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Universidade Aberta Isced (UnISCED)

Faculdade de Ciências de Educação


Curso de Licenciatura em Ensino de Português

Os modelos de formação dos professores. Como alinhar a formação teórica a pratica


docente na educação?

Crimildo Armando Vilanculo:4123077

Belane, Março de 2023


Universidade Aberta Isced (UnISCED)
Faculdade de Ciências de Educação
Curso de Licenciatura em Ensino de Português
Universidade Aberta Isced (UnISCED)
Faculdade de Ciências de Educação
Curso de Licenciatura em Ensino de Português

Os modelos de formação dos professores. Como alinhar a formação teórica a pratica


docente na educação?

Trabalho de campo a ser submetido


na Coordenação do Curso de
Licenciatura de em Ensino de
Português da UnISCED.
Tutor:

Crimildo Armando Vilanculo:41230477

Belane, Março, 2023


Índice
1.Introdução ....................................................................................................................................... 1
1.1. Objectivo Geral ........................................................................................................................... 1
1.2. Objectivos específicos................................................................................................................. 1
1.Formação............................................................................................................................................. 2
3.Modelos de formação .......................................................................................................................... 2
3.1. Modelos de formação dos professores em Moçambique ............................................................ 2
3.1.1. Os modelos de 6ª + 1 e 6ªanos.................................................................................................. 3
3.1.2. Modelos de 7ª +3 anos e 7ª +2+1 ............................................................................................. 4
3.1.3. Modelos de 10ª+2. ................................................................................................................... 4
3.1.4. Modelo de formação de professores 7ª + 2 + 1 ....................................................................... 5
3.1.5. Formação de professores para o 2º grau (EFEPs e IMP) ......................................................... 5
4. Razões para a formação de professores em Moçambique.................................................................. 6
5. Formas de alinhar a formação teórica a pratica docente na educação.............................................. 6
6.Considerações finais ........................................................................................................................... 8
7.Referencias bibliográficas ................................................................................................................... 9
1.Introdução
Uma formação de professores adequada serve como alicerce para construir escolas, cidadãos
e profissionais mais competentes, éticos e humanos.

Segundo Chamon. (2006, p. 123)., “a educação é um lugar onde toda a nossa sociedade se
interroga a respeito dela mesma – ela se debate e se busca”. Nesse contexto, as escolas são
ambientes fundamentais para o desenvolvimento do senso crítico dos alunos, além do
aprimoramento das técnicas utilizadas pelos professores, responsáveis por orientar crianças,
adolescentes e jovens na busca pelo conhecimento.

No entanto, para qualquer modelo de formação de professores é necessário relacionar a


teoria com a prática desde a formação inicial, assim o formando poderá familiariza-se com a
real situação que os professores enfrentam no dia-a-dia do desempenho profissional.

É neste âmbito que surge o presente trabalho intitulado: “os modelos de formação dos
professores”, o mesmo aborda as formas de alinhar a formação teórica a pratica docente na
educação, que tem como objectivos:

1.1. Objectivo Geral

✓ Conhecer os modelos de formação de professores

1.2. Objectivos específicos

✓ Mencionar os modelos de formação de professores;


✓ Caracterizar os modelos de formação de professores;
✓ Explicar como alinhar a formação teórica a pratica docente na educação.

Para concretização do presente ofício contou-se com a técnica bibliográfica, a qual foi
caracterizada pela exploração de vários materiais físicos e electrónicos produzidos por
diversos autores com uma abordagem similar a do tema em estudo. Quanto a sua estrutura, o
trabalho comporta as seguintes partes: Para além da Introdução, o desenvolvimento do
trabalho, considerações finais e as referencias bibliograficas.

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1.Formação

Formação deriva da palavra latina formatĭo. Trata se da accao e do efeito de formar ou de se


formar (dar forma a/constituir algo ou, tratando se de duas ou mais pessoas ou coisas,
compor o todo do qual são partes).

A formação também se refere ao modo como uma pessoa foi criada na sua infância e
adolescência, isto é, á educação que recebeu. Ex.: “Aquela senhora é muito bem formada” (é
educada e tem modos elegantes).

Pacheco e Flores (1999, p. 119), “afirmam que a formação está associada à ideia de
preparação (neste caso do professor) para o desempenho de uma actividade específica e
enquadra-se nos conceitos mais globais de educação e de aprendizagem”.

Parafraseando Chamon e Sales (2012), a formação evoca o acto de dar forma, isto é,
transformar o indivíduo integralmente. Mais do que métodos ou conhecimentos, a formação
designa uma mudança qualitativa do indivíduo, que ocorre simultaneamente em diferentes
dimensões: psicológica, cognitiva, social.

