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4º MÓDULO – COMO INCENTIVAR A CRIANÇA A SE ALIMENTAR

7 DICAS PARA A REFEIÇÃO DAS CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO


ESPECTRO AUTISTA (TEA)

Imagine uma criança com uma aceitação alimentar muito restrita até os 8 anos
de idade se tornar um chefe de cozinha! Foi isso mesmo que aconteceu com Chace
Bailey, um menino que foi diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista aos 2
anos de idade e por muito tempo só comia pizza, frango, batata frita e cookies.

Mas, para que isso acontecesse, um incentivo veio de onde ninguém podia
imaginar… Ele começou a assistir programas de culinária com seu avô e ver as pessoas
apreciando a comida que estavam fazendo. Esse fato o incentivou a se interessar por
preparar e provar as receitas que aprendia na TV.

Foto: reprodução

Dois anos depois, assistindo aos episódios sobre como fazer novas receitas com
os alimentos, ele mesmo disse para a mãe que queria ter um programa de culinária!
Incrível! Sua mãe acreditou nele e o ajudou com todo o suporte e apoio para que
realizasse seu sonho… Hoje Chace tem um Canal no You Tube onde faz suas próprias
receitas!

Pensando nessa história tão inspiradora, aqui estão 7 dicas para ajudar as
crianças que, como Chace apresentam desafios com a alimentação, associadas ao TEA:

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1. Utilize múltiplas oportunidades de exposição de alimentos

Normalmente, crianças em desenvolvimento podem precisar de várias


exposições a um novo alimento (talvez de 10 a 12), antes que ele se torne familiar a
ela. Crianças com transtorno do espectro autista podem precisar de bem mais
exposições do que isso. Quando estas crianças estão com medo de novos alimentos,
podemos incorporar muitas variações sobre a nova comida em atividades diárias, sem
exigir que eles, na verdade, o aceitem para comer. Gradativamente, elas podem
tornar-se bastante familiarizadas com o alimento para tentar come-lo.

2. Ofereça novamente alimentos que tiverem sido rejeitados

Muitas vezes, oferecemos para a criança um novo alimento e esse é


imediatamente rejeitado. Geralmente os pais retiram esse alimento da “lista” de
alimentos a serem ofertados, porque estão à procura de refeições em harmonia e
principalmente em busca de algo que a criança aceite para que possa “comer em paz”.

Mas, se os pais forem retirando da lista todos os alimentos que a criança


rejeitar, isso irá limitar as opções a cada dia, resultando na oferta de um cardápio com
muito poucos alimentos.

3. Envolva a criança em atividade com as refeições

Considere envolver a criança, de acordo com a idade dela, em atividades nos


horário das refeições, em que ela possa participar ativamente com com toda a rotina
das refeições. Planejar menus, ajudando a selecionar, comprar e preparar alimentos.
Pôr a mesa, servir os alimentos e ajudar a retirar a louça, são todas atividades das
refeições que dão à criança a oportunidade de estar perto de alimentos sem a pressão
para comer.

As experiências podem começar com interações não-alimentares, como


escolher fotos de comida em uma revista ou brincar com alimentos de plástico e/ou
madeira. Interações não-alimentares também podem incluir a preparação e a limpeza
dos utensílios.

4. Permita que a criança brinque com os alimentos

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Incorpore os alimentos às atividades lúdicas da criança. Os alimentos podem
ser usados em brincadeiras, sendo por exemplo, a carga para caminhões basculantes
ou trens. Bolas podem ser feitas com uvas ou tomates cerejas.

A comida pode ser usada para ensinar cores, formas e tamanhos, assim como
para ensinar conceitos de matemática. Cortar massas pode ser usado com uma
variedade de tipos de alimentos para fazer uma variedade de diferentes formas de
pão, queijo, e mesmo alguns vegetais. Uvas verdes e roxas podem ser classificadas.

5. Faça arte com alimentos

Comida é um excelente meio para projetos de arte. As crianças podem fazer


pintura a dedo ou pintar com pincéis com alimentos úmidos, como iogurte ou pudim.
Eles podem usar migalhas coloridas para fazer uma imagem em uma página do livro de
colorir. Algumas frutas e legumes podem ser usados como carimbo. Macarrão pode ser
colocado em um papel para fazer um desenho.

