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PARES CONJUGADOS

Uma solução que contém um par conjugado pode ter pH ácido, neutro ou básico,
dependendo das forças e concentrações do ácido e da base. A abordagem geral usada
para calcular o pH de uma solução que contém um par ácido-base conjugado é similar
ao usado para calcular o pH de um ácido fraco ou de uma base fraca. Para uma
solução de um ácido fraco HA e o sal de Na de sua base conjugada NaA, existem dois
equilíbrios pertinentes:

HA + H2O H3O+ + A– 1)
A– + H2O HA + OH− 2)
Se podemos desprezar a ionização d’água, Eq. 1) representa a única fonte de H3O+.
Resolvendo a equação de equilíbrio:

[H3 O + ][A − ]
Ka = 3)
[HA ]

para H3O+, devem-se determinar as concentrações de HA e A–. Para ser exatas, estas
concentrações devem considerar HA e A- formados e consumidos nas reações de
ionização. Reação 1) causa uma diminuição na concentração de HA e um aumento na
concentração de A-, ambos por uma quantidade igual à concentração de H3O+.
Analogamente, a reação 2) aumenta a concentração de HA e diminui a concentração
de A–, ambos por uma quantidade igual à concentração de OH–. Assim, as

concentrações de HA e A– no equilíbrio são dadas por

[HA] = CHA − [H3O+ ] + [OH-] 4)

[A-] = CNaA + [H3O+ ] − [OH-] 5)


Geralmente, CHA e CNaA são muito maiores que a diferença entre as concentrações de
H3O+ e OH-, e Eqs. 4) e 5) se simplificam para
[HA]  CHA 6)
[A-]  CNaA 7)
2

Substituindo estas grandezas na Eq. 3) obtém-se uma equação que pode ser resolvida
para [H3O+ ]:

[H3 O + ] C NaA
Ka = 8)
C HA

É difícil determinar exatamente quando as suposições que levam a Eq. 8) colapsam e


produzem um erro inaceitável. As concentrações de H3O+ e OH– diminuem na medida
que as constantes de ionização do ácido e a base, Ka e Kb, diminuem.
Conseqüentemente, Eqs. 6) e 7) são mais válidas quando as concentrações analíticas
são grandes e as constantes de ionização são pequenas. Para efeito da resolução de
problemas , a Eq. 8) será aceita como válida se as seguintes condições são satisfeitas:
CHA e CNaA  1 x 10-3

Ka e Kb  1 x 10-3
Se as suposições simplificativas não são permitidas e uma equação mais exata é
requerida, as Eqs. 4) e 5) devem ser substituídas na Eq. 3), dando

[H3 O + ] (CNaA + [H3 O + ] - [OH- ])


Ka =
CHA - [H3 O + ] + [OH- ]

Substituindo [OH-] por Kw/[H3O+ ] e reordenando dá uma equação complicada, mas que
pode ser resolvida, p.ex., numericamente:

[H3O+ ]3 + (CNaA + Ka) [H3O+ ]2 − (Ka CHA + Kw) [H3O+ ] − Ka Kw = 0

Exemplo
Qual é o pH de uma solução preparada misturando 3,00 g de NaAc com
5,0 mL de HAc 12,0 M e diluindo para 2 L? A Ka do HAc é 1,76 x 10-5.
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Solução
O primeiro a ser perguntado quando as substâncias são misturadas é:
Elas reagem? Cá a resposta e NÃO porque HAc e Ac- (do NaAc) são conjugados.
Depois de misturar a solução conterá HAc, Ac−, Na+ e H2O. As concentrações analíticas
de HAc e NaAc são
5,00 mLx 12,0 mmol/mL
CHA = = 0,030 M
2000 mL