3.Modelos de formação

Um modelo é uma forma de representação abstracta de um fenómeno ou uma situação-


objecto, cujas características e evolução se deseja descrever, prever ou explicar. Nesse
sentido, um 7 modelo é uma analogia, por utilizar um ente abstracto para inferir factos sobre
um outro ente, do mundo físico ou social (Chamon e Sales, 2012).

Modelo de formação é um quadro teórico que orienta as actividades de formação dos


professores, inclui políticas e leis que regulam a formação de professores, actua também sob
as condições para a capacitação do professor e os procedimentos para avaliar se a formação é
adequada.

3.1. Modelos de formação dos professores em Moçambique


A formação de professores para o ensino primário, em Moçambique, para lecionar da 1ª à
7ª classe, tem conhecido mudanças constantes, desde os nomes das instituições aos
modelos de formação. Assim,

Niquice (2005, p. 58) “apresenta cinco modelos que vigoraram desde a independência
(1975) até a introdução dos Institutos de Magistério Primário (IMAP). Portanto, para

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além das capacitações e formações aceleradas, cuja duração variava entre 1-10 meses,
ou 1 ano, o primeiro modelo de formação foi introduzido em 1982 (modelo de 6ª classe+
1 ano). Em 1983 apareceu o modelo de 6ª + 3 anos e em 1991 emergiu o modelo de 7ª +
3 anos”.

A trajetória revela que as mudanças de modelos continaram e no período que se seguiu ao


Acordo Geral de Paz, houve recrutamento e capacitação de professores para o EP com
duração de 2 semanas. Entretanto, em 1996 foram introduzidos os IMAP’s cujo modelo de
formação inicial era de 10ª+2 anos (NIQUICE, 2005). Embora Niquice se limite em 5
modelos, outros autores como o caso de MUGIME et al (2019) defendem ter havido várias
mudanças tanto nos modelos cuja base de ingresso era 7ª classe, os que a base era 10ª classe,
assim como os que definem a 12ª classe como pré-requisito de ingresso. Como se pode
depreender, há muitos avanços e retrocessos no perfil de formação dos professores. Essas
mudanças aconteceram por vezes de forma sequenciada, outras vezes, de forma difusa.

Assim, podemos identificar os seguintes modelos de formação de professores para o ensino


primário a partir do nível de ingresso: cursos de base 7ª classe (1991-

1997), vigorou o modelo de 7ª +3; posteriormente (1997-2003) foi introduzido o modelo

de 7ª+2+1. Enquanto nos cursos de base 10ª classe, (1996-2007) foram introduzidos

IMAPs com o modelo de 10ª +2; em seguida (1999-2004) funcionou o modelo de 10ª

1+1; atualmente (2007 até a presente data) funcionam os modelos de 10ª + 1; modelo de
10ª +3; e o modelo de 12ª +3 anos (MUGIME et al, 2019) que a seguir descrevemos de
forma sucinta.

De forma deliberada, fazemos uma junção de certos modelos, sobretudo, os que o nível de
ingresso é igual, variando na duração da formação

3.1.1. Os modelos de 6ª + 1 e 6ªanos


Trata-se de um modelo de formação implementado consecutivamente em 1982 e 1983,
cujo projeto político estava vinculado ao esforço de extinguir a mentalidade colonial e abrir
bases para a implantação da ideologia socialista face à “1ª República” que se achava nos
primórdios da sua construção. O modelo de 6ª +1 tinha duplo efeito, ou seja, primeiro
objetivava o prolongamento da revolução que acabara de triunfar e pretendia a formação
de homens com uma suposta nova mentalidade, distanciada de práticas nefastas e
individualistas inauguradas pelo capitalismo.

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Portanto, a introdução do curso de formação de professores para o ensino primário com o
modelo 6ª +1 ano acontece num período de total caos. Trata-se de um momento em que o
país enfrentava déficit de quadros qualificados em todos os setores de atividades. GOLIAS
(1993); NIQUICE (2005); GONÇALVES (2007) corroboram na ideia de que o subsistema
de formação ou o SNE foi concebido como extensão dos programas de Educação em Zonas
Libertadas, mas foi uma ação sinuosa, pois para além de enfrentar a resistência de como é
típico na gestão de mudanças, não teve pessoas qualificadas capazes de implementar em
todo o território nacional.

