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Disponibilização: Lizzie Vox

Tradução: Aline, Raquel.


Revisão Inicial: Anna, Ladi Araújo.
Revisão Final: Gari
Leitura Final: Andréa S
Conferencia : Liz
Beard in Waiting

(Uma história curta dos irmãos Winston 3.5)

Por Penny Reid


“Você sabe o que é difícil?” A atriz que enfeita minha tela da televisão

funga, piscando lágrimas e baixando os olhos para a calçada nevada. “Amo você,

Carter.”

Ela balança a cabeça e meu coração torce melancolicamente e ela adiciona

em um sussurro, “Eu Te Amo.”

A câmera gira para o herói, sua tensa mandíbula quadrada, os olhos e a boca

traindo a turbulência interna. Alto, escuro e bonito acelera e abraçou seu amor

enquanto a emoção corre para os meus olhos. A música cresce. Ele segura seu

rosto. Ele a beija.

Suspiro.

Minha filha também suspira.

Ah ... amor fictício.

Olho para Jennifer, ela olha para mim e depois suspiramos juntos.

“Isso foi bom.” Seus olhos brilham e seu sorriso floresce doce e enevoado.

Nossa tradição em dezembro sempre foi assistir Hallmark Christmas

Filmes.1 Apesar de tudo o que tínhamos passado durante o último ano, todas as

mudanças- Boa e ruim - não quebramos essa tradição. Amava um bom, e sincero,

romance de ficção sem complicações. Sempre. E também a minha Jennifer.

“Passe o controle remoto.” Eu faço um movimento agarrando com a mão e

ela desvia.

“O meu favorito é o segundo, com o abrigo para animais e a veterinária.”

Jennifer diz com um sorriso sonhador e caloroso.

“Aquele é bom. Os valores da produção estão melhorando a cada ano.” Eu

comento, tropeçando no sofá enquanto meus olhos se movem sobre a bagunça

1
Filmes Natalinos transmitidos pelo canal Hallmark
de chocolate, marshmallows e biscoitos e os restos do fantástico pão de gengibre

de Jennifer.

Ela usa casca de laranja nos biscoitos, extrato de amêndoa na gemada e

confeita com Gengibre como parte da decoração – tudo ideia dela. Eu sorrio para

a propagação de açúcar.

Tudo o que comíamos costumava ser contrabando debaixo deste telhado.

Meu marido, logo seria meu ex-marido, não tolerava doces na casa durante todo

o nosso casamento. A verdade é que ele me tinha tão pressionada sobre ganhar

peso, que eu tinha colocado muito daquela ansiedade na minha filha.

Que vergonha.

Desde que eu chutei o bastardo, eu ganhei quinze quilos e apreciei cada

mordida de bolos e biscoitos e vinhos e cocktails que me ajudaram a chegar até

aqui.

“Está ficando tarde e a previsão é de neve durante a noite. Você quer mais

desses biscoitos de gengibre?” Jennifer chega para embrulhar habilmente os

biscoitos.

“Apenas deixe-os ai.” Eu estou espantando os seus esforços para arrumar.

“Mamãe, deixe-me ajudar a limpar.”

“Não há necessidade. Você está certa, está ficando tarde. Esse seu homem

estará invadindo aqui a qualquer momento, se eu não levá-la para casa a tempo.

Jennifer pressiona os lábios juntos, parecendo satisfeita, mas também

suprimindo o riso.

Ela sabe do que eu estava falando.

“Ele não invadiu.”

“Ele fez. E ele estava empunhando um machado.”


Jennifer ri. “Aquilo era parte do meu traje de Halloween.”

“Chapeuzinho vermelho e a mulher da floresta.” Eu levanto meus olhos

para os céus.

“Cletus fez uma adorável Chapeuzinho vermelho.” Jennifer puxa o casaco e

vira-se para a porta. “Admita.”

“Ele se vestiu como o capô de um carro, Jennifer. Um carro vermelho. Ele é

um louco.” Eu digo, porque ele é um louco. Meu genro é único.

“Você sabe que o adora.” Ela cutuca, abanando as sobrancelhas.

“Claro que eu faço. Mas eu queria que ele não escondesse visco2 em toda a

minha casa. Se ele quer beijar sua esposa, então ele deve beijar sua esposa. Ele

não precisa trazer uma planta parasita na casa ou inventar histórias sobre isso ser

boa sorte.”

“Ele não disse que é boa sorte. Ele disse que ...”

“...‘Me dê um feliz Natal’. Sim. Lembro-me de seu pronunciamento.”

Dispenso a previsão de Cletus e olho para minha filha com carinho. “Eu

acho que encontrei todos os cachos que ele deixou amarrados no teto, graças a

Deus.”

