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Certificação Da Cafeicultura 1
Certificação Da Cafeicultura 1
SUMÁRIO
9 BIBLIOGRAFIA ................................................................................ 35
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10.1 O MERCADO CAFEEIRO NO BRASIL: um estudo sobre a
influência de políticas governamentais nos produtores e exportadores de café
da região da Alta Mogiana ............................................................................ 37
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1 CERTIFICAÇÃO AGRÍCOLA E IMPLEMENTAÇÃO NA CAFEICULTURA
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(fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e de realização) das pessoas que
delas dependem, motivadas pela força de sobrevivência no mercado.
Para as empresas se cercarem de precauções internas e junto a
fornecedores se defenderem de responsabilidades, e ao mesmo tempo
satisfazerem as necessidades acima citadas, surgiram na Europa as normas
ISSO – International Standard for Quality Management Systems (MACHADO,
2000).
Fonte: portalmacauba.com.br
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A diferença existente entre a marca e a certificação é que a marca é criada
por alguém que pode definir quaisquer características relacionadas a ela, já a
certificação remete a maior credibilidade, afinal é identificada por um selo emitido
por um órgão independente.
De acordo com Carneiro (2008), desde a gênese da certificação, ela foi
pensada com duplo propósito de: por um lado aquilatar e avaliar a intrínseca
qualidade do produto e do serviço e, por outro lado, o efeito reflexo da garantia,
certificação da qualidade, perante os consumidores em geral. Em sua opinião, a
ausência da certificação por entidade credível, funciona como uma falta de
identidade, de forma que, isso possa se tornar para o consumidor como uma
segunda opção na escolha final, para um patamar inferior; o que rotula
inevitavelmente, ainda que por omissão, esse produto ou serviço, como sendo
algo sem qualidade.
A demanda por alimentos certificados é proveniente do mercado
consumidor, segundo Pereira, Bartholo e Guimarães (2004), a globalização e a
velocidade atual da informação têm tornado os clientes ou consumidores muito
mas exige exigente quanto ao serviço, ao produto e ao sistema de produção
daquilo que estão adquirindo. Estes consumidores mais exigentes e conscientes
de seus direitos são os mesmos que se tornam dispostos a pagar mais por um
produto diferenciado.
No caso do sistema agroindustrial do café, o que geralmente se encontra
é a certificação voluntária, com o intuito de transmitir ao comprador ao
consumidor de café uma imagem de confiança, além de diferir o produto de seus
concorrentes, aumentando, portanto, sua competitividade.
Para adquirir um selo de certificação é necessária a contratação de uma
empresa considerada de terceira parte, a qual realizará um procedimento para
emitir garantias por escrito que, um produto, processo ou serviço, atende aos
requisitos específicos, esse é pago pela própria empresa que sustenta e garante
a conformidade e a confiança na imagem do seu produto.
A certificação, tal como uma marca, assegura o nível de qualidade
desejada pelo consumidor e deve ser entendida como um instrumento
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econômico que visa diferenciar produtos e produtores, devendo ser enxergada
como mais uma ferramenta de comercialização.
Mesmo com a baixa quantidade de café certificado no Brasil em relação
a produção total, o país ocupa o lugar de maior fornecedor mundial de cafés
sustentáveis certificados e, para a maioria do café exportado é exigida uma
certificação.
A certificação, apesar dos custos a ela associados, permite que pequenos
agricultores se incorporem com maior facilidade ao mercado de cafés
diferenciados. Isso contribui na organização interna e nas melhorias
socioambientais das propriedades, além de: auxiliar na capacidade e na
qualidade de vida dos funcionários, melhoria do sistema gerencial, na redução
da utilização de agroquímicos, no aumento da biodiversidade e da eficiência do
uso da água, no aumento da qualidade e da produtividade do produto agrícola.
Para evitar algumas ações oportunistas dos cafeicultores e assegurar a
garantia de que as qualidades necessárias a cada categoria estejam
contempladas, torna-se necessário o monitoramento e verificação do produto
com o objetivo de garantir a rastreabilidade dos mesmos. Essa verificação é
realizada através de uma empresa auditora ou associação acreditada, que utiliza
normas nacionais ou internacionais, acompanha o processo produtivo da
unidade auditada por meio de visitas periódicas programadas ou visitas
surpresas, nas quais busca-se monitorar os insumos, técnicas de produção,
produtividade, de vendas, estoques, rastreabilidade, e os aspectos sociais e
ambientais.
Cada tipo de certificação possui um padrão de normas próprias, quais as
propriedades rurais devem seguir. Por meio dessas normas, empresas auditoras
utiliza um check list em que os auditores, verificam in loco se cada item está
sendo cumprido. Alguns exemplos dessa certificação serão apresentados, de
acordo com suas orientações e princípios.
De acordo com o programa Certifica Minas, um dos objetivos da
certificação é: “Incentivar as organizações dos setores participantes e adotarem
sistemas da qualidade na cadeia produtiva de café, que contribuam para a
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segurança e a confiabilidade dos produtos ofertados aos diversos mercados
consumidores”. (GOVERNO DE MINAS, 2009). Para obter essa certificação, o
programa adota um Manual de Normas para a Certificação de Propriedades
Cafeeiras baseado em conceitos e critérios de: Gestão da Qualidade, Segurança
do Alimento, Boas Práticas Agrícolas e de Produção ao Meio Ambiente, Higiene,
Segurança do Trabalho e Responsabilidade Social.
Embutidos nos modelos de certificação existem diversas formas de
padronização, porém todas elas estão baseadas em critérios, ambientais, sociais
e econômicos; que são direcionados para a sustentabilidade como descrito por
Palmieri (2008). E tais padronizações seguem critérios de práticas produtivas,
gerenciais e normativas conforme a legislação do país. Através dessa análise é
possível compreender o quanto é importante à propriedade cafeeira estar
enquadrada dentro dos padrões das Boas Práticas Agrícolas como forma de
estar a caminho da sustentabilidade. Além da valorização pelos cafés
diferenciados, faltam cafés sustentáveis para suprir demanda dos mercados
internacionais (BRANDO, 2012).