3.1.2. Modelos de 7ª +3 anos e 7ª +2+1


O itinerário da formação de professores primários e de outros subsistemas de ensino foi
acompanhando as transformações socioeconómicas que se assentavam à medida que o
tempo pervagava. Assim, a década de 90 foi o período em que mais se experienciou
progressões e retrocessos em todo setor de educação e, na formação de professores, em
particular.

Em 1991, um ano depois da aprovação da nova Constituição da República de


Moçambique de 1990, que abriu espaço para o multipartidarismo, foi introduzido
o modelo de formação de professores com 7ª+3 anos nos Centros de Formação
de Professores, que substituíram as EFP’s. Os graduados destes cursos assumiriam
a missão de implementar o novo currículo de ensino instituído pela Lei 6/92, que
atualiza o SNE.Neste modelo, a primeira ruptura com o anterior foi a elevação
da classe base de ingresso, ou seja, houve revogação e transição da 6ª para 7ª
classe, ainda que mantivessem o período de formação de 3 anos para os professores
primários do 1º grau (DOURADO & OLIVEIRA, 2007, p.201).

3.1.3. Modelos de 10ª+2


A formação de professores é diversa na duração, mas os IMAPs conservam um critério
básico para o ingresso, desde a aprovação da Lei 4/83 (Lei do SNE), atualizada pela Lei
6/92 assim como na Lei 18/2018, ou seja, a exigência aos candidatos tem sido10ª classe
ou equivalente, portanto, a variação regista-se no tempo de formação como consta no título
acima. O modelo de formação de 10ª +2 anos teve o seu início em 1996 na Cidade de
Maputo, a essência era de formar professores para o Ensino Primário do 2º Grau- EP2.

Os graduados das três variações dos cursos oferecidos nos IMAP’s para além da formação
profissional beneficiam da formação académica. Ou seja, a vantagem era de obter um
certificado equivalente ao nível médio.

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Em relação ao Modelo de 10ª + 1 ano, com o fim da guerra dos 16 anos em 1992,adesão de
vários organismos internacionais, tais como o movimento de educação para todos
declarado na conferência de Jom Tiem em 1990, a presença de movimentos de defesa de
direitos da criança, no caso específico a Unicef, aderência aos objectivos de
desenvolvimento do milénio (atuais objectivos de desenvolvimento sustentável ODS),
esses fatores contribuíram para o alargamento da rede escolar no ensino primário e
secundário.

3.1.4. Modelo de formação de professores 7ª + 2 + 1

Este modelo foi desenhado pelo INDE e implementado pelo projeto OSUWELA que teve o
seu início no centro de formação de professores de Marrere. Depois do reajuste do currículo,
foi introduzido como projeto piloto nos CFPPs de Inhamízua-Sofala, Chicuque-Inhambane
eNamaacha em Maputo. Este modelo tinha dois anos de formação e um ano de estágio, no
qual o estágio ocorria em escolas primárias das zonas de origem dos formandos, cujo se
responsabilizavam em uma turma.

Segundo Munembe, J. e Sabino, H (2002), o currículo deste modelo apresentava-se inovador,


equilibrado e profissionalizante, pois, cerca de 33% de horas destinavam-se à formação geral
e os restantes 67%, à formação profissional.

3.1.5. Formação de professores para o 2º grau (EFEPs e IMP)

Antes deste modelo de formação de professores, houve curso de Magistério Primário que era
a continuidade dos Ministrados no tempo colonial. Os formandos ingressavam neste modelo
com o nível do 5º ano, e faziam o curso entre um a dois anos, para lecionarem o 1º e 2º ano
do ciclo preparatório.

Dessa forma, foram criadas as Escolas de Formação e Educação de Professores (EFEPs) que
tinham como o nível de ingresso a 8ª /9ª classe. Este modelo, tinha como áreas de formação
as seguintes: psicopedagógica; político-ideológica; Formação Geral e especialidade e os
cursos ministrados, eram bivalentes. As combinações das disciplinas pareciam ilógicas, tais
como, português/História; Matemática/Biologia, entre outras, tinha a duração de dois anos e
destinava – se, inicialmente, para cobrir a 5ª e 6ª classes e, mais tarde a 6ª e 7ªclasse (GOLIAS,
1993; MAZULA, 1995; GOMEZ, 1999).

Ademais, constituíram pontos fortes deste modelo, o nível de ingresso, a duração e a


bivalência dos cursos e tempo de estágio. No que tange aos pontos fracos, temos a salientar

5
que a contratação dos instrutores do processo de formação, não obedecia nenhum critério
de seleção pré-definido. O corpo docente era bastante heterogéneo, tanto em termo de
nacionalidade como em formação, para além de que um número considerável não tinha
experiência profissional, muito menos para o ensino primário.

