vada a~enas em diamante sintéticos,
o octaedro, seguindo-lhe, em ordem de- obtidos sob condições de pressão e tem-
crescente de importância morfológica, as peratura mínimas (Bovenkerk, 1961),
formas S: { 11 O}, { 100}, {311} e e deve resultar do efeito de impurezas.
{331 } . A predominância do hábito A freqüência dêste hábito, em varieda-
rombodode<:aédrico sôbre o cúbico é des opacas e translúcidas, de diamantes
admitida pela maior velocidade de cris- do Triângulo, além da presença de ca-
talização, ao longo de [100] (Hartman, madas com diferentes tonalidades, pa-
1953). ralelas a (100), observadas num dêstes
Seguindo esta interpretação e consi- exemplares (Prancha I a), sugere que
derando, ainda, as condições particula- êste tipo de crescimento também se pro-
res sob as quais o diamante se desen- cesse naturalmente. O aparente parado-
volve, que limitam a interferência de xo, entre o hábito hexatetraédrico da
impurezas, a única forma de equilíbrio amostra e o mecanismo de crescimento,
admissível seria o octaedro. Esta con- dificilmente poderia ser explicado pelo
clusão pode ser fàcilmente atestada pela desenvolvimento cristalino normal.
grande improbabilidade da mudança Estas evidências, somadas aos resul-
no mecanismo de crescimento, quando tados das observações sôbre figuras e
êste se verifica de maneira simples, co- estruturas de superfícies (tratados em
mo no diamante. Dêste modo, as formas capítulo à parte), indicam que as for-
tipo K ou S e de ocorrência comum, se- mas anômalas devem originar-se de pro-
riam improváveis como resultado de cres- cessos de dissolução.
cimento cristalino. Êste fenômeno é resultante da com-
Constitui, ainda, flagrante anomalia, bustão parcial do diamante, em ambi-
a freqüência da forma rombododecaé- ente oxidante e a temperaturas provà-
drica, nunca observada como forma de velmente elevadas. No laboratório, po-
crescimento. Além disso, são raramen- dem-se reproduzir condições análogas e
te encontradas, entre os diamantes arti- pode-se provocar fàcilmente a corrosão
ficiais, ocorrendo somente quando há dêstes cristais, com KN0 3 , ao redor de
suspeita de dissolução, durante a síntese 500°C. CO,TIO a dissolução, neste caso,

a b c
Figura 5 - Configuração estável de (111) (a); (100) (b) c (110) (e).

- 125-
é muito rápida, as formas obtidas são cluir que as velocidades de dissolução
irregulares, mas, em condições especiais, devem variar, conforme a direção consi·
a forma de dissolução pode assemelhar- derada, sendo maior ao longo de [110]
-se às formas de crescimento, constituin- e mais lenta em [111], decorrendo, co-
do isto um meio de determinação da mo forma de equilíbrio, o rombodode-
simetria cristalina (Buerger, 1956). caedro. Nesta forma, os principais eixos
Outros agentes oxidantes, ainda cita- de zona correspondem às direções [111]
dos, na corrosão do diamante, são o e as faces desenvolvem-se perpendicu-
CO~, a 1350 0 C (Evans e Phaal, 1962), larmente a [110].
CI'u mesmo o Ü>.2, a baixas pressões. A variação morfológica, observada
(Ornar e Kenawi, 1957). Em diamantes nas formas de dissolução, poderia resul-
artificiais, a corrosão se efetua quando tar das diferentes concentrações do sol·
a pressão não é mantida, em altas tem- vente (Buerger, 1956), e também da
peraturas, e a passagem <librupta da dis- forma inicial, da qual deriva.
solução ao crescimento toma freqüente Entre os hábitos, descritos em dia-
a alternância dêstes dois processos, du- mantes do Triângulo Mineiro, podem-
rante a síntese. -se considerar camo originados por
Admitindo-se a dissolução como o in- crescimento cristalino, o octaedro, o
verso do crescimento, podem-se também cubo, e a forma combinada de {111},
determinar as formas de equilíbrio pos- {lI O} e { 100}. A dissolução dêstes
síveis, com base estrutural, e aplicando- cristais originaria as formas simples com
-se o método de Stranski-Kaishev (Si- faces curvas, desenvolvendo-se, primei-
mon, 1968 a), que leva em conta o tra- ramente as formas combinadas transicio-
balho de separação das partículas do nais; em seguida, o hexatetraedro ou
edifício cristalino. o trioctaedro, dependendo do hábito
inicial; e, num estágio final, o rombo-
N a configuração estável da face de
dodecaedro (Figura 6).
octaedro (Figura 5 a ), pode-se notar
que cada átomo, pertencente aos vetores
PBC, se liga a três outros do nível sub-
jacente; e, para que a dissolução se ve-
rifique, é necessário que se rompam
estas três ligações. A superfície de
equilíbrio do cubo (Figura 5 b) mostra
que os átomos estão agora ligados a
apenas dois outros, da camada imediata-
mente inferior, e, na face (11 O) (Figura
5 c ), cada um dos elementos dos veto-
res PBC se une a somente uma partí- Figura 6 - Evolução da morfologia do dia·
mante, explicada por meio da dissolução
cula do substrato. Disto pode-se con- natural.

V. FIGURAS E ESTRUTURAS DE SUPERFíCIE

A observação das marcas naturais esclarecimento das condições da gêne-


que ocorrem na superfície do diamante, se do diamante: as marcas de superfície
constitui meio seguro para a orientação revelam o último estágio da evolução
do cristal, podendo também fornecer do cristal.
informações úteis sôbre o processo de Algumas destas figuras originam·se de
desenvolvimento das formas cristalográ- processos diversos, como os moldes e
ficas, ou do seu mecanismo de cresci- "crateras", deixados por inclusões. Po-
mento. O grande número de publicações rém, a maioria das marcas de superfí-
que trata do assunto, reflete a importân- cie mostra, nitidamente, o efeito da dis-
cia dêste tipo de estudo para o perfeito solução, existindo, ainda, algumas cuja

- 126-
origem é duvidosa, não se podendo pro- Algumas vêzes, os trígonos de fundo
var se resultam de crescimento ou de plano apresentam contôrno hexagonal,
corrosão. No entanto, nos cristais onde o que se observa também nas figuras
elas aparecem, notam-se, também, figu- de fundo pira:midado (Prancha I d ) .
ras provocadas por dissolução (Patel e Em trígonos dêste tipo, porém pouco
Agarwal, 1965), o que leva a concluir desenvolvidos, pode-se notar o contôrno
que somente as feições macroscópicas hexagonal perfeito que, em alguns casos,
de crescimento devam ocorrer na super- mostra duas fases na evolução (Pran-
fície de diamantes naturais. Outro fato cha I e) .
interessante e que comprova esta afir- Comumente, os trígonos orientam-se
mação, é a presença, em diamantes sin- opostamente, com relação ao oontôrno
téticos, de espirais de crescimento, na triangular da face do octaedro, mas po-
face do cubo (Tolansky e Sunagawa, dem-se também encontrar figuras con-
1959) e do octaedro (Patel e Rama- cordantes, e esta aparente anomalia faz
chandran, 1968), não encontradas em perdurar, até hoje, as controvérsias sô-
diamantes naturais. bre a sua origem. As tentativas para
Muitas das marcas superficiais do obter artificialmente estas figuras, por
diamante são visíveis à vista desarma- meio da corrosão do diamante em KN0 3
da, havendo casos, no entanto, em que fundido a 500°C, reV'elaram trígonos
somente se tornam perceptíveis com concordantemente orientados, nas faces
grande ampliação. Quando isto ocorre, (111), o que levou Williams (1932),
tais figuras podem distr1buir-se regular- Halperin (1956) e Tolansky (1960) a
mente sôbre a superfície do cristal, re- admitir o crescim·ento como responsá-
velando estruturas muitas vêzes macros- vel pelas figuras em oposição. Há auto-
cópicas e intimamente ligadas ao cres- res, contudo, que as interpretam como
cimento cristalino. efeito de agentes corrosivos, não impor-
tando a sua orientação. No entanto, pa-
Considerando que as figuras e estru- recem inacessíveis, as provas seguras pa-
turas de superfície como ~icas, em ra apoiar-se esta ou aquela suposição.
cristais da mesma procedência (Seal,
Considerando-se que o germe de cres-
1962), pode-se avaliar a sua importân-
cimento bidimensional estável, na face
cia, como elemento de caracterização do
( 111 ), apresenta oontôrno triangular,
diamante do Triângulo Mineiro_
concordante com as arestas do octaedro
1. Faces de octaedro (Simon, 1968 a), a nucleação em três
pontos diferentes desta face, poderá ori-
Nos planos (111), freqüentemente se ginar cavidades triangulares em oposi-
observam depressões de contôrno trian- ção. A cristalização rápida, por outro
gular, denominadas trígonos, com fundo lado, formará, inicialmente, cristais es-
plano (Prancha I b) ou escalonado, queléticos (Bovenkerk, 1961), e o cres-
que, muitas vêzes, se desenvolvem como cimento ulterior poderá delimitar cavi-
pirâmides negativas (Prancha I c). A dades, agora concordantes com as ares-
profundidade e o tamanho destas figu- tas do octaedro. Esta última suposição
ras são variáveis, mas o ângulo formado é, contudo, pouco provável, devido à
entre os planos das pirâmides e a face configuração instável das camadas de
do octraedro é mais ou menos constante, crescimento (Simon, 1968 a). Na dis-
variando de 0°40' a 2°40', dados êstes solução, o mesmo deve verificarse: quan-
obtidos de figuras interferométricas . do a corrosão se processa lentament.e, a
:f:stes valôl'es indicam que tais faces não forma estável da cavidade estará em
constituem planos reticulares com Ín- oposição a (111); no entanto, quando
dices millerianos simples, e, portanto, a dissolução é violenta, como a realiza-
devem ser instáveis, como forma de cres' da por meios artificiais, as figuras pode-
cimento. rão orientar-se concordantemente.