Assim certificação pode ser vista como um mecanismo de gestão da
qualidade de seus produtos, na qual, a redução de assimetria informacional e
comprovação da existência de atributos intrínsecos em determinado alimento
permite ao consumidor uma maior segurança em relação ao seu consumo.
Dessa forma, o empreendedorismo se desenvolve, sobretudo na produção
sustentável do café, verificado um crescimento no vínculo das relações entre o
sistema agroindustrial do café e as instituições públicas, criando uma forte
sinergia entre os esforços públicos e privados (AULD, 2010).
Mesmo que existam mercados consolidados para a comercialização de
cafés certificados, há dúvidas sobre o papel desempenhado pelas certificações.
Giovannucci e Ponte (2005), ao analisarem alguns programas de certificação
(orgânico, Fair Trade, Bird-friendly coffee, Rainforest Alliance e Utz), verificaram
que ainda não possuem uma forma consistente e precisa de documentar os
níveis e distribuição de benefícios que se obtêm entre os diversos atores da
cadeia de valor, já que, não fica evidente quem recebe os benefícios mais
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concretos (como a remuneração ou preço prêmio). Esses benefícios podem
estar perdidos ou diluídos ao longo da cadeia de produtiva, ou entre a
administração e os membros de uma cooperativa. Com isso, os benefícios que
são facilmente apresentados pela certificação, como os supracitados, são
subutilizados como uma ferramenta para consolidar as relações com os
compradores existentes e para estimular a conquista de novos compradores.
Dessa forma, faz-se necessário verificar o desempenho dos programas
de certificação nas propriedades, e se, para desenvolver as Boas Práticas
Agrícolas, a adoção da certificação torna-se, de fato, imprescindível para a
cafeicultura.
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Fonte: revistagloborural.globo.com
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terra, políticas de preços mínimos, reforma agrária, políticas de segurança
alimentar - em seu duplo sentido de acesso a alimentos (food security) e garantia
de qualidade mínima (food safety)) que geram efeitos importantes sobre as
ações daqueles que compõem o SAG. Dessa forma, a produção cafeeira (e seus
atores) é pressionada direta ou indiretamente pelas características que
compõem o ambiente institucional.
Williamson (1993, p. 108) define o ambiente institucional como "As regras
do jogo que definem o contexto em que a atividade econômica acontece. As
regras políticas, sociais e legais estabelecem a base para a produção, troca e
distribuição."
Além dos agentes que compõem o SAG do café, o ambiente institucional
da cafeicultura também é influenciado pela volatilidade dos preços do mercado,
pelas intervenções governamentais e pela demanda do mercado; determinando
assim, as regras que disciplinam o comportamento do sistema.
As organizações que nascem dentro do ambiente institucional são
limitadas e condicionadas pelas regras institucionais, refletindo as estratégias
dos atores que criam as estruturas políticas, sociais, econômicas, buscando
otimizar ou maximizar a sua função objetivo (ZYLBERSZTAJN, 1995).
O comportamento dos participantes de um SAG que adotam as regras do
ambiente institucional pode ser, portanto, decisivo para sua eficiência e
competitividade, ao permitir uma coordenação de ações ao invés da
coordenação via sistema de preços (AZEVEDO, 2000).
Ao descrever o setor agrícola, Azevedo (2000) afirma que a
comercialização de produtos, em especial a de alimentos, é caracterizada por
particularidades distintas a outros produtos. Por exemplo, só é possível
comprovar o sabor e o aroma de um alimento após o consumo, além disso, há
outras características que nem durante o consumo podem ser comprovadas, tais
produtos são considerados como “bens de crença” (por exemplo, produtos
ecologicamente corretos) onde a produção só pode ser confirmada durante seu
processo. Então, para que o consumidor tenha a certeza sobre o processo de
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produção que determinado alimento é submetido, tal processo deve ser
fiscalizado e certificado.
Quanto maior for a dificuldade para se comprovar a informação referente
ao produto, maior deve ser o papel reservado ao arranjo institucional. Existem
três alternativas mais usualmente empregadas nos sistemas agroindustriais para
controlar a informação sobre o processo de produção: a) integração vertical; b)
contratos de longo prazo com monitoramento e; c) certificação por auditoria
externa de elevada reputação.
Regras formais e restrições informais são alguns elementos que
estabelecem interações econômicas entre os membros de uma mesma
sociedade que fazem parte do ambiente institucional. As regras formais se
baseiam na a constituição, nas legislações complementares e no conjunto de
políticas públicas; como, por exemplo, a defesa da concorrência, a política
agrícola e a política de reforma agrária. Já as restrições informais consistem em
valores, tabus, costumes, religiões, códigos de ética, laços étnicos e familiares,
que representam o importante papel econômico de restringir o comportamento
dos agentes. Assim, há organizações fundadas em códigos de conduta
(presentes na certificação agrícola), que apresentam alto grau de coesão e
coordenação dos atos de seus membros. A influência exercida por essas regras
e/ou restrições recai sobre a indução das decisões de investimento (AZEVEDO,
2000).
A certificação agrícola pode ser considerada como resultado dos fatores
que compõem o ambiente institucional, haja visto na literatura anterior, ela surgiu
das preocupações pela qualidade dos alimentos e dos impactos ambientais que
a sua produção pode causar ou não ao meio ambiente. Além disso, o Estado
também regulamenta normas e padrões de certificações para que a produção
agrícola atenda as qualidades mínimas de seus dos produtos, leis trabalhistas e
ambientais.
Machado (2000) afirma que a certificação é a institucionalização da
padronização, e onde a rastreabilidade tem curso obrigatório, a relação
custo/benefício não é determinante, porém condição de sobrevivência para
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quem quer participar do mercado. A certificação é um redutor de assimetria
informacional, pois é adotada pelas empresas para padronizarem processos
produtivos específicos ou diferenciados em seus produtos de acordo com a
exigência do mercado; assim, as mesmas serão atestadas por tais processos e
levarão informações consistentes para clientes e consumidores, diminuindo os
custos de transação nas relações comprador x vendedor (MACHADO, 2000).