3,00 g
CNaAc = = 0,0183 M
82,0 g/mol x 2,00 L

HAc é a maior fonte de H3O+ ,


HAc + H2O H3O+ + Ac-

[H3 O + ][ Ac − ]
Ka =
[HAc ]
CHAc e CNaAc > 1 x 10-3
e
Ka e Kb < 1 x 10-3

As aproximações seguintes são válidas

[HAc]  CHAc = 0,030 M

[Ac−]  CNaAc = 0,0183 M

Substituindo estes valores na expressão da constante de equilíbrio dá

[H3 O + ] (0,0183)
Ka = = 1,76 x 10-5
0,030

[H3O+ ] = 2,89 x 10-5 M

pH = 4,54
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SOLUÇÃO TAMPÃO

DEFINIÇÃO
“Uma solução tampão é uma solução que resiste às mudanças de pH
quando pequenas quantidades de um ácido o base forte são adicionadas ou se a
solução é diluída”.
Estas soluções TAMPÂO estão constituídas por uma mistura de UM ÁCIDO ou BASE
FRACA e SEU CONJUGADO.
Os tampões possuem a interessante habilidade de resistir mudanças de pH após
diluição ou após a adição de pequenas quantidades de um ácido ou de uma base.
Uma solução tampão consiste de uma mistura de UM ÁCIDO FRACO e sua BASE
CONJUGADA ou de uma BASE FRACA e seu ÁCIDO CONJUGADO, em
concentrações ou razões pré-determinadas. Isto é, temos uma mistura de um ácido
fraco e seu sal ou uma base fraca e seu sal, p. ex., HAc/NaAc, ou NH3/NH4Cl.
Esta propriedade do sistema tampão é importante em todas as áreas das
ciências, mas especialmente em aquelas disciplinas relacionadas com a QUÍMICA DAS
COSAS VIVAS. Na prática todo material vivente depende de enzimas para controlar e
dirigir as reações químicas que são fundamentais à vida mesma. A atividade destas
enzimas sustentadoras da vida depende criticamente do pH, como se ilustra na Fig. 1.

100% −

A
Atividade da ENZIMA Ribonuclease A
t
I em função do pH
v 50% −
i
d
a
d
e
| | | | |
4 5 6 7 8 9
pH
5
Organismos vivos estão constantemente entrando em contato com ácidos e
bases, e, para sobreviver, eles devem ser capazes de controlar o pH das soluções
celulares onde se localizam as enzimas.
A importância dos tampões em todas as áreas das ciências é evidente. Os
bioquímicos e outros cientistas da vida estão particularmente preocupados com
tampões porque o funcionamento apropriado de qualquer sistema biológico depende
criticamente do pH. A figura mostra como a velocidade de reação do N - Acetil-L-
triptofano amida (NATA), enzima-catalisada, varia com o pH..

REAÇÂO
H
NH2 O
-quimotripsina
C O C O
CH2 CH CH2 CH
NH + H2O NH + NH3
C O C O
N N
H CH3 H CH3
N- Acetil-L-triptofano amida N- Acetil-L-triptofano
(NATA)

Na ausência da enzima  - quimotripsina, a velocidade desta reação é desprezível ao


longo da faixa de pH 5-10. A eficiência da enzima é altamente dependente do pH. A
máxima velocidade relativa da reação para a ruptura da ligação C – N da NATA obtém-
se em pH perto de 8,0. Para que um organismo qualquer sobreviva, ele deve controlar
o pH de cada compartimento sub-celular a fim de que cada reação enzima-catalisada
proceda à velocidade adequada.

Vamos estudar como é que funciona um sistema tampão. Para tal tomemos como
exemplo o sistema tampão acetato.
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Ex. 1 Calcular o pH de uma solução que é 0,01 M em HAc e 1x10-2 M em NaAc

Usando o método sistemático habitual, teremos:

[HAc] Ka = [H+] [Ac−] 1)


[H+] [OH−] = 1 x 10-14 2)
B.C. [H+] + [Na+] = [OH−] + [Ac] 3)
B.M.(Ac) [HAc] + [Ac−] = 2 x 10−2 M 4)
B.M.(Na): [Na+] = 0,01 M 5)

A CONDIÇÃO PROTÔNICA obtém-se combinando 3), 4), e 5):

C.Pr. [H+] + [Ac-] = [OH−] + 1 x 10-2 6)

Dado que as soluções são relativamente concentradas, podemos desprezar [H+] e [OH-]
na Eq. 6), dando simplesmente:
[HAc]  1 x 10-2 M
[Ac−]  1 x 10-2 M

