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LINGUAGEM ACADÊMICA

Revista Científica do Claretiano – Centro Universitário


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Informações Gerais / General Information


Periodicidade: semestral
Número de páginas: 112 páginas
Número de artigos: 6 artigos neste volume
Mancha/Formato: 11,3 x 18 cm / 15 x 21 cm

Os artigos são de inteira responsabilidade de seus autores.


ISSN 2237-2318

LINGUAGEM ACADÊMICA
Revista Científica do Claretiano – Centro Universitário

jul./dez.
Linguagem Acadêmica Batatais v. 12 n. 3 p. 1-112
2022
© 2022 Ação Educacional Claretiana

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Linguagem acadêmica : revista científica do Claretiano – Centro


Universitário – v.12, n.3, jul./dez. 2022) -. – Batatais, SP : Claretiano, 2022.
112 p.

Semestral.
ISSN: 2237-2318

1. Educação - Periódicos. I. Linguagem acadêmica : revista científica do Claretiano


- Centro Universitário.

CDD 370

Os trabalhos publicados nesta Revista são de inteira responsabilidade dos seus autores, não refletindo
necessariamente a opinião do Claretiano – Centro Universitário, do Conselho Editorial ou da
Coordenadoria Geral de Pesquisa e Iniciação Científica.
Sumário / Contents

Editorial / Editor’s note

ARTIGO ORIGINAL / ORIGINAL PAPER

Relações bilaterais Brasil-Argentina: uma análise da produção


historiográfica sobre o período compreendido entre a Declaração
de Uruguaiana e o Tratado Tripartite (1961-1979
Brazil-Argentina bilateral relations: an analysis of historiographic
production on the period between the Uruguaiana Declaration and the
Tripartite Agreement (1961-1979)

Panorama da geração distribuída no Brasil, com foco em fontes de


energias renováveis
Panorama of distributed generation in Brazil with a focus on renewable
energy sources

Empowerment: como a gestão participativa pode auxiliar no


crescimento das organizações
Empowerment: how participatory management can help organizations
grow

A Contabilidade como ferramenta gerencial: desafios para


aplicação de demonstrações financeiras em micro e pequenas
empresas
Accounting as a management tool: challenges for the application of
financial statements in micro and small companies

A consultoria contábil como ferramenta gerencial para empresas


de pequeno porte
Accounting consulting as a management tool for small companies
Aprendizagem gamificada: estudo de caso do app Memrise no
modelo Octalysis
Gamificated learning: a case study around Memrise app on the
Octalysis model

Política Editorial / Editorial Policy


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Editorial / Editor’s note

Prezado(a) Leitor(a),

O avanço da globalização da economia e dos aspectos


quantificáveis da organização social exige cada vez mais o
desenvolvimento de habilidades relacionais de interpretação de
dados quantitativos, análises qualitativas e compreensão conceitual
em todas as áreas de conhecimento.

Tanto no exercício do trabalho especializado quanto na vida


cotidiana, as informações chegam cada vez mais “codificadas”,
de acordo com levantamentos de dados que, mesmo quando são
altamente qualificados e transparentes, limitam a possibilidade
de compreensão de seu significado concreto, isto é, de quais os
impactos presumíveis a partir de tais informações.

Nesse sentido, faz-se cada vez mais pertinente a elaboração


e difusão de análises que exemplifiquem, traduzam e facilitem
a compreensão de dados técnicos, engendrando propostas de
aprimoramento de práticas de gestão administrativa e da compilação
da produção teórica em dada área de conhecimento acadêmico.

Pode-se dizer que esse foi, portanto, o desafio enfrentado por


esta edição da Revista Linguagem Acadêmica, ao incluir em seu
escopo artigos que consideraram desde a produção historiográfica
sobre um tema/período, passando pela análise de ferramentas
gerenciais e distribuição de energia, até a aprendizagem gamificada.

As diferentes formas de comunicação e linguagem acadêmicas


interpelam as práticas cotidianas, desafiando as pessoas no fluxo da
vida. O conjunto de conhecimentos que todos precisam desenvolver
em várias áreas da vida tem se tornado cada vez maior e mais
complexo.

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Desenvolver a capacidade de avaliar diversos temas faz


parte do processo de elaboração das práticas especializadas, mas
também corrobora a participação cidadã na medida em que permite
a verificação de dados, a veracidade de informações e o alcance
possível das inovações em diversas áreas, inclusive na educação.
Portanto, trata-se de objeto de atenção para todos.

Posto isso, ressalto a importância dos debates apresentados e


desejo aos leitores e leitoras uma excelente leitura!

Prof. Dr. Everton Luís Sanches


Membro do Comitê Editorial da Revista Linguagem Acadêmica

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Relações bilaterais Brasil-Argentina:


uma análise da produção historiográfica sobre
o período compreendido entre a Declaração de
Uruguaiana e o Tratado Tripartite (1961-1979)

Marcos Augusto Albiero SAKIMOTO1

Resumo: Este artigo tem por objeto a revisão bibliográfica de produções que
versam sobre as relações bilaterais e os movimentos geopolíticos entre Brasil
e Argentina, compreendidos no período entre o encontro da Declaração de
Uruguaiana (1961) e o Acordo Tripartite sobre Coordenação Técnico-Operativa
para o Aproveitamento Hidrelétrico de Itaipu e Corpus (1979). A partir da análise
de autores naturais de ambos os países, constrói-se uma base teórica homogênea
sobre o período, ainda que determinados pontos apresentem variações de opinião
em função de preferências nacionais ou político-ideológicas. Ao final, mostra-
se que os autores concordam que brasileiros e argentinos lograram superar, ao
longo de sucessivos governos civis e militares, dezoito anos de rivalidade e
elevar o relacionamento bilateral do nível da instabilidade e rivalidade ao da
estabilidade e cooperação.

Palavras-chave: Relações Brasil-Argentina. Geopolítica. Declaração de


Uruguaiana. Acordo Tripartite.

1
Marcos Augusto Albiero Sakimoto. Especialista em Gestão Tributária pelo Centro Universitário do
Distrito Federal (UDF). Bacharel em Engenharia Eletrônica pela Universidade Tecnológica Federal do
Paraná (UTFPR). E-mail: marcos.sakimoto@gmail.com.

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Brazil-Argentina bilateral relations:


an analysis of historiographic production on
the period between the Uruguaiana Declaration
and the Tripartite Agreement (1961-1979)

Marcos Augusto ALBIERO SAKIMOTO

Abstract: This article has as its object the bibliographical revision of productions
that deal with the bilateral relations and the geopolitical movements between Brazil
and Argentina, in the period between the meeting of the Uruguaiana Declaration
(1961) and the Tripartite Agreement on Technical-Operative Coordination for
the Hydroelectric Use of Itaipu and Corpus Power Stations (1979). From the
analysis of authors from both countries, a homogeneous theoretical base is built
on the period, although certain points present variations of opinion according
to national or political-ideological preferences. In the end, it is shown that the
authors agree that Brazilians and Argentinians have managed to overcome
eighteen years of rivalry through successive civil and military governments and
elevate the bilateral relationship from the level of instability and rivalry to that of
stability and cooperation.

Keywords: Brazil-Argentina Relations. Geopolitics. Uruguaiana Declaration.


Tripartite Agreement.

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1.  INTRODUÇÃO

Conhecer a construção das relações bilaterais entre


Brasil e Argentina é essencial para entender a dinâmica atual de
entendimentos entre ambos, bem como para prospectar possíveis
cenários geopolíticos que poderão surgir ao longo dos anos
vindouros. Especificamente, o período compreendido entre o
encontro da Declaração de Uruguaiana (1961) e a assinatura do
Acordo Tripartite sobre Coordenação Técnico-Operativa para o
Aproveitamento Hidrelétrico de Itaipu e Corpus (1979) apresenta-
se como uma rica fonte de informações para se analisar as oscilações
às quais o arranjo bilateral pode se sujeitar.
Nesse sentido, a revisão de destacadas referências
bibliográficas, brasileiras e argentinas, torna-se primordial, visto que
estas podem brindar narrativas e pontos de vista distintos entre si.
A partir da comparação dessas múltiplas explanações sobre o tema,
logra-se construir um embasamento teórico confiável e consolidar
os conhecimentos sobre o recorte temporal em observação.
Este artigo tem como objetivo revisar distintas teorias
históricas e geopolíticas acerca dos momentos de rivalidade e de
cooperação entre Brasil e Argentina no período de 1961 a 1979,
comparando-se os pontos de convergência e de divergência entre
os autores selecionados. Para realizar a revisão bibliográfica, opta-
se por reunir publicações literárias e científicas de autores das duas
nacionalidades, sobretudo para detectar eventuais diferenças de
visões e de pensamentos ou, até mesmo, de afinidades nacionais.
Adicionalmente, decide-se por mesclar obras especializadas
nas relações bilaterais dos países com outras que abordam o
relacionamento histórico deles em um contexto mais amplo e
diverso.

2.  DESENVOLVIMENTO

A revisão de distintas teorias históricas e geopolíticas acerca


dos momentos de rivalidade e de cooperação entre Brasil e Argentina,
no período de 1961 a 1979, é essencial para a compreensão da

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atual configuração das relações bilaterais entre ambos. Essas datas


marcam, respectivamente, o Encontro da Declaração de Uruguaiana
e a assinatura do Acordo Tripartite sobre Coordenação Técnico-
Operativa para o Aproveitamento Hidrelétrico de Itaipu e Corpus,
podendo o transcurso desse ciclo ser considerado como a virada de
um cenário de instabilidade conjuntural para outro de estabilidade
estrutural no relacionamento brasileiro-argentino.
Essa divisão em fases, aliás, é feita por um dos autores
analisados – o diplomata brasileiro Alessandro Candeas –, que
volta a sua obra para a construção de uma política externa brasileira
de longo prazo, com o objetivo de fomentar a integração com o país
vizinho. De igual forma, especialistas argentinos também atribuem
especial importância a esse interregno, como, por exemplo, Sosa e
Dirié (2018), que afirmaram que a assinatura do Acordo Tripartite
encerrou um extenso ciclo de rivalidade que se inaugurou após a
Declaração de Uruguaiana.
O encontro da cidade de Uruguaiana/RS, fronteira com Paso
de los Libres (Argentina), ocorreu entre os dias 20 e 22 de abril
de 1961, com a presença dos presidentes Jânio Quadros (1961)
e Arturo Frondizi (1958-1962). Nele, chegou-se à assinatura de
acordos que elevaram o patamar de cooperação a níveis até então
inéditos nas relações entre os países.
Toda a bibliografia analisada que toca nesse ponto é unânime
em afirmar que Uruguaiana derivou, em grande medida, do bom
clima bilateral criado pela proposta da Operação Pan-americana
(1958), pelo presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961), que,
segundo Bueno (2015), almejava maior participação brasileira nas
decisões internacionais do hemisfério. Por meio dela, países latino-
americanos reclamavam do esquecimento dos Estados Unidos em
relação ao resto do continente nos primeiros anos da Guerra Fria.
O encontro na fronteira brasileiro-argentina pode ser
entendido, justamente, como um movimento geopolítico conjunto,
que exigia da própria América Latina maior protagonismo e
autonomia global. A grande prova disso é ele ter ocorrido menos de
uma semana após a tentativa estadunidense de invasão da Baía dos

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Porcos, que fez com que Fidel Castro declarasse que a Revolução
Cubana assumiria o caráter socialista.
Quanto aos resultados de Uruguaiana, os argentinos Sosa
e Dirié (2018) enfatizam que Frondizi não aceitou a proposta
brasileira de divisão do trabalho bilateral (o Brasil forneceria
aço; a Argentina, trigo) e que o acordo fez o Brasil sair, ainda que
timidamente, da esfera de influência dos Estados Unidos. Nos
aspectos gerais, por sua vez, todos os autores concordam que ele era
inovador, amplo e que não passou da teoria, principalmente após a
saída não convencional dos dois presidentes do poder – o brasileiro
renunciou com apenas oito meses de mandato; o argentino foi
derrubado por um levante militar.
Um ponto de destaque fica por conta de Ferres (2004, p. 662),
que ressalta justamente o provável início da contenda sobre Itaipu
já naquele período:
Em junho de 1961, na reunião de Uruguaiana entre Jânio
Quadros e Arturo Frondizi, abordava-se, pela primeira
vez, um tema que se tornaria, alguns anos depois, o
pomo da discórdia entre os dois países: o aproveitamento
do rio Paraná, na região das Sete Quedas, local onde
posteriormente se construiria Itaipu. No encontro de
Uruguaiana, Quadros afirmou que o aproveitamento
energético do Rio Paraná deveria ser realizado de forma
conjunta entre Brasil e Argentina.
No âmbito dos governos nacionais sucessores, Bandeira
(2015) e Ferres (2004) destacam que o presidente João Goulart
(1961-1964) reforçou o espírito de Uruguaiana e que houve uma
tentativa de aproximação ao Brasil pelo presidente Arturo Illia
(1963-1966). Porém, entre 1964 e 1966, de acordo com Doratioto
(2014), surge uma incompatibilidade entre o governo civil argentino
e o regime militar do Marechal Humberto Castelo Branco (1964-
1967).
Candeas (2017) refere-se ao governo de Illia como pouco
ativo, por se encontrar fragilizado em relação ao legislativo e
às forças militares argentinas. Paradiso (2005), por outro lado,
considera muito ativa e eficiente a diplomacia portenha da época
por ter tratado, sobretudo, do aumento da jurisdição marítima e

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do aproveitamento conjunto – com o Brasil, Bolívia, Paraguai e


Uruguai – dos recursos naturais da Bacia do Rio da Prata, o que
levaria, em abril de 1969, à assinatura do Tratado da Bacia do Rio
da Prata.
Nesse sentido, Ferres (2004, p. 662) reforça a preocupação
geopolítica do governo argentino com a posição do país a jusante
do Rio Paraná:
Em 1965, o governo argentino realizou uma consulta aos
demais países integrantes do Cone Sul (Brasil, Bolívia,
Paraguai e Uruguai) com o objetivo de organizar uma
reunião para estabelecer parâmetros para o aproveitamento
dos recursos da Bacia do Prata. A ideia do governo Arturo
Illia era vincular os países a um esforço com o objetivo de
promover a integração física e organizar o aproveitamento
dos recursos naturais da região. Para isso, foi elaborado
um projeto para o aproveitamento da Bacia do Prata, com
a assessoria do chanceler argentino, Guillermo Cano,
um dos mais conceituados especialistas na área. No
documento, Cano afirmava que a Argentina se situava
“águas abaixo” na Bacia, o que a colocava em uma situação
de desvantagem em relação ao Brasil. A ideia de Cano era
buscar um entendimento com o Brasil na construção de
obras na região da Bacia do Prata que não ocasionasse
danos à Argentina.
Com um primeiro período de coincidência de governos
militares, após a tomada de poder pelo tenente-general Juan Carlos
Onganía (1966-1970), na autodenominada Revolução Argentina,
inicia-se uma fase de oscilações nas relações bilaterais. Nesse
momento, inclusive, há uma notável variação nas análises feitas
pelos especialistas de ambos os países.
Os argentinos Rapoport e Madrid (2015) e Sosa e Dirié
(2018) destacam, por exemplo, a tentativa de constituição de
união aduaneira proposta por Castelo Branco e que favoreceria,
obviamente, o Brasil. Já o brasileiro Candeas (2017) ressalta que
o governo Onganía foi marcado pela dependência em relação aos
Estados Unidos e pelo isolamento regional, inviabilizando qualquer
avanço na integração latino-americana. Ferres (2004), por seu
turno, assume uma posição mais radical ao afirmar que Onganía
tentava reconstruir o “Vice-Reino do Rio da Prata” e recuperar,

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regionalmente, o poder que a Argentina vinha perdendo desde a


década de 1950. Em sua opinião, isso poderia ser observado pela
assinatura do Tratado da Bacia do Rio da Prata, obtido a contragosto
dos militares brasileiros, os quais não queriam comprometer a
liberdade de ação do governo.
Apesar de divergências pontuais de opiniões sobre a década
de 1960, é de geral concordância que a divulgação da assinatura
da Ata das Cataratas (1966), entre Brasil e Paraguai, aumentou
substancialmente as tensões com a Argentina. Assinada em Foz
do Iguaçu/PR – somente um ano após a inauguração da Ponte
Internacional da Amizade e a despeito de qualquer consulta ao
governo portenho –, ela explicitava ineditamente a intenção de se
construir a usina binacional de Itaipu e estabelecia diretrizes para
os futuros termos de gestão contratual com a parte paraguaia.
Há, ainda, uma percepção uníssona sobre a mudança de
orientação do Itamaraty sob o governo do Marechal Artur da Costa
e Silva (1967-1969), com o abandono do alinhamento incondicional
aos Estados Unidos e da questão das fronteiras ideológicas. A política
exterior brasileira passava a adotar o pragmatismo, sobretudo em
suas relações econômicas, apesar de posteriormente ter participado
da Operação Condor com as demais ditaduras no Cone Sul.
Nesse contexto, é imprescindível se ter em conta que um dos
mentores do regime de exceção brasileiro foi o General Golbery
do Couto e Silva. Pelas ideias expressadas na obra Geopolítica
do Brasil (1966), o nome do militar causou muita preocupação
entre pensadores argentinos, que, como Sosa e Dirié (2018), viam
sua concepção ideológica como sendo uma espécie de “destino
manifesto” imperialista do Brasil na América do Sul.
Coincidindo com o governo do General Emílio Garrastazu
Médici (1969-1974), o último presidente militar da famigerada
Revolução Argentina foi o General Alejandro Lanusse (1971-
1973), que também começou a adotar uma postura mais pragmática
para seu país. A diplomacia de Lanusse passou a acusar com
mais ênfase o Brasil de praticar o imperialismo e a buscar maior
aproximação com os vizinhos da Bacia do Rio da Prata, para fazer
um contrabalanço geopolítico no Cone Sul.

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A esse respeito, Candeas (2017) afirma que esse seria um dos


momentos de maior constrangimento nas relações bilaterais, tendo
como ponto de destaque a questão do aproveitamento hídrico na
região. Nesse sentido, Ferres (2004) e Friedrich e Guimarães (2015)
destacam a insistência de Lanusse em tentar equacionar o problema
na seara do direito internacional – uma das poucas opções restantes
à Argentina –, já que o Brasil não retrocedia na questão de Itaipu e
se recusava a submeter o projeto à consulta prévia a Buenos Aires.
Uma das principais apostas portenha foi levar o tema à
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano,
de 1972, em Estocolmo (Suécia). Segundo Doratioto (2014), o
chanceler brasileiro Mário Gibson Barboza e o argentino Eduardo
McLoughlin chegaram a um acordo no qual o Brasil não se
comprometeria a consultar, mas sim a informar previamente
a Argentina sobre a utilização hídrica na Bacia do Rio da Prata.
Entretanto, o ajuste viria ser denunciado no efêmero governo de
Hector Cámpora (1973), sucessor civil de Lanusse.
Cámpora fez parte da transição ao terceiro termo na presidência
de Juan Domingos Perón (1973-1974), que, para a concordância
geral de autores dos dois países, buscou uma reaproximação com
as nações vizinhas e, sobretudo, com o Brasil, em que se iniciava
o governo do General Ernesto Geisel (1974-1979). Alguns dos
teóricos, porém, divergem em relação à aproximação de Perón
com o Uruguai: Candeas (2017) enxerga uma grande preocupação
brasileira com esse movimento – diferentemente de Doratioto
(2014); Sosa e Dirié (2018), por outro lado, veem o acercamento
platense como uma simples tentativa portenha de se desvencilhar
de um cerco geopolítico; Bandeira (2015), por fim, é mais drástico e
afirma que Geisel estaria disposto até mesmo a intervir na república
oriental caso ela aceitasse a proposta de conformação de uma união
aduaneira com a Argentina.
Os pensadores assentem, novamente, em relação ao total
fracasso internacional do governo de María Estela de Perón (1974-
1976), incluindo-se a estagnação nas relações com o Brasil. Não à
toa, novo golpe militar instala na presidência o então Comandante-
geral do Exército Argentino – o tenente-general Jorge Rafael Videla

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(1976-1981) –, que retoma a aproximação com o Brasil, ainda que


permanecesse pendente a questão de Itaipu.
O último embate geopolítico antes do Acordo Tripartite é
mencionado por Bandeira (2015) e Doratioto (2014) e diz respeito
ao bloqueio argentino ao túnel rodoviário Cuevas-Caracoles, em
1978, na fronteira argentino-chilena. Estando essa passagem em
uma das principais rotas de cargas terrestre em direção ao Chile,
Geisel interpreta o fechamento como uma manobra para forçar
negociações sobre Itaipu e revida com a obstrução ao fluxo de
cerca de 80% da frota de caminhões argentinos para o Brasil. Nessa
época, iniciam-se, então, as conversas trilaterais entre brasileiros,
argentinos e paraguaios sobre o imbróglio hídrico.
Com unanimidade de opiniões, destaca-se o salto positivo
nas relações bilaterais com a ascensão do General João Baptista de
Oliveira Figueiredo (1979-1985), com quem finalmente ocorreria,
em 1979, a assinatura do Acordo Tripartite sobre Coordenação
Técnico-Operativa para o Aproveitamento Hidrelétrico de Itaipu e
Corpus. As relações bilaterais, pela primeira vez, passam do nível
da instabilidade conjuntural ao da estabilidade estrutural, conforme
a nomenclatura adotada por Candeas (2005). Figueiredo realiza
uma visita presidencial a Buenos Aires em 1980, algo que não
ocorria desde 1935; Videla a retribui naquele mesmo ano.
Nesse contexto, a eleição de Jimmy Carter nos Estados
Unidos, em 1977, foi um dos fatores que reaproximaram Brasil e
Argentina, visto que se iniciou uma enorme pressão sobre ambos
em relação aos Direitos Humanos. Ademais, o recrudescimento do
litígio com o Chile sobre o Canal de Beagle, em 1978, obrigou
a Argentina, segundo Sosa e Dirié (2018), a aceitar a reabertura
das negociações sobre Itaipu, proposta pelo chanceler brasileiro
Azeredo da Silveira. A diplomacia portenha recuava no Prata para
se concentrar na Terra do Fogo.
Rapoport e Madrid (2015), nesse ponto, ressaltam que
a assinatura do termo desatou instantaneamente negociações
bilaterais com o objetivo de eliminação de barreiras ao comércio,
cooperação energética, execução de projetos conjuntos e formação
de empresas binacionais, tudo em conjunto com a proposta de

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formação da Associação Latino-Americana de Desenvolvimento


e Integração (Aladi). Ferres (2004), em outro exemplo, reconhece
a mudança qualitativa promovida por Figueiredo, indicada pela
imediata assinatura do acordo no formato requerido por Buenos
Aires e com conteúdo proposto por Brasília.
Uma interessante síntese geopolítica do período compreendido
entre a Declaração de Uruguaiana e o Acordo Tripartite, finalmente,
vem de Sosa e Diré (2018, p. 292), que expõem o sentimento que
restou em boa parte da sociedade argentina:
Depois de dezoito anos de disputa pela liderança, a
Argentina admitia que seu vizinho a havia superado.
A Argentina – nesse intervalo – sustentava conflitos
simultâneos com Chile e Reino Unido. A ditadura militar
argentina compreendeu que tanto a prudência quanto o
“realismo” aconselhavam a alcançar um acordo com o
Brasil sobre o tema das represas2 (tradução nossa).

