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Distribuição: Lizzie Vox

Tradução: Aline, Margarida e Raquel


Revisão Inicial: Ana Catarina
Revisão Final: Lyh
Leitura Final: Márcia
Conferência: Liz
Beard Science
(Winston Brothers, #3)

by Penny Reid
Faça um acordo com o diabo e você pode ter o que
deseja, mas será que é o que você precisa?

Jennifer Sylvester quer uma coisa, e essa coisa


NÃO é ser a Rainha soberana do Bolo de Banana do Tennesse, a
eterna boa menina e filha obediente, Jennifer está esmagada sob o
peso de ser uma celebridade de mídia social, as ambições de sua
mãe e ordens puritanas do seu pai. Jennifer está oficialmente
desesperada.

E tempos desesperados exigem Cletus Winston.

Cletus Winston é um quebra-cabeça coberto com um


molho de enigmas, e agora ele parece um pickle. Apesar de estar
convencido de sua própria onisciência, a extorsão da exaltada
Rainha do Bolo de Banana de Green Valley apanhou-o
completamente de surpresa. Então... O que um gênio maníaco deve
fazer?

Provavelmente, a última coisa que você espera.


Para Cletus.
CAPÍTULO 1

"Então, a alma carente

Vê o que está escondido,

E a alma insatisfeita

“Vê apenas o que quer.”

- Lao Tse

~ Jennifer ~

QUALQUER QUE FOSSE O DIA, eu acordo e asso um bolo.

Se tivesse que assar um bolo preferia não fazê-lo em grandes

quantidades. Isso é como criar um monte de filhos, esperando que eles

pensem e se comportem exatamente da mesma maneira, ou tentar atravessar

a nado cada lago existente em East Tennesse precisamente ao mesmo tempo.

Preferia me concentrar em um por vez. Cada bolo tem a sua própria

personalidade. Se você ignorar a personalidade de um bolo, ele irá ignorá-lo.

Será, então, um bolo grosseiro e chato.

Evito fazer bolos grosseiros. Atualmente, evito fazer bolos, ponto. Mas

se tivesse que fazê-lo, faria um bolo magnífico. Um bolo divertido. Um bolo

com grandes sonhos, difícil de ignorar. Um bolo especial.

“Você ainda não terminou a encomenda de Knoxville?” Minha mãe

gritou do outro cômodo. Não tinha a ouvido entrar. Seu tom está agudo e
afiado, parecendo em pânico, e isso me fez surtar “E, juro pelos fígados de

frango frito da sua avó Lilly, que se você estiver fazendo um bolo de cada

vez de novo, vou torcer o seu pescoço.”

Endireitei os meus ombros, engolindo a afluência de saliva nervosa na

minha boca. Os fígados de frango fritos da vovó Lilly não eram nenhuma

brincadeira. Não só eram deliciosos como uma receita de família bem

guardada - como a maioria das nossas infames receitas familiares - mas

também, poderiam mutilar se jogados com bastante força e intenção mortal.

Com muito cuidado, coloquei o último dos bolos — os bolos que tinha

acabado de assar e de decorar um de cada vez — em uma caixa de padaria.

Está certo. Assei um bolo de cada vez. Isso significa que acordei no

meio da noite e comecei a assar? Sim, significa. Será que preciso admitir isso

a minha mãe? Não, não preciso. É melhor acordar a sua bunda ao romper da

madrugada do que vender ao bom povo de Barbern bolos chatos.

“Estou terminando,” respondi e entrei em ação. Se ela visse o meu

misturador de seis litros teria um ataque. Enfiei as tigelas de pequenas

porções e as ferramentas de medição em um armário alto na parte de trás da

grande cozinha industrial. Voltei para o misturador de seis litros, icei-o em

meus braços e tropecei com o seu peso.

O clique de seus saltos ficou mais perto e sabia que não tinha tempo

para esconder a máquina como pretendia então a abaixei ao chão e a cobri

com o meu avental, girando a tempo de ver a minha mãe aparecer na porta.

“Graças a Deus.” Suas mãos estavam na cintura e ela parecia perfeita,

como era o seu hábito.


Suas ondas loiras se assemelhavam a um capacete, e de alguma forma

eram. A sua maquiagem é impecável e tão espessa como uma camada de

geada, e tão impenetrável como uma máscara de hóquei. Uma nuvem de

Chanel N° 5, esmalte de unha e spray de cabelo Aqua Net chegou três

segundos depois que ela entrou.

A maneira como ela se apresentava servia tanto de arma como de

armadura.

Ela avaliou o estado da cozinha, demorando um tempo olhando o

misturador de grandes quantidades. Ele estava impecável.

"Onde está todo mundo? Quem limpou tudo isso?”

“Eu.” Passei por cima do misturador menor, esperando que ela não o

percebesse. “Mandei a equipe para casa mais cedo, uma vez que era apenas

uma encomenda especial.”

Seus olhos golpearam na minha direção, choque escrito em suas feições.

"O que você está vestindo?"

Olhei para mim mesma, tendo esquecido o que estava vestindo. “Uh,

um macacão.”

“Oh, Jennifer!” Disse o meu nome num tom baixo e áspero, como se

fosse um palavrão. “Uma senhora não usa macacão.”

“Nancy Danvish usa macacão.” Nancy Danvish nos fornecia ovos e

leite; as suas galinhas e vacas eram muito felizes, pois produziam os

melhores ovos e leite. Ovos e leite felizes faziam bolos felizes.

“Nancy Danvish é uma agricultora.”

“Mas ela ainda é uma senhora.”


"Isso é discutível...” minha mãe resmungou, quase revirando os olhos

antes de se recompor. “E, pelo amor de Deus, o seu cabelo. E seu rosto,

ugh.” Sob a sua respiração, acrescentou, “Você sabe que me pergunto de que

planeta você é; o Senhor sabe que não é deste.”

Pressionei meus lábios juntos, para não dizer: “Obrigada.”

Tentei o meu melhor para fingir que as suas palavras duras eram

realmente elogios apenas expressos da maneira errada, como se isso

tornasse tudo mais agradável para todos. Por exemplo, o mais recente

comentário da minha mãe poderia ser reformulado para, você é cosmicamente

estelar.

Este hábito de insultos propositadamente mal-entendidos me serviu

bem ao longo da vida, em torno da cidade, e em casa. Tenho certeza de que

teriam me servido igualmente bem se tivesse ido para a escola pública, mas

minha mãe ensinou os seus filhos em casa.

Por exemplo, quando Rhea Mathis me chamou de “mais estranha do

que um vegetariano em um churrasco” durante o ensaio do coral júnior na

igreja, decidi que era a sua própria maneira especial de dizer que eu era

única. E quando Timothy King me chamou de puritana fria no concerto,

quando tinha quinze anos, agradeci a ele por ter elogiado a minha frieza e

modéstia. E quando dois dos meus colegas finalistas no concurso de

culinária na feira do estado me disse que eu era uma invasora sem talento,

sorri e aceitei as suas palavras amáveis sobre a minha ética de trabalho.

"Olá? Terra para Jennifer. Tire a cabeça das nuvens e comece a se

mexer.”
"O quê?"

Minha mãe estava com seu telefone em uma mão e com a outra estalou

os dedos. “Você tem um compromisso na delegacia com o xerife James.”

“Tenho?” Isso era novidade para mim.

"Sim. Você tem. Encontrei com ele no estacionamento do Piggly Wiggly1

esta manhã e perguntei se ele e os seus adjuntos tinham apreciado aqueles

cupcakes que nós enviamos. E, claro, não poderia parar de falar sobre o

quão incrível eles eram. Uma coisa levou a outra e ele concordou com um

vídeo depoimento.”

“Oh...” Balancei a cabeça levemente, minha garganta subitamente seca.

Tentei um sorriso.

“O que está errado com o seu rosto? Você está com dores de barriga?”

“Não.” Tentei duramente colar um sorriso convincente. “Mas, mamãe,

você sabe que não gosto de fazer essas gravações.”

“Fala mais alto, Jennifer. Você está falando baixo novamente. Você sabe

que não gosto quando murmura.”

Levantei minha voz. “Não gosto de fazer as gravações. Fico nervosa e os

ccomentários...”

“Não leia os comentários maus, querida. Sempre vai haver pessoas

desagradáveis, Deus os abençoe.” Ela veio até mim e colocou as mãos sobre

os meus ombros, me dando um abanão suave. “Concentre-se em quão bem a

loja está desde que lançamos a campanha de mídia social no ano passado. Se

concentre em como o negócio está crescendo. Concentre-se em todo o

1
Cadeia de supermercados americana que opera no sudoeste e midoeste dos EUA.
dinheiro que estamos fazendo. Concentre-se em quão famosa e admirada

você é em todo o mundo. Você é uma estrela."

“Mas é tão público. E as pessoas na cidade...”

“As pessoas da cidade não importam. Você e eu, fomos feitas para

coisas maiores. Vamos lá, você sabe que fica bonita nesses vídeos, e os

nossos assinantes adoram. A câmera ama o seu rosto, quando você está

usando a sua maquiagem e não se parece com uma fazendeira, é claro. Vá

em frente e vá se trocar, seja uma boa menina. Falei ao xerife que você

estaria lá esta tarde.”

“Mas você não pode...”

“Jennifer!” Os dedos de minha mãe cavaram em meus braços e ela

fechou os olhos por um longo momento antes de falar. “Você está testando

minha paciência, menina. Sabe quantas coisas que preciso fazer hoje?

Preciso lembrar que temos investidores vindos para a loja no final deste

mês? Preciso de você, Jennifer. Você é a chave. Você me falha, tudo falha.

Com o seu irmão desaparecido...” O queixo de minha mãe tremeu e ela

olhou para o teto, as lágrimas brilhando em seus olhos.

Imediatamente, fui inundada com arrependimento por causar sua

angústia. Eu sabia como ela lutou contra a rebeldia do meu irmão. Sabia

quão machucada ela tinha ficado e como continuava a estar, quando Isaac

saiu de nossas vidas. Meu pai pareceu superar a perda rápida, mas minha

mãe ainda sofria. O meu coração doía só de pensar em como perdi o meu

irmão; Não poderia imaginar como meus pais se sentiram.


Ela exalou uma respiração instável e fungou, olhando para mim.

“Assim, por favor, Jenny, por favor, seja uma ajuda para mim. Por favor, não

falhe comigo.”

Engoli o último dos meus protestos e reorganizei as minhas feições

faciais de maneira que a minha mandíbula apertada se assemelhasse a um

sorriso de boca fechada.

Ela soltou um suspiro de alívio e segurou o meu rosto, dando-me um

sorriso de apreço. "Bom, bom. Vá se vestir, vamos fazer um vídeo de você e

o xerife. Depois disso, poderá passar o resto do dia da maneira que quiser.”

Por trás de sua máscara de maquiagem percebi os seus olhos amolecerem

com preocupação. “A que horas você se levanta? Você parece cansada."

"Estou bem."

Ela me inspecionou por mais um momento com os olhos maternos

antes de o seu relógio zumbir; olhou para ele, bufou, e largou os meus

ombros. “Tenho que fazer uma ligação. Vá ver o xerife. Talvez escrever uma

carta a um desses seus amigos com que você se corresponde, ou tirar um

cochilo.”

Talvez pela décima milionésima vez na minha vida eu disse: “Tudo

bem, mamãe.”

Mas ela não estava ouvindo, já tinha o telefone no ouvido. "Olá? Olá,

sim, é Diane Donner-Sylvester. Sim, obrigada por ligar...” Saiu da cozinha,

sua voz diminuindo junto com o clique de seus saltos.

Como a boa menina que eu era, fiz como me foi dito.


***

SOU UMA PESSOA observadora.

Em parte por causa das pessoas, as coisas que elas fazem e dizem

quando pensam que ninguém está olhando, é realmente estranho. Mas,

principalmente, sou uma observadora de pessoas, porque quase ninguém na

cidade conversa comigo sobre qualquer coisa, a não ser sobre bolo.

“É a Rainha do Bolo de Banana,” Flo McClure anunciou em uma voz

monótona. Ela era a atendente na recepção da delegacia e seus olhos mal se

moveram da tela do computador quando me aproximei. Sem olhar para

mim e antes que pudesse falar, Flo McClure instruiu, “Sente-se, linda. O

xerife está esperando você, mas vai demorar alguns minutos.”

“Obrigada, Srta. McClure.”

Os olhos castanhos da mulher mais velha se enrugaram e o seu sorriso

educado se mostrou só um pouco, deixando-me saber que ela tinha me

ouvido, mas estava muito ocupadaa ou inclinada a não se envolver em

conversa fiada.

Moro em uma cidade pequena e todo mundo conhece todo mundo.

Como por exemplo, Flo- ou Florence-McClure é conhecida como a irmã

solteirona teimosa de Carter McClure, o chefe dos bombeiros. As pessoas

diziam que ela nunca se casou, apesar da fila de pretendentes, porque não

queria desistir de sua independência.

Suspeito que não era a sua independência que ela tinha medo de

perder. Depois de assistir ela e Nancy Danvish se envolverem em uma


discussão furtiva ainda que apaixonadaa em um desfile de 4 de julho, há

cinco anos, apostava o meu dinheiro que Flo McClure estava firmemente no

armário.

De qualquer forma, todo mundo conhece todo mundo, e todo mundo

me conhece. Sou a Rainha do Bolo de Banana. Faço outros tipos de bolo, mas

sou famosa pelo meu bolo de banana. Sei que isso é um fato, porque,

quando estou sendo apresentada, geralmente é assim:

“Este é Jennifer Sylvester. Você sabe, a Rainha do Bolo de Banana? Ela é

famosa por seu bolo.”

Mas discordo.

Virei às costas a Flo McClure e encontrei um assento no canto do

pequeno hall da estação de polícia, colocando o pão de abobrinha e noz

embrulhado que trouxe no meu colo. Cruzei os meus tornozelos e esperei.

Gosto do xerife. Ele é bom. Apesar de ser um homem de poucas

palavras, se preocupava com o meu bem-estar. Os seus sorrisos eram

genuínos e bondosos. Gostava que ele fosse um bom pai e marido. E se

preocupava com as pessoas sob sua jurisdição. Ele era uma boa pessoa, por

isso fazia-lhe assados sempre que sabia que iria cruzar com ele.

Passei os próximos quinze minutos observando as pessoas, evitando as

notificações de mídia social no meu telefone. Não estava no comando das

contas, mas ainda recebia todos os alertas.

Hannah Townsend entrou, se dirigindo como uma tempestade para a

mesa, e discutiu com Flo sobre uma multa de excesso de velocidade.


Alguns momentos depois, os irmãos King saíram da grande porta que

dava para os escritórios principais, sussurrando em voz baixa. Endureci, me

preparando para um insulto ou uma proposição evocativa. Isso nunca

aconteceu.

Eles pareciam com raiva e talvez com um pouco de medo. Felizmente, o

casal nem sequer me notou enquanto eles se dirigiram apressados para a

saída, sem prestarem também atenção em Flo e Hannah.

Não fiquei surpresa ao ver os irmãos King na delegacia. Sendo

membros situados no fundo da hierarquiados Iron Wraiths - a maior e mais

problemática gangue de clubes de motocicletas locais , eles estavam sempre

entrando e saindo da cadeia. Desde que era uma adolescente, desde que me

encontravam sozinha, poderia contar com observações agressivamente

sugestivas.

Mas, não hoje, aparentemente. Exalei de alívio.

Voltei minha atenção de volta para Hannah e Flo, a sua interação se

tornou cada vez mais amigável quando o tema da conversa começou a ser

sobre a mãe de Hannah.

A mãe de Hannah tinha tido um acidente de carro há vários anos e

Hannah, apesar de ter apenas dezessete anos na época, cuidava dela.

Hannah estava trabalhando em dois empregos desde então: como hostess2

no Steak House local e na fábrica Payton Mills. Cerca de dois anos atrás, ela

2
Uma espécie de recepcionista de restaurantes, bares, eventos, festas, discotecas ou hotéis. Nascida nos Estados Unidos, à função
tem conquistado o mercado comercial e social de todo o Mundo. As hostess são responsáveis por dar atendimento ao cliente da
forma mais correta possível, sempre evitando imprevistos.
largou o emprego na fábrica em favor de se tornar uma stripper no Pink

Pony.

O telefone de mesa tocou e Flo levantou o seu dedo enquanto colocava

o receptor do ouvido. “Só um segundo, Hannah. Deixe-me atender. Sim?”

Os olhos da mulher mais velha foram até mim e depois se afastaram

enquanto balançava a cabeça, dizendo: ‘Sim, ela está aqui’.

Endireitei-me no meu lugar, porque Hannah olhou para mim. Seus

olhos cintilaram sobre a minha forma e ela parou bem perto de revirar os

olhos antes de olhar para longe.

Não culpo Hannah. Realmente não culpava. Nós tínhamos a mesma

idade e crescemos juntas. Entendi o seu desprezo.

Externamente, eu era ridícula: cabelo loiro descolorido, comprido e

ondulado; unhas acrílicas sempre pintadas de rosa; salto alto. A minha mãe

me fazia usar maquiagem completa (inclusive de cílios postiços) desde os

dezesseis anos, mais jovem se contar os concursos em que eu tinha

participado quando criança. Em público, estava sempre vestida de amarelo

ou verde, as cores que usava desde os quatro anos de idade, com um vestido

na altura do joelho e pérolas.

Eu possuía um par de jeans e um macacão, mas que haviam sido

proibidos há muito tempo, não poderia pisar fora da casa com eles, não era

outra coisa senão roupas de domingo. Mamãe dizia que deveria me vestir

como uma pessoa de negócios, e traje de pedestres era ruim para isso.

Eu era uma caricatura superficial de um estereótipo do sul, mas os

nossos clientes adoravam. Eles até me contratavam para festas. Eu ficava


atrás da mesa de sobremesa servindo bolo com um sorriso brilhante e mãos

trémulas. Nunca ninguém notou as minhas mãos.

“Tudo bem, vou mandá-la entrar.” Flo concordou novamente, seu olhar

se dirigindo ao meu quando desligou o telefone e apontou em direção à

porta dos escritórios principais. “O xerife está pronto para você.”

“Obrigada, minha senhora.”

Ela não respondeu, voltando sua atenção para Hannah. “Você viu

aquela equipe de reportagem na casa de Winston?”

“Sim, senhora, eu vi,” Hannah respondeu em um sussurro fácil de

ouvir. “É por causa do Jethro Winston que irá se casar com aquela estrela de

cinema.”

Jethro Winston e Sienna Diaz, a atriz de Hollywood, haviam se

conhecido no início do verão e, posteriormente, se envolveram há dois

meses. Ele era o mais velho dos sete irmãos Winston. Depois de Jethro vinha

Billy, em seguida Cletus, Ashley (a única menina), os gêmeos Beau e Duane,

e então Roscoe, o mais jovem. Roscoe tinha a minha idade e, se tivesse

frequentado a escola, teríamos estado no mesmo ano.

“Jethro já se vai casar com aquela senhora?”

“Não, ainda não.” Hannah inclinou-se mais sobre a mesa e baixou a

voz. “Mas o rumor é que ela já está grávida.”

Meu coração torceu com inveja.

Não é que estivesse com ciúmes do Sr. Diaz. De modo algum. Não tinha

projetos para Jethro Winston. Embora ele parecesse bom o suficiente para
mim, meu pai sempre disse que Jethro era o tipo errado e que eu deveria

evitá-lo.

E pelo tipo errado, o meu pai queria dizer que Jethro nunca iria ser rico.

Um homem não valia nada ao meu pai se não fosse rico ou tivesse o

potencial de notoriedade.

A verdade é que estava com ciúmes de Sienna e Jethro. Se os rumores

eram verdadeiros, apesar de se conhecerem a apenas cinco meses atrás, eles

estavam começando uma família. Estavam tendo um bebê, uma pequena

pessoa perfeita para amar, cuidar, abraçar e segurar.

Mais do que tudo, eu queria isso. Queria uma família para mim.

Cruzei a porta grande, os meus saltos clicando no linóleo, deixando as

duas mulheres com sua conversa enquanto eu lutava para subjugar a minha

inveja. Virei à maçaneta e entrei para o escritório, examinando o espaço do

Xerife James. Era um lugar muito ocupado hoje , muito mais que o normal, e

muito maior do que as pessoas poderiam esperar de uma delegacia de

cidade pequena.

O estado do Tennesse exige que cada município eleja um delegado para

servir por quatro anos. Os Xerifes são servidores públicos com autoridade

policial completa em um município em particular. Mas se as cidades têm os

seus próprios departamentos de polícia, os xerifes do Tennesse (e seus

delegados) costumam manter as suas patrulhas limitadas a áreas não

incorporadas aos seus municípios.

Não é assim com o xerife James. Ele e os seus adjuntos patrulham todo

o condado, eram responsáveis por três cidades dentro dos limites, e além do
mais compartilhava a jurisdição com os guardas federais do parque nacional

ao lado do Tennesse. Ele tinha um trabalho importante e uma grande

equipe.

O pessoal administrativo estava reunido em torno de uma mesa,

sussurrando ansiosamente. Normalmente, a maioria dos oficiais estava fora,

em patrulha. Hoje não. Vi pelo menos cinco agentes esperando impacientes.

O local de trabalho detinha um ar inconfundível de expetativa.

“Jennifer Sylvester, é sempre um prazer.”

Virei costas a eles e encontrei o xerife caminhando em minha direção,

um sorriso amigável e paternal em suas feições.

“Xerife James. Trouxe-lhe pão de abobrinha” Estendi o embrulho para

ele, satisfeita quando o seu sorriso tornou-se radiante.

“Você não tem que fazer isso,” disse, embora ele tivesse aceitado a

oferta embrulhada em papel alumínio bem rápida. “A sua mãe comentou

alguma coisa sobre eu fazer uma gravação com uma declaração sobre seus

bolos?”

"Sim senhor. Está certo. Ela gostaria que eu gravasse você falando sobre

os cupcakes que enviamos, se você não se importar.”

"Entendo. Você vai estar na gravação, também?”

Neguei com a cabeça, mesmo sabendo que minha mãe queria que

aparecesse no vídeo. Mas inventei um plano alternativo. "Não senhor. Vou

gravar uma introdução mais tarde, mas vamos obter o seu depoimento

agora. Não estarei na filmagem com você.”


Ele balançou a cabeça, inclinando-se mais perto enquanto eu falava

como se estivesse tentando me ouvir melhor. "Ah, tudo certo. Soa bem. Mas

vamos para o meu escritório. Vai ser mais silencioso.”

"Certo..."

Naquele momento, a porta atrás de mim se abriu seguido de um grito

alto. Virei apenas para ver Jackson James aparecer e colocar as mãos sobre os

meus quadris os apertando, enquanto passava por mim.

“Desculpe-me, Jenn,” o agente disse com uma piscadela, se colocando

entre seu pai e eu.

Jackson James era o filho único do xerife James e sua esposa, Janet. Eles

também tiveram uma filha chamada Jessica, que, até recentemente, tinha

sido uma professora de matemática na escola onde o meu pai era o diretor.

Vê? Cidade pequena. Todo mundo conhece todo mundo.

Jackson acenou um envelope com grande entusiasmo. “Aqui está,

senhor. Tenho-o aqui mesmo.”

“Isso foi rápido.” Os olhos do xerife se iluminaram e ele trocou com o

seu filho o pão de abobrinha pelo envelope, o abriu às pressas enquanto os

outros membros do gabinete do xerife se aproximavam. Dei um passo para

trás e para o lado, não querendo estar no caminho.

“Juiz Payton fez o despacho.”

“Acabamos de receber a prova esta manhã.”

“Ele disse que as fotografias mostravam uma imagem clara e ele teve a

honra de ser o único a assinar o mandado.” Jackson folheou o envelope com


os dedos e trocou sorrisos com os outros agentes. “Então acho que a única

pergunta restante é quem consegue prender o bastardo?”

O xerife suspirou, balançando a cabeça como se não pudesse acreditar

no que estava lendo. “Peçam reforços a Merryville antes de sair.”

“Acho que nós seis podemos lidar com um motociclista magricela,”

Jackson zombou, mas manteve o tom respeitoso. “Além disso, Dale e Evans

já estão a caminho.”

Dale e Evans eram dois outros agentes, que não estavam atualmente na

estação. Pelo menos, não pelo que podia ver. Levei um momento para olhar

em volta para os presentes.

Meu coração parou. Pulou. Gaguejou.

Dei um passo para trás em reflexo. Uma torção e um calor

desconfortável se arrastaram do meu peito até o meu estômago. Vi um

homem barbudo se separar da multidão, indo mexer em uma máquina. Era

uma barba que eu reconheceria em qualquer lugar.

Cletus Winston, o terceiro irmão Winston.

Como de costume, ele não me viu.

Quando as pessoas da cidade não me notavam, não me incomodava

muito. Muito poucos foram realmente mesquinhos, e a maioria eram

meninas da minha idade com quem tinha crescido, ou suas mães. Elas

punham sorrisos falsos na frente do meu rosto e reviraram os olhos em

minhas costas. Estava acostumada a isso.


Cletus era diferente. Ele não me via de fato. Era como se o seu radar não

me registasse, nem mesmo de relance, e isso foi verdade durante toda a

minha vida. Eu era invisível para ele.

Mas era bom para mim.

Cletus Winston era o mais sorrateiro, manipulador e poderoso, e, tanto

quanto sabia o homem mais perigoso em East Tennesse. O problema era,

ninguém mais parecia perceber isso. Todos na cidade achavam que ele era

estranho, mas na maior parte inofensivo.

Enquanto isso, ele os chantageava para fazerem o que queria, o tempo

todo enganando as pessoas, os fazendo pensar que a ideia era sua.

Sabia disso porque era uma observadora.

Não me interpretem mal, observar Cletus não era tarefa árdua. Ele era

bonito? Sim, certamente era. Como todos os meninos Winston, ele era um

gato.

Talvez, para a maioria das pessoas, ele não fosse tão favorecido como os

seus outros irmãos com suas barbas arrumadas, constituição magra, e uma

beleza clássica. À primeira vista poderia ignorá-lo, porque, com Cletus, era

necessário sondar além da superfície para ver o potencial por baixo.

Era mais baixo e atarracado do que seus irmãos, a sua estrutura mais

espessa e mais muscular. A sua barba era espessa e longa, longa o suficiente

para trançar, como um daqueles Vikings. O homem, evidentemente, não se

inscreveu para uma manutenção da barba a não ser escovar, passar um óleo

e a deixar crescer.
Seu cabelo castanho com madeixas era longo, encaracolado em alguns

lugares, ondulado em outros. Ele ressaltava em todas as direções, vários fios

branqueados de loiro pelo sol. Algumas mechas tapavam as suas orelhas,

mas não chegavam a cobrir a parte de trás do seu pescoço, devido ao seu

constante estado de assimetria. Pensei que para qualquer outra pessoa, ele

pareceria adorável.

Antes que percebesse o quanto sangue frio ele tinha, eu coçava para

domar a sua juba selvagem e aparar a sua barba um pouco. Apenas o

suficiente para revelar o homem bonito em todo aquele caos. Sempre quis

saber o quanto de sua desordem exterior era de propósito, destinada a

dar-lhe uma aparência inócua, desalinhada. Obviamente a sua aparência

funcionava porque as pessoas eram enganadas por ele.

No entanto, os seus olhos deveriam ter denunciado. Os seus olhos

deveriam ter tornado óbvio para qualquer pessoa que realmente o observasse

que ele não era estranho. Ele era um maníaco inteligente. Eles eram verdes

ou castanhos, não tinha certeza já que ele nunca encontrou o meu olhar e

quase nunca ficou parado por qualquer período de tempo quando estava

por perto, e tinham cílios ridiculamente grossos. Os seus cílios eram muito

bonitos.

Acho que as suas bonitas pestanas confundiam as pessoas e as faziam

esquecer como os seus olhos eram iluminados com uma inteligência

invulgar. Ele tinha tudo. E era capaz de mascarar a sua expressão e os seus

pensamentos, desorientando os outros, pela forma como usava os seus

olhos.
Apesar da inteligência maníaca e não obstante a desorientação que fazia

passar com o aspeto desalinhado, Cletus Winston era extremamente

atraente.

Sim. Definitivamente um gato.

Mas não me importo muito com isso. Não estava interessada em gatos.

Os irmãos King eram gatos, também. Só porque uma pessoa é um gato não

significa que não seja um psicopata.

No momento, os recursos do Cletus estavam dispostos em indiferença

afável, mas os seus olhos contavam uma história diferente. Eles eram afiados

e atentos. Era claro para mim que estava dividindo a sua atenção entre a

reunião de oficiais e a máquina na frente dele, espionando, embora

parecesse alheio.

Enquanto ele os observava, eu o observava. Como minha avó

costumava dizer, “Melhor manter um olho sobre a víbora em um celeiro

cheio de ratos.”

Especialmente se você é um rato.

“Bem, acho melhor vocês irem andando,” disse o xerife com relutância,

preocupação em sua voz.

Os policiais começaram a se mover, o ar carregado de antecipação

enquanto trocavam olhares excitados. O agente Chris Williams se virou,

dando um passo na minha direção e em seguida, recuando um pouco para

trás. Ele me deu um grande sorriso.

“Oh. Olá, Jenn. Não vi você aí."


Concordei com a sua saudação, minha atenção se mudando para

Cletus. O terceiro Winston não estava olhando para Chris e eu, graças a Deus.

Curiosa, me inclinei e sussurrei: “Aonde vocês vão?”

Ele estufou o peito com orgulho. “Oh, a nenhum lugar especial. Apenas

saindo para prender Razor, aka3 presidente dos Iron Wraiths MC.”

Meus lábios se separaram em surpresa e me endireitei. "Oh meu."

Se Cletus Winston era o homem mais perigoso em East Tennesse, Razor

Blade St. Claire era o segundo. A principal diferença é que Cletus mantinha

o segredo sobre o seu poder, enquanto Razor era descarado sobre quase

tudo.

Como o presidente do clube de motocicletas Iron Wraiths MC, ele

contornou a lei durante anos, sempre fora do alcance. Era de conhecimento

comum que era um assassino. E um traficante de drogas. E um perpetuador

dos outros crimes sórdidos em abundância, cada um mais desagradável do

que o outro.

O sorriso de Chris Williams alargou quando passava. "Está certo. O

chefe da matilha.”

O chefe da matilha... Bem, isso era uma maneira de colocá-lo.

Alguns dos agentes inclinaram a cabeça para mim se despedindo

enquanto passavam, mas a maioria parecia estar perdida para a emoção de

trazer a cabeça dos Iron Wraiths. Uma vez que eles saíram, o xerife James se

aproximou e me deu um sorriso distraído e vazio. Ele ainda estava

3
a.k.a (also known as)- também conhecido como.
segurando o envelope. A sua preocupação era completamente

compreensível.

“Você quer fazer isso outra hora?” Sugeri, não querendo me impor

quando a sua cabeça estava em assuntos mais importantes.

"Não, não. Está tudo bem. Na verdade, estou ansioso para isso.” Ele se

virou para Marion Davis, que fazia parte do pessoal administrativo, e

acenou para ela. “Marion, você pode levar isso para George das evidências

para mim?”

“Sim, senhor.” Ela deu um sorriso brilhante, olhando o envelope não

lacrado com reverência.

O xerife hesitou por um instante, depois o passou para as suas mãos em

espera.

“Venha por aqui.” Ele agarrou o pão de abobrinha embrulhado em

papel alumínio, de onde o seu filho o havia deixado e fez sinal para segui-lo.

Segui, lançando olhares furtivos na direção de Cletus Winston. A atenção de

Cletus estava no xerife. E então na máquina de correio. E então em Marion

Davis. E então ele estava olhando o xerife novamente.

Ele estava tramando algo e eu não queria saber o quê.

Uma vez que estávamos no escritório do xerife, empurrei os

pensamentos do clandestino Cletus da minha mente e preparei o xerife para

o vídeo. Organizei a filmagem, querendo colocar o seu rosto em um lado do

quadro, de modo que o expectador poderia ver a delegacia como plano de

fundo.
Uma das poucas coisas que gostava sobre fazer vídeos e promoções no

Instagram eram as regras básicas da fotografia que estava aprendendo como

subproduto. Esteticamente, mostrar o produto de modo a ser visualmente

mais atraente do que apenas um rosto de homem no centro da tela.

“Tudo bem, você está pronto?” Dei-lhe um sorriso encorajador.

Ele devolveu, cruzando os braços. Ele os descruzou e franziu a testa. “O

que devo fazer com meus braços?”

Meu sorriso se alargou. “Segure o pulso direito com a mão esquerda, na

frente de você. Sim, apenas assim. Parece muito natural.”

Ele balançou a cabeça, como se isso fosse um negócio sério, e me deu o

sinal para começar a gravar. Então eu fiz.

O xerife era natural, o que era surpreendente desde que ele era

normalmente um homem de poucas palavras. No entanto, não teve nenhum

problema de falar sobre os meus cupcakes, o que aqueceu o meu coração. Eu

tinha o que precisava, então não o fiz gravar um segundo depoimento.

Nós terminamos. Saí logo depois, notando com alívio que Cletus

Winston também tinha desaparecido. Ele não representava nenhuma

ameaça para mim, mas ainda me deixava nervosa. Não devia ser permitido

uma pessoa ser patologicamente inteligente e opressivamente bonita.

Depois da delegacia, parei no Piggly Wiggly. Peguei a minha caixa

semanal de bananas e a deixei na padaria. Estava ficando tarde e eu estava

ficando cansada, então carreguei a caixa para o armário de trás da cozinha

industrial.
E isso foi quando me lembrei de que tinha colocado os meus utensílios

de cozinha de porções pequenas no armário. Não havia nada a fazer;

precisava limpar antes que pudesse ir para casa e rastejar na cama.

Mas eu estava desconfortável. Os meus pés doíam e o vestido que usava

machucava as minhas costelas. Ele tinha um daqueles bustiês incorporados

ao busto, o que fazia a minha silhueta ficar muito bonita, mas também servia

como um instrumento de tortura. Minha mãe havia confiscado o meu

macacão mais cedo e todo mundo tinha saído há muito tempo.

Então tirei o meu vestido, os sapatos, meus cílios postiços, amarrei um

avental e lavei a louça somente de calcinha e cinta-liga. Muitos podem

considerar a limpeza quase nua como um comportamento estranho, mas eu

fazia isso muitas vezes. Estava frequentemente sozinha após escurecer (ou

antes do amanhecer) na padaria.

Estava terminando, lavando a última das taças, quando o meu telefone

tocou. Era minha mãe, provavelmente se perguntando onde eu estava.

Usei o meu dedo mindinho para atender a chamada, porque minhas

mãos estavam molhadas. “Ei, mamãe. Estou terminando na padaria.”

“Você está trabalhando nesses bolinhos pop overs para amanhã? Já?"

Lutei com um gemido. Tinha esquecido sobre a grande encomenda

para o café da manhã. “Uh, não. Ainda não. Estou... experimentando uma

nova receita.” Fiz uma careta com a mentira. Não gosto de mentir. Isso me

fazia sentir quente e suada, como se estivesse andando sobre rochas e

comendo pimenta chili.


"Oh isso é bom. Você pode me contar tudo depois. Estou ligando sobre

o vídeo, aquele com o xerife?”

"Sim eu..."

“Bem, você vai ter que fazê-lo na próxima semana. Parece que houve

um grande acontecimento na delegacia.”

Fechei a torneira. Sempre que minha mãe dizia em uma frase grande

acontecimento, isso significava que estava prestes a fofocar.

“Uh, o que você quer dizer?”

“Acho que algumas provas importantes desapareceram, e o xerife

James, o pobre homem, está furioso. Dolly Payton me falou que o juiz disse

que tinha assinado um mandado e tudo para que o motociclista miserável,

Laser ou algo assim.”

"Razor. Razor St. Claire.” Meu coração acelerou.

“É esse, homem terrível. De qualquer forma, Dolly ligou para a

delegacia para felicitar o xerife e ver se seus filhos estavam interessados em

um trifle4 para comemorar e, o que você acha que aconteceu?”

"Eu... Eu não sei."

“Flo McClure foi rude com ela no telefone. Dolly finalmente falou com

uma das secretárias do escritório de apoio e ela disse que a prova tinha

desaparecido e que o local estava em alvoroço. E bem, você sabe.”

Minha mãe ainda estava falando, mas eu estava apenas ouvindo

metade, porque os cabelos na parte de trás do meu pescoço estavam de pé.

4
Sequei as minhas mãos e bati na tela do meu telefone procurando em um

aplicativo, enquanto a minha mãe continuava a sua história no alto-falante.

Cliquei no vídeo que tinha gravado anteriormente nesse dia e rolei através

dos quadros sem pressionar o play.

A mminha boca se abriu, meu coração parou e as minhas mãos

começaram a suar.

Sabia o que tinha acontecido com as provas, ou melhor, quem. Tinha

gravado a coisa toda.


CAPÍTULO 2

"Considere a subtileza do mar; Como as suas criaturas mais temidas se deslocam

debaixo da água, desconhecidas para a maior parte, e traiçoeiramente escondidas sob

os mais belos tons de azure5".

- Herman Melville, Moby Dick

~ Cletus ~

"COMO UMA transmissão pode ser tão cara? Não tenho tanto dinheiro para

gastar em uma nova transmissão!"

Apesar das minhas melhores intenções, teria que dizer a Deveron

Stokes uma falsidade.

"A transmissão é apenas parte da conta. Nós vamos fazer um acordo

sobre a transmissão, Sr. Stokes. Veja aqui? Seu silenciador precisa de

rolamentos novos. E o seu fluido de rasto está perigosamente baixo, para

não mencionar as velas da calha do trem de rodagem e o interruptor da

manivela."

Interruptor da manivela era novo. Acabei de inventar. Beau era melhor

nisso do que eu, mas ele não estava aqui. O cretino.

Deveron suspirou, piscando rapidamente para a conta no balcão entre

nós. A sua carranca se intensificou. Ele balançou sua cabeça. "Bem, tudo

5
Azul; Índigo.
bem. Quero dizer, acho que o carro precisa de muito trabalho. Agradeço o

acordo sobre a transmissão."

Assenti carrancudo. Eu era bom em concordar carrancudo.

Provavelmente era o meu melhor, o aceno mais bem recebido. As pessoas

sempre se sentiam consoladas quando eu fazia isso, então usava essa

expressão liberalmente.

O Sr. Stokes ergueu os olhos. "Você é um bom amigo, Cletus."

Assenti carrancudo novamente, mas não disse nada. O Sr. Stokes não

era meu amigo. O Sr. Stokes não era uma pessoa legal. Ele não pagou uma

única vez à pensão alimentícia do seu filho em seis anos, mas sempre

conseguia estar bem abastecido em uísque, mulheres e cigarros. No entanto,

antes mesmo de descobrir esse fato desagradável sobre o Sr. Stokes, não

gostava do homem.

Não gosto de julgar as pessoas.

Amo isso.

Descobrir a personalidade completa de uma pessoa era libertador.

As primeiras impressões eram quase sempre verdadeiras. As minhas

primeiras impressões sempre foram corretas. Isso ocorria porque usava uma

abordagem muito científica para formar impressões e inventei uma lógica

infalível.

Dou dez minutos. Se não tivesse dez minutos, desistiria de formar uma

opinião até que tal janela de tempo estivesse disponível. Nunca me desviei

da regra dos dez minutos. Uma vez adiei uma opinião sobre o nosso novo

pastor durante seis meses, porque não achava os dez minutos necessários.
A minha mãe não gostou que me recusei a olhar para o novo pastor

durante esses meses, mas você não pode modificar ou distorcer o método

científico. É sagrado. E dez minutos eram tudo o que precisava para resumir

o caráter de qualquer pessoa.

Nos cinco primeiros minutos, não olhava para ele nem para ela.

Fechava os meus olhos, ou estudava os meus pés, ou olhava para outro lado.

Desta forma, evitava formar uma opinião baseada na aparência externa.

Estendia a minha mão, todas às vezes, via o tipo de aperto de mão que

ele ou ela me dava. Era fraco? Muito apertado? Hesitante?

Escutava a sua voz e o seu vocabulário, o léxico de seus pensamentos.

Ela era confiante? Culta? Pomposa? Quais os assuntos que trazia para a

conversa? Ela estava interessada em falar apenas sobre si mesma? Ou se

esquivava dos holofotes?

Depois dos cinco minutos de escuta passiva, interrompia a conversa

para perguntar o tipo de carro que dirigia. Então (e só então) olhava para a

pessoa. Não é o carro que importa. É como falava sobre o carro. Você

poderia dizer muito sobre como uma pessoa falava sobre o carro dela.

Orgulhosa? Envergonhada? Ambivalente?

A resposta a esta pergunta geralmente levava entre dez segundos e

cinco minutos. Até o final deste monólogo sobre automobilismo, tinha a

minha opinião sobre a pessoa.

Claro que adorava o meu vizinho. A minha mãe me criou bem.

Certamente, vi a sabedoria em adorar os vizinhos, e fazer outros, e ser

agradável por gostar de ser agradável. Apenas preferia amar meus vizinhos
de longe. Inscrevi-me nas relações de longa distância, onde falar e ouvir não

ocorria com qualquer frequência.

Só tive tempo para vinte e quatro pessoas (no máximo) na minha vida, e

já tinha seis irmãos. Vinte e quatro pessoas eram uma média de dois

aniversários por mês. Ninguém tem tempo para mais de duas celebrações de

aniversário por mês. Isso é um monte de bolo, e sou exigente sobre bolos.

Mas de volta a Deveron Stokes e a sua transmissão.

Ele estava esfregando o pescoço, franzindo o cenho para a conta. "O

problema é o seguinte, Cletus. Eu não tenho o dinheiro no momento para

pagar todo esse trabalho."

Assenti, mais pensativo do que carrancudo desta vez. "Bem, agora,

Deveron, você tem duas opções. Você pode rebocar o carro do

estacionamento por sua própria conta até que você tenha o dinheiro. Ou

talvez possamos elaborar algum tipo de acordo."

Não fiquei surpreso. Na verdade, estava contando com ele renegar o

pagamento.

O sino sobre a porta soou quando esta abriu, anunciando a entrada de

um novo cliente. Inclinei-me para o lado, olhando em volta de Deveron para

ver quem entrou.

Era Jethro, meu irmão mais velho. Ao lado dele estava uma mulher alta

que não reconheci. Fiz o possível para desviar os meus olhos antes que

pudesse observar muito o seu exterior.

"Que tipo de acordo?" Perguntou Deveron, muito matreiro.

"Oh, nada desagradável, Sr. Stokes." Essa era outra mentira.


O Sr. Stokes era um prensador nas tinturarias e um garçom em The

Front Porch, embora fosse pago por fora e não estivesse tecnicamente na

equipe, outra forma de evitar o pagamento da pensão alimentícia. Mais

tarde, muito mais tarde, explicaria que o primeiro dos meus favores exigiria

que o Sr. Stokes colocasse pó de coceira no uniforme engomado do policial

Jackson James. O agente James cometeu o erro de me mandar parar na

semana passada, sem motivo, quando não estava no clima de ser parado.

Um pequeno número de pragas aconteceria ao agente do xerife nas

próximas semanas. Cheguei a considerar o infectar com lepra através de um

tatu, mas acabei decidindo não fazer. Talvez na próxima vez.

O Sr. Stokes engoliu em seco nervosamente. "Bem... Acho. Quero dizer,

com certeza. Tudo o que você precisar, Cletus.”

Peguei um conjunto de chaves por trás do balcão junto com a

documentação do carro alugado e os coloquei entre nós. "Bom. Tenho alguns

favores em mente. Vamos resolver os detalhes mais tarde, mas vou precisar

deles feitos antes de começar a trabalhar em seu caminhão. Enquanto isso,

ficarei feliz em oferecer-lhe um dos carros da loja como um empréstimo com

a taxa de dez dólares por dia, pago adiantado e em dinheiro."

Deveron Stokes assentiu nervosamente. Ele não era um homem legal,

mas também não estava desprovido de células cerebrais. Ele retirou a

carteira e me entregou uma nota de cem dólares, como eu disse, bem

abastecido em uísque, mulheres e cigarros, então peguei a chave e a

papelada. Ele se virou para uma das cadeiras espalhadas pela pequena área

de estar e começou a rabiscar na folha.


Todos os nossos carros de empréstimo eram sedãs Dodge Neon da

década de 1990. Eu mantinha uma frota deles em bom estado de

funcionamento para clientes como Deveron Stokes. Tínhamos muitos

clientes como Deveron Stokes.

Sem olhar, fiz um gesto para o meu irmão e a mulher alta se

aproximarem, enquanto me ocupava escrevendo notas sobre o reparo do Sr.

Stokes. "Saudações, Jethro. O que o traz à nossa humilde oficina de

automóvel?"

"Ei, Cletus. Queria apresentá-lo a Shelly Sullivan. Ela é nova na cidade e

procura trabalho como mecânica de automóveis.”

Minha carranca foi automática, não porque estivesse descontente, mas

porque estava surpreso. Quase não controlava o desejo de fazer uma

avaliação visual desta mulher mecânica. Elas eram uma raça escassa e

distante.

"Prazer em conhecê-la, senhorita Sullivan," disse do balcão.

"Sr. Winston."

A minha carranca se aprofundou porque sua voz era... Bem, verdade

seja dita, era estranha. Direta, rouca, como se não estivesse acostumada a

falar e não gostasse de fazê-lo. Ela era do Norte. Diria que seria de Boston.

Mas o seu sotaque era leve, quase impercetível.

Permaneci verificando a ordem de serviço na minha frente. "Fale-me

sobre você senhorita Sullivan.”

Não precisava olhar para saber que Jethro estava sorrindo. Ele estava

acostumado ao meu modus operandi, muitas vezes achava divertido. Não


ficaria surpreso se ele tivesse preparado a Srta. Sullivan para o processo,

porque ela não pareceu se ofender com minha falta de contato visual.

"Fui soldadora por catorze anos e conserto carros pelo mesmo período

de tempo. Tudo o que sei é autodidata, baseado em tentativa e erro, ou

pesquisa. E sou muito boa nisso."

Levantei as sobrancelhas esperando que continuasse. Ela não

continuou.

"Mais alguma coisa?" Perguntei.

"Nada de relevante," respondeu.

Apesar da minha tendência de manter uma expressão exterior neutra,

sorri. Gostei do seu uso da palavra relevante. Significava que considerava a

relevância antes de oferecer informações. Você não pode ensinar as pessoas

a fazerem isso.

Jethro falou, "Você se lembra de Quinn Sullivan? O marido da amiga de

Ashley, Janie? O ruivo?"

"Quinn não é ruivo. Se bem me lembro, tem uma cabeça marrom.”