- 127-
a b

c d

e f

9 h
Prancha I - a . Níveis de crescimento paralelos a (100) em cristal hexatetraédrico (x4); b . Trígonos
com fundo plano (x 75); c. Trígonos com fundo piramidado (x 75); d. "Trígono" com contôrno hexa-
gonal (x 130 ) ; e . "Trígono" hexagonal mostrandoduas fases na evolução (x 130); f. Trígonos alinhados
(x 130); g. Trígonos em planos de clivagem (x 100); h. Trígonos concordantes, pouco desenvolvidos
(x 130) .
r

a b

c d

e e

f 9
Prancha II - a. Trígonos concordantes e em oposlçao (x 130);, b. Figuras de impacto em (111) :(x75);
c. Figuras alongaua, em (110) (x IOli); d. blevações de contornu octaédrico em (110) (x 50); e.
Elevações de contõrno geométrico definido em (110) (x130); f. Estrutura zonada em (110) (x75); g.
hguras anõmalas em (110) (x 100); h. Microdiscos em (110) (x 100).
a b

c d

9 h
Prancha In - a. Disco circular em (110) (x 75); b. Figuras em (100) (x 120); c. "Suturas" em
geminado múltiplo (x 25); d. Dissolução diferencial em geminado (x 25); e. Estrutura zonada em
geminado (x 4(); f. Inclusões de olivina isorientadas (x50); g. Inclusão de olivina equidimensional
(x 100); h. Inclusão de granada com faces estriadas (x SO).
Admitindo-se, por motivos Ja expos- tensidade, o efeito da corrosão, o que
tos, que devem ser raros os cristais que se verifica ao microscópio, pelo seu arre-
apresentem figuras de crescimento em dondamento, a ponto de se transforma-
escala microscópica, a maioria dos trí· rem em colinas grosseiramente elípticas
gonos observados deve originar-se de e muito alongadas (Prancha 11 c ) .
dissolução, orientando-se opostamente Em apenas uma amostra, parcialmen-
devido talvez à lentidão do processo na- te recoberta por película verde e trans-
tural. De outro lado, a distribuição re- parente ("coated diamond"), os planos
gular destas figuras, ao longo de possí- de rombododecaedro apresentavam suo
veis defeitos lineares em ( 111) (Prancha perfície escabrosa, resultante da inter-
I f) e a sua presença em planos de di· rupção das estrias, por planos (100),
vagem (Prancha I g ), dificilmente po- formando colinas de contôrno geométri-
dem ser explicadas pelo crescimento co definido e delimitadas por faces de
cristalino. cubo e octaedro, onde se pode notar a
Em cristais onde se observam trígo. presença de pequenos trígonos (Prancha
nos isorientados, êstes se apresentam 11 c ). No tôpo de algumas destas ele-
ora numerosos e pouco desenvolvidos vações, é possível encontrarem-se faces
(Prancha I h ), o que denota maior in- ( 110) estria das e pouco desenvolvidas.
tensidade da corrosão, ora de maneira Nas superfícies ( 11 O) dos cristais
esparsa, ocorrendo ao lado de figuras arredondados, as colinas elípticas acima
em oposição (Prancha 11 a ) . A intera- descritas tornam-se menos alongadas,
ção dêstes dois processos corrosivos si- mostrando·se mais regulares nas proxi-
multâneamente, poderia originar as ca- midades dos vértices quádruplos, que
vidades de contôrno hexagonal . É pos- podem ser interpretadas como testemu-
sível, também, admitir a orientação nhos de contôrno octaédrico (Prancha
anômala dos trígonos como resultado II d ). Uma dissolução mais intensa, po-
de geminação em escala microscópica, de, no entanto, arredondá-las, tirando-
o que, na realidade, se observa em alguns -lhes esta característica. As figuras dês te
geminados de contôrno octaédrico, onde tipo são facilmente explicadas pela disso-
ocorrem trígonos isorientados. lução diferencial: as camadas estrutural-
Além dos trígonos, alguns cristais mente mais perfeitas, serão também as
exibem lineamentos formando padrão mais resistentes à corrosão e, dêste mo-
reticulado hexagonal, resultante, talvez, do, podem aflorar na superfície rombo·
de impacto, que poderia ter provocado dodecaédrica recurvada . Esta interpre-
o aparecimento de fendas de clivagem, tação pode ser admitida pelo diferente
ao longo dos planos (111) (Prancha comportamento dos diamantes do tipo I
11 b ). e do tipo lI, quando submetidos à disso-
lução (Halperin, 1956), e pela presen-
2. Faces de rombododecaedro ça, no mesmo cristal, de camadas de
ambos os tipos (Tolansky, 1966).
As marcas superficiais, nas faces de Alguns autores, no entanto (Williams,
rombododecaedro, não apresentam a re- 1932; Tolansky, 1960), não admitem
gularidade das figuras obs,ervadas em esta suposição e consideram o cresci-
( 111) e sua origem pode ser interpreta- mento cristalino como responsável pela
da de diversos modos, mas admitindo-se origem destas figuras.
sempre que a feição final resulte da dis-
solução . Assim, nas faces ( 110) pla- Muitas vêzes, estas marcas são micros-
nas, podem-se verificar estrias paralelas, cópicas e agrupam-se regularmente, re-
ao longo da sua diagonal maior, origi- velando a estrutura zonada do cristal,
nadas, inicialmente, pelo crescimento, originada pela flutuação das condições
segundo faces vicinais do tipo ( 111 ) . ambientes, durante o crescimento, o que
Estas estrias, observadas mesmo a ôlho resulta na deposição de camadas com
nu, denotam, com maior ou menor in- diferentes resistências à corrosão. Estru-

- 131
turas dêste tipo já foram observadas em É possív,el, ainda, encontrar, nas super.
secções paralelas a (100), artificialmen. fícies (110) mais perfeitas, pequenas
te corroídas (Seal, 1965), onde se no· marcas circulares (microdiscos) (Pran-
tam níveis de cresdmento formando cha 11 h ), originadas pela proteção, duo
90° entre si e interrompidos, em seus rante o ataque químico, por bôlbas de
vértices, pela face curva do cristal. A gás, aderentes à superfície do cristal
projeção destas camadas, sôbre a super· (Tolansky, 1960). Contudo, algumas
fície rombododecaédrica recurvada, apre- destas figuras apresentam-se como círcu.
senta contôrno pseudo.hexagonal, com los ~bsolutamente perfeitos, com peque-
bordos arredondados (Prancha 11 f) e na cavidade localizada no centro (Pran-
a única maneira de explicar estas figuras cha 111 a ), e aparecem originadas de
é admitir a face (110) como conseqüên. processo diverso.
cia de dissolução.
3. Faces de cubo
Algumas vêzes, a estrutura zonada não
se apresenta bem definida e os níveis de Nas faces de cubo, sempre ocorrem
crescimento mostram·se entrelaçados, o figuras características, como os trígonos.
que provoca o aparecimento de uma es- São cavidades de contôrno quadrado ou
trutura reticular, cuja origem, segundo retangular, escalonadas ou piramidais
Fersmane Goldschmidt (1911), deve. (Prancha 111 b ). As medidas interfero-
-se à geminação polissintética, porém métricas, neste caso, foram impraticá.
não comprovada experimentalmente. veis, pela irregularidade da supeIfície
Williams (1932), já as interpreta como (100), não se podendo tomá-la como
efeito de deslizamento, durante a cris· plano de referência. Contudo, pareoem
talização, o que é pouco provável, pe- pouco profundas, em relação à área suo
las propriedades mecânicas incomuns do perficial e, conseqüentemente, os planos
diamante. Uma interpretação, talvez piramidais devem apresentar índices
mais segura, poderia considerar a mio millerianos elevados. Estas cavidades
gração dos defeitos cristalinos dos níveis sempre se encontram orientadas, a 45 0
de crescimento, que, dêste modo, se dis- das arestas [100] e figuras semelhantes,
tribuiram por todo o plano (111), após obtidas por corrosão artifical, mas ori.
a cristalização. A corrosão ulterior re- entadas paralelamente às arestas do cubo,
velaria, então, o entrelaçamento das li- sugeriram a Williams (1932) interpre-
neações. tá·las como originadas por crescimento
Bm algumas amostras, as figuras ca- cristalino. As mesmas considerações ad-
racterísticas da superfície rombodode. mitidas nos casos anteriores, são talvez
caédrica apresentam-se de maneira anô- cabíveis aqui: as figuras de crescimento,
mala (Prancha II g ), e orientadas di· na superfície de diamantes naturais, de-
ferentemente, como os trígonos. Nos vem ser improváveis, e as difer,entes ori-
cristais onde ocorrem, podem-se também entações das figuras poderiam ser expli-
observar trígonos em concordância, o cadas por processos corrosivos diversos.
que talvez explique a sua origem por Nas faces de alguns cristais cúbicos,
um processo corrosivo mais intenso. onde a superfície (100) se mostra mais
Além destas figuras, observadas na regular, é possível notar figuras de im-
superfície de quase todos os cristais pacto, de padrão retangular, originadas
rombododecaédricos, em algumas amos- pelas projeções das clivagens (111), no
tras onde as faces se apresentam extre. plano do cubo.
mamente lisas, observam-se figuras de
4. Estruturas de superfícies em
impacto, semelhantes às que ocorrem em geminados
(111). No entanto, o contôrno é agora
pseudo-hexagonal ou los angular, delimi- Em exemplares geminados, ocorrem as
tado pela projeção da clivagem octaédri- mesmas figuras já descritas nos indiví.
ca no plano (110). duos isolados; no entanto, ao longo da

132 -
superfície de contacto dos dois cristais, estruturas zonadas dos dois cristais ge-
observa-se uma interferência entre as fi- minados, dando em resultado padrões
guras de corrosão, resultando daí estrutu- complexos, de difícil interpretação. Po-
ras características, denominadas "sutu- rém, algumas destas estruturas, mostram,
ras" ou "costuras" (Prancha 111 c ). Ás distintamente, o zoneamento de cada um
vêzes, é possível identificar os indivíduos, dos indivíduos (Prancha 111 e ). Neste
pelo diferente comportamento que apre- caso, nota-se também a estrutura reti-
sentam, quanto à dissolução natural cular, complicada pela presença de dois
(Prancha 111 d ) . cristais. É freqüente, ainda, encontra-
rem-se lineações, formando ângulos de
As estruturas mais interessantes são, 15°, que podem ser explicadas tal como
no entanto, originadas pela interação das a estrutura reticular da face (110).

VI. ESPECTROSCOPIA

1. Espectrografia de absorção às apresentam absorção anômala, entre


radiações infravermelhas 1.540 e 328 cm .1, e, mesmo antes da
subdivisão dos diamantes do tipo I em
A classificação do diamante, segundo la e Ib, Sutherland et aI. ( 1954), já
os tipos, la, Ib, lIa e IIb, é possível haviam notado que estas bandas pode-
pelos espectros de absorção aos raios in- riam se situar em dois grupos A e B,
fravermelhos. As freqüências das vibra- quanto à variação das intensidades rela-
ções, no retículo cristalino do diamante tivas dos picos de absorção. Dêste mo-
ideal, (tipo lIa) devem se, estender, do, as bandas do grupo A, mais largas
teoricamente, de 1.400 cm· 1 até 300 e correspondentes aos diamantes la, lo-
cm· 1 (Sutherland, Blackwell e Simeral, calizam-se em 1.282, 1.203, 1.093 e
1954). A distribuição das freqüências 480 cm .1, enquanto que os diamantes
fundamentais é, no entanto, mais difícil Ib, apresentando o sistema de absorção
de precisar, e nem tôdas participam efe- B, mostram picos bem pronunciados em
tivamente da absorção, aparecendo, na 1.426, 1.372 e 328 cm .1, absorvendo
realidade, bandas de absorção resultantes ainda, nas regiões de 1.171, 1.003 e
de combinações dessas freqüências. 780 cm ·1. Os picos observados a 1.520
Assim, os diamantes do tipo 11, absor- e 1.540 cm· 1 parecem não se relacionar
vem nas regiões de 1.800 cm· 1 e 200 com nenhum dos tipos considerados.
cm .1, que correspondem às freqüências Os diamantes IIb apresentam as mes-
fundamentais, apresentando, ainda, na mas bandas de lIa e absorvem quase
região das combinações, picos de absor- continuamente, entre 20.000 e 3.330
ção entre 1 . 800 cm· 1 e 3.500 cm· 1 . cm ·1. Os picos mais definidos (Wede-
Qualquer defeito cristalino que modifique phol, 1957), localizaram-se em 2. 915,
a simetria entre dois átomos de carbono, 2.809, 2.793 e 2.457 cm 1.
pode originar freqüências diferentes, sob Os espectros onde figuram apenas pi-
forma de absorção anômala, abaixo de cos característicos de somente um tipo
1.800 em .1. de diamante, são raramente observados,
As bandas de absorção comuns a to- ocouendo mais comumente, a sobreposi-
dos os diamantes, são atribuídas ao pro- ção das bandas de absorção de mais de
cesso fonon-2 (de 2.000 a 2.500 cm ·1 ) um tipo. Entretanto, a atual classificação
e fonon-3 ( de 3. 100 a 3.500 cm· 1 ), dos diamantes, é procedente (Du Preez
estando os picos característicos localiza- e Raal, 1965), pois a maioria dos cris-
dos nas freqüências de 1.977, 2.034, tais mostra, nos espectros, de absorção
2. 160, 2.400 e 2.920 cm -1 (Charette, IV ou UV, a predominância de um tipo
1961; Wedephol, 1957). único.
Os diamantes impuros (tipos la e Ib), O estudo espectro gráfico dos diaman-