Substituindo em 1):
[H+] = 1,75 x 10-5 M
pH = 4,75
[OH−] = 5,7 x 10-10

Ex. 2 Calcular o pH da solução anterior quando se adiciona 1 x 10-3 mol de HCl a 1L da


solução tampão

As constantes de equilíbrio e o B.M. são os mesmos, mas o B.C. 6) possui um termo


extra devido ao Cl− proveniente do HCl:

B.C. [H+] + [Na+] = [OH-] + [Ac-] + [Cl-] 7)


B.M.(Cl) [Cl-] = 1 x 10-3 8)

Introduzindo este valor em 7) e supondo, de novo, [H+] e [OH-] desprezíveis:


7
[Ac-]  1 x 10-2 M - 1 x 10-3

[Ac-]  0,9 x 10-2 M 7a)

 A [Ac-] DIMINUIU 10 % com a adição do ácido. Cabe mencionar que 3) NÃO É


mais válida já que ela foi derivada a partir de 3); A C.Pr. agora será:

C.Pr. [H+] + [HAc] = [OH-] + 1,1 x 10-2 9)


E supondo que [H+] e [OH-] são desprezíveis, obtemos

[HAc]  1,1 x 10-2 M 9a)

isto é, a concentração de HAc AUMENTOU EM 10%. O acréscimo de 1 X 10−3 mol de


ácido forte transformou 10 % do sal em HAc. Usando 1) :

1,1 x 10 -2
[H+] = 1,75 x 10-5 = 2,5 x 10-5 M
-2
0,9 x 10
pH = 4,67

[OH-] = 4,68 x 10-10

Em resumo, a adição de um ácido forte mudou o pH em 0,08 unidade. Se a


mesma quantidade de HCl tivesse sido adicionada a 1 L de água pura, o pH passaria
de 7,00 para 3,00, Isto é, 4 UNIDADES (10000 VEZES).
Então o sistema tampão tem feito um ótimo trabalho ao resistir mudanças de pH!!!

FÓRMULA SIMPLES PARA CALCULAR O pH DE UM TAMPÃO.


EQUAÇÃO DE HENDERSON-HASSELBALCH

Vamos considerar agora uma solução tampão que consiste de um ácido fraco e sua
base conjugada. Se temos um ácido fraco HA e seu sal NaA, de concentração CHA e CA
respectivamente, existem 5 incógnitas e 5 eqs que as relacionam, como visto nos dois
exemplos anteriores
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[HA] Ka = [H+] [A-] 1)
[H+] [OH-] = 1 x 10-14 2)
BC [H+] + [Na+] = [OH-] + [A-] 3)
BM(A) [HA) + [A-] = CHA + CA 4)
BM(Na): [Na+] = CA 5)

A CONDIÇÃO PROTÔNICA obtém-se combinando 3), 4), e 5):


C.Pr. [H+] + [HA] = [OH-] + CHA 6)
Podemos desprezar a [H+] e a [OH-] comparadas com CHA e CA, em 3) e 6), usando 5),:

[A-] = CA + ([H+] - [OH-]) 3a)

[A-]  CA 3b)

[HA] = CHA + ([OH-] - [H+])

[HA]  CHA 6b)

E substituindo 3b) e 6b) em 1) :

C HA
[H+] = Ka 7)
CA

Esta é a Equação de Henderson-Hasselbalch. Esta equação e muito útil, mas não é


válida se o ácido é muito forte, (então [H+] não seria desprezível), se o ácido é
demasiado fraco (então [OH-] não seria desprezível), ou se as CONCENTRAÇÕES
ANALÍTICAS são demasiado pequenas. Porém, na prática as soluções usadas como
tampão , em geral cumprem as condições para satisfazer a equação 7. O sistema
tampão é escolhido de forma a que as concentrações do ácido e sua base conjugada
sejam aproximadamente iguais, dando um pH próximo ao pKa. Veremos logo que esta
razão produz, também, a maior resistência às mudanças de pH.
A equação 7) pode ser apresentada na forma logarítmica para dar

CA C SAL
pH = pKa + log ou pH = pKa + log I)
CHA C ÁCIDO
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O mesmo método pode ser aplicado à mistura de uma base fraca B e seu ácido
conjugado BH+ (ou sal deste BHCl)

[B] Kb = [OH−] [BH+] 1)