"Não, idiota," gritou Jethro. "Janie é a ruiva bonita, não Quinn. Shelly

aqui é sua irmã.”

"Ah." Assenti, meus olhos ainda estavam afastados dela. Não me

importava o nepotismo, desde que fosse profundamente arraigado na

meritocracia. Quinn era um tipo prático, curto em palavras, grande em ações.

Gostava dele. Se ele morasse nas proximidades, poderia ter ido à sua festa

de aniversário.
Agora era a hora de apertar a mão, então estendi a minha e ela deslizou

a palma da dela. Sua mão era grande para uma mulher, os dedos longos e

ásperos com calosidades. O seu aperto era firme, sucinto e seguro de si

mesmo. Mas notei apenas esses detalhes perifericamente porque um choque

enigmático de algo subiu pelo meu braço quando a nossa pele fez contato.

Quebrei as minhas sagradas regras científicas porque estava assustado.

Olhei para cima.

Olhei para a Srta. Shelly Sullivan.

E, pelo oscilador de vapor de Tesla! A mulher era linda.

***

"PORQUE É QUE SEU ROSTO está assim?" Jethro acenou com o dedo

indicador na frente dos meus olhos.

Não gostei. Peguei o dedo e torci.

"Como o quê?"

"Como se estivesse constipado e com raiva. Sei que você não está

constipado. Você bebe esse café grosso todas as manhãs com vinagre de

maçã e xarope de bordo."

"Não é xarope de bordo."

"Mel, então." Ele deu de ombros.

"É melaço ‘Blackstrap’. Não há semelhança entre o mel e o melaço

‘Blackstrap’ com exceção da sua viscosidade."


"Não importa." Ele encolheu os ombros novamente. "Por que você está

fazendo essa cara?"

"Porque estou irritado, obviamente," resmunguei. Eu não gritava em

público se pudesse evitar, apenas na frente da minha família porque

confiava em minha família... Na maioria das vezes.

"Por que você está irritado?" Jethro continuou a cutucar e ouvi o sorriso

nas palavras dele. "Você não gosta da Srta. Sullivan?"

Contra minha vontade, meus olhos se moveram para onde a mulher

alta e o meu irmão mais novo, Duane, estavam dobrados sobre o capô de

um Ford Focus. Eu a estudei. Sua expressão era pensativa enquanto o ouvia,

seu comportamento confiante e não afetado. Ela era toda negócios.

Sim. Ainda perfeita.

"Claro que gosto da Srta. Sullivan."

"Quanto você gosta dela?"

"Muito." Fiz uma careta. Também não fazia caretas em público.

Estava resmungando e fazendo caretas desde que ela chegou. Agora

não era um momento conveniente para conhecer a minha parceira de vida.

Tinha muito a fazer, muitos ferros no fogo. Alguns exemplos:

1. Tenho uma revanche de shuffle board6 com o juiz Payton no sábado.

2. Tenho um show de talentos em Nashville, em outubro, e ainda não

ensaiei.

3. Tenho o casamento de Jethro e Sienna em novembro.

6
4. Tenho uma viagem ao Texas chegando por volta do Dia de Ação de

Graças; as minhas reservas de salsicha de javali estavam ficando

precariamente baixas.

5. Tenho uma organização criminosa para desmantelar e aniquilar no

Natal com a ajuda dos irmãos King... Eles simplesmente não sabiam que

estavam ajudando.

6. Tenho que fazer molho de espaguete no domingo.

Jethro riu e colocou uma mão irritante no meu ombro. "Bem, serei..."

"Você será um babuíno com disenteria."

Ele riu com mais força. "Nunca pensei em ver o dia. Você está

apaixonado."

"Sim," admiti facilmente, porque era a verdade. Estava tão apaixonado

quanto era capaz de estar. Não há como negar isso. Se considerássemos os

fatos, Shelly Sullivan e eu éramos perfeitamente adequados. Era uma

questão de ciência.

Ela era uma mecânica de automóveis. Era direta. Era inteligente. Era

capaz. Não parecia ter nenhum sentimento que eu pudesse magoar. Ela

estava claramente escolhendo com quem se associava.

Além disso, como bônus, quando olhei prematuramente para ela antes

da minha primeira impressão e vi os seus olhos, as próximas palavras,

faladas tão prosaicamente, por sua boca foram, "Isso é estranho. Como

podem todos os Winstons ser tão bonitos?"

Vê? Sempre direta.


Gostei da aparência dela e ela gostou da minha. Era apenas uma

questão de tempo. Seríamos perfeitamente pragmáticos juntos.

"Se você está apaixonado, por que você está irritado?"

"Porque nunca estou errado. E isso significa que Shelly Sullivan é a

única. E agora não é um bom momento para conhecer a única."

O sorriso de Jethro diminuiu e ele quase revirou os olhos. Quase. Mas

ele se deteve, provavelmente porque sabia que não tolerava o rolamento dos

olhos.

"Oh irmão. Você não pode ter um interesse saudável em uma mulher

sem que ela seja a única?"

"Não."

"Isso é chato, Cletus. Você esteve com outras mulheres e nenhuma delas

era a única."

Olhei para ele, não queria explicar o óbvio. Claramente, meu irmão não

entendia o conceito de pesquisa: o valor da coleta de dados, a necessidade

de testar teorias e a importância da análise pós-coital. Nem tudo poderia ser

descoberto em um ambiente de laboratório. Saber algo na teoria não tem

sentido se você não tem experiência com a aplicação da vida real.

"Talvez ela não seja a única," sugeriu, provavelmente ficando cansado

do meu olhar silencioso. "Talvez você seja atraído apenas por uma mulher

excepcionalmente bonita. Você já pensou sobre isso?"

"Não. Ela é a única."

"Mamãe sempre costumava dizer que você tem um problema de

obsessão. Você coloca uma ideia na sua cabeça e não pode deixar isso em
paz. Um desses dias, formar a sua opinião rápido demais vai causar a você

um monte de problemas."

Dei-lhe um grunhido não comprometido em resposta. Nossa mãe

frequentemente dizia que eu era um "obcecado." Ela estava certa. Eu era um

obcecado. Fixava-me em algo. Me concentrava. Era uma boa característica

de personalidade na medida em que nunca tive dificuldade em atingir um

objetivo, desde que pensasse nisso. Mas era um traço de personalidade ruim

já que às vezes não conseguia parar de me concentrar em algo, mesmo

quando queria.

"Por que tudo tem que ser preto e branco?" Jethro continuou

pressionando. "Por que cada pessoa tem que ser zero ou dez em sua escala

de avaliação? Talvez ela seja sete ou quatro."

Dei de ombros. "Eu não tenho tempo para quatro e setes, tenho muito

que fazer. Se alguém não é um dez, eles são um zero."

Ele suspirou alto, como uma câmara de ar esvaziando. Não era um som

saudável. "Bem, tanto faz. Você faz o que quer. Você sempre faz de qualquer

jeito."

"Eu faço. Agora, o que você quer?"

Ele ergueu uma sobrancelha. "O que você quer dizer?"

"Sei que você não está vagando por aqui pela sua saúde. Você quer me

pedir um favor."

A sobrancelha baixou e agora ele estava piscando, o que significava que

eu estava certo.

"Como você sabe essas coisas?"


"Eu sei tudo. Então pergunte. Estou ocupado."

"Já está planejando o casamento?" Jethro provocou.

Estreitei meus olhos para ele, não gostando de suas provocações. "Algo

parecido."

Ele tomou a dica e mudou o assunto. "Bem. Então, Sienna..."

"Você quer dizer, a sua noiva."

"Sim. Sienna..."

"Você deveria chamá-la de sua noiva."

"O que? Por quê?"

"Porque isso é quem ela é para você. Sou seu irmão, você diz: 'Meu

irmão.' Sienna é sua noiva e ganhou esse título em sua vida. Ela aguenta o

seu rosto feio e maus modos, o mínimo que pode fazer é nomeá-la

corretamente."

Jethro assobiou baixo antes de dizer: "Acho que você está realmente

irritado."

"Apenas ganhando o meu título como seu irmão. Agora, de volta à sua

noiva."

"Irritadiço. Então, minha noiva e eu, estamos mudando para o

partamento da garagem quando ela chegar a casa na próxima semana.”

"Ela não gosta de viver conosco?" Fiquei desapontado. Gosto de Sienna.

Ela me faz rir e muitas vezes me surpreende com as suas baboseiras e

tolices. Poucas pessoas me surpreendem. "É a agenda do banheiro? Ela não

gosta da ideia disso?"


"Não. Ela está bem com isso. Na verdade, ela queria adicionar o seu

nome ao cronograma."

Sorri. "Isso é engraçado."

Jethro franziu o cenho. "Não. Não é engraçado. E não repita também.

Não gosto de viver com Sie..." Ele parou, resmungando quando levantei

minhas sobrancelhas para ele e começou de novo. "Não gosto de viver com

minha noiva e meus cinco irmãos, cada um dos quais mais do que ganhou

esse título na minha vida. Então nos mudamos para o apartamento da

garagem."

“Você não está vivendo com cinco irmãos”. Roscoe se foi, para a escola

de cavalos.

"Você quer dizer escola de veterinária."

Assenti uma vez. "Foi o que eu disse, não é? E Duane e Jessica partirão

antes do Dia de Ação de Graças para a Itália. Quem sabe quando voltarão?

Então, serão apenas três dos seus irmãos."

Ele ignorou esse detalhe. "De volta ao apartamento da garagem, posso

fazer as coisas maiores, terminar as molduras e tal. Mas preciso da sua ajuda

com os detalhes, colocar o reboco, fazer a instalação elétrica. Não pediria se

tivesse mais tempo."

Concordei com a sua explicação. "Por que não se mudam para a casa de

Claire? Ela não a ofereceu antes de sair da cidade?"

Claire McClure era uma pessoa de alta qualidade, acima da média,

definitivamente uma nota dez. Demorou algum tempo a convencê-la, mas a

consegui enganar para se apresentar em um show de talentos em Nashville


comigo, no próximo mês. Ela cantaria e eu tocaria o banjo. Não queria

ganhar o show de talentos, mas queria comprar um carro de um dos juízes.

Era um gêmeo perfeito de um carro que já possuía e que queria. O carro

não se mesclava, todos sabiam que era meu e, portanto, possuir dois me

daria à capacidade de estar em dois lugares ao mesmo tempo.

Infelizmente, o juiz ainda não sabia que queria vender.

Claire também era uma boa amiga de Jethro, mas recentemente se

mudou para Nashville para aceitar uma posição de professora, mas isso era

apenas parte do motivo. A verdadeira razão pela qual ela deixou a cidade foi

evitar o meu irmão Billy. Essa história é muito longa para contar e muito

deprimente.

"Sim, Claire ofereceu a sua casa. Mas não gosto da ideia de abandonar a

propriedade completamente. Afinal, é a minha casa. Mamãe deixou para

mim. E quero que os nossos filhos vivam lá desde o nascimento."

"Você está planejando ter algumas crianças na próxima semana?"

Os olhos de Jethro se afastaram e ele se encolheu, um sorriso satisfeito e

culpado se formando em seu rosto.

E eu soube.

"Espere um minuto..."

Jethro apertou um dedo em seus lábios. "Shhh..."

"Sienna está grávida!"

"Xiu!" Jethro apertou a sua mão desagradável sobre minha boca,

combinando a ação com um olhar severo. "Cale a boca."


"Erfrenmafma," disse. Não fazia sentido, é claro. A sua mão cobrindo

minha boca significava que poderia falar.

Ele entrecerrou os olhos em uma advertência silenciosa e tirou a mão.

"O que foi isso?"

"Já é hora de você ter engravidado aquela mulher."

"Cletus. Só nos comprometemos faz dois meses."

"Eu sei. Tenho contado. Bem...”. Esfreguei minhas mãos juntas; esta é

uma ótima notícia. Esta é a melhor notícia. "Quando começamos na casa?

Esta noite? Vamos adicionar um berçário. Amarelo é uma cor agradável.

Talvez isso faça Drew e Ashley se mudarem. Eu vou ser o padrinho, é claro.

Cletus é um bom nome."

Agora ele rolou os olhos, mas também sorriu. Deixei passar o rolar de

olhos porque ele acabou de criar uma prole Winston. "Se você está tão

preocupado com bebês, por que você não vai fazer o seu próprio?"

Meu bom humor diminuiu. Não foi uma completa aniquilação da

minha felicidade, apenas uma ligeira redução.

"Oh, nunca vou ter filhos," respondi; mas antes que ele pudesse pensar

muito ou perder tempo sobre o que eu disse, acrescentei com um sorriso

significativo, "Mas isso não significa que não posso estragar os seus."
CAPÍTULO 3

"Se ele fosse o Sr. Hyde," pensou: "Eu seria o Sr. Seek".

- Robert Louis Stevenson, The Strange Case do Dr. Jekyll e do Sr. Hyde

~ Jennifer ~

"TENHO ALGUMAS ótimas notícias."

O anúncio da minha mãe me assustou. Ela tinha esse hábito de aparecer

de repente e fazer uma declaração em alta voz. Eu não era uma pessoa de

falar alto, e a sua gritaria geralmente me pegava desprevenida.

"O que é, amendoim?" Meu pai olhou para o jornal, um sorriso tolerante

em sua face. Ele ficou muito indulgente com minha mãe desde que a loja

começou a gerar um lucro considerável.

Minha avó disse que era um facilitador, e era uma coisa boa que minha

mãe não fosse uma alcoólatra porque ele estaria lhe dando a bebida.

"Acabei de falar com Jacqueline Freeman." Minha mãe olhou para o

meu pai e para mim.

Estávamos sentados na mesa da cozinha. Era uma madrugada de

domingo e simplesmente me sentei depois de passar as últimas quatro horas

fazendo guloseimas para a padaria. O domingo era um dia agitado por

causa da multidão da igreja.

Quando continuamos a encará-la, ela bufou, balançando a cabeça para

nós.

"Jacqueline Freeman? Você sabe, a agente de talentos? De Nova York?"


"Oh." Meu pai saltou em seu assento. "Certo, lembro-me de você falar

sobre ela no último mês. Que legal. Isso é certo que vai trazer muita receita

para o negócio. Já era hora de atualizar o barco.”

Franzi o cenho, não percebendo a conversa. "Por que você falaria com

um agente de talentos?"

"Jennifer, não faça essa cara. Isso lhe dará rugas prematuras."

Revirei os olhos. Isso me fez ganhar um olhar severo de ambos os meus

pais.

"Jennifer Anne Sylvester," minha mãe começou franzindo o cenho, "você

sabe que não gosto quando você é desrespeitosa."

"Ouça a sua mãe, Jennifer," meu pai acrescentou desnecessariamente.

"Desculpe," ofereci com cansaço, uma onda instintiva de culpa floresceu

no meu peito. Balancei minha cabeça. "Desculpe, estou cansada."

Estava cansada. Eu não dormia bem desde a gravação do incidente na

delegacia de polícia no início da semana. Não sabia o que fazer, e não tinha

ninguém para conversar sobre isso.

Minha mãe não tinha percebido que eu já tinha ido à estação e gravado

o depoimento, então não tinha pedido o vídeo. Todas as acusações contra

Razor foram retiradas. Aparentemente, ele havia sido preso por uma

acusação de posse de drogas, nada muito sério, mas o suficiente para

colocá-lo na prisão por alguns meses.

Sem a prova, eles não conseguiram colocá-lo sob custódia.

A decisão de entregar Cletus deveria ter sido rápida e sem hesitação.

Ele pegou a prova, gravei isso, então deveria ter contatado ao xerife e
mostrado o vídeo imediatamente. Mas não fiz. Toda vez que pensava em

fazer a ligação, pensava em uma desculpa, muito cansada, muito ocupada,

muito confortável sob os meus cobertores.

Não queria pensar sobre a verdadeira razão pela qual não o entreguei,

porque o verdadeiro motivo me fazia uma pessoa terrível.

Então fiquei preocupada e protelei.

"Está tudo bem. Agora, vamos ver. Acho que me esqueci de te contar."

Minha mãe acenou as mãos excitadas no ar. "Bem, aqui está: Jacqueline

Freeman é uma agente de talentos na cidade de Nova York - como acabei de

dizer - e ela recebeu um pedido da empresa Chiquita Banana sobre você. Ela

tem um relacionamento com os alimentos Kraft e.… bem, não importa. Isso

não é importante."

Eu estava tentando seguir, mas tendo dificuldade em entender a sua

explicação desarticulada. "Então, alguma senhora em Nova York..."

"Jacqueline Freeman, agente de talentos extraordinários."

"A Senhora Freeman recebeu um telefonema da Chiquita Banana sobre

mim?"

"Está certo."

"Por que eles lhe ligariam?"

"Porque é assim que funcionam as coisas."

"Que coisas? Por que eles ligaram?"

"Não é óbvio? Eles querem que você seja o seu porta-voz. Eles querem

você em seus comerciais, você e os seus bolos." Ela bateu as mãos juntas e

dirigiu a sua próxima declaração para meu pai. "Oh, isso vai tornar as coisas
muito mais fáceis com os investidores da loja. Uma vez que eles descobrirem

sobre isso, o acordo está praticamente fechado. Senhor, isso tira um peso de

cima de mim."

Enquanto isso, meu estômago se agitou. Senti como se estivesse doente.

"Comerciais?" Perguntei fracamente.

"Isso mesmo. Comerciais de TV para começar, e Jacqueline mencionou

um show de culinária no futuro. Mas você começaria com algumas

aparições como convidada na Food Network primeiro. Jennifer, não acho

que preciso dizer o quão importante isso é, querida. É isso o que estávamos

esperando."

Meu coração acelerou lentamente entre meus ouvidos antes ir a um

galope. O quarto se inclinou. Explodi em suor. A minha garganta e boca

estavam tão secas como um deserto.

TV? Programa de culinária?

"Jenn?" Minha mãe disse, ela parecia longe. "Querida, você está bem?"

Eu não quero isso. Eu não quero isso.

"Eu não... posso..." Tentei engolir, mas não pude. A sala estava girando.

"Posso beber um pouco de água?"

"Querida, você não parece muito bem."

A escuridão apareceu nas bordas da minha visão e aplainei minhas

mãos no topo da mesa para o equilíbrio. Era tarde demais.

A última coisa que vi antes de sucumbir à escuridão era o rosto de

minha mãe pairando sobre mim, frenético de preocupação.


***

ACORDEI em uma ambulância.

Na sala de emergência em Knoxville, me fizeram fazer toneladas de

testes. Os médicos finalmente decidiram que eu sofria de desidratação e

exaustão. Foram administrados líquidos e fui enviada para casa com ordens

rígidas para descansar. Quando saí do hospital, me sentia mais como uma

almofada de alfinetes do que uma pessoa, e decidi o que fazer com Cletus

Winston.

Quando o meu irmão saiu de casa para se juntar ao exército há anos

atrás, me mudei para o seu antigo quarto, embora fosse menor do que o

meu. Minha mãe não entendeu por que queria o quarto menor no primeiro

andar, que tinha uma janela com vista para a varanda, quando poderia ter o

quarto maior no segundo andar com uma janela com vista para as

montanhas.

Ela não entendeu que eu precisava de uma escotilha de fuga. Não tinha

o hábito de me esgueirar. Apenas fiz isso duas vezes antes e me assegurei de

não ser pega. Mas, só saber que poderia sair, se quisesse, fazia com que a

realidade de cada dia fosse menos esmagadora.

Gostava que pudesse, a qualquer momento, arrumar uma bolsa e

desaparecer. Gostava de saber que poderia desaparecer, deixando todas as

árduas expectativas para trás. Nunca faria isso, nunca poderia viver comigo

mesmo se machucasse os meus pais dessa maneira - especialmente a minha

mãe -, mas gostava de saber que poderia.


A primeira vez que escapei foi quando tinha dezesete anos. Um amigo

por correspondência estava em Knoxville e meu pai se recusou a me deixar

vê-lo. Determinada, subi pela janela, coloquei um chapéu de baseball e

conheci Oliver Müller e os seus pais na Daisy's Nut onde tomamos um café

descafeinado e a torta do dia. Oliver e sua família foram muito bons. Ele era

apenas um ano mais velho do que eu, foi para a Universidade de Berlim e se

graduou em engenharia elétrica.

A segunda vez tinha vinte anos. Um artista que gostava ia fazer um

show em Knoxville e minha mãe não queria que eu fosse. Ela disse que

estava muito perto da competição de assados na feira estadual.

Determinada, usei a janela novamente, peguei emprestado o carro da minha

mãe, fui ao show por conta própria e me diverti MUITO. Não tive medo.

Queria ver esse concerto e então fui.

Esta noite estava usando minha escotilha de fuga para dirigir para a

casa dos Winston e enfrentar Cletus Winston.

Estava apavorada.

Mas estava determinada.

Assim que a noite caiu, escorreguei nos meus jeans contrabandeados,

tênis e boné de baseball, enchi a minha cama com travesseiros e saí pela

janela do primeiro andar. O meu carro estava no final da rua e, graças ao

Senhor, era o novo modelo BMW elétrico. Era silencioso como um sussurro.

Tive o cuidado de não ligar as luzes até entrar na estrada principal. O

lugar de Winston não era longe, a poucos quilômetros de Moth Run Road, e

era um lote grande com muitos acres. Ninguém veria o meu carro da via
principal, mas apenas para estar segura, estacionei do lado da casa onde

uma grande Pé de Pera estava carregada de frutas.

Não fiquei ali paralisada, porque se fizesse uma pausa para pensar

sobre minhas ações, mudaria de ideia. As minhas ações eram tão inteligentes

como cutucar um urso com uma vara.

Mas estava desesperada.

Se alguém pudesse me ajudar, era Cletus Winston - mesmo que tivesse

que o chantagear para que o fizesse.

Fechei a porta do carro tão silenciosamente quanto possível

caminhando rapidamente até varanda da frente, subindo os degraus de dois

em dois e corri para a porta. Bati. Alto. Várias vezes. E então esperei.

Meu coração estava alojado na minha garganta, então tentei engolir

várias vezes. Não podia mostrar fraqueza. Precisava ser dura.

Eu posso ser dura. Assenti com a cabeça, saltitando de um pé para o outro.

Posso ser muito dura. Você não pode ser uma fraca e fazer cinquenta fornadas de

pães em um dia. Isso é muito amassado. Sou dura como pregos. Sou basicamente o

Rocky Balboa dos padeiros. Sou imparável! Ninguém vai...

A porta se abriu. Saltei para trás meio passo. A minha voz me falhou.

Era Cletus. Ele ficou na entrada, um meio avental em volta de seus

quadris e uma colher de madeira na mão. Ele parecia perturbado.

Seus olhos fizeram uma varredura rápida da minha pessoa e ele disse:

"Não conheço você."

Pisquei para ele, surpresa com a sua declaração evidentemente falsa.

Nunca falamos um com o outro, mas certamente nos conhecemos. O fato de


ele estar olhando para mim e não me reconhecer fez maravilhas para

conquistar o meu medo.

Colocando as minhas mãos nos meus quadris, coloquei o meu queixo

fora. "Você certamente me conhece. Sua mãe costumava ler histórias para

mim às terças-feiras na biblioteca e fui à escola dominical com seu irmão

mais novo."

As sobrancelhas de Cletus marcaram minha afirmação, mas nenhum

outro sinal de surpresa era visível em seu rosto. "A Rainha do Bolo de

Banana," ele disse sem rodeios. "O que você quer?"

Novamente, sua saudação não poderia ter sido mais eficaz em me

irritar. Por um momento, esqueci quem ele era. Esqueci-me de ter medo.

Esqueci que eu era ruim em conversar com pessoas - especialmente homens.

Por um momento, meu desespero e minha irritação superaram tudo o

que sabia sobre mim.

Então exigi: "Preciso falar com você."

Ele franziu o cenho. "Não posso. Ocupado. Tchau."

Cletus se moveu para fechar a porta. Coloquei o meu pé no caminho e

apoiei a minha palma contra a madeira maciça. "Arranje tempo. O que tenho

a dizer é importante."

Suas sobrancelhas levantaram novamente, mais alto desta vez. "Duvido

seriamente disso."

"Você quer ir para a prisão?" Desafiei.

"Pelo quê? Não falar com você? Agora sei que você pensa muito de si

mesma, mas sabe que não é uma rainha real, certo?"


Inclinei-me para perto, sussurrando com os dentes cerrados: "Se você

não falar comigo, vou chamar o xerife e mostrar-lhe um vídeo muito

interessante da semana passada."

Cletus piscou e seus olhos se moveram para os meus, sondando.

Apertei o meu maxilar e encontrei o seu olhar, embora a minha

determinação tenha enfraquecido um pouco porque ele cheirava a comida

italiana. Ele cheirava a lasanha e eu adorava lasanha, e não tinha permissão

para comer lasanha. A minha mãe nunca me deixa comer isso. Ela disse que

estava engordando muito.

Meu estômago resmungou. Ele não pareceu ouvir isso.

"Tudo bem," disse de repente, virando e deixando cair a colher em

algum lugar que não vi. Claramente irritado, deu um passo à frente e entrou

no meu espaço, me obrigando a recuar enquanto fechava a porta atrás dele.

"Vamos."

Cletus passou por mim, sem esperar para ver se eu seguia, e desceu os

degraus da varanda. Observei-o caminhando até o carro e abrir a porta do

lado do motorista.

Sem olhar para cima, chamou, "Se apresse, sua majestade. Não tenho a

noite toda."

Hesitei apenas uma fração de segundo, depois o segui para seu carro,

abri a porta do passageiro e escorreguei para dentro.

Cletus geralmente conduzia um Geo Prizmo do início da década de

1990, pintado de cinza. Às vezes ele dirigia um Buick vintage, mas muito

raramente.
Ele estava me esperando no Geo, os braços cruzados, os olhos olhando

para o para-brisa. O carro pequeno o fazia parecer enorme e imponente. Ele

ligou a luz do teto e as luzes de leitura da frente. Fechei a minha porta, como

ele tinha feito com a dele. Seguiu-se um breve silêncio, durante o qual a

realidade da minha situação atual caiu sobre mim.

Eu estava sozinha. Eu estava sozinha com Cletus Winston. Estava

sozinha com Cletus Winston e ninguém sabia onde eu estava.

Oh. Merda.

"Bem?" Ele resmungou, rompendo o silêncio e me fazendo saltar. "Por

que estou sentado aqui com você quando devia estar lá dentro com o meu

molho de tomate?"

"Vi o que você fez," anunciei.

"Você viu o que eu fiz," repetiu, aparentemente aborrecido com a

conversa e comigo. Seus olhos estavam no espelho retrovisor.

Mas eu não seria ignorada ou intimidada. Não dessa vez.

"Está certo."

"Você vai ter que ser mais específica. Faço muitas coisas."

Reunindo cada grama de coragem dentro de mim, disse: "Eu vi o que

você fez, na semana passada, com as provas contra os Iron Wraiths. Você as

pegou. E agora eles não conseguem as encontrar, e agora eles estão retirando

o caso contra Razor."

Finalmente, finalmente Cletus olhou para mim. Para meu espanto, os

olhos que assumi que eram verdes eram em vez disso de um azul ardente e

ele estalou: "Você não viu isso."


"Eu vi." Assenti com a cabeça a minha afirmação. "Na verdade, tenho

um vídeo de você fazendo isso."

Ele piscou. Sua expressão e sua voz, geralmente tão controlada, ambos

racharam de surpresa. "Você fez o quê?"

"Gravei no meu telefone." Engoli três vezes sem motivo.

O seu olhar se afiou de tal maneira que me assustou, como se nuvens

ou uma névoa ilusória se separassem e revelassem um leve vislumbre do

verdadeiro Cletus Winston por baixo. Estes novos olhos cintilaram sobre

minha pessoa.

"Prove isso." A sua demanda foi rápida e afiada, como um chicote, e fez

o meu coração pular, galopando no meu peito.

Puxei o meu telefone do bolso com os dedos trêmulos. Sabia por que

estava tremendo. Não estava acostumada ao confronto. Sempre achei que

era uma pacifista natural, preferindo a paz à grosseria. Mas tempos

desesperados pediam medidas desesperadas.

Ele arrancou o celular das minhas mãos uma vez que o desbloqueei e

toquei na série de telas até chegar aos meus vídeos. Ele encontrou o datado

da semana passada, o que fiz do xerife James falando sobre os meus

cupcakes e carreguei no play. Enquanto Cletus observava, vi a cor drenando

de suas bochechas. Ele estava vendo o que vi na semana passada quando

revisei a gravação. Uma metade da tela era o xerife. A outra metade da tela

era Cletus em segundo plano, embolsando a evidência, olhando à sua volta e

depois se afastando.
Cletus fez um barulho estrangulado que parecia frustrado e enfurecido.

Olhei para a porta do meu lado, considerando e imediatamente descartando

uma fuga. Enquanto isso, ele assistiu a gravação de novo. Quando terminou

pela segunda vez, o silêncio tomou o seu lugar, duro e pesado entre nós. Eu

o inspecionei, tentando analisar os seus pensamentos.

A expressão de Cletus estava em branco, o que - percebi abruptamente -

era muito incomum. Ele sempre usava uma expressão. Pensativo,

preocupado, paciente, entediado, interessado, sombrio, perturbado. Quão

estranho, uma pessoa ter sempre uma expressão.

A menos que essa pessoa usasse emoções como uma máscara,

significava desviar a verdadeira natureza de seus pensamentos.

"Você fez uma cópia?" O seu tom, carregado de gelo e granito, me fez

tremer.

Ele não parecia nada como o desastrado, mas afável, Cletus Winston,

que tinha colocado lã nos olhos de todos. Parecia perigoso.

Limpei a minha garganta antes que pudesse falar. "Eu fiz. Fiz algumas.

Guardei-as em vários lugares."

Um lado de sua boca se elevou, mas os seus olhos careciam de humor

ao olharem para mim. "Isso foi inteligente. Caso contrário, teria esmagado o

seu telefone em uma quantidade de pequenos pedaços. Então seria a sua

palavra contra a minha."

"Isso mesmo," disse as palavras em uma respiração, o bom senso de

medo lutando com determinação.


Mas, maldição, precisava de sua ajuda. E tinha que ser ele. Tinha que

ser. Ele poderia fazer qualquer coisa acontecer. Todos na cidade e nas áreas

circundantes lhe deviam um favor. Eu tinha ouvido os rumores. Prestei

atenção. Coloquei as peças do quebra-cabeça juntas.

E agora eu tinha o homem mais poderoso no leste do Tennesse

exatamente onde precisava dele.


CAPÍTULO 4
"Os maiores segredos estão sempre escondidos nos lugares mais improváveis.

Aqueles que não acreditam na magia nunca a encontrarão."

- Roald Dahl

~ Cletus ~

EU PRECISAVA DE um minuto.

Durante o minuto, fiz listas diversas e variadas. Listas sobre listas.

Jennifer Sylvester parecia entender que eu ainda não estava inclinado a

falar, então me deu o minuto que eu precisava. Apreciei o silêncio dela.

Eventualmente, o meu pulso diminuiu para um batimento normal, e as

manchas vermelhas de raiva que nublaram a minha visão recuaram. Eu não

iria perder a paciência.

"Bem..." Limpei a garganta, adotando um ar tão calmo quanto possível,

dado que esse fantoche débil ameaçava descarrilar meses de esforços

exigentes - para não mencionar arriscados.

"Bem," ela guinchou, também limpando a garganta, mas depois não

disse nada mais. Os seus olhos estavam nas suas longas e rosadas unhas,

que estavam cavando nos joelhos dos jeans.

Eu a estudei. Ela estava claramente nervosa, com medo mesmo. A sua

bravata anterior parecia estar se desintegrando. A demonstração de

confiança estava completamente fora de caráter da jovem e dócil Jennifer

Sylvester.
De certo, não a conhecia muito bem. Não precisava. Ela era uma pessoa

fraca. Como a maioria dos que estavam familiarizados com os seus pais,

sentia certo desconforto por ela, mas desfrutava do seu bolo de banana. Ela

também fazia pão tipo italiano, bolinhos de abobrinha e quiche.

Na verdade, tudo o que ela assava - que eu tentava encontrar - era

profundamente delicioso. Ela tinha um dom. As suas múltiplas fitas azuis e

grandes troféus ganhos na feira estadual eram merecidos. Mas ela também

era um obstáculo. Ela estava sob o polegar de sua mãe ambiciosa e pai

zelosamente irracional. A sua educação, mais o seu temperamento frágil,

significava que ela era uma ferramenta, um meio para um fim.

E isso era triste.

Também não era da minha conta.

Como ela vivia a sua vida - ou permitia que outros a vivessem por ela -

não era da minha conta. Pendurei a minha capa de herói; parei de resgatar

as causas perdidas. As pessoas não queriam ser salvas. Todos os meus

esforços de intromissão estavam agora concentrados em minha família e em

sua felicidade, quer eles gostem ou não.

O que me trouxe de volta para o agora e a excitante Jennifer Sylvester.

Seu mal-estar era uma boa notícia para mim.

Preparei-me para libertar o meu assentimento sombrio. "Você sabe,

Jenn, não acho que você quer fazer isso."

Os seus dedos flexionaram em suas pernas, ela ergueu o queixo, então

falou com os dentes cerrados. "Não me diga o que eu quero."

Tudo bem. Abordagem errada.


Tentei outra coisa, abaixando minha voz e me fazendo parecer sinistro.

"Se você me der a sua palavra, que você apagará o vídeo, podemos esquecer

tudo sobre isso."

Duas linhas infelizes apareceram entre as suas sobrancelhas. "É muito

tarde para isso." Tenho a sensação de que ela não estava falando comigo. "E,

além disso, não confio em você para perdoar e esquecer. Você vai se vingar

mais cedo ou mais tarde, é o que você faz. Não... vou seguir com isso."

Olhei para ela, provavelmente boquiaberto. Fiquei chateado.

Você vai se vingar mais cedo ou mais tarde, é o que você faz.

Como ela poderia saber disso?

Endireite-me no meu assento e olhei para o para-brisa, muito do que eu

sabia sobre a ordem do universo se reorganizando. Talvez Jennifer Sylvester

não fosse tão fraca afinal. Talvez Jennifer Sylvester fosse feroz.

Isso não fazia sentido. Ninguém é tão bom em se fingir de gambá7. Bem...

Ninguém além de mim.

Muitas vezes no passado pensei que ela se parecia com um cachorrinho

negligenciado, ansioso para agradar. Isso tornou difícil de ver a maneira

como seus pais a tratavam. Eu tinha parado de fazer.

Os meus olhos deslizaram para o lado e a examinei de novo. O maxilar

de Jennifer estava cerrado com determinação, o pequeno ponto de seu

queixo afiado pelo conjunto de sua determinação. Seu rosto era geralmente

triste ou tímido.

7
Se fingir de morto.
Um toque de culpa acendeu, como uma ferida velha. Rapidamente a

apaguei, de repente ansioso para terminar essa conversa peculiar e retornar

a um mundo que fazia sentido.

"Tudo bem, o que você quer?" Perguntei claramente, deixando toda a

pretensão de lado. "Por que estou aqui fora? Por que você gravou o vídeo e o

que você vai fazer com isso?"

Ela soltou uma respiração instável e depois olhou para mim. Seus olhos

estavam na sombra devido à borda do chapéu. Vagamente, me lembrei de

Beau uma vez dizendo que a íris era roxa. Descartei essa afirmação porque,

a menos que Jennifer fosse uma albina - o que ela não era - os seus globos

oculares não podiam ser roxos.

Independentemente disso, nunca tinha notado antes, mas a forma de

seus olhos era surpreendentemente atraente. Agora, forçado a reavaliar meu

conhecimento dessa mulher, me encontrei tentando descobrir a cor de sua

íris enquanto falava.

"Não registrei isso de propósito. Estava lá para gravar o xerife para

um... bem, isso não importa. Mas não registrei você de propósito. Quando

revisei o vídeo mais tarde, depois de ouvir sobre o que aconteceu na estação,

foi quando percebi que você estava no vídeo."

"Certo, tudo bem. Acredito em você. Você não me registrou de

propósito. O quê agora?"

"Preciso de sua ajuda," disse, sua voz mais suave, tímida; seus olhos

grandes e esperançosos.
Esta era a Jennifer Sylvester que conhecia, não aquela com gelo e

granito.

"Hmm..." Pisquei, não gostava da possibilidade desta mulher poder ter

duas faces. Em regra, não acredito em profundidades ocultas, onde elas eram

definidas como qualidades admiráveis, mas anteriormente despercebidas.

Notei tudo.

Profundidades fabricadas? Sim.

Profundidades disfarçadas? Possivelmente.

Mas não profundidades ocultas.

Jennifer engoliu em seco com meu exame. Peguei o ligeiro tremor de

suas mãos antes dela as fechar em punhos.

"O que você quer?" Perguntei, não contornando o assunto.

Ela juntou uma grande quantidade de ar em seus pulmões, fechou os

olhos e depois gritou: "Eu quero um marido".

Fiz uma careta.

Ela abriu um olho.

Pisquei.

Ela abriu o outro olho.

Separei meus lábios para solicitar esclarecimentos, mas pensei melhor e

fechei a boca.

"Hmm..." Acenei, sombrio.

Mais uma vez, ela me pegou de surpresa. Jennifer Sylvester não era

feroz. Ela estava mais louca do que uma torta de noz pecã.
"Certo." Continuei acenando com a cabeça, voltando a minha atenção

para a escuridão além do meu para-brisa, depois repeti: "Certo."

"Você acha que sou louca," disse com pressa, suas mãos agarrando o

meu braço e segurando como se eu fosse um salva-vidas.

"Sim. Penso."

Um som de desespero escapou de sua garganta, então ela disse: "Eu

quero um bebê."

Bom senhor!

Fechei os olhos, esfregando o rosto e balançando a cabeça. "Isso é uma

piada, certo? Jethro preparou isso? Ele está procurando vingança porque o

fiz contar a história das gêmeas Tanner no Natal."

"Não. Isso não é uma piada. Sei que soa louco, sei que sim. Quero dizer,

tenho vinte e dois e moro em casa com os meus pais. Olhe para mim. Sou

uma piada. Sou a Rainha do Bolo de Banana. Ninguém quer se casar com a

Rainha do Bolo de Banana. Mas Cletus, trabalho setenta horas por semana,

no mínimo. Quando vou conhecer alguém novo? Alguém que não pensa em

mim como uma piada? Além disso, o meu pai nunca me deixaria sair da

casa se ele soubesse que estava indo a um encontro." A voz de Jennifer

rachou com emoção.

Porcaria.

Ela vai chorar.

Esta era uma situação que exigia neutralização. Coloquei minha mão

sobre a dela e lhe dei um aperto.

"Pronto, pronto." Bolo de frutas. "Acalme-se..."


"Não me diga para me acalmar," ela gritou, afastando as mãos. "Sempre

estou calma. Sempre faço o que me dizem. Só quero essa única coisa, essa

única coisa para mim. Não querem todos encontrar alguém? Não preciso de

amor, só o respeito chega. E a maioria das pessoas não quer uma família?

Então, por que está errado quando eu quero isso? Por que isso me faz

louca?"

"Não é a parte de querer que faça você louca. É a

chantagem-para-me-casar-com-você-e-termos-um-bebê que coloca sua

saúde mental em questão.”

Jennifer endireitou a sua coluna, os seus lábios cheios se separaram no

que parecia confusão no início, depois horror. "Oh não, Cletus. Não, não.

Não quero me casar com você. Não, não você. Você entendeu mal, quero que

você me encontre um marido. Nunca me casaria com você."

Incerto se a situação exigia alívio ou ressentimento, olhei para a Sra.

Jennifer Sylvester com uma perplexidade abjeta.

Ela sorriu com uma risada cansada e enterrou o rosto em suas mãos.

"Desculpe-me, isso saiu tudo errado."

"Não, isso saiu correto. Também não gostaria de me casar comigo."

Ela riu novamente, desta vez soando um pouco histérica. "Você sabe,

você sempre foi muito engraçado."

"Como você sabe?" Dei-lhe uma olhadela periférica. Era uma pergunta

séria. "Tanto quanto me lembro, nunca nos falamos diretamente antes disso

agora."
"Sim, mas eu escuto." Sua resposta foi abafada por trás dos dedos dela.

"Ninguém fala comigo, então escuto."

"Jennifer, você não está ajudando o seu caso aqui, a menos que esteja

tentando se apresentar como uma louca horripilante."

Ela riu novamente, menos histérica, mas talvez mais desesperada, a sua

cabeça voltando para o apoio de cabeça. "Talvez eu seja uma louca

horripilante. Talvez nunca aconteça. Talvez seja uma causa perdida. E se for

esse o caso, está tudo bem. Mas preciso tentar."

Jennifer voltou os olhos para os meus; mesmo sob a sombra de seu

chapéu, a profundidade da tristeza e a resolução me assustaram. "E você vai

me ajudar."
CAPÍTULO 5

"Eu dei um passo atrás muitas vezes, eu caí, eu fiquei quieta, eu fui contra a beirada

de obstáculos escondidos, perdi a paciência e a encontrei novamente e a melhoro..."

- Helen Keller, The Story of My Life

~ Cletus ~

"EU NÃO GOSTO dela." A declaração de Beau foi acentuada pela porta do

escritório batendo contra a parede. Ele apenas explodiu por ela.

Supus que o meu irmão esperava que eu reagisse à sua declaração. Não

reagi. Estava muito ocupado realizando uma troca através do eTrade Pro8 e

tinha apenas dez segundos para terminar.

"Cletus? Você me ouviu? Eu não gosto dela. Ela não pode trabalhar

aqui."

Confirmei a ordem no limite, esperei que a tela de verificação fosse

carregada e, em seguida, presentearia com alegria a Beau com a minha

atenção. "Não importa se você gosta dela ou não, Beau. O que importa é se

Shelly Sullivan é uma boa mecânica. Ela é uma boa mecânica. Além disso,

assim, como tal, vis-à-vis 9 , e assim por diante. Preencha o espaço em

branco."

8
Site na internet
9
Expressão francesa que significa face-a-face, frente-a-frente.
Ele me pegou no dia errado. Na verdade, a semana errada. Não estava

receptivo para receber reclamações. Embora fosse quinta-feira, quatro dias

depois do meu desconfortável encontro com Jennifer Sylvester, ainda estava

obcecado sobre isso. Estava distraído desde domingo.

Na manhã seguinte, a Jennifer ter feito as suas demandas, desprezei

deixar Beau - que voltou de uma viagem de trabalho de Nashville naquela

mesma manhã - com o nosso mais novo mecânico. Ele entrou na loja, eles

falaram, e ele imediatamente não gostou dela. Semelhante a hoje, em uma

exposição atípica de raiva, Beau invadiu o escritório da loja, exigindo que ela

fosse despedida.

Não sabia o que havia passado entre eles. Não me importava. Eu não a

estava deixando ir.

"Ela pode ser uma mecânica decente, posso concordar com isso. Mas ela

é tão espinhosa quanto um porco-espinho."

"Não, Beau. Ela não é uma mecânica decente. Ela é uma ótima

mecânica." Beau abriu a boca para protestar, mas falei primeiro. "Duane está

partindo antes do Dia de Ação de Graças. Nós já temos muito trabalho

agora, quanto mais nessa altura. Precisamos de ajuda. Agora, me deixe

sossegado. Preciso terminar isso antes da minha reunião com Drew."

Com as coisas decididas, voltei a minha atenção para o laptop e percorri

as estatísticas da principal conta de negociação.

Enquanto isso, o meu irmão mais novo estava tentando perfurar um

buraco na minha cabeça com os olhos.


"Peço que você pare de tentar penetrar no meu cérebro com esses raios

laser a que você chama olhos."

"Não terminei de falar sobre isso."

Essas pessoas teimosas e suas exigências eram como migalhas de

biscoito na minha barba: irritantes e escamosas.

Exalei, frustrado, e virei à cadeira giratória para enfrentar o meu irmão.

"Por que não falamos sobre outra coisa, como os preparativos para a

despedida de solteiro de Jethro? Você terminou a caça ao tesouro?"

"Sim terminei. Duas semanas atrás. Pare de mudar o assunto."

"Bem, então." Rangi os dentes. "Vá em frente e fale sobre Shelly."

"Ela é rude. Não apenas para mim. Ela é rude com os clientes."

"Por que ela está falando com os clientes? Esse é o seu trabalho."

"O que você quer que eu faça? Que a esconda debaixo de um carro? É

impossível não a ver, Cletus. Parece uma dessas, daquelas... Essas modelos

das revistas."

"Que revistas são essas?"

Beau apenas lê dois tipos de revistas. Ambas tinham fotos de faróis.

Somente uma era sobre carros. Ele jogou as mãos no ar antes de trazer para

os quadris. "Você sabe o que quero dizer. Assim que a veem, eles querem

falar com ela."

"Você quer dizer os homens que a vêm querem conversar com ela."

"Bem. Sim. Homens. Os homens querem conversar com ela. E então ela

os insulta. Você realmente acha que essa é uma boa estratégia de negócios?
Contratando uma mulher deslumbrante para insultar os nossos clientes

masculinos?"

"Não. Não, eu não," disse solenemente, mas minha boca se contraiu

antes que pudesse me parar. Não era um bom negócio, mas era divertido.

"Oh, isso é engraçado?"

Meus ombros tremiam porque estava rindo.

"Você está rindo?"

"Não," disse através da minha risada.

Beau fez um som de desgosto e frustração. Então ele derrubou um copo

cheio de lápis e canetas, uma pilha de faturas, e o correio recebido para fora

do armário de arquivo com um golpe irritado. Parei de rir.

"Você vai apanhar essa bagunça, Beau Fitzgerald Winston."

Seus olhos de raio laser se estreitaram em fendas e ele apontou o seu

dedo indicador para a bagunça. "Vou apanhar quando estiver bem e pronto

para fazer."

Beau virou de costas, bateu a porta e desceu as escadas.

Olhei para o local onde ele esteve, então para a desordem que deixou.

Se tivesse sido em qualquer outra semana, já estaria preparando uma ideia

de vingança. Algo tanto para irritá-lo como o fazer rir. Gostava de manter a

minha família em seus dedos dos pés, como se fosse isso que eles esperavam

de mim.

Mas não hoje.

Hoje estava cansado. Estava obcecado. E estava cansado de estar

obcecado.
Não foi a chantagem que me colocou no limite, não mesmo. Já havia

neutralizado o vídeo - ou sim, já havia tomado medidas para neutralizar o

vídeo.

Tenho muitos poucos amigos. Mas um dos meus amigos, que

permanecerá sem nome, era um hacker excepcionalmente talentoso. Ele

morava em Chicago e nos correspondíamos todos os domingos através da

seção de classificados do Chicago Tribune. Nós tínhamos jogado uma partida

de xadrez por três meses usando mensagens codificadas no jornal.