- 133
tes provenientes do Triângulo Mineiro, se tôdas se situam nas regiões de absor-
foi efetuado com 39 amostras transpa- ção de cada tipo. No entanto, os picos
rentes, de diferentes hábitos e colorações, a 3 . 230, 3.100, 2.320 e 870 cm .1,
com o objetivo de relacionar essas pro- observados em pequeno número de amos-
priedades com os tipos já mencionados. tras, parecem não ter sido anteriormente
O método experimental utilizado e apli- encontrados. A absorção em 3. 230
cável ao material bruto, limitou, no en- cm ·1 foi verificada em apenas dois exem-
tanto, o tamanho das amostras, entre plares do tipo I, apresentando faces
0,1 e 0,4 quilates métricos, o que pode ( 100) pouco desenvolvidas e coloração
interferir na freqüência dos diversos ti- verde-azulada. No entanto, nem tôdas
pos, no lote estudado. Além disso, a as amostras azuis ou verdes e mostrando
irregularidade dos exemplares, provocan- faces de cubo, absorvem nesta freqüên-
do reflexões internas, pode originar in- cia. A absorção na região de 3 . 100 cm -1
terferências de pseudo-absorções, o que parece não se relacionar com a côr ou
dificulta a interpretação dos diagramas, com a morfologia, e ocorre sàmente em
sem influir, contudo, nos resultados ob- diamante do tipo I. O pico a 2. 320
servados. cm -1 foi observado em duas amostra.>,
Nos espectrogramas obtidos, compre- uma de coloração verde-amarelado e
endendo o intervalo de 4.000 e 670 cm .1, aspecto opalescente, e outra parcialmen-
verificou-se a presença de picos bem te recoberta por película transparente de
pronunciados e, entre essas bandas, qua- côr verde. Um espectro, obtido com o

Cemprim ento de onda (microns)


2,5 3 4 5 8 9 10 12 15 ,O

"uz
<g 0,2
a:
o
Vl

"'<f 0,4
0,6
O,B
,,O
',5 f--- - - - , - -- -, - - - - - . - -- - ----,----- - - - . - - - - - , - - - ---l
4000 3.500 3000 2.500 2.000 1.500 1.000 5 O
Frequêncio (em- 1)

a
Compr imentc de onda fmicrons)
5 _~~~~--,. _ _ _ _~_ _---,-4_ _~__5L-~_-'---_
2'f- _L__B-'---_'9___"O
_ _'L
2 _ '+- 20
5.---1
0,0

"~O,2
,"
g"'
~ O.4
/
0,6
',8
,,O
',5 I - - - -- - - . - - - - , - - - - - . - - - - ----,-------,----:r--c----::c:c-----:-l
4.000 3.500 3.000 2.500 2.000 . 1.500 i.OOO 5 o
F req üêncio (e m - 1)

b
Figura 7 - a , E sp ectro de absorção infravermelho de diamante do tipo II ; b , idem,
diamante do tipo Ia.

- 134-
Comprimenro de on da (mi crons )
2,5 4 5 6 9 10 12 15 20
O'O~--'--~.~~-'--------L-..~~

.U
1~ 0,2
co
a:
o
V>
~o,4

0,6
1,8
1,0
1,5
40t::00::---~3:-:.500:C:-----::3.-:r00:-:0----2:-:.5rOO-'-----2.--'OO-0----f. 5rO- 5 O
o -----"oo-o----1
Freqüência (em -i)

a
Comprimento de ondo (microns)
2,5 4 5 6 8 0 10 12 15 22
0,0

0 ,6
1,8
1,0
1, 5
4. 0~0~0---~3.5~07~----3-0rOO----2.'50-0----2-.0rOO----f~50-0----fOrOO---~500
f>:/:
t Frcquencio (em -1)

b
Figura 8 - a . Espectro de absorção infravennelho do diamante do tipo Ib; b . idem,
diamante intennediário Ia-Ib.

feixe percorrendo a parte incolor dêste nas os tipos intermediários entre Ia e


último exemplar, não apresentou absor- Ib, com predominância do tipo Ib (Fi-
ção nessa freqüência _ A absorção a 870 gura 8a). Muitos dêstes diamantes são
cm -1 foi verificada em amostras que dificilmente caracterizados, pela equiva-
apresentavam inclusões microscoplCas, lência das intensidades relativas das ban-
podendo, portanto, ser explicadas pela das do grupo A e B e foram considera-
presenças dessas impurezas , dos como tipos intermediários (Figura
8b) . Os diamantes característicos do ti-
A distinção dos diamantes I e 11 po- po Ia são mais fàcilmente encontrados
pe-se efetuar pela ausência de absorção e os espectrogramas mostram a interfe-
abaixo de _800 cm- 1 , nos diamantes do rência quase desprezível das bandas do
tipo 11 (Figura 7a), sendo possível, no sistema B.
entanto, a ocorrência de tipos interme- A ocorrência dos diversos tipos, entre
diários, com bandas pouco pronunciadas os diamantes do Triângulo Mineiro, é
na região de 7 a 9 tJ.. Os diamantes do mostrada na Tabela 5, onde se nota a
tipo Ia e Ib (Figuras 7b e 8a) podem ausência de cristais do tipo IIb, não en-
distinguir-se quanto à intensidade relati- contrados no lote estudado. Pode-se ve-
va dos picos, a 1.370, 1,281 e 1 . 170 rificar, ainda, a freqüência anômala de
cm -1 (Du Preez e Raal, 1965). Porém diamantes do tipo 11, talvez explicável
diamantes apresentatando somente as pelo tamanho reduzido das amostras,
absorções características do grupo B, não pois os cristais menos desenvolvidos são
foram observados, encontrando-se ape- fisicamente os mais perfeitos (Tolansky,

13S -
1967). Os diamantes do tipo Ib, raros Muitas vêzes, a luminescência parece
entre os diamantes naturais, mostram-se concentrar-se em pequenas áreas, ao re:.
freqüentes nos exemplares do Triângulo, dor de inclusões, ou na superfície de
o que pode constituir um elemento se- contacto de geminados .
guro para a sua caracterização. Os diamantes que exibem fluorescên-
cia azul, na maioria incolores, são ge-
Tabela 5
ralmente fosforescentes, e êste caráter
Distribuição dos diamantes se acentua nas amostras que apresentam
quanto ao tipo fluorescência mais intensa. Em cristais
verde-amarelados ou branco-amarelados,
Freqüência pode-se encontrar a fluorescência verde.
Tipo (em %) Neste caso, sàmente as amostras que
apresentam forte luminescência, são
Ia 26 também ligeiramente fosforescentes. A
Ib 15 fluorescência amarelo-alaranjado, rara-
Intermediário mente observada, é pouco intensa e res~
tringe"se a regiões limitadas no cristal.
Ia-Ib 38 A tabela 6 mostra a distribuição em
lIa 5 percentagem dos diversos tipos de fluo-
rescência. A precariedade do método
Intermediário
experimental impediu incluir os cristais
I-lI 13 que apresentam fluorescência pouco in-
tensa, imperceptível pela simples obser-
vação . Dêste modo, um estudo com
2. Fluorescência ao Ultravioleta maiores recursos, poderá revelar maior
Os diamantes, geralmente do tipo I, ocorrência de amostras fluorescentes.
podem apresentar fluorescência azulou Tabela 6
verde, sendo as bandas de emissão cen-
Distribuição dos diamantes
tradas em 4.150 A e 5.032 A' esten-
dendo-se para regiões de comprimentos quanto à fluorescência
de onda mais curtos (Mitchell, 1964).
Cêrca de 32 % das amostras do Tri- Freqüêneia
Fluorescência (em %)
ângulo Mineiro, quando submetidas à
ultravioleta, mostram fluorescência azul,
Azul 66
verde e amarelo-alaranjado, sendo, esta
última, talvez devida à cauda de um ter- Verde 28
ceiro sistema de emissão, situado além Amarelo-alaranj ado 6
do visível, com centro em 7.140 A'

VII. INCLUSÕES

As inclusões em diamantes são conhe- fendas e cavidades do hospedeiro. Dês-


cidas desde o século passado e a sua te modo, a interpretação das associações
identificação, até bem pouco tempo, era paragenéticas não poderia indicar, com
efetuada por simples observação à lupa segurança, as condições ambientes na for-
ou ao microscópio, o que conduzia, mui- mação do diamante.
tas vêzes, a . resultados pouco seguros. Wagner (1914), através da microsco-
Além disso, não havia preocupação em pia óptica, identificou o diopsídio e o
se distinguirem as inclusões singenéticas, piropo, como inclusões freqüentes em
formadas simultâneamente com o dia- diamantes sul-africanos. Sutton (1921),
mante, das inclusões epigenéticas, origi- estudando diamantes da mesma região,
nadas "a posteriori" e que preenchem acrescentou a granada, a ilmenita, a oli-