No âmbito estratégico, para adotar a certificação, as empresas rurais
devem ficar atentas às mudanças do ambiente, a fim de produzir para atender
ao mercado de forma mais rentável. Como a cafeicultura está inserida em um
mercado competitivo, o que vale no momento da negociação é conquistar seu
diferencial aos olhos de seus consumidores (PORTER, 1986; REIS, 2007).
E para acompanhar a evolução do mercado no setor rural, é de
fundamental importância que as chácaras, sítios e fazendas sejam vistos como
empresas, que sejam administradas, adotando técnicas e procedimentos
gerenciais adequados à realidade da agricultura (SANTOS et al., 1998;
LOURENZANI et al., 2008, BATALHA; SOUZA FILHO, 2005).
Machado (2000) considera que, dada à complexidade da rastreabilidade,
trata-se uma ferramenta voluntária (implantada pelo interesse do empresário), a
certificação agrícola deve ser adotada apenas quando for um instrumento eficaz
para adicionar valor ao produto e aumentar as margens dos agentes internos da
cadeia produtiva; afinal a maior parte dos custos da rastreabilidade é de
transação, dado que:
envolve investimentos em ativos dedicados;
exige a construção e padronização de uma linguagem comum
entre agentes dos diversos segmentos para que se possa
preservar as características do produto a partir de suas origens;
envolve coordenação e compromissos entre agentes de vários
segmentos do SAG para troca de informações sobre
especificações de produtos e processos;
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depende de incentivos compartilhados entre os agentes dos
diversos segmentos para alinhar interesses e viabilizar a
coordenação vertical.
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Para manter a produção dentro dos padrões da certificação, faz-se
necessário que os dirigentes das empresas estejam empenhados ao implantar
algum processo de Boas Práticas, pois envolve essencialmente uma busca de
melhores formas de intensificar o esforço de trabalho, reduzir os custos
trabalhistas e centralizar o controle sobre o processo de trabalho (WRIGHT;
LUND, 1996). Dessa forma, compreender as Boas Práticas e aplicá-las para
aumentar a produtividade de um modelo de negócio é uma capacidade essencial
para todas as organizações (KAPLAN, 2012).
Giovannucci e Ponte (2005) afirmam que o impacto no rendimento geral
sobre os padrões de sustentabilidade para os produtores depende do equilíbrio
entre os custos extras de combinar tais padrões (incluindo os custos de trabalho
e os custos de certificação) com o rendimento obtido pelo prêmio, devido ao
impacto da mudança realizada nas propriedades pela adoção das práticas
agrícolas impostas.
Para buscar o conhecimento sobre as Boas Práticas, Kaplan (2012)
sugere que todos os líderes, ou seja, os empresários rurais deveriam gastar
mais tempo discricionários fora de sua indústria (neste caso, a empresa rural),
para reconheceram valores que possam fornecer uma fonte de vantagem
competitiva.
Entretanto, sair da empresa rural pode ser uma atividade difícil para o
cafeicultor, pois normalmente ele vive isolado e envolvido no setor produtivo da
fazenda, impedido de tomar consciência das grandes mudanças e tendências do
mundo moderno (SANTOS et al., 1998).
Levando o conceito sobre os níveis de decisão (estratégico, gerencial e
operacional) para as propriedades rurais, todos os tipos de decisão podem ser
tomados pelos seus donos (SETTE; ANDRADE; TEIXEIRA, 2010), pois em
muitas empresas rurais, o dono é o mesmo quem decide e atua sobre suas
decisões nos processos operacionais, por isso é de extrema importância que o
proprietário saiba desempenhar o papel de gerente e tomador de decisões em
todos os níveis.
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O processo de tomada de decisão durante o gerenciamento da atividade
cafeeira é extremamente necessário, pois a cafeicultura é caracterizada como
uma cultura perene e sua produção ocorre uma vez ao ano, então, todo valor
recebido pela venda do café será proporcional à produção ocorrida. Ademais, a
cafeicultura do Brasil é caracterizada pela sua produção de ciclo bienal, ou seja,
safras altas, alternadas de safras baixas. Assim a produtividade de uma seleção
de cafeeiros deve ser definida a médio e longo prazo e o nível produtivo deve
ser analisado em pares de anos para considerar os ciclos bienais de produção
(MATIELLO et al., 2005).
Após a produção, no processo de comercialização, Lourenzani et al.
(2008) afirmam que acabou o mito referente ao produtor independente que
produz qualquer mercadoria, sem saber para qual mercado. Para os autores, o
produtor agrícola deve entender que está inserido em uma ou várias cadeias de
abastecimento e de negócios, que envolvem desde os fornecedores até os
consumidores, passando pela produção, compra, gestão de materiais, vendas
etc.
A decisão dos empresários pela administração de seus recursos (físicos,
financeiros, humanos e mercadológicos) é determinante para proporcionar o
desenvolvimento da firma (considerando a propriedade rural como tal), acrescida
de seu conhecimento e experiência, o empresário será capaz de alocar seus
recursos a fim conquistar mais lucros e se expandir, assumindo também os riscos
que podem correr. Caso contrário, a falta de um “espírito empresarial” impedirá
ou retardará totalmente seu crescimento (PENROSE, 2006). Essa atitude
empreendedora deve ser adotada em toda cadeia produtiva do café.
Denota-se então que a certificação é um instrumento originado pelas
exigências provocadas no ambiente institucional e, para as empresas rurais
atendê-las, é de extrema importância que o empresário rural tenha
conhecimentos e habilidades tanto para manejar sua produção, quanto para
administrá-la.
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Através da referencial teórico em torno dos assuntos que envolveram a
cafeicultura, a adoção das BPA e certificação, a seguir, encontra-se a
metodologia executada no presente estudo.
Fonte: ima.mg.gov.br
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menor oferta (CUNHA, 2006; RICCI; NEVES, 2004), gerando oportunidades de
mercado para os cafeicultores dos países em desenvolvimento.
