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FACULDADE FANOR – DeVryBrasil

Curso de Engenharia
Disciplina: Ciência dos Materiais

UNIDADE VI –
Propriedades Mecânicas
dos Metais

Fortaleza – 2015
INTRODUÇÃO

• Necessidade dos engenheiro de


compreender as várias propriedades
mecânicas e o que elas representam;

• Devida aplicação de materiais em


equipamentos e estruturas, níveis
aceitáveis de deformação ou falha.
INTRODUÇÃO

• Quando em serviço, os componentes mecânicos de máquinas e estruturas estão


submetidos à ação de esforços ou cargas.

• O projeto adequado desses componentes exige o conhecimento do COMPORTAMENTO


MECÂNICO ou das PROPRIEDADES MECÂNICAS dos materiais de que são fabricados.

• Algumas propriedades mecânicas importantes: RESISTÊNCIA MECÂNICA (À TRAÇÃO, À


COMPRESSÃO, À TORÇÃO, À FLEXÃO, À FADIGA, À FLUÊNCIA, AO IMPACTO ...).
DUCTILIDADE, DUREZA.

• As propriedades mecânicas dos materiais são determinadas através de ensaios ou


experimentos de laboratório, cuidadosamente elaborados.

• Sociedades técnicas como a ABNT, brasileira, ASTM e a SAE americanas, a DIN alemã,
estabelecem as normas de execução desses ensaios.
INTRODUÇÃO

• Os ensaios mecânicos levam em consideração:


– O TIPO DE ESFORÇO APLICADO: pode ser:
• TRAÇÃO.
• COMPRESSÃO.
• CISALHAMENTO.
• TORÇÃO.

– MODO DE APLICAÇÃO DO ESFORÇO: as cargas podem ser CONSTANTES ou


VARIAR ao longo do tempo.
– O TEMPO DE APLICAÇÃO DA CARGA: desde FRAÇÕES DE SEGUNDOS até
ANOS.
– CONDIÇÕES AMBIENTES: temperatura, tipo de atmosfera.
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6. 2 Conceitos de Tensão e Deformação

• Verifica o comportamento mecânico, quando uma carga estática ou


se altera de uma maneira relativamente lenta aplicada
uniformemente sobre uma seção reta;
• Maneiras de aplicação da carga:
– Tração;
– Compressão;
– Cisalhamento.

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Materiais para Construção Mecânica
Propriedades Mecânicas dos Metais
6. 2 Força do Tipo Tração

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Materiais para Construção Mecânica
Propriedades Mecânicas dos Metais
6. 2 Força do Tipo compressão

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6. 2 Força do Tipo Cisalhante

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6. 2 Força do Tipo Cisalhante

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6. 2 Força do Tipo Torção

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Materiais para Construção Mecânica
Propriedades Mecânicas dos Metais
6. 2 Conceitos de Tensão e Deformação

• Ensaio de Tração
– Ensaio mais comum
– Geralmente a deformação ocorre
até a fratura.

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Materiais para Construção Mecânica
Propriedades Mecânicas dos Metais
6. 2 Ensaios de Tração

• Permite a avaliação de diversas propriedades mecânicas importantes dos materiais.

• Utiliza um corpo de prova PADRÃO ou produtos de forma adequada (fios, barras,

chapas delgadas).

• É um ensaio DESTRUTIVO (o corpo de prova é deformado de modo permanente ou

levado a ruptura).

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Materiais para Construção Mecânica
Propriedades Mecânicas dos Metais
6. 2 Ensaios de Tração

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Materiais para Construção Mecânica
Propriedades Mecânicas dos Metais
6. 2 Ensaios de Tração
psi = pounds per square inch,
libra-força por polegada
• TENSÃO DE ENGENHARIA (): quadrada

σ
F
A0
 
MPa, kgf/mm2 , psi
Onde
F: carga instantânea aplicada perpendicularmente
à área da seção reta do corpo (N, kgf, lbf).
A0: área da seção reta inicial (m2, mm2, pol2).
• DEFORMAÇÃO DE ENGENHARIA ():

Onde:
l0: comprimento inicial do corpo.
lf: comprimento final do corpo.
l: alongamento. l l Δl
ε i 0 
l0 l0
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6. 2 Ensaios de Compressão

• Execução semelhante à do ensaio de tração.

• Há um ENCURTAMENTO do corpo de prova (lf < l0).