- 136-
vina e a pirita, mencionando, ainda, co- 1958; Nikolaeva, 1958; Orlof, 1959;
mo inclusões prováveis, o zircão e a Futetgendler e Frank-Kamanetskii,
mica .f:stes minerais foram por êle con- 1961), também confirmaram, por difra-
siderados inclusões preformadas, pois po- ção de raios X (método de Laue) , a ocor-
dem ocorrer como hospedeiros do dia- rência de granada, diopsídio, cromoespi-
mante. A grafita e o próprio diamante, nélio, diamante, além da olivina, em
também encontrados, foram classificados amostras dos depósites dos Urais e da
como inclusões contemporâneas. Sibéria . Orlo f (1959), cita, ainda, a ser-
Em 1923, Colony descreveu a presen- pentina, a grafita e a goethita, como inclu-
ça de cristais de quartzo, desenvolvendo- sões epigenéticas.
-se juntamente com material detrítico de A coesita, variedade polimórfica da
coloração verde, ao longo de planos de sílica, estável a altas pressões, pode tam-
clivagem, em diamantes provenientes do bém ocorrer como inclusão de diaman-
Brasil. Esta associação fêz com que se tes sintéticos (Milledge, 1961).
acreditasse estar o diamante brasileiro Eppler (1961), em trabalho semelhan-
geneticamente ligado a rochas àcidas te ao desenvolvido por Gubelin (1952),
~ Guimarães, 1934). acrescenta a apatita, entre as inclusões.
Friedel (1923), descreveu a ocorrên- Porém, a caracterização dêste mineral,
cia de grafita, já mencionada por Sutton através apenas de um de seus índices de
( 1921 ); e a presença de magnetita, sob refração (= 1,6585), é pouco segura e
a forma de cristais octaédricos e magné- ainda não foi confirmada em diagramas
ticos, foi notada por Spencer (1924). de difração de raios X.
Muitas inclusões negras, comuns em A ocorrência de pirrotita, pentlandita
diamante, segundo Williams (1932), de- e cohenita, em diamantes sul-africanos,
vem ser partículas do magma original, foi nota por Sharp (1966), que as con-
englobados pelo hospedeiro . :f:ste Autor sidera como epigenéticas e talvez origi-
descreveu, além dos minerais já anterior- nadas pela exsolução de sulfetos mais
mente citados, a ocorrência de piroxênio estáveis e altas pressões, incluídos pelo
e mica, de composição não determinada, diamante durante a cristalização.
em diamantes da África do Sul. Camargo e Leite (1968), através da
Em estudo sistemático, aplicando, po- difração de raios X (método da preces-
rém, apenas recursos ópticos, Gubelin são), identificaram a olivina como inclu-
(1952), classifica as inclusões em pre- são de diamantes brasileiros.
formadas: olivina, granada, enstatita,
Utilizando também a difração de raios
magnetita, diopsídio, zircão, grafita, bio-
X (método de Laue) , Harris ( 1968 )
tita, clorita e flogopita; e contemporâ-
identificou vinte e duas espécies minerais,
neas: granada, crosmoespinélio, magneti-
como inclusões de diamantes da África
ta, ilmenita, hematita, zircão, grafita e,
do Sul, Ghana e Serra Leoa. As inclu-
talvez, enstatita, além do próprio diaman-
sões singenéticas encontradas, foram:
te. No mesmo trabalho, o Autor ainda
diamantes, coe sita, olivina, enstatita, gra-
menciona a presença de quartzo, em dia-
nada, diopsídio, magnetita, ilmenita, cro-
mantes brasileiros, não esclarecendo, con-
tudo, tratar-se de inclusão preformada ou moespinélio, rutilo e brookita, sendo,
contemporânea. estas duas últimas, já citadas por Gne-
vushev e Nikolaeva (1961). As inclu-
A identificação das inclusões, apli- sões epigenéticas foram divididas, pelo
cando meios mais seguros, foi introduzi- Autor, em três grupos, com diferentes
da por Giardini e Mitchell (1953), quan- modos de ocorrência:
do se observou a presença de cristais de
olivina orientados em diamantes, através a. agregados policristalinos ou cris-
da difração de raios X, empregando-se o tais alotriomorfos: goethita, quartzo e,
método de Weissemberg. Pouco depois, possivelmente, moscovita;
Autores russos (Futergendler, 1956 e b . agregados policristalinos, desen-

- 137
volvendo-se ao redor de inclusões singe- raras as amostras de diamante que apre-
néticas : grafita, pirrotita e pentlandita; sentam somente um cristal incluído, sen-
c. minerais que preenchem fendas e do mais freqüente a presença de um
planos de clivagem: calcita, hematita, grupo de três ou mais indivíduos, muitas
caulinita, sellaita e xenotima. vêzes isorientados (Prancha UI f). Em
Os minerais dos dois primeiros grupos alguns diamantes, pode mesmo ocorrer
encontram-se totalmente incluídos no um grande número dessas inclusões, po-
hospedeiro, não se comunicando com a rém pouco desenvolvidas e associadas a
superfície, através de fendas visíveis. inclusões negras, não identificadas. A
Segundo o Autor, devem ser considera- presença de olivina, sob a forma de poei-
dos epigenéticos, pela sua instabilidade ra cristalina, já foi assinalada por Gne-
sob pressões e temperaturas elevadas, vushev e Futergendler (1963).
originados, talvez, de processos de exso- As inclusões de olivina, bem como
tução ou transformação polimórfica. outras, podem provocar tensões internas
Para a identificação das inclusões dos no hospedeiro, devido aos diferentes coe-
diamantes do Triângulo Mineiro, selecio- ficientes de dilatação térmica. Dêste
nou-se, ao microscópio e à lupa binocu- modo, muitas delas ocorrem sempre asso-
lar, cêrca de 39 amostras que foram, ciadas a fendas de tensão que se asse-
posteriormente, submetidas à difração de melham, ao microscópio, a inclusões ne-
raios X . :Bstes exemplares mostravam gras de forma placóide ou irregular. Se
inclusões totalmente englobadas pelo dia- estas fendas se desenvolvem no hospe-
mante, não se comunicando com a su- deiro, o alívio de tensão pode provocar
perfície do cristal, por meio de fendas a fragmentação do cristal incluido, que
observáveis, mesmo ao microscópio, com se torna quase opaco. Estas tensões são
aumento aproximado de 240 x. Dêste responsáveis também pela birrefringência
modo, as inclusões estudadas podem ser anômala do diamante, o que dificulta a
tanto singenéticas comoepigenéticas, determinação do caráter mono ou birre-
mas revelam somente o material incluído fringente da inclusão.
pelo hospedeiro, durante o crescimento
dês te. Em algumas amostras, onde se a. Morfologia
observa, ao lado de inclusões dêste tipo, Os cristais incluídos apresentam, co-
a presença de material detrítico, em fen- mumente, formas geométricas definidas,
das ou cavidades, os diagramas de raios segundo hábitos equidirnensiõnais, ta.bu-
X podem mostrar também as raias carac- lares ou alongados, ocorrendo sempre um
terísticas de agregados policristalinos. arredondamento das arestas, devido tal-
As inclusões identificadas: olivina, vez ao crescimento segundo faces vici-
granada, cromoespinélio, pentlandita e nais . É possível, contudo, encontrarem-
diamante, serão descritas a seguir. -se cristais irregulares, que podem assu-
mir formas estranhas, fato já ressaltado
1. Olivina
por Eppler (1961). As formas equidi-
As olivinas, principalmente as de com- mensionais podem apresentar arestas
posição química mais próxima da forste- bem pronunciadas e a face mais desen-
rita, são as inclusões heterogêneas mais volvida nesses cristais tem formato pseu-
comuns, no diamante. Ocorrem, geral- do-hexagonal (Prancha IH g ). Os cris-
mente comO cristais incolores, e, quando tais tabulares já são mais arredondados,
bem desenvolvidos (0,5 mm no máximo), e, em indivíduos alongados, pode-se tam-
podem ser fàcilmente observados, mes- bém notar o contôrno pseudo-hexagonal.
mo à vista desarmada, constituindo o que Esta propriedade talvez seja o principal
os garimpeiros denominam "bôlhas", o caráter distintivo da olivina, pois sem-
que se deve ao seu pequeno índice de pre se observa, ao microscópio polariza-
refração (f3 = 1,651), quando compa- dor e com nícois cruzados, extinção reta
rado ao do hospedeiro (n = 2,41). São ou simétrica nos cristais tabulares e equi-

- 138-
dimensionais ou extinção a 35'° da dire- mente conhecida (caso de têrmos de sé-
ção de maior desenvolvimento nos cris- ries isomorfas), êste procedimento é dis-
tais alongados. pensável e os parâmetros podem ser obti-
Quando separados do hospedeiro, os dos através de apenas uma equação .
cristais de olivina fraturam-se fàcilmente, Assim, tomando-se uma reflexão (hkE)
e, devido ao seu pequeno tamanho, fo- qualquer, é possível calcular as constan-
ram mal sucedidas as tentativas para tes reticulares pelas expressões:
obtenção de medidas goniométricas. No a a. d .N
entanto, pelo menos nas inclusões equi- o hkE
dimensionais, uma das faces mais desen-
b d .N
volvidas é (100), pela orientação da fi- o hkE
gura de interferência.
c c. d .N
o hkf
b. Difração de raios X
onde a e c são os têrmos da relação
Entre as 230 amostras estudadas, 31 paramétrica fundamental a : b : c, que,
diamantes apresentam, ao microscópio, no caso da forsterita é igual a 0,467 : 1
inclusões com as características acima 0,587 (Dana, 1920),
descritas. Dentre êstes exemplares, seis
foram selecionados para o exame aos e N = li h 2fa2 + k 2j b 2 + E2fc2
raios X (método da precessão): amos-
tra 1 (Rio Dourados); amostra 11 (Rio Os parâmetros obtidos desta forma
Dourados); amostra 13 (Rio Indaiá); foram, posteriormente, extrapolados, se-
amostra 18 (sem procedência segura); gundo o procedimento normal do método
amostra 34 (Rio Santo Inácio) e amostra gráfico-analítico, após a verificação de
35 (Rio Douradinho). As distâncias sua aplicabilidade em diagramas de pre-
interplanares e os ângulos entre as dire- cessão (Camargo et aI., 1969). Os
ções do retículo recíproco, determinados d hk f teóricos, calculados a partir dêstes
sôbre diagramas de precessão permiti-
ram a determinação dos índices das re- parâmetros unitários extrapolados e cons-
flexões observadas, constantes na Tabe- tantes na Tabela 8, são mostrados junta-
la 7, procedendo-se de maneira já des- mente com os d observados na
crita anteriormente. Nesta operação, uti- hkf
lizou-se a projeção estereográfica da Tabela 7, onde se pode notar a concor-
forsterita, obtida com os valôres angula- dância com os dados experimentais
res tabulados por Dana (1920). obtidos.
Os "d"s observados possibilitaram o c. Composição química
cálculo das constantes reticulares das in-
clusões de olivina, aplicando-se, para o A composição química das inclusões
°
refinamento dêstes parâmetros, método pode ser fàcilmente determinada, a par-
gráfico-analítico (Camargo e Inglez, tir dos parâmetros da cela unitária, pois
1967), ligeiramente modificado. Por êste estas constantes aumentam, continuamen-
método, a determinação dos parâmetros te, na medida em que o Mg é substituído
unitários de cristais rômbicos é possível, pelo Fe. Um dos métodos utilizados
tomando-se três reflexões próximas e de nesta determinação consiste em obter-se
índices quaisquer, o que resulta num o valor do espaçamento entre os planos
sistema de três equações, onde as incóg- (130) e aplicá-los na equação da curva
nitas são as constantes procuradas. Con- determinativa, estabelecida por Yoder e
siderando-se, no entanto, a relação para- Sahama (1957), onde a composição é
métrica fundamental como aproximada- dada por:

Fo (moi %) 4233,91 1494,59. d 130

- 139-
Tabela 7
Distâncias interplanares das inclusões de olivina

Amostra 1 Amostra 11 Amostra 13


(X) d hkf (X) d (X)
d hkf hkf
hkf obs cale hkf obs cale hkf obs cale
020 5,144 5,177 021 3,876 3,880 101 3,741 3,738
120 3,495 3,488
021 3,905 3,895 101 3,735 3,720
121 3,024 3,017
101 3,750 3,736 130 2,762 2,765 002 3,003 3,003
130 2,787 2,774
111 3,532 3,510 022 2,576 2,579 131 2,519 2,518
120 3,502 3,490 112 2,458 2,456 112 2,458 2,467
041 2,356 2,352
130 2,770 2,775 140 2,244 2,247 122 2,280 2,276
022 2,606 2,592 023 1,854 1,857 211 2,165 2,168
132 2,040 2,038
131 2,520 2,524 133 1,618 1,617 222 1,758 1,755
240 1,755 1,745
112 2,471 2,469 062 1,478 1,478 1,682 1,675
241
122 2,281 2,278 170 1,393 1,393 242 1,509 1,508
062 1,478 1,482
211 2,169 2,168 333 1,163 1,170
244 1,143 1,138
Amostra 18 Amostra 34 Amostra 35
d (X) d (X) d (X)
hkf hkf hkf
hkf obs cale hkf obs cale hkf obs cale
021 3,877 3,877 021 3,903 3,891 111 3,495 3,497
101 3,725 3,725 101 3,737 3,733
130 2,769 2,764
120 3,485 3,485
112 2,458 2,457 ]22 2,273 2,273 112 2,457 2,457
042 1,945 1,944
122 2,268 2,267 202 1,862 1,865 042 1,938 1,939
211 2,154 2,160 240 1,741 1,742 151 1,795 1,788
143 1,495 1,495
222 1,748 1,748 223 1,466 1,467 222 1,746 1,748
240 1,740 1,738 261 1,353 1,350 241 1,669 1,670
322 1,353 1,353
312 1,387 1,387 341 1,315 1,316 333 1,165 1,165
303 1,242 1,241 063 1,295 1,296
303 1,242 1,244 352 1,152 1,154
244 1,134 1,134 244 1,136 1,137
164 1,096 1,095
334 1,036 1,036
324 1,066 1,066

- 140-
Tabela 8
Parâmetros unitários extrapolados das inclusões de olivina

Amostra ao bo Co
1 4,773 -+- 0,010 10,232 ± 0,015 6,013 -+- 0,010
11 4,750 -+- 0,007 '10,202 -+- 0,012 5,979 -+- 0,007
13 4,774 -+- 0,010 10,221 -+- 0,026 6,005 -+- 0,008
18 4,755 ± 0,005 10,187 -+- 0,010 5,983 -+- 0,005
34 4,765 -+- 0,005 10,215 -+- 0,010 5,999 -+- 0,006
35 4,756 -+- 0,007 10,190 -+- 0,012 5,983 -+- 0,007

No entanto, êste processo utiliza os A determinação, neste caso, pode ser


valores de somente dois parâmetros uni- efetuada gràficamente, conhecendo-se,
tários e, desde que os diagramas de pre- "a priori", as constantes unitárias dos
cessão permitem a medida de ao, b o e co,
pode-se obter a composição química da têrmos extremos da série isomorfa da
inclusão com maior segurança, através olivina (Yoder e Sahama, 1957):
destas três constantes.
Forsterita Fayalita
aI) CU 4,756 ± 0,005 4,817 -+- 0,005
bo (X) 10,195 -+- 0,005 10,477 -+- 0,005
CO (X) 5,891 -+- 0,010 6,105 -+- 0,010
Assim, o parâmetro unitário da inclu- de refração de uma das inclusões (amos-
são, obtido experimentalmente, colocado tra 34), depois de destacada do hospe-
sôbre as curvas de variação de ao, b o e Co deiro. Os valores obtidos pelo método
da olivina, com relação à sua composi- da imersão: a = 1,652, f3 = 1,668 e
ção química, pode, imediatamente, loca- '( = 1,686, colocados sôbre a curva de
lizá-la dentro da série forsterita-fayalita. variação destas propriedades com rela-
Na Figura 9 êste procedimento é efe- ção à composição química da olivina
tuado para cada um dos parâmetros das (Deer et aI., 1962), forenceram: Mg
0,92
seis inclusões estudadas. A composição
média pode, assim, ser obtida gràfica- Fe SiO, o que concorda com o dado
0,08 4
mente, pela reta mais próxima dos três
segmentos determinados sôbre as curvas obtido pelos parâmetros unitários.
de variação de ao, b o e co.
Tabela 9
Dêste modo, pode-se verificar que as
inclusões de olivina têm composição mui- Composição química das
to próxima do têrmo magnesiano (Ta- inclusões de olivina
bela 9), havendo, mesmo, algumas, onde
os parâmetros unitários são idênticos aos Forsterita Fayalita
da forsterita 100% pura. Outras, têm Amostra (% ) (% )
composição variável, mas as amostras
mais ricas em Fe podem ainda ser incluí- 1 80 20
das dentro do têrmo crisolita (Mg 11 98 2
Fe S'O) 0,80 13 85 15
0,20 1 4 • 18 98 2
34 90 10
A confirmação destas determinações 35 98 2
foi realizada com a medida dos índices

- 141
AMOSTRA 1 AMOSTRA 11 AMOSTRA 13
ColEI

'""l~j
ColEI Col&1

6,100 6, 100 6,100 I


6,000 6,000 6,000 ~
I .
I
I
I
j
bOI&l bOI &I , bo{.8.)

I
1
10,400

10,300
10, 400

10.30°1
10,400

10. 300
I
I /
10,200 10,200 10,200
I

Go{E) Qo{.8.) Go{a)

4,800 4,800 4,800

4, 700 4,700 4,700

% Fo 100 80 60 40 20. O % Fo 100 .80 60 40 20 O % Fo 100 80 60 . 40 20 O


,%Fa O 20 40 60 80 100 %Fa. ') 20 'o 60 80 100 %Fa O 20 40 60 80 100

AMOSTRA 18 AMOSTRA 34 AMOSTRA 35


Col &1 Col &1 Col ai ColEI

6 ,100

6,000
"ooj~
6,000
6 ,100

6,000

boiEI boiEI bo iEI I


10,400 10,400 10,4 00

10, 300 10,300 10,300

10,200 10,200 10,200

I
OolBI O o{Rj

4,.800 4,800

4,700 4,700 4,700

°fofo 100 ao 60 40 20 o 60 40 20 O °foFo 100 ao 60 40 20 o


°foFo o 20 40 60 ao 100 40 60 ao 100 afoFo o 20 40 60 ao ,00

Figura 9 - Determinação gráfica da composição química das inclusões de olivina.

- 142-
.(1001 (1001
zonas principais da olivina zonas principais da Olivina
zonas principais do diamanre zonas principais do diamante
(orientação t-eórical (orientação reohcal
zonas principais do dlamant-e _ _ _ _ _ zonas principai s do diamante
(orientação observada - amostra 11 I (orientação observado - amostro n)

Figura 10 - Estereograma mostrando a orien- Figura 11 - Estereograma mostrando a orien-


tação mútua da olivina e diamante (orienta- tação mútua da olivina e diamante (orienta-
ção Giardini e Mitchell, 1953). ção Harris, 1966) .

----
\
\
\
\
(0011

"" / \
" ... /
/
"-
\
\
\
/
/
/ (100)

zonas principais da olivina


(1001
zonas principais do diamante
zonas principais. da olivina (orientação reórica e amostra. n
______ zonas principais do diamanfe
zonas principais do diamanre (orientação observado - amostra 118)

Figura 12 - Estereograma mostrando a orienta- Figura 13 - Estereograma mostrando a orienta-


ção mútua da olivina e diamante (orientação A) ção mútua da olivina e diamante (orientação B).

- 143-
d. Orientação mostra a orientação mútua dos dois
cristais (Figura 10). Desvios de até 10°
A orientação da olivina, no diamante, da orientação epitáxica teórica, foram
foi primeiramente observada por Giardi- já notados por Harris et aI. (1966).
ni e Mitchell (1953), e a inclusão, bem A orientação proposta por Harris
desenvolvida e alongada na direção[110] ( 1966), foi encontrada na inclusão alon-
do diamante , mostrava a coincidência do gada da amostra 1. O ângulo de extin-
plano (010), com o plano (111) d.o ção com a direção de maior desenvolvi-
hospedeiro. A razão deste desenvolvI- mento é também aproximadamente 35°,
mento epitáxico foi interpretada por e a projeção estereográfica, efetuada com
Hartman (1954), pela equivalência das base nos diagramas de precessão, revela
translações reticulares e dos ângulos for- um desvio de cerca de 80 da posição de
mados entre as direções onde se verifi- coincidência teórica (Figura 11).
cavam as coincidências das translações. Nas inclusões das amostras 13, 34 e
Posteriormente, Harris (1966), descre- 35 (equidimensionais ou ligeiramente
veu uma nova orientação, onde o plano alongadas), pode-se notar a coincidên-
(010) da olivina também coincidia com cia dos planos (100) da olivina e (111)
o plano (111) do diamante. Porém, o do diamante (orientação A), o que tam-
ajuste dos dois retículos, no plano co- bém se confirma em diagramas de pre-
mum aos dois cristais, se efetuava de cessão para orientação dos cristais(Pran-
modo diverso ao descrito anterioI1men- cha V a). Esta possibilidade de epita-
te. O crescimento epitáxico, neste caso, xia foi já suspeitada por Harris (1966),
pode ser explicado de maneira análoga, por ser a mais compátivel com a orien-
pela equivalência de translações e dos tação dos tetraedros de Si04 da olivina,
ângulos, nas direções consideradas. Har- com relação aos do diamante. O desen-
ris no mesmo trabalho, ainda menciona volvimento epitáxico é também perfei-
a ~ossibilidade de outras orientações epi- tamente justificável, pela coincidência
táxicas, pela posição relativa das refle- dos nós reticulares, em três direções não
xões do diamante e da olivina, observa- complanares (Tabela 10). A extinção,
da em diagramas de Laue. Em 1969, neste caso, é simétrica ou reta e, nas
Camargo e Leite citaram dois outros ti- projeções estereográficas, a partir dos da-
pos de orientações epitáxicas: orientação dos experimentais, podem-se também no-
A, onde (100) da olivina coincide com tar pequenos desvios da posição de epi-
(111) do diamante; e orientação B, on- taxia ideal (Figura 12) .
de a coincidência se efetua entre os pla-
nos (001) da inclusão e (111) do dia- Outra interpretação para este cresci-
mante. mento orientado da olivina, poderia con-
siderar a coincidência dos planos (133)
A orientação de Giardini e Mitchell
da inclusão e (111) do diamante, pois,
(1953), foi observada na amostra 11,
o ângulo diedro teórico, entre os planos
onde a inclusão de olivina se desenvolve
(100) e (133) da olivina (igual a 70°
na direção [110] de um octaedro de para a forsterita), é muito próx~mo ao
diamante que, por sua vez, se encontra
incluído por um cristal maior. A orien- formado pelas faces (111) e (111) do
tação mútua dos dois diamante obedece diamante.
à geminação, segundo (111). O ângulo No cristal tabular da amostra 1 e na
de extinção nesse cristal alongado de inclusão da amostra 18, se observa per-
olivina (f3 1\ [101] <.Xl 35'°), juntamen- feito paralelismo entre as faces (001)
te com os dados obtidos dos diagramas da olivina e (111) do dialmante (orien-
de preces são, permitiram o reconheci- tação B), o que se pode comprovar no
mento desta epitaxia. Contudo, pode-'se diagrama de precessão (foto para orien-
notar ligeiro desvio, na coincidência dos tação), mostrando na Prancha Vb. O
planos (111) do hospedeiro e, (.01 O) d~ desenvolvimento orientado da inclusão
inclusão, na projeção estereografIca, obtI- pode também ser interpretado, como nos
da dos diagramas de precessão e que casos anteriores, pela igualdade das