Esta semana, mudei a minha mensagem usual de um movimento de

xadrez para um pedido de assistência em vez disso: ele entraria no

computador da Jennifer, no seu telefone e na sua conta na nuvem (ou em

qualquer outro lugar, onde ela poderia estar hospedando o vídeo), o

removeria e sairia sem pistas.

Felizmente, esse amigo compartilhava a minha visão da lei. Ele não era

o tipo que acreditava na adesão cega. Eu só tinha que esperar até domingo.

Então agendaria um encontro com a jovem mulher padeiro equivocada e

explicaria que ela não estava mais com a posse do vídeo.

E então eu vou...

Hmm.

Bem, maldição.

Não sabia o que fazer. Era por isso que tinha estado incomodado

durante toda a semana.

"O que aconteceu aqui?"


A minha atenção foi reorientada para a saída. Drew pairava na soleira

da porta, onde a abriu sem eu perceber. Ele vestia roupas civis ao invés de

seu traje de guarda florestal federal. Isso era estranho porque era o meio da

semana.

"Beau teve uma birra."

"Beau?"

Assenti uma vez.

As sobrancelhas de Drew se ergueram em sua testa; Ele entrou e fechou

a porta. "Isso não é normal dele. O que o fez ficar chateado?"

"A nossa nova colaboradora."

A boca do homem grande se curvou brevemente, seu sorriso esquivo.

"Shelly? A irmã de Quinn?"

"Sim. Ele não gosta dela."

"Claro que ele não gosta. De qualquer forma, por que estamos nos

encontrando?"

Gostava disso em Drew: sempre direto ao ponto quando o assunto era

negócios, mas sempre filosófico quando falávamos sobre a vida. Participar

de sua festa de aniversário tinha sido uma prioridade desde que eu o

conheci há quatro anos.

Virei-me para a tela do computador e puxei o QuickBooks. "A conta de

mamãe. Estou fazendo mudanças sobre as quais você deve saber."

Quando a minha mãe faleceu no ano passado, ela deixou o

gerenciamento do dinheiro da família para Drew, pois ele era um bom


amigo da família. Ela não queria que nosso pai malfeitor colocasse as mãos

sobre ele.

Drew me pediu para ajudar a gerenciar o investimento primário; Ele

ficou impressionado com os retornos comerciais. Eu agradeci. Cada um dos

meus irmãos receberia a sua parcela da herança ao chegar ao trigésimo

primeiro aniversário. Até agora, apenas Jethro era elegível para poder pegar

o dinheiro e ele optou por deixar seu dinheiro onde estava, não tendo

nenhum uso presente para ele.

Drew agarrou uma cadeira e a virou ao contrário, se escarranchando

com os braços apoiados nas costas. Ele era muito alto para a maioria das

cadeiras. As suas pernas eram muito longas. Consequentemente, ele sempre

estava escarranchado sobre elas.

"Cletus, você não precisa de me dar nenhuma atualização."

"Absurdo. Mamãe designou você como o executor de seu patrimônio e

o administrador das nossas contas. Este é o seu negócio."

Ele se moveu em seu assento, parecendo desconfortável, e não porque a

cadeira era muito pequena. "Você sabe por que ela fez isso, e eu estava feliz

em ajudar. Mas você é melhor no gerenciamento de fundos do que eu."

Drew Runous talvez não fosse relacionado a nós pelo sangue, mas eu o

considerava um irmão. Todos nós o fazíamos. Exceto minha irmã, Ashley, é

claro. Eles estavam juntos desde o último Natal e esperávamos uma

proposta a qualquer momento.

Qualquer dia, agora.

Qualquer. Dia.
Olhei para ele, vi que os seus olhos estavam piscando enquanto lia os

totais. Ele os leu novamente, depois se curvou para trás, boquiaberto. Sorri

porque nunca tinha visto Drew embasbacado antes.

"Pegando moscas, Drew?"

Ele fechou a boca, engoliu em seco e depois apontou para a tela. "O que

aconteceu?"

"O que você quer dizer?"

"Quero dizer, o que você fez? Como você fez isso? Isso deve ser um

retorno de o que, dez vezes o investimento original?"

"Mais ou menos." Estalei os meus dedos e me inclinei para trás na

cadeira giratória. "Você sabe que venho estudando por previsões futuras há

anos. Você não pode esperar esse tipo de retorno com frequência, e o caixa

original foi apenas o suficiente para cobrir o investimento no fundo que

acompanho."

Alguns podem considerar minha estratégia de empreendimento

arriscada. Não era. Não me arrisco. O mercado obteve ganhos atípicos nos

últimos dez meses, tal como previ. Nós agora iríamos desacelerar.

Apontei para as novas contas e as previsões calculadas para os

próximos quatro trimestres. "Mas - veja aqui - transferi tudo para um

mercado monetário hoje e para o investimento mais seguro. Melhor manter

firme em três por cento do que jogar."

Drew olhou para a tela, claramente tendo dificuldade em aceitar os

números, então olhou para mim. "Alguém mais sabe sobre isso?"

"Só Jethro. Mas você sabe como ele é sobre dinheiro."


"Sim, eu sei. Não interessa muito a ele.” Drew arranhou a barba. "Você

vai organizar as coisas de modo que nenhum de seus irmãos tenha que

trabalhar. Você terá uma família tranquila apta ao lazer."

"Oh, eu duvido disso. Acho que nos tornaríamos ruins se não

exercitássemos ou exorcizássemos os nossos demônios com esforços

lucrativos."

Os olhos de Drew, de cor prateada, passaram sobre mim. Eu estava

sendo avaliado.

A propósito de nada, ele disse: "Fale comigo sobre a garagem."

"O quê?"

"Bem, com esses números, acho que tenho algumas perguntas sobre

quando você a planeja comprá-la."

Drew tinha entrado com o capital original para a Winston Brothers

Auto Shop, então Duane, Beau e eu pudemos abrir o nosso próprio negócio.

Ele me surpreendeu no momento; o seu salto de fé tinha sido a primeira vez

que alguém além da nossa mãe acreditara nos meninos Winston. Drew tinha

obtido o meu maior respeito e admiração, e era o único homem vivo digno

de minha irmã.

Então sua pergunta me surpreendeu. "Você quer que eu o compre?"

“Na verdade, foi um bom investimento de muitas maneiras, apoiando

vocês. Mas você não precisa mais do capital. Você poderia fechar a garagem
aos trinta, e com esse tipo de herança vindo em sua direção, abrir a loja de

venda de saltério e tortas10 que você está sempre falando."

Pensei nisso, porque sempre quis abrir uma loja de saltério e tortas, mas

depois rejeitei a ideia. "Não. Não tenho ninguém para fazer as tortas. Você

sabe que sou uma porcaria fazendo tortas. O meu ponto forte é a salsicha e a

comida italiana, pois sou o tipo saboroso. Além disso, o que Beau faria sem

mim para supervisionar as coisas? Não. A garagem fica aberta."

"Realmente?" Ele pressionou, seus olhos ainda avaliando, "Mesmo com

Duane partindo?"

"Sim. É o que fazemos. Nós ajeitamos as coisas. Nós somos funileiros.

Se não consertarmos os carros, mexeríamos com as pessoas."

Drew deu um sorriso raro. "Você já mexe com as pessoas, Cletus."

"Você está certo," sentei-me mais ereto no meu assento, pronto para me

defender, "Mas apenas com a minha família. E todos vocês merecem as

minhas brincadeiras."

"Não me interprete mal. Você é bom em consertar. Deixando de lado

essas conspirações de vingança, as pessoas têm sorte em ter você

interferindo em suas vidas."

Estreitei os meus olhos para Drew. "Falando sobre isso, quando você vai

pedir a Ash para se casar com você? O que você está esperando?”

O seu sorriso aumentou e ele riu. "Você me pergunta isso desde que nos

tornamos oficiais."

10
Instrumento musical.
"Isso é certo." Acenei com a cabeça uma vez, me recostando na cadeira e

olhando novamente para os meus dedos com as pontas pressionadas. "Quais

são as suas intenções para com a minha irmã?"

Seu sorriso ficou mais suave, e seus olhos perderam o foco sobre o meu

ombro. Ele ficou calado por vários segundos e depois disse: "Você saberá um

dia, Cletus. Você descobrirá o que é achar a outra parte de si mesmo. Você

saberá que é ela, só ela, sempre ela. Talvez não de imediato, mas,

eventualmente, você saberá. Ela será seu começo, meio e fim. E suas

intenções não serão importantes. O amor traz as suas próprias intenções e

todos os outros planos, esperanças e sonhos se desvanecem de

insignificância diante do amor."

***

SEXTA-FEIRA A NOITE ERA a minha noite favorita da semana.

Era à noite onde os músicos de Green Valley se reuniam. Nós

tocávamos juntos no centro comunitário, uma antiga escola reabilitada

convertida em um espaço de reunião de propósito geral. Sempre participei

tocando banjo, guitarra, violão, violino ou saltério.

Nunca tentei tocar um baixo ou um violoncelo, mas estou confiante que

conseguiria se praticasse.

Dos instrumentos, prefiro o banjo. É o mais chato com as cordas, e só

pode ser tocado de forma tolerável por uma pessoa que preparou a sua
mente para domar isso. Eu tiro certa satisfação em domar coisas selvagens

ou as dobrando à minha vontade. Instrumentos, florestas, pessoas...

O que me traz para o porquê da sessão musical livre ser a minha noite

favorita da semana. Eu ajudava no centro comunitário todas as noites de

sexta-feira. Os habitantes da cidade de todos os lados vinham para ouvir os

músicos tocarem - uma variação diferente de bluegrass11 em cada uma das

salas de aula convertidas - ao mesmo tempo em que se instalavam e

trocavam fofocas.

Sentia-me mais realizado em meia hora de concerto de do que durante

toda a semana anterior.

"Oficial Evans, oficial Dale, os homens que eu estava procurando."

Inclinei minha cabeça em deferência aos dois agentes do xerife e me sentei

em frente a eles, apertando cada uma das mãos estendidas. Encontrei-os na

cafetaria, ambos com pilhas gigantes de salada de repolho em seus pratos. O

meu irmão Duane ficaria irritado pois a salada de repolho era a sua favorita.

"Espero que vocês tenham gostado da minha salsicha."

O oficial Evans assentiu, engolindo uma mordida da cobiçada salada de

repolho. "Sim senhor. Essa é uma carne de qualidade, Cletus. Vocês

realmente vão caçar javalis com os índios no Texas? E usam lanças?"

"Não, não com os índios. Vou com nativos americanos," corrigi. Não me

importo com o uso de rótulos, desde que sejam aplicados corretamente.

Confundi Evans com a minha afirmação. Ele piscou e pareceu ter um

pensamento profundo.

11
Forma de música popular e tradicional americana, com raízes na música tradicional das ilhas britânicas.
Antes de se recuperar, cheguei ao cerne da razão pela qual me

aproximara deles essa noite; abaixando a minha voz, perguntei: "Como está

o nosso amigo comum nos dias de hoje?"

Dale olhou por cima do ombro para garantir que não estivéssemos

sendo ouvidos. Satisfeito que não, tomou uma pequena mordida de repolho

e encolheu os ombros. "Ele está saudável, a menos que você precise que ele

não esteja."

Puxei a ponta da minha barba, acariciando os pêlos com o meu polegar

e indicador. Fazia algum tempo desde que perguntei sobre Darrell Winston,

o homem que era tecnicamente meu pai. As peças do quebra-cabeça em que

eu vinha trabalhando há anos estavam finalmente juntas. O tempo de ação

estava se aproximando..., mas ainda não.

"Oh, não me importo se ele estiver saudável. Por agora."

Dale me deu um sorriso sombrio. "Você apenas diga a palavra Cletus."

Tentei refletir a sua expressão. "Você sabe o quanto eu aprecio isso,

Dale."

Ele abanou a cabeça. "Nós dois devemos a você, muito."

Rejetei as suas palavras em uma demonstração de afabilidade, mas ele

estava certo. Ambos me deviam, e eu estava grato pelo favor; pagou

dividendos em mais de uma maneira. Dale tinha me dado à dica alguns

meses atrás, que os irmãos King passavam provas dos Iron Wraith para o

escritório do xerife durante o ano passado, o que tinha sido a semente para o

meu último grande esquema.


Evans concordou: "Estamos felizes em ajudar, e esse bastardo terá o que

merece, quando você decidir que é o tempo certo."

Acabei de dar o meu sombrio assentimento e recebido duas

concordâncias de cabeça quando senti um toque hesitante no meu ombro.

Dale e Evans olharam para o recém-chegado, e suas expressões se

suavizaram. Poderiamesmo dizer que elas ficaram desfocadas.

"Sinto muito," interrompeu uma voz gentil e inconfundivelmente

feminina.

Endureci, sabendo exatamente a quem pertencia a voz e,

consequentemente, por que Dale e Evans adotaram seus rostos desfocados.

"Não é uma interrupção." Dale balançou a cabeça, se levantando.

"De modo algum." Evans também ficou de pé, o seu sorriso era pequeno

e esperançoso, a sua voz bajuladora como se ela fosse um animal espantado.

Sabia melhor. Onde esses dois caipiras viam uma flor fraca e sensível –

uma moleza angelical, pronta para a colheita - eu via uma oportunista em

roupas de bolo de banana. Para que fiquem sabendo, não rolei os meus

olhos.

Mantendo um expressão neutra, olhei por cima do meu ombro,

preparado para dar a intrusa um aceno conciso. Mas esse plano se esfumou

quase que imediatamente e dei uma segunda olhada nela.

Os olhos de Jennifer Sylvester eram roxos.

Não azul.

Não verde.

Não cinza.
Roxos.

E isso era impossível.

Então fiz uma carranca.

O leve sorriso que estava dando para mim desapareceu e ela

estremeceu, apenas um pouco. A sua mão caiu do meu ombro e ela recuou

um passo, levantando o queixo.

"Cletus, preciso falar com você." As suas palavras saíram altas para ela -

então estavam em um volume normal para todos os outros - e deliberadas.

Estreitei os meus olhos, detonando-a com um olhar. Pensei em dizer

não. Considerei isso. A coleira que Jennifer pensava que tinha sobre mim,

me irritava e inspirava pensamentos cruéis.

Em vez disso, me levantei.

"Cavalheiros." Inclinei minha cabeça em direção a Dale e Evans, embora

nunca tirasse os meus olhos de Jennifer Sylvester. Então, em um show

exagerado de maneiras, arrastei a minha mão na minha frente. "Depois de

você, senhorita Sylvester."

Ela engoliu em seco, os seus olhos roxos arregalados me avaliando sob

uns anormalmente espessos e longos cílios pretos. Os cílios eram falsos. Mas

essa cor dos olhos...

Ela assentiu bruscamente, se virou e caminhou rapidamente para a

saída da cafetaria. Eu a segui, com o cuidado de esconder a minha expressão

e manter uma distância entre nós. Não havia nenhuma razão para as

pessoas saberem que estávamos ligados de qualquer maneira.


O passo de Jennifer era impressionantemente rápido para uma mulher

baixa em sapatos de salto alto, e ela era baixa. Mesmo para uma mulher, ela

era pequena. Com o meu olhar cuidadosamente desinteressado, examinei

essa mulher baixa.

Ela usava um vestido amarelo, um "housedress"12, acho que eles eram

chamados assim nos anos 50 e 60. Ele abraçava o seu torso até a cintura e

depois passava por seus quadris. Ela tinha grandes quadris. Ou uma cintura

pequena. Ou ambos. Difícil de dizer quando a roupa que ela usava servia

para acentuar tanto a pequenez de seu meio quanto a grossura de sua parte

inferior.

O vestido amarelo subia sobre as suas coxas enquanto caminhava. Ela

tinha lindas pernas - pelo menos o que podia ver delas, de qualquer forma -

mas o tecido balançando me fez redirecionar a minha atenção. Era um

balanço irritado, violento e estava me enervando.

Uma rápida virada para a esquerda fez com que eu demorasse a

acompanhá-la e imediatamente percebi o que estava acontecendo. Eu sabia

para onde estávamos indo, onde ela estava me levando. Nós tínhamos

tomado um desvio e fiquei surpreso que ela conhecesse a porta

desinteressante, não assinalada, que levava aos bastidores na frente da

cafetaria.

Ninguém nos veria. Uma cortina grossa e pesada separava o palco das

mesas lotadas dos habitantes da cidade, comendo a sua salada de repolho,

12
É um tipo de vestido simples, costuma ser usado nas manhãs em casa para as tarefas domésticas.
torta frita e bebendo limonada. Ninguém nos ouviria. O constante zumbido

de vibração além da cortina tornava esse um local perfeito para um encontro

clandestino, desde que nenhum de nós sentisse vontade de gritar.

Esgueirei-me pela porta, procurando no grande espaço e encontrei

Jennifer com as costas e as mãos das mãos pressionadas contra a parede de

cimento a poucos metros de distância. Ela ficou rígida e reta, e, a julgar pelo

movimento do peito, ela estava sem fôlego.

Coloquei as minhas mãos nos bolsos de minha roupa e esperei.

Provavelmente, poderia ver melhor do que ela. Nós, garotos Winston,

podíamos ver no escuro, mais ou menos. Nossa mãe nos havia dito que

tínhamos ascendência Yuchi, fato que eu havia confirmado sem o

conhecimento de meus irmãos. A lenda era que os membros das tribos Yuchi

podiam ver bem, mesmo nas noites mais negras.

Mesmo assim, a falta de luz lançou sobre tudo cinzas e sombras,

incluindo os seus olhos roxos inquietantes.

Esses devem ser lentes de contato.

"Obrigada," disse ela, quebrando o silêncio e me surpreendendo.

Esperava demandas, não gratidão.

"Eu não fiz nada."

Sua postura relaxou apenas um pouco. "Você fez," ela contradisse. Seus

olhos estavam arregalados e poderia dizer que ela estava tentando me ver

melhor.

"O que eu fiz?" Desafiei, querendo estar irritado, mas me encontrava em

vez disso curioso.


"Você fez essa semana mais suportável." Ela riu levemente e era um som

agradável e musical. Mas então engoliu o riso e sua expressão ficou

extremamente séria. "Você me deu esperança."

Bem... maldição.

Olhei para ela - para aquela mulher baixa, com seu queixo pontiagudo e

seus bonitos olhos incomuns, emoldurados por feios cílios falsos - e revisava

os fatos:

Um, Jennifer Sylvester estava desesperada.

Dois, ela não era uma pessoa ruim.

Três, ela pensava que queria um marido.

Jennifer se afastou da parede, torcendo os dedos na frente dela e

inclinando a cabeça para um lado e depois para o outro. Ela riu de novo,

mas desta vez pareceu nervosa.

"Você sabe, não posso ver você todo. Mas tenho a sensação de que você

pode me ver bem."

Quatro, Jennifer Sylvester era surpreendentemente observadora.

Avancei para uma faixa de luz fornecida por uma janela alta. Ainda não

era o crepúsculo, mas a noite se aproximava rapidamente.

"Assim está melhor?" Perguntei, minha voz mais suave do que

pretendia.

"Sim." Ela estremeceu e seus olhos se moveram sobre o meu rosto,

passando um instante na minha barba, e depois foram para o chão. "Bem

melhor. Obrigada."
Cinco, Jennifer Sylvester não precisava de um marido. Ela pode querer

um marido, provavelmente porque estava prevendo com o casamento que

teria fuga e liberdade, mas não precisava de um. O que ela precisava era de

uma espinha dorsal.

"O que estamos fazendo aqui?" Perguntei depois de termos ficado em

silêncio por um minuto inteiro.

"Eu queria falar com você."

"Por que queria falar comigo?"

Ela firmou os lábios, e ergueu os olhos para os meus. "Queria saber se

você já fez algum progresso."

"Progresso?"

"Sim. Formulou um plano, para mim e a minha situação."

"Entendo..." Examinei sua postura. Como faço crescer uma espinha dorsal?

"Bem?" Perguntou.

"Bem o quê?"

Agora seus olhos se estreitaram e ela se afastou da parede, cruzando os

braços. "Cletus Winston, não brinque comigo."

Aí está. Ela tinha uma espinha dorsal, mas simplesmente não a usava

muito.

Tentei não sorrir. Tentei e falhei. Mas ela não via. Além do mais era

muito escuro para os seus olhos que não eram Yuchi. E em segundo lugar, a

minha barba o esconderia.

Agora, como se faz crescer uma espinha dorsal permanente?


"Posso estar louca," continuou, sua voz afiada como aço, “Mas isso é o

que eu quero. É o que sempre quis."

"Um marido?" Procurei esclarecer.

"Sim... e não." O aço sumiu de sua voz enquanto seus braços caíam.

Mais uma vez, ela estava torcendo os dedos. "Aqui está à verdade sincera,

Cletus: não sou romântica. Não estou à procura de alguém para me colocar

nas nuvens. Cavaleiros de armadura brilhante não existem. Nem preciso que

ele seja particularmente inteligente ou bonito. Eu só quero uma boa pessoa,

a… uma pessoa gentil. Quero alguém com um bom coração, alguém estável,

confiável e gentil. Alguém que será um bom pai.”

Levantei uma sobrancelha para a lista deprimentemente pragmática

de seus desejos enquanto argumentava comigo mesmo. Queria ajudá-la -

porque podia - e não queria ajudá-la - porque fiz um juramento a mim

mesmo que não iria mais sair perseguindo moinhos de vento.

Ela não é seu problema.

Não estava acostumado a discutir comigo mesmo, então

silenciosamente olhei para ela. Observei-a por mais tempo do que era

apropriado.

“Cletus?”

Pisquei e minha atenção voltou a se concentrar. Ela se mudou. Estava

agora de pé diretamente na minha frente, o queixo inclinado para cima,

então me aprisionou com seus os olhos.

"Então...” Jennifer respirou fundo, sua língua pulando para molhar os

lábios, e sussurrou, "Então, você vai me ajudar, certo?"


CAPÍTULO 6

“Uma árvore diz: Uma semente está escondida em mim, uma faísca, um

pensamento, eu sou a vida da vida eterna.”

-Hermann Hesse, Bäume. Betrachtungen und Gedichte

~Jennifer~
CLETUS ME ENCAROU por alguns minutos, mas não me importei. O olhar

distante que me dava significava que ele realmente não estava olhando para

mim. Cletus estava pensando. E se ele estava pensando tão focado, então

não tinha decidido ainda se me ajudaria ou não.

Deliberei lembrá-lo da prova de vídeo ainda em minha posse, mas

rapidamente descartei a ideia. Eu o tinha ameaçado no último domingo; se

com quase uma semana de conhecimento da referida ameaça ainda não

tinha decidido as coisas, isso só serviria para irritá-lo agora.

Não estava mentindo quando lhe disse que tinha guardado o vídeo em

vários lugares, apesar de todos esses lugares serem pen drives. Talvez

estivesse sendo paranoica, ou dando a Cletus muito crédito, mas não penso

assim.

Além disso, não poderia arriscar que o vídeo fosse descoberto por meus

pais. Isso significava que não estava mais no meu telefone e nunca o tinha

colocado no meu laptop. Meu pai revisava aleatoriamente minhas fotos,

vídeos, notas, documentos e histórico de pesquisa. Os vários anos sendo um


diretor de colégio o tinha feito exigente sobre os meus hábitos e

comportamento. Em última análise, isso não importava. Nunca tive nada a

esconder.

Até agora.

O arquivo foi apagado do telefone depois que mostrei para Cletus,

tanto quanto um arquivo pode ser excluído nos dias de hoje. Eu tinha usado

um dos computadores na biblioteca para transferi-lo para cinco pen drives

diferentes e estavam escondidos em vários lugares ao redor da minha

cozinha industrial na padaria. Nenhum de meus pais passava tempo no meu

espaço de cozimento, por isso era o local mais seguro para o meu segredo.

Mas voltando a Cletus e ao seu olhar fixo. Os seus olhos firmes

significavam que ele estava pensando, e seu pensar significava que ele não

tinha decidido o que fazer sobre mim ainda.

Dada à forma como seus olhos ardiam com irritação quando o tinha

interrompido antes na cafeteria, e dado tudo o que sabia sobre Cletus como

um cúmplice secreto, percebi que ele não aprecia muito estar em

desvantagem. Este era um homem que preferia estar no controle completo.

Por todo o tempo que o estive observando, Cletus controlava como o

mundo o via, usando a máscara de um simplório trapalhão às vezes, ou o

mecânico de automóveis afável, ou um inofensivo eremita tocador de banjo.

E ele estava sempre no controle de si mesmo, sem nunca perder a calma, não

mostrando qualquer coisa, senão a emoção premeditada.

Controle era sua zona de conforto.


Precisava me adaptar a isso, caso contrário ele não iria me ajudar. Claro,

poderia fingir por um tempo, mas não seria real.

Dei um passo para frente, fechando a distância entre nós até que estava

apenas a um metro dele. A esta distância, tive que levantar o meu queixo.

Estava em saltos, mas ele ainda era alto.

“Cletus.”

Engoli em seco quando o peso total e a intensidade de seu olhar

caoticamente bonito descansaram no meu. Reunindo a minha coragem,

porque honestamente, ele ainda me assustava, me preparei para arriscar o

que restava do meu orgulho e entregar o controle.

"Então,” comecei lambendo os meus lábios, porque eles estavam secos,

"Então, você vai me ajudar, certo?"

Cletus franziu a testa, os olhos afiados me analisando. Ele tinha feito

isso no carro, uma vez que percebeu que eu podia ver através da sua rotina

doce, inócua. Ele tinha estado me examinando abertamente desde então.

Talvez Cletus tivesse percebido que não tinha que se esconder atrás de uma

máscara; não havia nenhum ponto, porque eu o via claramente, então ele

não escondeu nada.

Toda a sua inteligência brutal estava em exposição o que fazia com que

olhasse em seus olhos, antes e agora fosse extremamente difícil. Sentia como

se estivesse sendo dissecada.

Ele inalou lentamente e tive a sensação de que ele queria dizer não. Na

verdade, o meu coração já estava a caminho de cair aos meus pés, quando

ele disse: "Fale-me sobre você."


Pisquei. "Perdão?"

"Fale-me sobre você. O que você faz, além de bolos e usar trajes de

fantasia?"

As minhas mãos pressionaram contra o meu estômago autoconsciente e

espreitei para o meu vestido. "Você acha que pareço estar usando uma

fantasia?"

"Você não está?"

Ele estava certo... claro. Era uma fantasia. Mas era difícil para eu admitir

a verdade em voz alta.

"A maquiagem, o cabelo, essas lagartas peludas em suas pálpebras.

Você se veste como uma artista de palco o tempo todo. Isto é algo que você

gosta?"

"Não." Respondi imediatamente. "Não, não é., mas não vejo o que isso

tem a ver com.…"

"Com você encontrar um marido que vai dar-lhe bebês?"

"Bem, sim. Como eu me visto..."

"Tudo. Porque quem você aparenta ser do lado de fora, o que as pessoas

vêm, faz a sua primeira impressão de você. Para os homens casáveis que

gostam de mulheres, isso significa que você vai cair imediatamente em uma

das três categorias: potencial para casar, um congresso amoroso de uma

única vez, ou esquecível."

Fiz uma careta. "Então, você está dizendo que sou esquecível." Claro

que ele diria. Ele nunca tinha me notado.


Ele riu, e não podia deixar de apreciar a forma como isso iluminou e

suavizou os seus olhos. "Não, Jenn. Você não é esquecível. Mas sendo uma

caricatura não a torna muito acessível também. A mulher geralmente precisa

ser acessível, a fim de se enquadrar na categoria de casamento."

Tentei esconder a agradável surpresa com Cletus me chamando de Jenn

em vez de Jennifer, e em vez disso tentei me concentrar em sua avaliação

desconcertante da minha categoria. "De modo que isso apenas me coloca em

uma categoria..."

"Está certa." Ele assentiu solenemente, me lembrando do meu avô

Sylvester, ou do juiz Payton. "A maioria dos homens - especialmente jovens

homens, são criaturas simples. Mas a boa notícia é que os homens podem e

mudam a sua opinião.”

"Esta é uma conversa angustiante." Esfreguei a minha testa, me

sentindo um pouco enjoada.

"Estou assustando as suas sensibilidades delicadas?"

"Não, não é isso. Só sinto pena pelos homens agora. Deve ser frustrante

ser tão fraco e limitado."

Os olhos de Cletus se ampliaram drasticamente pouco antes dele soltar

uma risada. "Fraco e limitado? É como você descreveria os homens?"

"Não. Mas, aparentemente, isso é assim que você os descreve."

O canto de sua boca subiu no que era claramente um sorriso distraído e

relutante, o seu olhar perdeu um pouco mais da sua dureza. “Como eu

estava dizendo, as mulheres se movem entre as três categorias o tempo todo.

Se vestindo assim,” ele acenou com a mão para o meu vestido, “Pode
incentivar as pessoas a pensar em você como uma louca, e se uma mulher é

uma louca, então pode se mover de bandicooting13 à categoria esquecível.”

“Bandicooting? Não é Bandicoot um tipo de batata?”

"Sim. Mas como um verbo, é também um eufemismo para encontro

sexual.”

“Gosto de fazer isso, adicionar simplesmente um ING14 para alguma

palavra e decidir que é um verbo.” Sorri, me esquecendo de claramente com

quem estava falando. Mas esta era uma das minhas coisas favoritas, que

costumava fazer nas cartas aos meus amigos de correspondência e nunca

tinha discutido isso com ninguém antes.

“É chamado de 'verbalizar.'” Cletus virou a cabeça só um pouquinho

para o lado e estreitou os olhos. “Quais são alguns dos seus favoritos?”

“Hum, vamos ver.…” Mudei a minha atenção para a escuridão por

cima do seu ombro, pensando na última carta que escrevi. “'Verdadeirizar' é

uma boa. Eu a defini como tentar fazer algo verdadeiro, mesmo quando não

é, ou quando só é verdade para você. Ou 'cambalhotar' como uma

alternativa para se aventurar. É uma diferença ténue, mas gosto da

sensação.”

Sorri de novo para Cletus e me encontrei vendo um olhar peculiar. O

meu sorriso diminuiu quando nos estudávamos um ao outro e me preparei

para o que aquele olhar peculiar significava.

13
Fodível
14
O equivalente ao nosso ar, er ou ir.
Incapaz de suportar sua expressão inescrutável, pressionei, “O quê? O

que está errado?"

“Não vou lhe fazer mal,” disse sem demonstrar emoção e com

naturalidade, como se me fazer mal estivesse estado sobre a mesa, mas agora

não me fazer mal tinha sido algo que tinha acabado de decidir.

Senti minhas sobrancelhas se elevarem na minha testa.

“Oh?” Resmunguei, um arrepio de medo percorrendo a minha espinha.

"Bem, isso é simpático vindo de você."

O leve sorriso de Cletus era acolhedor, realmente de desarmar, e não

um praticado ou premeditado. Ele acendeu um calor que desabrochou no

meu peito, apesar de sua recente declaração, e isso me confundiu por

completo.

“Você confundiu o meu significado. Vou reformular, mal não foi a

melhor escolha de palavras. Eu nunca causaria a você danos físicos, e estou

triste que vivemos em uma sociedade onde tenho que declarar

explicitamente que não o faria. Você deve saber, meu pai...”. As palavras

dele sumiram e ele piscou, as sobrancelhas se juntando.

Enquanto isso prendi a respiração. Fiquei chocada porque Cletus trouxe

o seu pai para a conversa. Todos na cidade sabiam que

Darrell-nunca-faz-nada-bem-Winston, o pai da ninhada Winston, costumava

bater em sua esposa e filhos. Minha mãe fazia fofoca sobre isso com os seus

amigos em voz baixa. Crescendo, eu tinha escutado mais de uma conversa

sobre o tema.
“Bem, de qualquer maneira.” Ele balançou a cabeça como que para se

livrar do trem descarrilado de pensamentos, fez uma careta e então

continuou. “Tudo o que estou dizendo é que não vou te prejudicar, física ou

de qualquer outra forma. Mas, como você observou no último domingo, sou

o tipo vingativo. Qualquer pessoa tentando me chantagear normalmente

não iria emergir da tentativa incólume.”

Ele fez uma pausa, seus olhos já não tão afiados enquanto se moviam

sobre o meu rosto, mas o seu olhar não era menos inquietante.

"Mas você irá. Você vai sair ilesa.” A voz de Cletus estava

contemplativamente calma quando finalmente terminou seu pensamento.

“Você me surpreende, e não estou acostumado a ser surpreendido.”

Prendi a minha respiração pois ainda estava sob a sua leitura constante,

embora o meu pulso tivesse disparado impressionantemente entre meus

ouvidos. Percebi que ele quis dizer as palavras para me acalmar, mas teve o

efeito oposto.

Cletus Winston não blefava. Ele não exagerava. Estava em um silêncio

metódico, com foco e garra. Ele era perigoso. E, aparentemente, por alguma

mágica aleatória desconhecida, consegui escapar de um acerto de contas

futuro.

Obrigada. Deus.

“Mas de volta para a tarefa em mãos,” disse ele, de repente, me fazendo

pular, agora todo homem de negócios. Se ele percebeu minha reação, não fez

nenhum sinal, em vez disso seguiu adiante com os seus pensamentos. “Você

quer que eu a ajude a encontrar um marido. Mantenho que esta diligência é


impossível a menos que você faça surgir seu verdadeiro eu, e isso significa

algo diferente da Rainha do bolo de Banana, e todo o amarelo que isso

implica. Consequentemente, aqui está a sua primeira lição de casa: preparar

uma lista de coisas que você gosta de fazer."

“Lição de casa?” Repeti bobamente.

Cletus assentiu uma vez e, em seguida, se virou.

Sem pensar, agarrei o seu braço e o segurei no lugar. "Espere, o quê?

Faço uma lista de coisas que gostaria de fazer?”

"Sim, isso mesmo. E nós vamos ter que agendar um horário para nos

encontrarmos uma vez por semana para as lições.”

“Lições?” Recuei.

"Sim. Lições. Você precisa de lições.”

“Que tipo de lições?”

“Lições de como ser Jennifer Sylvester.”

O quê?

Levantei o meu queixo. “Sei como ser eu mesma.”

“Não, você não sabe.” Ele cobriu a minha mão com a sua e a retirou de

seu braço, deixando-a cair.

“Isso é ridícu...”

“Sextas-feiras estão obviamente fora de questão, e eu prefiro uma noite

de semana a uma do fim de semana. Em uma escapada poderíamos nos

encontrar durante o dia de domingo. A que dias você tem folga da padaria?”
Fiquei boquiaberta, surpreendida pela direção da conversa, e, portanto,

só poderia responder a sua pergunta com uma resposta simples e honesta.

“Não tenho um dia de folga.”

"O quê? O que quer dizer com que você não tem um dia de folga?”

"Só isso. Começo a assar as três da manhã quase todos os dias, e depois,

se não tenho quaisquer pedidos especiais, vou para casa e durmo por um

tempo. Mas geralmente tenho encomendas extras. E então nós temos as

festas de sextas-feiras e sábados na cidade.”

“Você quer dizer Knoxville?”

“Sim, ou Nashville.”

“Por que você tem que estar lá? A sua mãe não tem pessoal que pode

ajudar?”

"Bem, sim. Mas ela gosta que eu...”

"Deixa pra lá. Não responda a isso.” Ele descartou a minha explicação,

franzindo a testa de novo, parecendo e soando terrivelmente mal-humorado.

“Se você não tem um dia de folga, qual dia é menos ocupado? Quando você

costuma ter um pouco de tempo livre?”

"Segunda-feira."

"Certo. Segunda-feira. Nós nos encontraremos todas as segundas-feiras,

no período da tarde no campo de Cooper.” Ele se virou para sair novamente.

Peguei seu braço novamente. "Não. Isso não vai funcionar. Não posso ir

para o campo de Cooper. Alguém vai reconhecer o meu carro e a fofoca vai

chegar aos meus pais. Não me posso desviar do meu horário normal ou

então vou levantar suspeitas.”


Mais uma vez, ele arrancou minha mão de seu braço, ainda olhando e

soando ranzinza. “Onde e quando você sugere que nos encontremos?”

“Na padaria, segunda ou terça-feira à noite. Às vezes fico até mais tarde

e experimento novas receitas. Ninguém mais vai estar lá.”

“Tudo bem.” Ele me deu um breve aceno de cabeça e voltou para a

porta, à escuridão o engolindo. “Vejo você na segunda-feira.”

“Isso significa que você vai me ajudar?” Perguntei esperançosamente,

fazendo a minha pergunta para a escuridão.

Ele não respondeu. A vários metros de distância, a porta do camarim se

abriu e sua forma e altura foi delineada na luz, enquanto ele passou por ela.

E, então, fechou-a.

Ele se foi.
CAPÍTULO 7

“O seu coração era um jardim secreto e as paredes eram muito altas.”

- William Goldman, The Princess Bride

~ Cletus~

“PARECE MESMO bom, Jethro.” Beau inspecionou a sanca15 que Jethro

tinha instalado ontem. “Não posso acreditar que você fez isso sozinho.”

"Sim. E foi ideia de Cletus colocar a fiação escondida na sanca, por isso

temos som surround. Vê os alto-falantes aqui e ali?” Jethro apontou para os

alto-falantes embutidos ao longo da parede da sala de estar. Os meus irmãos

olharam para o local onde Jethro apontou.

“Não vejo nada.” Drew se aproximou mais da parede e inspecionou.

“Cletus, você com certeza é bom em esconder as coisas à vista.”

Jethro colocou a mão no meu ombro e sorriu; ele me deu um abanão

afetuoso. “É o seu dom.”

“Entre outras coisas,” admiti, checando o meu relógio.

A verdade era que eu tinha passado mais tempo a esconder os

alto-falantes do que era sensato. Mas estava determinado que ficassem

invisíveis. Chamo isso ética superior de trabalho. Jethro disse que eu estava

obcecado novamente.

15
Cimalha convexa que liga uma parede a um teto.
Jethro, Beau, Duane, Drew e eu tínhamos acabado de terminar os

retoques finais no apartamento da garagem. Nós estávamos na cozinha

nova, à cola de madeira ainda não estava seca, e toda a casa cheirava a tinta

e serragem, mas nós tínhamos acabado. O espaço estava concluído e pronto

para Jethro e Sienna, e a ser definido como Progênie Winston # 1.

Sienna estaria de volta em casa em dois dias e eu ainda era o único que

sabia que estava grávida. Enquanto isso, Duane e a sua mulher Jessica

partiriam para a Itália em breve. Os bilhetes eram só de ida.

Era um momento de transformação. Eu evitava mudanças ou fazia o

meu melhor para a desancorajar, na maior parte das vezes. Este era um bom

tipo de mudança. Sabiamente. Ainda assim, mesmo sendo uma mudança

para melhor me fazia impaciente.

“Billy ajudou,” disse Jetro, sua voz revelando hesitação.

“Billy?” Duane não tentou mascarar a sua surpresa; ele e Beau olharam

um para o outro, se comunicando por vários segundos sem falar. A

capacidade dos gêmeos para transmitir pensamentos através de um olhar

sempre tinha sido frustrante. Não gostava de ser deixado de fora de uma

conversa.

"Sim. Billy. Billy ajudou,” confirmei irritado. “E será que vocês dois

podem acabar com a discussão com os olhares? Existem várias outras

pessoas na sala, que não podem fazer uma ligação cerebral.”

Duane levantou uma sobrancelha, os seus olhos indo de mim para Beau

e então rapidamente para o chão. “Tudo bem, Cletus. Esfrie o motor.”


Grunhi, mas não disse nada. Não queria comprar uma briga com

Duane. Só tinha mais algumas semanas com ele por perto e o pensamento

me deprimia. Ele era um pequeno bastardo mal-humorado, taciturno, que

tinha o hábito de apenas falar somente quando se conversava com ele e às

vezes nem mesmo assim. Eu ia sentir a falta dele.

“Onde está Billy agora?” Drew perguntou, ainda apertando os olhos

para a parede e olhando para as colunas embutidas.

“Ele está no trabalho,” Beau respondeu, então me perguntou: “Você

ainda vai pescar com a gente amanhã, Cletus?”

“Drill e Catfish ainda vão?” Perguntei.

Beau encolheu os ombros. "Até onde sei, acho que sim."

“Então vou estar lá.”

“Por que você quer ir pescar com esses Iron Wraiths?” O tom de Duane

me disse que ele não aprovava, mas não me deu a chance de responder antes

de girar para Beau. “Não posso acreditar que você ainda é amigável com

eles, depois do que aconteceu com Jess.”

Jess era Jessica James, amada de Duane. No outono passado ela tinha

sido apanhada no meio de alguns negócios desagradáveis com o clube de

motocicletas Iron Wraiths. Para encurtar a história, os oficiais do clube

tentaram chantagear Duane e Beau para executar o seu sítio de desmanche.

Desde então, Duane tinha se juntado a meu irmão Billy em sua aversão

incondicional de todos e de cada membro. Drill e Catfish eram membros;

eles não eram responsáveis pela situação com Jess ou a tentativa de

chantagem, mas eles não fizeram nada para o impedir também.


“Drill não é gente ruim,” disse Beau, tentando defender o homem.

O olhar de Duane se intensificou. “Eles são todos idiotas do mal e

devem queimar no inferno.”

As sobrancelhas de Drew saltaram, mas não disse nada. Enquanto isso,

Jethro, que uma vez tinha chegado perto de se tornar um membro de pleno

direito dos Iron Wraiths observava o rótulo de sua cerveja. A sala caiu em

um silêncio complexo, pois a história da nossa família com o clube de

motocicletas era multifacetada e complicada.

Nosso pai era um membro. Ele tinha sido um capitão. Nós crescemos

com um número de caras que agora eram membros. Pessoalmente, não

considerava que todos e cada um em sua posição fossem idiotas do mal, mas

tinha que reconhecer que os Wraiths eram uma doença.

Eu os iria destruir, mas não por qualquer razão altruísta como a sua

erradicação dos malfeitores de Green Valley. As minhas razões eram muito

mais egoístas.

“Uh, Cletus, você quer uma cerveja?” Drew estendeu uma longneck16,

quebrando o silêncio tenso.

Balancei minha cabeça. “Não posso, tenho um compromisso depois

disso.”

“De qualquer forma,” Beau, claramente ansioso para mudar o assunto,

apontou para o corredor, “Vamos falar sobre a cor que Jethro decidiu pintar

o segundo quarto.”

16
Tipo de garrafa de cerveja.
“O que há de errado com verde?” Jethro sorriu maliciosamente. A sua

cara de póquer nunca tinha prestado.

“Não há nada de errado com verde, mas esse é um tom muito estranho

de verde. Diga-me de novo como se chama?”

“Ervilha doce,” Duane disse categoricamente para o seu gêmeo. “É

chamado de ervilha doce e acredito que estava rotulado como pintura para

berçário.”

“Pintura para berçário, hein? Você tem algo que nos queira dizer,

Jethro?” Beau brincou, espelhando o sorriso de Jethro. “Nenhuma notícia

para compartilhar? Nenhuma grande bomba para largar?”

Jethro olhou para mim. “Não posso acreditar que você não lhes disse

ainda.”

"Por que eu deveria? Sou bom em guardar segredos.” Enfiei as mãos

nos bolsos, para ter certeza que parecia inocente. “E não sou eu que estou

grávido.”

“Eu sabia!” Beau atacou Jethro, o puxando para um abraço de homem.

O sorriso de Jethro ficou tão grande como eu nunca tinha visto. “Como

você poderia saber?”

Duane bateu nas costas de Jethro, logo que Beau o soltou. “Porque você

sempre quis ter filhos, e você não é de ficar de brincadeira uma vez que você

decide algo.”

“Você deveria ter pintado ele de vômito verde, para disfarçar todo o

vômito do bebê com que você vai ter que lidar,” Beau sugeriu.
“E marrom merda,” acrescentou Duane. “Não se esqueça sobre a

merda.”

“Vocês são os melhores.” Jethro colocou as mãos sobre o peito.

“Aquecem o meu coração.”

“Certifique-se que o chão seja impermeável.” Beau pegou uma cerveja e

a destampou.

“Não me diga, para pegar o vômito e coco?”

“Não,” Beau sacudiu as sobrancelhas, “Por causa de todo o seu choro

quando você não puder dormir mais durante a noite ou fazer amor com sua

mulher.”

"Ah sim. Bebê-interuptus 17 é uma condição real. Há cura para ela

também.” Duane assentiu e fez uma boa imitação do meu aceno sombrio.

Na verdade, como ele soou era mesmo uma boa imitação de mim.

“Você soa como Cletus.” Drew riu, obviamente pegando.

Duane deslizou os olhos para mim e me deu um pequeno sorriso.

Levantei uma sobrancelha para o meu irmão para disfarçar o fato de

que pensei que sua imitação era engraçada. “Vocês precisam descontrair. Os

bebês são o melhor. Pense em todo o afago. Esta é uma grande notícia."

“É uma grande notícia.” Beau segurou sua cerveja para brindar com

Jethro e acrescentou sinceramente, “É a melhor notícia.”

“Mal posso esperar.” Duane também bateu a sua cerveja contra a de

Jethro. “Jess e eu voltaremos para casa uma vez que o pacote de alegria

chegar. E vou ensinar a Duanita como correr com os carros.”

17
A autora faz uma brincadeira com a palavra coitus-interruptus, a substituindo por Bebê-interuptus, pois este provavelmente
irá interromper o sexo dos pais.
“Duanita? ”

“Isso vai ser o nome dela, é claro.” Duane tomou um longo gole de sua

cerveja, balançando a cabeça como se o assunto estivesse resolvido.

“Eu não sei.” Drew abanou a cabeça, pensativo, coçando a parte de trás

do pescoço. “Andy soa bem. E poderia ser usado para uma menina ou um

menino. ”

“Abreviado de Andrew, claro.” Beau revirou os olhos.

“Ou Andrea.” Drew deu de ombros, escondendo o seu sorriso,

tomando outro gole de cerveja.

“Vocês se esquecem, que não sou o único a escolher o nome para o

bebê. Sienna tem uma palavra a dizer na matéria de veto. ”

“Então o que você está nos dizendo é, que precisamos amanteigar

Sienna?” Beau considerou.

Jethro riu, e assim fizeram todos os outros. Não ri.

Reuni um sorriso através da minha melancolia inexplicável, enquanto o

desejo de sair me agarrava com uma ferocidade súbita.

Senti o olhar de Duane em mim, então lhe dei um sorriso inexpressivo,

e em seguida, olhei para o relógio. “Bem, está divertido, mas devo me

retirar. ”

“Sim, também preciso ir.” Drew colocou a garrafa de cerveja vazia nos

novos contentores de reciclagem; ele se virou para Jethro e apertou a sua

mão. “Parabéns, Jethro. Estou muito feliz por você."

