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Prezados Senhores,

A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais – ABIOVE, entidade representativa das
empresas que processam e comercializam oleaginosas no Brasil, em atenção ao pedido de envio
de subsídios para o pleito de autorização de aço carbono sem revestimento para uso exclusivo
em processos de extração e refino de óleos vegetais, obtenção de seus derivados (farinhas,
proteínas, farelos e outros produtos) e refino de óleos vegetais, compartilha as seguintes
informações.

Primeiramente, reforçamos que o pleito setorial se refere a uma exceção para o uso de aço
carbono sem revestimento em equipamentos, peças e componentes metálicos utilizados nas
plantas de processamento de oleaginosas e refino de óleos vegetais. Não se trata, portanto, de
um pedido para liberação de uso do aço carbono em embalagens para alimentos.

Entendemos que uma das preocupações da ANVISA quanto ao uso de aço carbono em
equipamentos em contato com alimentos está relacionada à corrosão e possíveis
contaminações para metais pesados.

Nesse sentido, destacamos que as indústrias de óleos vegetais contemplam em sua rotina de
Boas Práticas de Fabricação controles para metais pesados e ferro em seus produtos.
Levantamento feito junto às empresas do setor, com cerca de 790 resultados de análises de
ferro e metais pesados (arsênio, cádmio, chumbo, cobre e mercúrio) revela valores muito
inferiores aos limites máximos estabelecidos pela legislação.

Análise de migração de aço carbono sem revestimento realizada em componentes utilizados em


tanques de armazenagem de óleos vegetais também conclui que o material atende a RDC nº 20,
de 22 de março de 2007 para metais pesados.

Destacamos, ainda, que as etapas de degomagem, neutralização e clarificação dos óleos


vegetais são capazes de reduzir a quantidade de todos os metais presentes no óleo.

Encaminhamos, na sequência, trechos de referências internacionais que tratam do uso de


materiais e equipamentos em aço carbono na produção, armazenagem e transporte de óleos e
gorduras vegetais.

REFERÊNCIAS INTERNACIONAIS

CODEX | Code of Practice for the storage and transport of edible fats and oils in bulk -
CAC/RCP 36 – 1987

3.1.2 Tanques de navios - tanques de aço carbono devem ser preferencialmente revestidos
para evitar o ataque ou corrosão do aço carbono pela carga.

3.1.3 Tanques rodoviários e ferroviários e contêineres de líquidos a granel - Onde os óleos e


gorduras são totalmente refinados e desodorizados para consumo humano direto, o tanque é
normalmente construído em aço inoxidável ou aço carbono revestido com resina epóxi.

3.1.4 Materials
o Todos os materiais usados na construção de tanques e equipamentos
auxiliares (incluindo instalações de aquecimento) devem ser inertes a óleos e
gorduras e devem ser adequados para uso em contato com alimentos.
o O aço inoxidável é o metal preferido para a construção de tanques. É
especialmente recomendado para o armazenamento e transporte de óleos e
gorduras totalmente refinados.

3.2.1 Materiais - O aço carbono é aceitável para todos os óleos e gorduras brutos e
semirrefinados, embora o aço inoxidável seja preferível. O aço inoxidável pode ser usado para
produtos totalmente refinados.

FEDIOL | Code of Practice for the transport in bulk of oils into or within the European Union -
Oils and fats which are to be (or likely to be) used for human consumption

4. Os tanques ferroviários e de barcaça podem ser de aço carbono. Se esses tanques forem
usados para óleos e gorduras destinados ao uso comestível direto sem processamento
intermediário, eles devem ser dedicados ao transporte de óleos / gorduras comestíveis.

FDA
Não há orientação no FDA sobre a proibição do uso, em função do baixo risco de saúde e
segurança atribuído à equipamentos metálicos não há posicionamento específico.

Code of Federal Regulations - Boas práticas de fabricação, análise de riscos e controles


preventivos baseados em risco para alimentos humanos

(4) As superfícies de contato com alimentos devem ser resistentes à corrosão quando em
contato com alimentos.

(5) As superfícies de contato com alimentos devem ser feitas de materiais não tóxicos e
projetadas para resistir ao ambiente de seu uso pretendido e à ação dos alimentos e, se
aplicável, compostos de limpeza, agentes de higienização e procedimentos de limpeza.

Canadá
O canada dispõe de uma lista de materiais pré-aprovados utilizada como referência. Cada
fabricante tem como responsabilidade a demonstração que os equipamentos e embalagens
utilizados em suas plantas são seguros e aplicáveis para o uso pretendido.

Bailey’s Industrial Oil and Fat Products - Edible Oil and Fat Products - Storage, Handling, and
Transport of Oils and Fats

• Os tanques de armazenamento para gorduras e óleos acabados são, de preferência,


construídos em aço carbono, aço inoxidável ou alumínio.
• Equipamentos para descarga de vagões e caminhões-tanque: Mangueiras flexíveis
feitas de aço carbono, neoprene, plástico, alumínio ou aço inoxidável (tipos 302, 303,
316) são adequadas.
• Equipamento para armazenamento e manuseio a granel: As bombas devem ser
construídas em aço carbono ou aço inoxidável e ter capacidade suficiente para
descarregar um vagão-tanque de 32.280 L (8.000 galões) em cerca de 2 horas ou
menos.

Engineering for food safety and sanitation – IMHOLTE, T.J, 2ª edição, TIFS. Capítulo 4, p. 161:

“O aço carbono e o ferro sempre terão um lugar nas fábricas de alimentos. Aço e ferro
corroem e fazem com que alguns alimentos descolorem. Seu uso em superfícies de contato
com o produto deve ser limitado a aplicações de ingredientes secos, alguns óleos comestíveis,
xaropes e outros materiais semelhantes. O aço carbono e o ferro podem ser usados como
material de contato com o produto em tanques de armazenamento e equipamentos que
manuseiam produtos secos e alguns líquidos. Também pode ser usado como estrutura de
equipamento ou como suporte em muitas áreas”.

EHEDG DOC 22

CRITÉRIOS GERAIS DE PROJETO SANITÁRIO PARA O PROCESSAMENTO SEGURO DE


MATERIAIS PARTICULADOS SECOS
• 6.1 Metais - Aço carbono pode ser considerado como uma superfície de contato,
porém apenas onde processo a seco e limpeza a seco estiverem envolvidos (se
adotado, a oxidação possível das superfícies de contato deverá ser avaliada).

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