• É realizado:

– Quando se deseja conhecer o comportamento de materiais submetidos a


grandes deformações plásticas, como as que ocorrem em determinados
processos de fabricação.

– Para materiais frágeis sob tração.

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Materiais para Construção Mecânica
Propriedades Mecânicas dos Metais
6. 2 Ensaios de Cisalhamento e de Torção

• TENSÃO CISALHANTE ():

F

A0
Onde:
F: força aplicada PARALELAMENTE à área da seção transversal.
A0: área da seção transversal.

• DEFORMAÇÃO CISALHANTE ():

  tanθ
Onde:
: ângulo de deformação.

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Materiais para Construção Mecânica
Propriedades Mecânicas dos Metais
6. 2 Considerações geométricas a respeito do
estado de Tensão

• As tensões no interior do material dependem da orientação dos


planos sobre os quais atuam.
• Tensão normal e de cisalhamento sobre o plano
inclinado em  graus:

 1 cos2θ 
σ '  σcos 2θ  σ 
 2 

 sen2θ 
'  σsenθcosθ σ 
 2 

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6. 3 Deformação elástica

• NÃO É PERMANENTE: quando a força é removida, o corpo volta a sua forma


original.
• Quando um metal é deformado elasticamente, NÃO HÁ A QUEBRA DE LIGAÇÕES
QUÍMICAS entre seus átomos.
• Existe um limite para o esforço aplicado de modo que o material sofra apenas
deformações elásticas. Acima desse limite, as deformações se tornam
permanentes.
• A deformação plástica não é instantânea, mas dependente do tempo. Esse
fenômeno é denominado ANELASTICIDADE. Para os metais, a deformação ocorre
tão rapidamente que a anelasticidade é considerada desprezível. Já para os
polímeros, é significativa.

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6. 3 Deformação elástica

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Materiais para Construção Mecânica
Propriedades Mecânicas dos Metais
6. 3 Deformação elástica

• A maioria dos materiais, quando deformados ELASTICAMENTE, obedecem à LEI DE


HOOKE que estabelece: TENSÃO () E DEFORMAÇÃO () SÃO DIRETAMENTE
PROPORCIONAIS:
σ  Eε
• A constante de proporcionalidade E é uma propriedade do material denominada
MÓDULO DE ELASTICIDADE ou MÓDULO DE YOUNG, expresso em unidades de
força sobre área, MPa, kgf/mm2, psi.
• O mesmo ocorre para esforços de compressão, de torção e de cisalhamento. Neste
último caso, por exemplo, tem-se:
  G
Onde G é o MÓDULO DE CISALHAMENTO.
• O módulo de elasticidade é uma medida da RIGIDEZ e da FORÇA DE LIGAÇÃO
entre os átomos do material.

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6. 3 Deformação elástica – Lei de Hooke

• O módulo de elasticidade é igual à INCLINAÇÃO DA CURVA x:

E1 > E2
DESCARGA
2
1 2

1 Material 1 é MAIS
 (TENSÃO)

E = tan()
RÍGIDO.
 CARGA

1  2
 (DEFORMAÇÃO)

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Materiais para Construção Mecânica
Propriedades Mecânicas dos Metais
6. 3 Deformação elástica – Módulo Secante e Módulo
Tangencial

• Para os materiais que não obedecem à Lei de Hooke (a curva tensão X deformação não é
linear), definem-se os MÓDULOS DE ELASTICIDADE TANGENCIAL e SECANTE (EXEMPLOS:
concreto e ferro fundido cinzento).

2

= Módulo tangencial

1
 (TENSÃO)

 = Módulo secante


 (DEFORMAÇÃO)
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Materiais para Construção Mecânica
Propriedades Mecânicas dos Metais
6. 3 Deformação elástica – Módulo de elasticidade

• Módulo elasticidade varia:


– Tipos de ligações;

– Distância interatômica;

– Temperatura.

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Materiais para Construção Mecânica
Propriedades Mecânicas dos Metais
EXEMPLO

Um pedaço de cobre originalmente com 305 mm de comprimento é tracionado com uma


tensão de 276 MPa. Se a sua deformação é inteiramente elástica, qual será o alongamento
resultante?