O Brasil é, há muito tempo, o maior produtor e exportador mundial de café
com média de 42,5 milhões de sacas de 60 kg produzidas e 29,7 milhões de
sacas exportadas nos últimos 5 anos (COMPANHIA NACIONAL DE
ABASTECIMENTO - CONAB, 2011; OIC, 2011). O Brasil sempre se posicionou
no mercado de forma competitiva mais por volume e preço do que por qualidade.
Entretanto, nos últimos 10 anos, o setor tem atuado fortemente, divulgando e
comprovando a qualidade do café nacional o que ajudou a elevar o preço do café
brasileiro, além de aumentar as exportações e o consumo interno (AGÊNCIA DE
NOTÍCIAS BRASIL-ÁRABE - ANBA, 2007). A certificação é um instrumento que
contribui nesse sentido.
Objetivou-se, aqui, trabalhar dois aspectos:
Com o primeiro levantaram-se informações sobre as principais
certificações de café existentes no Brasil: Orgânica, Fair Trade (FT), Utz Certified
(UC) e Rain Forest Alliance (RA), fazendo uma descrição de cada uma dessas,
comparando as características de cada e também identificando o perfil dos
cafeicultores que estão adotando tais certificações
Pelo segundo objetivo atingem-se os setores consumidor, científico e
principalmente produtivo, fornecendo características técnicas e mercadológicas
dessas certificações, além de expor as diferenças entre elas e seus benefícios.
No caso do setor produtivo, visa-se também alinhar o perfil do produtor com os
tipos de certificação.
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importação de cafés orgânicos pelos Estados Unidos é impressionante, sendo
que, em 2005, a quantidade importada foi 320.000 sacas de 60kg, um
crescimento de 23,5% em relação a 2004 (VILLALOBOS; GIOVANNUCCI,
2006). É importante considerar que aproximadamente 50% dos cafés FT são
também certificados orgânicos. Não há referências ainda quanto aos volumes de
exportação e importação de cafés UC e RA.
Fonte: brasilescola.uol.com.br
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trabalhadores bem como eliminar os agrotóxicos. Atingir o exigente,
remunerador e estável mercado japonês foi uma consequência. O importador
torra o café no Japão e vende o produto com o nome da fazenda e fotos das
pessoas envolvidas na produção, agregando valor à história da propriedade.
Trata-se de uma relação em que os dois lados lucram, havendo uma
dependência bilateral, em que o produtor depende do torrefador para a
colocação de seu produto e o torrefador depende do fornecedor para continuar
seu negócio (SAES, 2004). Essa não é uma relação de mercado spot. Há um
vínculo de longo prazo entre as partes, baseado na confiança.
A segunda certificação a existir no Brasil, entre as quatro abordadas, foi a
Fair Trade (FT), em português “Mercado Justo” ou “Mercado Solidário”. O
conceito de FT existe desde o início dos anos 60, entre importadores da Europa
e pequenos produtores de países em desenvolvimento, que visavam um
comércio direto entre as partes, buscando melhores preços e ausência de
atravessadores. O sistema de certificação FT propriamente dito surgiu em 1989,
na Holanda, sendo o café o primeiro produto certificado. A certificação FT foi lá
chamada “Max Havelaar” (KILIAN et al., 2006). A organização FLO (Fair Trade
Labelling Organizations), fundada em 1997, é uma associação de vinte
entidades que representam a certificação FT nos seus respectivos países (FAIR
TRADE LABELLING ORGANIZATIONS - FLO, 2007). Um dos projetos pioneiros
de café Fair Trade no Brasil situa-se na cidade de Poço Fundo, sul de Minas
Gerais. Em 1997, a associação iniciou suas atividades visando certificação
orgânica e Fair Trade e passou a exportar seu café com essas certificações, em
2003. Em 2004, a associação transformou-se em Coopfam (Cooperativa dos
agricultores familiares de Poço Fundo) para facilitar a comercialização. A
Coopfam possui aproximadamente 200 produtores com áreas entre 0,5ha e
25ha e trabalha tanto com cafés convencionais quanto orgânicos, ambos FT.
Seu principal mercado é o norte americano, seguido de Inglaterra e outros países
europeus (SAES; MIRANDA, 2007).
A certificação UC foi criada em 1997 por produtores de café da Guatemala
junto com uma torrefação holandesa. É uma certificação que visa a produção
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responsável de café e seus parâmetros incluem manutenção de registros, uso
minimizado e documentado de defensivos agrícolas, proteção de direitos
trabalhistas e acesso à assistência e educação para os empregados e seus
familiares (UTZ CERTIFIED, 2009). Essa certificação busca o grande mercado
consumidor (VILLALOBOS, 2004).
A certificação RA, conhecida no Brasil como certificação socioambiental
teve sua origem em 1998 por meio de uma coalizão de organizações não
governamentais de oito países (Brasil, Honduras, Costa Rica, El Salvador,
Guatemala, Equador, Colômbia e Estados Unidos). Objetiva-se,
fundamentalmente, aliar conservação ambiental à produção de commodities
agrícolas cultivadas nos países tropicais. Produtos como banana, cacau, flores,
folhagens e frutas já se encontram certificados, mas o café é o que possui a
maior área certificada bem como o maior crescimento (GONÇALVES et al.,
2007).
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5.1 Certificação Orgânica
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vegetal e animal de orgânicos. O prazo para que todos os segmentos envolvidos
na rede de produção se adequem à legislação nacional é 31 de Dezembro de
2010, conforme o Decreto n.º 7.048 de 23 de dezembro de 2009 (BRASIL, 2009).
A certificação orgânica cobra aspectos sociais e ambientais de seus
projetos, sendo que o IBD (Instituo Biodinâmico de Desenvolvimento Rural),
única certificadora brasileira com credenciamento internacional, trabalha “da lei
federal para cima”. Essa certificadora exige o registro dos funcionários e verifica
se os vencimentos deles estão pelo menos dentro da lei, bem como exige projeto
de adequação ao código florestal brasileiro, acompanhando a recuperação das
áreas de preservação permanentes e de reserva legal (ASSOCIAÇÃO DE
CAFEICULTURA ORGÂNICA DO BRASIL - ACOB, 2009).