3.  CONSIDERAÇÕES FINAIS

O grau de permanente cooperação existente nas relações


bilaterais entre Brasil e Argentina – apesar da ocorrência de
esporádicas oscilações – tem a contribuição dos entendimentos
alcançados no desfecho do período compreendido entre o
encontro da Declaração de Uruguaiana (1961) e a assinatura do
Acordo Tripartite sobre Coordenação Técnico-Operativa para o
Aproveitamento Hidrelétrico de Itaipu e Corpus (1979). Parte
significativa das movimentações geopolíticas da época ainda é
debatida marcantemente na historiografia e é, inclusive, utilizada
para se projetar o futuro relacionamento entre os países.
A partir da revisão bibliográfica sobre o tema, nota-se que
são inúmeras as obras literárias e acadêmicas que o abordam, de
maneira genérica ou detalhada. Percebe-se, ainda, que os estudos
apresentam, limitadamente, diferenças de opiniões que variam
majoritariamente em função do espectro político ao qual o autor
2
“Después de dieciocho años de disputa por el liderazgo, la Argentina admitía que su vecino lo había
superado. La Argentina – en ese entonces – sostenía conflictos simultáneos con Chile y el Reino Unido.
La dictadura militar argentina comprendió que, tanto la prudencia como el ‘realismo’, le aconsejaban
alcanzar un acuerdo con el Brasil en el tema de las represas.”

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possui maior afinidade e também da nacionalidade de quem analisa


a questão.
Não obstante haver divergências pontuais, é evidente a
convicção dos teóricos de que os países lograram passar as relações
bilaterais, após dezoito anos, do nível da instabilidade conjuntural
ao da estabilidade estrutural, conforme a tese de Candeas (2005).
Ou então, parafraseando as ideias de Sosa e Dirié (2018), verifica-
se que a assinatura do Acordo Tripartite, em 1979, encerrou um
extenso ciclo de rivalidade que se inaugurou após a Declaração de
Uruguaiana, de 1961.

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integração. In: CERVO, A. L.; RAPOPORT, M. (Orgs.). História do Cone Sul. 2.
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Panorama da geração distribuída no Brasil,


com foco em fontes de energias renováveis

Luiza Ferreira de ALMEIDA1


Adriana Duarte de Souza CARVALHO2

Resumo: A geração distribuída baseada em fontes de energias renováveis


se apresenta como uma solução à necessidade de um setor energético mais
diversificado e de um fornecimento de energia elétrica mais barato, eficiente
e limpo. Assim, o estudo da situação das energias renováveis na micro e
minigeração de energia, bem como a elaboração de um panorama, possibilita
o entendimento da geração distribuída e das energias renováveis no Brasil, e
viabiliza a compreensão das vantagens e desvantagens dessa forma de geração
de energia, bem como das perspectivas para a geração distribuída proveniente de
fontes sustentáveis no setor energético brasileiro. Este trabalho discute a geração
distribuída no âmbito nacional e desenvolve um panorama com relação à geração
descentralizada proveniente de fontes renováveis no Brasil.

Palavras-chave: Geração Distribuída. Energias Renováveis. Sustentabilidade.

1
Luiza Ferreira de Almeida. Especialista em Energias Renováveis pelo Claretiano – Centro
Universitário. Bacharel em Engenharia Industrial Elétrica pelo Instituto Federal da Bahia (IFBA).
E-mail: luizaalmeida789@gmail.com.
2
Adriana Duarte de Souza Carvalho. Doutora em Ciência Política pela Universidade Federal de São
Carlos (UFSCar). Mestre em Sociologia pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Licenciada e
Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). E-mail: adrianacarvalho@
claretianorc.com.br.

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Panorama of distributed generation in Brazil


with a focus on renewable energy sources

Luiza Ferreira de ALMEIDA


Adriana Duarte de Souza CARVALHO

Abstract: Distributed generation based on renewable energy sources presents


itself as a solution to the need for a more diversified energy sector and a cheaper,
more efficient and cleaner electricity supply. Thus, the study of the situation
of renewable energies in micro and mini generation of energy as well as the
elaboration of a panorama makes it possible to understand the distributed
generation and renewable energies in Brazil, and it also allows us to understand
the advantages and disadvantages of this form of energy generation and the
prospects for distributed generation based on sustainable sources in the Brazilian
energy sector. This paper discusses the generation distributed at the national level
and develops an overview regarding decentralized generation from renewable
sources in Brazil.

Keywords: Distributed Generation. Renewable Energy. Sustainability.

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1.  INTRODUÇÃO

A geração de energia sempre foi um fator importante para


o desenvolvimento social e econômico em todo o mundo, bem
como peça-chave para a edificação do modelo de sociedade em
que se vive atualmente. Com o crescimento da demanda de energia
e a consequente crise no setor elétrico, fica claro que é inviável
aos países ao redor do mundo continuar apoiando suas matrizes
energéticas em sistemas centralizados e baseados em fontes de
energia fósseis (ARAÚJO, 2016; CRUZ, 2015; WANG, 2006;
TRIGOSO et al., 2010).
Há uma necessidade de adesão a alternativas mais sustentáveis
de geração de eletricidade diante da atual conjuntura mundial,
que exige uma solução com relação ao esgotamento de fontes
não renováveis de energia e à nocividade que a emissão de gases
poluentes pode representar para o meio ambiente (ARAÚJO, 2016;
CRUZ, 2015; WANG, 2006; PEDRO, 2018).
Sendo o Brasil um país grande, que se desenvolve cada
vez mais, fica claro que já não convém continuar dependendo
majoritariamente da geração hidráulica, porque há potencial
para outros tipos de geração mais limpas e sustentáveis que as
hidrelétricas, e também porque cada vez mais é necessário que
se leve eletricidade a pontos mais afastados dos grandes centros
de geração de energia elétrica e, quando a energia é produzida
em hidrelétricas, são requeridas longas linhas de transmissão,
dentre outros desafios que podem comprometer a confiabilidade
do fornecimento de energia e ocasionar perdas (TRIGOSO et al.,
2010; POLIZEL, 2007; NARUTO, 2017).
Assim, surge o interesse em discutir, estudar e entender a
viabilidade da geração distribuída (GD), que consiste na geração
de energia elétrica em pontos mais próximos ao consumidor final,
diferentemente da geração centralizada, na qual a energia é gerada
em pontos bem distantes (TRIGOSO et. al., 2010; SANTOS;
SANTOS, 2008; DIAS, 2005; POLIZEL, 2007; BARBOSA
FILHO; AZEVEDO, 2013).

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2.  ESTADO DA ARTE

O conceito de geração distribuída tem se popularizado ao


redor do mundo e representa uma alternativa ao sistema saturado
de produção centralizada, pois, diferentemente desta, a GD, em
geral, dispensa linhas de transmissão, já que a fonte de geração de
energia é conectada diretamente à rede de distribuição, e por vezes
a conexão é feita de forma direta com o consumidor. Em muitos
casos, a geração distribuída consiste na conexão de pontos de micro
e minigeração residencial, comercial e industrial à rede elétrica, de
forma complementar à geração centralizada, como pode ser visto
na Figura I, mas a GD é feita também de forma isolada, em pontos
muito distantes para serem abastecidos pelas linhas de distribuição
e aos quais seria muito caro levar linhas de transmissão, por serem
isolados e longínquos. Assim sendo, a geração distribuída pode ser
tanto uma alternativa quanto um modo de complementar a geração
e distribuição centralizada (DIAS, 2005; BARBOSA FILHO;
AZEVEDO, 2013; POLIZEL, 2007; NARUTO, 2017).
Figura I. Geração distribuída combinada com geração centralizada.

Fonte: Almeida (2018, p. 22).

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A geração distribuída representa uma vantagem com relação à


centralizada no sentido de aumentar a confiabilidade do fornecimento
de energia; diminuir os gastos com construção e manutenção de
subestações, linhas de transmissão etc.; reduzir as perdas de energia
elétrica; e, consequentemente, melhorar a eficiência energética,
diminuindo, assim, o valor final pago pelo consumidor pelo serviço
como um todo. Além disso, a GD possibilita a micro e minigeração
de energia limpa e diminui a dependência do país com relação às
fontes fósseis de geração de energia, o que garante menor impacto
ambiental. Ainda, é possível destacar, como consequência da adoção
da GD, a geração de empregos e o desenvolvimento econômico
de forma local (BARBOSA FILHO; AZEVEDO, 2013; SANTOS;
SANTOS, 2008; NARUTO, 2017).

Geração distribuída no Brasil

No Brasil, a geração distribuída já vinha se desenvolvendo


de forma tímida, por representar uma alternativa mais barata
e confiável, mas um grande fator de impulso para o aumento
de investimentos na área foi a crise no setor elétrico em 2001.
Dentre os tipos de geração descentralizada que mais se destacam
no âmbito nacional, é possível citar turbinas a gás, motores de
combustão, energia geotérmica, Pequenas Centrais Hidrelétricas
(PCHs), energia eólica, energia fotovoltaica, energia solar térmica,
motores recíprocos, microturbinas e armazenamento em baterias e
capacitores (BARBOSA FILHO; AZEVEDO, 2013; DIAS, 2005).
Devido à necessidade de utilização de fontes sustentáveis
de geração de energia na composição da matriz energética, seja
pela pressão por uma mudança no tipo de energia usado ao redor
do mundo, ainda, em sua maioria, proveniente de fontes fósseis,
seja também pelo fato de o Brasil possuir grande potencial eólico,
solar e de outros tipos de energia limpa que podem e devem ser
explorados, a geração de energia por meio de fontes renováveis
vem ganhando cada vez mais destaque na geração distribuída.
Além disso, a própria legislação e os incentivos fiscais à micro e
minigeração no Brasil referem-se à geração de energia por fontes
renováveis (ARAÚJO, 2016; PEDRO, 2018; CRUZ, 2015).

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A Resolução Normativa (RN) da Aneel n.º 482, de abril


de 2012, prevê a possibilidade de conexão de energia gerada
por unidades consumidoras (UCs) à rede de distribuição, sendo
que, segundo a norma, a energia deve ser proveniente de micro
e minigeração e seu excedente será convertido em créditos que
poderão ser utilizados em até 60 meses. Além disso, a norma prevê
que consórcios e cooperativas podem produzir energia, sendo
esta creditada aos associados, e os créditos podem ser aplicados
em outra propriedade desde que esta pertença ao mesmo dono
da UC que gera a energia. A RN define como microgeração a
geração de energia com centrais cuja potência instalada é menor
que 75kW, enquanto na microgeração a potência instalada deve
estar entre 75kW e 3MW para fontes hídricas, e entre 75kW e
5MW para demais fontes. Em ambos os casos, a geração deve
ser feita exclusivamente por fontes renováveis, o que demonstra
a importância da energia sustentável para a geração distribuída
(ALMEIDA, 2018; ANEEL, 2012).

Geração distribuída baseada em fontes de energia eólica

A energia eólica é aquela gerada por meio da conversão


de energia cinética dos ventos em elétrica, feita geralmente por
aerogeradores e turbinas eólicas, as quais podem ser de eixo
vertical ou horizontal, sendo o primeiro tipo mais amplamente
utilizado para gerar potências menores, como no caso de sistemas
de pequenas unidades de geração a serem conectadas à rede de
distribuição na geração descentralizada; já as turbinas de eixo
horizontal são mais utilizadas em plantas que produzem altas
potências. No Brasil, desde 2013, já são produzidas turbinas
de eixo vertical próprias para uso residencial, como é possível
ver na Figura II, que aproveitam ventos característicos de áreas
urbanas de maneira mais eficiente (LIU, 2011; ALMEIDA, 2018;
ARAÚJO, 2016).

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Figura II. Turbina de eixo vertical para instalações residenciais.

Fonte: Almeida (2018, p. 30).

A geração de energia por meio de turbinas e aerogeradores


consiste na conversão da energia cinética dos ventos, que encontra
as pás do sistema, em energia mecânica por meio da turbina. Após
isso, a energia mecânica é convertida em elétrica por um gerador
(LIU, 2011; ALMEIDA, 2018; ARAÚJO, 2016).
Atualmente, os geradores aplicados aos sistemas eólicos
podem ser síncronos, de indução em gaiola e de indução de rotor
bobinado. Quando o sistema possui velocidade fixa, em geral,
utiliza os geradores de indução em gaiola e dispensa a presença de
conversor, sendo esse sistema diretamente conectado à rede. Já os
sistemas de velocidade variável, em geral, precisam de conversores
de potência que os conectem à rede elétrica. Neles os geradores
são síncronos, ou de indução duplamente alimentados. A eficiência
teórica dos sistemas das turbinas eólicas é determinada pelo
coeficiente de Betz, sendo ele 59,3%, mas, na prática, a eficiência
de uma turbina real geralmente chega a 49%, o que é uma eficiência
alta quando comparada a de outros sistemas de energia renovável
(LIU, 2011; ALMEIDA, 2018; ARAÚJO, 2016).

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Geração distribuída baseada em fontes de energia solar

A energia solar, por sua vez, pode ser obtida pela conversão,
por meio de painéis fotovoltaicos, da energia térmica proveniente do
Sol em energia elétrica ou térmica – utilizada, em geral, para aquecer
água para banho, para piscinas em residências, e para processos
industriais. Os painéis fotovoltaicos são amplamente utilizados nas
grandes plantas de energia solar e a energia é produzida por meio
do efeito fotovoltaico, no qual a luz solar, composta por fótons,
colide com as placas fotovoltaicas feitas de silício; a partir dessa
colisão, elétrons se movimentam e, consequentemente, corrente
elétrica é gerada, a qual deve ser convertida em energia elétrica útil
por meio de um inversor presente no sistema solar. Na Figura III,
é possível ver o esquema simplificado de um sistema fotovoltaico
conectado à rede de distribuição (ARAÚJO, 2016; CRUZ, 2015;
PEDRO, 2018; NARUTO, 2017).

Figura III. Esquema simplificado de um sistema solar fotovoltaico


a ser utilizado em GD.
Fonte: Pedro (2018, p. 16).

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A eficiência das células fotovoltaicas varia entre 6 e 21%,


sendo a média 14%. No Brasil, 90% dos investimentos em GD
são referentes à energia solar, seja em ambiente residencial urbano
ou em propriedades rurais mais isoladas. A instalação dos painéis
fotovoltaicos nos tetos representa uma facilidade que compensa o
fato de as tecnologias ainda terem custo relativamente elevado e a
eficiência ser menor do que a geração de energia eólica, por exemplo
(ARAÚJO, 2016; CRUZ, 2015; PEDRO, 2018; NARUTO, 2017).

Geração distribuída baseada em biomassa

Na geração de energia por meio de biomassa, os resíduos


são queimados, e a energia térmica que resulta dessa combustão é
convertida em mecânica por uma máquina. Essa energia, por sua
vez, será convertida em elétrica por um gerador. As duas tecnologias
mais comuns na geração de energia por biomassa são a combustão
direta e a gaseificação, sendo a eficiência de até 25% e, quando
envolve cogeração, essa eficiência pode chegar até 30% (DIAS,
2005; BARBOSA FILHO; AZEVEDO, 2013; NARUTO, 2017).
No Brasil, um ponto positivo da geração de energia por biomassa
é que, no país, há extenso cultivo e boas condições climáticas, além
de muita produção de resíduos de origem vegetal e animal, e o
fato de a biomassa poder ser produzida a partir de vários tipos de
materiais é vantajoso. Entretanto, é necessário observar que, quando
comparada às energias eólica e energia solar, a biomassa tem baixa
eficiência. Além disso, a queima dos resíduos pode estar associada
a doenças respiratórias, podendo causar impactos ambientais. Por
fim, o armazenamento da biomassa sólida é difícil (DIAS, 2005;
BARBOSA FILHO; AZEVEDO, 2013; NARUTO, 2017).

Evolução da geração distribuída no Brasil

Enquanto se previa que a potência instalada proveniente de


geração distribuída chegaria a 500MW em 2019, essa meta foi
mais que triplicada, sendo a maior parte referente a instalações
de células fotovoltaicas e aquecedores solares. Assim sendo, em

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30 ISSN 2237-2318

relação ao cenário da GD no Brasil, é interessante discutir geração


eólica, fotovoltaica e biomassa, que têm se destacado nos últimos
anos no tocante a micro e minigeração a partir de fontes renováveis
(ANDRADE FILHO, 2019).
De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME),
a potência instalada de GD em 2019 foi de 1,029GW, sendo a
capacidade instalada de geração fotovoltaica de 889MW, e de
geração eólica, de 10MW. Quanto à geração de energia por biomassa,
a capacidade total instalada chegou a 14,8GW, sendo a maior parte
da potência gerada proveniente de cogeração e geração distribuída.
Há uma expectativa de que a capacidade total instalada de GD
chegue a 12GW em 2027, já que existe um mercado em expansão
para esses tipos de geração de energia, e, apenas considerando a
geração distribuída, o Brasil possui potencial teórico de geração
solar de 164GW, enquanto o potencial eólico total do país é de
800GW (ANDRADE FILHO, 2019).
É necessário observar, entretanto, que a evolução na
quantidade de pequenas centrais geradoras de energia que compõem
o sistema de geração distribuída não acompanhou as perspectivas de
crescimento que haviam sido determinadas, enquanto a capacidade
instalada foi além dessas perspectivas. Isso indica que os subsídios
governamentais podem estar sendo direcionados a produtores
maiores, o que seria paradoxal, já que os incentivos à geração
distribuída devem priorizar a geração em menor escala.
Outro fator a ser observado são os entraves e dificuldades que
o consumidor encontra, pois as concessionárias costumam impor
exigências que não deveriam existir para que seja feita a conexão
das pequenas centrais geradoras à rede, já que as concessionárias
tendem a querer inviabilizar a GD para que seja possível manter o
monopólio na geração de energia elétrica. O fato de os critérios das
concessionárias não serem regulados pela Aneel permite que ajam
de forma abusiva e, assim, há uma falta de estímulo, além de uma
grande complexidade para que o consumidor passe a ser investidor
na geração distribuída.

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3.  CONSIDERAÇÕES FINAIS

A substituição de uma matriz energética extremamente


centralizada por uma descentralizada é um processo natural em um
país tão extenso e com uma demanda que cresce exponencialmente
como o Brasil. A inserção de fontes renováveis de energia na
matriz elétrica brasileira por meio da GD é uma solução que traz
inúmeros benefícios sociais, econômicos e políticos para a nação,
e representa um avanço para o setor elétrico nacional, oferecendo
a oportunidade de eletricidade mais barata e confiável, gerada por
fontes sustentáveis e ambientalmente amigáveis.
Apesar dos inúmeros benefícios e de mostrar crescimento
expressivo no Brasil, a GD ainda encara alguns obstáculos, e
pode e deve ser mais economicamente sustentável, alocando-
se os incentivos financeiros de forma justa e evitando que sejam
direcionados majoritariamente à geração de maiores potências.
Dessa forma, é possível permitir que haja maior destaque da micro
e minigeração na matriz energética e uma maior expressão no
número de pontos conectados à rede, e não apenas o já notável
aumento na potência instalada. As distribuidoras de energia, muitas
vezes, acabam agindo de forma a prejudicar o desenvolvimento da
GD, e frequentemente os consumidores acabam sendo prejudicados
pelos entraves impostos para a instalação e conexão à rede.