- 144-
Tabela 10 Orientação A

Diamante Olivina Desvio

Plano de coincidencia (111 ) (100)


Direção 1 [011] [001]
Translação em 1 (A) 17,64(7T [011]) 17,97 (3T [001] ) 1,8 %

Direção 2 [211] [010]


Translação em 2 ( A) 30,59(7T [211] ) 30,60 (3T [010] ) 0,3 %
Angulo entre 1 e 2 90° 90°
Direção 3 [lII] [100]
Translação em 3 ( A) 18,54 (3T [111] ) 19,04 (4T [100]) 2,7 %
-----------"------

translações e dos ângulos, no plano co- tras estudadas, observaram-se somente


mum aos dois cristais (Tabela 11). A três exemplares que apresentavam inclu-
projeção estereográfica, possível através sões deste tipo: amostra 36 (Rio Doura-
dos diagramas de precessão, revela o dinho); amostra 38 (sem procedência
desvio de alguns graus da posição teóri- segura) e amostra 39 (Rio Indaiá) .
ca de coincidência, no caso da amostra Apesar de monorrefringentes, estas
18 (Figura 13). inclusões são dificilmente identificadas
Nos outros exemplares, contendo in- apenas por via óptica, pois tal caráter
clusões de olivina, estes cristais pare- é mascarado pela birrefringência anôma-
cem, também, estar orientados, segundo la do hospedeiro. No entanto, alguns
um dos tipos acima descritos, o que se cristais (amostras 38 e 39), podem apre-
conclui pela sua morfologia e ângulos sentar coloração entre rosa e vermelho,
de extinção. o que talvez seja suficiente para distin-
2. Granada guir a granada das demais inclusões pre-
sentes no diamante, considerando que
As inclusões de granada são encon- tais tonalidades são mais comuns nas
tradas raramente, nos diamantes do granadas (Harris, 1968). A outra in-
Triângulo Mineiro. No total das amos- clusão (amostra 36), quando observada

Tabela 11 - Orientação B (olivina tabular)

Diamante Olivina Desvio


Plano de coincidência (111 ) (001)
Direção 1 [011] [120]
Translação em 1 ( A) 20,16(8T [011] ) 20,95(lT [120] ) 3,9%
Direção 2 [121] [210]
Translação em 2 ( A) 13,11(3T [121] ) 13,95(lT [210] ) 6,4%
Ângulo entre 1 e 2 30°00' 29°53'
Direção 3 [111] [OOIJ
Translação em 3 ( A) 6,18(1T [111] ) 5,99( 1T [001] ) 3,2%

145
Tabela 12 - Distâncias interplanares das inclusões de granada

Amostra 36 Amostra 38 Amostra 39


d (A) d (A) d (A)
hkE hkE hkE
hkE obs calc hkE obs calc hkE obs calc
420 2,606 2,606 220 4,080 4,078 420 2,578 2,574
521 2,125 2,127 521 2,099 2,102
420 2,582 2,579
440 2,059 2,059 440 2,037 2,034
642 1,540 1,541 444 1,658 1,662
444 1,681 1,681 642 1,539 1,538
642 1,557 1,556 840 1,290 1,289 732 1,463 1,462
741 1,432 1,434 842 1,258 1,258 840 1,288 1,287
840 1,303 1,302 941 1,163 1,163
864 1,070 1,071 10.42 1,050 1,051
842 1,272 1,271
10.42 864 1,069 1,069
941 1,176 1,176 1,053 1,053
880 1,019 1,017
10.42 1,063 1,963 880 1,020 1,019 12.60 0,857 0,858
880 1,029 1,029 888 0,830 0,831

no interior do hospedeiro, apresentava- observações é, no entanto insegura, em


se incolor, sugerindo, à primeira vista, virtude do pequeno número de amostras
tratar-se de olivina: suspeita reforçada estudadas.
pelo hábito sub-idiomórfico e alongado. Os parâmetros unitários das três in-
Depois de destacada do diamante, foi clusões foram determinados em diagra-
possível, no entanto, observar a colora- mas de precessão, como no caso das oli-
ção amarela-alaranjada, com reflexos vinas. As distâncias interplanares obti-
dourados, semelhante à descrita por Fu- das (Tabela 12) possibilitaram o cálculo
tergendler (1958) e Orlof (1959), em dos a" que foram posteriormente extra-
granadas de diamantes russos. polados pelo mótodo gráfico - analítico
O hábito nos outros cristais de grana- (Tabela 13) Os d hkE teóricos, calcu-
da, é também sub-idiomórfico e alonga-
lados a partir destas constantes, são mos-
do, podendo-se notar, ainda, o arredon-
trados na Tabela 12, ao lado dos valores
damento de algumas arestas. A forma
rombododecaédrica, mais desenvolvida observados.
na direção [001], e apresentando faces N a série isomorfa das granadas, so-
planas, lisas ou estriadas, pode ser nota- mente a determinação do parâmetro uni-
da na granada incluída na amostra 36 tário a não é suficiente para a sua per-
(Prancha IIIh) . A generalização destas feita identificação, visto que se pode

Tabela 13 - Parâmetros unitários extra polados e índices de refração das inclu-


sões de granada

Amostra a n
o
36 11,647 -t- 0,012 1,78
38 11,533 -t- 0,012 1,76
39 11,511 -t- 0,015

- 146-
Tabela 14 -- Composição químicas das inclusões de granada

% % % % %
Amostra Andradita Almandina Piropo Espessarita Grossulária
10 50 40
36 38 51 11
9 25 66
32 11 57
38 26 63 11
50 10 40

considerar a existência de cinco têrmos cípio que a maioria das granadas (cêrca
principais, mais freqüentes (Deer et aI., de 65 % ), podem ser expressas com re-
1962): almandina, andradita, grossulá- lação a apenas três das componentes aci-
ria, piropo e espessartita, o que toma ma citadas. Os resultados assim obtidos,
necessária, também, para isto, a medida mostram diversas composições químicas
da densidade e índice de refração. Tra- cõmpatíveis com as constantes utilizadas
tando-se, no entanto, de cristais diminu- na sua determinação. Verifica"se, entre-
tos (0,3 mm no máximo), a determi-
tanto (Tabela 14), que quase tôdas as
nação da densidade é difícil e, deste mo-
interpretações possíveis indicam a predo-
do, a composição química das inclusões
minância do têrmo magnesiano (piropo),
não pôde ser perfeitamente estabelecida.
Os valores de a , juntamente com os seguindo-lhe, em ordem decrescente, as
o componentes ricas em Fe (almandina)
índices de refração, medidos nas amos- e Ca (andradita). O diamante 39 foi
tras 36 e 38 (Tabela 13), possibilitaram preservado para estudos futuros e, por
no entanto, estimar a composição quíími- esta razão, não se determinou o índice
ca dessas inclusões, com relação a três de refração da granada nele incluída. O
componentes, entre as cinco principais parâmetro unitário dêste cristal (a
da série das granadas. Utilizou-se, para o
isto, o método gráfico, introduzido por 11,511 A), indica, no entanto, a predo-
Sriramadas (1957), partindo-se do prin- minância das componentes ferro-magne-

Tabela 15 - Orientação A (amostra 39)

Diamante Granada Desvio


Plano de coincidência (001) (011)
Direção 1 [110] [211]
Translação em 1 ( A) 55,44(1l.T [011] ) 56,82(2. T [211] ) 2,5%
Direção 2 [110] [111]
Translação em 2( A) 20,16(4.T [110]) 20,09( l.T [111] ) 0,4%
Ângulo entre 1 e 2 900 90 0
Direção 3 [001] [011]
Translação em 3( A) 32,19(9.T [001]) 32,80(2.T [011] ) 2,0%

- 147-
, \
/

,
/
/ \ /
/ /
I /
/ \
I
I
I
-- ~ -

'- ---- I ,,
'-
"-

X
"-

,. ,. , ,
,,
I
\ I

..
I /
\ I / - - , --
/'

'\J// /
-----' ,. --~
- - zonas principais do diamant-e zonas principais do diamante
- - - zonas principais da granada zonas principais da granada

Figura 14 - Estereograma mostrando a orienta- Figura lS - Estereograma mostranpo a orienta-


ção mútua da granada e diamante, amostra ção mútua da granada e diamante(orientação B)
39 (orientação A) ,

sianas cujos parâmetros variam de 11,46 nas [110] do diamante e [211] da gra-
,;{ (piropo) a 11,53 .x. (almandina). nada e, nesta zona, observa-se, ainda, a
proximidade dos planos (001) do hos-
A orientação de granadas incluídas em
pedeiro e (011) da inclusão. Estes da-
diamantes já foi observada por Futer-
dos, colocados em projeção estereográ-
gendler e Kamenetskii (1961), por meio
fica (Figura 14), mostram, de outro la-
de difração de raios X. Neste caso, ve-
do, a coincidência da direção [111] da
rificou-se sàmente a coincidência das
granada e [110] do diamante, sendo o
direções [100] do diamante e [100] da
desvio, de aproximadamente 50.
inclusão, pois T [100] da granada (= a
A equivalência das translações, ao lon-
11,60 .x.) corresponde a 10/3 deT[100] go destes eixos é também verificada(Ta-
do hospedeiro (= a 11,89 .x.), sendo bela 15 e tal interpretação é muito pró-
o desvio igual a 2,5 % . O paralelismo xima (desvio de 100 ) da orientação
entre os planos (111) do diamante e observada por Futergendler e K3Ime-
( 110) da granada foi também notado netskii (1961).
por Eppler (1961), através da micros- Uma outra orientação possível, para
copia óptica. A equivalência de transla- as inclusões de granada, pode ser com-
ções é também possível: T [110] da provada pelo diagrama de precessão da
granada (= a 16,40 .x.), equivalente a amostra 36 (Prancha V a , onde se obser-
8/3 de T [111] do diamante ( = va a coincidência das direções [112] do
hospedeiro e [121] da inclusão. Os da-
16,48 ,;{), com discordância de apenas
0,5%.
dos obtidos neste diagrama podem for-
necer duas interpretações possíveis, para
As granadas incluídas nos diamantes a orientação mútua dos dois cristais.
do Triângulo Mineiro, parecem também Numa 'delas (Figura 15), pode-se obser-
estar orientadas. Contudo, o número re- var a coincidência dos planos (111) do
duzido de amostras estudadas torna in- di3lmante e (111) da inclusão, o que
seguro tomar como gerais os tipos de também se verifica no diagrama de pre-
orientação observados. cessão da amostra 38 (Prancha V e). A
No diagrama de precessão mostrado partir dêste diagrama, a orientação mútua
na Prancha V c (Almostra 39), pode-se dos dois cristais pode, igualmente, ser
notar o perfeito paralelismo entre as zo- interpretada de duas maneiras e uma