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5.3 Certificação Utz Certified
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5.4 Certificação Rain Forest Alliance
5.5 Mercado
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cafés FT convencionais entre US$ 0,30/lb a US$ 0,40/lb, para cafés orgânicos e
FT entre US$ 0,40/lb e US$ 1,0/lb, para cafés RA entre US$ 0,10/lb a US$ 0,40/lb
e para cafés UC entre US$ 0,05/lb e US$ 0,15/lb. Essas variações possuem
influência da qualidade (bebida, defeitos, tamanho de grãos, etc.), país e região
de origem, leis de oferta e procura bem como país de destino (ACOB, 2009;
KILIAN et al., 2006; VILLALOBOS, 2004; VILLALOBOS; GIOVANNUCCI, 2006).
Em períodos de baixas cotações da commodity, o café orgânico chegou a ser
vendido com preços até 250% superiores, podendo-se afirmar que a produção
de café orgânico é vantajosa economicamente, principalmente nos períodos de
crise da commodity (SCARAMUZZO, 2005). No caso do FT, tende a ocorrer o
mesmo que com o orgânico, uma vez que o preço mínimo passa a atuar como
piso chegando-se a ágio de até 200%. Não se sabe ainda como se comportarão
os preços dos cafés RA e UC em períodos de crise, uma vez que essas
certificações são recentes no Brasil. Entretanto, é possível inferir que essas
serão bastante significativas com baixos preços de café, quando mesmo um
pequeno diferencial de preço ao produtor pode ser decisivo entre a permanência
ou não no mercado.
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UC atinge médios e grandes produtores que possuem boa organização e visão
de mercado, buscando agregar valor sem alterações consideráveis no seu
manejo, promovendo o reconhecimento de sua organização interna e suas boas
práticas de produção.
É possível recomendar a certificação orgânica a pequenas, médias e
grandes propriedades que tenham potencial de qualidade de grãos, estejam
localizadas em regiões de baixa pressão de pragas e doenças e de boa
fertilidade natural do solo. Esses são alguns, fatores técnicos que permitirão o
sucesso do projeto, além da ideologia ecológica do produtor.
Quanto à certificação FT, esta é uma ótima opção para micro, pequenos
e até médios produtores que tenham média (FT convencional) ou grande
preocupação ambiental (FT orgânico) e que estejam organizados em
associações ou cooperativas. Vale dizer que cada vez mais o mercado demanda
o café FT associado à certificação orgânica e que o ágio obtido pela dupla
certificação é superior, enquanto o café FT convencional, em alguns casos, pode
apresentar dificuldades de mercado (COOPERATIVA DE AGRICULTORES
FAMILIARES DE POÇO FUNDO - COOPFAM, 2007).
O grande atrativo para o mercado de café orgânico e de café FT é o alto
ágio recebido principalmente nos períodos de crise da commodity, o que resulta
em preços médios menos voláteis, permitindo maior estabilidade ao produtor.
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As certificações RA e UC são recomendadas a médios e grandes
produtores que possuam ou que visem ótima organização documental, política
de recursos humanos bem estabelecida, ótimas condições sociais nas
propriedades e boas práticas de produção. A certificação RA deve ser destinada
a produtores que possuam grandes áreas de preservação vegetal e também
condições de reduzir constantemente a quantidade e a periculosidade dos
agroquímicos utilizados. O maior ágio pago a cafés certificados RA frente ao UC
é, provavelmente, consequência dessa maior exigência ambiental bem como da
menor oferta de cafés brasileiros certificados RA. Com o aumento da produção
de cafés RA, espera-se que o ágio diminua.
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Tharic Galuchi, coordenador de certificação do Imaflora, a primeira
certificadora brasileira do Rainforest Alliance Certified, destaca que a norma
avalia parâmetros de gestão, sociais, ambientais e o uso de práticas agrícolas.
A gestão inclui procedimentos administrativos, registros, plano de atividade,
rastreabilidade, treinamentos, entre outros. "Isso é possível de ser feito por todo
tipo de produtor. No mundo, aproximadamente 80% dos produtores certificados
são pequenos, com mão de obra familiar", diz Galuchi.
A certificação aprimora a gestão focando legislação trabalhista, a
conscientização da equipe sobre higiene, saúde e meio ambiente. Sob a
orientação da norma NR-31 e a observância do uso de EPIs (Equipamentos de
Proteção Individual), administradores e trabalhadores têm condições de trabalho
e infraestrutura adequadas melhorando o rendimento.
"Na área de saúde e segurança são verificados os cuidados com o uso
adequado de agroquímicos e a realização de exames médicos regulares, além
de infraestrutura. Tudo isso ajuda a reduzir riscos e os desperdícios", afirma
Galuchi.
Deixar um legado é um dos ganhos impalpáveis da certificação, que olha
a propriedade como parte de um organismo. O negócio deve participar do
desenvolvimento e da melhoria da vida da comunidade, promover a qualificação
da mão de obra local, utilizar serviços e profissionais da vizinhança e apoiar a
educação.
São vistoriados periodicamente a conservação do ecossistema, sem
desmate; adequação ao Código Florestal, o uso racional e não contaminação da
água, proteção e recuperação solo e o tratamento de resíduos, entre outros itens.
No Sul de Minas existem 41 produtores certificados que somam
(10.765ha), sendo que no país são 179.113 hectares de café certificados RAS/
Rainforest Alliance. O setor tem grande potencial de crescimento e os
diferenciais podem influenciar no aumento das vendas e ajudar a conquistar
nichos do mercado.
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Fonte: loucodocafe.com.br
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nasceu debaixo de pé de café tem muito amor à natureza e à terra, por isso a
certificação demonstra nossa filosofia de negócio: ser responsável pelo que se
produz."
Num cenário em que qualidade, responsabilidade e confiança são
essenciais, a certificação é caminho sem volta em que os vários participantes da
cadeia contribuem com seu quinhão para que a única coisa amarga e sempre da
melhor qualidade seja o café, mas que os resultados da produção,
industrialização, venda e consumo do mesmo sejam sempre doces para todos.
A caminhada para a certificação na Região do Cerrado Mineiro região
representa 12,7% da produção nacional e 25,4% da mineira- conta com
instituições como o Sebrae-MG, que dá apoio financeiro e técnico para grupos
de produtores interessados no selo.