• SOLUÇÃO: como a deformação é elástica, a lei de Hooke é válida:

σ  Eε

• Da tabela 6.1, página 83, tem-se para o cobre: E = 110 GPa = 110 X 103
MPa. Da definição de deformação,  = l/l0, logo:
 l  σl0 276MPa 305mm
σ  Eε  E   l  
 
l 0 E 110 10 3
MPa

l = 0,77 mm
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Materiais para Construção Mecânica
Propriedades Mecânicas dos Metais
6.5 Propriedades Elásticas dos Materiais

• Quando um corpo de prova é tracionado, (direção z, por exemplo) além do alongamento


ao longo do eixo de aplicação da carga, há uma CONSTRIÇÃO nas direções laterais (no
caso, em x e y), perpendiculares à tensão aplicada.

• Se o material é ISOTRÓPICO, x = y.

• O COEFICIENTE DE POISSON () é uma importante propriedade elástica dos


materiais, definido como a RAZÃO ENTRE AS DEFORMAÇÕES LATERAL

E AXIAL, ou:

εx εy
ν 
εz εz

• Para muitos metais e ligas, 0,25    0,35.


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Materiais para Construção Mecânica
Propriedades Mecânicas dos Metais
E, G, v para alguns metais e ligas

Módulo de
Liga Módulo de Elasticidade Coeficiente
Cisalhamento
Metálica de Poisson
GPa 106 psi GPa 106 psi
Alumínio 69 10 25 3,6 0,33
Latão 97 14 37 5,4 0,34
Cobre 110 16 46 6,7 0,34
Magnésio 45 6,5 17 2,5 0,29
Níquel 207 30 76 11 0,31
Aço 207 30 83 12 0,30
Titânio 107 15,5 45 6,5 0,34
Tungstênio 407 59 160 23,2 0,28

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Materiais para Construção Mecânica
Propriedades Mecânicas dos Metais
EXEMPLO

Uma tensão de tração deve ser aplicada ao longo do eixo referente ao


comprimento de um bastão cilíndrico de latão, com diâmetro de 10
mm. Determine a carga exigida para produzir uma alteração de 2,5 × 10-
3 mm no diâmetro. A deformação é puramente elástica.

• Dados (TABELA): para o latão


– E = 97 GPa
–  = 0,34

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EXEMPLO

• A aplicação da carga F produz um alongamento na direção z um


redução no diâmetro d = 2,5×10-3 mm. Da figura ao lado, segue
que a deformação em x é: F
d - 2,5 10-3 mm
x     2,5 10  4
d0 10 mm d0
• A deformação em z é: df
x x
    z    

2,5 104 
 7,35 104
z  0,34
lf
• Aplicando-se a lei de Hooke, segue-se: z
l0

 z  E z  97 103 MPa 7,35 10 4  71,3 MPa


• Finalmente, da definição de tensão:
2 x
 10-2 
F   z A0   z
d 02
 71,3 106 N/m 2 
π  m   5600 N
F
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4  4 
Deformação Plástica

• É PERMANENTE: quando o esforço aplicado é removido, o corpo NÃO retorna à sua forma
original.

• Tem início quando é ultrapassada a FASE ELÁSTICA do material sob deformação. Para a
maioria dos materiais metálicos, o regime elástico persiste até   0,005.

• A plasticidade do material é de grande importância prática, pois:


– Permite que o mesmo seja submetido no estado sólido a OPERAÇÕES DE CONFORMAÇÃO MECÂNICA
(LAMINAÇÃO, FORJAMENTO, ESTRICÇÃO, entre outras).

– É fundamental o seu conhecimento para projetos em que o material é utilizado na fabricação de


elementos estruturais, os quais NÃO DEVEM SE DEFORMAR PLASTICAMENTE sob a ação dos esforços
mecânicos aos quais a estrutura estará submetida.

• O principal mecanismo de deformação plástica dos metais é a ESCORREGAMENTO, o qual


envolve o movimento de DISCORDÂNCIAS.
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6.6 Propriedades de Tração – Escoamento e limite de
escoamento

• ESCOAMENTO: início da deformação plástica.

• É muito importante o conhecimento da tensão em que se inicia a deformação plástica,


denominada TENSÃO DE ESCOAMENTO.

• A transição elástico-plástico pode ser


– GRADUAL: o início do escoamento pode ser determinado pelo:
• LIMITE DE PROPORCIONALIDADE: ponto onde a curva tensão-deformação se afasta da linearidade. É de difícil
determinação.

• LIMITE DE ESCOAMENTO CONVENCIONAL: tensão que provoca deformação plástica de 0,002.

– DESCONTÍNUA: o escoamento é nítido, marcado pelo LIMITE DE ESCOAMENTO SUPERIOR e LIMITE DE


ESCOAMENTO INFERIOR. Fenômeno observado em alguns aços.