6. Leve a criança para participar do preparo dos alimentos

As crianças podem ajudar na preparação de alimentos, incluindo a escolha e o


preparo em si . Você pode pedir a ajuda da criança para agitar uma bebida, ou colocar
cubos de gelo em um copo. A criança pode fornecer ajuda para fazer a salada,
colocando os tomates ou salpicando sal. Pode ainda decorar uma pizza caseira. Aos
poucos vá envolvendo-a na preparação de receitas simples, de acordo com a idade.

Preparar alimentos ajuda a criança a se acostumar com o cheiro, o toque, e


talvez até mesmo o gosto!

7. Re-defina “Experimente”

Quando pedimos a alguém para “Experimentar” nós queremos dizer, “aqui tem
um alimento, e eu espero que você goste!” Para a criança muito sensível ou neofóbica,
dizer isso pode ser muito assustador. Necessitamos mudar essa palavra “experimente”
para uma série de pequenos passos, mais realizáveis para as crianças do espectro.

Para algumas crianças, o sucesso pode ser apenas estar no mesmo ambiente
que um novo alimento, ou aceita-lo no prato. Para outros, pode significar lambê-lo,
mas não prová-lo. Há todo um conjunto de pequenos passos que podem ser divididos
em etapas ainda menores para que as crianças possam caminhar até se sentirem

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confiantes com um novo alimento. Aqui são apenas algumas das opções para iniciar
um relacionamento mais positivo com os alimentos.

Cada criança é diferente e sua relação com os alimentos tem sua própria lógica.
Nós adultos não gostamos de todos os alimentos, e as crianças também não vão gostar
de tudo o que a ofertarmos. Nós só queremos que elas se sintam mais confortáveis
com mais alimentos, e aprendam estratégias para interagir com eles, de modo que
possam comer o que eles gostam e apreciam. Isso leva tempo e depende de
treinamento e suporte.

Fonte: https://institutoinfantil.com.br/7-dicas-para-a-refeicao-das-criancas-com-transtorno-do-
espectro-autista-tea/

DICAS PARA A ALIMENTAÇÃO

Na maioria das vezes, as crianças com Autismo têm uma alimentação muito
seletiva e são muito resistentes à introdução de novos alimentos na dieta. Geralmente
esta seletividade alimentar está associada ao Transtorno do Processamento Sensorial.

Diferente do que acusam as vovós de plantão, seletividade alimentar não é


frescura. Ainda mais no caso de crianças com TEA que, por definição diagnóstica, têm
INTERESSES RESTRITOS e COMPORTAMENTOS REPETITIVOS — por isso têm muita
dificuldade com mudanças, além do TRANSTORNO do PROCESSAMENTO SENSORIAL —
que faz com que façam uma leitura diferente através dos sentidos.

Para introduzir novos alimentos, assim como em qualquer mudança no TEA,


usamos a técnica das APROXIMAÇÕES SUCESSIVAS, ou seja, ANTES de fazer a criança
EXPERIMENTAR um PEDAÇO do alimento, devemos respeitar o tempo necessário de
cada uma dessas ETAPAS:

1 - Brincar com o alimento de brinquedo - muitas vezes a criança nem tolera ver
o alimento, por isso se você quer introduzir frutas, por exemplo, comece fazendo
brincadeiras com frutas de brinquedo;

2 - Servir na mesa, mas longe da criança: se a criança não tolera ver o alimento,
sirva na mesa, mas comece deixando bem longe;

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3 - Servir na mesa cada vez mais perto: à medida que a criança tolerar ver o
alimento de longe, vá aproximando ao longo dos dias cada vez mais, até que ela tolere
o prato bem na sua frente;

4 - Coloque uma pequena porção no seu prato, mas explique que não precisa
experimentar. O objetivo agora é apenas que a criança tolere esse alimento no prato;

5 - Faça com que participe da preparação do alimento, primeiro sentindo o


cheiro do mesmo na panela e depois manipulando para sentir tb o cheiro, a textura,
etc;

6 - Coloque o dedo da criança no alimento e depois o faça lamber para sentir o


sabor;

7 - Só então ofereça um pedaço do alimento para experimentar.