Por meio da metodologia Educampo, modelo de assistência gerencial e
tecnológica intensiva, os produtores trocam experiências, discutem a atividade,
entendem as deficiências e potencialidades da produção de café e acesso a
novas tecnologias.
A analista de negócios do Sebrae-MG, Naiara Rodrigues Marra destaca
que essas ações levaram a primeira certificação agrícola dos grupos de
cafeicultores da região em 2009, em parceria com a Expocaccer (Cooperativa
de Cafeicultores do Cerrado).
"A certificação, apesar dos custos associados, permite que pequenos
produtores participem do mercado de cafés diferenciados. O consumidor está
cada vez mais exigente e quer qualidade, origem e, principalmente, saber se o
cultivo respeitou as boas práticas agrícolas. Contudo, ele não consegue
distinguir, mesmo após saborear a bebida, se ela possui os atributos desejados.
A certificação atesta os atributos contidos no selo impresso na embalagem",
destaca a técnica.
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7 CERTIFICAÇÃO DE CAFÉ - GARANTIA DE PROCEDÊNCIA MELHORA
A RENTABILIDADE
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Isabela Becker, diretora da fazenda Daterra, especializada na produção
de café e que pertence ao Grupo Dpaschoal, revela que o custo para certificação
realmente pode ser alto. "Após implantado, o sistema funciona como um tipo de
seguro, garantindo a confiança entre as duas pontas". Entre os clientes da
fazenda estão a torrefadora italiana Illy café e a inglesa Fortnun&mason, que
possui 300 anos de tradição e fornece a bebida para a família real.
Na contramão do mercado, a diretora da fazenda explica que o sistema
da fazenda favoreceu a abertura de mercados do Leste europeu neste ano.
"Fechamos contrato de experiência com a Coréia do Sul e a Grécia para fornecer
mil sacas. É pouco mas pode proporcionar novas compras", diz. No total, a
fazenda produz entre 60 e 75 mil sacas, variando de acordo com a bienalidade
da cultura (ano de alta e outro de baixa produção). Cerca de 93% da produção
são exportados para Japão, Estados Unidos e Inglaterra. "Com isso, o câmbio
acaba compensando parte da queda nos preços", explica Isabela. Em 20 anos,
ela conta que foram investidos R$ 25 milhões na estrutura da fazenda, com os
primeiros 10 anos absorvendo a maior parte desses recursos. No total, a fazenda
cultiva 2,8 mil hectares de café.
Anderson Souza Figueiredo, diretor da consultoria em sustentabilidade
Mundial Food, conta que é necessário abraçar as novas oportunidades que
surgem com a crise. Entre seus clientes estão a fazenda Vanguarda Brasil,
grande produtor de grãos e carnes de Nova Mutum e a Global Gap, que fornece
selos para certificação. Ele explica que para quem investe, a garantia de origem
funciona como uma blindagem contra crises, atraindo novas alianças
estratégicas em negócios. "Até mesmo os bancos que fornecem crédito pedem,
no momento da aprovação, documentos que comprovem o sistema de
produção", analisa. Segundo disse, a demanda por certificação no setor de grãos
em geral tem crescido nitidamente nos últimos anos. "É um nicho que está
virando tendência, avalia Figueiredo.
Eduardo Trvisan Gonçalves, coordenador de projetos do Imaflora, explica
que as certificações crescem entre 30% e 40% ao ano. No instituto, são
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credenciados 40 empreendimentos com 65 mil hectares certificados. Os
principais produtos são café, laranja, frutas em geral e chás.
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9 BIBLIOGRAFIA
35
SAES, M. S. M. Evitando a queda da rentabilidade na produção agrícola:
basta diferenciar? In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS
GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, 2004, Curitiba. Anais...
Curitiba: EnANPAD, 2004. 1 CD-ROM.
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10 LEITURA COMPLEMENTAR
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Introdução
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desenvolvimento e crescimento de lavoras e novas espécies em diversas
regiões.
Apesar de existirem várias espécies de café espalhadas pelo mundo, as
mais apreciadas são o café Arábica e o Robusta, também chamado de Conillon.
A espécie Arábica é considerada como sendo o café de maior qualidade com
aromas e sabores mais intensos, agregando valor ao produto. Por esse motivo,
é o produto de mais fácil aceitação no mercado internacional. Cultivado
principalmente na América do Sul e América Central é originário das regiões
montanhosas da Etiópia. Destacam-se como sendo de qualidade Arábica as
produções de: café nacional (ou café comum), Bourbon vermelho, amarelo de
Botucatu, Caturra, Mundo Novo e Catuaí Vermelho.
Já o café Robusta, ou Conillon como é mais conhecido no Brasil, possui
qualidade inferior ao Arábica, e consequentemente, seu preço acaba tornando-
se menor também. Possui cultura forte na África, Costa do Marfim e Índia, devido
à posição geográfica e por tratar-se de uma espécie se que adapta a diversas
condições climáticas. Vem sendo utilizado nas indústrias de café solúvel e nas
torrefações como “blend”2 ou liga, “a fim de que seu sabor apareça em menor
proporção na bebida final” (ROSA, 2008). No Brasil, é cultivado nos estados de
Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Mato Grosso e Espirito Santo. Destacam-
se nesta espécie o café Conillon, Guarani, Robusta e Uganda.
A região da Alta Mogiana destaca-se por produzir à espécie Arábica em
volume e qualidade na produção. As mudas chegaram a região por volta de
1825, que logo tomaram conta da região pelo grande volume de produção, além
de contar com um clima favorável, redes de escoamento do grão e mão de obra
farta.
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arrancadas, diminuindo a produção. A crise proporcionou o aperfeiçoamento do
cultivo na região, aumentando a qualidade do café, diminuindo custos e a
contenção de despesas, proporcionando assim, um maior investimento por parte
dos produtores em seus cafezais.
Embora tenham sofrido com a crise, os produtores da Alta Mogiana
aperfeiçoaram o grão, agregando qualidade a este, tornando-o mais fino, o que
ocasionou a valorização no mercado e aumento da margem de lucro,
possibilitando assim, além do aumento da produção, investimentos nas lavouras.