• A TENSÃO LIMITE DE ESCOAMENTO REPRESENTA A RESISTÊNCIA DO MATERIAL À


DEFORMAÇÃO PLÁSTICA.
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6.6 Propriedades de Tração – Escoamento e limite de
escoamento

Elástico Plástico
Limite de escoamento
superior
e

e
P
Limite de escoamento
inferior

Tensão
Tensão

Deformação Deformação
0,002

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6.6 Propriedades de Tração – Limite de resistência a Tração

• Após o início da deformação plástica (ESCOAMENTO) a tensão necessária para continuar deformando o
material aumenta até um valor máximo, o LIMITE DE RESISTÊNCIA À TRAÇÃO (LRT).

• O limite de resistência à tração é a tensão no ponto MÁXIMO da curva tensão x deformação.

• O LRT corresponde a MAIOR TENSÃO que uma estrutura pode suportar sob tração, SEM FRATURAR.

• Até esse ponto, a área da seção transversal do corpo de prova se deforma de modo uniforme ao longo do seu
comprimento.

• Quando a tensão do ensaio atinge o LRT, há uma redução localizada da seção transversal do corpo de prova,
ou EMPESCOÇAMENTO ou ESTRICÇÃO.

• O LRT pode variar desde 50 MPa, para o alumínio, até 3.000 MPa, para aços de elevada resistência.

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6.6 Propriedades de Tração – Limite de resistência a Tração

M
LRT

F
Tensão

Deformação

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EXEMPLO

A partir do comportamento tensão-deformação em tração para a amostra de latão


mostrada na figura seguinte, determine:
a. O módulo de elasticidade.
b. A tensão limite de escoamento a um nível de pré-deformação de 0,002.
c. A carga máxima que pode ser suportada por um corpo de prova cilíndrico com um
diâmetro inicial de 12,8 mm.
d. A variação do comprimento de um corpo de prova originalmente com 250 mm que
é submetido a uma tensão de tração de 345 MPa.

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EXEMPLO

a. Módulo de elasticidade (E):


 150 MPa - 0
E   93,8 GPa 450
 0,0016 - 0
b. Limite de escoamento:
345
E  250 MPa
250
c. Carga máxima suportada por um
corpo de prova (d0 = 212,8 mm):
d
Fmáx  RT  A0  RT  0 150
4
Fmáx  450  106 N/m2 
 12,8  10 3
m 2

4
Fmáx  57.900 N
d. l para l0 = 250 mm e  = 345 MPa: 0,0016
0,002

l
  l    l0  0,06  250 mm  15 mm 0,06
l0
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6.6 Propriedades de Tração – Ductilidade

• É uma medida do grau de deformação plástica suportado até a fratura.

• MATERIAL FRÁGIL: suporta muito pouca ou nenhuma deformação plástica.

• Importância do conhecimento da ductilidade:


– Pela iniciação do qual segundo uma estrutura irá se deformar plasticamente antes de fraturas

– Especifica o grau de deformação permissível durante operações de fabricação.

Representação esquemática do
comportamento tensão x deformação
de materiais frágeis e dúcteis.

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6.6 Propriedades de Tração – Ductilidade

• MEDIDAS DE DUCTILIDADE:
–  l f  l0 
ALONGAMENTO PERCENTUAL APÓS A RUPTURA (%AL): AL%     100
 0  l

Onde lf: comprimento após a ruptura.


l0: comprimento inicial do corpo de prova.
 A0  A f 
– REDUÇÃO DE ÁREA APÓS A RUPTURA (%RA): RA%     100
 A0 

Onde Af: área da seção reta após a ruptura.


A0: área inicial da seção reta do corpo de prova.

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Materiais para Construção Mecânica
Propriedades Mecânicas dos Metais
6.6 Propriedades de Tração – Propriedades mecânicas x
temperatura

• Comportamento tensão x deformação de engenharia para o Ferro em três temperaturas


diferentes.

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6.6 Propriedades de Tração – Resiliência

• Capacidade do material absorver energia na região elástica e depois devolvê-la, com o descarregamento.