“Obrigado, Drew.”
Os dois homens se entreolharam e algo se passou entre eles, uma

compreensão de algum tipo.

“Oh maravilhoso, agora Drew e Jethro também podem conetar os

cérebros. Estou saindo daqui.” Virei às costas ao grupo e às suas risadas.

“Vamos, Cletus. Fique aqui. Vou olhar com desejo em seus olhos. Nós

os homens solteiros precisamos ficar juntos,” Beau me chamou.

“Cletus não será solteiro por muito tempo,” disse Jethro, provavelmente

na esperança de obter uma reação minha. Não funcionou. Não queria me

atrasar para a minha primeira lição com Jennifer Sylvester. Tínhamos um

monte de trabalho a fazer.

"O que você quer dizer? Cletus tem uma namorada sobre a qual não

sabemos?” Beau soou positivamente exultante.

Estava quase na porta quando ouvi Jethro dizer: “Não é o meu assunto

para dizer.”

“Isso não é bom, Jethro. Você sabe que Beau não vai descansar até que

ele descubra quem é,” Drew aconselhou, seu tom meio sério.

“Quem é ela?” Duane perguntou, parecendo interessado, e fiquei

surpreso; normalmente ele ficava fora da fofoca.

“Desejo-lhes boa noite, charlatães.” Acenei por cima do meu ombro e

fechei a porta atrás de mim, bloqueando as suas vozes e indo com um

propósito para o meu carro.

Não tinha pensado sobre a adequação de Shelly Sullivan como uma

parceira de vida recentemente, não desde que a conheci há algumas

semanas. Eu não tinha nenhuma razão para apressar as coisas, nenhuma


causa para instigar mudanças adicionais no momento. Nós, como uma

família, já estávamos lidando com perturbações suficientes, não havia razões

para adicionar mais nenhuma.

Quando fosse a hora certa, quando as coisas se acalmassem a uma

rotina, eu a convidaria para um bife. Gostaria de discutir o futuro, elaborar

uma lista de prós e contras, e, em seguida, chegar a um acordo mutuamente

vantajoso. Uma vez que tivesse desmantelado os Iron Wraiths, terminasse de

dar uma lição a Jackson James, e ajudasse Jennifer Sylvester a encontrar uma

espinha dorsal, então voltaria às coisas com Shelly.

Estava feliz por Jennifer Sylvester. Ajudá-la seria um bom projeto; uma

distração agradável, fácil e administrável.

***

“JENNIFER, VOCÊ PODE parar de ter medo de mim agora.”

“Tudo bem.” Ela balançou a cabeça, sem olhar para mim.

Fiquei de frente para ela, do outro lado de um imenso balcão na cozinha

da Padaria Donner. Donner era o nome de solteira da mãe de Jennifer. A

padaria e a loja ao lado estavam em sua família há três gerações.

Recebi a confirmação do meu amigo em Chicago de que tanto o

computador como o telefone celular de Jenn estavam livres do vídeo. Se ela

tinha alguma ideia de que eu tinha eliminado o vídeo de seus dispositivos,

não tinha dito nada. Era provável que ela não tivesse nenhuma ideia de que

um hacker profissional tinha entrado em seu laptop e celular.


O seu conhecimento ou não realmente não importa no longo prazo,

mas, por agora, decidi que seria melhor manter esta informação para mim.

Ela já estava nervosa o suficiente.

Jenn estava atualmente despejando uma colher de massa de biscoito em

uma bandeja e sem fazer contato visual. Ela não tinha olhado diretamente

para mim desde que me deixara entrar pela porta traseira da cozinha alguns

minutos atrás, e ela tinha estado em silêncio de uma maneira que se

assemelhava a ansiedade e impaciência. Se ela tivesse descoberto que a sua

vantagem se foi, profetizava que ela desmaiaria de aflição.

“Quis dizer o que eu disse, não tenho planos de vingança.” Estava

usando a minha voz mais inofensiva e inocente.

"Tudo bem."

Examinei-a e esperei. Ela ainda estava em um de seus trajes, o vestido

caseiro amarelo, mas ela tinha retirado toda a maquiagem do rosto, estava

descalça, e tinha o seu cabelo em um rabo de cavalo. Em sua cabeça usava

um chapéu de basebol e um avental da super-heroína Smash-Girl amarrado

em volta da cintura. Nunca a tinha visto parecer tão normal antes, como

uma pessoa real. Poderia trabalhar com isso.

E podia esperar por ela descontrair. Poderia ser paciente se quisesse e se

a situação justificasse. Ou poderia tentá-la fazer baixar a guarda,

distraindo-a até ela se render.

“Não enviarei nenhum telegrama entregue por um stripper fantasiado

de SEAL ao seu local de trabalho, ou apresentarei quaisquer queixas contra a

padaria na vigilância sanitária.”


Os seus movimentos se acalmaram e ela olhou para a assadeira. “É isso

que você ia fazer comigo? Era a sua vingança? Por chantagear você? ”

“Sim,” menti. "Um ou outro. Estava mais inclinado para o stripper.

Tenho um conhecido em Nashville que teria feito um bom show para os

seus clientes na manhã de domingo. Imagino a multidão pós-igreja, iriam

ficar bem irritados depois de adicionados com café e açúcar. Além disso,

como bônus, ele é um SEAL real, se aposentou em 1975. ”

O lado de sua boca se elevou um pouco, mas os seus olhos

permaneceram cuidadosamente focados na tigela de massa de biscoito cru.

Observei-a com cuidado, acrescentando: “Ainda posso fazer, para o seu

aniversário, em vez disso, mas somente se você for realmente boa para mim

agora e depois.”

Sua mão tremia um pouco onde segurava a colher. Ela ainda estava

inquieta.

“Moral da história, Jenn: você está recebendo um passe livre, de modo a

tentar se soltar.”

“Certo.” Ela balançou a cabeça, ainda não olhando na minha direção, e

cavou a colher na massa de biscoito, mexendo sem nenhum propósito.

Ela tinha suavizado, apenas não o suficiente.

Curioso, perguntei: “Por que te assusto tanto?”

“Você não me assusta,” respondeu imediatamente, parecendo

defensiva.

“Então por que suas mãos estão tremendo?”


Jennifer deixou cair a colher na tigela da massa e se encostou ao balcão,

elevando os olhos pelo mais breve dos segundos. “Você não me assusta,

estou apenas... estou apenas nervosa.”

“Por que você está nervosa?”

"Por que... Por que... porque você é perigoso. E tenho alguma

dificuldade em acreditar que o seu plano de vingança envolvia algo tão

benigno como um stripper. ”

“Não se engane, George não é benigno. Ele é um profissional

empenhado de oitenta e cinco anos de idade e traz a sua arma. Bem, ele traz

ambas as suas armas. ”

Ela bufou e lutou admiravelmente contra o seu sorriso, as suas

bochechas ganharam uma coloração com um toque de rosa. Os olhos de

Jenn finalmente se elevaram e olharam os meus. “Vejo o que você está

fazendo, você está tentando me fazer baixar a guarda.”

"Sim. Sim estou. Como é que vou ajudá-la se você não confia em mim? ”

“Como é que vou confiar em você quando você tem um longo histórico

estabelecido de relações desleais e manipulações? ”

Mulher Astuta... muito astuta. Mas eu estava ficando sem paciência.

“Ouça, mulher. Você quer minha ajuda ou não? Porque, tanto quando o

seu bem-estar está em causa, sou tão gentil como um coelho cego sem

dentes. ”

“Você não é,” ela contradisse, rindo apesar de parecer surpresa e

frustrada e notei que as suas mãos estavam finalmente estáveis. “Você sabe

coisas sobre todos. Todo mundo. Você recolheu informações e as segurou


sobre a cabeça das pessoas, forçando-os a fazer o que você quer há anos. Na

verdade, aposto que você sabe algo sobre minha família que poderia rasgar

o nosso mundo.”

Tive o cuidado de manter a minha expressão igual, porque Jennifer

estava completamente correta.

O pai dela estava tendo um caso com Elena Wilkinson, a sua secretária

quando era diretor do ensino médio, há anos. Tinha suspeitas há um tempo,

então frequentei as aulas de cálculo avançado como desculpa, até que pude

confirmar a verdade sórdida. Kip Sylvester era uma desculpa insensível e

insípida de um ser humano que só se preocupava com ele.

Se sua esposa sabia disso ou não, não poderia dizer. Mas sabia que, se

Diane Donner-Sylvester descobrisse sobre a traição de seu marido, se

divorciaria dele num piscar de olhos. E ele iria perder tudo, porque essa

mulher fazia mais dinheiro em um mês do que ele em um ano.

Não tinha planos atuais para usar as informações, mas provavelmente

faria. Eventualmente.

Jennifer não tinha terminado. “Você vai manter isso em segredo, desde

que sirva o seu propósito. E isso faz de você perigoso, como uma víbora

pronta para atacar. Acho que minha cautela é justificada.”

"Bem. Sou perigoso. Sei de coisas.” Dei de ombros. “Mas você precisa

acreditar que não sou perigoso para você. Não posso te ajudar se você

estiver sendo uma Jennifer nervosa o tempo todo. ”


Ela hesitou, pegou a colher novamente, e então disse, “Você está certo.

Não posso ser uma Jennifer nervosa e vou ter que encontrar uma maneira de

relaxar em torno de você. ”

O jeito que ela disse “relaxar” fez soar como uma tarefa hercúlea.

“Jenn...”

“Vou trabalhar nisso.” Franziu a testa, inclinou o queixo para cima,

parecendo cansada e estranhamente bonita.

Sim, bonita. Jennifer parecia bonita. As características da mulher eram

esteticamente agradáveis, especialmente sem essas lagartas distorcidas em

suas pálpebras. Eu a classificaria como muito bonita no momento. Poderia

colocá-la na categoria dos gostos dos oficiais Dale e Evans. Claramente, os

dois homens tinham ficado encantados com ela. Mas muito bonita não ia

ajudar muito ou a levar muito longe sem uma espinha dorsal.

"Bem. Você trabalha nisso, e eu trabalharei em você.”

As suas bochechas ganharam cor em um tom mais profundo de rosa e

ela mordeu o lábio inferior. Eventualmente, limpou sua garganta e

mergulhou o queixo ao peito.

Inclinei-me sobre o balcão, descansando o meu peso em meus cotovelos

e antebraços para que pudesse ver o seu rosto. Quando ela mergulhou o

queixo, a borda do chapéu escondeu as suas feições. Precisava tirá-lo.

“Você fez a sua lição de casa?” Perguntei, notando que seu chapéu tinha

caracteres japoneses.

“Fiz.” Abandonando a colher e limpando as mãos no avental, foi até um

saco de estopa em uma prateleira perto da porta dos fundos. Jenn retirou
um pedaço de papel dobrado e se virou para mim. Ela o segurou,

estendendo-o para mim.

Olhei para ela e para a lista, e em seguida, recuei, me esforçando para

ignorar a compulsão de examinar sua íris ímpar. Queria que ela relaxasse,

não a fazer sentir autoconsciente.

Mas elas me provocavam. Cientificamente falando, a cor dos seus olhos

era uma impossibilidade.

Eles são lentes de contato.

Apesar das minhas intenções de fazer o contrário, mantive o olhar neles

um pouco demais, procurando os sulcos reveladores da existência de lentes.

Não vi nenhum. Apenas olhos violeta que não deveriam ser possíveis de

existir.

Ela me estudou, preocupada; a mão segurando o papel baixou. "O que

há de errado?"

“Nada.” Fiz uma careta, não gostando de como a cor dos olhos desta

mulher perturbavam a ordem natural do universo. “Leia a lista.”

“Tudo bem.” Ela olhou para mim antes de olhar para o papel. Ela o

desdobrou, limpou a garganta, e em seguida leu, “Humm, número um:

Jardinagem de macacão. ”

“Jardinagem de macacão.”

“É isso mesmo.” Balançou a cabeça bruscamente, levantando o queixo e

cruzando os braços sobre o peito, como se esperasse que eu fosse discutir

com ela.

“Porquê de macacão?”
“Gosto de todos os bolsos.”

“Também gosto de bolsos.” Pensei e disse em uníssono. “E jardinagem,

são de flores ou vegetais?”

"Ambos. Legumes para cozinhar, mas flores também. Eles trazem os

polinizadores e mantêm as pragas afastadas. Mal-me-quer e lavanda são

bons para isso. Também extraio óleos essenciais.”

“Você extrai óleos essenciais?”

"Sim. Sobretudo de lavanda, gerânio e rosas.”

"Humm. Interessante.” Olhei para as suas mãos. Não podia examiná-las

enquanto ela as tinha escondido debaixo dos braços, então peguei uma.

Ela se encolheu. "O que você está fazendo?"

“Gostaria de ver a sua mão.”

"Por quê?"

"Estou curioso. Você tem mãos de fazendeira?”

A sua expressão relaxou, como se esperasse ter mãos fazendeira, e ela

me mostrou a sua palma. "O que você quer dizer? Como Nancy Danvish?”

Olhei para os dedos e o que encontrei foi surpreendente. Ela tinha calos,

e seus dedos não eram finos, como de uma senhora, mas fortes e longos.

Sim, as suas unhas estavam pintadas de um rosa perfeito, mas ela tinha as

mãos de alguém que se envolvia em trabalho manual frequentemente.

“Você toca algum instrumento?” Perguntei, a propósito de nada. Ou

talvez tivesse perguntado por que os seus dedos eram tão longos,

especialmente para uma pessoa baixa, seria uma vergonha se ela não tocasse

algo.
"Tocava. Eu tocava piano enquanto crescia. Todas as meninas tinham

que ter um talento, durante os desfiles, então cantava e tocava piano.”

Balancei a cabeça, pensativo, lembrando de uma conversa que tinha

ouvido anos atrás entre minha mãe e Naomi Winters. As duas mulheres

lamentavam como Diane Donner-Sylvester forçava a sua única filha, que

ambas consideravam excepcionalmente doce e tímida, a participar no

circuito de concursos de beleza. Também lamentavam que Diane tivesse

começado a tingir o cabelo muito escuro de sua filha de louro em uma idade

tão jovem.

Mirei o seu cabelo loiro, ou o que podia ver, então reorientei minha

atenção de volta para a lista; peguei a sua mão e virei o papel para mim para

que pudesse lê-lo. "Vamos ver.…”

Jardinagem de macacão

Escrever cartas em uma mesa bem iluminada

Ler um livro enquanto chove

Ensinar as tropas a assar

“O que é este? ‘Ensinar as tropas a assar.’ O que é isso?"

“O clube de escoteiros e bolinhos...”

“Bolinhos sendo as pequenas escoteiras? ”

"Está certo. Ensino o emblema de mérito para panificação.”

"Uma vez por ano?"

“Oh não, sempre que necessário. Às vezes, tenho um grande grupo de

crianças, às vezes é apenas uma. ”


“Seu chefe permite isso?” Não estava pronto para invocar o nome de

sua mãe, mas a questão precisava ser feita.

Ela se mexeu, torcendo os dedos e colocando a lista no balcão.

“Eventualmente, ela me deixou fazer isso. Uma vez que apontei como as

imagens ficariam bem na mídia social e consegui que os pais permitissem a

postagem das fotos. ”

“Você gosta de ensinar as crianças? Ensiná-las a assar?”

Ela sorriu e concordou com entusiasmo. "Oh sim. É uma das minhas

coisas favoritas a fazer. A panificação é fundamentalmente química, e tento

trazer isso para o ensinamento. Faço uma demonstração com emulsificantes

em primeiro lugar, porque o cozimento é tudo sobre transformar algo

solúvel em água em algo que é solúvel em óleo.”

“Que tipo de demonstração? ”

“Uso leite, corante alimentar, e detergente.”

“E o detergente quebra as gorduras.”

“Sim, e o corante satura o que resta.”

Balancei a cabeça sombriamente. Na verdade, assenti sombriamente

para disfarçar o fato de que Jennifer Sylvester tinha mais uma vez me

surpreendido.

“Quaisquer outras experiências químicas? Com as crianças? ”

“Faço um montão, mas isso depende de sua idade.” Seus olhos roxos se

iluminaram, se tornando quase lavanda. “O que faz mais sucesso é

colocá-los para escrever a sua receita, usando um palito e vaselina.”


Encareia seu rosto agora totalmente virado para cima, tentando

descobrir por que maldição ela gostava que fizessem isso. “Tudo bem,

desisto. Por que você os faz escrever sua receita, usando um palito e

vaselina? ”

O seu sorriso era enorme e apresentava uma quantidade de dentes

brancos pérola. “Porque então é uma receita secreta, que só pode ser vista

sob uma luz negra. Isso os ensina sobre...”

“Fluorescência,” transmiti, apertando os olhos para este armário

químico de nome Jennifer Sylvester.

Não admira que fosse tão boa em panificação. O cozimento é uma

ciência exata e era, como ela disse, fundamentalmente a aplicação da

química. Ela deveria ter ido para a faculdade aprender química, não ficar

acorrentada a uma batedeira neste calabouço de cozinha industrial.

Ela foi, como sempre, surpreendente. Eu a estudei: o sorriso acolhedor,

os olhos violetas brilhantes, o queixo pontudo, e o chapéu de basebol.

Agindo por impulso, peguei o chapéu e escondi atrás das minhas costas.

As mãos de Jennifer foram para sua cabeça e seu queixo caiu.

Claramente, a peguei desprevenida.

“Por que você tirou o meu chapéu? ”

“Você tem umas sobrancelhas muito escuras.” Estudei as sobrancelhas,

mas a minha atenção instintivamente se moveu mais para baixo. Os olhos da

mulher eram excessivamente bonitos, verdadeiramente notáveis, e eu

precisava parar de olhar para eles.


Ela cruzou os braços novamente, levantando o queixo parecendo infeliz.

“Quanto tempo você vai ficar com o meu chapéu? ”

“Quando a sua mãe começou a tingir o seu cabelo? Quantos anos você

tinha?"

Os seus absurdamente lindos olhos, bonitos tanto no formato como na

cor perderam o foco por uma fração de segundo. “O que isso tem a ver com

alguma coisa? ”

“Você gosta de sua cor de cabelo? ”

Ela não respondeu, e isso era resposta suficiente.

“Será que você nunca pensou em voltar à sua cor natural? Ou qualquer

outra de sua escolha? Vermelho, talvez? ”

Ela me olhou estupefada, uma linha de perplexidade entre as

sobrancelhas. “Você acha que poderia ajudar? ”

Entendi a sua pergunta perfeitamente e por que ela tinha perguntado

isso. Será que iria ajudar a conseguir um marido se seu cabelo fosse de uma

cor diferente? Sim. Mas não pela razão que pensou.

Tomando o controle de sua aparência, bem, esse era o primeiro passo

para assumir o controle de sua vida.

Então respondi a sua pergunta. "Sim. Acho que fará uma grande

diferença se você decidir que cor de cabelo que você gosta, e, em seguida,

deixa-lo dessa cor.”

Seu cenho se intensificou e baixou os seus olhos para o meu peito, onde

o olhar estava fixo sem ver. Ela parecia devastada.

“Não acho que minha mãe gostaria disso.”


Abri a boca para responder, mas depois parei, porque a pergunta que

estava prestes a fazer era uma crítica. Tinha que usar o tom certo. Precisava

empregar exatamente a expressão correta.

Dei um passo mais perto, colocando uma mão sobre o balcão à minha

esquerda, e suavizei a minha voz. “Você sempre vai fazer tudo o que sua

mãe quer? ”

O seu olhar foi até ao meu, e era afiado, mais acentuado do que tinha

pensado ser possível vindo de Jennifer Sylvester. Olhos lindos, quentes com

raiva; queixo severo e pontudo; acusações silenciosas me cortaram com

palavras não ditas. Tudo isto se adicionou a uma mistura potente. A

combinação fez os cabelos finos na parte de trás do meu pescoço

formigarem.

Era um olhar mordaz.

E fiquei impressionado.

Mas antes que pudesse elogiar a imponência de seu olhar mordaz, ela

se virou e disse baixinho: “Acho que a lição acabou. Você deve sair pela

porta dos fundos,” e saiu da cozinha através da entrada principal da

padaria.

Fiquei olhando através dela por um minuto inteiro, não porque

esperava que voltasse, mas porque estava escutando. Estava ouvindo

passos, ou qualquer sinal de que ela estava se movendo em torno da padaria

principal. Mas não ouvi nenhum som. Isso significava que ela tinha fugido

para frente e estava escondida, sem fazer nada, e ouvindo os sinais de minha

partida.
Isso era bom. Tinha abalado a sua gaiola. Entendi o seu desejo de fugir.

Olhei para o relógio; Ainda tinha seis horas até meu próximo

compromisso, tempo suficiente para tirar um cochilo. Juntei os meus

pertences, apenas um casaco de xadrez vermelho e preto e o meu chapéu, e

olhei de volta para a cozinha. Ela deixou o pedaço de papel dobrado, a lista

de coisas que gostava de fazer, sobre o balcão. Eu o meti no bolso e sai pela

porta dos fundos.

A nossa próxima lição só seria dali a duas semanas. Duas semanas

dariam a Jennifer bastante tempo para marinar a minha pergunta e tomar

uma decisão. Para quem ela estava vivendo sua vida? Para si própria ou para

sua mãe?

***

HANK WELLER ERA bom em duas coisas: ganhar dinheiro e pescar.

Como proprietário do clube de striptease local, Hank frequentemente

organizava excursões de pesca para seus clientes em seu grande barco. Eu

não era um cliente. No entanto, ele me levava para pescar de vez em

quando, se lhe pedisse. Isso acontecia porque Beau e Hank eram amigos

íntimos e tinham sido desde a infância. Beau era a minha entrada.

Era uma bela manhã para pescar. Não muito fria. O vapor de água

subia sobre o lago, tornando sua superfície nebulosa, como se estivesse

coberto com gaze. Por ser final de setembro, o lago estava cercado por

todos os lados de árvores fazendo o seu melhor para parecerem fogos de


artifício no outono. As aves estavam reclamando sobre o seu café da manhã,

caso contrário, o único som que se ouviria seria a água preguiçosamente

batendo contra a costa.

Gostava muito da natureza, mas não gostava de pescar. Mas longe de

eu deixar passar uma oportunidade conveniente para fazer mais uma tarefa

da minha lista de coisas a fazer.

“Há muito tempo que não o via, Cletus.” Catfish ergueu o queixo em

saudação ao embarcar no barco grande de Hank. "O que você tem feito?"

Catfish, que não era o seu nome de batismo, era um capitão do clube de

motocicleta Iron Wraiths. Então não estava no final da lista da hierarquia,

mas também não era o que tomava as decisões. Ele era um bom soldado.

“Um pouco disso e daquilo,” respondi facilmente.

“Como é que está a irmã de vocês?” Esta pergunta veio de Drill, que foi

o próximo a entrar no barco.

“Calma.” Hank ficou ao meu lado, cruzando os braços. “Sem falar da

família. Vamos manter isso agradável. ”

“Só perguntando. ” Drill encolheu os ombros que pareciam rochas e

sorriu. O sol nascente refletia a sua cabeça calva. Para o meu cérebro ele se

parecia com uma versão esteroide de Mr. Clean18, se Mr. Clean usasse couro

preto da cabeça aos pés e cheirasse como lubrificante.

Olhei nos olhos para a terceira pessoa na roda e coloquei a minha mão

sobre o ombro de Hank. "Não, não. Está bem. Ash está ótima, obrigado por

18
perguntar, Drill. Obteve agora o cinto preto duplo no Kenjutsu, você sabe,

que é a arte marcial onde eles usam essas facas afiadas? Já que ela é uma

enfermeira, ela sabe exatamente onde esfaquear uma pessoa. Você deveria

vê-la esfolar um coelho. Estamos muito orgulhosos. ”

Isto, é claro, era a mais completa besteira - exceto a parte sobre ela ser

uma enfermeira e esfolar coelhos, porque ela era realmente boa esfolando

coelhos. Mas Drill arregalou os olhos, parecendo um pouco ressentido, e

deixou o assunto.

“Ei, Twilight,” acolhi o terceiro membro do grupo, estendendo a mão

para um aperto. Ele a olhou, depois para mim, então minha mão novamente.

Finalmente, ele apertou.

Isaac Sylvester, também conhecido como Twilight, que também era o

irmão de Jennifer Sylvester, ainda não era membro dos Wraiths. Ele era o

que se chama de ‘prospecto.’ Jethro tinha sido um prospecto cerca de cinco

anos atrás, mas saiu antes que tivesse se tornado um membro pleno. Graças

a Deus.

“Cletus,” disse, encontrando os meus olhos. Inspecionei os dele e

descobri que os de Isaac eram de um azul claro. Fiz uma careta.

De onde ela tirou aqueles olhos roxos?

“Falando de irmãs...” Adotei um tom tão inofensivo quanto possível e

dei a Isaac um sorriso alegre, “Como é que sua irmã está?”

Sua mandíbula cerrou e os seus simples olhos azuis estreitaram

olhando para o lado, como se estivesse fazendo uma careta e não queria que

eu visse.
“Não tenho uma irmã,” murmurou, a boca comprimida.

“Claro que tem.” Alarguei o meu sorriso, interpretando o palhaço

bem-intencionado. “Ela faz bolos, não é?”

“Você sabe como é, Cletus.” Catfish falou, esperando que lhe desse toda

a minha atenção antes de continuar. “Uma vez que um homem se une aos

Wraiths ele não tem nenhuma outra família. Twilight agora tem apenas

irmãos.”

Balancei a cabeça, pensativo. "Ah sim. Esqueci-me sobre esse detalhe.”

Movi meus os olhos de volta para Twilight, querendo ver sua reação quando

adicionei, “Deve ser duro para as irmãs, apesar de tudo.”

Isaac olhou para o lago, mas duvido que o veja. Ele parecia estar

ausente, atravessando um monte de pensamentos pesados.

Enquanto isso, senti pena de Jennifer Sylvester de novo. Ela tinha

perdido o seu irmão; pelo menos ele estava perdido para ela. Considerei

como poderia ter sido para nós se Jethro nos tivesse repudiado em favor dos

Wraiths. O pensamento não era agradável. Eu o baniu rapidamente.

“Estamos à espera de alguém?” Catfish agarrou uma cerveja do

refrigerador e pegou um dos assentos almofadados sobre o grande convés.

“Só Beau,” disse, olhando para o meu telefone. Ele não gostava de

chegar tarde, mas tinha pedido a Beau para se atrasar. Eu precisava do

atraso. Em troca, tinha prometido que faria a minha salsicha para jantar em

minha noite designada para tal, na próxima semana. Sem surpresa, a minha

salsicha era o seu prato favorito. “Deixe-me lhe ligar e ver onde ele está.”
Saí do barco e caminhei pelo cais até a cabana de Hank e um pouco

além, até onde Catfish tinha estacionado sua camionete. Conhecia essa

camionete. Há cinco anos atrás eu tinha instalado armadilhas nela.

As armadilhas eram compartimentos secretos usados para traficar

drogas e similares, a fim de evitar a detecção da polícia. Na época eu os

instalei a fim de ajudar Jethro a sair dos Wraiths.

Agora usar as armadilhas como um meio de desmantelar toda a

organização dos Iron Wraiths - era um feliz bônus.

Contrariamente à crença popular, a instalação de armadilhas é

perfeitamente legal. Mas apenas contanto que o engenheiro responsável

informe a polícia local sobre a sua instalação. Eu tinha informado a polícia

local. E então tinha feito com que a carta registrada nunca visse a luz do dia.

Estava enterrada no armazém de provas da polícia, no ficheiro errado. Mas

sabia onde estava e faria com que a carta fosse encontrada na mesa do xerife

James quando fosse o momento certo.

Escorreguei as luvas do meu bolso, abri a porta da camionete, que não

estava trancada, porque esses caras, obviamente, se consideravam intocáveis

e abri a armadilha sob o assento do motorista. Tirei do meu macacão a prova

que tinha tomado da delegacia há duas semanas, as mesmas que foram

entregues ao xerife pelos irmãos King, e as coloquei no fundo da armadilha

juntamente com uma lista falsa de datas e locais.

Por ‘falso,’ quis dizer real. A única coisa falsa sobre a lista era o que eu a

tinha elaborado após o fato, depois de assistir a atividade Wraith durante os


últimos oito meses. A lista de datas, nomes e lugares apenas fazia o seu caos

ineficiente parecer mais organizado.

E organização era o ponto. O aparecimento de premeditação e

planejamento era o meu objetivo, e esta lista conseguia isso.

Vendo que tudo estava conforme o planejado, fechei a porta ao mesmo

tempo em que Beau parou em seu Pontiac 1967 GTO vermelho.

Admirei a linha do exaustor. Era um carro bonito, mas muito chamativo

para mim. Como Drew havia notado ontem, eu preferia me esconder em

plena vista.

Era o meu talento.


CAPÍTULO 8

“A vida tem suas próprias forças ocultas que você só pode descobrir vivendo.”

- Søren Kierkegaard

~Jennifer~

VOCÊ SEMPRE vai fazer tudo o que sua mãe quer?

Eu estava fazendo tortas.

Não costumo fazer tortas, mas estava esperando a massa levedar para

que pudesse amassar novamente. Tinha acordado com uma sede de

violência. Cortar a manteiga para a massa da torta foi quase tão bom como

amassar pão.

Você sempre vai fazer tudo o que sua mãe quer?

Rangi os meus dentes, apunhalando a manteiga congelada, enquanto a

pergunta de Cletus enrolava na minha cabeça. A questão tinha vindo a se

repetir porque não sabia a resposta.

Você sempre vai fazer tudo o que sua mãe quer?

Os últimos sete dias tinham sido cansativos, ainda mais por causa da

pergunta de Cletus saltando constantemente em meu cérebro.

Minha mãe tinha programado um voo para nós para Nova York em

novembro, para uma reunião com Jacqueline Freeman e as pessoas da Food

Network. Como sempre, me colocou em uma dieta.

“Não quero que você esteja gorda para as câmeras,” disse.


O grupo de investimento hoteleiro sobre o qual a minha mãe tinha

estado frenética nos últimos meses foi visitar a nossa loja esta semana. Eles

ficaram hospedados por dois dias. Normalmente, eu estava no comando do

cardápio da padaria. Era o meu trabalho fazer a lista de ofertas semanais.

Na manhã seguinte à minha “lição” com Cletus, ela me entregou duas

folhas de papel. “Isto é o que você vai assar esta semana e na próxima,”

disse. “E já deixei separadas as roupas que quero que você use e estão

escritas instruções para o seu cabelo e maquiagem.”

Olhei para a lista dela, incapaz de encontrar a minha voz. Não percebi o

quanto gostava de planejar o cardápio, de ter esta pequena quantidade de

autonomia, até que isso me tinha sido tirado.

Pensei que as coisas não poderiam ficar piores. Estava errada.

Assim que os investidores chegaram fui exibida como um show de

pôneis. Alguém poderia pensar que eu estaria acostumada com isso agora,

mas não estava. E com a pergunta de Cletus na minha cabeça, os seus olhos

sobre mim faziam a minha pele arrepiar. Especialmente o mais jovem do

grupo, um investidor bronzeado, quase tostado de Las Vegas com o nome

de Allen Northumberland.

“Você está quase pronta?” A pergunta ansiosa da minha mãe retirou a

minha atenção do esfaqueamento violento da manteiga. “Eles vão estar aqui

a qualquer minuto.”

“Sim, mamãe.”

“Oh, bom. Você está usando as suas pérolas. Você sabe que gosto

quando você usa as suas pérolas.”


Você sempre vai fazer tudo o que sua mãe quer?

Suspirei calmamente e me voltei para o grande frigorífico, colocando a

massa de torta cortada pela metade dentro e removendo o bolo de chocolate

escuro, claras, e coco fresco ralado que tinha preparado no início do dia.

“Certifique-se de usar o avental de algodão amarelo que gosto.” Ela

estava verificando o seu reflexo na tigela de aço inoxidável que tinha

escolhido para a demonstração.

Você sempre vai fazer tudo o que sua mãe quer?

“Sim, mamãe.” Organizei os itens no balcão, retirando o avental

Smash-Girl que preferia, e colocando o de algodão amarelo.

“Além disso, Jennifer.” Ela correu para o meu lado, olhando para trás,

como que para se certificar de que ninguém estava presente e pudesse ouvir.

“Acho que aquele sujeito Alan gosta de você,” sussurrou.

Tentei não estremecer de repulsa, mas algo na minha expressão deve ter

me denunciado.

Ela bufou. “Agora, não seja assim. Ele é muito bonito, não finja que você

não notou.”

Ele era bonito; ele era bem agradável. Também fazia a minha pele

arrepiar. “Não tenho nenhum interesse no Sr. Northumberland.”

Ela continuou como se eu não tivesse falado. “Seu tio é dono de dois

desses grandes hotéis na Strip de Las Vegas.”

“Então?” Perguntei com impaciência antes que pudesse me conter.

Honestamente, só saiu.
“Entãooooo...” Ela arregalou os olhos para mim e apertou os lábios,

como se sua razão para mencionar Allen Northumberland fosse óbvia.

Quando continuei a olhar para ela sem expressão, fez um som baixo,

rosnando no fundo da garganta. “Não se faça de idiota, Jennifer. Sei que

você tem um cérebro aí. Então acho que seria ótimo se você fosse boa para

Allen. Ele é o tipo que seu pai aprovaria. Dê especial atenção a ele durante a

demonstração.”

Fiz uma careta para ela. Então balancei a cabeça. Então abri minha boca

para dizer que não iria fazer isso.

Mas antes que pudesse, minha mãe, infundindo as suas palavras com

um significado afiado, disse: “Gostaria muito se você desse ao Alan

Northumberland uma atenção especial.”

Minha boca se fechou e olhei para minha mãe, com suas sobrancelhas

levantadas, na forma em que seus lábios estavam comprimidos em

frustração, e me perguntava o que iria acontecer, qual seria a pior coisa que

poderia acontecer, se eu dissesse que não.

Ela vai se decepcionar.

Meu coração chutou para cima com o pensamento.

Ela vai ficar desapontada com você.

Agora meu coração estava acelerado.

Você pode viver com isso? Você pode viver sendo uma deceção para ela?

Não queria decepcioná-la. Não queria ferir os meus pais, como o meu

irmão tinha feito. Nunca quis ser essa pessoa. Lealdade era importante para
mim. Amava e honrava os meus pais, o que influenciava cada decisão que

tomava.

Mas, em seguida, uma imagem de Cletus da semana passada apareceu

em minha mente, perguntando: Você sempre vai fazer tudo o que sua mãe

quer?

Não.

Não posso.

A resposta soou através de mim como um sino, claro e verdadeiro.

Reunindo uma respiração profunda e segurando o balcão da cozinha,

olhei para minha mãe, enfrentando o seu olhar, e me forcei a dizer: “Não.”

Ela se encolheu, os seus cílios longos e negros vibrando rapidamente

quando piscou. "Desculpe-me?"

“Não.” Disse mais alto. As minhas mãos estavam suando e meu coração

acelerado. "Não. Não vou dar ao Sr. Northumberland uma atenção especial.

Ele me faz sentir desconfortável e não gosto dele, então a resposta é não.”

Minha mãe ficou boquiaberta. Não desviei seu olhar. Nuvens de tristeza

e decepção perfuraram o seu choque e se reuniram por trás de seus olhos.

Mas antes que pudesse dar voz a ele, os nossos hóspedes chegaram para a

minha demonstração.

Os seus olhos se viraram para o grupo que tinha acabado de chegar. Ela

hesitou por um momento antes de vestir com sucesso a sua máscara.

Afastando-se de mim, estendeu a mão para o Sr. Kirkland, um banqueiro de

investimentos de Boston.
Enquanto isso continuei segurando a borda do balcão e olhando para o

coco ralado, o meu sangue bombeando alto entre os meus ouvidos,

percebendo com uma pequena quantidade de admiração que eu tinha

acabado de dizer não à minha mãe pela primeira vez desde que eu era uma

adolescente.

Eu disse não. E sobrevivi.

Não sabia como me sentir, aliviada ou miserável, porque uma de nós ia

se decepcionar. E isso significava que uma de nós ia ficar ferida.

***

EU NÃO QUERIA IR para casa.

Com uma torta de abóbora, dois pães do tipo italiano, e um bolo de

chocolate negro com merengue de chocolate de coco no meu banco da

frente, estava dirigindo pelas estradas da montanha por duas horas. Eram

agora quase 20h30min e minha mãe estaria terminando o jantar com os

investidores em breve. Não queria estar em casa quando ela chegasse lá.

Não queria um confronto.

O meu plano original para o bolo, que eu tinha feito no início do dia,

era entregá-lo na casa dos Winston. Hoje era o aniversário de um ano da

morte de sua mãe. Conhecia a sua mãe, mas cada criança que ia para a

biblioteca local conhecia Bethany Winston. Ela costumava ler livros na hora

da historinha e fazia todas as vozes. Ela era incrível, gentil e tudo o que eu

queria ser quando, ou se, me tornasse mãe.


Não poderia imaginar como eles devem ter lamentado a sua morte.

Bolo não iria fazer as coisas melhores, mas às vezes ajudava a adicionar um

pouco de doce e suavidade na dor.

O problema era, uma vez que entregasse o bolo, eu tinha para onde ir.

Então dirigi e ouvi rádio. Finalmente, por volta de 08h45min, percebi que

não podia esperar mais. Aparecer na casa das pessoas após as 09:00h era

simplesmente rude.

Resoluta, fiz a curva para Moth Run Road e dirigi para a casa dos

Winston. Quando me aproximei da casa principal, as minhas sobrancelhas

arquearam com o número de carros lá estacionados.

Dez. Havia dez carros.

Estacionei ao lado do Geo de Cletus, mas não desliguei o motor, fiquei

sem saber como proceder.

Dez carros significavam que tinham companhia. Não queria me impor

ou interromper. E quem era eu, afinal? Eu não era ninguém. Eles não me

conheciam.

Estudei o grande e velho alpendre que envolvia a casa, a fila de cadeiras

de balanço, e um grande banco de madeira oscilante pendurado nas vigas.

Era uma bela casa antiga e obviamente tinha sido recentemente renovada

com grande cuidado.

O meu olhar encontrou uma mesa pedestal pequena ao lado da porta

da frente. Inspirada por uma ideia repentina pulei para fora do meu carro,

corri para a porta do lado do passageiro e a abri. Enfiei um pão debaixo de

cada braço, peguei a torta com uma mão e equilibrei o bolo na outra.
O mais silenciosamente possível, na ponta dos pés fui até os degraus da

varanda e me aproximei do pedestal, notando com alívio que havia espaço

suficiente para todas as minhas oferendas, se as empilhasse. Poderia deixar

os itens sobre a mesa, bater, e fazer uma corrida para o carro. Basicamente, a

versão de um padeiro toca e foge.

Pelo menos, esse era o meu plano.

Estava apenas colocando o primeiro pão em cima da caixa de torta

quando a porta se abriu de repente e com força, me surpreendendo

completamente. Um suspiro deselegante escapou dos meus pulmões e pulei

para trás, agarrando ambos os pães italianos ao meu peito.

“Jumpy19 Jennifer,” O olhar de Cletus se moveu para baixo e depois

para cima, “você está de jeans.”

Fechei os olhos, soltando uma respiração instável. “Céus, você me

assustou.”

“Moi20? O coelho cego e sem dentes?”

Abri os olhos, mas não consegui parar o sorriso antes que florescesse no

meu rosto. “Aqui, Peter. Estes são para você.” Estendi os pães.

"Peter? Peter Rabbit21 não era cego ou sem dentes.” Cletus tirou o pão

da minha mão. “Mas ele corria riscos desnecessários com base nos caprichos

do seu estômago. Consequentemente, eu aceito a comparação.”

19
Nervosa

20
Eu em francês.

21
Pedro Coelho.
Assisti ele cheirar um e depois o outro, a sua expressão pensativa. Ele

levantou uma sobrancelha. “Estes são do tipo italiano.”

"Sim. Espero que seja...”

“Italiano é o meu favorito. E o que é isso?” Cletus se virou para a mesa e

inspecionou as caixas de sobremesa.

“Essa é torta de abóbora amanteigada.”

Ele endureceu os seus olhos indo da caixa para mim. “Nunca ouvi falar

disso, mas parece delicioso.”

“Eu realmente não sei. É algo novo que inventei hoje, com o que tinha à

mão.”

“O que tem? Além de abóbora.”

“Uh, batata doce, ovos, noz-moscada...”

“Pare aí. Você me convenceu com a noz-moscada. Aceito a sua torta. E o

que é isso?” Cletus agarrou a torta e apontou com o queixo para a caixa

maior.

"Oh aquilo. Bem, é bolo compaixão. Pelo menos, é assim que o chamei.”

Cletus ficou em silêncio por um instante, sua expressão inescrutável,

seus olhos escurecendo apenas um pouco. “Compaixão, hein?” Perguntou

suavemente, seu olhar nublado com tristeza.

“Uh, apenas pensei, bem, você sabe. Você pode estar tendo um tempo

duro.”

“Você me fez um bolo para o aniversário da morte de minha mãe,”

adivinhou, sua voz tão dolorosamente gentil que tive vontade de chorar.
"Sim. Eu fiz.” Levantei meu queixo, assumindo as minhas ações, e

resolvendo não chorar como uma pessoa louca. “É um bolo de chocolate

escuro com merengue de chocolate de coco.”

“Chocolate escuro com merengue de chocolate de coco? Isso soa muito

escuro.” O canto da boca levantou, apenas um pouco, mas seus olhos ainda

mostravam tristeza.

"É. Mas, hoje é um dia triste. Sua mãe era a mulher mais doce que

conheci e eu só queria...”. Dei um passo em frente, levada pela vontade de

abraçá-lo, abraçar alguém associado com Bethany Winston. Mas, em vez

disso enfiei as minhas mãos em meus bolsos dos jeans e dei de ombros. “Só

queria dizer que eu...”

“Oh, olá Jennifer. O que você está fazendo aqui?” Beau Winston

apareceu atrás de Cletus, abrindo mais a porta e me dando um alegre sorriso

acolhedor.

Agora, Beau Winston tinha boa aparência. E ele sabia disso. O seu

cabelo e barba eram ruivos, bem aparados e penteados habilmente; os seus

olhos eram azuis cor do céu e absolutamente devastadores, e seu sorriso era

lendário. Ele era extremamente amigável e fácil de lidar. Metades das

senhoras com pelo menos cinco anos de diferença da minha idade estavam

apaixonadas por ele. A outra metade só queria fazer coisas ruins com ele.

Nunca fiz o erro de confundir a sua simpatia com interesse. Mas muitas

mulheres o fizeram, e foram posteriormente forçadas a curar esperanças

esmagadas e corações partidos.


Cletus respondeu por mim. “Trazendo para nós bolo triste,

aparentemente.”

“Ele não vai fazer você triste,” expliquei, “Ele vai fazer você nostálgico.

Foi assim que o fiz. É um bolo de nostalgia.”

“Nostalgia soa bem.” Os olhos de Beau brilharam; o efeito combinado

com seu sorriso suave me fez ficar um pouco confusa. Mas, em seguida,

uma pitada de diabrura entrou em seu olhar quando ele olhou entre Cletus e

eu. “De qualquer forma, você quer entrar? Cletus fez o jantar hoje à noite.

Tenho certeza que ele adoraria lhe passar a sua salsicha.”

“Eu fiz salsicha.” Cletus entrou na frente de Beau. “Isso é o que Beau

quer dizer. A minha salsicha foi o jantar e as pessoas a comeram.”

“Sim.” Beau se adiantou de novo, batendo em Cletus com o ombro,

acrescentando com um sorriso, “A famosa salsicha de Cletus.”

Os olhos de Cletus se moveram e ele olhou para seu irmão mais novo.

“Você está sendo extremamente inoportuno.”

Balancei a cabeça, dando um passo para trás e jogando meu polegar

sobre meu ombro. "Não, obrigada. Não quero me impor. O meu carro ainda

está ligado.”

“Eu o desliguei”. Esta declaração veio de trás de mim.

Me virei e encontrei Billy Winston subindo os degraus da varanda. Meu

coração pulou para a minha garganta e tropecei um passo para trás.

Ah não!

Pressionei meus lábios e olhei para ele, porque isso era tudo o que

poderia fazer sem fazer papel de idiota.


Não diga nada. Não fale. Nem sequer respire.

Ele estendeu as minhas chaves e sua boca bonita se curvou em um leve

sorriso zombeteiro. “Você deixou a porta do motorista aberta.”

“Planejando para fazer uma fuga rápida?” Perguntou Beau com uma

risada.

Olhei silenciosamente para Billy e as minhas chaves. Olhei por tanto

tempo que o sorriso de Billy se transformou em uma carranca confusa.

“Pegue as suas chaves,” Cletus disse bruscamente.

Então fiz. Peguei as minhas chaves da mão de Billy e baixei os olhos

para o chão da varanda. Meu Deus, isso era o pior.

Um momento de silêncio terrivelmente desconfortável passou, durante

o qual eu olhava para o meu tênis. Senti os olhos de Cletus em mim,

queimando um lado do meu rosto.

“Bem,” resmunguei, “Desfrutem do bolo triste.” Fiz uma careta,

balançando a cabeça e cobrindo os olhos com uma mão. “Quero dizer, não

desfrutar. Só, o comam. Ou não o comam. Ele vai bem com leite.”

Outro momento sufocante passou e eu queria morrer. Em vez disso, me

virei desajeitadamente em direção aos degraus e murmurei, “Eu vou indo

agora.”

“Não, espere,” disse Cletus.

Virei-me e o vi colocar os produtos que eu trouxe nos braços de Beau.

“Tome isso e vá para dentro. Billy pegue o bolo triste. Nós não vamos

demorar.”
Billy me deu um sorriso estranho, como se ele tivesse um pouco de

medo de mim, e não posso dizer que eu o culpava. Enquanto isso, Beau

piscou na minha direção e desapareceu dentro da casa com um sorriso.

Assim que a porta se fechou, Cletus virou, as mãos nos quadris, seus

olhos grandes e atentos. “Diga-me o acabou de acontecer.”

"O que você quer dizer?"

“Com Billy. O que aconteceu com Billy? O que é que foi isso?"

Cobri o rosto com as mãos. “Foi realmente terrível, não foi?”

“Não terrível...” Ele começou, mas não terminou.

"Certo. Não foi terrível comparado a um acidente de avião.”

Ele ficou em silêncio por um momento. E então ouvi risadas.

Olhei para ele por entre os meus dedos. Com certeza, Cletus estava

rindo.