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Empowerment: como a gestão participativa


pode auxiliar no crescimento das organizações

Flávia Emanuele dos SANTOS1


Vanessa Rayara LIMA2
Agostinho Fernando ADAMI3

Resumo: Este artigo objetiva apresentar um breve histórico sobre a Revolução


Industrial e como ela foi importante para a formação das primeiras organizações
que surgiram naquela época. São apresentadas também algumas das teorias da
administração, como Taylorismo e Fordismo, que trouxeram uma visão mais
ampla do modo de se administrar os recursos materiais e humanos. Aprofunda-se
então a pesquisa sobre os benefícios que o empowerment e a gestão participativa
exercem sobre os colaboradores e sobre como auxiliam a empresa a alcançar suas
metas. Para isso, são utilizadas referências bibliográficas de estudos já existentes
nessa área e livros de autores reconhecidos. Os resultados levam à conclusão de
que os gestores que aplicam a gestão participativa e empoderam seus colaboradores
beneficiam-se a si próprios com a delegação das responsabilidades, tendo, assim,
possibilidades de ampliarem seu foco de atuação em outras atividades, como,
por exemplo, a criatividade. Ademais, acabam por formar equipes responsáveis,
motivadas e engajadas no cumprimento dos objetivos estabelecidos. Com a
implantação do empowerment nas organizações, essa ferramenta se torna uma
grande aliada ao desenvolvimento estratégico da empresa, competitividade no
mercado e um aumento do índice de satisfação e desempenho dos colaboradores
e das equipes.

Palavras-chave: Poder. Delegação. Empowerment. Gestão Participativa.


Motivação.

1
Flávia Emanuele dos Santos. Bacharelanda em Administração pelo Claretiano – Centro Universitário.
E-mail: flavia.esantos@icloud.com.
2
Vanessa Rayara Lima. Bacharelanda em Administração pelo Claretiano – Centro Universitário.
E-mail: vanessalima955@hotmail.com.
3
Agostinho Fernando Adami. Mestre em Agroecologia e Desenvolvimento Rural pela Universidade
Federal de São Carlos (UFSCar). Especialista em Agronegócios pela Universidade Federal de Lavras
(UFLA). Bacharel em Administração Geral pela Universidade de Franca (UNIFRAN). Professor e
coordenador de cursos no Claretiano – Centro Universitário de Batatais nas modalidades Presencial e
EaD. E-mail: agostinhoadami@claretiano.edu.br.

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Empowerment: how participatory


management can help organizations grow

Flávia Emanuele dos SANTOS


Vanessa Rayara LIMA
Agostinho Fernando ADAMI

Abstract: This article intends to present a brief history of the Industrial Revolution
and its importance for the formation of the first organizations that emerged at that
time. Some of the management theories, such as Taylorism and Fordism are also
presented, which brings a broader view of how to manage material and human
resources. Then the research goes deeper on the benefits that empowerment and
participatory management have on employees and how they help the company
to achieve its goals. For that, bibliographic references of studies already existent
in this area, and books of recognized authors are used. The results lead to the
conclusion that managers who apply participatory management and empower
their employees, benefit themselves with the delegation of responsibilities, thus
having time to focus on other activities as well, they end up forming a more
responsible team, motivated and engaged to reach the established objectives.
With the implementation of empowerment in the organizations, this tool becomes
a great ally to the strategic development of the company, competitiveness in the
market and an increase in the satisfaction and performance index of employees
and teams.

Keywords: Power. Empowerment. Delegation. Participative Management.


Motivation.

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1.  INTRODUÇÃO

O advento da Revolução Industrial foi responsável por


inúmeras mudanças, que ainda se refletem nos dias atuais. Para
aquela época, cuja base da sociedade era formada por artesãos
e pequenos proprietários rurais, o crescimento desenfreado das
cidades e o deslocamento destes para os grandes centros urbanos
criaram condições de trabalho muitas vezes deploráveis.
A mecanização dos processos nas grandes fábricas, que tomava
o lugar de muitos trabalhadores, fez com que estes passassem a se
especializar em apenas uma tarefa, tornando-os assim vítimas das
atividades repetitivas. Com relação à jornada de trabalho, as cargas
horárias passavam de 50 horas semanais, enquanto os salários não
correspondiam ao trabalho realizado. Isso levou os trabalhadores a
cobrarem dos proprietários das indústrias melhores condições.
Desde então, as mudanças se tornaram constantes, no
entanto, em um período de tempo cada vez menor, fazendo com
que o trabalhador devesse se reinventar e se adaptar frequentemente
para manter seu posto de trabalho. Assim também ocorre com as
organizações. Com um mercado instável e concorrido, cada vez
mais as empresas buscam a inovação. Segundo Chiavenato (2014,
p. 193):
Em um ambiente de negócios caracterizado pela intensa
competição global e pelo rápido surgimento de novas
tecnologias, abrir mão do controle centralizado parece ser
a solução viável que promove velocidade, flexibilidade e
capacidade de decisão da organização.
Mas, diferente da época da Revolução Industrial, quando o
estilo de administrar e liderar era fechado e vertical, hoje as empresas
têm cada vez mais optado por um sistema aberto de administração e
delegação de responsabilidades.
Na década de 80, surge o termo chamado empowerment,
utilizado pela primeira vez pela psicóloga Rosabeth Moss Kanter.
Conforme Sales (2008, p.77):
Empowerment significa delegação de poderes, de
autoridade, relativos às decisões do modo de trabalho.

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É reconhecer o valor dos funcionários e delegar-lhes


suficiente poder de decisão e responsabilidade no
desempenho de suas atividades.
As empresas que adotam o empowerment e fazem desta
parte da sua cultura organizacional beneficiam a si e a seus
funcionários, tornando o ambiente organizacional mais propício ao
desenvolvimento de ideias, maior participação dos colaboradores
nas decisões, maior motivação, resultando assim no aumento da
qualidade dos serviços e produtos.
Em um mercado marcado pela concorrência, torna-se
necessário o desenvolvimento de habilidades nas empresas, pois
estas se estruturam a partir de pessoas e tecnologias em um mundo
em forte transição e mudança, onde a competitividade é a base
fundamental do sucesso. As organizações de hoje requerem contínua
mudança interna, inovação e renovação para poderem permanecer
firmes no meio organizacional, envolvido por transformações
rápidas e sucessivas. Nesse sentido, evidencia-se a importância do
empowerment, sendo considerada uma alternativa de gestão que
busca o sucesso. Ele foi uma referência muito comum na década de
1980 e baseia-se na mudança de atitude voltada para o envolvimento
dos funcionários nos processos de inovação (WILKINSON,1998
apud SALES, 2008, p. 78).
O empowerment é essencial para as organizações de
aprendizagem, ou seja, organizações que aprendem com a mudanças
transformações, porque libera o potencial e a criatividade de todos
os funcionários, possibilitando que experimentem e aprendam,
dando-lhes liberdade para agir segundo seu conhecimento e
compreensão da situação. O conhecimento está dentro das próprias
organizações, mais especificamente nas pessoas que as compõem,
e esse patrimônio intelectual demanda uma exploração sadia em
busca de uma contínua e construtiva aprendizagem organizacional.
Almeja-se, com o presente estudo, apresentar quais são os
benefícios ao se utilizar o empowerment junto dos colaboradores
e como a gestão participativa pode ser uma ferramenta importante
para o atingimento dos objetivos e crescimento das organizações.
Portanto, utilizaremos levantamentos bibliográficos relacionados

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a diferentes formas de liderança, gestão participativa, cultura


organizacional e empowerment.
Para o desenvolvimento deste trabalho, será utilizada a
pesquisa bibliográfica, a qual “[...] é desenvolvida com base em
material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos
científicos” (GIL, 2002, p. 3). Isso posto, o assunto a ser trabalhado
será o empowerment e para tanto serão utilizados livros específicos
da área de gestão de empresas, trabalhos acadêmicos e artigos de
sites especializados. A pesquisa será baseada em estudos de autores
como Idalberto Chiavenato (2014) e Elisabete Adami (2014), entre
outros pesquisadores dessa temática.
De acordo com Bicudo et al. (2011, p. 21),
[...] os dados trabalhados não se permitem generalizar e
transferir para outros contextos. Admitem apenas tecer
generalidades sustentadas por articulações efetuadas
sucessivamente com os sentidos do que está sendo
expresso.
Neste trabalho, vamos mostrar o conceito de empowerment,
sua importância para a gestão das organizações, benefícios e
principais motivos pelos quais as organizações estão adotando
esse processo. Para a elaboração da pesquisa, serão realizadas as
seguintes etapas: estudo do tema empowerment, buscas de fontes
bibliográficas, leitura do material pesquisado e a escrita do artigo.

2.  REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: SURGIMENTO DAS


PRIMEIRAS TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO

As organizações que conhecemos hoje existem por causa da


Revolução Industrial que ocorreu na Inglaterra por volta do ano
de 1760. Com o cercamento de terras para dar espaço à criação de
ovelhas para a manufatura têxtil, os camponeses foram expulsos de
suas terras e obrigados a se mudarem para as cidades.
Com a superlotação nas cidades, os burgueses, proprietários
das fábricas, começam a utilizar a mão de obra dos operários.
Perante um cenário de exploração, os operários eram obrigados a
trabalhar em ambientes deploráveis, recebiam baixa remuneração,

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tinham que cumprir uma carga horária de trabalho muito alta e


eram vistos como máquinas e não como seres humanos. Mulheres
e crianças, por sua vez, eram as que mais sofriam. Recebiam um
salário menor do que os homens, pois eram consideradas frágeis e
muitas vezes sofriam torturas para manterem a produção.
Os operários, sabendo dos seus valores, passam então a
reivindicar por melhores condições de trabalho, melhores salários
e participação nas organizações. Surgem então dois movimentos
importantes para aquela época. O primeiro chamado de ludismo,
que durou entre 1811 a 1816. Esse movimento tinha como objetivo
destruir as máquinas das fábricas, pois os operários acreditavam
que elas eram as responsáveis pelo desemprego. Também se
revoltavam contra os empregadores que pagavam baixos salários
e os exploravam.
Um pouco depois, no ano de 1837, ocorre o segundo
movimento, denominado cartismo. Ele era baseado em uma carta,
chamada ‘carta do povo’, que foi enviada para o Parlamento inglês e
continha várias exigências. Algumas das exigências eram o sufrágio
universal masculino, o direito ao voto secreto e a participação
política do proletariado no parlamento.
Também durante essa revolução, surgem os primeiros
estudiosos da administração. Podemos citar o economista escocês
Adam Smith (1723-1790), que deu ênfase à divisão das atividades
no processo de produção e à especialização do trabalhador em
determinada tarefa. Robert Owen (1771-1858), escritor nascido no
País de Gales, chama a atenção para os problemas que as indústrias
causavam na vida dos operários. Ele idealiza sobre a jornada de
trabalho de 10 horas, escola para os filhos dos operários e persuasão
moral em vez de punições.
Em meados do século XIX até metade do século XX, ocorre
a segunda revolução industrial, que durou em torno de 100 anos.
As fontes de energia que eram utilizadas na primeira revolução
industrial, como o carvão e o vapor, passam a ser substituídas
pelo petróleo e pela eletricidade. Esta revolução se expande pelo
mundo em países como França, Estados Unidos, Alemanha, etc.
As máquinas se tornam mais avançadas, mais rápidas que antes e

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há um aumento na produção de bens por conta da eletricidade. O


transporte das mercadorias fica mais rápido com o uso de navios
maiores, trens de carga e aviões. Ocorre também uma evolução dos
meios de comunicações, surgem então o telégrafo e o telefone.
Todas as organizações são compostas por pessoas. Mesmo
com o avanço tecnológico, sendo as pessoas substituídas por
modernas máquinas e robôs, ainda há a necessidade de pessoas para
que as atividades nos diferentes departamentos das empresas sejam
executadas.
Surgem então as primeiras teorias da Administração, como a
Teoria Científica, de Frederick Winslow Taylor. Taylor nasceu na
Filadélfia, Estados Unidos, e seguiu uma educação básica rígida e
disciplinada. Teve a oportunidade de entrar para a Universidade de
Harvard, mas abdicou dessa oportunidade e começou a trabalhar em
uma fábrica como operário. Na sua experiência no chão da fábrica,
pôde conhecer os fatores que impediam uma melhor performance
na produção, como: vadiagem no trabalho, falta de incentivo ao
trabalhador, o fato de os departamentos não se relacionarem entre si,
a transmissão de conhecimentos de forma empírica, etc. Sua teoria
é baseada na ênfase às tarefas, redução de desperdícios e maior
produção em menos tempo. Taylor então aprimora os métodos de
trabalho, desperdiçando menos tempo e oferecendo bons incentivos
salariais, para trazer mais eficiência à produção.
Pode-se citar também a Teoria Clássica, de Henry Fayol,
considerado o pai da administração moderna. Formado em
Engenharia de Minas na França, durante sua vida profissional,
conquistou diversas promoções, como gerente e diretor-geral. Sua
teoria era focada na estrutura da organização e desenvolveu várias
ideias de como alcançar a eficiência nas organizações. Em 1900,
ele participa de um congresso no qual defende que a habilidade
administrativa era mais importante que a habilidade técnica. Ele
divide então a empresa em seis importantes funções: Técnica,
Comercial, Financeira, Segurança, Contábil e Administrativa. Ele
também definiu os 14 princípios da administração; alguns deles
são: divisão do trabalho, autoridade e responsabilidade, disciplina,
unidade de comando, unidade de direção, etc.

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Ambas teorias são muitos parecidas e uma complementa a


outra. Segundo da Silva (2013, p. 156):
Os trabalhos de Fayol e de Taylor foram essencialmente
complementares; ambos perceberam que a chave do
sucesso industrial estava no problema do pessoal e de sua
administração.
Mesmo assim, as duas teorias foram muito criticadas porque
davam grande importância a produção e estruturas, e consideravam
o operário simplesmente como homem-máquina. Essa realidade é
retratada no filme Tempos Modernos, de Charlie Chaplin, de 1936.
Com o surgimento de novas teorias que passam a reconhecer
a importância do capital humano e do conhecimento, como, por
exemplo, a Teoria das Relações Humanas, de Elton Mayo, as
antigas teorias de Henry Fayol (Teoria Clássica) e Frederick Taylor
(Científica) começam a entrar parcialmente em desuso. O chefe
autoritário agora se torna o líder admirado, o estilo de administrar
totalmente fechado passa a incluir os colaboradores nas tomadas de
decisões.

3.  EMPOWERMENT: EMPODERAMENTO DAS


PESSOAS E DA ORGANIZAÇÃO

O empowerment é um método que teve origem nos Estados


Unidos no final da década de 70, caracterizado pela transferência
de autonomia para os profissionais, com a finalidade de que estes
exercitem a tomada de decisões, demonstrem suas iniciativas
e criatividade e sejam responsáveis pelos resultados e metas
de sua função, implementando um novo conceito de atuação.
Também podemos defini-lo como uma estratégia empresarial
em que a autonomia é dada aos colaboradores que acaba, o que
ocasionando quebra dos muros hierárquicos, aproximação entre
os departamentos, investimentos em treinamentos, disseminação
da informação, e faz com que esses colaboradores participem dos
processos decisórios no seu ambiente de trabalho. Trata-se, em
outras palavras, de

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Um conjunto de procedimentos que busca a interação


e o envolvimento das pessoas com o trabalho e que as
impulsionam a tomar iniciativas e a interferir com ações
no processo produtivo (HERRENKOHL; JUDSON;
HEFFNER, 1999, p. 375).
Segundo Orlickas (2012), a palavra empowerment tem origem
inglesa: o termo power significa “poder”, ter autoridade e domínio
sobre ações, o prefixo ‘em’ significa “investir” ou “envolver”. Ou
seja, empowerment ocorre quando certo poder é transmitido aos
colaboradores, que passam a ter posse e domínio sobre suas tarefas.
É possível, assim dizer, que esse termo pode ser traduzido como
“delegação de poder e energização”. Essa ferramenta estabelece
a descentralização de poderes na cadeia hierárquica e uma maior
autonomia dos funcionários, proporcionando aos integrantes das
equipes maior grau de envolvimento com o trabalho, além de
também estabelecer relações de confiança entre eles.
A essência dessa técnica consiste em empoderar e qualificar
colaboradores para que eles possam ter maior autonomia  no
processo decisório dentro da empresa. Esse novo método é
inverso ao formato clássico de gestão, pois o empowerment não
trabalha com hierarquização na organização e sim reconhece as
competências do empregado. Dessa forma, o funcionário não só
apenas está na empresa para cumprir ordens, ao contrário, por meio
desse modelo, o órgão o insere na gestão da empresa, onde este
participa das decisões de forma direta e tem espaço para questionar
os métodos que estão sendo aplicados.
Pessoas empoderadas são pessoas não apenas mais atentas
e comprometidas com as tarefas que desempenham, mas
também motivadas, criativas e imbuídas do espírito de
cooperação, de compartilhamento da missão, metas e
interesses organizacionais. Essas são pessoas que farão
dos objetivos organizacionais os seus próprios (ARAÚJO,
2007, p. 327).
Em um processo de delegação de poder, deve-se criar
equipes e abandonar o sistema de hierarquização. Mas para que
esse processo ocorra, o líder deve ser uma pessoa forte, capaz
de providenciar direções a sua equipe, encorajá-la e dar suporte
nas dificuldades que poderão surgir. Por isso, o gestor tem que

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estar devidamente preparado para inicialmente não sentir uma


sensação de “perda de poder”, o que poderia causar a delegação
de apenas as tarefas. A diferença entre delegar tarefas e delegar
poder está no grau de responsabilidade conferida aos funcionários
para execução do trabalho. Alguns líderes ficam inseguros em
praticarem o empowerment pois acreditam que a autonomia
da equipe lhes tirará a autoridade ou a necessidade de tê-lo no
comando. Segundo Maximiano (1995, p. 17), “[...] a administração
participativa não implica abolir as funções de chefia e liderança”,
pois as decisões e as responsabilidades são compartilhadas e esse
conceito “[...] incrementa os fatores motivacionais o desempenho
e a competitividade das organizações”.
A melhor coisa que você pode fazer pelas pessoas que
trabalham para você é conferir-lhes empowerment... A
questão é que quando você trata as pessoas com respeito,
quando luta para atender às suas necessidades, você
conquista o direito de exigir um desempenho superior.
Você cria o tipo de ambiente em que elas têm condições de
atender aos padrões de excelência. (TRACY, 19994, p. 38).
O empowerment é uma estratégia empresarial firmada na
descentralização de poder e autonomia de tomada de decisões, que
visa a uma maior participação nas atividades organizacionais. A
empresa que empregar esse modelo obterá o aumento da motivação e
da satisfação dos funcionários, aumentando assim a taxa de retenção
dos talentos da empresa, o compartilhamento das responsabilidades
e tarefas, alcançando maior agilidade e flexibilidade no processo
de tomada de decisão e promovendo a formação de novos líderes.
Além disso, nota-se uma melhoria no ambiente de trabalho. Esse
modelo exige que os líderes das empresas invistam tempo na
instrução de seus funcionários para que estes, dentro do modelo,
obtenham maturidade profissional e cresçam em equilíbrio com a
empresa.
Deve-se então criar programas de treinamentos e bonificações
para os colaboradores empoderados. Em relação a treinamento, este
se faz necessário, pois há a necessidade de ensinar o colaborador
sobre como se empoderar, como trabalhar de forma colaborativa;
ele deve entender como a performance da organização funciona e

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também deve possuir as ferramentas necessárias para a resolução


de problemas. Em relação a bonificações, a organização que aplica
o empowerment deve dispor de prêmios de reconhecimento aos
funcionários empoderados pelo aumento das suas responsabilidades,
incentivando assim a prática de tomada de decisões.