• MÓDULO DE RESILIÊNCIA (Ur): energia por unidade de volume (J/m3) necessária para deformar o material
desde o estado de tensão nula até o seu limite de escoamento. É igual à ÁREA SOB A CURVA  ×  ATÉ O
LIMITE DE ESCOAMENTO.
e

Ur   d J/m 
3
e
0


– SE A REGIÃO ELÁSTICA É LINEAR:

1 1  e  e2
Ur  e  e  Ur  e   
2 2  E  2E
• MATERIAIS RESILIENTES:
– ELEVADO LIMITE DE ESCOAMENTO.
0,002
e 
– BAIXO MÓDULO DE ELASTICIDADE.

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6.6 Propriedades de Tração – Tenacidade

• Capacidade do material absorver energia até a sua fratura.


• CARREGAMENTO ESTÁTICO: é representada pela área abaixo do diagrama
tensão x deformação.
• CARREGAMENTO DINÂMICO COM ENTALHE: é representada pela energia
absorvida no ensaio de impacto.
• MATERIAL TENAZ:
– RESISTÊNCIA ELEVADA.
– DUCTILIDADE ELEVADA.

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6.6 Tensão verdadeira e deformação verdadeira

• TENSÃO VERDADEIRA (V):


F
v 
Onde: Ai
F: carga instantânea.
Ai: área da seção reta instantânea do corpo de prova.
• DEFORMAÇÃO VERDADEIRA (V):
v li
dl dl l
d V    d     V  ln i
Onde: l 0 l0
l l0
li: comprimento instantâneo do corpo de prova.
l0: comprimento inicial do corpo de prova.

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6.6 Tensão verdadeira e deformação verdadeira

• Se não houver variação de volume do corpo de prova durante a deformação


(Aili = A0l0) pode-se demonstrar as seguintes relações entre tensão
verdadeira e tensão de engenharia e entre deformação verdadeira e
deformação de engenharia:

V  1   V  ln 1  

• As relações acima são válidas SOMENTE ATÉ O EMPESCOÇAMENTO.

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6.6 Tensão verdadeira e deformação verdadeira

• Comportamento tensão-deformação verdadeira e tensão-deformação de engenharia em


tração. Os pontos M e M’ correspondem ao início do empescoçamento.

Verdadeira

Corrigida
Tensão

Engenharia

Deformação
• Para alguns metais e ligas, a seguinte relação é válida até o início do empescoçamento:

Onde K e n (expoente de encruamento) são constantes que dependem do

material e da sua condição.


 V  K nV
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EXEMPLO

Um corpo de prova cilíndrico de aço, com diâmetro inicial de 12,8mm, é tracionado até
a fratura. Sua resistência à fratura f determinada foi de 460 MPa. Se o diâmetro
na seção reta no momento da fratura é de 10,7 mm, determine:
(a) A ductilidade em termos de redução de área percentual.
(b) A tensão verdadeira no momento da fratura.

• SOLUÇÃO: (a) a ductilidade


d d
é: 2 2

 A0  A f 
0
 f
d 2
 d 2

RA%     100  4 2 4  100  RA%   100


0 f

d 0
2
 A0  d 0

RA% 
12,8 mm  10,7 mm
2 2
 100  RA%  30,1%
12,8 mm2
42
EXEMPLO

(b) A tensão verdadeira é definida como:


F F 4F
v   2  2
Ai d f d f
4

A força F no momento da fratura é:

 π 12,8 410 
3 2


F   f A0  460106 N/m2
m
 F  59.200N

459.200N  v  660MPa
Logo: v 
10,7 mm
2

43
6.8 Recuperação elástica durante a deformação plástica

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6.8 Dureza

• Resistência do material à deformação plástica localizada ou à penetração.

• ESCALA DE MOHS: primeira escala de dureza, baseada na capacidade de um material riscar


outro mais macio. Varia de 1 (talco) até 10 (diamante). É empregada pelo mineralogistas.

• A dureza dos metais é determinada através de ENSAIOS DE DUREZA, em que um penetrador


é forçando contra a superfície da amostra a ser testada, medindo-se a seguir o tamanho ou
a profundidade da impressão resultante. O equipamento utilizado é o DURÔMETRO.

• Os ensaios de dureza são os mais realizados pois:


– São simples e baratos.

– Não são destrutivos.

– Permitem que se estime outras propriedades mecânicas importantes.

• Ensaios de dureza mais importantes: ROCKWELL, BRINELL e VICKERS.

45
Materiais para Construção Mecânica
Propriedades Mecânicas dos Metais
6.8 Dureza – Ensaio de Dureza Brinell

• Foi o primeiro ensaio grandemente aceito e padronizado (data de 1900).


