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II Seminário de Práticas Educativas - Relatório

Aluno(a): Pâmela Venas Pereira


Matrícula: 22112080218
Polo: Teresópolis
Os jogos teatrais na sala de aula
“[...] possibilita, assim, que o participante apreenda, de maneira livre e
prazerosa, os diferentes aspectos particulares que envolvem o exercício da
linguagem teatral: a imaginação, possibilitando que a consciência reflita sobre
si, e invente a si mesma, abrindo-se para diferentes formas de compreender e
retratar o mundo; a ação, quando o indivíduo “arregaça as mangas” e atua
efetivamente, transformando o presente, executando aquilo que a imaginação
formulou; e a reflexão, que lhe permite analisar os fatos e circunstâncias, e
traçar parâmetros para a sua criação e a sua atuação tanto na esfera da arte
quanto na da vida” (Coelho, 1988).

O Teatro torna-se um recurso muito importante de Ludicidade, sendo então de extrema


importância em atividades escolares em sala de aula. Como cita Flávio Desgranges
(2010), o teatro não apenas desenvolve o olhar crítico, como incentivam nos integrantes
do grupo a olhar situações em coletividade e pensar em várias possibilidades e do motivo
destas situações serem como são ou se podem ser de outra forma.
No II Seminário de Práticas Educativas percebemos estas perspectivas em todas as
atividades desenvolvidas. Da apresentação até à despedida, todas as atividades
relacionam o eu e o nós, criando laços entre aqueles que se conhecem e os que não,
tornando-os no fim, iguais. De um inicio com timidez a um final com desenvoltura, todos
os participantes se divertem, criam e se relacionam, trocando experiencias, ideias e
aprendendo.
Um bom exemplo é a atividade com a cadeira, através dela, um objeto de obvia utilização
se transforma em diversos objetos por meio do olhar de cada integrante da roda, de uma
cadeira a uma escada, a um avião, um carrinho, uma prancha de surfe e até mesmo poderia
se tornar um foguete de partida para o espaço. Isso nos dá uma visão do nós e da
criticidade do “porque é assim? O que mais pode ser?”. Não usamos apenas o corpo nestas
atividades, mas o cognitivo também, além de exercitar a criatividade muitas vezes
esquecida no dia a dia.
Assim como lemos no texto referencial 2 - “E aqui estamos falando não só do estímulo
a que os participantes concebam seus próprios produtos artísticos, suas cenas,
personagens ou do prazer de se aventurar em universos ficcionais, a partir da relação com
uma cena apresentada em oficina ou um espetáculo teatral, mas também da vontade de
conceber algo diferente, próprio, de pensar de uma outra maneira.” (DESGRANGES, p.
89), entendemos essa ideia do autor através da atividade da peça criada no Seminário,
onde os integrantes de cada grupo selecionam um conto de fadas infantil e com liberdade
de apresentação criam e expressam seus papeis à sua maneira. É possível reconhecer a
história, se divertir e não perder a essência das histórias infantis, trazendo ao palco
experiências de cada integrante com a vida e as histórias.
Também é possível perceber o trabalho em grupo e a criatividade que surge deste trabalho
com a ludicidade na atividade de repórter, onde os integrantes dos grupos se unem para
desenvolverem uma cena onde é possível retratar situações do cotidiano que são atuais e
muito presentes nas redes socais e televisivas, e a partir desta discussão inicial estes
conseguem distribuir papeis e roteiros para que cada integrante possa participar e
contribuir para a apresentação de uma cena. Trazendo assim, por exemplo, os integrantes
II Seminário de Práticas Educativas - Relatório
Aluno(a): Pâmela Venas Pereira
Matrícula: 22112080218
Polo: Teresópolis
de um circo, a intolerância de alguns pais em relação as professoras e a escola, a
desconsideração dos repórteres e cidadãos às vítimas que são desconsideradas ao
reportarem uma cena como no caso do afogamento de uma cidadã retratado por um dos
grupos no seminário. Todos os grupos trouxeram cenas que podem ser entendidas e
encontradas na sociedade atual, trazendo graça ao serem interpretadas com exageros às
vezes, porém todas demonstrando o descaso encontrado na sociedade com cada
personalidade e cena representada.
Ao trabalhar com os jogos teatrais na sala de aula, os professores devem buscar
compreender que, assim como ocorreu no II Seminário, a qualidade da representação e
do roteiro não é o foco principal. Deve-se dar importância ao trabalho com o grupo, a
coletividade e solidariedade, ao caráter criativo, ativo e reflexivo; ou seja, dar aos
educandos oportunidades de desenvolverem suas capacidades essenciais. O objetivo é a
evolução pessoal de cada aluno e a sua integração em um grupo, suas percepções de
mundo e capacidades críticas. É como diz Barros:
“O jogo é este lugar da satisfação consigo mesmo e com o outro. Lugar do
encontro, do comungar, do dividir, do cooperar, mas também do competir.
Neste ponto, o jogo teatral, apesar de se tratar de um jogo, apresenta um foco
diferente: a competição não faz parte da dinâmica do jogo teatral, pois o que
está em jogo, aqui, é a cooperação entre os jogadores e o acordo com a plateia.”
(Barros, 2019).