4.  GESTÃO PARTICIPATIVA: UMA NOVA FORMA DE


GERIR

A palavra gestão tem origem do latim gestio, gestionis,


de genere, que significa dirigir, administrar. Ou seja, gestão
participativa é uma forma de administrar levando em consideração
a participação dos colaboradores da organização. Conforme cita
Orlickas (2012, p. 83-84),
[...] é um processo no qual os colaboradores sentem o seu
envolvimento com as decisões relativas ao trabalho, ou seja,
ela tem por características facilitar o comprometimento
dos profissionais nos processos de tomada de decisão,
independentemente de seu cargo.
A gestão participativa tem como princípio a participação
dos colaboradores nas decisões da empresa; na divisão de
responsabilidades, a opinião e as ideias do colaborador são
respeitadas. O diálogo entre o gestor e os colaboradores é aberto,
claro e franco. Todas as pessoas que fazem parte da empresa são
ouvidas. Segundo Paiva (2016, [n.p.]): “[...] é um processo que
visa ao desenvolvimento da organização, sem deixar de lado a
participação do indivíduo.”
Quando o gestor opta por esse tipo de gestão, ele passa
a ter mais tempo para se focar nas atividades com nível maior
de importância para a empresa, pois, quando se delegam
responsabilidades aos colaboradores, há um aumento no
comprometimento destes com as tarefas e com a organização. Há
um senso maior de significado, pois os colaboradores sentem que
seu trabalho é importante e então passam a se importarem mais
com as atividades que desempenham. Paiva (2016, [n.p.]) cita
que:

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A gestão participativa permite ao indivíduo assumir a


responsabilidade de suas ações. Nesse processo, o principal
envolvido no desenvolvimento da atividade sente-se
parte fundamental, característica essa que maximiza o
compromisso do mesmo com a atividade, fator positivo na
obtenção dos resultados esperados. O indivíduo sente-se
com o poder para influir sobre o conteúdo e a organização
das atividades.
Com funcionários mais comprometidos, há um aumento na
produtividade. O colaborador passa a fazer parte do processo e, por
se ‘sentir’ parte disso, sua produtividade aumenta. Por sentirem que
são importantes para o desenvolvimento e crescimento da empresa,
todos ficam mais engajados a alcançarem as metas estipuladas. O
senso de competência aumenta, pois o colaborador torna-se mais
confiante sobre as suas habilidades em fazer o seu trabalho bem.
Como cita Orlickas (2012, p. 86),
[...] a administração participativa facilita as condições para
o desenvolvimento de ações colaborativas, para o aumento
da produtividade e da qualidade dos produtos e serviços
prestados e para a retenção de talentos, já que as pessoas
se sentem, valorizadas quando participam das decisões
estratégicas.
Na gestão participativa, independentemente de seu cargo,
todos podem participar do processo de decisão. Mas para que
isso seja possível, o gestor deve estar aberto para compartilhar
informações e delegar poder. A informação deve ter livre circulação
em todos os sentidos e todos devem ter acesso a ela. Para que haja
delegação de poder, a estrutura organizacional deverá passar por
mudanças assim como a cultura da empresa. O gestor também
deverá estar aberto a essas mudanças para que o processo possa ser
implementado e executado.

5.  CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quando se iniciou o projeto de pesquisa, foi constatado


que o recurso humano dentro de uma organização tem relevante
importância, assim como outros fatores, para que a organização
alcance seus objetivos e se mantenha no concorrido e instável

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mercado. Então, para entender a influência de como o gestor


gerencia e lidera seus colaboradores, a pesquisa foi embasada nas
primeiras teorias da administração, na gestão participativa e nos
benefícios do empoderamento das pessoas. Como o empowerment
possui algumas características semelhantes à gestão participativa,
mas sendo um tema muito mais recente, constatou-se a importância
de trabalhar ambos os temas com o intuito de mostrar que a
participação nas decisões tem melhores resultados quando o
colaborador sente que o gestor lhe dá liberdade para a tomada de
decisões.
Constatou-se que o objetivo foi atendido porque o trabalho
conseguiu identificar os benefícios de aplicar a gestão participativa
na organização, fazendo com que a estrutura da empresa se
modifique, permitindo que o colaborador tome iniciativa, apresente
ideias, esteja apto a participar das decisões e a tomar decisões
por si só. Em relação ao empowerment, verificou-se que equipes
empoderadas estão mais comprometidas e engajadas com as
atividades para o alcance dos objetivos propostos, a motivação
individual aumenta, levando assim ao crescimento da empresa
como um todo.
A pesquisa partiu da hipótese de que a forma rígida de um
líder ao gerenciar sua equipe com controle total e centralizado das
decisões pode, sim, influenciar no desempenho dos colaboradores e
no alcance dos resultados esperados pela alta administração. E que
essa forma de liderar encontra-se cada vez mais em desuso, já que
as empresas buscam por inovação e optam por líderes mais abertos
à delegação das atividades e à descentralização das decisões.
Através da pesquisa bibliográfica realizada, obtivemos
resposta para a questão-problema, de como a gestão participativa
pode auxiliar no crescimento das organizações. Percebemos que,
além de encontrar o sentido no trabalho, o empowerment é uma
ferramenta que permite melhorar a qualidade, a produtividade e,
consequentemente, o serviço prestado aos clientes. Consiste na
delegação de autoridade e de responsabilidade e favorece a criação
de relações de confiança entre os colaboradores das empresas.

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Durante a pesquisa, utilizaram-se livros de autores renomados,


diretamente da biblioteca Pearson disponibilizada pela Instituição
de Ensino Superior Claretiano, assim como houve a compra
do livro Gestão participativa: impactos sobre a produtividade
organizacional, do autor Francisco Jailson de Paiva, em formato
PDF. Também foram utilizado artigos científicos online de sites
confiáveis. Mesmo com os materiais disponíveis, encontraram-
se algumas limitações, como o pouco tempo disponibilizado para
estudos mais profundos, vários artigos e livros da área encontram-
se em outro idioma e, sobre empowerment, há poucos materiais que
falam sobre esse assunto de forma mais profunda.
Para estudos futuros, recomenda-se pesquisar de forma prática
e teórica sobre empresas que aplicam o empowerment e utilizam a
gestão participativa como forma de gerir, pois há muitos materiais
disponíveis sobre as características e benefícios do empowerment
e da gestão participativa, mas muito poucos estudos de casos com
aplicações de pesquisas in loco.

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Revista Linguagem Acadêmica, Batatais, v. 12, n. 3, p. 33-48, jul./dez. 2022


48 ISSN 2237-2318

UFSM – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA. Revolução


Industrial. Disponível em: http://w3.ufsm.br/fuentes/index_arquivos/rev.pdf.
Acesso em: 01 mar. 2020.

Revista Linguagem Acadêmica, Batatais, v. 12, n. 3, p. 33-48, jul./dez. 2022


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A Contabilidade como ferramenta gerencial:


desafios para aplicação de demonstrações
financeiras em micro e pequenas empresas

Erisnalda Rodrigues de SOUSA1


Maria Lucineide da Silva BENTO2
Adriana Duarte de Souza Carvalho da SILVA3

Resumo: Vivemos hoje em um cenário de constantes mudanças, no qual o


empreendedorismo vem ganhando cada vez mais espaço, e, com isso, as micro e
pequenas empresas ocupam lugar de destaque na economia do país. Para tanto,
é necessário compreender as dificuldades que empresas desse porte têm em
não aplicar as Demonstrações Contábeis em seus ambientes organizacionais.
Tais dificuldades, dentre elas excesso de burocracia, ausência de planejamento
e altas cargas tributárias, são obstáculos enfrentados pelas micro e pequenas
empresas. Diante dessas adversidades, é necessária a busca por informações
corretas e dados confiáveis, sendo estes um ponto de partida para a emissão de
relatórios que possam auxiliar os administradores a executar uma boa gestão.
Contudo, isso deve ser feito por meio da Contabilidade, cuja função é registrar,
controlar e fornecer informações que não sejam distorcidas aos gestores, sendo
esta uma ferramenta de gestão indispensável para a sobrevivência das empresas
independentemente de seu porte. Esta pesquisa tem como objetivo compreender
as dificuldades das micro e pequenas empresas em não utilizar a Contabilidade
como ferramenta de apoio, assim como as Demonstrações Contábeis. Para atingir
os objetivos, realizaram-se pesquisas com base em diversas opiniões de autores,
por meio de referências bibliográficas. O resultado almejado com este estudo
é aumentar a conscientização dos administradores e/ou gestores em buscar
conhecimento e apoio junto aos profissionais da Contabilidade e compreendê-la
como ferramenta de apoio à gestão.
Palavras-chave: Micro e Pequenas Empresas. Contabilidade. Demonstrações
Contábeis. Ferramentas Gerenciais.

1
Erisnalda Rodrigues de Sousa. Bacharelanda em Ciências Contábeis pelo Claretiano – Centro
Universitário. E-mail: erisnalda_ccrc@hotmail.com.
2
Maria Lucineide da Silva Bento. Bacharelanda em Ciências Contábeis pelo Claretiano – Centro
Universitário. E-mail: maluci_bento@hotmail.com.
3
Adriana Duarte de Souza Carvalho da Silva. Doutora em Ciência Política pela Universidade Federal
de São Carlos (UFSCAR). Mestra em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” (UNESP). Especialista em Gestão de Recursos Humanos pelo Claretiano – Centro
Universitário. Especialista em Controladoria e Gestão de Tributos. Pelo Claretiano – Centro Universitário.
Bacharela em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP).
Docente do Claretiano – Centro Universitário. E-mail: adrianacarvalho@claretiano.edu.br.

Revista Linguagem Acadêmica, Batatais, v. 12, n. 3, p. 49-70, jul./dez. 2022


50 ISSN 2237-2318

Accounting as a management tool:


challenges for the application of financial
statements in micro and small companies

Erisnalda Rodrigues de SOUSA


Maria Lucineide da Silva BENTO
Adriana Duarte de Souza Carvalho da SILVA

Abstract: Today we live in a scenario of constant changes, in which


entrepreneurship has been gaining more and more space, and, as a consequence,
micro and small companies occupy a prominent place in the country’s economy.
Therefore, it is necessary to understand the difficulties that companies of this
size have in not applying the financial demonstrations in their organizational
environments. Such difficulties, including excessive bureaucracy, lack of
planning and high tax burdens, are obstacles faced by micro and small companies.
In the face of these adversities, it is necessary to search for correct information
and reliable data, which are a starting point for the issuance of reports that
can help administrators to perform good management. However, this must be
carried out through Accounting, which function is to record, control and provide
information that is not distorted to managers, which is an essential management
tool for the survival of companies regardless of their size. The purpose of this
research is to understand the difficulties of micro and small companies in not
using Accounting as a support tool, as well as Accounting Demonstrations.
To achieve the objectives, research was conducted based on different views of
authors, through bibliographic references. The result sought with this study is to
increase the awareness of administrators and/or managers in seeking knowledge
and support from Accounting professionals and understanding it as a management
support tool.

Keywords: Micro and Small Enterprises. Accounting. Accounting


Demonstrations. Management Tools.

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1.  INTRODUÇÃO

O empreendedorismo ganhou espaço nos últimos anos, e as


micro e pequenas empresas (MPEs) vêm adquirindo uma crescente
importância para a economia do Brasil, visto que são grandes
geradoras de empregos e riquezas. Pesquisas realizadas pelo Sebrae
(2014) apontavam a existência de cerca de 9 milhões de MPEs no
país, o que representa mais da metade dos empregos formais. As
pesquisas apontavam que as MPEs eram consideradas as principais
geradoras de riqueza no país. Na ocasião, essas empresas respondiam
por 53,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do comércio, e, na
indústria e no setor de serviços, a participação delas também era
bastante relevante, em torno de 22,5% e 36,3%, respectivamente.
Os dados demonstram a importância de incentivar e qualificar os
empreendimentos de pequeno porte, pois estes são decisivos para a
contribuição na economia e desenvolvimento do país.
De acordo com dados mensurados pelo Sebrae (2018,
[n.p.]) “[...] [no] estado de São Paulo existem 1.118.986 pequenos
negócios empresariais de serviços, o que representa 41% do total de
pequenos negócios”. Entre seguimentos de atividades de destaques,
mencionou-se o ramo alimentício. Nesse sentido, podemos observar
a relevância da participação dessas empresas no mercado, pois,
além de gerarem empregos, contribuem para o desenvolvimento
econômico e social do país.
Diante deste crescente número de MPEs e sua relevância
para a economia, não podemos deixar de mencionar as dificuldades
de sustentabilidade e altas taxas de mortalidade encontrada em
tais empresas. O Sebrae (2019, [n.p.]) aponta que não é possível
atribuir a um único fator a causa da mortalidade das MPEs, assim,
“[...] a situação do empresário antes da abertura, o planejamento
dos negócios, a capacitação em gestão empresarial e a gestão
do negócio em si” são alguns dos diversos fatores que levam ao
fechamento delas. Nas empresas familiares, por exemplo, é bem
comum a confusão entre recursos próprios dos sócios com os da
empresa, violando o princípio contábil da entidade. Além disso, o
Sebrae (2019) também aponta o baixo investimento em inovação
como sendo uma das principais causas que levam essas empresas

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52 ISSN 2237-2318

à mortalidade. Entretanto, para que seja suprida a necessidade de


uma gestão eficaz, o Sebrae (2019) disponibiliza um conjunto de
soluções que servem de apoio para as diversas fases dessas empresas,
colocando-se à disposição para contribuir com o crescimento de
novos empreendimentos e com condições de serem bem-sucedidas.
Ainda sobre a mortalidade das MPEs, Pereira e Sousa (2019,
p. 1) apontam:
[...] essa taxa de mortalidade precoce das MPEs é um
assunto cada vez mais discutido e pesquisado por centros
de estudos e serviços como o Sebrae, FGV, entre outras
instituições que avaliam diversas variáveis e a evolução
das MPEs em determinados períodos.
Já Marion (2015) afirma que um dos fatores que causam a
falência das empresas está associado à má gestão. O autor enfatiza
que as principais razões estão relacionadas à falta de capital de
giro, à elevada carga tributária, assim como à falta de clientes. A
consequência disso, muitas vezes, está relacionada à Contabilidade
distorcida, sem dados confiáveis e elaborada apenas para atender
aspectos fiscais, sem uma real preocupação gerencial. Essa é
certamente uma percepção conservadora da Contabilidade. É
evidente que a apresentação das Demonstrações Contábeis para a
Receita Federal é obrigatória, mas a Contabilidade não é apenas
isso – ela também traz um conjunto de informações essenciais para
a tomada de decisão gerencial.
Na missão de contribuir para o desenvolvimento da empresa,
Ribeiro (2009) ressalta que a Contabilidade precisa ser compreendida
como uma ferramenta de gestão de relevante importância. Por
meio dela, há um sistema de informações e avaliação destinado
a apresentar aos seus usuários as Demonstrações Contábeis e
análises de natureza econômica e financeira, assim como facilitar a
interpretação de seus relatórios, tais como: o Balanço Patrimonial,
as Demonstrações de Resultados do Exercício, Controle de Fluxo
de Caixa, entre outros.
Diante do exposto, Teixeira et al. (2013) esclarecem que,
primeiramente, todos os relatórios contábeis devem ser conhecidos

Revista Linguagem Acadêmica, Batatais, v. 12, n. 3, p. 49-70, jul./dez. 2022


ISSN 2237-2318 53

para que, a partir daí, possa iniciar-se o processo de análise das


Demonstrações Contábeis, identificando as suas funções.
Portanto, as empresas que se conscientizarem da relevância
desta pesquisa poderão utilizá-la como apoio para os profissionais da
área contábil, permitindo que estes compreendam a Contabilidade
como ferramenta de gestão e como fonte geradora de informações
fundamental nas empresas e auxiliando os seus administradores nas
tomadas de decisões. Ressalta-se que, independentemente do porte
ou do ramo de atividade da empresa, elas precisam de controles
contínuos, a fim de orientar-se e buscar melhores alternativas para
se manterem competitivas.
Dessa forma, o foco desta pesquisa é avaliar, de forma clara
e objetiva, o Estado da arte das pesquisas sobre a Contabilidade
Gerencial nas MEPs, analisando como os autores percebem a
utilização de Demonstrações Contábeis e Financeiras para tomadas
de decisão.
Sendo assim, a pesquisa contribui para a literatura
especializada com novos dados sobre a mortalidade das MEPs,
relacionado essas taxas de mortalidade com o mau uso das
ferramentas gerenciais proporcionadas pela Contabilidade. Para
isso, ela trata uma revisão bibliográfica, além de trazer dados dos
últimos anos sobre a mortalidade das MEPs.

2.  DESENVOLVIMENTO

A contabilidade como ferramenta gerencial

A Contabilidade, segundo Iudícibus (2015, p. 16), já existia


desde os primórdios da História humana:
Não é descabido afirmar que a noção intuitiva de conta
e, portanto, de Contabilidade, seja talvez, bastante antiga.
Alguns historiados fazem remontar os primeiros sinais
objetivos da existência de contas aproximadamente
2.000 a.C. Entretanto, antes disso o homem primitivo,
ao inventariar o número de instrumentos de caça e pesca

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disponíveis, ao contar seus rebanhos, ao enumerar suas


ânforas de bebidas, já estava praticando uma forma
rudimentar de Contabilidade.
Marion (2015, p. 11) cita que:
[...] a Contabilidade é tão antiga quanto a origem do homem.
Se abrirmos a Bíblia em seu primeiro Livro, Gênesis,
entre outras passagens que sugerem a Contabilidade,
observamos uma ‘competição’ no crescimento da riqueza.

Barroso (2018, p. 13), por sua vez, enfatiza que:


[...] a Contabilidade é uma ciência social aplicada que
possui como objeto próprio o estudo do Patrimônio das
entidades, tendo como um dos seus macros objetivos a
divulgação financeira compreensível aos usuários para
tomada de decisões.
Existem diversas definições de Contabilidade. É possível
identificar que existe divergência de opiniões entre os autores;
entretanto, a Contabilidade é sempre vista sob a luz de uma ciência
social, cuja evolução se desenvolve de acordo com a própria
sociedade.
Segundo Athar (2005, p. 3), “[...] a Contabilidade é uma
ciência que estuda e pratica as funções de orientações, controle e
registro do patrimônio de qualquer entidade”. Nesse sentido, o autor
enfatiza que a Contabilidade não é apenas uma fonte de números,
mas sim de dados que permitem aos usuários compreendê-los,
criticá-los e informá-los de acordo com as suas necessidades.
Iudícibus (2015, p. 4) ressalta que “[...] a função da
Contabilidade (objetivo) permanece praticamente inalterada
através dos tempos, ou seja, prover informação útil para a tomada
de decisões”. De acordo com o autor, a “[...] decisão sobre o que
é útil ou não para a tomada de decisões econômicas”, na prática, é
muito difícil de identificar, pois depende de estudo minucioso sobre
as características das empresas e dos dados contábeis por parte de
seus administradores ou gestores.
Cabe ressaltar que a Contabilidade exerce papel fundamental
na gestão dos negócios, pois é por meio dela que são fornecidas

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ISSN 2237-2318 55

as informações para avaliar, mensurar e discutir as problemáticas


empresariais.
Portanto, como é possível observar, a Contabilidade é uma
ferramenta de apoio à administração das empresas. Através dela,
gestores acompanham a evolução dos seus ativos, passivos, receitas,
custos e despesas, a rentabilidade e lucratividade do negócio, a
produtividade da mão de obra e podem elaborar um planejamento
tributário, evitando despesas desnecessárias.

Fatores de mortalidade das micro e pequenas empresas

Várias causas levam as MEPs ao fracasso, dentre elas, falhas


gerenciais, fatores econômicos, despesas em excesso, falta de
conhecimento de mercado, entre outras. Devido a essas falhas, é
possível afirmar que os gestores e administradores de empresas
precisam se conscientizar da importância de aplicarem métodos
que reduzam a mortalidade prematura dessas empresas.
Segundo dados do Sebrae (2017, [n.p.]), ao abrir uma empresa,
parte dos empreendedores não busca informações importantes, como
“pesquisas de mercado como clientes, concorrentes e fornecedores,
e mais da metade não realiza o planejamento estratégico do início
das atividades do estabelecimento”, o que pode prejudicar a
estabilidade de mercado dessas empresas. Dessa forma, é essencial
que sejam compreendidos os fatores que causam as dificuldades de
se manterem estáveis, assim como as causas de mortalidade dessas
empresas.
Vivemos hoje em um constante processo de globalização
e em uma disputa acirrada por espaço no mercado. O fato é que
nem todas as empresas têm as mesmas oportunidades, sendo que,
no decorrer dos processos, aparecem algumas dificuldades que
precisam ser administradas.
As empresas tornam-se cada vez mais vulneráveis ao mercado,
e esse mesmo mercado exige que elas aprimorem suas ferramentas
e seus capitais intelectuais e relacionais, a fim de controlar os riscos
causados pelas mudanças contínuas. Sendo assim, controlar esses

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riscos torna-se fundamental para uma tomada de decisão mais


ágil. Diante de um cenário econômico de constantes mudanças,
são imprescindíveis informações precisas, dados confiáveis,
relatórios de apoio e controles. Esses são alguns dos itens que uma
empresa necessita para manter uma boa gestão. Dessa forma, em
conjunto com os escritórios contábeis, buscar o entendimento das
informações e no que elas podem auxiliar na gestão da empresa é
fundamental, utilizando, assim, a Contabilidade para seus controles
e planejamento patrimoniais.
As informações são dados estratégicos para as empresas, pois
através delas é que a administração poderá tomar decisões, sendo
que, na Contabilidade, por meio de relatórios é que os dados podem
ser encontrados. Sobre isso, Ribeiro (2009, p. 19) afirma:
[...] a Contabilidade é, objetivamente, um sistema de
informação e avaliação destinado a prover seus usuários
com demonstrações e análises de natureza econômica,
financeira, física e de produtividade, com relação à
entidade objeto de contabilização.
Sendo assim, visa-se, por meio da Contabilidade, o apoio ao
gestor através das informações úteis e relevantes, podendo ser esta
uma ferramenta indispensável para a sobrevivência de uma empresa,
independentemente do seu porte ou ramo de atividade. Entretanto,
em posse de informações corretas, os administradores ou gestores
das empresas precisam compreender quais são os elementos que os
orientarão a tomar decisões eficazes e obter sucesso na gestão.