“Obviamente, ele a ama. Na verdade, é óbvio que ele mais do que ama você.

Ele te adora. E fico feliz porque não quero que você se conforme com nada

menos.”

Ela me dá um sorriso apertado e tenso, mas não diz nada. Eu sei o porquê.

Ela não quer continuar, ela não quer que eu diga o que está em minha mente.

Mas não posso evitar.

“E outra coisa.”

2
Planta
“Oh querido senhor, por favor, não diga isso!”

“Espero que ele tenha certeza que você tenha vários orgasmo antes dele.

Cada. Único. Tempo. Sempre você primeiro. Você me ouviu? Um homem vale

por te satisfazer primeiro. Ele pode fazer isso várias vezes, antes, durante, e

depois dele se satisfazer.”

Falo pela experiência.

Tudo bem, minha experiência é relativamente nova, mas é uma experiência

do mundo real, mesmo assim.

Kip, meu ex, pode ter sido tão experiente quanto sem mão, ou sem língua,

mas eu sei - POR UM FATO - que nem todos os homens são terríveis entre os

lençóis. Na verdade, alguns homens são muito, muito bons entre os lençóis.

Ou em cima dos lençóis.

Ou em cima de uma mesa.

Ou no chão.

“Mamãe...” Jennifer cobre o rosto e balança a cabeça. “Podemos não falar

sobre isso?”

“Se esse homem realmente te ama, ele ficará satisfeito. Eu não me importo

quantas vezes eu tenho que dizer isso, não quero que você...”

“Você não quer que eu perca vinte e seis anos sem orgasmo e quinze anos

sem sexo. Sim. Eu sei.” Ela termina para mim, sua voz suave segurando uma

borda de mortificação exausta.

Mas não me importo se essa discussão a envergonhe.

“Você precisa se defender no início do relacionamento, caso contrário, os

homens simplesmente pisarão em você e roubarão seu poder feminino.”


Suas mãos se afastam de seu rosto e ela abre os braços, uma exasperada

expressão em suas características bonitas. “Eu tenho que ir.”

“Você sabe que eu digo essas coisas porque eu me importo com você e seu

poder feminino.” Eu envolvo meus braços ao redor dela e aperto enquanto ela

geme infeliz.

Ignorando o som, continuo. “Tenho vergonha de mim por nunca ter falado

com você sobre essas coisas, precisou seu pai me enganar para que eu pudesse

abrir meus olhos. Eu tenho assistido esses vídeos e seguindo esse blog, sobre

cura sexual e eu acho que você também deveria.”

“Não vou assistir seus vídeos, mãe.”

“Eu desejo que você faça. Essa mulher é tão experiente e ela irá ensinar-lhe

como agradar a si mesma.”

“EU PRECISO SAIR!”

Talvez eu tenha segurado por muito tempo, seguro-a com muita força, mas.

. . Eu sinto a falta dela. E eu perdi os seus abraços.

O meu ex pode não ter sido bom para mim, mas uma vez que meu negócio

começou a ter um bom lucro, ele está livre em seus abraços. Ele foi mesquinho

com o resto, entretanto. Eu tentei recentemente lembrar a última vez que nos

beijamos e não pude.

Em retrospectiva, com todos os fatos, eu deveria ter percebido que sua

abominação por comida era o primeiro sinal de que sua alma era negra à meia-

noite.

Eu posso culpar minha cegueira por ser tão jovem quando nos casamos, mas

eu não faço. Não esqueço minha responsabilidade. Aceitei e aprendi com isso e

eu segui em frente.
Concordo, eu tinha dezessete anos e ele tinha vinte e sete anos. Por tantos

anos, onde ele liderou, eu segui. Eventualmente, encontrei meu fundamento com

os negócios, entrei no meu próprio com o hotel e a padaria. Eu estou correndo

pelo meio acre do inferno, tentando ser bem sucedida, para agradá-lo, para fazê-

lo orgulhoso. Eu consegui fazer dinheiro, mas de qualquer outra forma o que

importava, ele estava no controle.

O segundo sinal de seu coração sombrio era a sua antipatia em relação à

minha satisfação no quarto. Ele não se importava se eu tinha orgasmo ou não

durante o sexo, ele nunca teve.

Por mais que eu quisesse, esse fato sozinho tornou oficialmente o mal

encarnado.

E o terceiro sinal era como ele tratava nossos filhos.

Na verdade, isso não foi um sinal. Como ele tratava meus doces filhos era

um Outdoor néon, mas eu fui muito estúpida e teimosa e ...

“Mamãe. Por favor. Eu tenho que ir.”

Suspirando, solto minha filha, uma pontada de culpa que dificulta respirar,

e as sinto. “Bem. Mas fique bem.”