[H+] [OH−] = 1 x 10-14 2)
BC [H+] + [BH+] = [OH-] + [Cl−] 3)
BM(B) [B] + [BH+] = CB + CBH 4)
BM(Na): [Cl−] = CBH 5)

Combinando 3), 4), e 5): obtém-se A CONDIÇÃO PROTÔNICA

C.Pr. [H+] + CB = [OH−] + [B] 6)


Podemos desprezar a [H+] e a [OH-] comparadas com CB e CBH em 3) e 6), usando 5),
para dar:
[B] = CB 6a)

[BH+] = CBH 3a)

Substituindo em 1)
CB
[OH-] = Kb
C +
BH

Kw
mas, [OH-] =
[H + ]

Kw CB
= Kb
[H + ] C +
BH

K w C BH+
[H+] = , ou
Kb CB
10
C + [B ]
pH = 14 − pKb − log BH ou pH = pKa + log II)
CB [BH + ]

o pKa se refere
a este ácido

Característica importante das equações I) e II) é que a BASE aparece no


NUMERADOR em ambas equações, e a Keq é a CONSTANTE ÁCIDA do ácido que
aparece no denominador do termo logarítmico

 Independente da complexidade da solução, toda vez que pH = pK a, CA = CHA.

 Outra peculiaridade da Equação de Henderson é que por cada mudança de


uma ordem de magnitude (em uma potência de 10) no valor da razão CA / CHA,
o pH muda em UMA UNIDADE.

Quando a concentração da forma básica aumenta, o pH aumenta. Se a forma ácida do


par aumenta o pH diminui. Ver Tabela

[A-] : [HA] pH
100 : 1 pKa + 2
10 : 1 pKa + 1
1:1 pKa
1 : 10 pKa - 1
1 : 100 pKa - 2

Exemplo. Quantos mL de KOH 0,626 M deveriam ser adicionados a 5,00 g de


HEPES (HB), P.M. 238,31 g mol-1; pKa= 7,5, para se obter pH 7,40 em um volume final
de 250 mL.

+
HOCH2CH2N NHCH2CH2SO3− : ácido N-2-Hidroxietilpiperazina-N’-2-etenosulfônico
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Solução
HB + H2O  B− + H3O+

5,00 g
= 0,021 mol de HEPES (HB)
238,31 g mol -1
mol de HB no equilíbrio = 0,021 – mol de B−
mol B
7,4 = 7,55 + log
0,021 - mol B
mol B
− 0,15 = log
0,021 - mol B
mol B
e = 0,708
0,021 - mol B

0,0149 mol de B = 0,0149 mol de KOH

Xּ = 0,0149 mol KOH / 0,626 mol KOH L-1

Xּ = 23,75 mL de KOH 0,626 M

FORTE MAIS FRACO SEMPRE REAGE COMPLETAMENTE

Um ácido forte reage com uma base fraca em forma essencialmente completa
porque a constante de equilíbrio É GRANDE

1
B + H+  BH+ K= (para BH+)
Ka
base ácido
fraca forte

Se B fosse TRIS [tris(hidroximetil)aminometano], a Keq para a reação com HCl é


12
1 1
K= = = 1,2 x 108
Ka 10 − 8,075
Uma base forte reage completamente com um ácido fraco porque a constante de
equilíbrio, de novo, É MUITO GRANDE
1
OH- + HA  A- + H2O K= (para A−)
Kb
base ácido
forte fraco

Se HA for HAc, a Keq para a reação com NaOH é

1 K para HA
Keq = = a = 1,7 x 109
Kb Kw

A reação entre uma base forte e um ácido forte é ainda mais completa do que uma
reação FORTE + FRACO:

[H2 O]
H+ + OH-  H2O K= + −
= 5,5 x 1015
ácido base [H ][OH ]
forte forte

Se misturarmos um ácido forte, uma base forte, um ácido fraco, e uma base fraca, o
ácido ou a base forte reagirá entre si até que um deles se esgote. O restante do ácido
ou base forte então reagirá com a base ou ácido fraco.