Desafios na utilização de demonstrações contábeis

Segundo os dados do IBGE – Instituto Brasileiro de


Geografia e Estatística (2010), 98% das empresas formais no Brasil
são classificadas como micro e pequenas empresas. Isso revela sua
importância na economia do país, mas também torna ainda mais
fundamental o desafio da utilização de Demonstrações Contábeis.
De acordo com Ribeiro (2009, p. 410),
[...] o objetivo das demonstrações contábeis é proporcionar
informação acerca da posição patrimonial e financeira, do

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desempenho e dos fluxos de caixa da entidade que seja


útil a um grande número de usuários em suas avaliações e
tomada de decisões econômicas.
O autor ressalta também que, por meio das Demonstrações
Contábeis, é possível identificar os resultados da atuação da
administração e a sua capacitação na prestação de contas,
considerando os recursos que lhe foram apresentados (RIBEIRO,
2009).
Brandão et al. (2019) apontam que as dificuldades de
utilização das Demonstrações Contábeis estão relacionadas à
falta de conhecimento e à não proximidade entre pequenos e
microempresários com os contadores.
Ao serem destacadas as dificuldades sobre a utilização das
ferramentas contábeis nas empresas, é válido afirmar que tais
demonstrações podem contribuir para o auxílio e superação de tais
dificuldades diante do cenário em que estão inseridas.
Segundo Athar (2005), as Demonstrações Contábeis devem
ser apresentadas de acordo com os princípios fundamentais
da Contabilidade e estruturadas seguindo os padrões, métodos
e práticas a serem aplicadas na identificação e validação das
informações econômico-financeiras.
Marion (2009) ressalta que as Demonstrações Contábeis
permitem a apresentação da situação econômico-financeira das
empresas e também são consideradas um instrumento de apoio
às tomadas de decisões. Ao avaliar a eficiência administrativa,
o desempenho dos concorrentes, funcionários, almejando por
melhores expectativas econômico-financeiras, surge a necessidade
da análise das Demonstrações Contábeis.
A Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, das Sociedades
por Ações, dispõe:
Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria
fará elaborar, com base na escrituração mercantil da
companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que
deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da
companhia e as mutações ocorridas no exercício:
I - balanço patrimonial;

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II - demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados;


III - demonstração do resultado do exercício;
IV – demonstração dos fluxos de caixa; e
V – se companhia aberta, demonstração do valor
adicionado (BRASIL, 2007, [n.p.]). 
As microempresas e as empresas de pequeno porte são
obrigadas a elaborar apenas o Balanço Patrimonial, a Demonstração
do Resultado do Exercício e as notas explicativas, sendo facultativa
a elaboração das demais. Isso torna sua gestão contábil simplificada,
porém não deve torná-la menos informativa.
De acordo com Iudícibus (2017), as Demonstrações Contábeis
têm por objetivo, com base no Balanço Patrimonial, apresentar a
posição financeira, e a Demonstração do Resultado do Exercício
visa informar sobre o desempenho da empresa, além de oferecer
informações sobre o fluxo de caixa para a tomada de decisões por
parte dos usuários.
O Balanço Patrimonial, segundo Ribeiro (2013, p. 412), é
a “[...] demonstração financeira (contábil) destinada a evidenciar,
quantitativa e qualitativamente, numa determinada data, a posição
patrimonial e financeira da empresa”. O autor ressalta que o
Balanço Patrimonial deve conter todos os Bens e Direitos (Ativo),
as obrigações (Passivo) e o Patrimônio Líquido da entidade em
uma determinada data.
Já de acordo com Araújo (2009), a função do Balanço
Patrimonial consiste em demonstrar os efeitos causados nos
elementos patrimoniais através dos fatos contábeis em determinado
período. O autor salienta, ainda, que o Balanço Patrimonial
possibilita aos usuários informar-se sobre a situação patrimonial da
empresa, bem como suas variações ao longo do tempo.
A Demonstração do Resultado do Exercício, segundo Marion
(2009, p. 74), é um dos grupos:
[...] que constava do Balanço Patrimonial antes da MP
449/08 (Lei nº11.941/09) e aparecia entre o Passivo
Exigível e o Patrimônio Líquido. Seu objetivo era abrigar
as receitas recebidas antecipadamente, que contribuiriam
para o Resultado de Exercícios Futuros. Eram subtraídos

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os custos e as despesas já incorridos ou vinculados,


correspondentes a tais receitas.
Ribeiro (2009, p. 424) salienta que: “Demonstração do
Resultado do Exercício (DRE) é um relatório contábil destinado a
evidenciar a composição do resultado formado num determinado
período de operações da empresa”. O autor enfatiza que tal
demonstração consiste no resultado econômico, sendo possível
observar o lucro ou prejuízo apurado pela empresa no final de cada
exercício.
Diante dos estudos apresentados das Demonstrações Contábeis,
observa-se a sua relevância para toda a análise de balanços – saber
compreender a estrutura das Demonstrações Contábeis e a forma de
contabilização e apuração delas, possibilitando o desenvolvimento
de avaliações mais detalhadas das empresas, com informações que
permitem analisar o seu desempenho contínuo.

Análise financeira

De acordo com Groppelli (2010), os relatórios contábeis e


suas demonstrações oferecem informações de grande importância
aos seus usuários. Dessa forma, é com base na interpretação dos
dados financeiros que encontramos a possibilidade de compreender
como a empresa aloca os seus recursos, controla seus custos e
como obtém lucros e de que forma está utilizando o caixa por ela
gerado. Na análise desses demonstrativos, evidencia-se a detecção
dos pontos fortes e fracos das áreas operacionais e financeira da
empresa.
Para Migliorini (2017), é no desenvolvimento da análise
financeira que podemos compreender o quanto a empresa depende
de capital de terceiro, ou seja, é possível entender o endividamento,
causa que leva às MPEs à falência. O autor enfatiza que, no processo
de gestão financeira, as análises verticais e horizontais, assim
como os indicadores financeiro-econômicos, são apontadas como
sendo fatores indispensáveis para a longevidade da empresa, visto
que estas possibilitam a mensuração do desempenho econômico,
capacidade de pagamento e a rentabilidade da empresa.

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60 ISSN 2237-2318

Sendo assim, por meio dessas análises, podemos identificar


informações de cunho financeiro, que nos permitem a compreensão
da saúde financeira da empresa, seu grau de liquidez e capacidade
de solvência; e a análise econômica, cuja interpretação apresenta as
variações do patrimônio e da riqueza gerada por sua movimentação.
São elaboradas sob ponto de vista distintos de acordo com a
necessidade de cada usuário.
De acordo com Teixeira et al. (2013), a Análise Horizontal de
Demonstrações Contábeis é a verificação da evolução, em exercícios
distintos, de um dado item de uma demonstração, ou seja, permite
a avaliação da evolução dos valores de uma determinada conta
ao longo dos Demonstrativos Contábeis. Sendo um processo de
análise temporal, é desenvolvido por meio de números-índices em
comparação com os dados do ano anterior, apresentando a variação
das contas de um ano para o outro, sendo assim, toda vez que existir
um crescimento de uma conta ou variação de uma conta de um ano
para o outro, estaremos fazendo menção à Análise Horizontal.
Já a Análise Vertical é a relação apresentada entre o valor
da conta e o valor base. Teixeira (2013) salienta que, apesar de
a conclusão dos resultados serem semelhantes entre as Análises
Horizontal e Vertical, é importante acrescentarmos que uma
complementa a outra em termos de informações. Em uma análise
comparativa das Demonstrações Contábeis de uma empresa, a
utilização de ambas as análises apresenta as várias modificações
sofridas por seus elementos contábeis.
Ainda segundo Teixeira (2013, p. 90), a técnica de análise
financeira “[...] é um dos mais importantes desenvolvimentos da
Contabilidade”, pois o uso dos índices na realização das análises
permite mensurar e entender qual é a posição da empresa diante
do cenário econômico. Para conhecer como anda essa posição da
empresa, é importante sabermos sobre três pontos indispensáveis,
sendo eles os indicadores de: liquidez, rentabilidade e endividamento.
Para tanto, os indicadores de liquidez mensuram a capacidade que
a empresa tem em cumprir com suas obrigações de curto e longo
prazo.

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Liquidez Imediata, na visão de Iudícibus (2008), é um


quociente que representa o quanto a empresa dispõe imediatamente
para saldar suas dívidas de curto prazo. Liquidez Corrente
relaciona quanto em valores a empresa dispõe imediatamente em
recursos de curto prazo para saldar as dívidas de curto prazo. É
um índice bastante utilizado, pois se trata da melhor representação
da liquidez da empresa, já que, quanto maior este índice, maior
será a sua capacidade de financiar suas necessidades. Liquidez
Seca avalia a situação de liquidez da empresa, quando se elimina o
seu estoque, pois este se trata de uma fonte de incerteza que pode
representar mudanças ao longo do período. É considerada um
quociente conservador, pois as somas dos valores em estoques são
avaliadas adequadamente. Liquidez Geral é um índice responsável
por demonstrar a saúde financeira de longo prazo da empresa. Na
análise, confronta o quanto existe de deveres e haveres no ativo
circulante e no realizável a longo prazo, ou seja, representa quais
são os recursos que podem ser transformados em dinheiro para o
pagamento de dívidas (TEIXEIRA, 2013 apud ASSAF NETO,
2007).
Indicadores de Rentabilidade: indicam a situação econômica
da empresa. São um quociente de eficiência de resultados em
relação aos capitais investidos. Por meio desse índice, mensuram-
se: rotação de estoque, eficiência operacional, giro do ativo total,
retorno sobre as vendas, retorno sobre o patrimônio líquido e
retorno sobre o ativo total. Para um melhor entendimento dessa
análise, é essencial a compreensão de cada índice individualmente.
Indicadores de Endividamento: sob a visão de Iudícibus (2008, p.
94), esses quocientes “[...] relacionam as fontes de fundos entre
si, procurando retratar a posição relativa do capital próprio com a
relação ao capital de terceiros”. Tratam-se de quocientes de extrema
importância, pois apresentam a dependência financeira da empresa
em relação ao capital de terceiros.
Neste contexto, a análise dos indicadores financeiros
objetiva a observação e o confronto dos elementos patrimoniais e
os resultados das operações, visando ao conhecimento amplo de
sua composição, de modo que apresente os fatores ocorridos que
determinaram a situação atual da empresa. Soma-se a apresentação

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62 ISSN 2237-2318

do ponto de partida para que seja definido o seu comportamento


futuro.
Considera-se que a análise das Demonstrações Contábeis,
assim como a interpretação e os índices financeiros, é um processo
que fornece um norte a ser seguido, embora a interpretação das
suas análises nem sempre apresente um diagnóstico preciso. Assim,
caberá aos administradores, gestores e/ou profissionais da área
contábil compreenderem e adequarem os seus conhecimentos de
acordo com o ramo de atividade e a atuação da empresa.

Contabilidade como ferramenta de gestão e apoio à sobrevivên-


cia a micro e pequenas empresas

De acordo com Barros (2013, p. 61), “[...] a administração de


uma empresa está pautada em um processo constante de tomada de
decisões visando, sobretudo, a continuidade das atividades”. O autor
salienta que não basta a demonstração de relatórios que apresentem
ao empresário o lucro obtido em um determinado período, ou em
uma atividade. Ele ressalta que se é necessário:
[...] avaliar a capacidade de cumprimento de seus
compromissos financeiros, a capacidade de produção de
bens ou serviços, o poder de venda, situar a empresa no
mercado, avaliar as perspectivas futuras enfim, conhecer
todos os elementos capazes de sustentar uma decisão por
parte dos administradores, cujo resultado se aproxime ao
máximo do nível desejado (BARROS, 2013, p. 61).
Segundo Silva et al. (2013, p. 13), “[...] o profissional da
Contabilidade, diante de tantas mudanças, deve estar preparado
para contribuir continuamente para a gestão dos negócios de uma
empresa”.
De acordo com Ribeiro (2013, p. 23):
Contabilidade é a arte de registrar todas as transações
de uma companhia que possam ser expressas em termos
monetários e de informar os reflexos dessas transações na
situação econômico-financeira dessa companhia.

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O uso da Contabilidade como ferramenta gerencial permite


compreender perfeitamente as informações e quantificá-las
monetariamente para que sejam elaborados os relatórios contábeis e
entregues aos interessados na situação da empresa. Tais interessados
devem analisar os fatos que levaram àqueles resultados, como
também os resultados obtidos, e, assim, tomarem as decisões
futuras.
Sendo assim, a Contabilidade, através de suas Demonstrações
Contábeis, permite aos seus usuários o planejamento, que consiste
no processo de tomar decisões para evitar consequências futuras, e
o controle, que busca a preservação do patrimônio da empresa.
De acordo com Bernardo et al. (2019), é possível observar
alguns questionamentos sobre o papel dos contadores no auxílio
aos empreendedores no ramo de empresas de pequeno porte. Os
autores observam alguns obstáculos de gestão relacionados à
ciência contábil; um deles é a dificuldade para administrar o caixa,
separando as finanças pessoais das empresariais. Sendo assim,
evidencia-se sobre o maior empenho por parte dos contadores
“[...] em divulgar o conhecimento e as ferramentas de gestão da
contabilidade” (BERNARDO et al., 2019, p. 1), enfatizando sobre
a importância do auxílio contábil aos empreendedores.
Marion (2009) salienta que existem diferentes critérios para
a classificação das empresas no Brasil. Elas são classificadas
em micro, pequenas, médias e grandes, conforme a instituição
responsável pela classificação.
Previsto na Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro
de 2006, a lei do Simples Nacional classifica as microempresas
e empresas de pequeno porte através da Receita Bruta Anual.
(BRASIL, 2006). Segundo ainda Brasil (2016, [n.p.]):
A classificação do porte das empresas é de acordo com
o seu faturamento anual ou do grupo econômico a que
pertence. É considerada microempresa nos casos em que
a receita bruta seja igual ou inferior a R$ 360.000,00
(trezentos e sessenta mil reais). Já a empresa de pequeno
porte é aquela cuja, no ano-calendário, a receita bruta for
superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais)
e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões

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64 ISSN 2237-2318

e oitocentos mil reais), que entrou em vigor, pela Lei


Complementar nº 155, de 2016.
Dessa forma, compreender as classificações e o regime fiscal
é fundamental para as MPEs.
No cenário econômico do país, conforme dados do Sebrae
(2010), as MPEs representavam uma grande fatia do faturamento
dos negócios no Brasil, sendo 99% do total nacional das empresas,
responsável por 20% do PIB, gerando 52% dos empregos formais
e 40% da massa salarial. Na época, o estado de São Paulo
apresentava 1,5 milhão de MPEs. As pesquisas apontavam que as
MPEs representavam 98% das empresas paulistas, e, diante desses
números, apresentou-se a evidência de que as MPEs desempenham
um importante papel na geração de emprego e renda, o que favorece
o desenvolvimento econômico do país.
De acordo com as pesquisas apresentadas pelo DataSebrae
(2016, [n.p.]), não há apenas um único fator atribuído à causa da
mortalidade das empresas, mas uma combinação de fatores em
quatro grandes áreas, sendo elas: “[...] a situação do empresário
antes da abertura, o planejamento dos negócios, a capacitação em
gestão empresarial e a gestão do negócio em si”.
Ainda de acordo com as pesquisas do DataSebrae (2016), a
probabilidade de fechamento era maior entre os empreendedores
que estavam fora do mercado de trabalho formal antes da abertura
do negócio e que pensavam o empreendedorismo como saída para o
desemprego, pois, com o amadorismo somado à pouca experiência,
as pesquisas mostram que esses empresários cometem erros como:
falta de planejamento para o desenvolvimento das atividades e a
ausência de acompanhamento contínuo das receitas e despesas, a
fim de saberem sobre a saúde financeira de seus negócios.
De acordo com os dados do Sebrae (2010), a inovação
é a principal ferramenta de competitividade de uma empresa.
Sendo assim, a empresa que não inova está direcionada à falta
de progresso e, ao longo do tempo, a perder sua capacidade de se
manter competitiva no mercado.

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ISSN 2237-2318 65

De acordo com as argumentações de Paixão (2010) sobre a


utilização da Contabilidade como ferramenta de gestão, destaca-se
como sendo uma das áreas mais importantes de uma organização,
tendo em vista que, por meio dela, são apresentadas as devidas
informações sobre a saúde financeira de uma empresa.
Brandão et al. (2019) acrescentam que a Contabilidade, há
um tempo atrás, era vista apenas como um sistema de informações
tributárias, porém essa visão veio se modificando com o passar
dos tempos. Atualmente, é vista como uma ferramenta que abriga
também um caráter gerencial, uma vez que seus processos permitem
ir além do que fornecer instrumentos que contêm informações
financeiras econômicas das entidades.
De modo geral, tais instrumentos podem ser interpretados e
utilizados pelos gestores em processo administrativo. É essencial
que os cursos de formação profissional também abranjam essa
demanda para a formação do contador, mesmo porque, atualmente,
existe uma grande carência desse perfil profissional no mercado.
Nas perspectivas apontadas sem um profissional qualificado para
a realização das análises contidas nos relatórios contábeis, as
informações não poderão ser utilizadas pelos administradores de
forma eficaz.
Moreira (2013) ressalta que a preocupação com a qualidade
dos serviços prestados traz benefícios econômicos aos contadores
e pode ser uma fonte de vantagem competitiva. Para tanto, é
imprescindível que os contadores cumpram com as obrigações não
somente fiscais e trabalhistas, mas também gerenciais, incentivando
os gestores e/ou administradores a realizarem o controle e a análise
de desempenho em suas empresas. Sendo assim, é essencial uma
assessoria completa, por meio da elaboração e interpretação
dos relatórios financeiros que permitam aos gestores tomarem
decisões mais precisas e em tempo hábil, sendo reconhecidos como
profissionais de grande valor a essas empresas.

3.  CONSIDERAÇÕES FINAIS

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O foco desta pesquisa foi avaliar, de forma clara e objetiva,


as indagações dos diversos autores, com base nas referências
bibliográficas sobre o tema abordado. Com base nos objetivos
propostos, observamos que ainda há um despreparo de gestão por
parte dos administradores ou gestores das empresas, sendo que, de
acordo com os dados apresentados, as principais causas são a falta
de capital de giro, elevada carga tributária, falta de clientes, assim
como o excesso de burocracia, dentre outros. A própria falta de
familiaridade com as demonstrações e a dificuldade em interpretar
tais dados já tornam essa tarefa um desafio.
Na medida em que desenvolvemos esta pesquisa, observamos
alguns aspectos como pontos de dificuldades de gestão e que, em
meio a um cenário econômico de constantes mudanças, é essencial
que tais empresas aprimorem suas ferramentas e seus capitais
intelectuais e compreendam a Contabilidade como uma ferramenta
de contribuição contínua para a gestão de uma empresa.
Além disso, entendemos que é fundamental a compreensão
dos elementos extraídos das análises, pois isso faz com que as
demonstrações deixem de ser apenas um conjunto de dados e
transmitam valores relevantes, como informação da real situação
econômica e financeira de qualquer organização.
A Contabilidade nas MPEs é tão ou mais importante que
em organizações de maior porte. Os ramos de negócios de menor
faturamento exigem maior atenção, sobretudo em seus primeiros
anos. Os negócios passam por uma situação de extrema fragilidade
até estruturarem suas atividades em um determinado setor de
mercado. O conhecimento das Demonstrações Contábeis é um
fator de diminuição dessa vulnerabilidade econômica.
Assim sendo, esta pesquisa nos permitiu compreender a
relevância das análises das Demonstrações Contábeis, assim
como os resultados dos indicadores financeiros, da rentabilidade
e endividamento como sendo um dos mais importantes
desenvolvimentos da Contabilidade.
Dessa forma, compreende-se a necessidade de uma maior
conscientização e empenho por parte dos administradores e/ou
gestores em buscar conhecimentos e apoio junto aos profissionais

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da Contabilidade e suas ferramentas de apoio à gestão, de forma que


possam auxiliar na sustentabilidade e sobrevivência das empresas.
Portanto, como sugestão de pesquisas futuras, podem-se ampliar as
amostras deste tipo de pesquisa nos livros acadêmicos, permitindo a
demonstração das vivências dos profissionais de Contabilidade em
seu cotidiano nas empresas, a fim de que estes possam transmitir,
através de suas experiências, a importância do seu trabalho aos
interessados por esta área e uma melhor compreensão dos assuntos
abordados.