Jennifer me dá mais um sorriso e admiro que minha bela filha, bonita por

dentro e por fora - e não podia deixar de sentir tristeza por ter sido forçada a ser

forte apesar de seu pai, não por causa dele.

Ela se vira para o vestíbulo e eu sigo atrás dela. “Você está quente o

suficiente? Posso dar para você, está com alguma coisa?”

“Não. Eu estou bem. Obrigada mãe.”

“Ok.” Eu falo. Ver Jennifer sair nunca fica mais fácil. Desejo os dias da

infância dela. Eu teria feito tantas coisas de forma diferente.


Tantas coisas...

Antes que eu saiba, minha garota está fora da porta, em seu carro e no banco

do motorista. Eu aceno para trás, puxando meu cardigã mais apertado em volta

dos meus ombros e esfregando meus braços enquanto luto contra um arrepio.

Está frio. Frio de até menos três graus e à beira de nevar.

Melhor ela ir para casa agora, antes que as estradas fiquem lisas.

Uma vez que as luzes traseiras desaparecem pela estrada, fecho a porta e

tranco, permitindo-me um suspiro nostálgico antes de voltar para a vida na sala,

olhando a árvore de Natal, cruzo para o sofá.

Eu estou sozinha.

Então pego um biscoito e caminho até meu quarto.

Vilma -a blogueira que eu sigo nas mídias sociais desde a minha separação-

disse que preciso recuperar meu poder feminino. Eu desisti sobre o curso do

meu casamento ruim, dando ao meu marido todos os dias, não exigi o respeito e

apoio dele, que exigiam que ele fosse um marido para mim de todas as maneiras

que importavam.

Antes de descobrir Vilma, fiz algumas escolhas imprudentes. Uma em

particular - embora eu não me arrependa dele e do que aconteceu entre nós -

percebo agora que não foi um comportamento saudável.

Claro, ele administrou meu primeiro orgasmo desde o ensino médio (então

meu segundo orgasmo). E na mesma noite ele também me deu o meu terceiro,

quarto e quinto. Mas ele não era. . .. Bem, não erámos adequados. E foi isso.

Vilma disse que a pior coisa a fazer depois do fim de um casamento é pular

na cama com outra pessoa, tentar preencher o vazio com outra pessoa, e eu fiz

exatamente isso.
Mas agora eu conheço mais.

Portanto, ele e nossa noite juntos estão firmemente no passado. Como parte

da minha cura no processo encontro prazer em mim sempre que percebo estar

sozinha. É parte do aprender a me amar, quem eu sou. Eu não preciso ser apenas

o suficiente, mas mais do que isso. Eu sou minha melhor amiga, meu melhor

parceiro, meu melhor amante.

Eu levo este conselho muito a sério e acredito como o permanente, satisfeito

sorriso que eu uso na maioria dos dias.

Com os sentimentos quentes ainda flutuando em minha barriga depois de

cinco horas de Filmes Hallmark, atravesso a minha cômoda e tiro a camisola

negra aparada com rendas vermelhas, despojando-me de roupas e demoro meu

tempo a escorregar.

Então deixo meu cabelo cair, olhando-me no espelho e me perguntando por

talvez a centésima vez desde a separação de Kip se devo ou não o tingir de

vermelho.

Eu sempre quis ser uma ruiva. Eu falo sobre isso há anos, mas Kip dizia que

não, que não me levaria a sério se eu fizesse.

Bem, foda-se.

Eu decido então que vou marcar uma hora com Darla para depois Natal e

pintaria o meu cabelo de vermelho como as penas de um cardeal3. Saindo do

meu quarto vestindo apenas a camisola - porque, por que não? Eu estou sozinha

e são quatro dias depois do Natal. Eu tirei toda a semana de folga do trabalho.

3
Eu posso andar por aí nua como um gambá se eu quiser, ninguém viria nem se

importaria.

Passo na ponta dos pés para a sala de estar e pego outro biscoito, lavando-o

com um copo de gemada - a coisa boa com quantidades generosas de rum e

aguardente, não a imitação da loja comprada para batistas e adventistas do

sétimo dia - então embalo restante do nosso piquenique.

Mas eu agarro a garrafa de brandy e um copo pequeno.

Assim que a sala de estar está arrumada, eu reivindico a cadeira mais

próxima da lareira, aconchegada sob um cobertor, derramo dois dedos de

conhaque e pego o meu e-Reader.

Desde que o relacionamento de Jennifer com Cletus Winston começou no

ano passado, eu me tornei amiga de sua única irmã, Ashley. E Ashley é uma

leitora. Ashley tinha me dado uma lista dos melhores livros sujos para ler

durante o meu tempo sozinha.