• Emprega um penetrador esférico. A dureza Brinell (HB) é obtida pelo
quociente da carga aplicada sobre a área da impressão obtida:

Força 2F
HB  

Área da calota D D  D 2  d 2 

• O cálculo da dureza é simplificado pelo uso de tabelas, as quais fornecem


diretamente o valor da dureza em função da carga e do diâmetro do
penetrador.
48
6.8 Dureza – Ensaio de Dureza Brinell

• Originalmente, a carga empregada era de 3.000 kgf e o


diâmetro D da esfera, de 10 mm.
• Condições para o uso de outras cargas e outros diâmetros
de esferas (para que HB1 = HB2 = ... HBn):
F1 F2 Fn
2
 2
 ... G
D1 D2 Dn2

0,24D  d  0,60D
Com

Onde G é uma constante empírica que depende do material.

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6.8 Dureza – Ensaio de Dureza Vickers

• Adequado para medir a dureza de regiões pequenas do corpo de prova.

• Penetrador empregado: PIRÂMIDE DE DIAMANTE DE BASE QUADRADA.

• A dureza Vickers (HV) é dada pela relação:

Força F
HV   1,854 2
Área piramidal d

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Materiais para Construção Mecânica
Propriedades Mecânicas dos Metais
6.8 Dureza – Ensaio de Dureza Rockwell
• Método mais utilizado, pois é muito simples, não exigindo nenhuma habilidade especial do operador.

• Utiliza vários penetradores e cargas, cujas combinações formam diferentes escalas, adequadas para cada metal e
liga. A escala é representada por uma letra do alfabeto, a qual identifica o penetrador utilizado (esferas de
diversos diâmetros e cone de diamante). Exemplos:
– Escala C (HRC): carga de 150 kgf sobre um cone de diamante de 120º.

– Escala B (HRB): carga de 100 kgf sobre uma esfera de 1/16 pol.

• A dureza do material é medida por um índice determinado a partir da PROFUNDIDADE DE PENETRAÇÃO


resultante da aplicação de uma carga inicial menor, seguida por outra maior. A dureza é indicada por esse índice
(número) seguido do símbolo da escala. Exemplo: 80 HRB.

• Há dois tipos de ensaios:


– ROCKWELL: carga menor de 10kg; carga maior de 60, 100 ou 150 kg.

– ROCKWELL SUPERFICIAL: carga menor de 3 kg, carga maior de 15, 30 e 45 kg. Realizado em corpos de prova mais finos.

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Materiais para Construção Mecânica
Propriedades Mecânicas dos Metais
6.8 Dureza – Ensaio de Dureza Rockwell

• Seqüência do ensaio:
– Aplicação da carga inicial ou pré-carga (F0).
– Aplicação da carga complementar (F1).
– Carga principal (F = F0 + F1).
• O valor da dureza é lido diretamente
do durômetro.

47
6.8 Dureza – Ensaio de Dureza Rockwell

47
6.8 Dureza – Conversão de dureza

• Não existe um sistema de conversão geral entre as diversas escalas. Isso


se deve:
– Às diferenças experimentais entre as diversas técnicas.
– Ao fato de que a dureza não é uma propriedade bem definida.

• Quando a conversão é possível, ela é determinada experimentalmente e


os dados dependem do material.
• Os dados de conversão mais confiáveis são os do aços. Tabelas de
conversão detalhadas para outros metais podem ser encontradas na
norma ASTM E 140: “Standard Hardness Conversion Tables for Metals”.

51
6.8 Dureza – Correlação entre a Dureza e o Limite de
resistência a tração

• Para alguns metais (aços, ferros fundidos, latão) a


dureza e o LRT são praticamente proporcionais.
• Para a maioria dos aços, vale a relação:

LRTMPa   3,45  HB

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6.12 Fatores de Projeto/Segurança

• Devido às INCERTEZAS DE PROJETO (magnitude das cargas aplicadas, níveis de tensão existentes nas
condições de serviço), introduzem-se FOLGAS DE PROJETO como medida de segurança.

• Essa folga é estabelecida ao se definir:


– TENSÃO DE PROJETO, P:

σP  N ' σ C

Onde N’ é um fator maior que a unidade e C é a tensão calculada.

– TENSÃO ADMISSÍVEL ou TENSÃO DE TRABALHO, t:


σe
σt 
N

Onde e é o limite de escoamento do material e N é o FATOR DE

SEGURANÇA (N > 1).

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