4. Razões para a formação de professores em Moçambique

• Alcançar a educação para todos;

• Desenvolvimento do país;

• Redução da pobreza;

• Alfabetização de adultos;

• Alargar as oportunidades de acesso ao emprego, auto-emprego e os meios de subsistência


sustentáveis;

• Aumentar a equidade ao sistema educativo;

• Assegurar o desenvolvimento de Recursos Humanos;

• Conferir aos professores uma sólida formação científica, psicopedagógica e metodológica


PACHECO, J. e FLORES, M. (1999, p. 23). “Assim, a formação de professores efectiva-se
por meio de propostas curriculares desenhadas pelo Ministério de Educação e
Desenvolvimento Humano, destinadas ao ensino básico, segundo as quais se pretende conferir
ao professor uma sólida formação científica, psicopedagógica e metodológica”.

5. Formas de alinhar a formação teórica a pratica docente na educação.


A organização curricular dos cursos de formação de professores na sua grande maioria é
composta pela formação acadêmica e a formação pedagógica. A primeira oportuniza
conhecimentos que possibilitam a apreensão dos conteúdos curriculares específicos da área
de conhecimento, e respetivamente, a formação pedagógica, que na maioria das vezes se volta
para estudos acerca do desenvolvimento de capacidades metodológicas para mediar os
conteúdos no processo de ensino. O grande desafio é encontrar o equilíbrio para conciliar
estas duas dimensões que compõem os cursos de formação.

Pesquisadores brasileiros que abordam essa temática têm revelado que o


modelo dominante da organização curricular dos cursos de formação de
professores fundamenta-se no agrupamento das disciplinas do “bloco
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teórico” do início do curso, ficando para o final as disciplinas do “bloco
prático”. Em outras palavras, primeiro se oferece a informação básica de
conhecimentos gerais, e, de posse desses conteúdos, o aluno passa ter a
formação pedagógica que o habilitará ao exercício da docência (PACHECO,
& FLORES, 1999, P. 49).

Outro ponto relevante a destacar na análise acerca da formação de professores é o status


de superioridade conferida à teoria em relação à prática, o que demonstra a concepção de
educação imbuída na sua organização. Nesse cenário as disciplinas que se ocupam com a
preparação prática dos professores são consideradas menos relevantes, como por exemplo, a
Prática de Ensino e os Estágios Supervisionados. Sobre essa situação verificamos que há um
entendimento equivocado do significado de teoria e de prática, pois, a teoria não existe
fechada em si mesma, como autossuficiente, pelo contrário ela se elabora e reelabora
por meio da prática no movimento dialético.

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6.Considerações finais
Ao longo deste trabalho pelo qual o nosso maior interesse era de desenvolver modelos
de formação dos professores e explicar como alinhar a formação teórica a pratica docente na
educação que, objectivo geral era conhecer os modelos de formação de professores, concluiu
se que formação profissional é mais ou menos um conjunto de atividades feitas para adquirir
conhecimento prático e teórico, através conhecimentos, habilidades e atitudes, responsáveis
pelo bom desempenho do indivíduo em seu local de trabalho e em sua carreira como um
todo.

Moçambique tiveram espaço vários modelos de formação de professores, de acordo com a


vontade política do momento e o tipo de cooperação internacional adoptado pelo país para
a formação do corpo docente tais como: modelos de 6ª + 1 e 6ªanos, modelos de 7ª +3 anos
e 7ª +2+1, modelos de 10ª+2, modelo de formação de professores 7ª + 2 + 1e formação de
professores para o 2º grau (EFEPs e IMP).

8
7.Referencias bibliográficas
CHAMON, E. (2006). “Um modelo de formação e sua aplicação em educação continuada”.
Educação em Revista, Belo Horizonte.

DONACIANO, B. (2006). “A formação de professores primários em Moçambique.


Desenvolvimento da Competência Docente dos Formandos durante o Estágio, no Modelo
10ª+1+1. Mestrado em Educação/Currículo”. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
em Convénio com a Universidade Pedagógica de Maputo.

DOURADO, L. e OLIVEIRA J. (2007). “A qualidade da educação: perspetivas e desafios”.


Brasília: MEC/INEP.

Niquice, A. (2006). “Formação de professores primários: construção do currículo”. Maputo,


Texto Editora

PACHECO, J. e FLORES, M. (1999). “Formação e avaliação de professores”. Porto, Porto


Editora.

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