“Por quase um século, o café foi a grande riqueza brasileira, e as divisas
geradas pela economia cafeeira aceleraram o nosso desenvolvimento e
inseriram o Brasil nas relações internacionais de comércio” (PASCOAL apud
GOMES, 2011, p. 17). O café representava mais de 50% dos lucros das
exportações no período da república no país, chegando a abastecer dois terços
do mercado mundial de café entre 1889 e 1933.
O “ouro negro”, assim chamado pelos produtores, ganhou destaque no
mercado após a queda das exportações de algodão, açúcar e cacau no século
XIX, trazendo grande lucro para os produtores da região de São Paulo, que logo
enriqueceram.
Além dos “Barões do Café”, o país também se beneficiou com o aumento
das exportações do produto, pois ferrovias e portos foram ampliados e
melhorados, e a procura por emprego aumentou.
Com a queda da Bolsa de Valores de Nova Iorque em 1929, seu preço
caiu bruscamente. As exportações foram cessadas; o país deixou de exportar
milhões de sacas para os Estados Unidos, e como consequência, o preço caiu.
Muitas sacas de café foram queimadas.
Com o passar do tempo e com as alterações do Governo, o Brasil voltou
a exportar. O café produzido no Brasil é o principal e maior produto exportado
sem valor agregado, pois muitas outras variedades de café foram criadas
durante esses anos e com isso, o consumo por um café de alta qualidade deixou
de ser procurado.
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Os custos para se produzir um café de alta qualidade são altos, o que
acaba por encarecer os produtos. Muitos insumos e fertilizantes são utilizados
para enriquecerem as lavouras com nutrientes e evitar doenças, garantindo uma
lavoura saudável e de alta produção. A mão de obra (direta ou indireta) na
lavoura também tornou-se sinônimo de custos altos, mas devido ao
desenvolvimento de implementos e alta tecnologia, o uso dos “boias-frias” ou
“paus de arara” estão se tornando escassos. Em muitas lavouras o uso de
máquinas é predominante, o que acaba por agilizar o processo e,
consequentemente, reduzir gastos. Todavia, em alguns casos, ainda utiliza-se
do serviço braçal nas lavouras.
Nos últimos meses, os cafeicultores voltaram a sofrer com as oscilações
do grão. Com a queda no mercado de café, as exportações cessaram, o que
acabou por prejudicar, em termos financeiros, muitos cafeicultores.
Segundo o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas
Brasileiro, o ano de 2013 “foi um dos piores para a cafeicultura ao longo da ultima
década no que diz respeito aos preços pagos pelo produto”. As cotações
recuaram absurdamente, o que não ocorria há mais de cinco anos.
O preço do produto baixou gradativamente. Muitos produtores ficaram
endividados, outros chegaram à falência. Como consequência dessas
oscilações, lavouras foram destruídas; produções foram armazenadas
esperando para que haja um aumento no preço do produto, causando assim,
mais custos na produção e estocagem do mesmo.
Com base no cenário que o mercado está vivenciando, o CNC orientou
os produtores a:
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Políticas governamentais
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Para amenizar a situação, o Governo Federal juntamente com outras
instituições do setor, buscaram alternativas para que o produtor não fosse
completamente afetado pela crise do mercado cafeeiro.
Negociaram:
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de controle e qualidade de produção, tanto no que diz respeito ao setor
produtivo, quanto qualitativo (FERREIRA, 2006, p. 19).
Metodologia
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ocorrer, obrigará o país a importar café, e como isso afetará em termos
econômicos e no desenvolvimento do país.
Estudo de caso
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Buscou-se também informações referentes ás cooperativas, aqui,
representadas pela Cooparaiso, filial de Altinópolis/SP. A cooperativa também
serve de intermediária entre o produtor e mercado, porém, com algumas
“vantagens”. A partir das cooperativas, além dos produtores utilizarem o café
como moeda de troca nos produtos que a mesma oferece, realizam vendas a
mercado físico, onde oferecem liquides a estes, ou seja, independentemente do
mercado estar em alta ou em baixa, faz-se um reajuste dos valores baseando-
se nos pontos negativos da commodity e repassam aos produtores a um preço
moderado. No mercado futuro, oferecem a opção do produtor “travar” o preço da
saca que só será entregue a uma data “x”. Isso significa que: se o mercado
estiver em baixa na data estipulada a entrega do contrato, o produtor sairá
ganhando; se estiver acima do valor do contrato, muitos sairão perdendo.
Com relação aos incentivos do Governo, estes oferecem o “Concafé”,
uma espécie de financiamento que é pago em sacas de café a longo prazo, no
caso, entre uma safra e outra, e o “Leilão Pepro” já citado anteriormente.
Já os pequenos e médios produtores, representados neste estudo de
caso por um sitiante da cidade de Batatais/SP, não possuem tantos benefícios
assim. Gasta-se muito para se produzir, e o que se produz retém um lucro
pequeno. O tratamento nas lavouras tem se tornado um investimento
relativamente alto se comparado ao preço que se é vendida a saca de café
atualmente. Além do café, precisam recorrer a outras culturas para que se possa
complementar com a renda que os cafezais oferecem.
Contam com os avanços da tecnologia, que agilizam no manuseio das
lavouras, principalmente na colheita, além de reduzirem os custos.
Pequeno/médios produtores se destacam na agricultura familiar, ou seja, a
família ajuda nos serviços nos cafezais reduzindo assim, custos com mão de
obra de terceiros.
Além do mercado encontrar-se em baixa, o produtor recebe poucos
incentivos vindos do Governo; conta somente com o “Pronaf” em forma de
financiamentos, e do seguro da lavoura caso aconteça estiagens, chuvas de
granizo, queima da lavoura e geadas. Caso não faça parte de alguma
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cooperativa cafeeira, o produtor realiza suas vendas a partir de intermediários,
na maioria das vezes, com base no mercado físico.