ATENÇÃO: Cada etapa pode demorar dias ou semanas. É importante a criança


esteja tolerando muito bem aquela etapa para então passar para a próxima. É
importante que você não pule etapas e que respeite o tempo da criança, sob pena do
risco de o alimento se tornar ainda mais aversivo pada ela.

Fonte: https://www.autistologos.com/copia-condutas-na-rotina

AUTISMO E ALERGIA ALIMENTAR

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) caracteriza-se por uma coleção de


condições do neuro desenvolvimento, levando a deficiências na comunicação e
interação social, comportamentos repetitivos e padrão de interesse restrito.

A criança com TEA costuma selecionar os alimentos durante a refeição,


recusando o que não conhece ou que apresente textura e sabor diferentes. Daí, então,
a importância de se oferecer alimentação adequada desde os primeiros meses de vida,
tais como aleitamento materno e alimentos naturais. Por muito tempo, esse padrão
alimentar justificou a elevada frequência de distúrbios gastrointestinais, como diarreia
e constipação (intestino preso), observados nos primeiros três anos de vida das
crianças com TEA. Entretanto, no início da vida, além do desenvolvimento do padrão
alimentar e da colonização microbiana no trato digestório da criança, há o

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desenvolvimento dos sistemas nervoso e imunológico no intestino. A falha de qualquer
um desses componentes pode causar alteração intestinal importante.

yalehealth | Pixabay

O sistema imunológico do indivíduo com predisposição genética para o


autismo, ao ser estimulado por um agente infeccioso – principalmente viral, ou outro
(tóxico, estresse etc.) – é capaz de ativar determinadas células e liberar substâncias
inflamatórias e tóxicas ao sistema nervoso central (SNC), conhecidas como
neurotoxinas.

Consequentemente, há um aumento na permeabilidade da estrutura que


protege o SNC, chamada barreira hematoencefálica (barreira sangue/cérebro),
facilitando a entrada de outras células e substâncias pró-inflamatórias que ativam as
terminações nervosas localizadas especialmente nas áreas do cérebro denominadas
hipotálamo e diencéfalo, que são responsáveis pela regulação das emoções. Esse
evento é também chamado encefalite focal. Recentemente, foi sugerido que a alergia,
principalmente alimentar, poderia levar a essa encefalite focal, aumentando o risco de
TEA.

Com o objetivo de melhorar aspectos comportamentais e de aprendizagem em


crianças autistas, foram criados inúmeros tratamentos dietéticos, como a dieta livre de
caseína e de glúten. Alguns estudos, embora pequenos, por curto período de tempo e
sem metodologia científica adequada, em que eliminaram o glúten e a caseína da dieta

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dos pacientes autistas, mostraram melhora da linguagem e outros aspectos.
Entretanto, outros estudos mais duradouros e com maior valor científico não
confirmaram esses resultados ou foram inconclusivos. Diante de tais evidências, o
valor terapêutico das dietas isentas de glúten e/ou caseína ainda é limitado e
indefinido.

Outra consideração importante é que o número de casos de pessoas com


doença celíaca (intolerância ao glúten) entre os autistas não é superior ao encontrado
na população normal. Além disso, embora a sensibilidade ao glúten nāo-celíaca possa
se apresentar com aspectos clínicos diversos, incluindo sintomas neurológicos, as
evidências atuais não são suficientes para indicar uma dieta sem glúten nestes
pacientes.

Os riscos dessas restrições alimentares é que podem se associar a rejeição


social, estigmatização, dificuldades de socialização e integração, com potenciais efeitos
adversos no próprio TEA. As dietas de exclusão de glúten e/ou caseína, ou mesmo
outro alimento, não devem, portanto, ser indicadas a pacientes com TEA, exceto se
apresentarem diagnóstico bem definido de intolerância ou hipersensibilidade
alimentar.