CAPACIDADE DE UM SISTEMA TAMPÃO

A quantidade de ácido ou base que pode ser adicionada sem causar um grande
aumento de pH é governada pela CAPACIDADE TAMPONANTE da solução. Isto vem
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determinado pelas concentrações de HA e A−. Quanto maiores as concentrações, mais
ácido ou base forte a solução pode tolerar.
Esta capacidade se mede pela QUANTIDADE DE ÁCIDO OU BASE FORTE
REQUERIDA PARA VARIAR O pH EM UMA QUANTIDADE ESPECÍFICA: quanto
maior esta quantidade, melhor será o tampão.

A capacidade tampão (intensidade tampão, índice tampão) de uma solução se define


quantitativamente como:
“O número de moles (ou equivalentes) de ÁCIDO ou
BASE FORTE que adicionados a 1L DE SOLUÇÃO produzirá uma variação de pH
de UMA UNIDADE”

Devido a que um tampão resistirá as mudanças de pH SÓ enquanto exista ácido ou


base fraca remanescente para reagir, quanto maior a concentração dos componentes
do tampão, maior a capacidade do tampão. A capacidade tampão também aumenta
quando a razão das concentrações do par ácido-base se aproxima da unidade.
NÃO É POSSIVEL, em geral, termos uma razão de concentrações maior que
aproximadamente 10/1 ou menor que ca. 1/10 e ainda termos uma quantidade
suficiente de um dos componentes do tampão para reagir com a base ou ácido
adicionado. Se estas razões são aceitas como os limites práticos, a equação de
Henderson pode ser usada para calcular a FAIXA ÚTIL de pH de um tampão:

Razão 1/10: pHmín = pKa + log 1/10 = pKa − 1


Razão 10/1: pHmax = pKa + log 10/1 = pKa + 1

[HA]/[A-] pH da Eq. H - H

1 / 10 pHmín = pKa + log 1/10 = pKa - 1

10 / 1 pHmax = pKa + log 10/1 = pKa + 1

A FAIXA ÚTIL de pH é pKa  1


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A capacidade, designada pela letra , exprime-se melhor em função da derivada:
dCb dC a
 = = -
dpH dpH

dCb e dCa: moles de BASE FORTE ou de ÁCIDO FORTE, respectivamente, que se


devem adicionar à solução tampão para que ocorra uma mudança de pH igual a d(pH).
A capacidade de um tampão é um número positivo: quanto maior, mais resistente a
solução é às mudanças de pH.

➢ Uma solução tampão com  = 1, significa que a ADIÇÃO DE 1 EQUIVALENTE de


um ácido ou base forte a 1 L de solução provocará uma variação de pH = 1 unidade,
(V=Cte)

CÁLCULO DA CAPACIDADE DE UM SISTEMA TAMPÃO

➢ Para uma solução tampão de um ácido monoprótico fraco e sua base conjugada, a
capacidade se calcula por diferenciação do BALANÇO DE CARGAS respectivo:

Para uma solução que contem Cb mol de NaOH, Ca mol de HCl, e C mol de
(HA + A-)

[HA] Ka = [H+] [A-] 1)

[H+] [OH−] = 1 x 10-14 2)

B.M.(Na): [Na+] = Cb 3)

B.M.(Cl) [Cl−] = Ca 4)

B.M.(A) [HA] + [A−] = C 5)

B.C. [H+] + [Na+] = [OH−] + [A−] + [Cl−] 6)

Combinando 1) e 5):
CK a
[A− ] = 7)
K a + [H+ ]

Substituindo os valores conhecidos no B.C. (6):


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Kw CK a
[H+] + Cb = + + Ca 8), isolando Cb:
+
[H ] K a + [H+ ]

Kw CK a
Cb = Ca − [H+] + + , mas Cb NÃO É UMA FUNÇÃO do pH!!
+
[H ] K a + [H+ ]

1
pH = − log [H+] = − ln [H+],
2,303
então
d(pH) 1 1
= −
d[H+ ] 2,303 [H+ ]

dCb dCb d[H+ ]


= = ,
d(pH) d[H+ ] d(pH)

então:

dCb
= (– 2,303[H+])
d[H+ ]

dCb Kw CK a
= −1 − −
d[H+ ] [H+ ]2 (K a + [H+ ])2

 K CK a 
 =  − 1 − +w 2 −   (– 2,303[H+])
 + 2
(K a + [H ]) 
 [H ]