Basta dizer, Ashley Winston-Runous é agora uma das minhas pessoas

favoritas no planeta.

O vento dispara, assobiando pelas árvores e janelas. Noto a neve

desmoronando logo antes de me perder no meu livro. Cerca de meia hora

depois, as luzes piscam, depois, depois desligam novamente. Eu olho ao redor,

vendo que não está voltando e encolho os ombros. Eu tenho meu fogo, manta e

conhaque para me manter quente. Meu e-Reader está totalmente carregado. Se

necessário, eu posso dormir perto da lareira.

Uma hora passa. Então outra. Talvez outra depois disso. Eu não sei, perdi a

noção de tempo. É um livro muito bom. A trama é melhor do que as cenas de

sexo, então eu me mantive na leitura. Eu fui do segundo para o último capítulo-


onde todas as boas coisas acontecem-quando uma batida soou na minha porta da

frente.

Assustada, olho para o relógio sobre a lareira. É depois da meia-noite.

Agora, quem poderia ser.

Outra batida segue mais alta desta vez e dura por um longo período de

tempo.

Franzindo as costas, relutantemente coloco meu e-Reader de lado e me

envolvi na grande manta. A pessoa desconhecida bate uma terceira vez, ainda

mais insistente do que antes.

“Eu ouço você, eu ouço você. Mantenha suas calças,” murmuro,

certificando-me de que o cobertor me cobria do pescoço ao tornozelo, então

aperto os olhos através do olho mágico.

Meu Deus...

Está escuro, e eu não posso ver o rosto dele, mas eu sei quem é.

Eu sei.

Assustada, eu me endireito e me levanto meu coração pulando na minha

garganta.

“Diane?” Ele chama seu traço do Texas encontrando meus ouvidos e

derretendo os ossos.

Eu pisco na escuridão, segurando minha respiração, sem saber como

proceder.

“Abra a porta, linda,” ele diz, “está frio aqui fora.”

Engolindo meu choque e apreensão, falo de volta: “Você está latindo na

árvore errada, Sr. Repo. Por favor, retire-se da minha varanda.”


Mordo meu lábio inferior, esticando meus ouvidos e espero. Sou recebida

apenas pelo silêncio.

Eu checo no olho mágico novamente e, com certeza, ele pisa na varanda.

A silhueta dele demora-se na beirada. Eu posso dizer por que ele estava de

pé, na verdade, com muito frio. Meu coração bate na visão.

Observei-o suspirar, sua respiração uma nuvem branca fraca iluminada pela

lua cheia.

Ainda está nevando muito - e sua jaqueta de couro preto está pontilhada

com flocos de neve.

“Diane, minha moto está debaixo de uma árvore da estrada principal perto

de sua casa.” Ele ergue a voz, explicando, e eu o assisto esfregar a testa com

dedos enluvados; o grande motociclista parecia poderoso e cansado. “Eu

derrapei no gelo preto e cai. Eu não estou ferido, mas meu celular não funciona.

A moto não pega. É muito longe para voltar para a cidade ou para o clube. As

únicas outras casas neste trecho são a do xerife e dos Winstons, e eu não toco em

nenhuma dessas portas depois da meia-noite. Eu seria baleado. Ou pior.”

Pression minha palma para o meu coração, desejando que diminuísse e

recuou do olho mágico, minha outra mão automaticamente levanta-se para a

inércia. Mas não giro. Eu estou em guerra comigo mesmo.

Por um lado, ele é um homem perigoso. Segundo no comando com o Iron

Wraiths. Eu sei que ele tem uma arma com ele, provavelmente mais de uma. Ele

faz coisas ruins e ordena que outros também façam coisas ruins. E ele não está

arrependido. O homem viveu duro e rápido.

Mas eu também sei que ele faz amor suave e lento. E então ele faz amor

duro e rápido.
E então ele leva pedidos para um ou outro.

“Agora, linda, eu estou pedindo que você me deixe entrar. Porque está mais

frio do que uma teta de bruxa aqui e eu posso estar literalmente congelando até a

morte.”

Atire.

Ele está certo e isso resolve as coisas. Eu não posso deixá-lo lá fora para

congelar até a morte.

Agarrando o cobertor apertado na minha garganta com uma mão,

desbloqueio a porta, respiro fundo e abro a porta.

Ele está na beira da varanda, com as mãos nos quadris, o queixo inclinado

para olhar para mim.

“Entre, então. Eu não posso deixar você congelar até a morte na minha

varanda,” eu digo com força, querendo deixar claro que eu só estou permitindo

que ele entre na minha casa sob extremas circunstâncias. Mas, então, não

gostando do quanto isso pareceu ruim, eu acrescento: “Você já jantou?”