Relatoras:
Dra. Vera Rullo
Dr. Joaquina Maria Correa Bueno
Departamento Científico de Alergia da SPSP.
https://www.pediatraorienta.org.br/autismo-e-alergia-alimentar/

CRIANÇA COM AUTISMO TEM MAIS CHANCE DE TER ALERGIA


ALIMENTAR

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) pode criar barreiras na comunicação e


dificuldades na interação social em crianças. Suas causas são uma combinação de
fatores genéticos e ambientais e o que preocupa os cientistas é que a sua incidência
está aumentando nas últimas décadas. E segundo um estudo de revisão publicado pelo
Repositório Institucional Tiradentes, embora o TEA afete principalmente a função
cerebral ligada à cognição, existem evidências de que outros sistemas também estão
comprometidos.

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Problemas gastrointestinais, por exemplo, são comuns em crianças com TEA e,
de acordo com o estudo de revisão, a prevalência de sintomas pode chegar a ser até
quatro vezes maior do que em crianças sem TEA.

Abril é o mês de conscientização do autismo | Imagem: Shutterstock

Por trás da alergia

Para entender como o organismo das crianças com transtorno de espectro


autista lidam com a alergia, os pesquisadores investigaram como a alimentação é
capaz de influenciar na vida delas.

O estudo de revisão citou, por exemplo, que houve melhora nos


comportamentos do TEA com dietas específicas sem proteínas de maneira geral, além
de dietas que não levavam glúten e nem caseína, uma substância presente no leite de
vaca.

Por outro lado, estudos adicionais e pesquisas mais sistemáticas são


necessários para entender como cada alimento pode influenciar nos sintomas sentidos
por essas crianças e como eles podem estar ligados à alergia alimentar.

Referência bibliográfica:
Quirino R. et al. Relação entre alergia alimentar e transtorno do espectro autista: revisão integrativa de
literatura. Repositório Institucional Tiradentes, 2020.
Fonte:
https://nutritotal.com.br/publico-geral/crianca-com-autismo-tem-mais-chance-de-ter-alergia-
alimentar/

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MITOS E VERDADES SOBRE A RELAÇÃO ENTRE A DIETA E O AUTISMO

Pouca gente sabe, mas alguns alimentos podem ser responsáveis por
potencializar os sinais que caracterizam o transtorno do espectro autista. É por isso
que portadores da doença devem seguir uma dieta equilibrada, evitando esses
alimentos. A seguir, você confere quais são eles.

Veja ingredientes que vale a pena evitar para quem recebeu o diagnóstico do
transtorno do espectro autista:

Leite, soja e farinha de trigo são ruins para o autista

Verdade. Esses alimentos são possíveis alérgenos e podem potencializar os


sintomas do transtorno. Quando retirados da dieta, o autista pode apresentar índices
mais elevados de calmaria e concentração, e melhorar até mesmo sua atenção.

Isso costuma ocorrer devido à constatação de que grande parte dos autistas
apresenta uma deficiência enzimática que inibe a digestão completa da proteína
presente nesses alimentos. Porém, como são alimentos que fornecem componentes
importantes, a exclusão da dieta só deve ser feita por um profissional da saúde, que
estará apto a orientar sobre possíveis substitutos.

O consumo elevado de alimentos cítricos pode ser bom

Mito. Os autistas com frequência apresentam desordens gastrintestinais, como


a diminuição da produção de enzimas digestivas e inflamação, situações que podem
causar diarreia, gastrite e refluxo. Para normalizar o funcionamento desse sistema,
pode ser necessário o uso de probióticos em cápsula. Além disso, quando for de fato
diagnosticado quadros de gastrite e refluxo, deve-se evitar o consumo de alimentos
que poderiam piorar os sintomas, como temperos industrializados, extrato de tomate,
café, chá preto, alimentos fritos e alimentos cítricos como laranja, limão e abacaxi.

Corante alimentício processado é um grande vilão para a dieta de quem tem autismo

Verdade. Por isso mesmo o autista deve evitar o consumo de salgadinhos,


gelatinas, sucos em pó, balas e outros alimentos que sejam ricos em corantes
ultraprocessados. O alerta se deve à hiperatividade que esse tipo de composto causa

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nos autistas. Uma dica é substituir esse ingrediente por colorações naturais, feitas com
alimentos como cenoura e beterraba.