As minhas mãos caíram e não pude evitar o meu sorriso ou minha

risada. O seu riso era contagiante. Olhos brilhantes me cativaram, ainda

mais brilhantes devido aos seus cílios bonitos, e a uma boca muito agradável

cheia de dentes retos, brancos. A risada de Cletus fez algo quente e rico

bombear em minhas veias; isso me fez pensar em chocolate suíço, semi

adoçado, batido com creme em um escuro, espesso e luxuoso ganache.

“Sim,” ele limpou os olhos e balançou a cabeça, “Você está certa. Foi

terrível.”

Suspirei, ainda sorrindo, porque ele ainda estava sorrindo. "Eu sinto

muito."
"Não, não. Está bem. Você gosta de Billy.” Ele deu de ombros. “Você

não seria a primeira.”

Fiz uma careta e balancei a cabeça. "Não. Não, não. Não é nada disso.

Eu não gosto de Billy.”

Cletus se endireitou, suas sobrancelhas arquearam. "Você tem certeza?

Porque isso parecia...”

"Não. Eu, não. Quer dizer, tenho certeza que ele é muito bom. Mas não

é por isso que não consigo formar frases em torno dele.”

Ele me estudou por um momento, então coçou o queixo. "Tudo bem.

Esclareça-me. Por que você perde a função motora em torno de Billy?”

“Não é apenas Billy. É perto de alguém que meu pai aprova. Eu... Eu

não posso evitar. Fico nervosa, na esperança de causar uma boa impressão, e

acabo falando bobagem.”

“O seu pai aprova o meu irmão Billy?”

Assenti com a cabeça uma vez.

Cletus fez uma carranca pensativa e parecia estar confuso. “Você vai ter

que soletrar isso para mim. Não estou entendendo. O que quer dizer com

que seu pai aprova Billy?”

“Quero dizer, o meu pai identificou um número de homens na área e,

bem,” inalei profundamente, de repente me sentindo com falta de ar, “Ele

me indicou aqueles que são apropriados, se eles mostrarem interesse. Os

homens com quem deveria tentar... causar... uma boa impressão."

Meu pai tinha me dito em mais de uma ocasião o quanto era importante

eu me casar bem. Crescendo, costumava dizer coisas como: Você não é muito
brilhante, mas felizmente você é bonita o suficiente para pegar um marido rico.

Apenas mantenha a boca fechada e sorria. Ser bonita e ter um belo sorriso não

eram coisas ruins, mas sempre achei difícil aceitar os insultos de meu pai

como elogios.

Cletus continuava me examinando; os seus olhos estavam claros,

nítidos e avaliadores. "É assim mesmo?"

Balancei a cabeça e rolei os meus lábios entre meus dentes, me sentindo

como uma tola por algum motivo. O meu rosto ficou quente sob o seu olhar.

“Isso é fascinante.” Ele parecia realmente interessado. “Quem mais está

na lista?”

Olhei por cima do ombro de Cletus enquanto tentava lembrar os nomes

que meu pai tinha mencionado ao longo dos anos. “Bem, Billy surge mais

vezes. Isso é provavelmente porque fico no meu pior quando ele está por

perto. Ele também mencionou Hank Weller...”

“Hank Weller?” Cletus pareceu surpreso, mas não desaprovou. “Bem,

imagino que ele é bom em pesca e tem uma cabeça boa para os negócios.

Quem mais?"

“Um, Dr. Runous...”

"Drew?"

"Sim. Mas isso foi antes dele e sua irmã terem se envolvido. Ele não o

menciona há um tempo.”

"Alguém mais?"

“Hum, vamos ver... Jackson James.”


“Jackson?” Cletus fez uma careta, franzindo o nariz em desgosto. “Esse

ignorante?”

Tentei não sorrir, mas não consegui. Cletus parecia positivamente

horrorizado com a mera ideia, até mesmo afrontado com a menção desse

nome.

“Ele não é tão ruim,” disse, incapaz de me conter, querendo ver sua

reação.

"Sim. Exatamente. Ele não é tão ruim. Ele é simplesmente

tremendamente ruim. E ele não está certamente na mesma categoria que

Billy, ou Drew ou mesmo Hank. O seu pai tem o julgamento prejudicado e

não se pode confiar nele.” O seu olhar focou em algum lugar sobre a minha

cabeça, estreitando os olhos apenas um pouco quando ele puxou o lábio

inferior entre os dentes e o mordeu. Reconheci que isso significava que ele

estava imerso em pensamentos.

Aproveitei a oportunidade para estudar seu rosto, apreciando a vista

dele de perto. Apesar de suas tentativas para mascarar sua beleza com um

cabelo selvagem e uma barba espessa, ele ainda era extremamente atraente.

Era verdade, mas ele também era ainda perigoso. Mas gostava de pensar

que tínhamos formado uma espécie de estranha amizade. Com essa amizade

veio um carinho igualmente estranho.

Era verdade, estava começando a sentir afeição por ele. E sabia que era

totalmente maluco, pois na verdade eu estava chantageando ele, e ainda

tinha um pouco de medo dele também, e ele não estava agindo por bondade

de seu coração, mas lá estava ele. Afeto, puro e simples.


“Tenho uma ideia,” anunciou, estalando os dedos de uma mão. “E é

brilhante.”

“Claro que é.” Sorri para ele, apreciando a minha vista ainda mais

agora que seus olhos inteligentes estavam brilhantes de emoção e me

encarando.

“Billy irá levá-la em um encontro.”

Congelei, o meu sorriso imediatamente se transformou em uma

carranca escancarada de horror absoluto. "Espere... o que?"

“Você e Billy. Um encontro,” disse lentamente e em voz alta,

pronunciando cada sílaba, como se eu estivesse com dificuldades de

audição.

Sem pensar, bati em seu braço e, me inclinei, respondendo em um

sussurro apressado. “Ouvi da primeira vez, não sou surda.”

"Bom. Apenas checando."

"Não. Não é bom. Não vou a um encontro com Billy!”

Agora, ele franziu a testa. "Por que não?"

"Por que...” Acenei meus braços ao redor sem nenhuma finalidade.

“Você não acabou de testemunhar o acidente de trem um minuto atrás?”

Ele assentiu solenemente. “Foi impossível de perder.”

Um som estrangulado escapou da minha garganta. “Como você pode

possivelmente pensar que um encontro com Billy é uma boa ideia?”

“Precisamente por causa de como você reagiu.” O seu tom era

irritantemente racional e acadêmico. “Você quer um marido, sim?”


“Sim,” sussurrei, olhando para trás de Cletus desnecessariamente para

garantir que não estávamos sendo ouvidos.

“E estou supondo que você quer se casar com alguém que seus pais

aprovam, sim?”

Hesitei, depois assenti com força, percebendo onde ele queria chegar.

Ele estava certo. Claro que estava certo. Se conseguisse ter um encontro

com Billy, então poderia ter um encontro com qualquer outro.

“Vejo o seu ponto.” Admiti miseravelmente.

"Oh agora. Vamos. Billy não é tão ruim.” Cletus cutucou o meu ombro,

repetindo as minhas palavras de mais cedo.

Bufei uma risada exasperada. "Sim. Não é tão ruim. Só que acho que

você está esquecendo um fato muito importante.”

“Nunca esqueço fatos...” Ele balançou a cabeça rapidamente, tanto

negando como me provocando “Os fatos são meus amigos.”

"Oh sim? Você acha?"

“Sei que sim. Envio aos fatos em cartões de Natal todos os anos e eles

me retribuem com casca de hortelã-pimenta.”

“Bem, então, o que me diz sobre este fato: Billy nunca vai me convidar

para sair em um encontro.”

E isso era um fato.

Billy Winston estava completamente e irrevogavelmente apaixonado

por Claire McClure. Esta informação não era amplamente conhecida, mas eu

sabia. Eu era uma observadora de pessoas.


Ele estava apaixonado por ela por anos. Anos e anos. Eles se

observavam mutuamente, sempre lançando olhares cautelosos quando

pensavam que o outro não estava vendo. Era tão doloroso e frustrante ver

duas pessoas tão desesperadamente apaixonadas escondendo os seus

sentimentos.

Portanto, sabia - como um fato - de que Billy Winston nunca, nunca, nem

em um milhão de anos, me pediria para sair em um encontro.


CAPÍTULO 9

“Não riam das solteironas, queridas meninas, por vezes muito sensíveis, muitas

vezes, estão escondidos nos corações que batem tão silenciosamente sob os vestidos

sóbrios, romances trágicos.”

- Louisa May Alcott, Little Women

~Jennifer~
QUANDO BILLY WINSTON me pediu para irmos a um encontro, foi

terrível... E não foi.

Permitam-me explicar.

“Atenção todos, vocês conhecem Jennifer, certo?” Cletus me conduziu

para a casa de sua família, interrompendo as suas conversas para me

apresentar.

Dei para a sala um sorriso apertado e um pequeno aceno, incapaz de

levantar o meu olhar, devido à pressão de vinte e tantos olhos se movendo

sobre a minha pessoa.

"Eu não."

Olhei para cima, para encontrar uma mulher alta e linda com cabelo

castanho escuro e olhos marrons sorridentes se levantado do seu lugar no

sofá. Eu imediatamente a reconheci como Sienna Diaz. Reconheci porque ela

era uma estrela de cinema famosa e eu tinha visto todos os seus filmes. Ela

era fantástica.
Sienna estendeu a mão para mim e dei um passo à frente, um pouco

deslumbrada, não porque ela era uma estrela de cinema, mas porque tinha

uma aura sobre ela, como um campo gravitacional de brilhantes22 do 4 de

julho.

“Você conhece Jenn, Sienna. Ela é a rainha do bolo de banana.” Ouvi

Beau explicar.

Meu coração caiu, mas recuperei o meu sorriso. "Muito prazer em

conhecê-la."

“Oh. Sim. Conheço a sua reputação.” Ela parecia feliz e deu à minha

mão um pequeno aperto antes de liberar. “Já provei o seu incrível bolo.”

“Ela não é a Rainha do Bolo de Banana, Beau. Ela é Jennifer Sylvester e

ela gosta de jardinagem, vestida em um macacão,” Cletus repreendeu seu

irmão. Então, antes que pudesse me recuperar de sua declaração, ele me

empurrou em direção a sua irmã. “Vá falar com Ashley. Ela também gosta

de jardinagem. Conversem."

Ashley se levantou e deu a Cletus um sorriso gigante, em seguida,

voltou a sua atenção para mim, pegando as minhas mãos. “Venha aqui e

conte-me tudo sobre o seu jardim, Jenn.” Ashley me puxou para frente e sem

a menor cerimônia me colocou no sofá ao lado dela. “E então me diga se

você conservou com alguns tomates este ano. Eu tenho os meus congelados

em sacos, mas gostaria de fazer mais conserva.”

22
“Billy venha comigo. Temos bolo triste para cortar e uma torta de

abóbora para provar.” Cletus fez sinal para Billy o seguir, o que observei

Billy parecendo fazer com alguma relutância.

Com Cletus e Billy ausentes, a sala ficou em silêncio e senti os olhos de

todos em mim. Coloquei os meus dedos sob as minhas coxas para evitar

torcé-los no meu colo, e ergui os olhos para a expressão amigável de Ashley.

“Bem, agora, vamos ver,” engoli, tentando ignorar todos e me

concentrar na questão de Ashley. “Enlatei tomates. Mas usei uma panela de

pressão este ano para eles e meus outros vegetais. Eu tive alguns problemas

no ano passado com os meus feijões, quando usei apenas a lata.”

Ela bateu no meu joelho e se virou para o outro lado. “Veja agora,

Drew. Precisamos de uma panela de pressão.”

O que? Drew? Ah não!

Ergui os olhos e, para meu horror, encontrei Drew Runous sentado do

outro lado de Ashley Winston. Ele estava me olhando com uma expressão

cautelosa.

E sabia o porquê.

E não o culpo. Eu ficaria desconfiada de mim também.

Mortificação e pânico tinham me feito saltar para os meus pés. Olhei ao

redor da sala, procurando uma saída e encontrando apenas um mar de

olhos olhando para mim como se eu fosse um doente mental que fugiu.

“Jenn?” Perguntou Ashley, com preocupação em sua voz quando ela se

levantou junto a mim. "Você está bem?"


"Sim. Estou bem. Banheiro?” Perguntei com força, mantendo meu

olhar baixo.

“Um, lá no corredor. Segunda porta à esquerda.”

Balancei a cabeça uma vez e sai apressada para o corredor, o meu

coração trovejando entre os meus ouvidos. Andei até o fim do corredor,

então percebi que tinha passado a porta do banheiro. Mas então não

conseguia me lembrar de qual era a porta que Ashley me indicou, era a

segunda ou a terceira? E era a da direita ou a da esquerda? Esta casa era

enorme e o corredor inteiro tinha demasiadas portas.

Tentei refazer tranquilamente os meus passos, testando a terceira porta

à minha direita e descobri que era um armário.

“Mate-me.” Murmurei sob a minha respiração.

As minhas mãos estavam suadas, então as limpei nos meus jeans e

tentei a porta ao lado. Era um estúdio de algum tipo, ou uma biblioteca.

“Droga.” Fechei os olhos e se me encostei à parede. Isso era o pior. Eu

era o pior. Nunca deveria ter vindo aqui. Deveria ter só...

“Jennifer? O que você está fazendo?” A pergunta de Cletus me fez abrir

os olhos e me endireitar da parede.

Ele ficou em uma porta aberta, as mãos nos quadris, Billy pairando

atrás dele e me olhando com preocupação colada em sua testa.

Olhei entre os dois homens. “Estou procurando o banheiro.”

Cletus levantou uma sobrancelha para mim, me examinando e

dissecando. “Você não precisa usar o banheiro. Você está procurando uma

fuga.”
Dei uma respiração profunda e a barragem rompeu. "Está certo. Estou

à procura de uma fuga. Drew está lá fora. E, ó meu Deus, Cletus, sou a pior.

Sou tão estranha, minha estranheza está envergonhada pelo meu ser

estranho.”

Com a minha visão periférica, notei que Billy entrou mais para o

corredor, mas não conseguia parar de falar, e precisava contar a alguém

sobre a minha vergonha secreta e Cletus era essa pessoa. Eu o conhecia

melhor agora. Sabia que ele era estranho e não me julgava. Mas também, ele

não poderia me afastar. Eu o estava chantageando. Ele tinha que ouvir.

“Tenho certeza de que não é assim tão ruim...”

"É. Foi. Você não sabe o que eu fiz,” sussurrei depressa. “No ano

passado, em uma tentativa equivocada de dar início à minha busca, dirigi

até a estação de rangers e dei um bolo de banana a Drew. E então, eu o

beijei.”

Ambos Billy e Cletus se endireitaram, olharam um para o outro, e em

seguida, olharam para mim.

“Na verdade, o beijo pode ser a palavra errada,” lamentei. “Não tinha

ideia do que estava fazendo na época e, claramente, muito menos agora. Foi

mais como uma colisão de lábios.” Esmaguei os meus dedos em um

movimento desajeitado, querendo demonstrar como realmente

desconfortável e infeliz o beijo tinha sido.

Cletus revirou os lábios entre os dentes e olhou para mim. Não reparei

no início, porque estava perdida na minha humilhação, mas Cletus estava

rindo. Nem percebi que Billy também estava rindo.


Não percebi até que Billy fez um som inadvertido na parte de trás de

sua garganta e cobriu a boca com a mão. Então olhei para eles. Olhei para os

dois. Seus olhos estavam aguados e os seus ombros tremiam.

Bufei uma risada e balancei a cabeça. Um novo tipo de

constrangimento se espalhou pelos meus dedos, do tipo que acompanha

alguém sendo o alvo de uma piada. Conhecia bem esse constrangimento.

“Acho que é meio engraçado,” disse, esperando soar bem-humorada e

autodepreciativa, em vez de quebrada.

Ambos pararam de rir, e isso me fez sentir ainda pior.

As lágrimas ardiam no fundo dos meus olhos, apertando a minha

garganta. Olhei pelo corredor, em direção à porta da frente, e mordi o meu

lábio inferior. “Eu acho...” Eu parei, engoli em seco e tentei novamente. “Eu

acho que estou indo embora agora.”

Comecei a andar, mas encontrei o meu caminho imediatamente

bloqueado tanto por Billy como por Cletus.

“Agora, espere. Espere um minuto.” Cletus segurou meus braços, me

mantendo no lugar. “Apenas se acalme.”

“Jennifer, por favor, aceite minhas desculpas. Isso foi muito pouco

cavalheiresco. Nós não deviamos ter rido.” Isso veio de Billy, que pairava ao

meu lado. Ele levantou a mão como se a quisesse colocar no meu ombro,

mas em vez disso passou os dedos pelo cabelo escuro. "Eu sinto muito."

Olhei para ele e dei de ombros, um sorriso rígido no meu rosto. “Não é

grande coisa, estou acostumada a isso.”


Estava acostumada a isso, ser ridicularizada, ser alvo de piadas, não

sabia por que estava agindo de maneira tão boba. Não era grande coisa.

Não. Era. Grande. Coisa.

As minhas palavras pareceram frustrar Billy, porque ele franziu a testa,

os seus olhos azuis gelados aqueceram, enquanto se moviam sobre mim.

“Você é uma boa garota. E não deve ser usada para as pessoas rirem de você.

Isso não está certo."

Cletus estava muito quieto, estranhamente quieto, mas os seus olhos

estavam arregalados e vigilantes quando eles pulavam entre nós.

Falei sem pensar, querendo diminuir sua culpa. “Oh, está tudo bem.

Prefiro fazer as pessoas rirem a os fazer chorar.” Billy fez uma careta e

percebi tarde demais o que disse: eu os tinha feito rir, e eles me fizeram

chorar.

“Ugh!” Escondi meu rosto em minhas mãos e agora eu estava rindo.

“Sempre digo a coisa errada.”

“Talvez você só precise de prática,” disse Cletus com muito cuidado,

seu tom mostrando mais do que as suas palavras diziam.

Olhei através de meus dedos e encontrei Cletus e Billy olhando um

para o outro, algo significativo passando entre eles.

Billy suspirou. Em seguida, ele assentiu. E depois, ele voltou a sua

atenção para mim.

Cletus soltou os meus braços e deu um passo atrás, enfiando os dedos

nos bolsos. Billy, por sua vez, se colocou no espaço que Cletus tinha

desocupado.
“Talvez você só precise de prática.” Billy repetiu as palavras de Cletus

suavemente, seu sorriso pequeno e persuasivo.

Estudei ele com espanto, as minhas mãos caindo do meu rosto. Não

conseguia pensar em nada para dizer, principalmente porque não entendia o

que estava acontecendo. Meu olhar se desviou para Cletus. Ele estava

encostado com um ombro contra a parede e seus olhos estavam

cuidadosamente no chão, como se o piso do corredor fosse incrivelmente

fascinante.

“Jenn...” Billy disse, chamando a minha atenção de volta para ele e a

sua expressão séria.

"Sim?"

“Que tal se eu a ajudasse? Eu posso ajuda-la a praticar.”

A minha boca se abriu e tenho a certeza que o meu rosto mostrou o

meu alarme. “Por que você faria isso?” Perguntei antes que pudesse me

conter.

O seu sorriso se alargou e ele olhou para mim como se eu fosse

adorável.

Adorável.

Não uma bagunça quente.

E isso fez o meu coração terno sentir mais por eles e ficar menos

sensível.

“Porque você é uma boa pessoa,” disse simplesmente, encolhendo os

ombros e me fazendo sorrir; mas depois acrescentou com um brilho de


maldade por trás de seus olhos, “E talvez, se você estiver se sentindo

generosa, vou ganhar um bolo de banana com isso.”

***

DEPOIS DE TER O MEU PERIPAQUE no corredor, e relutantemente

aceitar a oferta de ajuda de Billy Winston, eu observava Billy e Cletus na

cozinha e como eles dividiram as sobremesas. Sob o olhar atento de Cletus,

Billy e eu trocamos números de telefone celular para que pudéssemos fazer

planos. Em seguida, nós três levamos fatias de bolo e torta para a sua

família.

Pode chamar de coragem ou de insanidade temporária; o que quer que

fosse, fiz um ponto ao levar a Ashley e Drew o seu pedaço de torta e bolo.

Drew aceitou com cautela, e ele tinha todo o direito de fazer, e Ashley

aceitou o dela com um pequeno sorriso. Então me sentei ao lado de Ashley,

olhei para Drew de frente, e disse: “Agora, voltando à nossa discussão, não

há nenhuma necessidade de você adquirir uma panela de pressão. Você

pode pedir a minha emprestada.”

O sorriso de Ashley cresceu. "Excelente ideia. Não concorda, Drew?”

Os olhos de prata de Drew se estreitaram em mim. Encontrei o seu

olhar, usando o meu para (espero) comunicar arrependimento e fazer um

apelo para recomeçar.


Ainda apertando os olhos, Drew finalmente disse: “Não é como se nós

precisássemos de uma panela de pressão durante todo o ano. Se usarmos a

de Jennifer, então, todos nós podemos fazer as nossas conservas juntos,

tornando assim o trabalho mais rápido.”

Ashley virou o sorriso amigável de volta para mim. "Fantástico. Vamos

fazer isso. Quando você vai colher a sua horta de Outono?”

O alívio que senti foi considerável, porque vinha evitando Drew

Runous por mais de um ano. Seria bom não ter que fugir em outra direção

cada vez que o avistava.

Considerando todas as coisas, o resto da noite foi surpreendentemente

bom. Os irmãos Winston, como a sua mãe, eram verdadeiramente amáveis.

E as pessoas que escolheram como parceiros também eram encantadoras.

Duane e Jessica faziam um bonito casal; Ashley e Drew se encaixam

perfeitamente; e ver como Jethro se preocupava com Sienna aqueceu o meu

coração.

A noite foi surpreendentemente boa, apesar de tipicamente não

desfrutar de grandes grupos de pessoas. Na verdade, geralmente evitava

grupos como regra. Tendo sido ensinada em casa, provavelmente teve algo a

ver com isso. Nem todos os alunos que estudam em casa são desta maneira,

mas minha mãe não viu a necessidade de me socializar com outras crianças

da minha idade. Agora, nos meus vinte anos, a dinâmica de um grupo

parecia estranha e intimidadora.

Mas uma vez que relaxei e apenas me permiti ser eu mesma, sendo

uma parte deste grupo, o grupo dos Winston, foi fácil. Eles não olhavam ou
esperavam que eu atuasse. Não tive que falar mais nada quando Ashley e eu

terminamos a nossa conversa sobre conservas. Uma hora se passou onde eu

não falei nada. Só ouvi, e me misturei, e me diverti muito.

“Que fique registrado, nunca diga nunca para Cletus Winston.” Cletus

afirmou, um sorriso presunçosamente satisfeito em suas feições.

No momento, Cletus estava me levando para o meu carro. Tinha

perdido a noção do tempo e quando percebi que era depois das 10:00 da

noite, pedi desculpas, pois tinha que ir. Ele pulou de seu assento e se

ofereceu para me levar até lá fora, e por isso aqui estávamos.

Olhei para ele e revirei os olhos. "Bem. Você estava certo. Nunca vou

dizer nunca para Cletus Winston.”

O seu sorriso se alargou brevemente, mas, em seguida, limpou a

garganta e retirou todo o humor de sua face. “Nós temos uma lição na

segunda-feira e você tem uma nova tarefa de casa.”

"Eu tenho?"

Cletus abriu a porta do lado do motorista do meu carro. "Você tem.

Esta semana, e uma vez por dia pelo próximo mês, você estará mudando

uma coisa. ”

Esperei que ele continuasse. Quando ele não fez, perguntei, “O que

você quer dizer? ”

"Só isso. Você vai mudar uma coisa todos os dias pelo próximo mês. ”

"Mudar o quê?"

Ele encolheu os ombros. "Isso é com você."


Fiz uma careta para ele, uma bolha de desconforto me fazendo

contorcer. “Você vai ter que ser mais específico. ”

Seu sorriso voltou, mas agora era malicioso. "Não."

“Cletus.”

“Não.” Ele balançou a cabeça teimosamente. "Não, senhora. Você tem

que decidir. Pode ser qualquer coisa, qualquer coisa. Mudar o caminho que

você toma para trabalhar, mudar o batom que você usa ou ficar louca e

mudar a sua cor de cabelo. A única regra é, tem que ser algo que você deseja

alterar. Você tem que querer isso, não sua mãe, e não seu pai, não seu cão,

você.”

Olhei para ele. A liberdade que ele me deu parecia muito pesada,

muito estranha. Mas também emocionante.

“Não tenho um cão,” brinquei.

“Aí está um exemplo. Mude a sua falta de cão.”

“Tudo bem,” disse finalmente, ambos sorrimos e olhamos um para o

outro quando deslizei em meu carro. "Bem. Vou mudar a minha roupa

íntima.”

Ele soltou uma risada e deu um passo para trás quando fechei minha

porta. Liguei o motor e abri a janela. “Agora, não fique louca,” brincou.

Pressionei meus lábios para que ele não me visse sorrindo quando dei

marcha ré para fora da minha vaga de estacionamento. Mas assim que virei

para a estrada principal, deixei o sorriso solto. E sorri quase todo o caminho

de casa.
Quase... porque assim que parei na garagem dos meus pais, o peso do

meu dia, de tudo o que aconteceu antes de levar o bolo de compaixão para

os Winston, me alcançou. A minha mãe estaria em casa. Assim como o meu

pai. Ainda teria que lidar com as consequências de dizer não a minha mãe.

Com o coração pesado, estacionei o meu carro e me forcei a deixá-lo.

Talvez eles estejam dormindo.

Mas sabia que eles não estavam. A luz da porta de entrada estava

acesa. O meu pai sempre apagava a luz da entrada quando ia para a cama.

O meu pé apenas tocou a borda da varanda quando o meu pai abriu a

porta da frente, com uma expressão furiosa.

“Jennifer Anne Sylvester, entre imediatamente nesta casa.”

Suspirei baixinho e balancei a cabeça, passando por ele e entrando pela

porta. A minha mãe estava esperando por mim, vestida com seu roupão azul

e a maquiagem ainda em seu rosto.

“Que bom que você finalmente decidiu voltar para casa.” Tinha os

braços cruzados e seus olhos estavam um pouco selvagens; a sua voz estava

atada com mágoa mal contida e medo. “Você sabe quão preocupados

estávamos?”

“Sinto muito.” A culpa e decepção que eu sentia, me dificultavam a

respiração. Odiava desapontar a minha mãe. “Deveria ter mandado uma

mensagem e dizer-lhe...”

"Não. Você deveria ter vindo direto para casa,” o meu pai corrigiu, o

seu tom monótono e furioso. “Você não tem nenhum negócio para estar fora

até tão tarde.”


Eles olharam para mim, descontentamento e irritação gravados em

suas faces. O meu estômago virou, me senti um pouco enjoada.

Minha mãe quebrou o silêncio pesado, suas palavras cheias de

frustração. “Você está de jeans, Jennifer. Você está tentando arruinar tudo?

Tudo para o que nós trabalhamos?”

Neguei com a cabeça, mas era incapaz de falar. Não queria dizer a ela

que tinha sujado o meu vestido com cobertura de chocolate porque o avental

que ela queria que eu usasse não fornecia uma proteção adequada. Então,

tinha me trocado, em vez de usar o vestido sujo. Não quero dizer isso a ela,

porque não faria qualquer diferença para a sua raiva.

O meu pai bufou, soltando uma risada sem humor. “Ponha-nos a par,

Jennifer. Use qualquer cérebro que você tenha. Será que vamos ter que

adivinhar? Ou você está pensando em nos dizer onde você esteve? O que

tinha de tão importante para fazer que deixou a sua mãe preocupada quase

até a morte? ”

“Fui levar um bolo de compaixão para os Winstons. Hoje é o

aniversário de um ano da morte de Bethany Winston e eu... eu apenas

pensei, talvez que o bolo ajudaria. ”

Os meus pais ficaram em silêncio por um instante, trocando um olhar,

então os seus olhos se fixaram de volta em mim.

“Você está nos dizendo uma mentira, Jennifer? Porque são quase 22:30

e você está desaparecida desde esta tarde.” A voz do meu pai era pétrea e

com suspeita.
Balancei a cabeça, pronta para defender a minha honestidade, mas o

meu telefone escolheu aquele momento para tocar. Assustada, puxei o

celular da minha bolsa. Antes que pudesse verificar quem era, o meu pai o

pegou da minha mão e respondeu, o levando ao ouvido.

“Quem é?” Perguntou.

Olhei para minha mãe, que estava me observando com os olhos tristes,

afiados com a decepção.

“O quê?” O meu pai ficou rígido, se endireitando e me encarando.

“Oh, oh. Olá, Billy. Ah não. Está bem. Não é assim tão tarde. Não, não. De

modo nenhum. Sim, vou passar para a Jennifer. ”

Com confusão e admiração, o meu pai me entregou o meu telefone de

volta e murmurou para a minha mãe e para mim: “É Billy Winston.”

Aceitei o telefone, franzi a testa para ele e então o coloquei ao meu

ouvido. "Olá?"

“Ei, você saiu antes que pudéssemos fazer planos.” A voz de barítono

de Billy soou do outro lado.

“Oh, desculpe.” Balancei a cabeça para limpar, a nossa conversa

anterior parecendo que aconteceu há semanas, e não há horas atrás.

Então ouvi a exigência de Cletus ao fundo, “Leve-a para The Front

Porch para comer um bife, e não a deixe dividir a conta.”

“Cuide da sua vida, Cletus,” Billy repreendeu.

“Ela é da minha conta,” Cletus replicou.

Sorri, apesar de tudo.

“Jenn? Você ainda está aí?"


“Sim, estou aqui.” Arrisquei um olhar para os meus pais e os encontrei

me observando com espanto não disfarçado.

“O que acha de sexta-feira? Nós vamos um pouco ao conserto, então ao

The Front Porch.” Billy sugeriu.

“Para um bife.” Cletus gritou.

“Uh, conserto na sexta-feira e, em seguida, The Front Porch?” Esclareci.

O meu pai balançou a cabeça com veemência e minha mãe cobriu a

boca, os olhos arregalados e animados. Ambos pareciam felizes e orgulhosos

e tão totalmente diferentes do que estavam há poucos momentos.

E uma coisa engraçada aconteceu. O meu coração se partiu um pouco.

Olhando para os meus pais e a sua mudança de humor de cem e oitenta

graus... bem, parecia uma traição.

“Yep,” Billy confirmou. “E Cletus diz que você não pode usar um

vestido amarelo. E, para que conste, concordo.”

“Negócio fechado,” disse, fazendo o meu melhor para infundir ao meu

tom alegria, embora estivesse um pouco em pânico com o convite.

Billy não notou o meu falso entusiasmo. Combinamos as coisas e nos

despedimos. Meus pais não pareceram notar, porque assim que desliguei

com Billy, eles correram para me dar abraços.

“Estou tão orgulhosa de você, Jennifer.” O meu pai beijou o meu rosto,

olhando para mim como se eu fosse algo especial.

“Oh, Jenny, você deveria ter dito algo. Não admira que você não

quisesse prestar especial atenção para Alan Northumberland, não quando

você tem Billy Winston ligando para você.” Minha mãe riu.
Sim. Riu.

Obriguei-me a formar algo como um sorriso com a minha boca, me

afastando da sua agitação. "Estou muito cansada. Acho que vou dormir

agora.”

"Sim, sim. Vá ter o seu sono de beleza.” Minha mãe me enxotou para

longe, a sua tristeza de mais cedo e decepção substituída por admiração e

orgulho.

Virei-me e caminhei para o meu quarto, o meu estômago ainda doente,

e o meu coração quebrado em pedaços. Em um momento fui tratada como

uma menina desobediente, desrespeitosa de doze anos de idade, e no

próximo como um belo sucesso.

Tudo por causa de Billy.

Nunca por causa de mim.


CAPÍTULO 10

“Tenho um desejo inarticulado profundamente escondido por algo além da vida

diária. ”

―Virginia Woolf, Moments of Being

~ Jennifer~

UM DIA DEPOIS DE receber o meu novo trabalho de casa, mudei o

meu esmalte de unha.

Em vez do rosa Borgonha23, Borgonha escura. Estava no Piggly Wiggly,

pegando no meio da semana um caixote raramente exigido de bananas,

quando vi a nova cor no final de um corredor. As folhas de Oxydendrum24

viram um marrom escuro no Outono por toda a parte das Smoky

Mountains25; essa cor me lembrou de seu último vibrante “viva” antes do

inverno.

Olhei. Gostei. Comprei.

Naquela tarde, depois que tinha acabado os meus pedidos especiais

para o dia seguinte, removi o esmalte rosa e o substituiu por Borgonha.

23

24

25
Cordilheira, parte dos Montes Apalaches, localizada nos estados de Tennesse e Carolina do Norte, nos
Estados Unidos.
Este pequeno ato de rebeldia fez o meu coração acelerar quando percebi

que estaria usando as unhas com esmalte roxo durante o jantar. Os meus

pais iriam ver e minha mãe poderia não gostar dele...

Mas depois me lembrei de como tinham me acusado de ser uma

mentirosa na noite anterior, como tinham ficado orgulhosos de mim por

causa do telefonema de Billy Winston, como tinham estado chateados um

momento e exultantes no próximo.

E o meu coração endureceu.

O meu pai geralmente fazia o jantar. Ele era muito esquisito com a

comida, como era preparada e que ingredientes eram usados. Ele era tão

esquisito, que nunca comeu qualquer coisa que cozinhei, nem mesmo o meu

bolo de banana. Acho que poderia dizer que ele era um maluco por saúde.

“Jennifer. Venha e ponha a mesa.” Ele gritou.

Pulei um pouco na minha cadeira. Tinha estado absorvida com uma

carta de um dos meus amigos por correspondência. Anne-Claire Noel vivia

no sul da França e, durante os últimos seis anos, me escreveu sobre as

histórias mais cativantes da vida noturna local.

Ela sempre começava todas as suas cartas com Jennifer, tu ne croiras

jamais ce qui estarrivé! (Tradução: Jennifer, você nunca vai acreditar no que

aconteceu!)

E sempre terminava suas cartas com Quand vas-tu faire payer ces gens

pourte faire bosserquatre-vingt (80) heures par semaine? L'esclavage sous contratest

illégal aux Etats-Unis. (Tradução: Quando é que você vai fazer as pessoas
pagar por você trabalhar oitenta horas por semana? Escravidão sob contrato

é ilegal nos EUA.)

Depois de tantos anos escrevendo cartas aos meus amigos por

correspondência, conseguia ler e escrever em francês, alemão e japonês.

Felizmente, o meu pai não sabia ler francês. Nem podia decifrar as cartas do

meu amigo japonês (escrita em japonês) que muitas vezes incluíam histórias

que eram ainda mais picantes do que as de Anne-Claire Noel. Ele tentou

interceptar algumas cartas e traduzi-las, mas perdeu o interesse depois de

alguns dias.

Graças a Deus ele não sabe sobre o Google tradutor; pelo menos, ele

não sabe sobre isso ainda. Temia o dia em que descobrisse a sua existência.

Apenas no caso, mantinha as cartas mais escandalosas escondidas em vários

livros nas minhas prateleiras.

Só conheci Anne-Claire Noel uma vez, em um concurso de beleza

infantil, quando tinha sete anos e ela tinha oito, mas estávamos escrevendo

uma à outra desde então. Ela agora estava na faculdade de direito e tinha

estado me pedindo para formalizar o meu papel com a padaria Donner

desde que eu tinha quinze anos. A sua sugestão mais frequente era para eu

estabelecer a minha própria empresa e ter minha mãe me pagando como

uma empresa contratada.

Vivi indiretamente através das suas aventuras e esperava visitá-la... um

dia. Claro, ela sempre trouxe o fato de que, assim que formalizasse os

termos do meu trabalho com a padaria, teria muito mais do meu próprio
dinheiro para gastar no que eu gostava, incluindo voar para o sul da França

se assim desejasse.

Levei a ideia aos meus pais de que me pagassem quando tinha

dezenove anos. A conversa não correu bem. O meu pai ficou furioso, então

nunca trouxe a conversa novamente. Nem gostava de pensar nisso, pois

sabia que eles iriam se ofender. Além disso, tinha algum dinheiro; Não

muito e não uma conta bancária. Mas não era como se meus pais fossem

mesquinhos comigo. Dirigia um carro BMW novinho; que tinha sido um

presente no meu aniversário.

Mas o nome de sua mãe está no título, não o seu...

Coloquei a carta de lado e dei as minhas recém-pintadas unhas mais

uma olhada, depois saí do meu quarto. Sem dizer uma palavra, pus a mesa

enquanto me lembrava da conversa que tive com meu pai quando tinha

dezenove anos, e como chateado ficou quando sugeri ser paga por trabalhar

na padaria.

Pensando bem sobre isso, os meus pais pareciam se ofender não

importa o que eu fizesse.

Aposto que eles vão ficar com raiva sobre o meu esmalte de unha.

Esta noite o meu pai estava fazendo frango cozido e brócolis sem

molho. Suspeitava que tivesse um prazer perverso na preparação insípida, e,

portanto, comida sem graça. Portanto, me senti apática sobre o seu frango

grelhado e brócolis, mas pensei de uma forma apaixonada sobre o meu novo

esmalte de unha e pela hora do jantar estava pronta e nós nos sentamos à

mesa.
Decidi se eles não gostassem da minha unha, então eles só poderiam...

somente... não gostar, era o que era. Eles não tinham que gostar de tudo

sobre mim.

Eles não são eu.

Eu sou eu.

Tenho que viver comigo, durante todo o dia, todos os dias.

E gosto do esmalte vermelho!

“Jennifer?”

Sacudi-me e encontrei o olhar interrogativo de meu pai.

“Sim, senhor?” Perguntei.

"Você está ouvindo?"

Balancei a cabeça, cerrando os punhos debaixo da mesa, me preparando

para um confronto. "Não. Estava pensando."

Os meus pais compartilharam, um olhar divertido rápido, então meu

pai disse: “Sua mãe disse que você fez uma torta de abóbora ontem?”

Balancei a cabeça, coçando minha testa. "Sim."

“Você não a trouxe para casa?”

Por que deveria? Você nunca iria comer e mãe ficaria em cima de mim sobre a

minha dieta.

Sufoquei esses pensamentos rebeldes e procurei responder sem emoção.

“Uh, não. Levei-a para, uh...” Parei antes de dizer que a levei para Cletus,

em vez disso disse, “Eu a levei para os Winstons, juntamente com o bolo de

compaixão. ”
O meu pai mordeu o frango, engolido a mordida com um gole de água,

em seguida, disse: “Bem, isso foi legal da sua parte.”

Minha mãe, em seguida, falou sobre os investidores e como a sua visita

tinha corrido bem. O meu pai, em seguida, falou sobre uma viagem de

negócios que ele teria que fazer em breve. E, em seguida, o jantar acabou.

Limpei o prato, ajudei com a louça, e então voltei para o meu quarto em

um torpor.

Será que eles não notaram o meu esmalte Borgonha? Ou será que eles não

se importam?

Não podia ter certeza qual era a verdade, mas o que sabia era que tinha

feito uma mudança e estava preparada para defender a minha escolha.

Mesmo que o confronto não tivesse acontecido, estava preparada.

E isso me fez sentir forte.

Não consegui dormir muito naquela noite. A minha cabeça estava

muito cheia de ideias, de coisas que poderia mudar. As possibilidades eram

infinitas.

Porque, eles não são eu.

Eu sou eu.

Tenho que viver comigo, durante todo o dia, todos os dias.

E eu tenho que escolher quem, ou o que eu queria ser.

***
DUAS GRANDES ENCOMENDAS ESPECIAIS foram canceladas na

quarta-feira e remarcadas para a semana seguinte, me deixando com um

monte de bananas e de tempo.

Tinha planejado ir para casa, tirar um cochilo, talvez escrever uma carta

para Anne-Claire Noel, ou Akiko, meu amigo de correspondência japonês.

Em vez disso, e sem planejar, me vi no shopping East City à saída de

Knoxville.

“Desde que estou aqui, poderia muito bem entrar,” murmurei no

interior do meu carro, tentando me lembrar de quanto dinheiro tinha

trazido comigo.

Se a memória não me falhava, tinha quinhentos dólares. Eu os trazia na

minha bolsa desde um evento especial em Nashville durante o verão. Um

músico talentoso queria o meu bolo de banana para sua festa de aniversário.

Fiz sete bolos de metro com o feitio de bananas e servi cada pedaço deles eu

mesma.

Imaginei que ele gostou dos meus bolos porque o seu gerente me deu

os quinhentos dólares como uma gorjeta.

O shopping East City não tinha nada de extravagante. Em uma

extremidade ficava a Sears 26 , com um jardim no centro e na outra

extremidade era o JC Penney27, e entre eles estavam em sua maioria lojas de

varejo de cadeia nacional, com um punhado de lojas de proprietários locais.

26
Rede de lojas de departamentos americana sediada em Chicago, no estado americano de Illinois.
27
Rede de lojas de departamentos americana com 1095 lojas nos EUA e Porto Rico.
Por exemplo, o Empório Garrison de Carne e Queijo, uma loja

independente gourmet e Lisa Crafts and Honey, que, tal como o título

sugere, vende materiais de artesanato e frascos de mel, estas eram duas das

empresas locais mais proeminentes dentro do shopping.

Poderia ter ido para o shopping Bell Town Mall. Ele tinha as lojas

chiques, mas estava a mais de quarenta e cinco minutos. Tempo foi o fator

decisivo; Não tinha outra hora e meia para gastar, se queria estar em casa à

hora do jantar, e, portanto, evitar perguntas sobre a minha tarde.

No momento em que desafivelei meu cinto de segurança, vi a minha

imagem no espelho retrovisor. Não estava usando nenhuma maquiagem.

Quando tranquei o carro, olhei para as minhas mãos. Minhas unhas ainda

estavam Borgonha.

Os meus pais não tinham dito nada, mas a ausência de maquiagem me

tinha feito ganhar vários olhares de lado do pessoal da padaria no início do

dia. Tinha ignorado esses olhares, me sentia bem sobre não usar uma

máscara, me sentindo mais como eu, do que tinha me sentido em muito

tempo.

Essas mudanças, embora talvez sutis, tinham sido minha escolha. E a

emoção que me acompanhou por fazer as minhas próprias escolhas me

empurrou para frente com se tivesse mola nos meus passos, através do

estacionamento e para a loja de departamentos.

Uma vez lá dentro, no entanto, hesitei. Duvidei de mim, de repente,

perguntando por que tinha vindo aqui. Nunca tinha ido fazer compras sem

a minha mãe. Nem sequer gostava particularmente de fazer compras.


Normalmente, a atividade consistia em eu experimentando roupas e minha

mãe escolhendo, e era desta forma que ela escrutinava o que era apto. As

únicas roupas que possuía que não foram escolhidas por minha mãe eram

vários conjuntos de sutiãs e calcinhas correspondentes em renda vermelha e,

o macacão que usava para a jardinagem, um par de jeans, e algumas

camisetas.

Os macacões comprei em uma venda de garagem.

Os jeans tinham sido um presente de minha avó Lily.

As camisetas eram principalmente lembranças enviadas pelos meus

amigos de correspondência ao longo dos anos, dos lugares que tinham

visitado.

Mas a roupa interior tinha sido enviada por Anne-Claire Noel para o

meu vigésimo primeiro aniversário. Ela me avisou de antemão que estava

enviando para que eu pudesse interceptar o pacote antes que meu pai

chegasse do trabalho. Toutes lesfemmes ont besoin de lingerie sexy, ça leur donne

un secret, ela tinha escrito, Unefemme avec un secret est mystérieuse et séduisante.

(Tradução: Todas as mulheres precisam de roupa íntima sexy; isso lhes

dá um segredo. Uma mulher com um segredo é, por natureza, misteriosa e

sedutora.)

Com esse pensamento em mente, fui direto para a seção de lingerie e

prontamente peguei um sutiã de renda preta e calcinhas do meu tamanho.

Então fiz o caminho mais curto para a seção feminina, cabeça erguida com

falsa bravura enquanto procurava através das prateleiras com as mãos

trêmulas.
Mas então uma coisa milagrosa aconteceu. Depois de três prateleiras de

roupas, as minhas mãos pararam de tremer. Parei de me sentir determinada

e caí em um ritmo, ficando cada vez mais absorvida com o ato

estranhamente meditativo de avaliar roupas. Simplesmente procurei... bem,

por algo que eu gostasse, algo da minha escolha.

Muito em breve, tinha acumulado uma braçada de roupas e procurei os

vestiários. Pela experiência anterior de compras com a minha mãe sabia

onde eles estavam e que estavam destrancados. Escolhi o mais distante do

corredor e tranquei a porta atrás de mim.

E então, pela primeira vez na minha vida, experimentei a roupa que eu

tinha escolhido. No início, a experiência foi incrivelmente bizarra e não sabia

o que pensar da imagem diante de mim. Era eu, mas não era a Rainha do

Bolo de Banana. A Rainha do Bolo de Banana não usava uma túnica de

flanela marrom e branca com leggings.

Ela também não usava um vestido tipo camisola azul-safira que

abraçava o seu corpo.

Ela também não usava uma camiseta branca e jeans skinny de cor

escura.

Nem usava um vestido preto colado e incrível, com um decote, mangas

cavas, e um monte de renda preta na bainha.

Mas aparentemente Jennifer Sylvester usava. Porque depois de uma

hora experimentando roupas, comprei quatro novos trajes.


E, em seguida, bêbeda de determinar o meu próprio destino, decidi que

estava com fome. Sem mais demoras, decidi que iria comer algo delicioso

em vez de salvar o meu apetite para um dos jantares sem graça do meu pai.

Carregando duas sacolas cheias de roupas novas, fui até ao Empório

Garrison Carne e Queijo. Eu tinha um fraquinho por sanduíches de bife e

queijo e o regime militar de comida de meu pai significava que tais deleites

que entopem as artérias nunca eram permitidos em casa.

Passei pela seção dos homens, o balcão de cosméticos, o departamento

de sapatos, e fui para o saguão central. East City shopping era o shopping

mais próximo de Green Valley, então sem surpresa, reconheci várias pessoas

no meu caminho para o Empório. Igualmente surpreendente ninguém me

cumprimentou. Mas algumas pessoas me deram olhares estranhos e me

olhavam duas vezes, como se a minha aparência ou a minha presença fosse

confusa.

O Empório ficava em uma praça de alimentação modesta no centro do

shopping. Garrison Bradly, o proprietário, tinha colocado três pequenas

mesas na frente da loja onde os clientes poderiam comer sanduíches ou

petiscar seus populares pratos de queijo.

Vi Garrison Jr. atrás do balcão de corte de carne ajudando uma mulher

que não conhecia. Arranquei um número a partir do distribuidor de senhas

da bancada e esperei a minha vez, contando quatro outras pessoas zanzando

à espera de serem servidas.