Eu não vi o sorriso dele. Eu senti. Eu senti isso no ar, quando ele se mudou,

quando a neve correu para baixo e caiu rápida e silenciosamente. Por alguma

razão, a neve caindo ao chão me pareceu pungente ou importante. Mas antes que

eu pudesse pensar muito sobre isso, Repo estava subindo as escadas da minha

varanda.

Suas botas de motoqueiro mal fizeram um som e logo ele estava quase na

porta. Eu subi dois degraus, segurando a porta e deixando-o passar.

Então, eu não sou uma mulher alta. Eu sou uma mulher baixa. Com os meus

1,52m, eu me acostumei a usar saltos com 10 cm ao longo da minha vida, por

uma questão de fato. Meu ex media 1,70m, magro, e trabalhou a vida toda em
um escritório – e isso me serviu bem. Eu gostei que ele nunca me abalou

fisicamente.

A última vez que eu vi Repo eu estava usando os saltos mencionados acima

de 10 cm.

E eu estava bêbada, bêbada com vodka e fúria. Atualmente, eu não uso

nenhum sapato. Então, um homem de 1,80m com um corpo grande, ombros

largos e, sem dúvida, acostumado ao trabalho manual, parecia como um Golias.

Independentemente disso, me recuso a me intimidar. Eu sou Diane Donner.

A pessoa mais bem-sucedida e influente sobre propriedades e negócios no leste

de Tennessee, além do juiz Payton. Mas ele realmente não conta, pois ele é dono

da fábrica e todos sabem que o único motivo pelo qual a usina é rentável, é pela

liderança de Billy Winston.

Repo para um pouco depois da porta da frente, examinando a escuridão

como se pudesse ver bem apenas com o luar passando através das janelas. Fecho

a porta, não me deixando pensar sobre quem eu acabei de deixar entrar na

minha casa e o que fizemos na última vez que fiquei sozinha.

Não.

Eu não pensaria sobre isso. Eu não pensaria em como ele me tocou, como

suas grandes, bronzeadas e ásperas mãos haviam inspecionado meu corpo. Eu

não pensaria em como ele tinha saboreado a minha pele, espalmado meus peitos,

me curvado e...

“Não,” ele diz, me surpreendendo.

Olho para Repo por cima do meu ombro, sentindo-me corar. “Não?”
“Não.” Nós estamos de pé muito perto, então eu vejo e sinto seus olhos se

moverem sobre meu rosto enquanto ele fala. “Não, eu não jantei,” veio sua

resposta tranquila.

“Oh,” eu digo em uma pequena expiração, percebendo de repente que estou

sem fôlego.

“Vamos pegar algo para você, uh, comer.” Eu passo por ele, falando sobre

meu ombro, “tire seus sapatos, por favor. E há conhaque na sala de estar. Fique à

vontade.”

Na cozinha, mudo meu cérebro para o piloto automático e faço para o

homem um sanduíche de peru com as sobras do Natal. Jennifer trouxe três tipos

de torta, então eu corto uma fatia de cada uma – abóbora, noz-pecã e creme de

coco—, agarrando um guardanapo e garfo da gaveta. Arrumando tudo em uma

bandeja, eu levo para a sala de estar.

Eu parei em seco, minha boca ficando inexplicavelmente seca à vista de suas

costas largas. Aquecendo-se junto ao fogo, o grande homem não se vira quando

entro, mas vi que ele tirou os sapatos conforme eu pedi. Ele também tirou a

jaqueta e as luvas, deixando-o apenas os jeans escuros, meias escuras e um

moletom cinza que destacava a amplitude de seus ombros e estreitava nos

quadris.

Ele é tão... tão... viril. Viril de uma forma que eu raramente estive exposta ao

longo da minha vida constante e direta.

O meu ex não era viril. Claro, ele estava em boa forma, se exercitava e

cuidava bem de seu corpo. Eu achava que ele era culto. Eu achava que ele era

sensível, um defensor da igualdade de oportunidades e dos direitos das

mulheres, orgulhoso de mim por eu ser o ganha pão e feliz em gastar o dinheiro.
Mas ele não era. Ele usou o disfarce do feminismo para esconder sua fraqueza,

egoísmo e impotência.

Meu pai era um bêbado e uma decepção dissoluta. Ele foi um galanteador,

macio e mimado, tendo traído minha mãe inúmeras vezes. Eu não o considerava

viril. Muito pelo contrário. Ele era fraco e amargo.

Meu avô era viril. Claro que ele tinha setenta anos quando eu nasci. Eu só o

conheci nos últimos anos.

O Sherriff era viril de uma forma que me lembrava o Repo agora, assim

como o chefe dos bombeiros McClure. E ambos eram casados e felizes com

mulheres excepcionais.