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Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de

Revista Linguagem Acadêmica, Batatais, v. 12, n. 3, p. 49-70, jul./dez. 2022


68 ISSN 2237-2318

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ISSN 2237-2318 71

A consultoria contábil como ferramenta


gerencial para empresas de pequeno porte

Caio Rubin da SILVA1


Fernando Queiroz LUZ2
Gustavo Carneiro dos SANTOS3
Marcos Roberto do Amaral de LUCCA4
Edilson Fernandes de SOUZA5

Resumo: A pesquisa deste artigo se refere à importância de diagnósticos que a


consultoria empresarial formula para trilhar o objetivo, o planejamento, e para
conhecer as necessidades das empresas, a fim de transmitir ferramentas essenciais
para mostrar a situação financeira e econômica da saúde da organização. Muitos
proprietários e gestores buscam entrar em empreendimentos que possam gerar
receitas e lucratividades, porém não tomam conhecimento das tributações
e burocracias para dar andamento aos processos, e isso resulta em decisões
precipitadas e erros por falta de relatórios. Tais documentos devem ser analisados
e interpretados antes de qualquer decisão, considerando um cenário de incertezas
e instabilidades financeiras. Portanto, cabe a uma consultoria analisar, interpretar
e cuidar dos registros e movimentações das organizações. Assim, versaremos
sobre o papel da consultoria como ferramenta estratégica e de gestão, a partir de
métodos de análises de relatórios contábeis para tomadas de decisão.

Palavras-chave: Consultoria. Análise. Gestão. Eficiência.

1
Caio Rubin da Silva. Bacharelando em Ciências Contábeis do Claretiano – Centro Universitário de
Rio Claro. E-mail: caio-bola8@hotmail.com.
2
Fernando Queiroz Luz. Bacharelando em Ciências Contábeis do Claretiano – Centro Universitário de
Rio Claro. E-mail: ferqueiroz_luz@outlook.com.
3
Gustavo Carneiro dos Santos. Bacharelando em Ciências Contábeis do Claretiano – Centro
Universitário de Rio Claro. E-mail: gustavosantoz15@gmail.com.
4
Marcos Roberto do Amaral de Lucca. Bacharelando em Ciências Contábeis do Claretiano – Centro
Universitário de Rio Claro. E-mail: marcosdelucca@gmail.com.
5
Edilson Fernandes de Souza. Mestre em Física pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” (UNESP). Licenciado em Pedagogia pelo Claretiano – Centro Universitário.
Licenciado em Matemática pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP).
Docente do Claretiano – Centro Universitário de Rio Claro. E-mail: edilsonsouza@claretianorc.com.br

Revista Linguagem Acadêmica, Batatais, v. 12, n. 3, p. 71-84, jul./dez. 2022


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Accounting consulting as a management tool


for small companies

Caio Rubin da SILVA


Fernando Queiroz LUZ
Gustavo Carneiro dos SANTOS
Marcos Roberto do Amaral de LUCCA
Edilson Fernandes de SOUZA

Abstract: The research of this article refers to the importance of diagnoses that
business consulting formulates to follow the objective, planning and to know
the needs of companies in order to transmit essential tools to show the financial
and economic situation of the organization’s health. However, many owners and
managers seek to enter into ventures that can generate revenue and profitability,
however, they are unaware of taxation and bureaucracy to proceed with the
processes and this ends up making hasty decisions and ending up missing due
to lack of reports. Such documents must be analyzed and interpreted before any
decision against a backdrop of financial uncertainties and instabilities, therefore,
it is up to a consultancy to analyze, interpret and take care of the organizations’
records and movements. Thus, we will discuss the role of consultancy as a
strategic and management tool, using methods of analysis of accounting reports
for decision making.

Keywords: Consulting. Analysis. Management. Efficiency.

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1.  INTRODUÇÃO

As constantes crises econômicas e a instabilidade do mercado


financeiro no Brasil fazem com que micro e pequenos empresários
se aventurem no empreendedorismo sem ter noções da burocracia
contábil-fiscal que estão por enfrentar. Por essa razão transparente,
faz-se necessária a busca por consultoria especializada, que trace
os objetivos da micro ou pequena empresa e, consequentemente,
garanta uma vida empresarial sadia e legal para a sua perpetuação.
Nesse processo de orientação, o papel do consultor é o de
agente externo à situação da empresa, que, tendo acesso aos
demonstrativos e relatórios contábeis-administrativos (quando
estão acessíveis e são úteis), propõe ações gerenciais, visando à
prevenção e ao impedimento da deterioração das organizações
(QUINTELLA, 1994).
Geralmente os gestores têm dúvidas sobre qual o melhor
momento para pedir ajuda a um profissional especializado em
consultoria – que deve ser qualificado para analisar e identificar
problemas e lacunas, a fim de recomendar soluções imbuídas de
imparcialidade em relação à organização e a seus componentes.
Logo se constata que, independentemente do tipo de negócio ou
do porte da empresa, em alguma ocasião haverá a necessidade
de repensar seu modelo de gestão. Isso não aplica apenas a
circunstâncias específicas, podendo se dar por questões de
crescimento, ou para acompanhar as tendências tecnológicas que
progridem constantemente. Neste momento de tomada de decisão,
a ajuda externa pode ser a chave para o sucesso (ORLICKAS, 1998
apud SANTOS, 2010).
A definição de pequeno porte pode ser desenvolvida a partir
do conceito de empresa individual de responsabilidade ilimitada,
conforme citado por Pinheiro (2012, p. 12):
Após diversas tentativas frustradas de se introduzir no
ordenamento jurídico brasileiro alguma hipótese de
limitação de responsabilidade pessoal do empresário,
a lei n. 12.441/2011 foi publicada no Diário Oficial da
União (DOU), que circulou em 12/07/2011, e regula a
empresa individual de responsabilidade ilimitada ou

Revista Linguagem Acadêmica, Batatais, v. 12, n. 3, p. 71-84, jul./dez. 2022


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simplesmente EIRELI. Nesse novo instituto jurídico


autoriza determinada pessoal natural a constituir pessoa
jurídica para a exploração da empresa, sem a necessidade
de se juntar a algum sócio.
A EIRELI é simplesmente uma nova espécie de pessoa
jurídica de direito privado reconhecida pela legislação
brasileira. E não há nenhum impedimento legal para
a atribuição de personalidade jurídica que não seja
relacionada a uma coletividade de pessoas.
Já o conhecido microempreendedor individual é definido
por Padoveze e Martins (2014, p. 25) como sendo “[...] a pessoa
que trabalha por conta própria e que se legaliza como pequeno
empresário”. Esse conceito abre uma tendência de pensamento
administrativo que permite ao consultor e gestor de negócios
ampliar de forma criativa o leque de opções para o fortalecimento e
esteio para a edificação da organização.
No texto da Lei Complementar nº 123, de 4 de dezembro
de 2006 (BRASIL, 2006), encontramos fundamento técnico para
sustentar o conceito de empresa de pequeno porte ou microempresa:
Para os efeitos desta lei complementar, consideram-se
microempresas ou empresas de pequeno porte, a sociedade
empresária, a sociedade simples, a empresa individual de
responsabilidade limitada e o empresário a que se refere o
art. 966 da lei n.º 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código
Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas
Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. [...]
II – no caso de empresa de pequeno porte, aufira, em cada
ano-calendário, receita bruta superior a R$360.000,00
(trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a
R$4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais)
(BRASIL, 2006, [n.p.]).
A formação e a experiência robustas são necessárias para que
detalhes burocráticos e essenciais do emaranhado da legislação
tributária brasileira sejam apresentados para a manutenção de
micro, pequena, média ou grande empresa. Por esse motivo, e
por outros que requerem estabilidade contábil, administrativa e
organizacional, a consultoria contábil torna-se uma ferramenta
essencial para planejamento, controle e avaliação contínua da
organização, cumprindo, consequentemente, seu objetivo principal,

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gerir e otimizar o patrimônio da empresa e sua ascensão patrimonial


(CORONADO, 2006).
Assim, revisando conceitos e perpassando-os de modo a
focar o objetivo do presente artigo, poderemos aclarear ideias para
principiantes das Ciências Contábeis. O propósito deste estudo é
versar sobre a importância, eficácia e objetividade da consultoria
para empresas de pequeno porte, levantando conteúdo teórico e legal
para embasar a necessidade de consultorias contábeis que foquem
a sobrevivência de micro e pequenas empresas e a gerência de seu
patrimônio, seja porque elas são mais sensíveis à necessidade de
continuidade do negócio, seja pela dificuldade burocrática ou pela
carga exagerada de tributos. Para isso, serão revisitados conceitos
de diversos autores por meio de revisão bibliográfica a respeito do
conceito geral de consultoria, e de sua vertente empresarial aplicada
aos diversos tipos de empresas, a fim de entender seus respectivos
conceitos e a aplicação das Ciências Contábeis para a sobrevivência
e manutenção de empresas de pequeno porte.

2.  R ESULTADOS E DISCUSSÃO

Definição e tipos de constituições empresariais

Empresa “[...] é derivado do latim prehensus, de prehendere


(empreender, praticar), possui o sentido de empreendimento ou
cometimento intentado para a realização de um objetivo” (SILVA,
1988 apud MARCONDES, 2019, [n.p.]). Ou seja, o conceito
de empresa é uma entidade que tem por finalidade um mesmo
objetivo, podendo ser uma oferta de produto, serviço, explorar um
ramo desconhecido, dentre outros objetivos. Ramos (2016, p. 22)
afirma o seguinte:
[...] empresa é uma atividade econômica organizada com a
finalidade de fazer circular ou produzir bens ou serviços.
Empresa é, portanto, atividade, algo abstrato. Empresário,
por sua vez, é quem exerce empresa. Assim, a empresa não
é sujeito de direito. Quem é sujeito de direito é o titular da
empresa. Melhor dizendo, sujeito de direito é quem exerce

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empresa, ou seja, o empresário, que pode ser pessoa física


(empresário individual) ou pessoa jurídica (sociedade
empresarial).
Dessa forma, conseguimos definir empresa em nossas
mentes e, a partir disso, trabalhar os principais conceitos dentro da
estrutura societária, a qual possui diversas maneiras de constituição:
sociedades, associações, fundações e outras. Aqui, porém, iremos
nos atentar apenas a sociedades e empresários individuais.
De acordo com a Lei nº 10.406 (BRASIL, 2002), as empresas
societárias limitadas (LTDA) são constituídas por mais de um
sócio, sendo eles pessoas físicas, integralizando o capital social em
quotas, e sendo a responsabilidade limitada a cada quota pertencente
a cada sócio. Há outras estruturações societárias, por exemplo,
sociedades anônimas, simples, unipessoal, mas não trataremos com
profundidade sobre elas (BRASIL, 2002).
Diferentemente das sociedades, uma empresa pode ser
constituída por apenas uma pessoa, sendo tal estrutura denominada
“Empresário Individual” (EI). Nesse caso, não existe necessidade
de partilha de quotas, sócios, contrato social; o processo societário
é montado por um requerimento de empresário – ficando este
totalmente responsável pela empresa, ou seja, por ela respondendo
ilimitadamente a qualquer necessidade.
A “Eireli” – Empresa Individual de Responsabilidade Limitada
– também é uma empresa individual, suas únicas diferenças estão
na integralização do capital social e na responsabilidade, conforme
preconiza a Lei nº 12.441(BRASIL, 2011) que a criou. Para abrir
uma empresa Eireli, o empresário deve dispor, inicialmente, de
uma quantia de 100 salários mínimos e, dessa forma, responderá
pela empresa limitadamente (ou seja, a empresa fica limitada ao
capital de 100 salários mínimos).

Empresa de Pequeno Porte e tributação

Agora que já discutimos o conceito de empresa e os tipos de


constituições, podemos começar a compreender o porte da empresa.
Para caracterizar essa informação, nós temos as microempresas

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(ME) e empresas de pequeno porte (EPP), a única distinção entre


elas é a capacidade de faturamento. A ME somente pode faturar
360.000,00 reais em um prazo de 12 meses, ano contábil; a empresa
de pequeno porte, por sua vez, tem limite de faturamento de até
4.800.000,00 reais, conforme a Lei Complementar nº 123 (BRASIL,
2006). Nota-se, portanto, que a caracterização do porte da empresa
é pautada por sua capacidade de receita bruta ao longo dos meses.
Na etapa de concepção de uma empresa, a principal questão,
e talvez a mais importante, é como tributá-la. O Brasil é um dos
principais países relacionados a complexidade de impostos e
tributos, devendo esse assunto ser, portanto, de interesse para
o planejamento das empresas (PAGOTTO, 2018). Segundo o
Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação – IBPT (2020), no
ano de 2018, em média, 33% dos lucros obtidos pela empresa são
destinados a pagamentos de aproximadamente 63 tipos de tributos.
Estudos da IBE – Institute Business Education – conveniada da
FGV – Fundação Getúlio Vargas (2018, p. 2), esclarecem que “[...]
é preciso planejar para vencer os obstáculos impostos pela carga
tributária”. Dessa forma, é necessário se enquadrar num regime
tributário para o funcionamento da empresa em Lucro Real, Lucro
presumido ou Simples Nacional.
A tributação torna-se uma ferramenta para auxiliar a
consultoria contábil. Atualmente esta busca ligar o conhecimento
aos gestores empresariais. Devemos lembrar que, em empresas ME,
o gestor ou administrator não possui tantos recursos (ou mesmo
informação) para tomar decisão com embasamento necessário. Esse
é um ponto negativo, pois os pequenos empreendimentos movem o
mercado, gerando empregos, movimentação de dinheiro etc.
A tributação do regime do Simples Nacional busca englobar
empresas com um faturamento menor – de até 4.800.000,00 reais
– em relação a 12 meses. Esse regime simplifica a administração
das empresas, que são regidas pela Lei nº 123 (BRASIL, 2006). As
alíquotas são mais variáveis e flexíveis, contudo, não há nenhuma
forma de aproveitamento de crédito, todos as despesas consumidas
pela empresa não são recuperáveis e, consequentemente, o custo
aumenta, bem como o preço final do produto.

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A tributação do regime de Lucro presumido é voltada a


empresas que possuem um faturamento bruto constante ou, pelo
menos, com poucas variações, pois as alíquotas dos tributos são
fixas para cada área de atuação da empresa – assim, caso a empresa
fature muito menos que a alíquota fixa, teoricamente esse tipo
de regime não seria muito interessante. Seu faturamento anual
máximo é de 78.000.000,00 reais, conforme legislado pela Lei nº
9.430 (BRASIL, 1996), que permite o aproveitamento de crédito
em suas compras, desde que sejam relativas a matéria-prima ou
revenda – nesse caso, pode-se reduzir o preço de custo e oferecer
melhores ofertas para o mercado (BRASIL, 1996).
O regime de Lucro Real contempla uma faixa de faturamento
superior a 78.000.000,00 reais. Sua sistemática é mais complexa,
pois possui mais obrigações acessórias e mais responsabilidade
contábil. O acompanhamento deve ser impecável, para evitar
autuações e multas (BRASIL, 1996). A grande vantagem da
empresa Lucro Real está no pagamento dos tributos: o cálculo do
imposto será sobre o faturamento real da empresa, pois iremos
deduzir todas as despesas e contabilizar todas as receitas; dessa
forma, diferentemente dos outros regimes tributários, que tomam
como base o lucro bruto para cálculo de seus impostos, o Lucro
Real irá apurar suas obrigações apenas após a elaboração da DRE,
definindo, assim, o Lucro Líquido empresarial.
Perceba-se que, para uma mesma empresa, temos situações
completamente diferentes, e a ME pode enquadrar-se em
qualquer umas dessas situações. Salvo no caso de atividades que
obrigatoriamente devem adotar alguns regimes específicos, cabe
ao consultor realizar um planejamento tributário junto aos gestores
para, dessa forma, buscar uma melhor solução e maior maximização
dos lucros.

A análise de relatórios contábeis como ferramenta da consultoria

O papel da consultoria empresarial só poderá ter sucesso a


partir da análise de relatórios contábeis, como o balanço patrimonial
da empresa, pois este indicará os índices necessários a curto e longo

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referentes ao capital próprio e de terceiros que compõem os ativos
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e passivos na empresa. Com tal análise, podemos observar o
prazos. Nele anual
crescimento também estão dispostas
da empresa, bem comoas contas referentes
percentual ao
de cada
capital próprio e de terceiros que compõem os ativos e passivos
conta
na no balanço.
empresa. Com tal análise, podemos observar o crescimento
anual Adaseguir,
empresa, bem comodados
apresentamos percentual
fictíciosdede cada
uma conta no
empresa,
balanço.
para poder usar a análise dos relatórios para embasar a consultoria
A seguir, apresentamos dados fictícios de uma empresa,
empresarial.
para poder usar a análise dos relatórios para embasar a
consultoria empresarial.
Tabela 1. Balanço patrimonial
Tabela 1. Balanço patrimonial
Ano Ano Ano Ano
ATIVO PASSIVO
2000 2001 2000 2001
Circulante Circulante
Disponível 2.000 3.200 Salários a pagar 19.000 31.000
Clientes/Contas a
13.000 26.800 Fornecedores 13.000 43.000
receber
Impostos a
Estoques 20.000 30.000 5.000 15.000
recolher
Total do Ativo Total do Passivo
35.000 60.000 37.000 89.000
Circulante Circulante
Não Circulante Não Circulante
Duplicatas a
1.200 3.300 Financiamentos 5.000 12.000
receber – longo
Patrimônio
Investimentos 1.800 2.700
Líquido
Imobilizado 35.000 107.000 Capital Social 9.000 28.500
Total do Não
38.000 113.000 Reservas 12.000 26.500
Circulante
Reservas de
10.000 17.000
lucros
Total do PL 31.000 72.000
TOTAL DO TOTAL
73.000 173.000 73.000 173.000
ATIVO PASSIVO

Fonte: elaborada pelos autores.

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Tabela 2. Índices.
Índices Ano 2000 Ano 2001
Liquidez Geral 0,86 0,63
Liquidez Corrente 0,95 0,67
Liquidez Imediata 0,05 0,03
Liquidez Seca 0,4 0,34

Fonte: elaborada pelos autores.


A liquidez geral detecta a saúde financeira (quanto à liquidez)
de longo prazo da empresa; já a liquidez seca relaciona os ativos
circulantes de maior liquidez ao total do passivo circulante; e a
liquidez corrente relaciona de quantos reais dispomos imediatamente
disponíveis e conversíveis em certos prazos em dinheiro, com
relação às dívidas de curto prazo; a liquidez imediata, por fim,
representa o valor de quanto dispomos, imediatamente, para saldar
as dívidas de curto prazo.
Capitais de terceiros retrata o posicionamento das empresas
com relação a eles mesmos. Empresas que vão à falência apresentam,
durante um longo período, alto quociente de Capitais de terceiros/
Capitais próprios:
Equação 1. Índice de endividamento.

Assim, para cálculo do balanço do ano 2001, temos:


89.000 + 12.000 = 1,40%
72.000

As análises vertical e horizontal consistem em análises que


buscam entender a dinâmica das operações de uma empresa. A
primeira busca entender qual o percentual de cada setor da empresa
em seus resultados; já a última foca a evolução dos resultados da
empresa ao longo do tempo.Podemos destacar que ambas devem
ser analisadas juntas para oferecerem os melhores resultados.
A seguir, apresentamos dados fictícios.

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Tabela 3. Balanço patrimonial.


Ativo 2018 AV % AH 2017 AV % AH
Ativo
R$ 54.000,00 57,45 -4,42 R$ 56.500,00 65,32 100
Circulante
Caixa R$ 1.250,00 1,33 -16,67 R$ 1.500,00 1,73 100
Bancos R$ 2.750,00 2,93 10,00 R$ 2.500,00 2,89 100
Aplicações de
R$ 5.000,00 5,32 -33,33 R$ 7.500,00 8,67 100
curto prazo
Clientes R$ 21.500,00 22,87 16,22 R$ 18.500,00 21,39 100
Estoques de
produto R$ 19.500,00 20,74 -15,22 R$ 23.000,00 26,59 100
acabado
Estoques de
produto em R$ 4.000,00 4,26 14,29 R$ 3.500,00 4,05 100
processo
Ativo Não
R$ 40.000,00 42,55 33,33 R$ 30.000,00 34,68 100
Circulante
Imobilizado R$ 32.500,00 34,57 44,44 R$ 22.500,00 26,01 100
Intangível R$ 7.500,00 7,98 0,00 R$ 7.500,00 8,67 100
Total do
R$ 94.000,00 100,00 8,67 R$ 86.500,00 100,00 100
Ativo

Passivo 2018 AV % AH 2017 AV % AH


Passivo
R$ 24.000,00 25,53 -2,04 R$ 24.500,00 28,32 100
Circulante
Fornecedores R$ 11.000,00 11,70 -12,00 R$ 12.500,00 14,45 100
Salários a
R$ 6.500,00 6,91 30,00 R$ 5.000,00 5,78 100
Pagar
Encargos
R$ 4.000,00 4,26 33,33 R$ 3.000,00 3,47 100
Sociais
Dividendos a
R$ 2.500,00 2,66 -37,50 R$ 4.000,00 4,62 100
Pagar
Passivo Não
R$ 12.500,00 13,30 -13,79 R$ 14.500,00 16,76 100
Circulante
Empréstimos R$ 7.500,00 7,98 7,14 R$ 7.000,00 8,09 100

Outras dívidas R$ 5.000,00 5,32 -33,33 R$ 7.500,00 8,67 100


Patrimônio
R$ 57.500,00 61,17 21,05 R$ 47.500,00 54,91 100
Liquido
Capital Social R$ 50.000,00 53,19 25,00 R$ 40.000,00 46,24 100
Reserva de
R$ 7.500,00 7,98 0,00 R$ 7.500,00 8,67 100
Lucros
Total do
R$ 94.000,00 100,00 8,67 R$ 86.500,00 100,00 100
Passivo + Pl

Fonte: elaborada pelos autores.