Autistas são mais propensos à obesidade

Verdade. A inatividade física e as limitações no convívio social podem trazer


como consequência o não incentivo a praticar exercícios ao ar livre e pode levar ao
sedentarismo e ao sobrepeso. O estudo verificou que crianças autistas possuem de
duas a três vezes mais chances de serem obesas do que os adolescentes na população
em geral. Por isso, a recomendação dos especialistas é estimular a realização de alguns
exercícios físicos em casa para ajudar a lidar com essa falta de atividade.

Devido às restrições, autistas não conseguem consumir todas as vitaminas


necessárias

Mito. Mesmo com as limitações alimentares, é possível estimular o consumo da


maior variedade de alimentos para evitar deficiências nutricionais como a falta de
vitamina e minerais. O autista deve comer frutas, legumes e alimentos ricos em ômega
3, como peixes e oleaginosas. E claro, preparar tudo isso com amor e dedicação é a
base para cuidar de alguém que tenha o transtorno.

O transtorno do espectro autista é caracterizado por alterações na qualidade e


na quantidade de interações sociais, além da comunicação e do uso da imaginação. O
grau dessas alterações varia de pessoa para pessoa, que podem manifestar sintomas
em conjunto ou isolados.

Referências bibliográficas:

Sociedade Brasileira de Clínica Médica. Alimentação no tratamento de autismo, 2015.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas


Estratégicas. Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo
(TEA), 2016.

Broder-Fingert S, Brazauskas K, Lindgren K, Iannuzzi D, Van Cleave J. Prevalence of overweight and


obesity in a large clinical sample of children with autism. Acad Pediatr. 2014.

WHITE, J.F. Intestinal Pathophysiology in Autism. Exp Bio Med., 2003.

https://nutritotal.com.br/publico-geral/material/mitos-e-verdades-sobre-a-relacao-entre-a-dieta-e-o-
autismo/

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INTERVENÇÃO MULTIDISCIPLINAR

A seletividade alimentar é caracterizada por recusa alimentar, pouco apetite e


desinteresse pelo alimento. É um comportamento típico da fase pré-escolar, mas, em
alguns casos, pode acentuar-se e permanecer até a adolescência.

Os pais de crianças com TEA frequentemente relatam que seus filhos são
comedores altamente seletivos, com repertórios muito limitados de aceitação
alimentar. Pessoas com TEA são nutricionalmente vulneráveis porque exibem um
padrão alimentar seletivo e sensibilidade sensorial que os predispõe à ingestão
restrita. As dificuldades alimentares podem gerar consequências para a saúde, como o
consumo de energia inadequada, desnutrição, perda de peso, ganho de peso,
obesidade e entre outros problemas.

Ademais, alguns indivíduos com TEA podem apresentar alteração na


composição e função da microbiota intestinal, que estão fortemente relacionadas a
sintomas gastrointestinais.

Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), frequentemente


apresentam seletividade alimentar, devido a inflexibilidade mental e Transtorno do
Processamento Senrorial (TPS). Então, seletividade alimentar não é frescura, mas sim
uma dificuldade que a pessoa com TEA, apresenta para introduzir novos alimentos.

Crianças com TEA por muitas vezes poderá apresentar um paladar restrito, que
pode se modificar com o tempo, porém seletividade deve ser trabalhada, desde cedo,
caso contrario, a alimentação poderá permanecer por longo tempo restrita. Este
trabalho é feito por uma equipe multidisciplinar composta por Nutricionista, Terapeuta
Ocupacional com Certificação Internacional em Integração Sensorial, Fonoaudiólogo
com especialização em Motricidade e Disfagia e Psicólogo com especialização em
Terapia Comportamental.

Criança com seletividade alimentar apresenta:

Inflexibilidade mental:

A criança come poucos alimentos, ou até mesmo apenas uma opção. Recusa
experimentar algo novo e pode acontecer de se recusar a fazer suas refeições em
locais diferentes da sua rotina. Os alimentos também nunca podem estar misturados
no prato. Qualquer alteração na sua rotina prejudica sua alimentação.

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Transtorno do Processamento Sensorial

Crianças podem ter dificuldade em introduzir alimentos novos devido ao:


cheiro, cor, visual, texturas, pedaços grandes, sabor (tempero), temperatura. Muitos
fatores podem interferir na seletividade alimentar e para que a criança aceite se
alimentar.