Uma dessas pessoas era Scotia Simmons, fofoqueira local, uma pessoa

desagradável, e boa amiga de minha mãe. Dei a Scotia um amplo espaço,


tentando parecer o mais natural possível, não porque estava preocupada

que ela ia falar comigo, mas porque particularmente não queria que ela

ligasse para minha mãe e compartilhasse o meu paradeiro.

Então vaguei ao lado dos condimentos extravagantes e fingi interesse

nos ingredientes enquanto observava as pessoas. Garrison Jr., que agora

tinha cerca de quinze tinha ficado mais alto desde que o vi pela última vez.

Sabia que ele tinha se juntado ao time de futebol porque o meu pai nos disse

durante o jantar. Mas eu também sabia que ele preferia os livros aos esportes

e se escondia com frequência em um canto da biblioteca local devorando

romances de ficção.

Scotia estava ao telefone com a sua filha, Darlene, ex-líder de torcida no

colégio do meu pai, agora frequentando a faculdade de Vanderbilt e estava

lamentando o fato de que a Sra. Beverton, a nossa diretora do coro local, não

tinha retirado o bigode com cera desde maio passado.

“Ela deixou crescer um bigode cheio, Darlene.” Scotia lamentou, falando

mais alto do que o estritamente necessário. “A pobre mulher parece uma

doninha. Já não basta sem os bigodes, Deus a abençoe.”

Pressionei meus lábios juntos em uma linha infeliz. A Sra. Beverton era

uma mulher gentil e não merecia ter seus atributos físicos discutidos

impiedosamente em um lugar público.

Ainda assim, eu olhava sem ver a etiqueta da mostarda e tentando

desaparecer no cenário. Eu estava de amarelo, ao lado do mostrador de

mostarda, e era a Rainha do Bolo de Banana. Era basicamente invisível.


Eventualmente, todos os clientes na minha frente foram servidos. Fiquei

aliviada quando Scotia foi em direção à saída, aparentemente inconsciente

da minha presença, e foi a minha vez.

“Número trinta e seis.” Garrison Jr. atualizou o número no visor atrás

dele quando gritou o meu número.

Dei um passo para frente e apontei para o pão em cima do balcão.

“Poderia ter um pequeno bife com queijo e queijo extra? ”

“Claro que sim.” Garrison Jr. pegou um pedaço de tamanho médio do

pão francês, enquanto rolei o meu número de papel entre os dedos e esperei.

Mas antes dele cortar o rolo ao meio, Scotia apareceu ao meu lado e

chamou o adolescente: “Você sabe, acho que mudei de ideia. Não quero esse

de peito de peru. Em vez disso acho que vou querer o de presunto cozido e

mel. E talvez também algum desse queijo suíço.”

Garrison Jr. se voltou para Scotia e prontamente se assemelhou a um

cervo travado nos faróis enquanto tentava olhar simultaneamente para nós

duas.

“Uh...”

“Há algum problema?” Scotia colocou o seu pacote de peito de peru no

balcão. “Sei que você tem presunto cozido e mel. Posso ver ali mesmo.”

Apontou para o interior da caixa de vidro.

“É só que eu já estava atendendo a Rainha do Bolo de Banana,”

guinchou, inclinando o queixo em direção a mim.

Scotia olhou para mim e deu uma segunda olhada, se transformando

completamente na segunda olhada. “Jennifer Sylvester.” Os seus olhos se


estreitaram enquanto se moviam sobre mim, avaliando. “Você ganhou

peso.”

Decidi que isso significava que pensava que eu parecia saudável.

“Obrigada, Sra. Simmons.”

Ela franziu a testa, balançando a cabeça ligeiramente como se eu fosse

uma simplória, alguém de quem se apiedar. Engoli, empurrando para baixo

as dores familiares de constrangimento e desconforto. Em vez disso,

segurando meus sacos de compras, levantei o meu queixo. Um súbito desejo

de contradizer as suas expectativas me agarrou.

“A sua mãe está aqui?” Perguntou, como se eu não tivesse permissão

para estar em público sem a escolta de um adulto.

Levantei meu queixo mais alto. "Não senhora."

“Oh.” Ela parecia estar decepcionada com esta notícia, mas recuperou

rápido, me dispensando e se voltando para Garrison Jr. “Corte o meu

presunto, jovem, enquanto penso sobre o queijo.”

Garrison Jr., ainda segurando o meu pão francês, não se mexeu e nem

eu. Não sabia o que fazer. Por um lado, não era um grande negócio. O que

Scotia Simmons pensava ou não pensava me importava muito pouco a longo

prazo. Eu deveria apenas deixar a mulher pedir o seu presunto e queijo.

Por outro lado, ela já tinha tido a sua vez. Agora era a minha vez. Ela

era uma usurpadora de fila e uma valentona. Eu não estava com vontade de

ser intimidada ou usurpada.


Reunindo uma respiração profunda e apertando o meu domínio sobre

meus sacos de compras, o coração disparado um milhão de milhas por

minuto, me preparei para falar por mim mesma.

Ainda não tinha recolhido os meus nervos antes de Scotia afiar o seu

tom em Garrison Jr. “O que está de errado com você?” Bufou. “Não tenho o

dia todo para esperar o meu presunto e mel e queijo suíço.”

Lambi os meus lábios, mentalmente organizando e reorganizando as

palavras que diria, e abrindo a boca para começar. No entanto, não foi de

nenhum uso, a objeção ficou presa na minha garganta e a cada tentativa

ficava cada vez mais frustrada comigo mesma.

Fale! Diga algo! Você consegue fazer isso.

E então, inesperadamente, uma voz familiar cortou a nossa conversa.

"Sra. Simmons, qual é o seu número?”

Eu me sobressaltei porque a voz enviou um choque elétrico de surpresa

pela minha espinha e uma pontada de emoção sob a minha pele.

Scotia e eu olhamos ambas para trás e encontramos Cletus Winston de

pé apenas a alguns metros de distância. Ele parecia notavelmente confuso

em sua camisa branca e macacão gorduroso, as mangas compridas

amarradas na cintura. Mas, para mim, ele também parecia incrivelmente

lindo.

Literalmente, a visão dele me roubou o fôlego.

A sua camiseta branca limpa era apenas ligeiramente apertada sobre o

seu peito impressionante, insinuando o poder volumoso embaixo. As

mangas curtas estavam puxadas ligeiramente mais apertadas sobre a


protuberância de seus bíceps, revelando, não insinuando, a sua força

impressionante. As longas mangas azuis de seu macacão amarradas nos

quadris estreitos enfatizavam a superfície plana de seu estômago. As pontas

de seus dedos longos estavam manchadas de cinzento após um dia de

trabalho na garagem de automóveis. O seu cabelo longo preso estava

espetado para todos os lados em ângulos estranhos e estava adoravelmente

torto, como se ele tivesse passado as suas grandes mãos pelos cachos

recentemente ou que tinha sido pego em uma tempestade de vento.

Eu gostaria de passar minhas mãos através desses cachos. O pensamento me

pegou de surpresa e levou com ele tanto a determinação anterior como a

frustração da minha mente, me deixando perplexa e quente.

Ele não estava olhando para mim, graças a Deus. Sua atenção estava

fixa em Scotia Simmons, uma expressão afável e inócua em suas feições

caoticamente atraentes.

Mas também detectei um brilho de exasperação por trás de seus olhos,

que, por sinal, eram castanhos hoje.

Ele não permitiu que ela respondesse, continuando, “Porque tenho o

número trinta e sete, e só ouvi o número trinta e seis sendo chamado.”

Ela franziu o cenho para Cletus, então lançou um olhar furioso para

mim. “Eu era o número trinta e cinco, mas eu...”

“Oh. Você já teve a sua vez? Veja agora, eu gostaria de saber se eles

começaram a usar números com um componente fracionário.” Cletus se

aproximou e entregou a Scotia o seu número. “Aqui, você pode ter meu
número trinta e sete. Dessa forma, você não tem que pegar um novo

número.”

Scotia piscou para ele, depois para o número que ele tinha colocado em

suas mãos.

Pisquei para ele, também. Porque como ele conseguiu retirar um

número sem eu notar até agora?

Enquanto isso, Cletus me deu uma inclinação de cabeça respeitosa.

“Você se importa dividir o seu sanduíche? Estava pensando em encomendar

o de bife e queijo. ”

Levei precisamente dois segundos para me recuperar. "Ah não. Isso está

perfeitamente bem.”

Ele então se virou para Garrison Jr. e instruiu suavemente, “Por favor,

faça o sanduíche de bife e queijo da senhorita Sylvester extragrande e enrole

as quatro partes separadamente.”

Garrison Jr., aparentemente aliviado, começou a trabalhar com grande

pressa, fazendo o nosso sanduíche com a rapidez de um homem em uma

missão muito importante. Depois de um momento, senti Scotia espreitando

Cletus, seus olhos fixados em meu perfil. Eu a ignorei. O meu coração estava

agora correndo por um motivo diferente.

Cletus estava excepcionalmente próximo, o seu grande braço escovando

em meu ombro. Ele ainda me deixava nervosa, mas o nervosismo era

diferente do de antes; com base na emoção, não medo.

Não tenho mais medo dele.


A realização surgiu de repente e enviou um calor para os meus

membros. Eu não tinha medo dele em tudo. Embora reconhecesse o seu

brilho, inteligência e astúcia, ele oficialmente não era assustador.

Algo havia mudado entre nós na outra noite, quando levei o bolo de

compaixão e ele tinha de alguma forma conseguido organizar as coisas com

Billy. Ou talvez algo tivesse mudado em mim quando tinha pintado as

unhas ontem e saí de casa esta manhã sem maquiagem.

“Como está a sua irmã, Cletus? Não a vejo desde que ela se mudou

novamente para a cidade, ” afirmou Scotia do nada, quebrando o silêncio

não - muito tenso que havia surgido.

Cletus deu a Scotia um sorriso benigno. “Ashley está muito bem,

obrigado por perguntar. ” Então, para mim, ele perguntou: “Jennifer, você

quer batatas fritas ou salada de batata para o almoço? ”

“Um...”

“Ela deve comer uma salada verde,” Scotia disse, o seu olhar se

movendo sobre mim com desagrado. “Conheço sua mãe e ela está

preocupada com o seu peso.”

Calor subiu em minhas bochechas e cerrei os dentes, os meus olhos

caindo ao chão. Odiava que a minha aparência fosse um comentário público,

e não apenas na mídia social, que era uma das principais razões porque eu

odiava o milhão ou mais de seguidores lá, mas também os amigos da minha

mãe.
Destemido, Cletus a cortou naturalmente, “Falando de preocupações de

peso, Simmons, você pode querer ficar com o peito de peru e pular o

presunto e queijo.”

Scotia estreitou os seus olhos sobre ele, a sua boca apertou, e perguntou

com um ar de intensa irritação, “Ashley ainda vive fora do casamento com

aquele Drew Runous? Pergunto-me como sua mãe se sentiria sobre a sua

única filha solteira, viver com aquele homem em pecado, Deus a abençoe.”

Algo brilhou por trás do olhar de Cletus como se ele olhasse para Scotia

Simmons com intenções sinistras. Enquanto isso, Garrison Jr. colocou o

sanduíche no balcão, os seus olhos arregalados enquanto observava nós três.

Ele se afastou do nosso trio como qualquer um se afasta de uma cascavel.

Cletus pegou o nosso sanduíche, o flash sinistro agora completamente

escondido.

Ele se afastou do balcão, colocou a mão na parte inferior das minhas

costas, e respondeu a sua pergunta rude com um ar de reflexão. “Agora que

penso sobre isso, não estou surpreso que você não tenha visto Ashley desde

que ela voltou. Fazemos o nosso melhor para protegê-la de pessoas

ignorantes e críticas. Afinal, queremos que ela fique na cidade, não é?”

Sem esperar pela resposta da mulher, ele me guiou para seguir em

frente. Apenas me movi para onde ele liderou, também surpresa com a

audácia de seu insulto. Ele nos parou quando estávamos do outro lado da

loja.

Puxando uma nota de vinte do bolso, ele a entregou a Sra. Bradly no

caixa e gritou de volta para a Sra. Simmons alto o suficiente para que todos
pudessem ouvir, “Oh, sim. Antes que me esqueça, Sra. Simmons, Beau

queria ter certeza que sua filha Darlene soubesse que ele encontrou a

calcinha que esqueceu em seu GTO na semana passada. Sei que ela estava

preocupada com a perda. Por favor, deixe que ela saiba que ele estará

enviando pelo correio desta vez, em vez de passar lá na sua casa.”

A Sra. Simmons virou em um tom horrorizado de branco e a loja ficou

em silêncio.

Cletus me deu um pequeno sorriso conspiratório, em seguida, um

escancarado a Sra. Bradly e disse com uma piscadela, “Fique com o troco.”
CAPÍTULO 11

“O coração humano tem tesouros escondidos, em segredos mantidos, em silêncio

selados; Os pensamentos, as esperanças, os sonhos, os prazeres, cujos feitiços foram

quebrados se revelados. ”

- Charlotte Brontë

~Jennifer~

“PORQUE VOCÊ AGRADECEU aquela mulher horrível?” Cletus

perguntou, desembrulhando o seu sanduíche. Estavámos atualmente

sentados em uma das mesas de piquenique públicas à saída do velho trilho

Cooper Road. Estava quente para outubro. Aproveitei o clima ameno,

optando por deixar o meu Cardigans amarelo em meu carro.

"Quem? Scotia Simmons?” Perguntei, limpando os dedos em um

guardanapo.

“Sim.” Cletus acenou com a cabeça, e em seguida, deu uma grande

mordida no seu sanduíche de bife e queijo.

“Eu agradeci a ela?” Tentei lembrar.

Depois de sair do shopping para o estacionamento, ele apontou para o

seu carro, um Buick que não reconheci, e me disse para segui-lo. Ele segurou

o meu sanduíche quando se afastou. Raciocinando que eu não tinha escolha

se queria comer um almoço personalizado, aceitei, seguindo Cletus e seu

novo – para mim - Buick até a estrada da montanha onde a trilha terminava.
Nós estacionamos. Ele esperou que eu saísse do meu carro, nos

conduzindo para uma mesa de piquenique situada ao lado do córrego da

montanha, e lá estávamos nós.

“Você lhe agradeceu,” respondeu ele depois que engoliu a sua mordida.

“Ela disse algo sobre você ganhar peso e você disse, 'Obrigada’.”

“Oh. Isso.” Dei de ombros. “Ela disse que eu tinha ganhado peso e com

isso achava que ela queria dizer que eu parecia saudável.”

Cletus levantou uma sobrancelha para isso, olhando para mim como se

eu tivesse perdido a minha mente. "Por que você faria isso? Claramente ela

estava acenando com a bandeira maldicêncius.”

“O que maldicêncius quer dizer?”

“Isso significa que ela é uma vadia odiosa.”

Sobressaltei-me e meus olhos se arregalaram com isso, porque não

conseguia me lembrar dele usar uma linguagem tão forte antes. E, no

entanto, alguma parte de mim se sentiu aliviada e grata pelo seu uso das

palavras. Eu me senti estranhamente defendida e.… apoiada. Como se ele

estivesse do meu lado.

Mesmo assim, não reclamei sobre a sua escolha de palavras, em vez

disso expliquei o meu módus operandi. “Ah o que torna tudo mais

agradável para mim se transformo insultos em elogios.”

Ele pousou o seu sanduíche sobre mesa. “Você faz isso

frequentemente?”

"Sim. O tempo todo."

"Com que frequência? Uma vez por mês?"


"Não. Todos os dias, geralmente.” Respondi fácil e honestamente.

Mas, então, ele continuou a olhar para mim, com o cenho franzido e

severo, e me contorci um pouco sob o peso de seu olhar. Percebi de repente

como isso soou.

Mas isso não pode ser verdade. Eu não sou insultada todos os dias.

. . . Eu sou?

“Quem está insultando você diariamente?”

Baixei os olhos para o meu sanduíche, tentando fazer uma contagem

mental do mês passado.

Ontem de manhã, mamãe disse que eu estava tendo “um dia feio.” No dia

anterior, meu pai disse que eu tinha mais cabelo do que sentido. Um dia antes, meu

pai perguntou se a minha foto estava ao lado da palavra estúpida no dicionário.

Contei para trás duas semanas e, com certeza, cada dia incluía pelo

menos um ou dois episódios de minha mãe criticando a minha aparência ou

o meu pai comentando sobre a minha falta de cérebro. Franzi o cenho para a

minha descoberta, porque era uma descoberta, e tentei analisar através da

imagem de repente menos – que - ideal da minha vida em casa.

Esta era realmente a minha realidade?

Quanto mais pensava nisso, mais percebia que era. Os meus pais

passavam muito tempo me dizendo como eu não era agradável. Por que eles

fariam isso?

Não podia admitir a verdade para Cletus, porque a verdade me fazia

patética, então dispensei o seu olhar furioso e forcei um sorriso alegre.


"Ninguém. Desculpe. Isso saiu errado. Eu me enganei. Ninguém está me

insultando diariamente.”

O meu pescoço estava quente e coçava. Pensei em dar outra mordida

em meu sanduíche, mas decidi que era melhor não, em vez disso olhei para

a água no penhasco do outro lado.

“É o seu pai?”

Balancei a cabeça, negando, mesmo que, olhando para trás agora, o meu

pai fosse a principal razão porque eu tinha desenvolvido esse hábito. “Não

se preocupe com isso. Falei sem pensar.”

“Não acho que você o fez, Jennifer. É a sua mãe?” Sua voz suavizou, o

que só me fez sentir pior, como algo patético.

Levantei o meu queixo e limpei minha garganta, me levantando da

mesa e caminhando até a beira do rio.

“Jenn?” Ele chamou, empurrando a questão.

“Vamos falar de outra coisa,” disse sem me virar.

Ele ficou em silêncio por um instante e senti os seus olhos nas minhas

costas. Por alguma razão eu estava perigosamente perto de chorar. Mas isso

era bobagem. Eu era boba. Não estava ferida. Eu estava bem.

E fiquei imensamente aliviada quando Cletus soltou um suspiro

exagerado e perguntou irritado: “O que você quer falar?”

Sem pensar muito sobre isso, respondi: “Se você pudesse estar em

qualquer lugar agora, onde você estaria?”


“Alasca,” disse ele imediatamente, chamando a minha atenção de volta

para o seu rosto bonito. Ele também tinha abandonado a sua comida e

estava caminhando até mim.

“Alasca? O que há no Alasca?”

Ele cruzou os braços e parou apenas a um metro de distância, de frente

para mim. "O céu."

“Temos o céu aqui também.” Fiz um gesto para a imensidão azul acima

de nossas cabeças. “Todo um pedaço dele, bem na frente de você.”

“Sim, mas o céu no Alasca é grandioso, mais próximo,” disse com uma

ponta de impaciência; tenho a sensação de que ele não gostou da minha

insistência em mudar de assunto. “Como se os céus estivessem localizados

em sua porta da frente, e der um passeio entre as nuvens fosse inteiramente

plausível, se você se sentisse inclinado para tal. ”

Apesar da sugestão de desgosto em seu tom, a sua descrição do Alasca

tinha me feito sorrir. “Não tinha ideia de que você gosta tanto do céu.”

"Eu gosto. Gosto do céu. Gosto de olhar para cima e ser surpreendido

pelo que eu vejo. Isso não acontece com muita frequência, mas quando isso

acontece...” Ele fez uma pausa, expirando, seu olhar se movendo sobre o

meu rosto, “Quando isso acontece normalmente estou no Alasca.”

“O céu aqui não é surpreendente?” Pensei sobre o que poderia

significar um céu surpreendente. Estava geralmente dentro de portas todos

os dias, trabalhando na padaria, e provavelmente perdi quaisquer eventos

relacionados com o céu que possam corresponder a surpreendente.


"Normalmente não. Claro, é bonito.” Deu de ombros. “Mas bonito é

chato. Dê-me os tons surpreendentes de um entardecer do Alasca sobre a

beleza prosaicaa de um pôr do sol no Tennesse. É isso que eu gosto."

A sua descrição me fez sorrir mais e dei um passo mais perto dele;

gostei de como seu rosto se iluminou quando ele falou sobre o céu do

Alasca. “O que quer dizer, surpreendente?” Realmente, só queria que ele

continuasse falando.

Cletus oscilou a cabeça para trás e para frente ponderando. “Na

primavera, o pôr do sol é vermelho e laranja. Mas no outono, ele é roxo

escuro com manchas de lavanda e índigo, a cor mais bonita que eu já...” A

carranca de Cletus era sutil quando ele parou, e seus olhos se tornaram

distantes, como se estivesse em silêncio debatendo assuntos importantes.

De repente, ele anunciou: “Seus olhos não são roxos. Eles são azuis.

Azul escuro."

Olhei, piscando rapidamente, me sentindo subitamente consciente de

meus olhos e cambaleei para trás um passo. “Eu sei disso,” gaguejei. “Eles

só parecem roxos, às vezes.”

Cletus se deslocou para frente e segurou o meu queixo com os dedos, se

aproximando e me segurando quieto. Ele examinou as minhas íris. “Elas são

reflexivas.”

“Perdão?” Tenho certeza de que agora me assemelhava a um animal

assustado.
“Eles refletem a cor oposta que os rodeia. Você usa verde ou amarelo, e

eles são roxos. Mas se você usar laranja, eles provavelmente parecerão azul

céu.”

Balancei a cabeça levemente, tomando cuidado para manter seu olhar,

não querendo que ele parasse de me tocar, não querendo perder a

oportunidade de olhar para ele de perto. Ou talvez só quisesse estar perto

dele. De qualquer forma, gostei da forma como a sua proximidade fez a

minha barriga vibrar e o meu peito se sentir apertado.

“Algo assim.” Minha voz falhou. Limpei a garganta silenciosamente.

“Mas se eu usar preto ou branco...”

“Então, eles serão verdadeiros. Então, eles vão parar de dizer mentiras.”

O seu olhar se reorientou, sondou mais fundo, se movendo para além da cor

da superfície das minhas íris para a pessoa lá dentro.

O peso total do olhar penetrante de Cletus, especialmente tão perto,

era... inquietante. Vacilei, só um pouco, mas aguentei. Mesmo assim, um

rubor me traiu, subindo por minhas bochechas. Os seus olhos deslizaram

sobre o meu rosto; vi ele tomar nota da minha cor, e o lado da sua boca fez

um movimento sutil, quase impercetível.

“Por que seu rosto está tão vermelho?” Sussurrou, os seus olhos agora

encapuzados, quando eles se mudaram para minha boca.

“Está quente aqui fora.” Resmunguei, desejando que as minhas pernas

mantivessem o meu peso.

Pelo menos, estava quente.

“Estou deixando você nervosa?” A sua voz baixou uma oitava.


“Sim.” Respondi com toda a honestidade.

O seu sorriso se tornou ainda maior quando os seus dedos libertaram o

meu queixo. O polegar de Cletus deslizou levemente pelo meu pescoço em

um deslize proposital, me fazendo engolir reflexivamente, e deixando um

rastro de arrepios para trás. Mas quando ele se afastou completamente e

voltou para a mesa de piquenique, senti a falta dele. E me senti tonta. E a

tontura era desorientadora.

“Disse a você, vai ter que parar de ter medo de mim, mais cedo ou mais

tarde.” Cletus pegou o seu sanduíche novamente, deu uma grande mordida,

e em seguida, falou de boca cheia, “Eee noson sustdoreee ridklo.”

Apertei os olhos, a vertigem aguda e os arrepios remanescentes se

acalmando enquanto tentava decifrar o jargão. "O que você disse?"

Ele balançou a cabeça, mastigou, engoliu e depois disse: “Eu não sou

assustador, sou ridículo.”

Zombei, voltando para a mesa e me sentado em frente a ele. “Você é

muitas coisas, Cletus Winston, mas nada sobre você é ridículo.”

“Sério?” Ele me deu um olhar perscrutador, o lado de sua boca se

levantando. “E o meu cabelo?”

Espontaneamente, a minha atenção se mudou para o seu cabelo. O seu

louco, muito limpo, mas indomável cabelo.

Eu amo seu cabelo. “O que tem o seu cabelo?”

“Meu cabelo é ridículo. É mal comportado desde o nascimento.”


Isso me fez rir e sorri para ele, para a imagem do bebê Cletus com seu

cabelo desobediente. Imaginei que seu cabelo não era a única coisa sobre ele

que era desobediente.

“É verdade,” disse ele, como se o meu riso contradissesse a sua

declaração anterior. “Sou o único dos meus irmãos que herdou os cachos da

avó Oliver, bem como sua distiquíase.”

“Distiquíase? O que é isso?"

“É uma mutação genética que causa uma dupla fileira de cílios.” Ele

apontou para os olhos e se inclinou para frente. Segui o seu exemplo e me

inclinei sobre a mesa, estudando os seus cílios. Com certeza, ele tinha uma

segunda linha.

“Isso é incrível. Nunca tinha ouvido falar disso antes.” Certamente

explica a espessura.

Ele pegou um pequeno pedaço de comida, balançando a cabeça,

mastigando e engolindo em seguida, antes de acrescentar: “Ashley e Billy

também têm distiquíase, mas não o cabelo encaracolado. E sou o único que

tinha o cabelo loiro quando era pequeno.”

Estudei-o, pensando sobre esta nova informação. Conhecia Cletus

quando era mais jovem, mas, como ele era alguns anos mais velho do que

eu, obviamente, não quando criança.

“Loiro, cabelo encaracolado grosso e cílios duplos deve lhe ter dado um

sem fim de problemas enquanto estava crescendo.”

Cletus suspirou, balançando a cabeça sombriamente. "Sim. Quando era

uma criança pequena, de dois ou três anos, a maioria das pessoas pensavam
que eu era uma menina. A minha mãe não fez muito para desencorajar a

suposição. Ela queria muito uma menina e eu tive a infelicidade de ter

nascido antes de Ashley.”

“O que aconteceu depois que Ashley nasceu?”

“Não mudou muito, embora mamãe corrigisse as más suposições com

mais fervor. Os cabelos encaracolados atraem coisas, como chiclete e nós.

Mas cabelo longo, loiro, encaracolado e cílios grossos em um menino atraem

idiotas.” O comportamento de Cletus mudou, a sua voz ficou mais

profunda, mais áspera, como se estivesse pensando em uma memória em

particular.

Minha atenção foi roubada por sua barba e perguntei sem pensar, “É

por isso que você deixou a barba crescer? Então, as pessoas não o iriam

confundir com uma menina?”

Cletus estava quieto, mas quando levantei os meus olhos de volta aos

seus, eles estavam nublados e introspetivos, como se estivesse pensando

sério sobre o assunto.

Finalmente, ele balançou a cabeça. "Não. Deixei crescer uma barba

porque ninguém estava por perto para ensinar a nós meninos como fazer a

barba.”

...gah

Mal resisti ao impulso de me levantar, ir até ao seu lado da mesa, e o

puxar para um abraço. Mal. Não porque ele parecia triste; ele não parecia

triste, ele soava objetivo. O que fez a declaração ainda pior.


Seu olhar se voltou para o meu e ele me deu um sorriso, como se

pudesse ler os meus pensamentos. “Não se sinta mal por mim. Eu tive muito

enquanto crescia. Nossa avó morava com a gente até que morreu, e ela mais

do que compensou por qualquer deficit deixado por Darrell Winston. Ela

era da velha escola, onde a gordura de bacon era usada para tudo desde

assar biscoitos até para fazer sabão.”

“Acho que eu não me lembro de sua avó.”

“Você não se lembraria. Acredito que você tinha mais ou menos seis

anos quando ela faleceu.” Os seus olhos perderam o foco novamente, se

movendo por cima do meu ombro. “Ela cresceu muito pobre, de modo que

ela era a rainha da inteligência quando se tratava de poupança e reutilização

de materiais”. Ela costumava descrever a sua infância desta forma: “'Eu era

tão pobre que não poderia nem mesmo pagar por atenção.’”

Sorri com isso. “Pensava que os seus avós tinham dinheiro.”

“Oh, o meu avô tinha. Mas mesmo que o marido da minha avó, Oliver,

tenha vindo do dinheiro e fez uma boa vida, ela nunca pôde suportar

desperdício. A mulher olhava para o lixo e via o seu potencial como algo

útil. Ela fez um alambique de Moonshine28 de mangueiras recuperadas de

borracha, dois silenciadores de grandes dimensões, e um forno de pedra. Ele

ainda está na nossa garagem.”

“Ela fez um alambique de Moonshine?” Agora estava relaxada. E estava

com fome novamente. Peguei meu sanduíche.

28
Bebida alcoólica feita de forma artesanal, geralmente a partir da fermentação de milho.
"Sim. Eu o uso uma vez por ano na época do Natal.” Os seus olhos se

moveram sobre mim; como se conferindo o meu interesse. Ele deve ter visto

que achei o tópico fascinante, porque continuou. "Mas isso não é tudo. Seus

vestidos descartados, aqueles que estavam esfarrapados, viviam uma

segunda vida como colchas. Ela fazia cortinas velhas de guardanapos, caixas

de leite de plástico se tornavam pás de plástico de brinquedo, e uma vez ela

transformou um pneu 420 de trator em uma caixa de areia para nós

crianças.”

“Ha! Que boa ideia."

“Ela também consertava automóveis e, honestamente, é a pessoa

responsável por nos ensinar como trocar o óleo e os pneus, e nos fazendo

interessar em carros.”

“Talvez você tenha herdado dela os seus genes de aptidão e de

engenharia mecânica.” Sugeri entre mordidas.

“Provavelmente.” Balançou a cabeça, como se ele encontrasse mérito

em minha declaração. “Mas, às vezes, ela dizia: 'lixo é apenas lixo e deve ser

deixado ao lado da estrada.' Costumava dizer isso sempre que o meu pai

estava por perto.” Os olhos dele baixaram e franziu a testa para a sua

comida, a sua voz parecendo distante. “Ela desprezava o meu pai, mas

nunca levantou a voz. Costumava me dizer: 'Ser tranquila pode ser mais alto

do que gritar.'”

Pensei sobre isso, pensei sobre a declaração em referência ao meu

próprio silêncio perpétuo.

É o meu silêncio alto?


Não penso assim. Mais que qualquer coisa, o meu silêncio perpetua os

meus problemas. Ele alimenta a minha infelicidade.

Antes que pudesse pensar muito sobre as suas palavras, ele

acrescentou, “Darrell a chamava de a senhora do lixo e ridicularizava a sua

reciclagem. Ele não conseguia entender por que uma mulher com tanto

dinheiro não comprava tudo novo.”

"O que ela respondia?"

O olhar de Cletus se voltou para o meu e o seu sorriso era suave e triste

com alguma memória. “A sua resposta era sempre a mesma: 'As coisas

velhas têm alma.' Então, para mim, ela diria em um sussurro, 'E as coisas

jovens têm espírito.'”

O ditado, tão simples e sucinto, atingiu um acorde. O meu olhar caiu

para a mesa de piquenique e me perguntei se as palavras sábias de sua avó

poderiam ser aplicadas em mim.

Será que tenho espírito?

No silêncio que se seguiu, enquanto Cletus parecia contente em

terminar a sua comida, perdido em seus próprios pensamentos, uma

melancolia tomou conta de mim. Não me sentia particularmente espirituosa.

Nem me sentia com alma.

Eu me sentia abafada. Sufocada. Suprimida e.… ignorada. Não apenas

pelos meus pais e as suas expectativas, mas também por mim. Eu tinha

estado me ignorando. Estava ignorando os meus próprios desejos e

esperanças.
Ao invés disso, decidi me sentir motivada, determinada, pronta, e.…

animada.

Estava animada, pronta para encontrar o meu espírito.

***

UNHA PINTADA COM ESMALTE BORGONHA no primeiro dia e eles

nem piscaram um olho.

Sem maquiagem no segundo dia e meu pai olhou duas vezes, mas não

disse nada.

Colocando o meu cabelo em um coque no terceiro dia me rendeu vários

olhares de desaprovação de minha mãe, mas nenhuma reprimenda.

No entanto, o vestido preto que usava no dia quatro para o meu

encontro falso com Billy...

“O que você acha que você está vestindo?” A minha mãe perguntou da

porta do meu quarto, com as mãos nos quadris, a testa enrugada em uma

carranca severa.

Olhei para mim mesma no espelho. Continuava a gostar do vestido

preto com o decote, mangas e uma tira de rendas em torno da bainha.

Gostava especialmente com o meu cabelo puxado para trás, como agora, e

os saltos finos pretos que tinha comprado para a ocasião ontem depois do

trabalho.

“É um vestido,” disse com um encolher de ombros, sentada na beira da

minha cama e colocando os meus sapatos novos.


Não sabia como era possível, mas a sua carranca se intensificou.

“Primeiro esse esmalte terrível e agora isso? É indecente.”

Enruguei o meu nariz para ela; o pico de irritação que senti com as suas

palavras significava que eu tinha que forçar calma em minha voz. “Porque é

preto?”

Ela bufou. “Não preciso de me explicar. Você não vai usar isso. Você vai

usar o vestido que escolhi para você. Scotia me ligou ontem, disse que viu

você no shopping. Acho que agora sei por que você estava lá.”

Olhei para o vestido amarelo que ela tinha colocado na minha cama. As

mangas três quartos, a gola alta, a largura da saia que caía nas minhas

panturrilhas.

Eu não iria usá-lo. E se ela não gostasse então, bem, isso era uma pena.

Ergui os olhos para minha mãe, reconhecendo o seu cenho como o meu.

Eu não era imune à sua decepção. O olhar que estava me dando ardia, fez o

meu coração sentir uma pontada de culpa, fez as minhas mãos suarem um

pouco. Mas, como percebi ontem, esses olhares eram uma ocorrência diária,

não importava o que fazia. Eu nunca a poderia satisfazer e já não estava

mais satisfeita fazendo sempre o que ela gostava. Era apenas um vestido.

Mas era o meu vestido, e não era indecente. Era bonito e eu gostava e não

havia nenhuma razão - nenhuma razão - para me trocar.

Balancei a cabeça e fechei os punhos em meu colo. “Não, mamãe. Eu

não vou usar um vestido amarelo.”

Ela bufou novamente. “Jennifer Anne Sylvester, você está testando a

minha paciência. Não gosto que me responda...”


“Agora, Diane, a deixe sozinha.” A voz do meu pai soou pelo corredor e

ouvi ele se aproximar pelos seus passos. Logo ele também estava na porta.

Ele me deu uma rápida olhada e assentiu. “Ela parece realmente bem.

Esperemos que ele se concentre na maneira como ela parece para que ela

não tenha que falar muito.”

Engoli a amargura crescendo ao insulto implícito de meu pai,

determinada a ignorá-lo, em vez de fingir que era um elogio.

A boca da minha mãe se abriu e seus olhos se arregalaram. Mas ela não

teve a chance de falar porque a campainha tocou, anunciando a chegada de

Billy.

Senti um pouco de uma vibração de excitação, mas não era por causa

do Billy ou do encontro. Eu não gostava de Billy dessa forma, mas esperava

que pudéssemos ser amigos. A vibração era inteiramente por causa do

vestido. Estava saindo de casa usando um vestido preto, sapatos pretos, e ia

para jam session. Poderia estar um pouco produzida demais para a jam

session e para o centro comunitário, mas não para um jantar com o solteiro

mais cobiçado da cidade. Era como se fosse a minha primeira vez em

público como eu mesma.

E, sim, eu estava malditamente animada.

Antes de minha mãe se recuperar, peguei o meu xale, passei pelos meus

pais, e caminhei pelo corredor até a porta da frente. Ouvi as suas vozes

abafadas atrás de mim; a da minha mãe estava furiosa, a do meu pai estava

exasperada.

Eu os ignorei e abri a porta.


Billy Winston, alto, moreno e bonito em toda a sua glória, surgiu; um

sorriso educado realçando suas características, e então ele prontamente ficou

boquiaberto.

“Jenn?” Perguntou, como se ele não me reconhecesse.

Sorri, me sentindo um pouco autoconsciente, mas animada. "Oi."

Seus olhos se moveram para baixo, depois para cima, em seguida, para

baixo novamente. "Você parece..."

“Billy Winston, um prazer.” Minha mãe apareceu ao meu lado, um

sorriso frágil no rosto. “Por que você não entra em um pouco?”

O meu pai apareceu um momento depois, avançando para apertar a

mão de Billy. No momento seguinte ele me empurrou para fora.

"Não, não. Nós não queremos fazer vocês esperar. Vocês crianças

devem ir.”

“Mas...” Minha mãe se moveu para alcançar a minha mão; meu pai

bloqueou a tentativa, colocando o braço sobre os ombros e a segurando no

lugar.

"Continuem. Divirtam-se. Vejo vocês mais tarde.” Ele acenou, e então

fechou a porta.

Billy olhou para a porta por um momento, em seguida, concentrou os

seus olhos em mim. Dei de ombros. Ele parecia estar confuso, ou divertido,

ou ambos. Mas ele se recuperou rapidamente.

Voltando-se para o carro, me ofereceu o seu braço e um pequeno sorriso

genuíno. "Vamos?"
Enfiei a minha mão na dobra de seu cotovelo e lhe devolvi o sorriso.

"Vamos."

***

“ENTÃO CLETUS ME DISSE que eu precisava mudar uma coisa todos

os dias. Ele não foi específico sobre o que deveria mudar, só que deveria ser

eu a decidir sobre essa coisa. ”

Billy assentiu.

Continuei. “No começo não vi o efeito. Você sabe? Cletus estava certo.

Algo tão trivial como pintar as unhas de uma cor diferente me fez sentir

como se pudesse fazer qualquer coisa a que me propusesse.”

Billy sorriu.

Continuei. “Cletus também disse...”

Billy limpou a garganta. “Você vai para a jam session muito? Acho que

te vi aqui apenas um punhado de vezes. ”

“Não muito, na verdade. Gostaria de ir, mas os sábados estão ocupados.

Normalmente, estou fazendo encomendas especiais na sexta-feira à noite.

Ouvi você cantar algumas vezes, no entanto. Você deve fazer isso mais

vezes, você tem uma voz tão boa.”

Billy sorriu de novo, os olhos deslizando para mim, depois para longe.

"Obrigado."

“E Cletus é incrível no banjo. No ano passado ele fez uma versão folk

de “Thriller” durante o Halloween. Foi espetacular.”


Billy suspirou.

A conversa era surpreendentemente fácil com Billy Winston, uma vez

que parei de ter medo de dizer a coisa errada. Em vez de me preocupar,

disse o que queria. Ele não era um grande falador, além de me fazer

perguntas, então eu enchia o silêncio. Às vezes o que eu dizia o fazia rir. Às

vezes, ele apenas acenava. Às vezes, ele tossia.

Mas, geralmente, tudo o que eu disse o fazia sorrir. O que foi bom. Ele

era bom.

Ele estacionou a sua camionete no parque do centro comunitário e ficou

claro que a jam session já estava em pleno andamento. A noite estava fria,

então as pessoas estavam vestidas com casacos.

Puxei o meu xale sobre os ombros e Billy abriu a minha porta, me

ajudando a sair do carro. Escorreguei os meus dedos de novo na dobra de

seu cotovelo e tentei suprimir uma nova e mais poderosa vibração de

excitação quando nos aproximamos do centro comunitário.

Eu me perguntava se Cletus estaria lá. Fiquei imaginando o que ele iria

pensar do meu vestido, e do meu cabelo em um coque, e da minha

maquiagem que era mínima de propósito, e das minhas unhas polonesas.

Mesmo estando nervosa, sorri com o pensamento.

“Porque você está sorrindo?” Perguntou Billy, me dando um olhar de

lado.

“Estou nervosa,” respondi honestamente, me sentindo sem fôlego,

então perguntei antes que pudesse me parar, “Você acha que Cletus está

aqui?”
Na boca de Billy surgiu um sorriso e ele estudou o meu rosto. “Tenho

certeza que ele está. Por quê?"

“Eu me pergunto o que ele vai pensar do meu vestido,” admiti

animadamente.

Ele riu e balançou a cabeça.

"O quê? O que é isso?” Pressionei, procurando em seu perfil por um

sinal a respeito do porquê estava rindo.

Ele nos parou e me encarou. “Uma vez que este é um encontro para

você praticar, você quer que eu lhe dê uma dica?”

Acenei com cabeça ansiosamente. "Sim, por favor. Todas as sugestões

são bem-vindas.”

"Certo. Aqui vai.” Ele reuniu um grande fôlego, como se estivesse se

preparando, e disse: ”Quando você está em um encontro com um homem,

provavelmente é melhor não trazer um homem diferente para a conversa.”

Os meus lábios se entreabriram quando a minha expressão mudou. "Eu

sinto muito. Continuo falando sobre o seu irmão.”

"Não, não. É bom.” Ele pegou minha mão e a apertou. “Esse encontro é

para praticar, não precisa se desculpar. Não estou chateado. Mas se isso

fosse um encontro real, você trazendo Cletus para a conversa e querendo

saber o que ele vai pensar de seu vestido com certeza iria me fazer querer

seguir outra direção. Se eu estiver em um encontro, quero que essa mulher

pense apenas em mim. Isso faz sentido?"


Balancei a cabeça, porque fazia sentido. “Assim como, provavelmente

não gostaria, se esse fosse um encontro real, que você continuasse falando

sobre outras mulheres.”

“É isso mesmo.” Ele colocou a minha mão de volta em seu braço. “Você

vai querer manter a conversa sobre vocês dois.”

Considerei as coisas enquanto caminhávamos. “Obrigada, Billy.”

“Por quê?” Ele abriu a porta dupla para mim, colocando a mão na parte

inferior das minhas costas para que eu passasse. A porta de entrada estava

cheia de pessoas, mas quase não as notei.

“Obrigada por fazer isso, e pela dica. Obrigada por sacrificar a sua noite

de sexta-feira.”

Billy cobriu os meus dedos sobre o seu braço com a sua mão. “Não é

um sacrifício, Jennifer.”

“Bem, não pode ser muito agradável.”

Ele sorriu novamente e me deu um olhar incrédulo.

"O quê? O que eu fiz dessa vez? Você tem mais dicas?” Eu precisava

saber. Esperava que ele me desse dicas toda a noite, porque gostaria de ser

uma especialista quando chegasse a hora de ter um encontro real.

O sorriso de Billy desapareceu quando os seus penetrantes olhos azuis

se moveram sobre o meu rosto. Se ele tivesse feito isso na semana passada

acho que teria desmaiado no local, mortificada, aterrorizada e com certeza

de minha própria falha.


Mas muito mudou em uma semana. Eu não tinha medo dele. Eu estava

mudando, me tornando mais corajosa. Então, encontrei os seus olhos

glaciais de frente e levantei as sobrancelhas o encorajando.

“Você pode me dizer, seja o que for,” sussurrei sinceramente, me

aproximando. “Como eu disse, todas as dicas são bem-vindas.”

Finalmente, ele disse: “Você não tem ideia de como é linda, não é?”

Fiquei boquiaberta, porque isso não era o que eu esperava que ele

dissesse.

Mas antes que pudesse me recuperar, uma voz severa à minha esquerda

interrompeu. “Ela não tem ideia nenhuma.”

Virei-me e encontrei Cletus junto ao meu ombro. Assustada, tropecei

um passo para o lado para que pudesse vê-lo melhor. O que encontrei me

surpreendeu.

Sua mandíbula estava apertada.

Sua boca estava curvada em uma carranca.

E os olhos de Cletus, que ostentavam um azul perigoso e de fogo,

estavam estreitados na direção de seu irmão.


CAPÍTULO 12

“Quando uma coisa é engraçada, procure cuidadosamente por uma verdade

escondida. ”

- George Bernard Shaw, Back to Methuselah

~Cletus~

“CLETUS.” BILLY ME CONCEDEU apenas um único aceno de cabeça.

Os seus olhos normalmente taciturnos estavam acesos com alguma

maldade. Não perdi a forma como ele deslizou o braço em volta da cintura

de Jennifer e a trouxe para mais perto de seu lado. Não perdi isso e não

gostei.

O que ele estava tramando?

“Billy.” Também notei como ele tinha espalhado a mão em seu quadril.

Não gostei disso. Gradualmente, trouxe os meus olhos de volta aos seus,

pegando o fim de um sorriso. Aumentei a intensidade de o meu piscar de

olhos.

“Por que você não está tocando?” Perguntou Billy, todo agradável e

descontraído. Suave até.

Eu conhecia o meu irmão bem o suficiente para saber que ele estava

lutando contra um sorriso. Mas ele não sorriu. Billy não faria qualquer coisa

que não queria fazer, um fato que eu deveria ter lembrado antes de tê-lo

enganado para ele ir a um encontro com Jenn.


Erro de principiante. Você deveria ter enviado Beau. Fiquei decepcionado

comigo mesmo.

Jennifer pigarreou, chamando a minha atenção para ela. Ela estava

confusa, embora perplexa pudesse ser uma palavra melhor. Por baixo da

confusão, ela estava olhando para mim com esperança antecipatória.

“Oi, Cletus,” disse, a sua voz suave, amigável e expectante. "Como você

está?"

Estudei-a, os meus olhos se lançando sobre a sua pessoa em uma

avaliação rápida. Ela tinha mudado. Tinham passado apenas dois dias desde

que a tinha visto pela última vez, desde o nosso surpreendente piquenique

no Trilho de Cooper Road. Mas ela tinha levado o dever de casa muito a

sério. Sair de sua casa, com sucesso, naquele vestido não deve ter sido fácil.

Eu estava orgulhoso dela e queria dizer isso a ela.

Mas também estava irritado com o meu irmão e via tudo vermelho por

causa disso.

Mesmo antes de Billy chegar, com Jennifer Sylvester em seu braço com

seu vestido surpreendente e um novo estilo de cabelo, o dia não tinha sido

muito agradável.

Beau tinha perdido a cabeça, novamente. Shelly tinha tentado dar-lhe

conselhos sobre um motor complicado para reconstruir. Ela não pareceu

nem um pouco perturbada com a sua explosão, o que só serviu para irritá-lo

ainda mais. Ele tinha saído em um estado de agitação.

Então, tentei fazer caramelo. Não era a primeira vez que tentava fazer

caramelo e não seria a última. Nunca consegui, mas estava determinado.


Em seguida, ao chegar a jam session, uma das minhas cordas do banjo

tinha quebrado. Não era a primeira vez que isso acontecia, por certo. Mas

então, quando eu a estava trocando, outra corda quebrou.

E agora ouvi por acaso o meu irmão mais velho, que deveria estar

permanentemente envolvido em uma história de amor arrebatadora, trágica

e épica com Claire McClure, confundindo a minha Jenn e elevando as suas

esperanças.