Os meninos Winston também eram viris. No entanto, eles eram jovens.

Então, muito jovem.

Mas Repo. . . não é muito velho, nem muito jovem, e nem casado. Como

mingau de mamãe urso, ele é apenas certo.

Exceto, você sabe, um criminoso.

“Você parece como se não soubesse se deveria verificar sua bunda ou riscar

seu relógio.”

“Perdão?” Eu pisco para ele, percebendo que estou parada na entrada da

sala, perdida em meus pensamentos sobre sua masculinidade.

Ele abre um meio sorriso, seus olhos castanhos escuros se movendo sobre

mim com uma diversão simples. O fogo destaca os ângulos e as linhas de seu

rosto bonito, fazendo parecer distinto em vez de desprezível.

A atenção de Repo permaneceu no meu pescoço e no peito, seus ombros se

erguendo e caindo com uma respiração profunda antes de dizer calmamente:

“Não importa. Deixe-me ajudá-la com essa bandeja.”


“Oh. Ah, não. Eu consigo.” Eu cruzo para a mesa de café e a coloco em cima,

em seguida, verifico minha mesa lateral para o conhaque. Ele não a tocou.

“Deixe-me pegar um copo, quer um cobertor?”

“Não, obrigado.” O grande homem limpa a garganta, como se ele quisesse

dizer outra coisa, mas se abstém devido ao autocontrole superior.

Sinto seus olhos em mim quando me mudo para o aparador para pegar um

copo, percebendo que o cobertor ao redor dos meus ombros havia se soltado. Eu

envolvo mais firmemente em torno de mim mesma, em seguida, derramo uma

dose dupla para o meu convidado, virando-me e colocando sobre a mesa de café

ao lado de sua bandeja.

“Por favor. Sente-se.” Eu gesticulo para o sofá enquanto eu reclamo meu

lugar na cadeira perto do fogo, enfiando as minhas pernas debaixo de mim.

“Coma.”

Seu olhar se move por cima de mim por um momento prolongado e eu

assisto seu peito subir e descer com outro suspiro volumoso antes dele

finalmente caminhar até o sofá, sentar e estudar a bandeja de comida.

“Isso parece...” Ele engole em seco, sua língua saindo para lamber seus

lábios. “Isso parece delicioso. Obrigado.”

“De nada.” Eu o estudo enquanto tomo um gole de conhaque, sorrindo

interiormente por esse homem áspero e sua exibição inesperada de boas

maneiras. A última vez em que estivemos juntos, ele não se comportou tão bem.

Tudo bem, eu tinha aparecido em um bar de motoqueiros, vestida como uma

adolescente, procurando problemas.

Na minha bela casa, cercada por minhas belas coisas, tudo é diferente.

Nós estávamos em seu mundo antes, nós estamos no meu mundo agora.
Ele come em silêncio um pouco, seus olhos estudando a sala, aparentemente

catalogando todos os meus pertences. Por fim, quando o sanduíche e as duas

fatias de torta desaparecem, ele levanta o queixo para uma pintura acima da

minha cabeça.

“Isso é uma Wyeth?”

Eu não preciso olhar para responder, mas fico surpresa por ele ter

reconhecido o artista.

“Sim. Andrew Wyeth.”

Seu olhar firme baixa para mim e o lado de sua boca emoldurado por sua

barba grisalha levanta. “Não pareça tão surpresa, linda. Eu não sou tão estúpido

quanto pareço.”

Inclino minha cabeça para frente e para trás em um movimento

considerando, olhando pelo meu nariz para ele. “Você não parece burro, Sr.

Repo.”

“Realmente?” Ele sorri, com um flash de dentes brancos, e um brilho nos

olhos. Sua voz baixa uma oitava quando ele pergunta: “Como eu pareço, então?”

“Complicado,” respondo sem pensar muito sobre isso.

“Engraçado. Eu estava pensando o mesmo sobre você.” Seu sorriso se

aprofunda e uma de suas sobrancelhas se ergue.

Eu ignoro essa afirmação, porque ela não pode levar a qualquer coisa

produtiva, e mudo o assunto de volta para a arte. “Onde você aprendeu sobre

Andrew Wyeth?”

Seu sorriso cai, apenas um pouco, e ele enxuga a boca com o guardanapo,

recostando-se no sofá.
Eu realmente não espero que ele responda, então fico surpresa quando ele

volta o olhar para o fogo e diz: “Uma mulher, diferente de você, pensa que eu

preciso de alguma cultura. Ela pensa... Bem, ela pensa que eu me beneficiaria

com uma educação que se estendesse a assuntos além da minha educação.” Ele

olha para as mãos, sorrindo com uma risada sem humor. “Ela pensou que

poderia me fazer ser algo diferente. Algo melhor.”