Atividades como as desenvolvidas no II Seminário, como andar de olhos fechados em


meio aos outros colegas tendo os braços estendidos e a audição como direção, o guiar
alguém através de uma multidão que caminha em diversas direções ou ser o guiado neste
ambiente são situações que possibilitam o trabalho com as ideias de “trabalhar sozinho”
e “trabalhar em grupo”. Ou seja, quando estamos trabalhando ou desempenhando
qualquer função onde dependemos apenas de nós mesmos, isso torna o processo mais
difícil e mais inseguro, porém quando trabalhamos em grupo podemos ser aquele a ser
guiado, necessitando assim confiar no seu colega/parceiro e o mesmo acontece quando é
a sua vez de guiar/tomar a liderança na situação, pois seu colega/parceiro também precisa
confiar em você.
Em atividades que inicialmente parecem simples e sem sentido podemos perceber a
profundidade e a importância que elas têm não só para o aluno na vida escolar, mas
também para o ser social a ser desenvolvido para atuação futura em sociedade. O lado
divertido da situação também passa a ser essencial, porém em medida certa, pois trabalhar
apenas através de jogos e diversão não é o aconselhável, assim como enclausurar o
educando em sala de aula o tempo inteiro sentado e atento apenas ao conteúdo escrito não
é o ideal. É necessário o equilíbrio destas atividades e um bom planejamento e propósito
ao utilizar os jogos teatrais no meio escolar. Podemos compreender esta perspectiva
através da leitura da tese de doutorado de Ruidglan Barros (2010) onde encontramos a
seguinte citação de Brougère (2003) “Para ele [Aristóteles], o jogo era uma maneira de
restaurar as energias. Este pensamento era também de Santo Tomaz de Aquino que
apontava a necessidade do jogo para o repouso nos intervalos das tarefas, apesar de
advertir que o mesmo não deveria se imiscuir nos momentos destinados ao trabalho”
(BROUGÈRE, 2003, p. 27).
II Seminário de Práticas Educativas - Relatório
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Matrícula: 22112080218
Polo: Teresópolis
Desse modo, percebemos a importância de saber utilizar os jogos teatrais no lado lúdico
na educação, buscando incentivar a criatividade e criticidade, desenvolver as habilidades
psicomotoras e oportunizar o trabalho com leveza de conteúdos essenciais para o ser
humano social, perceber a importância de uma pausa e de uma leveza maior ao dia a dia
escolar e colaborar para um maior aproveitamento do tempo passado no meio escolar. A
parte mais importante da vida do ser humano é passado dentro deste meio social, são em
média 12 anos, sem contar a profissionalização/universidade. Assim, são essenciais a
descontração e o trabalho diversificado de diversos métodos, não apenas o antigo método
escolar de ensino bancário e obediente, parado e “focado”. Buscamos hoje envolver o
corpo e a mente nestas etapas do desenvolvimento humano e que possamos encontrar
resultados cada vez melhores no futuro.

Bibliografia
SOUZA, Ruidglan Barros de. Jornada dionisíaca: narrativa mítico-simbólico-teatral de
processos educacionais na escola pública. 2019. 230 f. Tese (Doutorado em Educação) -
Faculdade de Educação, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2019.
BROUGÈRE, Gulles. Jogo e Educação. São Paulo: Perspectiva, 1998.
DESGRANGES, Flávio. A Pedagogia do Teatro: provocações e Dialogismo – 2°ed – São
Paulo – Editora Hucitec: Edições Mandacaru, 2010. (Pedagogia do Teatro).

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