Há casos de TEA que no inicio de intervenção só comem alimentos de uma cor


ou textura, ou cuja comida quase não tem temperos, por causa do cheiro. Para
seletividade alimentar não possui regra ou algo especifico que a determine, A
seletividade alimentar pode estar direcionada a uma cor, tipo de textura, cheiro e
sabor. A criança simplesmente não tem vontade de experimentar.

Para as famílias que tem indivíduos que passam por essa questão da
seletividade alimentar, os momentos das refeições, costumam ser tensos, algumas
famílias acabam fazendo com que o indivíduo coma forçado ou acaba introduzindo de
forma brusca esses novos alimentos, muitas vezes por falta de informação (acreditam
que esse comportamento é birra) e as refeições se tornam aversivas para esses
indivíduos.

Deficiências Motoras Orais e Prejuízos Motor Fino

Ademais, crianças com TEA podem apresentar deficiências motoras orais e


prejuízos motor fino, apresentando impacto de engolir e mastigar, bem como
dificuldade no uso de utensílio, os quais contribuem ainda mais para desafios da
alimentação.

Concluindo, a etiologia da alimentação seletiva no TEA é complexa e


multifatorial.

Como podemos trabalhar a introdução de alimentos novos?

Faça dessensibilizarão, no inicio deixe o alimento novo próximo ao prato,


depois coloque um pouco no prato, mas sempre um alimento por vez, assim
costumam ser mais aceitos. Desta forma, o individuo se adaptará com o cheiro, o
visual, a textura e a aparência. Se mesmo assim, houver resistência, tente substituir
por outro alimento. Mas, lembrando, sempre um por vez.

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As refeições devem ser momentos prazerosos para família e a criança, desta
forma, peça ajuda para arrumar a mesa, tenha jogo americano de personagens que a
criança goste, pratos também, tudo pode ser uma forma de incentivo.

Se na primeira tentativa, não houver ganhos, não castigue ou obrigue a criança


a comer, apenas não desista, e repita sempre, aos poucos, a apresentação dos novos
alimentos.

Intervenção Multidisciplinar

Para o tratamento adequado da seletividade alimentar do TEA, é necessário


haver uma equipe multidisciplinar envolvendo: Nutricionista, Terapeuta Ocupacional
com Certificação Internacional em Integração Sensorial, Fonoaudiólogo com
especialização em Motricidade e Disfagia e Psicólogo com especialização em Terapia
Comportamental. Esses profissionais devem trabalhar diferentes habilidades como
cognitiva, social e linguagem, buscando inseri-los nas práticas comuns do dia a dia.
Métodos eficazes para o tratamento do TEA utilizam a criatividade e comunicação na
busca de resultados benéficos em meio ao tratamento.

Crianças com TEA, que têm sensibilidade oral sensorial e seletividade alimentar,
podem se beneficiar do trabalho em equipe multidisciplinar para melhorar as
experiências sensoriais relacionadas à alimentação e aumentar a adequação e
variedade da dieta.

É importante a equipe multidisciplinar orientar os familiares, cuidadores e


educadores, que estão no convívio diário, a estimular a aceitação de novos alimentos,
que poderão contribui para saúde e qualidade de vida do TEA. Recomenda-se que as
atividades propostas possam ser utilizadas no meio familiar, escolar e pela equipe de
saúde, fazendo parte da rotina dessas crianças.

O tratamento da seletividade alimentar do TEA visa aumentar a variedade


alimentar e, consequentemente, elevar as oportunidades de participação social e
comunitária. Entretanto, para ser uma abordagem bem-sucedida, deve ser trabalhada
de forma individual, constante e no dia a dia.

Fonte:
Dra. Valéria Gandolfi Geraldo - Pediatria - Neurologia Pediátrica - Desenvolvimento e Comportamento
Infantil - Transtornos do Neurodesenvolvimento – Epilepsia.
https://www.clinicaneurogandolfi.com/post/seletividade-alimentar-no-autista-
interven%C3%A7%C3%A3o-multidisciplinar

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