“Melhor do que o quê?” Eu tinha tantas perguntas, mas esta parecia como a

mais urgente.

Seus olhos cortaram para os meus e senti o peso deles instantaneamente,

como um toque. Como se ele tivesse me agarrado com as duas mãos.

“Ah, agora Diane. Você sabe a resposta para isso.” Seu tom é baixo, rouco, e

ele gesticula suavemente para minha casa enquanto sua boca se curva com um

sorriso sardônico. “Eu sou a sujeira em suas unhas, linda. Não adianta ser

educada sobre isso.”

Franzo o cenho em sua avaliação de si mesmo. “Essa é uma simplificação

excessivamente dramática, Repo.”

“O que você quiser dizer.” Ele encolhe os ombros, seu tom ainda gentil

ainda segurando uma vantagem inconfundível de amargura.

Nós nos encaramos por um tempo – eu observando ele, ele sendo observado

– nenhum de nós disposto a falar.

Senhor ajude-me, estou curiosa. Eu não costumo ser do tipo curiosa, eu sou

mais interessada em fazer as coisas do que refletir sobre as coisas. Se uma tarefa

exigisse mais de meia hora de pensamento, eu achava que deveria ser delegada.

Deixo um especialista lidar com os detalhes e apenas me dê o resumo.


Mas não esta noite. Não com ele. Não no escuro. Não depois de dois copos

de conhaque, um livro sexy na minha mente e seda na minha pele.

Já se passou quase um ano – do o dia – desde que entrei no clube do Iron

Wraith.

Em dezembro passado, eu dei um presente de natal para mim. Talvez eu

tenha passado os doze meses depois me envolvendo em comportamentos

saudáveis, mas a memória do meu prazer, com ele, nunca estiveram longe da

minha mente.

Eu quero saber a verdade, sobre tantas coisas.

Então eu exclamo: “Por que você deu em cima de mim no ano passado?

Quando eu apareci no clube?”

Suas sobrancelhas saltam em sua testa, seus olhos aumentando um pouco.

Mas suas feições suavizam, a tensão em seus ombros se dissipando. Embora a

pergunta pareceu surpreendê-lo, aparentemente também o relaxou.

“Que pergunta ridícula.” Ele sorri e franzi a testa, seus olhos subindo e

descendo sobre mim.

“Como assim?”

“Uma mulher bonita entra no meu clube, vestida como você estava...”

“Como eu estava vestida?”

“Como se você quisesse transar.”

“Eu acho que eu queria ‘transar’,” eu medito, sorrindo e rindo, apesar de

sua resposta grosseira. Ou talvez por causa disso. “Ok, continue.”

Ele ri e o estrondo profundo me fez tremer, enviando picos de adorável

consciência feminina sobre minha pele.

“O que mais há a dizer?”


“O que você estava pensando? Quando você me viu?”

“Fiquei surpreso de te ver lá.” Ele faz uma pausa, seus olhos se estreitando,

como se estivesse debatendo suas palavras.

Ele morde o lábio, mastigando, seu olhar ficando distante e nebuloso como

se estivesse lembrando todos aqueles meses atrás.

Finalmente, ele diz: “E eu esperava que você me deixasse tocar em você.

Fazer você se sentir bem.”

Meu sorriso aumentou. Um calor formigante se espalhou do tórax até a

ponta dos meus dedos e abaixo na barriga. “E eu fiz.”

“Sim. Você fez.” Seu sorriso diminuiu enquanto seu olhar aqueceu. Repo

varreu seus olhos sobre mim, ou o que ele podia ver de mim envolvido no

cobertor. “E então você desapareceu.”

Inclino a cabeça para o lado, novamente, seu olhar parecia um toque, como

se ele estivesse me agarrando com as duas mãos. “Eu não desapareci. Vivemos

na mesma cidade.”

Ele riu novamente, mas desta vez foi desprovido de humor. “Não.”

“Não?”

“Não, Diane. Nós não vivemos na mesma cidade.” Ele se inclina para a

frente, apoiando seus cotovelos nos joelhos, as mãos cruzadas na frente dele.

Levantando uma sobrancelha, eu desafio: “Nós certamente fazemos. Na

verdade, é menos de 24 quilômetros entre minha casa e seu clube.”

“Mundos separados,” ele responde simplesmente, mas ele parece divertido.

Eu zombo. “Isso não faz sentido.”

“Não. Essa é a realidade, linda.”


“Então, é por isso que você nunca—nunca tentou entrar em contato comigo?

Depois?” Eu não me senti vulnerável ou insegura sobre a nossa falta de interação

depois. Mas eu estava curiosa. Simplesmente...curiosa.