- 148-
a b

c d

e f

q h
Prancha IV - a. Inclusões de cromita (x 75); b. Inclusão de cromita (octaedro tabular) (x 60); c.
Inclusão de diamante parcialmente recoberto (x40); u. Inclusões negras irregulares (x Sú); e. Inclu·
sões negras de contôrno triangular (x 150) ; f. "Pintas" associadas a microdiscos (x 1(0); g. "Pintas"
verde-azuladas (nicóis paralelos) (x SO); h. Idem, nicóis cruzados ..
a b

c d

f
Prancha V - a . Diagmma de preces são mostrando a orientação da olivina (orientação A); b. Idem,
orientação B); c. Diagrama de preces são mostrando a orientação da granada (orientação A); d.
Idem, amostra 36 (orientação B); e. Ibidem, amostra 38 (orientação B); f. Diagrama de preces são
mostrando a isorientação da cromita e diamante.
Tabela 16 - Orientação B (amostras 36 e 38)

Diamante Granada Desvio


Plano de coincidência (111 ) (111 )
Direção 1 [011] [112]
Translação em 1 ( X ) 55,44(1l.T [011]) 56,82(2.T [112] ) 2,5%

Direção 2 [101] [211]


Translação em 1 ( X ) 55,44(1l.T [101]) 56,82(2.T [2] 1] ) 2,5%

Direção 3 [ 111] [111]


Translação em 3 ( X ) 61,80(10.T (111]) 60,27(3.T [111] ) 2,4%

delas coincide com uma das interpreta- 3. Cromita


ções do diagrama da amostra 36. Neste As inclusões de cromita (cromoespiné-
caso, a epitaxia da granada, com relação lio), quando observadas ao microscópio,
ao diamante, pode também ser explicada apresentam hábitos e colorações variá-
pela equivalência das translações reticu- veis . Quando transparentes, é possível
lares (Tabela 16). observar a côr de café, que se torna ne-

Tabela 17 Distâncias interplanares das inclusões de cromita

Amostra 2 Amostra 6 Amostra 8 Amostra 33


d
hkE
ex) d
hkE
ex) d
hkE
(X) d
hkE
ex)
hkE obs caIe: obs cale obs cale obs cale
111 4,780 4,794 4,791 4,794
220 2,932 2,936 2,941 2,942 2,951 2,954 2,931 2,940
311 2,505 2,503 2,508 2,508 2,513 2,518 2,501 2,506
222 2,409 2,411 2,396 2,400
400 2,075 2,076 2,088 2,088
333 1,608 1,608 1,597 1,600
511 1,597 1,598
440 1,470 1,471 1,476 1,477 1,467 1,470
531 1,403 1,405
533 1,266 1,266
622 1,252 1,253
444 1,206 1,206 1,199 1,200
642 1,110 1,111
553 1,088 1,087
731 1,082 1,082
800 1,040 1,038
662 0,958 0,958
840 0,932 0,934
844 0,848 0,848

- 151-
gra nas variedades opacas. O hábito é devem apresentar composição química
geralmente irregular e, neste caso, os próxÍlma do têrmo magnesiano, na série
cristais parecem ser arredondados, asse- isomorfa da cromita (magnesiocromita).
melhando-se a pequenos seixos rolados Contudo, o ao destas inclusões, em geral
incluídos pelo hospedeiro (Prancha IVa) inferior ao da magnes,i ocromita pura
Cristais apresentando formas geométri- ( ao = 8,334 A) , pode sugerir uma pos-
cas definidas são também encontrados, sível substituição parcial do Cr pelo Al.
sendo hábito octaédrico, tabular segundo Neste caso, uma interpretação mais se-
(111), e de contôrno hexagonal (Pran- gura poderia considerar as inclusões co-
cha IV b) . mo simples cromoespinélios.
Nos diamantes do lote estudado, obser- A orientação da cromita, em diaman-
varam-se apenas seis exemplares conten- te, já foi observada em diagramas de
do inclusões dêste tipo, entre os quais
raios X, mostrando a isorientação dos
quatro foram selecionados para o exame
aos raios X : amostra 2 (Rio Indaiá); dois cristais (Futergendler e Frank-Ka-
amostra 6 (sem procedência segura); menetskii, 1961) e o desenvolvimento
amostra 8 (Rio Indaiá) e aJmostra 33 epitáxico obedecendo a estas condições,
(Rio Paranaíba) . foi também verificado, em amostras do
Os diagramas de precessão destes cris- Triângulo Mineiro (Prancha V f) A
tais forneceram as distâncias interplana- epitaxia, neste caso, pode igualmente
res da Tabela 17, mostradas ao lado dos ser explicada pela equivalência das trans-
valores teóricos, calculados a partir dos lações reticulares : T [100] da cromita
parâmetros unitários extrapolados pelo
método gráfico-analítico (Tabela 18). (00 8,32 A) é igual a 7/3 de T [100]

Tabela 18 - Parâmetros unitários do diamante ( = 8,33 A).


extrapolados das inclusões de cromita Uma outra orientação, ainda não cita-
da anteriormente, e encontrada em ape-
Amostra ao nas um exemplar (amostra 33), é se-
2 8,304 -f- 0,005 melhante à descrita para as inclusões de
6 8,32 -f- 0,01 granada (amostras 36 e 38). A proje-
ção estereográfica, possível através dos
8 8,353 -f- 0,005 dados de precessão, mostra o paralelis-
33 8,313 -f- 0,005 mo entre os planos (111) dos dois cris-
tais. A igualdade de translações, neste
f:stes parâmetros, juntamente com os plano, e as direções coincidentes constaJm
dados ópticos, indicam que as inclusões na Tabela 19.

Tabela 19 - Orientação da cromita (amostra 33)

Diamante Cromita Desvio


Plano de coincidência (111 ) (111 )
Direção 1 [011] [112]
Translação em 1 (A) 20,16(4 . T [011]) 20,33(1 . T [1"12] ) 0,9%

Direção 2 [101] [211]


Translação em 2 (A ) 20,16(4 . T [10i])~2b,33(1. T [211] ) 0,9 %

Direção 3 [111] [111]


Translação em 3 (A) 43,26(7. T [111]) 43,14(3 . T (111] ) 0,3%

- 152-
4. Pentlandita capeamento envolve totalmente a inclu-
são, esta pode ser fàcilmente confundida
A pentlandita foi identificada em so- com outras inclusões opacas (cromita ou
mente uma amostra verde-azulada, sem magnetita). Algumas vezes, a presença
procedência segura (amostra 15), que, do cristal incluído é verificada somente
quando observada ao microscópio, apre- sob a lâmpada de quarto, quando se po-
sentava apenas inclusões negras, sendo, de notar a fluorescência da inclusão, nó
algumas, de contôrno triangular. Estas interior do hospedeiro não fluorescente.
inclusões ocorrem, também, em muitos As inclusões de diamante se orientam
diamantes que, quando submetidos à di- em relação ao hospedeiro e, neste caso,
fração de raios X, não apresentam inclu- o desenvolvimento é paralelo ou obedece
sões heterogêneas. As irregularidades, na à geminação, segundo (111). Em ne-
superfície do hospedeiro, impossibilita- nhum dos casos estudados, as inclusões
ram maiores inforuuações e, consideran- são dispostas ao acaso.
do-se ainda, a pequena intensidade das
manchas de difração da pentlandita, ob- 6. Inclusões não identificadas
servada nos diagramas de raios X, pode-
Durante os trabalhos de identificação
-se concluir que se tratam de cristais pou-
co desenvolvidos, o que talvez tenha im- de inclusões em diamantes do Triângulo
pedido a sua observação direta ao mi- Mineiro, a maioria dos cristais estuda-
croscópio. dos não revelou, sob os raios X, a pre-
O parâmetro ao = 10,08 A desta sença de inclusões heterogêneas. Quan-
inclusão, foi obtido pela média dos va- do observados ao microscópio, êstes
lôres calculados a partir das distâncias exemplares mostravam, no entanto, in-
interplanares, determinadas sôbre diagra- clusões negras, com reflexos metálicos e
mas de precessão, onde também se ob- formas variáveis, mas geralmente acicu-
serva o desenvolv~mento isorientado dos lares, placóides ou irregulares (Prancha
dois cristais. Esta epitaxia é possível, IV d ). As inclusões placóides sempre
pois T da pentlandita (N 10,80 se orientam paralelamente ao plano
[100] (111) do hospedeiro e podem desenvol-
A) equivale a 3. T do diaman- ver formas geométricas definidas, apre-
[100] sentando contôrno triangular ou hexago-
te (= 10,71 A), com discordância da nal (Prancha IV e ). A orientação é,
ordem de 0,9%. também, verificada nas inclusões acicula-
res e, neste caso, ocorrem alongadas,
5. Diamante
segundo [110] do diamante. As inclu-
As inclusões de diamante não devem sões irregulares lembram fendas ou fra-
ser consideradas como inclusões propria- turas de tensão e, algumas vêzes ,for-
mente ditas, pois o que ocorre na reali- mam-se pelo agrupamento de pequenas
dade é um simples zoneamento ou ge- inclusões placóides ou aciculares, que
minação, duran:te a cristalização. No podem-se distribuir paralelamente a
caso de geminação, pelo maior desenvol- ( 111) do hospedeiro. ~ste último tipo
vimento de um dos indivíduos, um passa de inclusão é comum em cristais que
a englobar o outro. Cristais de diaman- apresentam a associação das formas sim-
te, incluídos no próprio diamante, são ples {111), {110) e {100}, vulgar-
visíveis somente quando ambos os indi- mente denominados 'cascudos'.
víduos apresentam colorações diferentes, A análise química de uma destas in-
o que não se observou nos diamantes do clusões (placóidee de contôrno irregu-
Triângulo; ou quando o diamante incluí- lar), obtida na microssonda da Castaing
do se apresenta recoberto por inclusões (electron microprobe), revelou somente
negras (Prancha IV c). No entanto, a presença de carbono, podendo-se con-
mesmo assim, é dificil a observação do cluir, disto, que devem ser de grafita,
cristal incluído, pois, geralmente, a re- já verificada por Harris (1968), ou de-
cobertura é apenas parcial. Quando o vem resultar simplesmente de defeitos

- 153-
cristalinos, originados durante o cresci- "pintas", principalmente as de côr ver-
mento do cristal de diamante. Esta últi- de-azul, provocam forte birrefringência,
ma suposição talvez mais viável pode bem caracterizada, no diamante circun-
ser comprovada não só pela ausência das dante (Prancha IV h). Em geral, ocor-
reflexões características da grafita, em rem isoladas, mas podem agrupar-se,
16 amostras estudadas por difração de chegando a recobrir, parcial ou total-
raios X, como pela ocorrência freqüen- mente, o hospedeiro.
te destas inclusões negras, ao longo da Os exemplares que apresentam êste
superfície de contacto de geminados, fa- tipo de inclusão, quando submetidos à
to iá notado por Slawson (1950). :f:stes difração de raios X, mostram somente
defeitos talvez pudessem ser interpreta- a presença das reflexões do diamante,
dos como gratifização p~rcial, o que foi razão pela qual estas "pintas" devem
admitido por Friedel (1932), para as constituir apenas regiões do diamante
variedades negras de diamante. Neste sob a influência de tensões, talvez origi-
caso, seria possível registrar-se a presen- nadas pela presença de impmezas. A
ça de grafita, em diagramas de raios X, análise química de elementos menores,
desde que esta ocorra em cristais relati- em diamantes que apresentam estas in-
vamente desenvolvidos. clusões verde-azuladas, revela, de fato,
Outras inclusões não identificadas, po- teores anômalos de Fe e Si (Gnevushev
rém menos freqüentes que as primeiras, c Kravtsov, 1961). No entanto, uma
parecem também tratar-se de material outra hipótese (Bobryevichet aI., 1959),
homogêneo. São pequenas "pintas" esfé- as considera como resultado de radioati-
ricas (Prancha IV g), situ?cdas próxi- vidade natural. A presença de figuras
mo da superfície do hospedeiro, com diâ- superficiais circulares (microdiscos) com
metro máximo de 0,1 mm, coloração pequena cavidade situada exatamente no
verde-azulada ou castanho-avermelhada centro parece estar associada a estas in-
e bordos indistintos, o que talv'ez indi- clusões (Prancha IVf), o que talvez
que a continuidade do tmeio óptico. Estas apóie a suposição da radioatividade.