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Observamos, nas análises verticais referentes ao ano de


2017, que a principal fonte de riqueza, é o Patrimônio Líquido,
representando 54,91% do passivo total. Assim, no ano de 2018, o
Patrimônio Líquido continuou sendo a fonte de riqueza, e acabou
aumentando 6,16% em comparação com o ano anterior.
Mais da metade das aplicações realizadas no ano de 2017,
dentre os 54,91% compostos da riqueza do P.L., foram feitas no
Ativo Circulante, principalmente em estoque de produtos acabados,
e o restante, no Ativo Não Circulante. Já no ano de 2018, as análises
verticais e horizontais mostram que houve uma redução no Ativo
Circulante e uma elevação no Ativo Não Circulante, principalmente
na conta Imobilizado.
Na análise horizontal, podemos observar, nos recursos
aplicados no ano de 2018, que a conta Clientes aumentou,
representando um crescimento de 16,22% em relação a 2017; duas
das principais contas que aumentaram relativamente foram as de
Salários a Pagar e Encargos Sociais, mesmo representando pouca
dependência do Passivo Total e também um aumento de Capital
Social da empresa em 2018. Podemos concluir que, segundo as
analises, essa empresa consegue se manter pagando suas dívidas de
curto e longo prazos.

3.  C ONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa científica abordou a questão da consultoria


empresarial, e possibilitou entender a importancia da consultoria
diante de cenários econômicos de incerteza e instabilidade financeira
nas empresas. Com isso, faz-se necessária a busca por consultoria
especializada, que trace os objetivos da micro ou pequena empresa
e, consequentemente, garanta uma vida empresarial sadia e legal
para a sua perpetuação.
Foi observado que a falta de habilidade no uso das ferramentas
gerenciais causa insuficiência de informações às organizações para
que haja a possibilidade de trazer aos gestores e proprietários uma
visão mais ampla da saúde financeira da empresa. Entretanto, para
obter sucesso com as análises de relatórios contábeis, a organização
deve ter registros e certos controles de entradas e saídas no caixa,

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por meio do balanço patrimonial da empresa, pois este balanço


pode verificar os índices necessários para concluir as análises.
Primeiramente, foi feito um levantamento sobre o conceito e a
evolução das análises que devem ser realizadas para obter resultados
significativos. Em seguida, com base nos exemplos elencados nos
modelos vistos, observamos que é possível adquirir conhecimento
geral sobre o estado da empresa, e também que é possível quitar as
dívidas de curto e longo prazo. Pode-se avaliar, ainda, se a empresa
evoluiu ou retraiu em comparação com exercícios anteriores.
Conclui-se que a consultoria como uma ferramenta estratégica
possibilita um modo diferente de obter elevações e planejamentos
estratégicos, a fim de apresentar uma visão geral diante de situações
adversas. Colocando conhecimento em prática, podemos notar a
real eficiência das análises que as consultorias nos trazem.
Utilizando a consultoria como instrumento interno adotado
pelas empresas, possibilita-se a várias pessoas adquirir conhecimento
no desenvolvimento das interpretações desses relatórios.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto


Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; altera dispositivos
das Leis nº 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, da Consolidação das
Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio de
1943, da Lei nº 10.189, de 14 de fevereiro de 2001, da Lei Complementar nº 63,
de 11 de janeiro de 1990; e revoga as Leis nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996,
e 9.841, de 5 de outubro de 1999. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil, Brasília, DF, 15 dez. 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm. Acesso em: 15 jul. 2020.
BRASIL. Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Dispõe sobre a legislação
tributária federal, as contribuições para a seguridade social, o processo
administrativo de consulta e dá outras providências. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 30 dez. 1996. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9430.htm. Acesso em: 15 jul. 2020.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 jan. 2002.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm.
Acesso em: 15 jul. 2020.

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BRASIL. Lei nº 12.441, de 11 de julho de 2011. Altera a Lei nº 10.406, de 10 de


janeiro de 2002 (Código Civil), para permitir a constituição de empresa individual
de responsabilidade limitada. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil, Brasília, DF, 12 jul. 2011. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12441.htm. Acesso em: 15 jul. 2020.
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deverá lidar com questões de federalismo e conflitos na justiça, diz estudo.
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tributaria-novo-imposto-devera-lidar-questoes-federalismo-e-conflitos-justica-
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Impostômetro atingiu a marca R$ 1 trilhão mais cedo do que em 2017.
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Aprendizagem gamificada:
estudo de caso do app Memrise
no modelo Octalysis

Isabela Sousa GUIMARÃES1

Resumo: O artigo em questão observa a utilização de ferramentas de gamificação


na interface de aprendizagem de línguas e demais conhecimentos Memrise, sob a
ótica do modelo Octalysis, metodologia voltada para análise e criação de modelos
de gamificação, no qual visa a uma constatação mais objetiva da utilização
dessas ferramentas em contextos de espaços de tempo e direcionamento de
perfis diferentes de usuários players. A análise realizada engloba as três fases
da metodologia, confirmando as hipóteses levantadas e levando à conclusão de
que o produto digital avaliado possui uma boa distribuição de elementos para
diversos perfis de players e em todos os momentos de interação e evolução na
plataforma, transformando o Memrise, não apenas em um excelente aplicativo de
ensino de línguas, como também um bom exemplo em utilização de ferramentas
de gamificação.

Palavras-chave: Gamificação. Octalysis. Memrise. Análise.

1
Isabela Sousa Guimarães. Mestranda em Design pela Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação
(FAAC) da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP). Especialista em UX
Design pelo Claretiano – Centro Universitário. Bacharel em Design pela Universidade Federal de
Uberlândia. E-mail: isasousaguimaraes@gmail.com; isabela.s.guimaraes@unesp.br.

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Gamificated learning:
a case study around Memrise app
on the Octalysis model

Isabela Sousa GUIMARÃES

Abstract: The present article observes the use of gamification tools in the
language learning interface and other types of knowledge Memrise, from the
perspective of the Octalysis methodology, often used as a model of analysis and
development of gamificated products, which aims at a more objective verification
of the use of these tools in contexts of spaces of time and targeting of different
profiles of player users. The analysis performed encompasses the three phases of
the methodology, confirming the hypotheses raised and leading to the conclusion
that the digital product evaluated has a good distribution of elements for various
player profiles and at all moments of interaction and evolution on the platform,
making Memrise not only an excellent language learning application, but also a
good example in the use of gamification tools..

Keywords: Gamification. Octalysis. Memrise. Analysis.

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1.  INTRODUÇÃO

O cenário contemporâneo tem se mostrado favorável à


aprendizagem on-line e ativa, abraçada por diversos fatores,
tais quais a criação de uma rotina de estudos personalizada, o
encurtamento da distância para uma educação de qualidade e a
utilização de novos meios para a propagação e a produção de ideias
inovadoras. Devido ao fato de o setor educativo se tornar cada
vez mais tecnológico, é necessário um estudo mais aprofundado
de técnicas, métodos e ferramentas que possam tornar esse ensino
on-line dinâmico e engajador para uma melhoria de desempenho
futura. Dentre vários métodos florescendo nesse panorama está a
gamificação — processo de aprendizagem pautada em dinâmicas
de jogo em contextos de não jogo – no intuito de aumentar
impactos positivos na aprendizagem, tais quais criação de hábito,
engajamento e minimização da sobrecarga cognitiva.
O Memrise se insere nessa dinâmica como uma interface
gamificada, criada em 2010 com o intuito de facilitar o acesso à
educação de idiomas de forma engajadora e divertida. Como uma
forma de avaliação criteriosa da plataforma em questão, o presente
estudo se baseia na análise inicial de Bartolo e Araújo (2017), em
que há uma análise de dois aplicativos de ensino de língua inglesa,
incluindo o Memrise, para a avaliação de potencialidades da
utilização de ferramentas de gamificação para a aprendizagem de
idiomas, no entanto, complementam seus resultados aplicando uma
metodologia pautada em uma ótica de UX Design e gamificação
propriamente ditos, a fim de complementar a análise primeira,
relacionada a “[...] princípios de aprendizagem incorporados por
bons jogos” (GEE apud BARTOLO; ARAÚJO, 2017, p. 695).
Para tal, foi utilizada a metodologia de análise do modelo
Octalysis em seus níveis 1, 2 e 3 (CHOU, 2016) e foi feita uma
análise heurística (NIELSEN, 1994) da plataforma, a fim de
confirmar a viabilidade da análise. As características deste artigo
vão ao encontro de qualidades avaliativo-educacionais de estudos
de caso (STENHOUSE apud ANDRÉ, 2005). Os resultados foram
de uma plataforma digital apta ao processo de gamificação, com
ampla utilização de ferramentas, um bom equilíbrio de dinâmicas

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(black hat/white hat, left brain/right brain) bem distribuídas ao


longo do processo de interação (nível 2) e voltadas aos públicos
Achiever e Socializer (nível 3).

2.  METODOLOGIA

O Memrise

Memrise é um aplicativo voltado para o ensino de idiomas


cuja principal característica é a de aprender brincando. Segundo
o próprio site, o Memrise foi “[...] fundado em 2010, [...] cresceu
rapidamente e já conta com mais de 40 milhões de usuários em 189
países” (MEMRISE, [s.d.], [n.p.]). Através dele podem-se aprender
mais de 192 idiomas distribuídos em 13 categorias. Além disso,
é possível consumir outros tipos de conhecimento, como artes e
literatura, tecnologia, história e entretenimento.
Figura 1. Logo do produto/sistema Memrise.

Fonte: Memrise ([s.d.], [n.p.]).

Recentemente, a interface passou por modificações, como


implementação de uma nova identidade visual (MEMRISE
TEAM, 2019), a eliminação do mascote Ziggy – o alienígena
(MEMRISE TEAM, 2018) e a implementação do modo escuro
(MEMRISE TEAM, 2019). Tais mudanças contribuíram para um

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amadurecimento visual da plataforma e afastaram a ideia de um


processo de aprendizagem infantilizado, contudo, mantendo a
gamificação.
Figura 2. Plataformas digitais do Memrise web (esq.) e app (dir.).

Fonte: Memrise ([s.d.], [n.p.]).

A fim de se investigarem as propriedades de gamificação da


plataforma, é necessária, inicialmente, uma contextualização por
parte de usabilidade, que faz a fundação para que as ferramentas
possam ser aplicadas sem interferências negativas – em outras
palavras, a plataforma, antes de utilizar ferramentas de gamificação,
precisa funcionar sem maiores problemas. As análises voltadas ao
hedonismo e ao lúdico apenas são possíveis a partir da confirmação
de um contexto em que a construção de um produto emprega todos
os valores presentes na Pirâmide de Necessidades de Maslow
(MASLOW, 1950) – com todas as necessidades básicas, como
segurança, alimentação e sociedade – antes do estímulo ao lúdico.
Passada para um contexto de UX (WALTER, 2011), a Pirâmide de
Necessidades em UX torna visível a prerrogativa de que o projeto
seja conciso e bem executado para a possibilidade de criação
de estímulos de divertimento, engajamento e criação de hábito
(ZICHERMAN; CUNNINGHAM, 2011).

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Dessa forma, com base em uma breve avaliação heurística da 2

interface, disposta em anexo, é possível compreender que o Memrise


cumpre com todas as funções necessárias para que a aplicação
de ferramentas de gamificação possa ser feita de forma a ser
plenamente compreendida (MASLOW, 1950), sem interferências
externas voltadas a uma boa utilização de seus recursos visuais e
de usabilidade (WALTER apud FSSENDEN, 2017). A partir dessa
análise inicial, é possível avançar para a observação dos artifícios de
gamificação dispostos na plataforma através do modelo Octalysis
(CHOU, 2011).

Modelo Octalysis

O modelo Octalysis de gamificação é uma metodologia


utilizada para a criação e análise de plataformas digitais gamificadas,
voltadas essencialmente para design centrado no humano e fatores
de motivações intrínsecas e extrínsecas que envolvem engajamento,
criação de hábito e facilitação da curva de aprendizagem (Idem, op.
cit.).
Em seu primeiro nível, o framework Octalysis é separado
por oito princípios, que são estruturas básicas da interação humana
(Idem ibidem). São eles:
• Significado épico e chamada (meaning): é passada a
sensação de que o usuário possui um propósito superior ou
é o escolhido dentre muitos a realizar tal tarefa.
• Desenvolvimento e realização (accomplishment): impulso
de progredir; pedem por um progresso engajado, desafiador.
• Engajamento da criatividade e feedback (empowerment):
envolvimento em resoluções de problemas que exigem
pensamentos pouco óbvios e exploração da criatividade,

2
Heurísticas de Usabilidade são 10 sugestões propostas por Jacob Nielsen para a criação de interfaces
que cumpram seu papel no tocante à usabilidade. São elas: visibilidade do status do sistema, equivalência
entre o sistema e o mundo real, liberdade e controle ao usuário, consistência e padronização, prevenção
de erros, reconhecimento em substituição à lembrança, flexibilidade e eficiência de uso, estética e
design minimalistas, auxílio no reconhecimento, diagnóstico e recuperação de ações equivocadas e
ajuda e documentação (NIELSEN, 1994).

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assim como a visualização de um retorno do esforço


empenhado.
• Propriedade e posse (ownership): desejo de acúmulo de
algum fator, assim como a sensação de que aquilo pertence
ao usuário.
• Influência social e parentesco (social influence): envolvem
as relações sociais entre humanos, desde mentoria e
companheirismo a competição e inveja.
• Escassez e impaciência (scarcity): é a motivação relacionada
ao desafio que envolve o desejo de algo que não se pode ter.
• Imprevisibilidade e curiosidade (unpredictability): é o
desejo de saber o que acontece adiante.
• Perda e prevenção (avoidance): compete ao estímulo de
medo de se perder alguma oportunidade ou algo conquistado.
Todas elas são distribuídas, cada uma em seu nível de
intensidade, na plataforma, em um gráfico octogonal, como o
indicado a seguir.
Figura 3. As oito frentes de motivação intrínseca.

Fonte: Chou (2011, p. 2).

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A partir dessa classificação, já se podem tirar conclusões


relacionadas a fatores como: quantidade de ferramentas utilizadas
na plataforma, se são mais voltadas a qualidades de motivação
extrínseca, como lógica, propriedade e pensamento analítico (left
brain, à esquerda do diagrama); ou intrínsecas, de criatividade,
socialidade e curiosidade (right brain, à direita do diagrama);
se a plataforma promove mais o engajamento de sensações de
pertencimento e ganho (white hat, parte superior do gráfico); ou
de obsessão, urgência e dependência (black hat, predominante na
parte inferior) (CHOU, [s.d.], [n.p.]).
Figura 4. Nível 1 do modelo Octalysis dividido entre White hat (per-
tencimento e ganho) e Black hat gamifications (urgência, dependên-
cia e perda), no diagrama da esquerda, e a Left brain (motivações
extrínsecas) e Right brain (motivações intrínsecas) no diagrama da
direita.

Fonte: Chou (2011, p. 2).

No segundo nível, é explorado o fator temporal no processo


de interação com o produto (idem op. cit., p. 18). Dividem-se em:
• Descoberta (discovery): onde e por quais artifícios o
usuário entra em contato com o produto.
• Integração (onboarding): as primeiras interações e
demonstrações entre plataforma e usuário.
• Escalada (scaffolding): processo de desenvolvimento do
usuário durante a plataforma de evolução escalonada.

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• Fim de jogo (endgame): última fase, na qual o usuário


já está em um estado avançado na interface e passa a se
preocupar mais com outras conquistas e propósitos.
O uso de ferramentas diferentes nos quatro níveis de interação
com produto pode impactar as oito frentes durante o tempo de
interação entre usuário e produto (idem op. cit., p. 19).
Figura 5. Quatro períodos de interação com o produto gamificado.

Fonte: Chou (2011, p. 18).

O terceiro nível do framework aborda a interação do produto


e a influência das oito frentes de motivação intrínseca ao longo
do tempo, juntamente com os perfis de tipos de player de Bartle
(idem op. cit., p. 20), que são: Killer, Socializer, Explorer e
Achiever (BARTLE, 2004). A influência do nível de importância
dado a esses players impacta na efetividade das ferramentas de
gamificação aplicadas em diferentes momentos da evolução de uso
do aplicativo, gerando valores diferentes para cada perfil e criando
diferentes momentos de interação com o produto digital.

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Figura 6. Diagrama da ação das oito frentes de motivação intrínse-


ca em um contexto de tempo de interação com o produto levando
em conta os quatro tipos de players de Bartle.

Fonte: Chou (2011, p. 20).

3.  RESULTADOS

Inicialmente, foi feita uma breve identificação de heurísticas


de usabilidade do aplicativo, de modo a demonstrar a boa execução
e boas práticas aplicadas no produto digital Memrise.

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Quadro 1. Avaliação Heurística de Usabilidade do Memrise.


Heurística de
Usabilidade Exemplo da implementação da Exemplo visual da
segundo Heurística na plataforma implementação
NIELSEN
(1994)
Qual nível o usuário está;
Quantas fases faltam para subir de
nível;
Visibilidade do
status do sistema Quantas palavras precisam ser
revisadas.
A versão PRO mostra as estatísticas
de aprendizagem do usuário

Equivalência Iconografia faz referência a itens


entre o sistema e existentes no mundo real.
o mundo real

O usuário tem a liberdade de,


dentro do nível onde ele se
encontra, pular lições, desde que
complete todas elas a fim de subir
Liberdade e de nível;
controle do O usuário pode escolher entre Light
Usuário mode e Dark Mode;
O usuário pode definir metas,
quantidade de palvras de
aprendizado e revisão caso queira.
Toda a iconografia segue a mesma
Consistência e linguagem estética;
padronização Todos os controles possuem uma
padronização de comportamento.

Prevenção de Pop-ups de confirmação em caso de


erros tentativa de saída do nível.

Reconhecimento É mostrado o caminho de quantas


em substituição lições são necessárias para atingir o
à lembrança próximo nível.

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Existe a opção de você assistir


às aulas por computador e pelo
Flexibilidade e celular;
eficiência de uso
O usuário pode baixar a lição caso
não tenha acesso à internet.

A nova identidade visual é bem


Estética e design menos poluída;
minimalistas Estética flat;
Paleta de cores simplificada.

Auxílio no
reconhecimento, Caso o usuário erre na lição,
diagnóstico e o exemplo certo é repetido e
recuperação lhe é sugerido que revise esse
de ações aprendizado.
equivocadas

Blog e Medium da Memrise fala


sobre todo o processo de criação,
Ajuda e novidades e informações extras;
documentação
O app e o site possuem aba de
ajuda.

Fonte: NIELSEN (2020, [n.p.]).

Com os preceitos de usabilidade demonstrados e a metodologia


de gamificação devidamente apresentada, é iniciada a análise da
plataforma Memrise. Para todas as fases apresentadas, foi utilizada
a ferramenta Octalysis (CHOU; HAYAT-EFRATI; BENTATA,
[s.d.]), a fim de auxiliar na diagramação das investigações nos três
níveis da metodologia, mantendo consistência. O primeiro nível é o
de mapeamento de todas as ferramentas de gamificação utilizadas
na interface Memrise. No gráfico octangular, foi utilizado n=1,

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sendo n o número de ferramentas de gamificação utilizadas. Esta


distribuição de ferramentas de gamificação foi feita com base em
ferramentas dispostas e explicadas no livro Actionable gamification
(2011), citadas e detalhadas por Helmy (2020) e Mechelen e Chou,
[s.d.]), conforme demonstrado a seguir, através da estruturação
diagramática da primeira fase do modelo.
Figura 7. Mapeamento de ferramentas de gamificação do primeiro
nível do Memrise.

Fonte: Chou, Hayat-Efrati e Bentata ([s.d.], [n.p.]).

A avaliação geral disposta pelo site indica que a soma total


das ferramentas de gamificação aplicadas é de 164 pontos, e o
diagnóstico é de uma boa quantidade de ferramentas de gamificação
(CHOU; HAYAT-EFRATI; BENTATA, [s.d.]). Com o mapeamento
pronto, é possível trazer exemplos da utilização dessas ferramentas
na plataforma, conforme o quadro a seguir.