Minha Jenn.

Não a Jenn de Billy.

Minha.

“Jennifer Sylvester,” eu disse, cavando fundo e encontrando os meios

para ser um cavalheiro. Dei-lhe um aceno de cabeça respeitoso e um sorriso

tenso. “Como você está nesta bela noite?”

Os seus lindos olhos turvaram um pouco mesmo quando o seu sorriso

aumentou. Parecia falso, o que fez o meu próprio sorriso deslizar.

"Bem. Obrigada,” disse ela, sua atenção indo para o chão.

Ela estava torcendo os dedos. Estava nervosa.

Droga, Billy. Você tinha um trabalho. Um. Trabalho.

Mudei o meu olhar para o meu irmão. “Posso ter uma palavra com

você?”

“Agora?” Perguntou, parecendo e soando quase encantado. De nota,

que encantado para Billy era imperturbável e estoico para todos os outros.

"Sim. Agora.” Mostrei os dentes em um sorriso.


Os olhos de Billy se moveram para os meus e amaldiçoei a sua

preparação meticulosa. Ele tomou cuidado extra aparando a barba esta

tarde. Ele também cheirava como um libertino, perfume e paixão não

correspondida.

O meu irmão mais velho se virou e sussurrou algo no ouvido de

Jennifer. Endureci, apenas restringindo a vontade de agarrá-lo pelo

colarinho da camisa e o empurrar pelo corredor.

Mas não fiz. Em vez disso fiz uma lista de todos os seus bens mais

preciosos apenas por que... sim.

Ela concordou e lhe deu um genuíno, embora pequeno sorriso. Jennifer

virou o seu sorriso para mim, mas não levantou os olhos mais alto do que o

meu pescoço.

“Vou dizer oi para o xerife. Acho que o vi na mesa de doações com o

juiz Payton.” Jennifer puxou o xale mais apertado em volta dos seus ombros

e partiu. Virei à cabeça para vê-la ir. Queria garantir que ela iria pelo meio

da multidão sem incidentes.

Então os meus olhos visaram a sua forma, porque, neste vestido, a sua

silhueta estava em exposição. A marca de sua cintura estava acentuada, e a

curva generosa de seu traseiro afunilava em suas coxas finas e panturrilhas

bem torneadas. Eu não podia ver os seus ombros, porque ela vestiu o xale. O

vestido preto que usava era interessante, tinha uma tira de renda preta que

começava no joelho e terminava um pouquinho abaixo dele.

“Cletus?”

"Hmm?"
Não havia nada de provocativo no vestido... e, no entanto, tudo era

provocativo no vestido.

“Cletus.”

"Sim?"

Isso me lembrava de lingerie, mas não conseguia descobrir o por que.

“Cletus, pare de olhar para o meu encontro.”

Deslizei os meus olhos para Billy, que tinha vindo para o meu lado e

ficado em meu ombro. Ele parecia estar se divertindo. Fiz uma careta para

ele, porque o que ele tinha acabado de dizer ganhou uma carranca.

“Venha comigo.” Inclinei a cabeça para a sala de blues. Os músicos

estavam atualmente no intervalo. A maioria do público havia se retirado

para outros lugares, deixando uma coleção esparsa de retardatários e

instrumentos solitários na frente.

Acompanhei-o até o canto, me voltando para ele, cruzei os braços, e

exigi, “O que você pensa que está fazendo?”

Billy levantou a sobrancelha esquerda para mim, seus olhos brilhando

com uma luz profana, mas de resto a sua expressão permaneceu

irritantemente enigmática. Ele era o único dos meus irmãos que eu tinha

dificuldade em ler.

“Estou em um encontro.”

"Não. Resposta errada. Você não está em um encontro.”

O sorriso estava de volta.

Eu o ignorei.

“Você tinha um trabalho, Billy. Um trabalho.”


"Oh sim? O que era mesmo?”

Baixei a voz e confirmei que ninguém estava escutando antes de

continuar. “Ajudar Jennifer. Dar-lhe alguma confiança. Mostrar-lhe um bom

tempo.”

Ele coçou a parte de trás do seu pescoço, ainda sorrindo. “Da última vez

que verifiquei, antes de você me arrastar até aqui, estávamos fazendo

exatamente isso.”

“Então por que ela está tão nervosa? Por que ela está fazendo aquela

coisa de torcer os dedos e me dando sorrisos falsos?”

O sorrisinho de Billy se transformou em um sorriso largo, e ele abriu a

boca como se ele fosse responder, mas depois parou. Os seus olhos se

lançaram para os meus e ele baixou o queixo. Ele balançou a sua cabeça.

“Cletus,” começou soltando uma risada rouca, depois voltou os olhos

para mim, a sua expressão mais uma vez ilegível. “Jennifer é uma menina

doce. Mas não estou interessado em Jennifer. E você sabe disso. E é por isso

que você me pediu ajuda.”

Examinei o meu irmão, sabendo que ele estava dizendo a verdade, mas

incapaz de conciliar a verdade com o que eu acabara de testemunhar.

“Então, não a seduza, Billy. Não a chame de linda.”

“Você não acha que ela é linda?”

“É claro que eu acho que ela é linda. Não sou cego, sou?”

“Eu não sei, não é?” Perguntou, um fantasma de um sorriso por trás de

seus olhos.
Grunhi e verifiquei o meu relógio. Estava perdendo a sessão de

bluegrass. Se não me apressasse, tudo estaria terminado e perderia a minha

chance de tocar. Eu tinha o show de talentos em Nashville com Claire em

breve e improvisar com o grupo hoje era importante.

“Só me prometa que vai ser bom para ela.” Levantei um dedo de

advertência na frente do seu rosto. “Você vai ser bom. Esse é um encontro

falso e não a deixe esquecer isso. Não posso ajudá-la se ela está sonhando

acordada com a sua barba bem cuidada e cabelo com um penteado todo

moderno.”

“Ela não está sonhando acordada por mim, Cletus,” disse ele

categoricamente.

“Vamos mantê-lo assim.” Dei-lhe um arco de sobrancelha ameaçador,

me preparando para sair, mas depois me lembrei de que precisava falar com

Billy sobre outro assunto. “A propósito, já tenho o entretenimento para

despedida de solteiro do Jethro todo preparado.”

A expressão de Billy não se alterou. Ele piscou para mim uma vez e fez

um som de insatisfação na parte de trás de sua garganta. “Não posso

acreditar que concordei com seu plano para a festa. Não podemos

simplesmente ir com o plano original: a caça ao tesouro do Beau, beber

uísque, e queimar coisas?”

“Você vai me agradecer mais tarde. E vou valorizar as fotos para o resto

de nossas vidas.” Virei, dizendo por cima do meu ombro. “E, depois disso,

não há mais encontros com Jenn. O serviço está terminado. Vou assumir a

partir daqui.”
Não esperei para ver se ele iria me seguir, mas mantive o meu passo em

ritmo lento. Embora estivesse vagueando para voltar para Jennifer,

serpenteei com um propósito. Sentia um impulso de tranquilizá-la. Também

sentia o impulso de colocar os meus olhos nela e confirmar que Billy não

tinha feito muito dano com seus cumprimentos suaves.

Vi o xerife de pé atrás da mesa de doações. Uma multidão bloqueava a

minha visão da mesa, mas o xerife era um homem alto, fácil de detectar.

Enquanto fazia o meu caminho através da multidão decidi que seria melhor

levá-la para casa agora. Ou talvez pudesse levá-la ao Front Porch para um

bife e poderíamos criar estratégias. Billy não se importaria.

Mas então parei.

Jennifer estava lá, de pé junto ao xerife, onde ela disse que estaria. Ao

seu lado estava pairando Jackson James. Ele estava falando com ela. E

sorrindo. E estava muito perto.

Alerta vermelho!

A minha pressão arterial disparou e o meu perambular se transformou

em um andar poderoso.

“...Você deve vir mais vezes. ” Jackson terminou a frase estúpida, os

olhos abaixando para o seu peito como um idiota, em seguida, de volta até

os seus olhos.

“Jenn,” eu disse muito alto, evitando Jackson e me inserindo entre os

dois. "Aí está você. Estive procurando por você.”

“Esteve?” Perguntou ela, com o rosto doce inclinado para trás e os seus

olhos incrivelmente bonitos olhando os meus.


"Sim. Estive,” disse, então, prontamente esqueci o que eu ia dizer em

seguida. Senti uma presença pairando atrás de mim, então olhei por cima do

ombro para Jackson, o pairante, e franzi o cenho, impaciente. "Você se

importa? Dê a um homem um pouco de espaço.”

“Isso é muito engraçado, Cletus,” disse ele, não parecendo nada

divertido. “Porque eu estava apenas...”

“Você tem algum, uh, caramelo?” Perguntei a Jennifer, não querendo

ouvir Jackson reclamando. Se ele estava indo reclamar, decidi que era

melhor fingir que ele era um fantasma. Caramelo foi a primeira coisa a

surgir em minha mente.

“Caramelo?” Suas sobrancelhas escuras se uniram; Gostaria de saber se

a cor real do seu cabelo teria o mesmo tom escuro que as suas sobrancelhas.

Esperava que sim.

“Sim. Caramelo,” disse suavemente, e sorri quando ela sorriu e deu de

ombros. “Eu gosto de viver perigosamente.”

Ela abriu a boca, prestes a me perguntar alguma coisa e não podia

esperar para descobrir o que seria, quando Jackson interrompeu impaciente.

“Comendo caramelo?”

“Sim,” virei apenas a minha cabeça e lhe dei o meu perfil. “Isso coloca

as minhas obturações dentárias em grave perigo.”

Jennifer riu. Sorri para o som, me permitindo o luxo de olhar em seus

olhos. Ela tinha uma risada atraente. E um grande sorriso.


“Você está pronta?” Billy, em toda a sua magnânima suavidade e bem

mantida glória, se aproximou de Jennifer e passou o braço em volta de sua

cintura. “Devemos sair se nós estamos indo jantar.”

Ela olhou surpreendida para o meu irmão, então para mim, depois para

Jackson. Eu me afastei um pouco, cortando a visão de Jenn para o atrasado e

perdoei a Billy só um pouco por colocar as suas mãos sobre ela. "Está certo.

Você dois devem ir comer aquele bife. Divirtam-se."

Tentei os apressar. Infelizmente, Billy era um cavalheiro e tomou o seu

tempo apertando a mão do xerife James e do Juiz Payton antes de ir embora.

Enquanto isso, mantive a minha posição defensiva, bloqueando Jackson

para não os ver ou os seguir, até que a cabeça alta de Billy estava fora de

vista.

“Droga, Cletus.” Jackson, cada vez mais exasperado, me empurrou para

o lado e esticou o pescoço, presumivelmente em busca na multidão por Billy

e Jennifer. "O que há de errado com você?"

“Eu estava no seu caminho?” Olhei para ele e sorri, decidindo que a

lepra, via infecção tatu, estava definitivamente em seu futuro.

***

QUANDO ACORDEI no sábado de manhã tive um desejo por assados.

A menos que Duane estivesse fazendo o seu pão quente de mirtilo, o meu

café da manhã consistiria em três ovos cozidos, um abacate, uma toranja, e

meio litro de água. Guardei o meu café especial para depois do almoço.
Hoje não queria ovos. Eu queria... um muffin. Ou qualquer coisa.

Embora tivesse ficado a noite anterior acordado até que Billy chegou a

casa, ele estava irritantemente circunspecto com os detalhes. Eu juro, receber

informações dele, por vezes, era mais difícil do que obter sangue de um

nabo.

Tomei banho rapidamente, com a intenção de ir para a padaria Donner

por qualquer coisa que Jenn tenha cozinhado, e lhe perguntar diretamente a

forma como o encontro tinha sido, ou seja, se eu precisava mutilar Billy? Ou

se ele tinha sido um cavalheiro? Ou, mesmo se ele tivesse sido um

cavalheiro, se eu ainda precisava o mutilar?

Depois de me secar com a toalha, limpei o espelho embaçado e agarrei o

meu pente. Mas parei no meio de uma escovada quando avistei o meu

reflexo.

O meu cabelo tinha crescido, caindo sobre a testa e as orelhas, atingindo

a parte de trás do meu pescoço. Parecia confuso, bem, mais confuso do que o

habitual e já tinha passado o tempo de um corte. No calor do momento,

decidi que iria parar no barbeiro no caminho para a padaria e cortar o meu

cabelo.

Enquanto estava vestindo um par de calças e a camisa cinza escuro que

Sienna tinha me comprado para o meu aniversário, Beau colocou a cabeça

no meu quarto.

“Ei, Cletus. Estava pensando sobre...” Ele parou de falar assim de

repente, e olhei para ele. Ele estava olhando para mim como se me tivesse

crescido penas de galo.


“O quê?” Olhei para a minha roupa depois de volta para ele.

“Hoje não é domingo,” disse, com os olhos na minha camisa.

"Eu sei disso."

“Então por que você está todo bem vestido?”

"Eu não estou."

“Sim, você está.” Beau percorreu todo o caminho para o meu quarto e

ficou atrás de mim. Nós dois refletidos no espelho do armário. “Quem é que

vai ver?”

Dei de ombros. "Ninguém."

“É Shelly?” Perguntou de repente, franzindo o cenho. “Vocês dois estão

envolvidos?”

A minha careta em resposta foi imediata, porque não tinha gasto muito

tempo pensando sobre Shelly; Eu necessitava adicionar ela para a minha

lista de afazeres. “Não estou envolvido com Shelly. Pelo menos ainda não."

Beau endureceu e ele cruzou os braços. "O que isso significa?"

“Significa, que eventualmente, irei para ela. Ela e eu somos adequados.”

Seus olhos foram para onde eu estava apertando os botões cinza escuro

da minha camisa preta e ele ficou quieto enquanto eu terminava.

Eu o contornei para chegar aos meus sapatos e me sentei na cama para

calçá-los.

“Você acha que vocês dois são adequados?” Ele finalmente perguntou.

"Sim."

“Há quanto tempo você, uh, se sente desse jeito?”


“Desde que a conheci e decidi que a união de nós dois seria idealmente

plácida. Por quê?” Levantei uma sobrancelha para o seu reflexo; ele não se

moveu, nem os seus olhos. Ele estava olhando sem ver para o espelho.

"Porque eu...” Ele hesitou, puxando a mão pelo cabelo e se afastando do

espelho para me encarar, “Teria feito um esforço para ser mais agradável, se

soubesse que você estava interessado.”

“Beau, você deve ser mais agradável, independentemente dos meus

sentimentos sobre o assunto. Você é bom para todo mundo. Você sabe o que

mamãe costumava dizer: Se você não quer que alguém fique com a sua

cabra, não os deixe saber onde ela está amarrada.”

Seus lábios formaram uma linha reta e ele acenou com a cabeça uma

vez. Inspecionei o meu irmão. Ele estava infeliz, e infeliz não era o estado

normal para Beau.

“Há algo acontecendo com você?” Perguntei, dando-lhe uma ampla

oportunidade para compartilhar os seus problemas.

Seus olhos vieram até os meus e ele torceu os lábios para o lado. Ele

olhou para mim, mascarando cuidadosamente os seus pensamentos e sem

dizer nada por um tempo. Então, ele balançou a sua cabeça.

"Não. Nada está acontecendo comigo.” O tom de Beau foi

deliberadamente desprovido de emoção.

Examinei-o ainda mais.

“Pare com isso, Cletus.”

"Parar com o quê?"


“Pare de tentar perscrutar minha mente.” Ele esboçou um meio sorriso,

empurrando as mãos nos bolsos.

“Eu nunca faria isso, Beau. A sua mente é um lugar depravado e

dissoluto. Temo pela minha alma eterna se eu conseguir um vislumbre

interior.”

Ele sorriu com a minha provocação e tive o prazer de ver isso. “É isso

mesmo.” Ele se virou para a porta e disse por cima do ombro enquanto saía.

“E não se esqueça disso.”

***

KEVIN ARTHUR GOSTAVA DE cortar cabelo. Reconhecia que o seu

desejo era uma coisa boa, considerando que ele era barbeiro. No entanto,

Kevin sempre quis cortar mais comprimento do meu cabelo do que eu

solicitava. Discutíamos cada vez que entrava em sua loja.

Eu disse a ele que o meu cabelo precisava de peso, caso contrário ficava

espetado para cima e para fora, e a minha cabeça, que já era maior do que a

média, provavelmente para acomodar o meu cérebro enorme, pareceria um

melão cantaloupe29 em um palito, sendo os melões cantaloupe os menos

estimados de todas as frutas.

Ele mantinha que eu precisava de um corte curto, com os lados cortados

curtos, e no topo mais longo e desbastado. Ele disse que a espessura do meu

29
cabelo era responsável por sua propensão a se comportar mal. Ele disse que

o corte traria todas as meninas para o meu quintal.

Isso era duvidoso. Primeiro de tudo, eu não queria as meninas em meu

quintal. Não queria ninguém no meu quintal. Meu quintal estava bem assim

como estava: auto - mantido.

Em segundo lugar, nunca tinha sido popular entre as mulheres.

Mulheres, ou pelo menos as mulheres que eu conhecia, não desfrutavam

muito da minha falta de vontade para lidar com besteira. Na verdade, nem

mesmo a maioria dos homens que conhecia gostavam disso em mim

também.

Besteira era a versão adulta do Papai Noel. Por razões que nunca vou

compreender, a população em geral parecia gostar de chafurdar, espirrar e

acreditar em besteiras.

Mas voltando ao meu barbeiro.

Deixei Kevin e cinco centímetros de meu cabelo em sua loja em

Knoxville. Nós tínhamos discutido sobre o comprimento. Ele finalmente

concordou e deixou de me importunar. Então ele cortou. E então, contra o

meu melhor julgamento, eu o deixei cortar e moldar a minha barba. Eu vim

a lamentar essa decisão. Ele a tinha cortado muito curta e agora tinha uma

aparência distintamente bem cuidada.

Eu estava ridículo. Dei-me cinco minutos para me sentir ridículo, e

depois segui em frente. Eu tinha muffins em minha mente e já passavam das

10:30.
A padaria Donner ficava no lado mais distante de Green Valley e

definitivamente não estava em meu caminho para casa. A padaria era anexa

à pousada Sky Lake, a única propriedade ainda na posse da família de Don

Donner, bisavô de Jennifer. Diane Donner-Sylvester tinha herdado a

pousada em um estado de abandono, o seu pai tinha desperdiçado a fortuna

da família e transformado o império de hotéis Donner em quase nada.

Tive que estacionar a alguma distância da entrada da padaria.

Surpreendentemente, o parque estava quase cheio. Tentei me lembrar da

última vez que tinha estado na padaria sem ser tarde da noite, duas

segundas-feiras atrás, e percebi que tinham passado vários anos.

A propriedade parecia significativamente diferente desde a minha

última visita à luz do dia. O que havia estado degradado e pobre estava

agora bem cuidado como a minha barba recentemente aparada.

Todos os edifícios tinham sido pintados recentemente e o paisagismo

era de alto nível. Tanto o letreiro da padaria como o da pousada pareciam

novos e o estacionamento tinha sido repavimentado. A padaria tinha um

novo toldo, de estilo francês, mesas de ferro forjado e cadeiras ao longo da

janela, e aparentemente, percebi ao entrar, que o seu interior tinha sido

completamente remodelado.

Assim que entrei fui agredido pelo cheiro do céu. Isso reconheci,

porque era o mesmo aroma que tinha encontrado duas segundas-feiras

atrás, quando Jennifer me deixou na porta dos fundos da cozinha. Eu

aprovava este cheiro.


Também aprovava as misturas na vitrine, cada uma mais elaborada do

que a outra. E, claro, colocado de um lado em um pedestal de vidro no lugar

de honra, estava três bolos de banana inteiros, e um bolo de banana pela

metade. Aparentemente, algumas pessoas comeram uma fatia de bolo de

banana no café da manhã.

Parecia uma excelente ideia para mim.

Conforme previsto pelo grande número de carros no estacionamento, a

padaria estava movimentada. Inclinei-me para um lado e examinei o balcão.

Jennifer não estava no caixa e ela não estava recebendo as encomendas, o

que fazia sentido. Ela provavelmente estava em outro lugar, cozinhando.

Fiz uma careta, olhando agitado para o corredor que levava para a

cozinha. Sabia que Jennifer assava itens frescos em cada sábado e domingo.

Billy tinha chegado tarde às 11:00 da noite. Supondo que ele há deixou

quinze minutos antes de chegar a casa, isso significava que ela tinha

dormido menos de quatro horas.

A preocupação me fez deixar a padaria, andei ao redor do prédio, e

tentei a porta de trás da cozinha. Ela estava destrancada, então entrei.

O que encontrei não me teria surpreendido se eu tivesse parado para

considerar todos os indícios disponíveis, mas fiquei surpreso.

Lá, no centro calmo de uma tempestade de atividade frenética, estava

Jennifer Sylvester. Ela usando o seu vestido amarelo e sapatos de salto alto;

seu cabelo ondulado loiro estava preso em uma rede, e a espessa

maquiagem, habilmente aplicada cobria as suas feições. Ela estava vestindo

o avental Smash-Girl e ela estava assando, mas não era a única.


Ela tinha uma equipe de pelo menos dez pessoas. Jennifer estava

dirigindo o tráfego e sua voz não era macia, ou fraca, ou qualquer outra

coisa parecida com uma mulher sem espinha dorsal.

Fiquei imóvel por pelo menos três minutos e vi o seu trabalho,

corrigindo alguém à sua esquerda, respondendo a uma pergunta lançada a

partir da sua direita, o tempo todo enchendo bolas fofas delicadas com

creme. Ela estava fazendo folhados de creme.

“Ei, Cletus.” Virei-me com a saudação e descobri uma das gêmeas

Tanner me dando um sorriso largo. "O que você está fazendo aqui?"

“Eu, uh...” Eu ia dizer que estava lá para ver Jennifer, mas claramente

ela estava ocupada. Não queria interromper.

Blithe Tanner, pelo menos pensava que era Blithe, embora pudesse ser

Blair, levantou as sobrancelhas com expectativa. "Você precisa de algo?"

“Cletus?”

Virei-me ao som da voz de Jennifer. Ela estava caminhando para mim,

enxugando as mãos em uma toalha. No último minuto, ela chupou o dedo

em sua boca, sua língua rosa saindo para lamber o creme do dedo.

A minha garganta estava de repente e curiosamente seca.

“Ei, Jenn. Não queria interromper.”

Ela me deu um leve sorriso e balançou a cabeça. “Você não está

interrompendo. Estava terminando uma encomenda para esta noite.

Folhados com creme de banana. Você quer experimentar um?”

Antes que pudesse dar uma desculpa, porque estava absolutamente

pensando em dar uma desculpa, ela pegou a minha mão e me puxou para o
seu espaço de trabalho. Parando, ela se virou para mim, arrancou um

folhado do balcão e o levou até à minha boca.

“Abra,” disse, com os olhos na minha boca.

Então eu fiz.

Ela colocou o bolo na minha língua, a sua atenção ainda fixa nos meus

lábios. "Como está?"

Não gemi, mas eu queria. Em vez disso terminei de mastigar e disse

com serenidade forçada: “Isso pode ser a coisa mais deliciosa que já comi.”

Ela sorriu, parecendo sublimemente feliz, e de repente queria lhe dar

todos os elogios, desde que continuasse sorrindo.

Mas então a voz de sua mãe gritou, “Jennifer! Você já acabou com...

Oh.” Ela parou de repente, os olhos para mim; ela parecia realmente

perplexa. “Cletus Winston. O que você está fazendo aqui?"

Endireitei-me e dei a Diane Donner-Sylvester um aceno de cabeça

respeitoso, mas não tive a chance de responder a sua pergunta.

“Ele está aqui por causa de Billy.” Jennifer mentiu, desatando o avental.

“Oh.” Diane franziu a testa enquanto olhava entre nós dois.

“Os folhados estão todos prontos, assim como os quatro bolos de

banana. Blair vai arrumá-los em suas caixas. Eu já volto.” Jennifer inclinou a

cabeça para a gêmea Tanner com quem eu tinha falado momentos atrás, em

seguida, pegou a minha mão e me levou para fora da cozinha para a porta

dos fundos. Ela pendurou o avental e saiu.

Estudei a sua mãe quando saímos, a surpresa e confusão da mulher

perspicaz se transformando em suspeita.


Mais uma vez, a velocidade de Jennifer era impressionante para uma

mulher pequena em saltos altos. Desta vez eu caminhava ao lado dela, em

vez de um passo atrás. Estávamos a uns bons quinze metros de distância da

padaria quando ela parou de repente e falou.

"É bom te ver."

“Você também.” Disse automaticamente, e eu queria dizer isso.

“Eu gosto do seu corte de cabelo,” os seus olhos se moviam sobre mim,

avaliando, e seu sorriso voltou pouco antes dela torcer o nariz “... E sua

barba. Não estou acostumada a vê-la tão curta, no entanto. Vai me levar um

tempo para me acostumar com isso.”

Acariciei o comprimento mais curto e fiz uma careta. “O meu barbeiro

toma demasiada liberdade.”

Ela riu, levantando a mão como se estivesse indo para tocar meu rosto,

mas, em seguida, parou e baixou os olhos para o chão. “Eu queria te

agradecer.”

“Agradecer a mim?” Perguntei estupidamente, metade do meu juízo

tendo ficado na cozinha em seus dedos colocando um folhado de creme de

banana na minha boca. Olhei para os dedos em questão. A sua unha polonês

era Borgonha.

“Sim.” Ela ergueu o queixo e fitou os meus olhos. “Obrigada por

empurrar Billy para ir nesse encontro. Vou lhe fazer um bolo de banana para

agradecer, pois ele realmente foi muito mais do que o esperado.”

“É mesmo?” Fiz uma careta, o que não foi de propósito. Era apenas

uma carranca baseada inteiramente no que ela disse. “Defina muito mais.”
“Bem, a coisa engraçada sobre isso. Ele foi um verdadeiro cavalheiro,

mesmo quando Jackson se aproximou de mim.”

“Você quer dizer na jam session?”

"Não. Quero dizer no The Front Porch. Jackson estava lá, no

restaurante, e ele veio para a nossa mesa, enquanto Billy estava no banheiro

dos homens.”

Meu cenho se intensificou. Tudo por conta própria. Sem me consultar.

“O quê?” A minha pergunta saiu muito mais incisiva do que pretendia.

“Cletus...” Os olhos de Jennifer estavam arregalados de uma emoção

que não conseguia ler e ela estava torcendo os dedos.

Enquanto isso, o meu coração batia de forma irregular. Tudo por conta

própria. Também sem me consultar.

“O que é isso?” Eu me aproximei e coloquei uma mão em seu braço,

precisando tocá-la por razões que não entendia.

“Cletus, Jackson me pediu para sair.”

Olhei para ela e suas palavras, não faziam sentido. "O que você quer

dizer? Sair para onde?”

Ela reuniu uma grande inspiração, os seus olhos lindos procurando os

meus, sua expressão estranhamente cautelosa, e disse expirando, “Ele me

pediu para sair em um encontro.”


CAPÍTULO 13

“Minha alma é uma orquestra oculta; não sei que instrumentos tangem e rangem,

cordas e harpas, timbales e tambores, dentro de mim. Só me conheço como sinfonia."

― Fernando Pessoa, Livro do Desassossego

~Cletus~

EU ESTAVA ADIANTADO.

O horário designado para a nossa aula de segunda-feira era às 21:30.

Agora eram 21:17.

Bati meus dedos no volante do meu carro e olhei para os fundos da

porta da padaria, debatendo minhas opções.

No sábado, depois de Jennifer ter jogado a bomba Jackson James, sua

mãe rapidamente gritou para ela voltar. Não tivemos a chance de terminar a

conversa porque Jennifer deixou-me de pé no final do estacionamento

enquanto corria de salto alto para a cozinha.

Estava obcecado e distraído desde então.

Testemunhar o comando de Jennifer sobre a cozinha tinha sido uma

visão para se ver. Mantive-me pensando que estava orgulhoso dela, mas

depois desconsiderei o pensamento. Não tinha o direito de estar orgulhoso

dela. Eu não era responsável - indiretamente ou de outra forma - por seu

sucesso e habilidades. Ela era responsável. Eu só esperava que ela estivesse

orgulhosa de si mesma. E então houve a pequena questão de Jackson James


e suas intenções. Minha intuição me disse que suas intenções não eram das

melhores.

E ainda...

Meus olhos cintilaram para o painel. Agora eram 9:28. Mais dois

minutos.

O que fazer com Jackson não era minha decisão. Concordei em ajudar

Jennifer a encontrar a espinha dorsal para que pudesse usá-la em todas as

facetas de sua vida, e esse ainda era o plano.

Embora ela muito claramente o usou em sua cozinha. Com facilidade.

Mas ainda...

A porta dos fundos abriu e Jennifer espiou com a cabeça para fora. Ela

estava procurando pelo meu carro. Vi o momento quando o avistou. Ela saiu

mais completamente

da cozinha e me acenou. Saí do meu automóvel e fui andando com passos

medidos para onde ela estava, tentando esconder meu conflito interno.

"Entre," sussurrou enquanto me aproximava. "Fiz para você alguns

profiteroles30.E o bolo do Billy está pronto. Você se importa de entregar para

ele?"

"Sem problema."

Jennifer moveu-se para o lado, me dando um grande espaço e fechou a

porta. Estava frio e eu estava usando minha jaqueta. Ela deu um passo a

minha volta e foi em direção ao fogão. Notei que ela estava usando chinelos

30
Profiterole é uma sobremesa feita com uma massa açucarada recheada com cremes, sorvetes e caldas de acordo com a
preferência do consumidor. O doce é bastante popular na França, país no qual foi considerado uma iguaria real em meados do
século XV
com seu vestido amarelo, seu cabelo estava puxado para trás em um coque,

e ela removeu a maquiagem do rosto.

Pensei que talvez fosse assim que ficaria em casa, depois do trabalho,

com o marido que tão desesperadamente queria. Quem quer que ele fosse,

percebi que ele seria um homem de muita sorte.

"Você quer algo para beber? Está frio hoje. Posso fazer chá." A água

estava fervendo, ou tinha acabando de começar a ferver em uma chaleira

azul e branca.

"Chá seria bom."

Ela me deu um sorriso amigável, em seguida, moveu-se para preencher

os dois copos que havia pego com água quente.

Eu a estudei. Ela parecia estar à vontade, o que era uma grande

mudança após duas semanas. Seu esmalte de unha agora era azul, e em vez

de pérolas, ela usava um cordão de ouro delicado com uma cruz.

"Sei que você provavelmente esteve muito ocupado para pensar sobre o meu

problema, mas aprecio o seu conselho,” disse , mexendo o chá.

"Qual problema seria?" Suponho que ela quisesse falar sobre Jackson

James, mas não consegui dizer as palavras.

Aquele cara... Que merdinha. Quanto mais pensava sobre ele se

aproximando de Jennifer enquanto estava em um encontro com Billy, mais

queria aumentar meu plano de infestação de armadillo31. Ou talvez apenas

bater nele. Reconheço, o encontro com Billy tinha sido falso, mas Jackson

desconhecia esse fato.

31
tatu
Conseqüentemente, ele era um merda.

Meu casaco parecia muito quente, então o retirei e coloquei no balcão,

reivindicando uma cadeira e inclinando meus antebraços no bloco de

açougueiro.

"Acho que você está certo." Ela assentiu, obviamente lendo mais na

minha pergunta do que a minha intenção. "Não é realmente um problema. É

o que eu queria, na verdade. "

Tive que limpar minha garganta após um aperto inesperado. "Ir a um

encontro com Jackson é o que você queria?”

Jennifer inclinou o quadril contra o balcão e encolheu os ombros. "Não

necessariamente Jackson, mas acho que ele servirá. Sei que meu pai aprova

ele. Vem de uma família muito boa e sempre pareceu um cavalheiro."

Apesar de tirar a jaqueta, meu pescoço ainda estava quente. Estava de

repente e energicamente... irritado. Resolvi manter essa irritação para mim,

principalmente porque não entendia e parcialmente porque Jennifer não

merecia. Era simplesmente irritação.

Ela não notou a minha luta, seus olhos estavam em sua xícara de chá

quando disse: "Acho," começou, suspirou e começou de novo, “Acho que

não tenho certeza de que seja uma boa idéia."

Minha irritação aliviou o suficiente nesta declaração para eu dizer:

"Você não precisa ir. Se você ainda não se sente pronta, ou não está

preparada, basta cancelar."

"Não, eu me sinto bem com o encontro, quero dizer, Billy me deu

muitas dicas."
A irritação aumentou novamente, como uma onda. "Que tipo de dicas?"

"Coisas para falar, e coisas para as quais não falar. Ele foi realmente útil,

então obrigada por arranjar isso.”

"Não há problema." Teria que tentar extrair esta informação de Billy

mais tarde; até agora ele estava frustrantemente calado. "Então, por que você

está duvidando se quer ir no encontro com Jackson?"

Os olhos de Jennifer voltaram para os meus, depois para longe.

Finalmente perguntou: "E se ele quiser me beijar Cletus?

Respondi com a verdade antes que pudesse me parar. "Ele

definitivamente vai querer te beijar, Jenn."

"Isso é um problema." Seus olhos se arregalaram até seu diâmetro

máximo e ela apertou as mãos sobre o copo de chá.

"Por que isso é um problema, além da óbvia dificuldade de ser forçada

a beijar Jackson James?"

Ela ignorou o insulto e respondeu a raiz da minha pergunta. "É um

problema porque tenho vinte e dois anos e não sei como fazer isso.”

"Beijar?"

"Sim."

Olhei para ela. Então meu olhar se moveu para seus lábios. "Você nunca

foi beijada?"

"Não. Bem, na verdade não. Timothy King tentou me beijar uma vez,

mas eu não queria ele. Colocou a boca no meu queixo antes que pudesse

afastá-lo.”

Nota para mim mesmo: mutilar Timothy King


"E então houve aquela vez que surpreendi Drew, mas, como disse, foi

uma colisão. Não um verdadeiro beijo. Foi tão terrível, muitas vezes me

perguntei se deveria enviar-lhe uma carta de desculpas.”

"Não há necessidade disso." Dispensei sua sugestão.

"Quero dizer, tenho certeza que eu poderia fazê-lo eventualmente.

Quão difícil isso pode ser?"

Pensei no problema dela, porque era um problema. Mais uma vez, ela

me pegou desprevenido. Sabia que ela tinha sido protegida, mas claramente

não tinha idéia de quão metodicamente, seus pais estavam isolando-a.

A mulher precisava ser beijada.

Mas primeiro, precisava saber sobre beijar.

"Bem, tecnicamente falando, não é difícil beijar uma pessoa. Assim

como não é difícil assar um bolo. Mas é difícil assar um bolo excelente,

certo? O mesmo com beijos. As chances de você fazer um bolo excelente na

sua primeira tentativa são... "

"Basicamente zero."

"Isso é verdade. Mas enquanto aprecio o seu realismo, permita-me

sugerir que abrace o otimismo. Porque beijar é mais do que apenas técnica. É

também sobre a química que você tem com outra pessoa e sua técnica

também. Então a diferença entre beijar e assar é que duas pessoas estão

envolvidas, e isso torna mais ou menos complicado."

"Como mais complicado?" Ela passou-me o meu chá, então bebeu um

gole do dela.
"Se você tivesse que assar com um parceiro, você precisaria confiar

nesse parceiro e esperar que ele ou ela seja tão boa como - ou melhor do que

você. Além disso, espera que vocês dois tenham uma boa química. Além

disso, e não posso enfatizar isso o suficiente, que outra pessoa precisa

manter uma cozinha arrumada."

"Cozinha arrumada?"

"Sim. Se você está atrás de um parceiro de cozinha de longa data, evite

os padeiros indiferentes. “E se você assumir um profissional, previamente

indicado, certifique-se que ele tenha a sua cozinha minuciosamente

inspecionada pelo departamento de saúde.”

Suas sobrancelhas escuras arquearam seus olhos violetas, que estavam

sombreados com preocupação. "Então, como é menos complicado?"

"Se o seu parceiro e você têm ótima química, a técnica é o que menos

importa."

Ela pensou sobre isso por um momento, tomando seu chá e olhando

para o contador entre nós. Então ela suspirou.

"Claramente sou o padeiro mais fraco neste cenário. Para todos os

efeitos e propósitos, sou o padeiro que não pode fazer torradas. Apenas

sendo pragmática aqui, acho que minha preocupação é, vou encontrar

alguém com quem tenha uma ótima química e provacar uma execução, isto

é, queimar a torrada."

"Mas você ensina as pessoas a assar, certo?"

"Sim."
"Então você só precisa aprender a técnica do beijo adequada. Isso é

tudo.” Encolhi os ombros, esperando ter comunicado que não era grande

coisa. "Uma vez que você se sinta confiante com sua técnica, então você

pode ver se a química está lá."

"Você faz soar como se eu apenas fosse verificar os classificados para

um instrutor de beijo. Como as pessoas normais fazem isso? Como as

pessoas normais aprendem a beijar sem assustar os bons beijadores?”

"A maioria das pessoas descobre no ensino médio. Ninguém sabe como

beijar no ensino médio, por isso são diferentes variações de muito molhadas

a desagradáveis. É um monte de tentativa e erro, beijos ruins, descobrir o

que funciona e o que não funciona."

"Veja agora, perdi tudo isso..." Ela balança a cabeça, claramente

frustrada. "Você sabe, nunca desejei ir ao ensino médio até o ano passado.

Quando tinha quatorze anos e meus pais me disseram que iam me manter

em casa e continuar me educando em casa, fiquei aliviada."

"Por quê?"

"Na época eu tinha três amigos que já estavam no colégio, e eles fizeram

parecer o sexto círculo do inferno de Dante.”

Esta descrição me fez sorrir. "Pode ser."

"Mas agora, olhando para trás, gostaria de ter ido. Gostaria de ter tido a

experiência tradicional do ensino médio e toda a tortura que acompanha. Eu

não seria tão estúpida sobre as coisas agora. Sinto que estou limitada pela

minha falta de experiência."


"Não acho que sua avaliação está correta. Neste caso, em questões de

relações interpessoais, não acho que seja necessariamente mau não ter

experiência, assim como não é ruim ser experiente."

Sua boca estava pressionada em uma linha duvidosa. "Acho difícil de

acreditar."

Sorri, porque mais uma vez ela parecia fofa. "É verdade. Se você não se

importa de outra analogia, encontrar um companheiro é como tocar um

instrumento. Posso tocar banjo por anos, mas depois desisto para tocar

fagote. Bem, não sei como tocar o fagote32, então é como começar tudo de

novo. Cada instrumento é como começar tudo de novo. “Ninguém tem

todas as respostas, não importa quanto de experiência eles têm em seu

passado.”

Jennifer colocou o copo no balcão com uma batida. "Mas, usando sua

analogia, se você tocou o banjo, pelo menos você sabe como ler a música.

Sabe o que as notas significam. Eu sou como uma pessoa que nunca ouviu

uma música, e de repente quer se tornar um pianista de concertos.”

Fiquei quieto, porque ela tinha uma boa razão.

"E você?" Perguntou, colocando as mãos nos quadris.

"E quanto a mim?" Endireitei-me no balcão, preparando para a

pergunta inesperada que estava prestes a atirar em mim.

"O que você está procurando? Em seu parceiro? Que nível de

experiência que você está procurando?"

32
O fagote é um instrumento musical da família dos sopro
"Idealmente, por causa da eficiência...” Hesitei, porque ela estava me

olhando como se a minha resposta tivesse a chave para o seu sucesso futuro

e estava falando sobre os homens. Pensei em mentir, para fazê-la sentir-se

melhor e reforçar sua confiança, mas decidi contra isso.

Minha preferência pela experiência era como a da maioria (o que eu

considerava normal) homens da minha idade ou mais velhos; Pelo normal

quis dizer homens sem complexos de papai, superioridade ou de poder. Não

conhecia ninguém da minha idade ou mais que estava procurando na escola

uma virgem tímida e corada, a menos que esse homem também fosse um

virgem tímido e envergonhado. Eu não tinha nada contra vírgens tímidas e

coradas. Simplesmente não queria fazer sexo com elas.

Porque o sexo com uma mulher inexperiente era decididamente

baunilha. Não fiz muito sexo baunilha, o missionário, ou com as luzes

apagadas. Não queria uma mulher que estivesse reticente em relação ao seu

corpo, que tentava escondê-lo com os lençóis e a escuridão.

Gosto de vários sabores e quartos bem iluminados, onde poderia

admirar tudo o que fazia a forma da mulher diferente da de um homem.

Gostava de uma variedade de posições e uma mulher com resistência, que

sabia como usar meu corpo para fazer com que gozasse e abordasse o sexo

com entusiasmo, não ansiedade.

Queria uma mulher que soubesse que gostava de sexo, não uma que

tem que imaginar devido à falta de experiência.

Então sim. Pensei em mentir. Mas decidi contra isso. Não queria

mentiras entre Jenn e eu, se pudesse ajudá-la.


Mas disse gentilmente. "Idealmente, gostaria de alguém que tenha, se

for possível, uma boa quantidade de experiência."

O rosto dela caiu e baixou os olhos para o chão de madeira.

Uma pontada de arrependimento proveniente do meu peito apertou

minha garganta. "Jenn..."

"Não. Está bem. Acho que, idealmente, quero o mesmo. Não quero estar

com alguém que precisa de orientação. Não sei o que estou fazendo, então

acho que gostaria de alguém que não se importasse em me ensinar.”

Instantaneamente, um flash apareceu na minha mente.

Jennifer Sylvester despojada das roupas e olhando com confiança. Minhas

mãos em sua cintura, quadris, coxas enquanto beijava seu corpo macio,

quente e flexível...

O flash da imaginação forçou uma reação igualmente repentina e

visceral no meu corpo. Um que levou a maior parte do ar dos meus pulmões

e deixou uma desconfortável

rigidez na minha calça, especialmente porque as imagens não pararam por

aí.

Como seria quando ela fosse experiente? Quando pedisse o que

gostava? Quando sussurrasse um pedido no meu ouvido durante um

intervalo da ‘jam session’ e nós fugissemos para algum lugar privado?

Quando me olhasse com confiança e conhecimento de seus próprios

desejos?

Vou ter que comprar um carro maior. E uma mesa. Gostaria de levá-la em uma

mesa.
"Cletus?"

Sacudi minha cabeça, voltando ao presente e percebi com

desapontamento que ainda tinhamos nossas roupas e não havia uma mesa à

vista.

Mas há um balcão de cozinha.

"Perdão?" Perguntei, lutando freneticamente contra a torrente de

imagens sedutoras.

Ela franziu a testa para mim e, involuntariamente, meus olhos se

dirigiram para o peito. Como uma bola de queijo.

Droga.

Cobri meu rosto com minhas mãos e esfreguei meus olhos.

"Você está bem?"

Assenti com a cabeça e fiz uma lista mental. Uma lista muito simples de

tarefas que precisava fazer ao redor da casa, incluindo, mas não limitado a

limpar galinheiro, afiando as facas no galpão, e cortando madeira.

Definitivamente precisava cortar lenha. Definitivamente. Embora Jethro

tivesse cortado toda a nossa madeira quando esteve amuado com Sienna. E

antes que Billy tivesse cortado uma pilha de madeira quando esteve

chateado com Claire.

... Claire!

“Claire!"

Deixei cair minhas mãos do rosto e estalei os dedos.

“Claire? Você quer dizer Claire McClure?"


"Sim. Claire McClure. Você deve discutir essas questões com ela. Ela é

muito inteligente. E uma mulher.”

Os olhos de Jenn se abaixaram para a xícara de chá vazia e ela se inclinou

para a frente no balcão, da mesma forma que fiz momentos antes. "Você

acha que ela se importaria de falar sobre essas coisas? Ela nem me conhece.”

Peguei minha jaqueta, precisando sair agora.

Exatamente. Agora.

Os primeiros botões de sua blusa estavam desfeitos, o que significava

que a maior parte da borda de seu sutiã de renda estava visível. Era

vermelho.

Seu sutiã era de renda vermelha. Meu palpite era que sua roupa íntima

também era vermelha com laço. Eu estava oficialmente aficionado. Precisava

sair antes de tentar confirmar o meu palpite.

Então anunciei. "Tenho que ir." E puxei minha jaqueta.

Jennifer olhou para mim com surpresa. "Você está indo? Agora?"

"Isso mesmo." Atrapalhei-me com o meu zíper. Graças a Deus amanhã

era terça-feira. As manhãs de terça eram minhas no banheiro do andar de

cima e eu estava precisando.

"Oh." Ela franziu a testa em confusão enquanto seus olhos se moveram

sobre mim. "Tenho os profiteroles e o bolo embalados. Deixe-me pegá-los."

Concordei, o calor subindo do colarinho da minha camisa.

"Hum, vou vê-lo na Jam Session nesta sexta-feira?" Perguntou enquanto

se curvava na geladeira para pegar os produtos.


Desviei meu olhar de sua parte traseira e olhei sem enxergar para a

janela da cozinha, porque estava atormentado por pensamentos de levantar

sua saia enquanto estava inclinada e tudo o que implicava, incluindo, mas

não me limitado a: passar meus dedos por suas coxas lisas; Separando as

pernas; Alcançando a frente de seu vestido com uma mão e puxando o sutiã

enquanto deslizava a calcinha de renda vermelha...

Sim. Era nisso em que estava pensando. E, por um lado, agora entendia

a popularidade dos vestidos do século XX.

Um banho frio estava em ordem. E yoga. E depois outro banho frio.

"Cletus?"

"Sim?" Respondi com força, tentando e falhando em fazer outra lista

não desejada de tarefas domésticas.

"Você vai estar na Jam session?"

"Não. Não esta semana." Acabei de decidir - apenas neste momento -

ignoraria a Jam session.

"E na próxima sexta-feira?"

"Não. Não posso. Estarei em Nashville. Claire e eu temos o show de

talentos." Não podia esperar mais. Afastei-me para a porta dos fundos e fui

para o meu carro.

Ouvi seus passos atrás de mim e o som me trouxe ao presente. Eu a

deixei levar as caixas, e isso foi descortês. Minha mãe me criou melhor,

mesmo que estivesse sofrendo de disfunção peniana.

Virei-me e a encontrei a poucos metros da porta da cozinha, aliviando-a

das caixas.
"Muito obrigado por isso. Não precisava." Mantive os meus olhos nas

caixas.

"Não me importo. E é o mínimo que posso fazer por tudo o que você

fez. E tudo que está fazendo. A propósito, tenho dever de casa?"

Dever de casa.

Droga.