 +
 Kw CK a [H+ ] 
 = 2,303 [H ] + + +
 [H ] (K a + [H+ ])2 

Exemplo 1. Calcular o pH e o  da solução de HAc 1x10-2 M e NaAc 2 x 10-2 M


Solução.
2
pH = pKa + log = 5,05
1
16
 1x10 − 14 3 x 10 - 2 x 1,75 x 10 - 5 x 10 - 5,05 
 = 2,303  − 5,05
+ 10 - 5,05
+ 
 10 (1,75 x 10 - 5 + 10 - 5,05 ) 2 
= 2,303(8,91 x 10-6 + 8,74 x 10-3)

 = 2,303 x 10-2
Para soluções tampão de razão ácido/base conjugada > 10-3 M:

CHA C
A-
 ≈ 2,303
CHA + C
A-

Exemplo 2. Misturar 0,10 M HAc e 0,1 M NaAc:


0,1 x 0,1
 = 2,303 x = 2,303 x 0,05 = 0,115
0,1 + 0,1
Se acrescentamos NaOH sólido até 0,005 M, a mudança de pH é:

dpH = dCBOH = 0,005/0,115 = 0,043 = pH


Além da concentração, a capacidade tampão é governada pela RAZÃO de HA : A e.
É MÁXIMA quando a razão é UNITÁRIA, isto é, quando pH = pKa:

1
pH = pKa + log = pKa
1
Em geral, a capacidade tampão é satisfatória em uma faixa de pH = pKa  1

Exemplo 3. Uma solução é 0,2 M em HAc e NaAc. Calcule a mudança de pH


devida à adição de 1,0 mL de HCl 0,10 M a 10 mL desta solução

Inicialmente pH = pKa = 4,76. O novo pH será calculado assim:


mmol HAc = 10 mL x 0,2 mmol mL-1 + 1,0 x 0,1 mmol HCl = 2,1 mmol HAc (final)
mmol Ac- = 10 x 0,2 – 1,0 x 0,1 = 1,9.
Estas novas quantidades de HAc e Ac– estão contidas em 11 mL, mas, de novo, OS
VOLUMES SE CANCELAM nos cálculos:
(1,9 mmol / 11 mL)
pH = 4,76 + log
(2,1 mmol / 11 mL)
17
1,9 mmol
pH = 4,76 + log = 4,76 + log 0,90
2,1 mmol
pH = 4,76 + (0,95 – 1) = 4,71
pH = 4,71 – 4,76= − 0,05 unidades.

De novo isto é muito pequeno se consideramos que se tivéssemos acrescentado o HCl


a uma solução neutra não-tamponada, a concentração final teria sido ca. 10−2 M, e o pH
teria sido 2!!!
Note que o tampão pode resistir uma mudança de pH, mesmo quando se adicione
uma quantidade de ácido ou base forte MAIOR (EM MOLES) que a quantidade de H +
ou OH- (em moles) presentes no tampão. Por exemplo, no exemplo anterior, o pH do
tampão é 4,76 e [H+] = 1,7 x 10−5 M, e milimoles de H+ = (1,7 x 10−5 mmol mL-1 x 10 mL)
= 1,7 x 10-4 mmol (em equilíbrio com os componentes do tampão). Nós acrescentamos
0,1 mmol de H+, bem em excesso com respeito a 1,7 x 10−4 !! Porém, devido à reserva
dos componentes do tampão (Ac− para reagir com H+ neste caso), o H+ adicionado é
CONSUMIDO de maneira que o pH permanece relativamente constante, ENQUANTO
NÃO EXCEDAMOS A QUANTIDADE de RESERVA do TAMPÃO.
Cálculos similares aplicam para misturas de uma base fraca e seu sal ou ácido
conjugado. Podemos considerar o equilíbrio entre a base B e seu ácido conjugado BH+
e escrever a Ka para o ácido conjugado (Brønsted):

BH+ + H2O  B + H3O+


[B] [H3 O + ] Kw
Ka = =
[BH+ ] Kb

[BH+ ] K [BH+ ]
[H3O+] = Ka = w
[B] Kb [B]