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Quadro 1. Ferramentas de gamificação do primeiro nível do Me-


mrise.
Princípios de Ferramentas de gamificação e Exemplo visual da
gamificação exemplos de implementação implementação
O usuário pode criar seu Exemplo: Narrative
Higher próprio curso e ensinar
meaning outras pessoas.
A flor do canto superior
Narrative direito “cresce” conforme
você aprende palavras.
As lições iniciais são
Beginner’s muito fáceis, falsa
Significado luck sensação de progresso
épico e avançado.
chamada Criação coletiva de um
Co-creation curso com o Memrise.

Amigos aparecem em
Elitism leaderboard separado.

Sistema de pontos nas


Points Exemplo: Points
atividades.
Ranking pessoal (amigos)
Leaderboard e do servidor.
Barra de progresso nas
Progress bar lições e no ranking.
Desenvolvi-
mento e Checklist de palavras
realização Quests expressões aprendidas por
lição.
Level-up Tela de comemoração ao
symphony final do módulo.
Tutorial inicial do app
Step-by-step
tutorial Tutorial de aprendizado
das palavras nas lições.

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Conclusão de Exemplo: Choice


Milestone níveis e módulos de perception
unlock aprendizagem.
Frase aprendida com
Chain a palavra refresca a
combos memória sobre a palavra
Engajamento também.
da Complete a frase/digite o
criatividade e Blank space termo/frase corretos.
feedback
Feedback imediato feliz
Instant caso usuário acerte e de
feedback correção caso ele erre.
Usuário pode digitar a
Choice resposta ou escolher do
perception ecrã.
Learning Curva de aprendizagem
curve fácil e dinâmica. Exemplo: Build from
scratch
Pode-se compartilhar o
Recruitment curso feito pelo usuário.
Monitoramento de
Monitor quantas palavras você
attachment já aprendeu e quantas
precisa revisar.
Palavras aprendidas
Propriedade e Endownment precisam ser revisadas, do
posse effect contrário o usuário perde
direito à palavra.
As atividades
Self buscam alimentar um
Hearding comprometimento do
usuário com as lições.
Usuário pode criar seu
Build from curso do zero sobre
scratch qualquer um dos assuntos
disponíveis.
Usuário pode convidar Exemplo: Mentorship
Friending amigos de suas redes ou
do servidor.
O ranking mostra em
Conformity que nível os amigos do
anchor usuário estão, gerando
Influência competitividade.
social e
parentesco
Chatbot de aprendizagem
Mentorship Opção converse com
nativos da língua.

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Limite de tempo em Exemplo: Countdown


Countdown algumas atividades timer
timer (revisão rápida).
Ecrã com opções gratuitas
Dangling misturadas às pagas.
Sugestão de aprender
Anchored novos módulos com o
justaposition Chatbot após o primeiro
módulo.

Escassez e
impaciência

Ao estipular uma meta


Appointment de palavras aprendidas
dynamics por dia você ganha mais
pontos.

Exemplo: Glowing
choice

Imprevisibili- Possibilidade de dicas em


Glowing
dade e atividades onde é preciso
choice
curiosidade digitar a resposta.

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Os módulos são grandes Exemplo: Progress loss


Sunk-cost e fazem com que você se
prision arrependa de abandonar o
progresso na interface.
Palavras vão sendo
Progress loss “desaprendidas” se não
Perda e revisadas periodicamente.
prevenção O usuário vê o progresso
Fear of de amigos e de seu
missing out ranking e não quer “ficar
de fora”.
Estimula o caráter de
Rightfull merecimento dos pontos
heritage conquistados.
Fonte: Chou (apud HELMY, 2020, [n.p.]; MECHELEN; CHOU, [s.d.], [n.p.]).

A partir dessa análise, é possível tirar conclusões gerais sobre


a plataforma. São várias ferramentas de gamificação, com um bom
balanço entre dinâmicas de white hat, black hat, left e right brain,
uma vez que estimula todos esses lados do diagrama octogonal com
moderada intensidade e equilíbrio por entre todo o gráfico. Vale,
no entanto, ressaltar a grande quantidade de ferramentas voltadas
a significado épico e chamada (meaning), desenvolvimento e
realização (accomplishment) e, principalmente, propriedade e
posse (ownership).
Uma vez pronto o primeiro nível da investigação, pode-se
avançar para o segundo nível do Octalysis, que gera a atividade
dessas ferramentas em todos os períodos de tempo de interação
com o produto. Foram mapeadas todas as ferramentas apresentadas
no primeiro nível, sendo algumas repetidas em fases de interação
da interface. Destaca-se que foi utilizado, a partir desse ponto,
n=2 para o número de ferramentas mapeadas para fins de melhor
visualização. Os resultados são descritos a seguir.

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Figura 8. Mapeamento de ferramentas de gamificação do segundo


nível do Memrise.

Fonte: adaptado de Chou, Hayat-Efrati e Bentata ([s.d.], [n.p.]).

Ponderando os resultados do primeiro nível e do segundo,


é possível concluir que o Memrise possui muito mais ferramentas
voltadas para os processos de evolução (escalada/scaffolding)
e amadurecimento (fim de jogo/endgame) do produto que das
demais fases de descoberta, significando uma busca maior por
criação de hábito e engajamento por parte da plataforma. Também
é possível perceber, nessas duas fases, um aumento significativo
das ferramentas voltadas à parte inferior, relacionadas à obsessão,
urgência e dependência – black hat, enquanto as demais ferramentas
se mantêm relativamente estáveis.
Por fim, a proposta é evoluída até o terceiro e último nível
do framework Octalysis, que investiga a interação com os usuários
de diferentes perfis de apreciação de técnicas de jogabilidade: os
chamados tipos de players de Bartle. A apuração está a seguir.

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Figura 9. Mapeamento de ferramentas de gamificação do terceiro


nível do Memrise.

Fonte: adaptado de Chou, Hayat-Efrati e Bentata ([s.d.], [n.p.]).

Por meio da análise do último nível, as evidências mostram


uma interface cuja preocupação maior é para com os usuários do
perfil Achiever e Socializer, de forma que o processo de distribuição
das ferramentas de gamificação nesses dois tipos de players é não
só mais intenso, como também mais equilibrado durante toda a
experiência de usabilidade.

4.  DISCUSSÃO

Pode-se afirmar que o presente estudo atingiu os objetivos


pretendidos, de análise e percepção de diferenças significativas por
entre os três níveis do framework Octalysis para com a interface
digital Memrise, gerando diferentes gráficos relevantes para
diferentes tipos de players de Bartle em relação a diferentes estágios
de interação e aprendizagem do usuário.
Dos resultados obtidos, acredita-se que tal distribuição
equilibrada, assim como indicada no primeiro nível avaliativo,
atraia muitos usuários por sua temática divertida e seu processo
de engajamento distribuído por todos os tipos de players durante
todas as fases de interação com o produto/serviço, visto que não há
evidências de nenhum usuário durante nenhuma fase de interação
alheio a ferramentas de gamificação que o atendessem.
Também fica evidente pelos estudos que, muito embora a
plataforma atenda relativamente bem a todos os perfis, ela possui
players-alvo de perfis Achiever e Socializer, demonstrando uma
projeção de ferramentas muito mais voltadas a esse público durante
toda a vivência para com a interface.
No tocante às limitações do estudo, deixa-se registrado que as
ferramentas de gamificação utilizadas, apesar de serem advindas do
autor original, podem não ter sido totalmente mapeadas. Contudo,

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vale ressaltar que o presente estudo buscou a aplicação do maior


critério para a seleção delas de forma a não ser enviesado.

5.  CONCLUSÃO

Como conclusão dos estudos realizados, realiza-se que o


aplicativo Memrise compreende ferramentas de gamificação em
toda sua esfera de interação, atraindo diferentes tipos de personas.
Conclui-se também que, apesar de possuir uma série dessas
ferramentas, a distribuição é equilibrada ao longo do processo
interativo, mantendo o usuário engajado e mostrando um bom
exemplo da aplicação de gamificação em produtos digitais.
Para a execução de próximos estudos interessantes baseados
neste artigo, aponta-se o impacto da utilização dessas ferramentas
no desempenho cognitivo de aprendizagem, criação de hábito,
melhoria do estado emocional e do engajamento proposto pela
interface Memrise.

REFERÊNCIAS

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MEMRISE TEAM. Say goodbye to our mascot, Ziggy. 2018. Disponível em:
https://blog.memrise.com/say-goodbye-to-our-mascot-ziggy/. Acesso em: 17
jun. 2020.

MEMRISE TEAM. We have a new look! 2019. Disponível em: https://blog.


memrise.com/memrise-has-a-new-look/. Acesso em: 17 jun. 2020.

MEMRISE TEAM. We (finally) have Dark Mode. 2019. Disponível em: https://
blog.memrise.com/we-finally-have-dark-mode-%f0%9f%98%85/. Acesso em:
17 jun. 2020.

NIELSEN, J. 10 Usability heuristics for user interface design. 2020. Disponível


em: https://www.nngroup.com/articles/ten-usability-heuristics/. Acesso em: 07
set. 2022.

WALTER, A. Designing for emotion. 5. ed. Nova York: A Book Apart, 2011.

ZICHERMAN, G.; CUNNINGHAM, C. Gamification by design: implementing


game mechanics in web and mobile apps. Canada: O’Reilly, 2011.

Revista Linguagem Acadêmica, Batatais, v. 12, n. 3, p. 85-105, jul./dez. 2022


106 ISSN 2237-2318

Política Editorial / Editorial Policy


A Revista Linguagem Acadêmica é uma publicação
digital semestral do Claretiano – Centro Universitário, des­tinada à
divulgação científica dos cursos, bem como de pesquisas e projetos
co­munitários.
Tem como objetivo principal publicar trabalhos que possam
contribuir com o debate acerca de temas variados do ensino
acadêmico.
A Revista Linguagem Acadêmica destina-se à publicação de
trabalhos inéditos que apresentem resultados de pesquisa histórica
ou de investigação bibliográfica originais, visando agregar e
associar à produção escrita a produção fotográfica, vídeo ou áudio,
sendo submetidos no formato de: artigos, ensaios, relatos de caso,
resumos estendidos, traduções ou resenhas.
Serão considerados apenas os textos que não estejam sendo
submetidos a outra publicação.
As línguas aceitas para publicação são o português, o inglês
e o espanhol.

Análise dos trabalhos

A análise dos trabalhos é realizada da seguinte forma:


a)  Inicialmente, os editores avaliam o texto, que pode ser
desqualificado se não estiver de acordo com as normas da
ABNT, apresentar problemas na formatação ou tiver reda-
ção inadequada (problemas de coesão e coerência).
b)  Em uma segunda etapa, os textos selecionados serão en-
viados a dois membros do conselho editorial, que avaliarão
as suas qualidades de escrita e conteúdo. Dois pareceres
negativos desqualificam o trabalho e, havendo discordân-
cia, o parecer de um terceiro membro é solicitado.

Revista Linguagem Acadêmica, Batatais, v. 12, n. 3, p. 106-112, jul./dez. 2022


ISSN 2237-2318 107

c)  Conflito de interesse: no caso da identificação de conflito


de interesse da parte dos revisores, o editor encaminhará o
manuscrito a outro revisor ad hoc.
d)  O autor será comunicado do recebimento do seu trabalho
no prazo de até 8 dias; e da avaliação do seu trabalho em
até 90 dias.
e)  O ato de envio de um original para a Revista Linguagem
Acadêmica implica, auto­maticamente, a cessão dos direi-
tos autorais a ele referentes, devendo esta ser consultada
em caso de republicação. A responsabilidade pelo con-
teúdo veiculado pelos textos é inteiramente dos autores,
isentando-se a Instituição de responder legalmente por
qualquer problema a eles vinculado. Ademais, a Revista
não se responsabilizará por textos já publicados em ou­tros
periódicos. A publicação de artigos não é remunerada.
f)  Cabe ao autor conseguir as devidas autorizações de uso
de imagens/fotogra­fias com direito autoral protegido, de
modo que estas sejam encaminhadas, quando necessário,
juntamente com o trabalho para a avaliação. Também é
do autor a responsabi­lidade jurídica sobre uso indevido de
imagens/fotografias.
g)  Pesquisas envolvendo seres vivos: o trabalho deve ser
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição
em que o trabalho foi realizado e cumprir os princípios
éticos contidos na resolução 196/96. Na parte “Metodo-
logia”, é preci­so constituir o último parágrafo com clara
afirmação desse cumprimento.

Publicação

A Revista Linguagem Acadêmica aceitará trabalhos para


publicação nas seguintes categorias:
1)  Artigo científico de professores, pesquisadores ou estu-
dantes: mínimo de 8 e máximo de 15 páginas.

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108 ISSN 2237-2318

2)  Relatos de caso ou experiência: devem conter uma abor-


dagem crítica do even­to relatado; mínimo de 5 e máximo
de 8 páginas.
3)  Traduções de artigos e trabalhos em outro idioma, desde
que devidamente au­torizadas pelo autor original e com-
provadas por meio de documento oficial im­presso; míni-
mo de 8 e máximo de 15 páginas.
4)  Resumos estendidos de trabalhos apresentados em even-
tos científicos ou de te­ses e dissertações; mínimo de 5 e
máximo de 8 páginas.
5)  Ensaios: mínimo de 5 e máximo de 8 páginas.
6)  Resenhas: devem conter todos os dados da obra (edito-
ra, ano de publicação, cidade etc.) e estar acompanhadas
de imagem da capa da obra; mínimo de 5 e máximo de 8
páginas.

Submissão de trabalhos

1)  Os trabalhos deverão ser enviados:


a)  Em dois arquivos, via e-mail (attachment), em formato
“.doc” (Word for Windows). Em um dos arquivos, na pri-
meira página do trabalho, deverá constar apenas o título,
sem os nomes dos autores. O segundo arquivo deverá se-
guir o padrão descrito no item 2, incluindo os nomes dos
autores.
b)  Em caráter de revisão profissional.
c)  No máximo com 5 autores.
d)  Com Termo de Responsabilidade devidamente assinado,
escaneado de forma legível e enviado para o e-mail: <re-
vlinguagem@claretiano.edu.br>. Em caso de dois ou mais
autores é necessário que cada autor envie um Termo de
Responsabilidade.
2)  O trabalho deve incluir:

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ISSN 2237-2318 109

a)  O título em língua portuguesa, em Times New Roman, cor-


po 16, negrito, inicial maiúscula, alinhado à esquerda, es-
paçamento entrelinhas de 1,5.
b)  O(s) nome(s) do(s) autor(es) em corpo 12, inicial maiús-
cula, espaçamento entrelinhas de 1,5, alinhado à direita
com o último sobrenome em letra maiúscula. Os dados de
sua(s) procedência(s) em nota de rodapé, corpo 8, inicial
maiúscula, espaçamento simples e justificado – a apre-
sentação acadêmica do(s) autor(es) com titulação na se-
quência da “maior” para a “menor”, filiação institucional,
e-mail e telefones para contato. Observação: os telefones
não serão disponibilizados ao público.
c)  A expressão “Resumo” em negrito seguida do respectivo
resumo em língua portugue­sa (entre 100 e 150 palavras),
normal, corpo 10, inicial maiúscula, espaçamento simples,
justificado. Sugere-se que, no resumo de artigos de pes-
quisa, seja especificada a orientação metodológica.
d)  A expressão “Palavras-chave” em negrito seguida de 3 até
5 palavras-chave em língua portuguesa, no singular, corpo
10, inicial maiúscula, espaçamento simples, justificado,
normal.
e)  Na lauda seguinte o título em língua inglesa, em Times
New Roman, corpo 16, negrito, inicial maiúscula, alinhado
à esquerda, espaçamento entrelinhas de 1,5.
f)  O(s) nome(s) do(s) autor(es) em corpo 12, inicial maiúscu-
la, espaçamento entrelinhas de 1,5, alinhado à direita com
o último sobrenome em letra maiúscula. Sem os dados de
sua(s) procedência(s).
g)  A expressão “Abstract” em negrito seguida do respecti-
vo resumo em língua inglesa (entre 100 e 150 palavras),
normal, corpo 10, inicial maiúscula, espaçamento simples,
justificado.
h)  A expressão “Keywords” em negrito seguida de 3 até 5
palavras-chave em língua inglesa, no singular, corpo 10,

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110 ISSN 2237-2318

inicial maiúscula, espaçamento simples, justificado, nor-


mal.
i)  O conteúdo textual do trabalho.
j)  Os vídeos, as fotos ou áudios são opcionais. Todo o mate-
rial de mídia digital deve ser testado antes do envio e não
ultrapassar 5 minutos de exibição.

Formatação do trabalho

1)  Em Times New Roman, corpo 12, inicial maiúscula, justi-


ficado, parágrafo de 1 cm, espaçamento entrelinhas de 1,5.
2)  Para citações longas, usar corpo 10, entrelinhas simples,
recuo de 3 cm à esquerda, espaço antes e depois do texto.
Citações curtas, até 3 linhas, devem ser colocadas no in-
terior do texto e entre aspas, no mesmo tamanho de fonte
do texto (12).
3)  Tabelas, quadros, gráficos, ilustrações, fotos e anexos
devem vir no interior do texto com respectivas legendas.
Para anexos com textos já publicados, deve-se incluir re-
ferência bibliográfica.
4)  As referências no corpo do texto devem ser apresentadas
entre parênteses, com o nome do autor em letra maiúscula
seguido da data, separados por vírgula e espaço e contendo
o respectivo número da(s) página(s), quando for o caso.
Exemplo: (FERNANDES, 1994, p. 74). A norma utiliza-
da para a padronização das referências é a da ABNT em
vigência.
5)  As seções do texto devem ser numeradas, a começar de 1
(na introdução), corpo 12, negrito, digitadas em letra mai-
úscula, justificado, espaçamento entrelinhas de 1,5; sub-
títulos não devem ser numerados, digitados com inicial
maiúscula, corpo 12, negrito, justificado, espaçamento
entrelinhas de 1,5; subtópicos não devem ser numerados,
digitados com inicial maiúscula, corpo 12, itálico, justifi-
cado, espaçamento entrelinhas de 1,5.

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ISSN 2237-2318 111

6)  As notas de rodapé devem estar numeradas e destinam-se


a explicações com­plementares, não devendo ser utilizadas
para referências bibliográficas. Formatadas em corpo 8,
inicial maiúscula, espaçamento simples, justificado.
7)  As referências bibliográficas devem vir em ordem alfabé-
tica no final do artigo, conforme a ABNT.
8)  As expressões estrangeiras devem vir em itálico.

Modelos de Referências Bibliográficas – Padrão ABNT

Livro no todo
PONTES, Benedito Rodrigues. Planejamento, recrutamento e seleção de
pessoal. 4. ed. São Paulo: LTr, 2005.

Capítulos de Livros
BUCII, Eugênio; KEHL, Maria Rita. Videologias: ensaios sobre televisão.
In: KEHL, Maria Rita. O espetáculo como meio de subjetivação. São Paulo:
Boitempo, 2004. cap. 1, p. 42-62.

Livro em meio eletrônico


ASSIS, Joaquim Maria Machado de. A mão e a luva. Rio de Janeiro: Nova
Aguilar, 1994. Dis­ponível em: <http://machado.mec.gov.br/imagens/stories/pdf/
romance/ marm02.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2011.

Periódico no todo
GESTÃO EMPRESARIAL: Revista Científica do Curso de Administração da
Unisul. Tubarão: Unisul, 2002.

Artigos em periódicos
SCHUELTER, Cibele Cristiane. Trabalho voluntário e extensão universitária.
Episteme, Tubarão, v. 9, n. 26/27, p. 217-236, mar./out. 2002.

Artigos de periódico em meio eletrônico


PIZZORNO, Ana Cláudia Philippi et al. Metodologia utilizada pela bibliote­
ca universitária da UNISUL para registro de dados bibliográficos, utilizando o

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112 ISSN 2237-2318

formato MARC 21. Revista ACB, Florianópolis, v. 12, n. 1, p. 143-158, jan./


jun. 2007. Disponível em: <http://www.acbsc.org.br/revista/ojs/viewarticle.
php?id=209&layout=abstract>. Acesso em: 14 dez. 2007.

Artigos de publicação relativos a eventos


PASCHOALE, C. Alice no país da geologia e o que ela encontrou lá. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 33. 1984. Rio de Janeiro.
Anais... Rio de Janeiro, SBG, 1984. v. 11, p. 5242-5249.

Jornal
ALVES, Márcio Miranda. Venda da indústria cai pelo quarto mês. Diário Cata­
rinense, Florianópolis, 7 dez. 2005. Economia, p. 13-14.

Site
XAVIER, Anderson. Depressão: será que eu tenho? Disponível em: <http://
www.psicologiaaplicada.com.br/depressao-tristeza-desanimo.htm>. Acesso em:
25 nov. 2007.

Verbete
TURQUESA. In: GRANDE enciclopédia barsa. São Paulo: Barsa Planeta
Internacional, 2005. p. 215.

Evento
CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA MECÂNICA, 14, 1997,
Bauru. Anais... Bauru: UNESP, 1997.

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