O mercado voltou a sofrer oscilações, mas desta vez para melhor. Com a
queda dos preços desde o final de 2013, finalmente o café voltou a reagir. Devido
a baixa dos preços, os produtores recuaram no mercado fazendo com que a
oferta pela commodity aumenta-se, chegando a R$460,00 a saca de 60 Kg do
café arábica em algumas regiões do Brasil no final de março deste ano. Muitos
preferiram efetuar suas vendas, já que a este preço, os gastos seriam pagos e
se obteria algum lucro. Alguns produtores ainda com a esperança de que o café
chegará a R$500,00 a saca, seguraram sua produção.
Na primeira semana do mês de abril de 2014, o CNC divulgou a estimativa
de safra para o ano, tanto arábica como conillon, prevendo um volume de 43,3
milhões de sacas, sendo considerada está uma das safras mais baixas dos
últimos tempos. Com a quebra na colheita, o Brasil não conseguirá atender a
oferta no mercado interno e externo, enfrentando o mesmo problema em 2015 e
2016, por não possuírem estoques que supram o mercado, chegando a um
déficit entre 10 a 14 milhões de sacas.
Os preços continuam instáveis, sofrendo quedas após chegar a
R$460,00. A segunda semana de abril teve fechamento entre R$410,00 e
R$430,004, com alta também no fechamento de contratos futuros, com entrega
para setembro de 2014. Porém, com a estimativa de queda na produção devido
as estiagens sofridas desde 2013, os preços tentem a aumentar no mercado
interno e externo. Os produtores clamam pelo aumento da saca para que se
possa pelo menos cobrir os gastos da colheita.
Considerações finais
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as áreas de plantio foram ampliadas, as fazendas se multiplicaram e a oferta por
mão de obra era farta.
Com a queda da Bolsa de Nova Iorque, a situação mudou. A economia do
país desestabilizou-se; as exportações sessaram. Milhões de lavouras foram
arrancas, sacas de café foram queimadas, cafeicultores chegaram à falência. O
tempo dos “Barões do café” havia chegado ao fim.
Anos se passaram e o mercado cafeeiro voltou a atuar. Produtores
voltaram a investir em suas lavouras; os preços das sacas de café fizeram os
olhos dos produtores brilharem. Os tempos de glória haviam voltado, mas isso
perpetuou por pouco tempo.
Atualmente, o mercado cafeeiro tem sofrido oscilações, quedas bruscas
que voltaram a afetar a produção. Muitos cafeicultores estão desmotivados a
continuar no ramo. Os gastos para se produzir estão relativamente altos, porém
o preço de venda no mercado nem se quer paga os custos.
Isso se dá devido ao fato de que, quando o preço do café reagiu a alguns
anos atrás, milhares de produtores investiram novamente do cultivo do grão. As
lavouras produziram, e hoje o que se tem é uma oferta excessiva de café no
mercado.
Medidas governamentais foram implantadas, principalmente leilões para
que retirassem milhões de sacas de café do mercado e este voltasse a reagir.
Muitas sacas de café foram retiradas de circulação, mas o preço não reagiu
como se esperava.
A partir de pesquisa de campo realizada, mediante entrevista, com
representantes de pequenos e médios produtores, cooperativas e
intermediários, levantou-se a questão da queda dos preços, incentivos
oferecidos pelo Governo, avanços na tecnologia e custos elevados de produção
e como isso afeta na produção de café.
Atualmente, para se produzir um café de qualidade, os custos são
relativamente altos se comparados ao preço da saca no ato da venda. Hoje, para
se produzir um café de qualidade, gasta-se em torno de R$300,00 a saca de
60kg mas, na hora da venda, o que se consegue é um preço mínimo que varia
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entre R$290,00 e R$307,00 a saca. Colocados na ponta do lápis, tem-se um
lucro praticamente zero.
A queda dos preços se dá mediante a grande quantidade de oferta do
grão no mercado e pouca procura deste, a então chamada “Lei da oferta x
demanda”. Porém, nem mesmo com os leilões realizados durante o ano os
preços voltaram a reagir.
Em relação aos incentivos oferecidos pelo Governo brasileiro, constatou-
se que estes não beneficiam diretamente o produtor, ou seja, quem mais se
beneficia com as medidas implantadas ao setor cafeeiro são as cooperativas e
seus cooperados, que comercializam em maior volume no mercado.
A tecnologia tem ajudado nas lavouras. Colheitadeiras mecanizadas,
varredoras e secadores agilizam a safra do café em muitas propriedades,
diminuindo o uso de serviços braçais, que na maioria das vezes, são demorados
e rodeados de leis trabalhistas. A mecanização nas lavouras gera investimentos
altos para a compra destes, reduzindo custos com mão-de-obra e tempo.
Devido aos preços baixos, os cafeicultores estão deixando de investir em
tratamentos em suas lavouras. Em 2015, haverá uma redução significativa de
café no mercado como consequência desta falta de investimento nas lavouras.
Os preços voltarão a subir, o que animará muitos produtores. Havendo um
aumento, muitos vão voltar a investir no café.
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O mercado voltou a reagir e, com ele, a esperança de milhares de
produtores que clamam pela valorização do café. Com a queda na produção em
2014 e 2015, chegando até 2016, as cotações das commodities terão uma
alavancada significativa, chegando a valores absurdamente compensatórios.
O produtor que possuir safras estocadas neste período, mesmo que seja
em pequena quantidade, terá um lucro satisfatório, pois o mercado estará com
seus estoques em baixa e os preços estarão em alta.
Referências
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Café: contratos sobem mais de 800 pts e se aproximam dos US$ 2 em NY.
Tradução de Fernanda Bellei. Disponível em:
<http://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/cafe/137514-cafe-contratos-
sobem- mais-de-800-pontos-e-se-aproximam-dos-uss-2-00-em-
ny.html#.U0NDgdJDvoE>. Acesso em: 07 abr. 2014.
51
GOMES, Helen Cristina Andrade. O processo de certificação de um produto
agropecuário: o caso do café paulista da região da Alta Mogiana. 2011, 52f.
(Trabalho de Conclusão de Curso em Ciências Econômicas). Centro
Universitário de Franca Uni-FACEF, São Paulo, 2011.
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