Ele não responde imediatamente. Em vez disso, ele me observa e percebo

que sua respiração se torna superficial.

Pressiono: “Você faz isso com frequência?”

“O que?”

“Pegar estranhas? Explodir sua mente com sexo, e depois passar para a

próxima?”

“Explodir a mente?”

“Sim. Explodir a mente. Fazer a terra tremer. Alterar a vida.” Fico de pé,

balançando a mão pelo ar para enfatizar, e cruzo para o aparador. Eu preciso de

mais conhaque para essa conversa.

Ele também fica de pé, agarrando seu copo que eu não tinha percebido até

aquele momento que também estava vazio, e segui meus passos. Eu destampo o

licor e me viro, encontrando-o mais perto – e mais alto – do que eu esperava.

Mas não perco um segundo. Reabasteço seu copo, encho o meu, bato nossos

copos juntos e inclino meu queixo, então eu posso pegar seus olhos.

Na verdade, eu não preciso pegar nada. Ele está me dando de bom grado.

“Então, diga-me, esse é o seu modus operandi? Se assim for,” toco nossos

copos novamente, “em nome de todas as mulheres mal atendidas em todos os

lugares, permita-me lhe dar um sincero agradecimento.”

Antes que eu possa trazer o copo para os meus lábios, Repo coloca seu copo

sobre a mesa lateral e enrola a mão grande em volta do meu pulso, parando
meus movimentos. Ele se aproxima um pouco mais e percebo que seu olhar

cresce enquanto viaja de meus lábios para os olhos.

“Diane,” ele sussurra, sua outra mão se movendo para o cobertor cobrindo

meu ombro. “Você está bêbada?”

Eu balanço minha cabeça, meu coração de repente na minha garganta, meu

peito pesado e aceso.

“Ainda não.”

“Bom.” Ele concorda levemente, guiando minha mão na mesa e colocando

meu copo ao lado do dele. “Porque eu vou te contar uma coisa e eu quero que

você lembre disso amanhã.”

“Repo—”

“Meu nome é Jason,” ele diz bruscamente. “Me chame de Jason.”

“OK. Jason.” Engoli e assenti com rapidez quando ele segurou o cobertor e

puxou. Eu senti ele escorregar sobre meus ombros e cair, mas não fiz nenhum

movimento para agarrá-lo. Não pude. Fiquei presa, uma emocionante sensação

de déjà vu segurando-me refém.

“A resposta é não.”

“Não?”

“Não.” Ele forma a palavra lentamente, meticulosamente, como se tivesse

transmitido uma verdade profunda com grande cuidado. “Eu não pego

mulheres estranhas com frequência. Ou em tudo. Eu não levo uma mulher para

o meu quarto, persuadindo-a a tirar suas roupas com caricias e beijos como

adolescentes e depois me ajoelho diante dela. Eu não como buceta —nunca – e

não espero que uma mulher goze três vezes antes de eu gozar, e ficar louco com

o quanto eu quero fazer isso de novo. Tudo isso.”


No final de seu discurso, eu estou ofegante.

E incrivelmente ligada.

Pergunto-me se alguém na história do mundo já havia estado tão ligada

quanto eu estava naquele minuto.

Provavelmente não.

“Não ajuda as coisas, Repo eu quero dizer, Jason” colocando a mão no meu

ombro assim que o cobertor cai, o polegar puxa a alça da minha camisola para

baixo, mostrando meu peito. Ele me segura. Eu gemo.

“Agora,” ele diz, já não sussurrando; sua voz profunda não é alta, mas

também não é suave, “vou te beijar. Em toda parte. Mas não porque eu não fui

capaz de tirá-la da mente desde o ano passado, desde o Natal passado quando

você entrou no meu clube.”

Eu tremo, minhas pálpebras semicerradas e me balanço em sua direção.

“Então, por que- por que você vai me beijar?”

“Porque . . .” Ele se curva, me virando, pressionando minhas costas contra a

mesa alta enquanto suas mãos deslizam pelo meu corpo até minhas coxas.

“Estamos de pé em baixo do visco.”

Olho para ele. Então levanto os olhos e vejo que ele estava certo.

O visco. O visco do meu filho de criação. Aquele que ele havia escondido em

minha casa. O que eu tinha perdido. Aquele que ele previu que me traria um

Natal muito feliz.

Eu engasgo logo antes que os lábios de Jason se encontram com os meus

pouco antes dele captar meu gemido e meu copo de conhaque recém-cheio cair

no tapete.

Mas eu não me importo com isso.


Não.

Eu posso pensar sobre isso amanhã.

Porque agora, agora, eu estou muito ocupada passando um Natal muito

feliz.

Fim

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