[BH+ ] K [BH+ ]
– log [H3O+] = – log Ka – log = - log w - log
[B] Kb [B]
[B] [B]
pH = pKa + log +
= (pKw - pKb) + log
[BH ] [BH+ ]
18
[ aceitador prótons] [ aceitador prótons]
pH = pKa + log = (pKw − pKb) + log
[doador prótons] [doador prótons]

Uma mistura de uma base fraca e seu sal atua como tampão da mesma forma como
um ácido fraco e seu sal. Quando um ácido forte é acrescentado, se combina com algo
da base B para formar o sal BH+. Reciprocamente, uma base se combina com BH+ para
formar B. Dado que a variação na razão será pequena, a mudança de pH será também
pequena. Novamente, a CAPACIDADE TAMPÃO É MÁXIMA EM pH = pK a = 14 – pKb
(ou pOH = pKb), com uma FAIXA ÚTIL pKa  1.

Exemplo 4. Como prepararia 500 mL de uma solução com pH 9,5 a partir de NH3 e
NH4Cl se a conc. total do sistema deve ser 0,1 M?. Ka da NH3 = 5,7 x 10-10.

Solução.
Vamos designar [NH3] = X e NH4+] = Y

Se o pH deve ser 9,5, então


9,5 = 9,25 + log X/Y 1)
e sabemos que X + Y = 0,1 2)

X
= 100,25 = 1,778
Y
X = 1,778 Y Substituindo em 2)

2,1778 Y = 0,1  Y = 0,0459 M e

X = 0,1 - 0,0459 X = 0,0541 M


Amônia conc.: 28,0 % (p/p); d = 0,90 g mL-1; (14,8 M)
14, 8 X = 500  0,0541;
X = 1,83 mL NH3 conc.
P.M. NH4Cl = 54,48 g mol-1 (500 mL x 0,0459 mmol mL-1)  54,48 mg mmol = 1250,3 mg
Y = 1,25 g NH4Cl

Exemplo 5. Calcular quantos mL de HCl 0,10 M deveriam ser acrescentados a


quantos g de NaAc x 2 H2O (P.M. 118,06 g mol-1) a 5ºC para preparara 250 mL de
tampão de pH 5,0 e cuja concentração total é 0,1 M. A 5ºC pKw 14,73 e pKa = 4,77
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Solução:
Ac– + H+ → HAc
X = mL de HCl 0,1 M
Y = g do sal NaAc
0,1 X: moles de HAc formado
Y g Ac -
− 0,1 X: total de moles de Ac- necessários
118 ,06 g mol - 1
A Eq. de Henderson dá

Y
− 0,1 X
118 ,06
5,0 = 4,77 + log 1)
0,1 X

 y  0,1
 - 0,1 X  + 0,1 X = (mol/250 mL)
 118,06  4
mol HAc
mol Ac
4 Y = 11,806
Y = 2,95 g de NaAc 2 H2O

Para calcular X, basta sustituir o valor de Y em Eq.1)


Y
− 0,1 X
118 ,06
1,698  1,7 =
0,1 X
0,02498 - 0,1 X = 0,17 X

 0,27 X = 0,025
X = 0,0926 L
= 92, 6 mL HCl

Efeito da diluição : o pH de uma solução tampão fica essencialmente independente da


DILUIÇÃO até as concentrações do ácido e a base fracos diminuírem até um ponto
onde as aproximações [HA]  CHA e [A-]  CA não são mais válidas. A razão desta
independência é óbvia se observamos a Eq. de Henderson: o pH depende da razão das
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concentrações da base e o ácido conjugado e NÃO DE SEUS VALORES
ABSOLUTOS. A adição de H2O a uma solução tampão diluirá ambos HA e A
IGUALMENTE, deixando a razão de suas concentrações INALTERADA.

Quando o que misturamos não é o que obtemos


Qual o pH se 1 x 10-2 mol de HA (pKa = 2,0) e 1,0 x 10-2 mol de NaA se dissolvem H2O
para fazer 1 L de solução?
Solução: Dado que a solução será ácida (pH  2,0) podemos desprezar [OH-].
HA  H+ + A- Se [H+] = x
0,01 - x 0,01 – x
Substituindo na constante de equilíbrio
x = 0,00414 e pH = 2,38

[HA] = CHA - [H+] = 0,00586 M e [A-] = CA + [H+] = 0,014 M

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