VIII CONCLUSÕES

A paragênese secundária, revelada pe- vou-se, entretanto, a predominância de


los satélites, foi exaustivamente estudada uma ou outra destas espécies, de depó-
por Hussak (1917), quando descreveu sito para depósito, fato também notado
56 espécies mineralógicas que ocorrem por Hussak.
juntamente com o diamante, em jazidas 1. Paragênese primária
aluvionares. Esta paragênese, que pa-
rece mais ligada a rochas metamórfi- A para gênese primária, obtida pelas
cas ou magmáticas ácidas, e ainda o inclusões singenéticas do diamante, pode
fato de se terem encontrado inclusões indicar, com maior segurança, a nature-
de quartzo em diamantes brasileiros za da rocha matriz, pois êstes minerais,
(Colony, 1923), fizeram com que se muitas vêzes orientados epitàxicamente
afastasse a hipótese da origem ultrabá- no hospedeiro, foram englobados du-
sica (Guimarães, 1934). N o entanto, rante a sua cristalização.
Hussak (1917), já havia ressaltado a A associação dos minerais singenéti-
casualidade destas associações, devidas cos, identificados como inclusões nos
simplesmente à semelhança das densi- diamantes do Triângulo Mineiro: olivi-
dades dos minerais constituintes. na (forsterita), granada (piropo) e cro-
Os minerais satélites identificados no moespinélio (magnesiocromita), é pos-
presente trabalho: quartzo, calcedônia, sível somente em rochas ultrabásicas
limonita, pirita, zircão, ihmenita, rutilo, (Deer et aI., 1962), revelando, portan-
granada, magnetlita e cromit<ll, foram to, um ambiente bem diverso do sugeri-
já citados por Hussak (1917). Obs'er- do pela associação secundária.

- 154-
Tabela 20 -- Parâmetros unitários das inclusões de diamante

Parâmetro Triângulo
Inclusão Unitário (A) África URSS Mineiro

ao 4,73-4,74 4,70-4,78 4,75-4,77


Olivina bo 10,21-10,22 10,25-10,32 10,19-10,23
Co 5,99-6,91 5,99-6,05 5,98-6,01
Granada ao 11,50-11,65 11,51-11,84 11,51-11,65
Cromita ao 8,29-8,5 8,28-8,31 8,30-8,35

A pentlandita, considerada por Harris possibilitem maior certeza estatística des-


( 1968) como inclusão epigenética e ta freqüência anômala.
originada pela exsolução de sulfetos mais A mesma semelhança se verifica com
estáveis a pressões elevadas, é também relação às inclusões minerais. Na Ta-
encontrada em rochas ultrabásicas, jun- bela 20, pode-se observar a correspon-
tamente com a pirrotita, o que indica dência dos parâmetros unitários das in-
ocorrência de fenômeno .análogo. clusões de diamantes russos e sul-afri-
canos, ao lado das mesmas constantes,
2. Estudo comparativo determinadas nas amostras do Triângulo
Os diamantes do Triângulo Mineiro Mineiro.
são, sob o ponto-de-vista morfológico,
muito semelhantes aos diamantes aluvio- 3. Considerações sôbre a origem
nares da África (Oubangui-Chari)
(Polinard, 1923) e URSS (Sibéria) A paragênese primária e a grande ana-
Prokopchuk et aI., 1964), onde tam- logia com os diamantes de outras ocor-
bém se verifica a predominância de cris- rências no estrangeiro, cuja origem já
tais rombododecaédúcQs, com arestas está estabelecida, sugere que os diaman-
curvas e faces arredondadas. tes do Triângulo tenham igualmente ori-
gem semelhante, e a ocorrência de ra-
O mesmo se observa quanto às figu-
chas ultrabásicas na região (Formação
ras de superfície. As feições superficiais
Patos), poderia talvez ligar-se, direta
mais freqüentes, nos diamantes do Tri-
ou indiretamente, aos processos genéti-
ângulo, são também comuns em cristais
cos do diamante.
de outras procedêncilas . No entanto,
algumas destas figuras (Prancha II e e A presença de formas arredondadas,
III a ), não foram ainda descritas em denotando a dissolução natural do dia-
diamantes de outras localidades. mante, pode indicar, de outro lado, que
a composição química do magma origi-
As propriedades espectroscópicas (ab-
sorção ao IV ou fluorescência ao UV) nal deva ter-se alterado, tornando o am-
são também análogas às de outros dia- biente suficientemente oxidante, propi-
mantes e talvez a maior ocorrência de ciando a corrosão. As mesmas formas
diamantes do tipo Ib entre as amostras poderiam também ter-s'e originado por
do Triângulo, seja um ponto de distin- flutuações da pressão, durante o proces-
ção importante, pois pode indicar uma so de desenvolvimento.
cristalização mais rápida, não permitin- Podem-se, ainda, esümar as condições
do a disposição do nitrogênio em pla- de pressão e temperatura, no momento
quetas (Du Preez e Raal, 1965). No da cristalização, através da paragênese
entanto, esta conclusão deve ser con- primária. A ocorrência, num mesmo hos-
firmada por estudos posteriores, que pedeiro, de cristais de olivina, ao lado

- 155-
de granada ou cromoespinélio, faz su- com enstatita, o que indica o equilíbrio
gerir que o sistema: 2 forsterita ~ coe sita + enstatita
forsterita+espinélio+coesita ~ piropo A variedade polimórfica da sílica está-
vel a altas pressões, encontrada em dia-
esteja em equilíbrio, o que se pode con- mante africanos, deve ocorrer também
firmar, também, pelas observações de nos diamantes do Triângulo Mineiro.
Harris (1968). :f:ste autor já havia nD-
Desta forma, a curva de equilíbrio,
tado, além das associações acima cita- construída com base na equação ter-
das, a ocorrência de olivina, juntamente modinâmica

(~ H) ~98 - T (~ S) ~98 + P~V o


onde:
~ GP
T
= entalpia livre

(~H)~98 diferença de entalpia de reação

(~S)~98 diferença de entropia de reação

~ V = diferença de volumes molares,

pode fornecer as condições de pressão extvemamente elevadas. Contudo, as


e temperatura sob as quais o diamante pressões ideais requeridas para a sín-
se formou. tese do piropo, ao redor de 10 a 30
Infelizmente, as constantes termodi- Kbars (Deer ,e t al., 1962), podem
nâmicas do piropo, ainda não citadas indicar que o equilíbrio considerado so-
na literatura, impediu estimar estas con- mente se verifique em pressões anàlo-
dições. O cálculo detuado com as cons- gamente altas, o que concol'da com as
tantes correspondentes à grossulária, condições necessárias para a síntese do
acusou pressões e temperaturas absurdas, diamante.

IX. AGRADECIMENTOS

A realização dêste trabalho tornou-se r- raquara,somo~ imensamente gratos pe-


possível com a colaboração de muitos las valiosas críticas e sugestões, além de
- pessoas e instituições - que, direta contribuir para a n~alização de nosso
ou indiretamente, auxiliaram durante a estágio, junto à Cadeira de Mineralogia
sua execução, razão pela qual o autor da Faculdade de Filosofia, Ciências e
deseja, aqui, registrar os seus agradeci- Letras da Universidade de São Paulo.
mentos e, em especial, ao orientador do Dev,emos também assinalar, aqui, a
presente, Prof. Dr. William Gerson Ro- compreensão irrestrita dos colegas, tan-
lim de Camargo, da Cadeira de Minera- to do Departamento de Química da
logia da Faculdade de Filosofia, Ciên- Faculdade de Filosofia, Ciências e Le-
cias e Letras da Universidade de São tras de Araraquara, como os da Cadei-
Paulo, não só pela orientação, como tam- ra de Mineralogia da Faculdade de Fi-
bém pela dedicação e incentivo, duran- losofia Ciências e Letras da Universi-
te o curso de formação e estágios de dade de São Paulo, que nos aliviaram
aperfeiçoamento. de tôda a carga burocrá~ca, durante a
Ao Prof. Waldemar Saffioti, do De- execução das pesquisas.
partamento de Química da Faculdade Contribuiram com sugestões oportu-
de Filosofia, Ciências e Letras de Ara- nas, o Prof. Dr. Raymond Kern, da

- 156-
Atômica de São Paulo; Drs. Kenkichi vemos a valiosa companhia do Geólogo
Fujimori e José Vicente VaI arelli , da Irineu Marques Souza e Sr. Halo Bello,
Cadeira de Mineralogia da Faculdade do Departamento de Mineralogia e Pe-
de Filosofia, Ciências e Letras da Uni- trologia da Faculdade de Filosofia, Ciên-
versidade de São Paulo, e Químico An- cias e Letras da Universidade de São
tonio Carlos Massabni, da Faculdade de Paulo. A tradução de original do idio-
Filosofia, Ciências e Letras de Arara- ma russo foi possível com a colaboração
quara, aos quais queremos externar o do Prof Dr. Salomão Tabak, do Depar-
nosso J1econhecimento. tamento de Química da Faculdade de
O Prof. Dr. Arahy Badini Tavares, Filosofia, Ciências e Letras de Arara-
do Departamento de Química da Facul- quara . A revisão do texto esteve a car-
dade de Filosofia, Ciências e Letras de go de meu pai, Prof. Dr. Manoel Cer-
Araraquara, auxiliou no estudo interfe- queira Leite! a quem devemos, também,
rométrico, facultando-nos, ainda, o seu tôda a formação básica .
laboratório. Na confecção dos diagra- Os auxílios financeiros que tomaram
mas de absorção IV contamos com a possível o presente estudo foram cedi-
preciosa colaboração e orientação do dos pela Fundação de Amparo à Pes-
Dr. Germinio Nazario e da Srta. Myrian quisa do Estado de São Paulo
Toledo, do Instituto Adolpho Lutz, e o (FAPESP), Conselho Nacional de P.es-
Eng.o Rolf Hundertmark, da Inbelsa quisas (C.N.Pq) e pela Coordenação
S. A., foi o responsável pela análise na do Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
microssonda de Castaing. Superior (CAPES), que auxiliou atra-
N as viagens de coleta de material ti- vés de bolsa concedida ao autor.

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