"Sim. Dever de casa. Sim." Assenti, tentando lembrar o que planejei para

ela como lição de casa. Não consegui lembrar, então inventei. "Você tem que

falar com Claire McClure sobre instrumentos e assar com um parceiro."

"Você quer dizer que preciso perguntar a ela sobre sexo".

Ah, pelo amor de...

"Sim." Virei-me e escapei para o meu carro.

"Então você me enviará o número de telefone dela? E avisá-la que vou

liga?" Jenn foi atrás de mim, me enchendo com perguntas. Precisava que ela

me deixasse sozinho, assim poderia parar de pensar em ensiná-la a se

satisfazer.

"Sim." Abri o porta-malas e coloquei as caixas de padaria no interior,

depois passei por ela para a porta do lado do motorista.

"Tudo bem. Parece bom. Acho que vou ver você em duas semanas.

"Sim," disse, fechando minha porta e imediatamente ligando o motor.

Jennifer permaneceu ao lado do lugar onde estacionei, os braços

cruzados contra o frio. Dei macha ré no carro, mas não acelerei. Não poderia

sair, não até que entrasse. Ela não se moveu.


Grunhindo minha frustração, abaixei a minha janela. "O que você está

fazendo? Está congelando aqui. Volte para dentro. "

Ela se arrastou para frente em seus chinelos e se curvou até o alto da

janela. Antes de saber o que estava acontecendo, Jennifer Sylvester colocou

uma mão no meu queixo e deu um doce beijo na minha bochecha. Tudo

acabou antes que soubesse o que tinha acontecido.

Dando-me um sorriso triunfante, recuou do carro. Olhei para ela e ela

olhou para tmim, seu sorriso nunca hesitou. Então se virou e correu para a

porta dos fundos. Entrou. Fechou a porta.

Não sei por quanto tempo olhei para a porta da cozinha, mas quando

finalmente olhei para o relógio, eram 22:46. Ainda precisava de um banho

frio, mas decidi ignorá-lo.

Minha decisão não tinha nada a ver com o fato de ainda sentir o quente,

suave toque de seus dedos na minha mandíbula, ou a pressão abrasadora de

seus lábios na minha bochecha.

Merda
CAPÍTULO 14

"Vamos esclarecer uma coisa: introvertidos não odeiam conversa fiada porque não

gostamos de pessoas. Nós odiamos conversa fiada porque odiamos a barreira que cria

entre as pessoas."

― Laurie Helgoe, Introvert Power

~Jennifer~

UMA SEMANA se passou e não tinha ouvido falar de Cletus.

Tentei não me sentir desapontada e na maioria das vezes consegui. Nós

não éramos amigos. Talvez tenha desenvolvido carinho por ele e desfrutei

do nosso tempo juntos; mas não consegui esquecer de que, de fato, estava

chantageando o homem.

A única razão pela qual ele estava falando comigo era por causa desse

vídeo. Uma vez que o acordo acabasse, ele provavelmente me evitaria. Eu me

tornaria invisível novamente. E tudo bem. Só precisava me preparar para a

eventual rejeição.

Era boa em lidar com a rejeição. Nada demais.

Portanto, minha decisão de procurá-lo dez dias após a nossa última

lição não fazia sentido.

"O que você está fazendo, Jennifer Sylvester?" Perguntei-me em voz alta

enquanto puxava para o estacionamento da Winston Brothers Auto Shop.

"Você obviamente perdeu a cabeça."


Definitivamente perdi a cabeça.

Estava chantageando ele para me ajudar a encontrar um marido. Mas,

recentemente, quando pensei nisso, quando pensei nos momentos roubados

juntos e meu coração ficou muito cheio dentro do meu peito, parte de mim -

claramente o que estava errado na parte principal de mim - me perguntei se

deveria simplesmente chantageá-lo para casar comigo em vez disso.

Veja? Perdi a cabeça.

Perdi no momento em que pisei, inclinei-me no carro e coloquei aquele

beijo na sua bochecha dez dias atrás.

Mas ele era tão...

Suspirei e olhei no espelho retrovisor, meu peito doendo enquanto

assistia sombras e formas de movimento dentro da garagem da loja. Os

meus olhos estavam nas minhas unhas, onde descansavam no volante. Elas

estavam pintadas de preto.

Sim. Preto.

Tinha pintado minhas unhas de preto.

Também parei de vestir os meus vestidos amarelos durante o dia,

preferindo assar de jeans, camisetas e Converse. E marquei uma hora com o

meu cabeleireiro para meados de novembro. Não tinha certeza do que ia

fazer com o meu cabelo, mas sabia que iria mudá-lo.

Minha mãe não estava feliz. Tinha havido muitos apertos de mãos e

gemidos ao longo das últimas semanas. Mas cada vez que ela jogava um

ataque, recebia sua histeria com calma e tranquilidade, ainda usava o

vestido amarelo e os saltos durante os eventos especiais, e quando as fotos


precisavam ser tiradas para as mídias sociais. Não importava o que eu usava

no meu tempo livre.

Independentemente disso, ela me dá cara de indigestão sempre que me

via sem maquiagem completa, vestindo jeans ou meu cabelo em um rabo de

cavalo. Às vezes iria pegá-la murmurando a palavra fazendeiro.

Meu pai também parecia estar perdido. Por um lado, não tinha

corrigido sua suposição de que Billy Winston e eu ainda estávamos nos

vendo. "Billy Winston" parecia ser a frase mágica; Não poderia fazer nada de

errado, enquanto Billy e eu éramos potencialmente notícia, “Billy gosta

quando uso o meu cabelo assim." Ou "Billy gosta desses sapatos."

Por outro lado, seu padrão nos dias de hoje estava mudando com a

minha mãe. Ele nunca tinha sido bom em dizer não a ela, então as últimas

semanas não foram agradáveis. Mais recentemente, toda vez que ele fazia

um comentário sobre minha inteligência, saía da sala. Não tentei

transformá-lo em um elogio ou fazer desculpas para ele. Levantava-me e

saía.

Debati em deixar a loja de automóveis agora, dirigindo sem parar,

porque não tinha um plano. Fiz uma nova receita, muffins de panqueca de

mirtilo, então, basicamente, muffins que tinham sabor de panquecas de

mirtilo. Por um capricho, pensei que, desde que Cletus gostou do

experimento de torta de abóbora, ele poderia gostar de ser meu primeiro

provador para os muffins.

Então, em resumo, não tinha um plano. Só tive um capricho.


O movimento no espelho retrovisor chamou minha atenção e olhei para

o reflexo mais uma vez. Beau Winston estava caminhando em direção ao

meu carro, um sorriso irônico em seu rosto bonito, seu macacão sujo aberto

na sua cintura mostrando uma camiseta branca e intocada.

Pega, respirei e agarrei o prato de muffins; parecia um escudo. Saí do

meu carro.

"Ei, Jenn," disse com um sorriso amigável, seu olhar viajando para o

prato que eu segurava, indo para os meus sapatos, até meus cabelos - que

estava em um rabo de cavalo - então de volta aos meus olhos. "Alguma coisa

errada com seu carro?"

"Olá, Beau." Limpei minha garganta porque minha voz estava nervosa.

"Não. Nada de errado com o carro. Estava apenas dirigindo e pensei em

parar e trazer alguns muffins para vocês." Seus olhos azuis - que já eram

claros e brilhantes como o céu de verão – iluminou-se ainda mais.

"O que você trouxe?"

Um pouco do meu nervosismo se dissipou; Era bom ver que os

produtos cozidos sempre seriam bem-vindos. "Hum, algo novo que estou

experimentando. São muffins de panqueca de mirtilo."

Ele riu levemente. "Eles são para Cletus, certo?"

"Não, não, não. Eles são para todos vocês.”

Ele estreitou os olhos, seu olhar desconfiado. "Panquecas de mirtilo são

o seu favorito."

"São?"

Seu olhar de dúvida difundiu. "Você não sabia disso?"


"Não. Não fazia ideia." Mas fiz uma nota mental.

"Bem.” O olhar de Beau se moveu sobre mim de novo, como se

estivesse curioso - e não de maneira ruim - então se virou e me fez sinal para

que o seguisse. "Entre. Estou apenas terminando. Posso fazer um café e

sairemos daqui a pouco."

"Oh, isso parece legal." Fiquei surpresa com a oferta. Nunca tive uma

conversa real com Beau Winston, mas formei uma opinião enquanto

observava as pessoas. Ele era infalivelmente amigável e bastante popular

com as senhoras.

Ele olhou por cima do ombro e retardou seus passos para que

pudéssemos caminhar juntos. "Espere até experimentar o meu café. Duvido

que faça justiça aos seus muffins."

"Não tenha muitas esperanças. Eles podem ter gosto de chulé," avisei.

Ele soltou uma risada, seus olhos reluzindo um calor real. "Duvido

seriamente que algo que você possa fazer..."

"Qual é o status da Ford Expedition? Você terminou com o radiador?"

Uma voz feminina, sombreada com um sotaque ianque, irrompeu-se

quando entramos na garagem.

Não perdi como Beau endureceu ao meu lado, mesmo enquanto

procurava a dona da voz.

Quase imediatamente, eu a vi. Ela era difícil de perder, estando a

apenas três metros de distância. Os olhos dela chamaram minha atenção em

primeiro lugar. Eles pareciam brilhar e era do azul escuro mais vibrante que

já vi, como safiras. O resto dela era impressionante.


Ela era alta. Como, realmente alta, 1,80 de altura, e sua forma era a de

uma supermodelo saudável. Ela não usava maquiagem, mas sua pele era

impecável, seus lábios generosos e suas maçãs do rosto incrivelmente altas.

Ela tinha um desses rostos perfeitamente proporcionais, as que as revistas

amavam estar falando como a definição de beleza verdadeira.

Seu cabelo castanho claro estava em uma trança grossa caindo pelas

costas. O estilo austero só serviu para destacar o requinte dramático do seu

rosto. Ela era impressionante no seu macacão. Na verdade, parecia que

poderia ter acabado de sair de um desfile de moda apesar de estar coberta

de graxa. Não podia entender como ela ficaria com roupas normais.

O olhar da mulher se moveu sobre mim com desinteresse.

Honestamente não tinha ideia de quantos anos ela tinha. Embora seu rosto

não tivesse rugas visíveis, seus traços eram maduros e seus olhos exalavam

uma consciência que nunca tinha testemunhado naqueles de idade

avançada.

"Shelly." O tom afiado de Beau me puxou de volta do meu devaneio.

"Esta é Jennifer Sylvester. Você provavelmente já ouviu falar de seu bolo de

banana. Jennifer...”. Sua leviandade havia desaparecido, substituída por um

olhar severo e fechado, "Esta é Shelly Sullivan. Ela é nova na cidade e

trabalha aqui."

Estendi a mão para Shelly. "Prazer em conhecê-la."

Ela olhou minha mão estendida, então para mim. Shelly cerrou os

dentes e cruzou os braços. "Prazer em conhecê-la também."


Seu tom era monótono e frustrado e, rapidamente se tornou óbvio que

ela não iria apertar minha mão. Deixei a minha cair, me sentindo

desorientada e envergonhada. Perguntei-me sobre o que tinha ouvido sobre

mim, se alguém tinha dito algo depreciativo. Ou talvez ela não gostasse de

mim por causa de toda a figura rainha do bolo de banana.

"Não tome isso como pessoal." Beau me deu um sorriso pequeno e

reconfortante. O calor deixou seu rosto mais uma vez quando ele virou os

olhos para Shelly. "Ela não aperta a mão de ninguém."

Os olhos de Shelly caíram para o chão por um breve momento e tive a

sensação de que ela estivesse mais envergonhada que eu. Mas então ela

ergueu o olhar para Beau e estava cheio de desafio.

Ele a encarou de maneira igual.

Enquanto isso, fiquei ali, presa entre os seus olhares. Quando não

consegui tolerar a tensão, procurei preenchê-la. "Como você está se

instalando, senhorita Sullivan?"

Seus olhos de cobalto se moveram para os meus e parte da rigidez

diminuiu. "O que você quer dizer?"

"Quero dizer, uh, como estão as coisas? Como é o seu lugar? Precisa de

alguma coisa? Os seus vizinhos são legais?"

Ela me estudou por um longo momento, como se eu fosse interessante.

Ela me lembrou muito de um pássaro real de rapina, e não pude deixar de

compará-la com um águia ou um falcão: orgulhoso, bonito, claramente

inteligente, e ainda distante e removido de alguma forma.

Intocável.
Finalmente, antes que o silêncio se tornasse insustentável, respondeu:

"Minha casa é adequada. Preciso de pegador de panela, continuo usando

panos de prato e queimei minha mão três vezes. Não conheci meus vizinhos,

então não sei se eles são legais."

Sorri, porque gostei de como ela respondeu minhas perguntas, direta e

sem qualquer artifício ou confusão.

"Talvez você devesse fazer mais um esforço," disse Beau.

Olhei para ele e sua descortesia. Nunca vi ou ouvi Beau Winston ser

grosseiro com qualquer um. Ele não pareceu notar meu olhar, porque

embora suas próximas palavras fossem dirigidas a mim, Beau manteve seu

olhar em Shelly. "Vou começar esse café."

Ele se afastou.

Shelly o seguiu com os olhos até ele sair da garagem e sumir lá dentro.

Ela se voltou para mim, novamente me olhando como se eu fosse de fato

interessante.

"Ele não gosta de mim," disse ela simplesmente, soando pensativa e não

chateada com sua observação. Meu instinto arraigado foi para tranquilizá-la,

responder com algo como, Oh, tenho certeza que você está errada. Tenho certeza

de que ele gosta de você. Mas entendi que o sentido de Shelly Sullivan não

aceitava falsas gentilezas.

Além disso, eu estava curiosa...

"Por que você acha que ele não gosta de você?"


"Porque ele me disse: ‘Eu não gosto de você.’" Um pequeno sorriso

pairava atrás de seus olhos e fiquei surpresa com seu brilho, especialmente

devido ao assunto.

"Isso incomoda você?" Perguntei, antes que pudesse me impedir, então

tentei explicar minha curiosidade. "Tenho muitas pessoas que me chamam

de todo tipo de nomes nas mídias sociais, e as pessoas em torno da cidade

me chamam de arrogante às vezes. Ou eles dizem que sou simplória quando

pensam que não posso ouvi-los."

"Você não é simplória." Seu olhar franzido pensativo voltou. "As

pessoas que te chamam de simplória são as simplórias. Você deve colocar

óleo de rícino em sua cobertura de bolo de banana e fechar o banheiro.”

Sorri, porque cobertura de óleo de rícino certamente levaria a várias

viagens ao banheiro. "Talvez você possa me ajudar a soldar os banheiros.

Não saberia fazer isso."

Seu rosto de repente floresceu com um sorriso e isso me surpreendeu, a

expressão parecia tão estranha, tinha a sensação de que estava vendo um

evento único na vida, como um eclipse solar total ou o cometa de Halley.

"Soldei banheiros antes."

O humor por trás das palavras e do tom também me surpreendeu e me

fez sorrir. "O que mais você soldou?"

"Qualquer coisa. Uma vez, soldamos a porta do lado do motorista do

meu irmão..." Seu sorriso diminuiu gradualmente até parecer um pouco

perdido e oprimido, e um lampejo de tristesa caiu atrás de seus olhos antes


de ocultá-lo rápidamente. Ela engoliu em seco e enfiou as mãos nos bolsos.

"Não quero falar sobre isso."

"Tudo bem. Você não precisa falar sobre isso."

Seu olhar se moveu sobre minhas características. "Você tem sete sardas

escuras em seu rosto." Levantei minhas sobrancelhas com essa observação e

mudança súbita de assunto. Ela estava certa. Mas ela não tinha terminado.

"Sua camisa também tem sete botões. A maioria das camisas femininas tem

oito botões."

Olhei para minha camisa e voltei para ela. "Por que minha camisa tem

apenas sete botões?"

"A camisa que você está usando tem apenas sete botões porque foi

especificamente feita para uma pessoa pequena."

“Você está certa. Adquiri na seção de peças pequenas." Sorri para ela,

porque sua observação e conclusão subseqüente era inútil, mas também era

estranhamente legal. "Você é um pouco como Sherlock Holmes."

"Apenas percebo coisas, coisas sem sentido, geralmente tem a ver com

números ou padrões." Seu intenso olhar azul varreu-me e ela apertou os

lábios juntos, como se ela estivesse se impedindo de continuar.

Então, perguntei: "O que é isso? Algo está errado?"

"Desculpe-me, não apertei a sua mão," ela explodiu, então suspirou,

como se as palavras lhe custassem.

"Tudo bem." Dispensei suas desculpas; Não queria fazer uma grande

coisa disso. "Isso me confundiu no começo, mas prefiro falar com você do

que segurar sua mão."


Seu sorriso foi menor desta vez, mas me impressionou da mesma

maneira.

Gostei de Shelly Sullivan. Ela era estranha. Imaginei que seu tipo

estranho dificultava encontrar amigos, mas para mim, ela parecia ser uma

pessoa que valesse a pena conhecer.

Portanto, antes de pensar melhor, sugeri: "Devemos sair. Você e eu. Nós

devemos sair e fazer coisas."

"Que tipo de coisas?" Ficou cautelosa.

"Eu não sei." Não sabia. Não sabia o que duas mulheres faziam quando

se juntavam, além de fofocar - o que minha mãe fazia com seus amigos - e eu

não tinha interesse nisso. Nunca tive uma amiga em pessoa. Todos os meus

amigos eram amigos da caneta. Exceto Cletus, mas ele não era realmente

meu amigo desde que eu estava chantageando ele; e não era uma mulher.

Definitivamente, não era uma mulher.

"Nós poderíamos fazer sabão," sugeri sem nenhum motivo em

particular.

Seus olhos brilharam. "Você sabe como fazer sabão?"

“Sei. Eu faço sabão o tempo todo, quando não cozinho.”

"Gostaria de aprender como fazer. Gosto de sabão."

"Bom." Sorri, animada.

"Sim. Bom." Ela também sorriu, mas estava cheia de confusão, como se

não pudesse acreditar no que acabava de acontecer.

"Nós vamos fazer na minha cozinha, na padaria. É um ambiente estéril,

como deve ser, e isso é importante para a fabricação de sabão."


Seus olhos cresceram ainda mais nesta notícia. "É estéril?"

"Sim. Bem, não hermeticamente selado tipo de estéril. Mas é

profissionalmente limpa - de cima a baixo - todos os dias."

"Isso parece incrível."

Sorri. Seu entusiasmo pela limpeza da minha cozinha era adorável. Ao

ver que ela tinha uma coisa para a higiene, acrescentei: "E vamos usar luvas

de látex enquanto nós fazemos isso."

"Enquanto você faz o quê?" A voz de Cletus cortou, Shelly e eu viramos

nossas cabeças em direção ao som.

Meu coração fez uma pequena onda patética, pulando para ele, e meus

olhos devoraram todos os detalhes visíveis de Cletus Winston. Foi a

primeira vez que o vi em mais de uma semana e eu... Bem, senti falta dele.

Sentia falta de sua companhia e franqueza. Tinha sentido falta de suas

expressões faciais engraçadas e piadas inexpressivas. Tinha sentido falta do

seu aceno sombrio, porque ele faz isso tão bem e usa-o quando não sabe

mais o que fazer. Afastei os pés quando ele se aproximou e meu coração

continuou a agir de forma errática. Fiz um esforço para subjugar o órgão

que se comportava mal, lembrando que estava chantageando esse homem.

Nós não éramos amigos. Ele não gostava de mim. Ele me tolerava, nada

mais.

Mas ele é assim...

"Olá, Cletus," disse, sentindo-me inexplicavelmente sem fôlego.

Ele se aproximou de Shelly e ofereceu um decepcionante, "Olá."


Os olhos de Cletus deslizaram sobre mim brevemente com o que

parecia ser desapego proposital, então ele voltou sua atenção para Shelly.

"Você precisa de mim para pedir luvas para a loja?"

Ela balançou a cabeça. "Não. Estou bem com graxa. Os motores de

carros são mais limpos que as pessoas."

"Lamentável, mas verdade." Ele lhe deu um meio sorriso.

A pequena triste vibração se tornou uma dolorosa decepção. Mas

coloquei um sorriso no rosto, porque estava bem com isso. Era boa com as

pessoas desinteressadas na minha presença.

Empurrei os muffins no peito de Cletus, incapaz de levantar os olhos

mais alto do que o queixo. "Aqui. Estes são para... para sua família."

Em um movimento automático, suas mãos levantaram-se para o prato e

soltei-o em seu aperto.

Não esperando por uma resposta, porque meu coração doía e estava

gritando comigo para sair, dei um sorriso rápido a Shelly e prometi: "Vejo

você mais tarde."

Virei e caminhei rapidamente para fora da garagem.

Você perdeu a cabeça. Sua mente está perdida. O que você esperava?

Honestamente, o que você achou que ia acontecer? Ele não se importa nem um

pouco com você.

Estava a cinco metros da loja, perdida em minha ladainha de

arrependimento, quando senti os dedos cruzarem meu braço e me girar.


Assustada, minhas mãos voaram para o meu peito e engasguei. Era

Beau. Ele me liberou imediatamente.

"Desculpe, desculpe. Não quis assustá-la."

"Não." Exalei uma risada instável e balancei minha cabeça. "Não, está

tudo bem. Simplesmente não o vi.”

Ele me deu um sorriso apologético. "Shelly disse alguma coisa? Para

fazer você sair?"

"O que? Não! De modo nenhum. Ela é ótima."

O sorriso de incredulidade entorpeceu os seus olhos. "Mesmo?"

Não tive a chance de responder porque Cletus saiu da loja, segurando o

prato que colquei no seu peito. Dei um passo automático para trás,

preparada para terminar a marcha para o meu carro e fazer minha fuga

apressada.

"Pare aí mesmo," chamou, sua testa enrugada com irritação.

Puxando-me de Beau, me examinou. Então examinou Beau. Então me

examinou de novo.

"Beau," passou o prato para Beau, mas manteve os olhos treinados em

mim, "Leve isto para dentro e feche a porta. Nós nos juntaremos a você em

um momento."

O olhar de Beau se moveu sobre o perfil severo de Cletus, suas

sobrancelhas levantando-se com surpresa quando sua atenção saltou entre

nós. Eventualmente, ele disse: "Claro," enquanto girava e caminhava para a

frente da loja.
Uma vez que Beau se foi, Cletus colocou as mãos nos quadris. "Algo

está errado com você."

Endireitei minha coluna vertebral, hesitando em sua declaração. "Peço

desculpas, mas isso foi incrivelmente rude."

Ele piscou para mim como se estivesse confuso, com um semblante

irritado em suas feições. Como se finalmente percebendo o que ele havia

dito - ou pelo menos como isso soou - um som de arrependimento escapou

de sua garganta e ele arrumou o rosto como se estivesse frustrado consigo

mesmo.

"Não. Você não entendeu o quê quis dizer. Estou... preocupado. Você

parece estar chateada. O que há de errado?" Sua voz gentil e seus olhos

procuraram os meus. "O que aconteceu? E o que posso fazer para ajudar?"

Cruzei meus braços porque meu coração estúpido estava vibrando de

novo. Ele me pegou desprevenida. Não estava preparada para a

preocupação de Cletus Winston.

"Nada. Nada está errado. Só queria trazer os muffins. Não posso trazer

os muffins?"

Ele estava me examinando de novo. "Não. Algo está errado. É Jackson

James? Preciso mutilar ele? Porque eu vou. Poderia dar-lhe lepra, você sabe.

Armadillos são portadores."

Minha boca se abriu e uma bolha de riso emergiu sem controle. "Cletus

Winston, você não fará tal coisa."

"Agende ou não. Apenas diga a palavra. Isso poderia melhorá-lo, na

verdade."
"Você é terrível." Sorri, mesmo que ele fosse terrível, e eu sentia-me

terrível de rir de uma piada tão terrível.

Pelo menos, espero que seja uma piada.

Antes que pudesse pensar demais, Cletus assentiu, pegou minha mão e

me puxou para a frente. "Isso é melhor. Prefiro os seus verdadeiros sorrisos.

Aqueles falsos não se encaixam no seu rosto. Por sinal, gosto dos seus

sapatos."

Tropecei, tendo problemas para manter-me com ele, o seu passo longo e

as mudanças de assunto rápido. Ele abriu a porta e guiou-me para dentro,

mantendo nossas mãos ligadas quando ele abriu a porta atrás de nós e virou

o ferrolho.

"Shelly disse que fecharia a garagem," ele avisou a Beau, que estava

apenas colocando três canecas de café no balcão. "Ela não quer nenhum

desses muffins misteriosos e não tentei convencê-la da sua má decisão."

"Mais para nós," Beau concordou com um sorriso.

"Exatamente."

Balancei a cabeça para os dois irmãos. "Vocês precisam aprender a

compartilhar."

Cletus voltou seu olhar em mim, seus olhos pulando do meu queixo

para minha testa antes de passar para os meus olhos. "Compartilhar é

superestimado".

"Concordo," Beau aprovou alegremente. "Quem quer café?"


Cletus nos trouxe para a frente do balcão, enquanto Beau estava de pé

do outro lado. Ele puxou o prato de muffins para o centro da mesa. "É

descafeinado? Não quero ficar acordado a noite toda."

"É," confirmou Beau, já enchendo o copo dele.

"Jenn?" Cletus perguntou: "Você quer um?"

"Sim, por favor."

"Como você toma o seu café?" Beau colocou uma tigela de açúcar.

"Preto está bem."

Beau e Cletus trocaram um olhar, então ambos voltaram a olhar para

mim.

"Você não toma nada no seu café?" Perguntou Cletus.

"Não. Estou cercada por doces o dia inteiro. Gosto do meu café preto."

"Hã... " Beau me estudou, como se tivesse revelado algo importante

sobre mim. Então, do nada, ele disse: "Jennifer Sylvester, você tem os olhos

mais bonitos que já vi."

Olhei para Beau, frustração e desapontamento lutando com sentimentos

de lisonjeira. Durante o meu encontro com Billy, quando ele me chamou de

linda, experimentei emoções semelhantes. Como qualquer pessoa normal,

apreciei elogios sobre meu exterior, mas também senti como que

confirmando que meu pai estava certo. Meu lado externo era o que as

pessoas estavam interessadas, e que meu rosto e meu corpo determinavam

meu valor.

Cletus endureceu ao meu lado, mas não disse nada. Quando olhei para

ele, sua expressão estava cuidadosamente em branco.


"Oh, obrigada, Beau," disse, tentando me concentrar no positivo. Foi um

elogio muito agradável, mesmo que tenha sido em referência a algo que nem

sequer era sobre mim. Eu não tinha controle sobre a cor e a forma dos meus

olhos.

"Não, obrigado você." Seu sorriso era doce e sedutor. "Você deveria vir

conosco no sábado. Eu te levo."

"Onde você vai?"

"Cletus e Claire ensaiaram todo o verão e foram para as semifinais em

um grande show de talentos. Sábado é a última rodada. Haverá

representantes das gravadoras, de todas as regiões."

Olhei para Cletus. Ele manteve seu ar de impenetrabilidade

determinado e tomou um gole de seu café.

Não podia ler os pensamentos de Cletus sobre o assunto, e não queria

ultrapassar. "Agradeço o convite, mas não gostaria de me impor."

"Você não se imporia." Essa confiança veio de Cletus e ele o juntou com

um sorriso suave. "Se você quiser vir, você será bem vinda."

"Bem." Beau assentiu com a cabeça, sorrindo para mim com alegria. "É

um encontro."

"Não é um encontro," contou Cletus, lançando um olhar franzido para

Beau.

Não sei se ele percebeu, mas Cletus ainda estava segurando minha mão

e seu aperto ficou mais intenso enquanto desafiava seu irmão. Ele ligou

nossos dedos e segurou minha palma pressionada contra sua coxa. Suas
mãos eram magníficas, fortes e lindas. Uma corrente emocionante de

energia correu no meu braço pelo contato.

"Não você, boneca. Eu.” Beau enrugou o nariz para Cletus e pegou um

muffin. "Jenn e eu."

"Jenn e você?" Cletus olhou e pareceu mistificado.

"Isso mesmo." Beau falou em torno de uma mordida de muffin, depois

gemeu, olhando para mim. "O que diabos você colocou nessas coisas?" Ele

mastigou, terminou o primeiro muffin com mais uma mordida, depois

pegou um segundo. "Quando nos casarmos, você deve fazer isso todos os

dias."

Sorri para isso, porque anos observando as pessoas significava que

sabia como o Beau operava. Ele era um namoradeiro desavergonhado.

"Acalme sua cabaça, Beauford." Cletus puxou o prato mais afastado de

Beau, sua voz aumentando de irritação. "Não coma o prato inteiro, vá

devagar seu guloso."

"Há pelo menos vinte muffins aqui, Cletus. Acalme sua própria cabaça."

"Eu quero que eles durem," argumentou.

"Ou, ela poderia apenas fazer mais. Porque, tenho que lhe dizer, Jenn,

nunca tive um muffin tão bom antes." Beau apontou para mim um sorriso

muito atraente e coquete. Foi um que reconheci bem de todas as vezes que

ele tentou colocar os movimentos em Darlene Simmons. Sua voz era

profunda com sugestão acalorada.

No entanto, e infelizmente, sua sugestão - o significado real por trás de

suas palavras - principalmente voou sobre minha cabeça. Arrisquei um


palpite, mas decidi procurar como um muffin poderia ser um eufemismo

para a intimidade.

"Ei, Ei. Desligue os feixes altos, Beauford Winston." Cletus estalou os

dedos na frente do rosto de Beau. "Jennifer não é uma das suas perspectivas

de senhora."

Beau ergueu uma sobrancelha desdenhosa para Cletus, então deslizou

os olhos para mim, parecendo tramar algo em sua cabeça. Ele piscou. "Eu

estava apenas cumprimentando seu muffin."

"É isso." Cletus agarrou o prato de muffins, administrando um severo

brilho de desaprovação ao irmão mais novo, e voltou para a porta do

escritório, trazendo-me junto com ele, nossas mãos ainda ligadas.

"Ei! Onde você vai?"

"Você perdeu o direito a esses muffins."

"Cletus," o grito de Beau denotando uma frustração estrangulada, "você

não pode ter todos os muffins."

"Eu posso e vou," gritou por cima do ombro, depois inclinou o queixo

em direção ao ferrolho. "Jenn, desbloqueie isso para mim, por favor."

Confusa, abri e ele empurrou a porta com o cotovelo.

"Quando você chegar em casa, você e eu vamos ter uma conversa." A

raiva se infiltrou no tom de Beau e o tom inesperado fez com que eu voltasse

para o irmão de Cletus. Seu olhar geralmente amigável era duro com fúria.

Cletus hesitou, um forte vinco aparecendo entre as sobrancelhas, e

então ele virou o olhar para o irmão. "Beauford Fitzgerald Winston, não sei o
que aconteceu com você ultimamente. Mas precisa resolver isso. Estou te

dando um mês."

Com isso, Cletus nos expulsou do escritório e deixou seu irmão

estupefado.
CAPÍTULO 15

"Mas insistimos, todas as manhãs, em mostrar apenas a rosa que floresce, e manter o

caule espinhoso que nos machuca e nos faz sangrar escondido."

― Paulo Coelho, Adultério

~Jennifer~

CLETUS E EU passamos uns longos vinte minutos em silêncio

completo.

Nós deixamos a loja de automóveis no meu carro, mas ele dirigiu.

Dirigiu para o norte na Parkway por cerca de quinze minutos. As cores do

outono manchadas em borrões de amarelo, laranja e verde contra um céu

azul. Menos frequentemente, via umas folhas que pareciam roxas.

Não eram roxas; eram borgonha. Mas poucas pessoas tiravam

realmente um tempo para olhar, então as folhas eram chamadas de roxa e

era isso.

Eventualmente, ele pegou um desvio e se passaram cinco minutos. No

começo, fiquei quieta porque ele estava calado, e os eventos do final da tarde

mereciam uma contemplação. Mas depois de considerar e verificar todas as

minhas conclusões cheguei a uma conclusão absurda, e quebrei o silêncio.

"Para onde vamos?" Perguntei.


Seus olhos cortaram para os meus, depois voltaram para a estrada. Ele

ajustou seu aperto sobre o volante. "Há um lugar aqui que eu quero

investigar."

"Oh. Que tipo de lugar?"

"Um riacho. Jethro me contou sobre isso. É uma curta caminhada, desde

que você está de tênis, eu pensei que poderíamos ir ver."

"Parece bom." Apesar de me sentir animada, permaneci com uma

máscara de interesse educado. Meu irmão e eu fazíamos caminhadas

quando éramos crianças, mas não fazia isso há anos.

"Depois, a levarei para casa," disse, embora parecesse estar falando

consigo mesmo.

"Como você vai chegar a casa?" Perguntei, assim que a pequena estrada

pavimentada tornou-se uma de cascalho.

"Tenho meus meios," disse ele.

O nome do meio de Cletus não era "Evasivo", mas deveria ser.

Mais alguns metros e Cletus nos puxou para um lado e estacionou.

"Você tem algum espaço aí? Você pode sair deste lado?" Examinou a

folhagem pressionada contra a janela.

"Sim, posso sair pelo lado do motorista."

Fiz um rápido trabalho, feliz por estar com os meus tênis e calça jeans,

então não precisava me preocupar em cair.

Uma vez que estávamos fora do carro e ele o trancou, Cletus apontou

para uma trilha a cerca de trinta metros de distância. "É por ali. Eu irei

primeiro. Jethro disse que o chão pode ser irregular. ”


"Eu vejo. Está bem."

Caminhei ao lado dele, virando uma vez para olhar para o meu carro e

nossas mãos acabaram se batendo. Puxei instintivamente, ganhando um

olhar carrancudo de Cletus.

"Você tem certeza de que deseja vir? Posso voltar mais tarde sozinho."

"Não. Eu quero ir. Gosto de caminhar."

"Mesmo? Você faz caminhadas frequentemente? Não estava na sua

lista."

"Não faço há algum tempo, mas Isaac e eu costumávamos fazer o tempo

todo." Coloquei vários fios de cabelo atrás da minha orelha; os fios estavam

caindo do meu rabo de cavalo o dia todo, mas estava muito ocupada para

soltar o cabelo e amarrar de volta.

"Isso parece uma boa lembrança."

"Ela é. Nós fazíamos todos os fins de semana por alguns anos. Nós

jogávamos o geocaching33, onde você usa o GPS e escreve seu nome em uma

lista, ou trocávamos por uma ninharia." Assenti com distração, uma

melancolia repentina apertando meu peito. Isaac voltou, mas ele não olhou

para mim.

"Quando você parou? Quando ele partiu para o exército?"

"Não. Antes disso. Meus pés cresceram demais para botas de

caminhada e minha mãe nunca as substituiu."

Cletus assentiu, mas não disse nada, franzindo a testa distraidamente.

33
Um jogo mundial de esconder e procurar tesouros. Um geocacher pode colocar um geocache no mundo,
marcar sua localização com precisão utilizando a tecnologia GPS e então compartilhar sua localização e
existência do geocache online. Qualquer pessoa com um dispositivo GPS poderá então tentar localizar o
geocache.
Deveria comprar algumas botas de caminhada.

Eu queria, mas minhas reservas de economia estavam acabando após

minha última farra de compras. Hesitei em pedir dinheiro à minha mãe. As

coisas estavam difíceis entre nós ultimamente e ela começou a me dar o

tratamento do silencio na maioria das vezes.

Ou você poderia, você sabe, exigir que ela pague por trabalhar 80 horas por

semana.

O conselho do meu amigo, sobre formalizar o meu emprego na padaria,

estava fazendo cada vez mais sentido. Estava seriamente me ressentindo de

ter que pedir dinheiro, que tecnicamente eu ganhava.

Quem com 22 anos de idade ainda tinha que pedir a mãe por dinheiro?

Trabalhando em tempo integral...

À entrada da trilha, Cletus virou primeiro. Era muito estreita para

caminhar lado a lado. Jethro estava certo, o chão era irregular e o caminho

não estava bem marcado. Mas Cletus parecia saber como descobrir o

caminho. Segui e segurei em troncos de árvores para manter meu equilíbrio

quando o chão mudou.

Estávamos cerca de 50 metros ao longo da trilha quando levei um

momento para apreciar a beleza ao meu redor. A luz era diferente na

floresta, debaixo do dossel. E a folhagem de outono criou uma luz diferente

em torno no verão. Era tanto fraco quanto brilhante, o que não fazia sentido.

Obscuro devido à ausência de luz solar indireta; mas mais brilhante porque

os raios do sol foram difundidos pelas cores douradas que caiam.

Talvez a palavra certa fosse mais suave.


A luz da floresta circundante era mais suave. Senti como se o ar em si

estivesse vivo e deslocando sua vitalidade enquanto me movia. Uma coleção

de sons fracos, próximos e distantes, aumentavam essa impressão: o trincar

de folhas sob nossos sapatos, uma conversa entre dois pardais, a percussão

de um pica-pau, o pequeno ruído do vento através das árvores e,

eventualmente, a suave corrida de uma fonte de água não conhecida.

"Você saiu para um encontro com Jackson?" Perguntou Cletus de

repente, sua voz soando com um frágil cuidado.

Estudei suas costas, seus grandes ombros. Meus olhos seguiram a linha

de suas costas. Ele tinha ótimas costas.

"Não. Eu... Eu deixei para depois. Ainda não me decidi."

"O que está te afastando? Ainda é sua preocupação em assar* com um

parceiro?

O lado da minha boca levantou-se. "Sim, para ser honesta. Isso

definitivamente é parte disso e isso me preocupa. E, a propósito, você nunca

me enviou o contato da Claire. ”

"Ah sim. Bem, você a verá no sábado. Você pode conversar com ela

então."

"Sábado?"

"Sim. Quando você for para o show de talentos e me ver tocar o banjo."

Pensei ter detectado um toque de vulnerabilidade em seu tom, mas

quando permaneceu em silêncio, decidi que deveria ter sido minha

imaginação.
"Um, eu realmente gostaria de ir, mas não acho que meu pai vai

permitir isso." Tentei disfarçar minha tristeza com o pragmatismo. Não

queria admitir que estava pensando em fugir pela minha janela para poder

ir.

... Mas não deveria ter que sair pela janela. Deveria poder ir onde quisesse,

quando quisesse. Uma avalanche de ressentimento estava se construindo ao

redor do meu coração; todos os dias me sentia cada vez menos preocupada

com o que faria os meus pais felizes.

Cletus ficou quieto um pouco antes de perguntar: "E se o Billy viesse? E

se vocês tivessem outro encontro falso?"

"Então meu pai ficaria emocionado," respondi categoricamente.

"Por que seu pai gosta tanto dele? Cuidado com o degrau. O caminho

parece mais largo depois daqui." Cletus virou-se e agarrou minha mão,

ajudando-me a descer uma queda íngreme, e depois enroscou nossos dedos

juntos. "Não me entenda mal, acho que Billy é o melhor tipo. Mas sei que

sou tendencioso porque ele é meu irmão e sempre foi uma fonte constante

de apoio. Gostaria de entender o interesse de seu pai com ele, no entanto.

Você sabe," seus olhos se dirigiram para o meu, depois para longe, “Para que

possa ajudá-la a encontrar alguém semelhante. Para a pesquisa de marido. É

por isso."

"Meu pai observa Billy desde que era pequena." Tentei o meu melhor

para soar normal, porque Cletus manteve a posse da minha mão,

presumivelmente porque o chão agora era de rochas soltas em vez de sujeira

firme. "Quero dizer, ele era o quarterback estrela no ensino médio. Quando
recusou essa bolsa de futebol para UT e desapareceu por alguns meses, acho

que ele chocou a todos. Meu pai ficou tão desapontado.”

"Ele teve os seus motivos." A voz de Cletus era defensiva, mas também

distante como se lembrasse de algo.

"Tenho certeza que ele teve. Mais recentemente, meu pai ficou

impressionado com a forma como Billy começou basicamente de baixo na

Payton Mills e trabalhou para ser o vice-presidente da região do Sudeste."

Cletus franziu a testa. "É esse o seu título?"

"Meu pai pensa assim. E ele está certo de que Billy quer concorrer ao

senado estadual. Meus pais gostam da ideia de ter um genro na política.

Acho que é por isso que eles gostam muito de Jackson. Sei que ele tem

planos para concorrer ao cargo."

"Jackson seria um grande político."

"Pensei que você não gostasse do Jackson?"

"Não gosto. Dizer que alguém seria um grande político é como dizer

que alguém seria um grande assassino em série. Não é um elogio."

Tentei não rir, mas uma risada frustrada escapou de qualquer maneira.

"E o seu avô? Seu avô Oliver estava na política, certo? Acho que meu avô

Donner e seu avô Oliver eram amigos. ”

"Certo." Cletus mastigou o lábio inferior, os olhos na trilha rochosa, mas

também com o pensamento longe. "É isso que você quer? Um marido na

política?"

Dei de ombros. "Não me importo com o que ele faz, desde que ele seja

legal comigo e queira uma casa com crianças."


"Por que você gosta muito de crianças?" Ele apertou minha mão,

pressionando nossas mãos mais completamente, enquanto

desnecessariamente me ajudou a pular um trecho da trilha.

"Você está de brincadeira? As crianças são as melhores. As crianças

estão livres de preconceitos, e querem se divertir o tempo todo. Eles querem

jogar o tempo todo. E eles são como esponjas com conhecimento. Ansiosos

para aprender. Quantos adultos você conhece que está ansioso para

aprender?"

"Não muitos," admitiu em um resmungo.

"E bebês. Eu amo bebês. Eu amo abraçá-los e segurá-los e tudo mais."

"Também gosto de bebês." Cletus me deu um sorriso sincero e ficamos

quietos por um momento, provavelmente ambos pensando sobre a

maravilha dos bebês.

Decidi que nada era melhor do que bebês. Exceto talvez Cletus segurando

um bebê.

Sorri para esse pensamento, de ver Cletus com um bebê, beijando sua

barriga e causando risadinhas, mas depois rapidamente suprimi o sorriso.

Cletus agora estava franzindo a testa e nos parando.

Duas linhas de concentração apareceram entre as suas sobrancelhas e

ele soltou meus dedos, sua garganta trabalhando para engolir. "Você tem

certeza com relação a bebês?" Sua voz era estranha, rude e suave ao mesmo

tempo. "E se você tivesse a chance de ir para a faculdade? Tornar-se - oh, eu

não sei - uma química?"


Sorri para essa ideia, eu indo para a faculdade, aos vinte e dois,

trabalhando em um laboratório, e coloquei minhas mãos nos meus quadris.

"Não. Não acho que gostaria disso. Trabalhar em um laboratório é o mesmo

que trabalhar em uma cozinha estéril, e já faço isso. Não quero ser uma

química."

"O que você quer ser?"

"Uma mãe," disse simplesmente, porque era verdade. Isso é o que

queria primeiro e acima de tudo. "E uma excelente esposa e parceira. E dona

de casa. Quero ter uma família para cuidar, amar, mexer e pensar. Isso é o

que eu quero. Sei que não é progressivo, nem chamativo, e sei que as

pessoas não colocam muita importância nessas coisas, assim como as

pessoas não colocam muita importância na humildade e bondade, perdão e

compaixão. Mas essas coisas são importantes para mim. Sei que as pessoas

vão olhar de nariz empinado pra mim por ser apenas uma mãe, mas estou

acostumada a ser marginalizada pelo que faço e o que pareço. E acho que ser

uma ótima mãe é o trabalho mais difícil e mais importante do mundo.

Então, as pessoas podem simplesmente pegar sua merda julgadora e.…"

Engoli e parei. Meu coração estava batendo selvagemente no meu peito e

minha voz aumentou consideravelmente. Fiquei surpresa, tanto com o meu

discurso, quanto com a veemência por trás disso.

Depois de parar de gritar, fiquei surpresa com o quão silencioso à

floresta soou em comparação com o meu discurso. Os pardais haviam

cessado de conversar, provavelmente assustados pelo meu grito.


"Eles podem apenas o que?" Perguntou Cletus, em divertida

curiosidade, fazendo seus olhos brilharem, embora estivesse tentando

esconder a diversão.

"Eles podem comer um pedaço de bolo com óleo de rícino,"

resmunguei, apertando os olhos com firmeza.

Ele riu disso. Então sorri também, balançando a cabeça. Eu gostava da

risada do Cletus.

"Acho que você está muito apaixonada por isso, hein?"

"Estou.” Levantei meu queixo.

Cletus olhou pensativamente para meu rosto virado para cima por um

momento antes de dizer: "Você percebe o quanto você é talentosa? Você tem

alguma ideia?"

"Obrigada por dizer isso." Pressionei meus lábios juntos, administrando

a resposta que sempre recitei quando alguém me elogiava.

"Não acho que você sabe." Ele balançou a cabeça, seu olhar me

examinando. "Não é apenas o seu talento para cozinhar. A forma como lidou

com a cozinha quando passei por lá, todas aquelas pessoas fazendo

perguntas ao mesmo tempo. Você era o centro calmo da tempestade. Você

foi impressionante. Você é impressionante."

Dei um meio sorriso, engolindo o nó na minha garganta e tentando

suprimir meu rubor absurdo. Não sabia o que dizer. Os elogios em geral me

deixavam desconfortável, mas os elogios sobre algo diferente da minha

proeza de cozinheira me deixavam parecendo como um gato de cauda longa

em uma varanda cheia de cadeiras de balanço.


Meu pai frequentemente lembrava que o orgulho era um pecado.

Enquanto isso, minha mãe me disse que as pessoas estavam com ciúmes de

mim, de como parecia, da minha imagem como celebridade nas redes

sociais. Não acreditava na minha mãe. Não pensei que alguém estivesse com

ciúmes de mim. Isso era apenas uma tolice.

Os olhos de Cletus se estreitaram em mim, seu escrutínio se tornando

uma coisa penetrante. "Você não acredita em mim."

"Não é isso. É.…” Lutei "Não quero ser arrogante ou orgulhosa."

Cletus zombou. "Você é o oposto de arrogante, e sua humildade chega a

enfurecer."

"Poxa, obrigada." Revirei os olhos.

"Olhe, tudo o que estou dizendo é que se uma pessoa é ótima em

alguma coisa, ela não deveria ter que fingir que não é, e não deveria ter que

minimizar seu trabalho duro. Não há nada de errado com humildade ou

modéstia, Jenn. Mas — pelo amor de Deus — leve o crédito por ser uma

fodona."

Apertei meus lábios, mas desta vez foi uma tentativa de esconder meu

sorriso. "Tudo bem, obrigada."

"Você aceita que é fodona?"

"Bem. Sim."

"Então diga."

"Cletus..."

"Diga, ‘Cletus, você está incessantemente correto em todas as coisas,

especialmente sobre o fato de que sou fodona.’”


"Não vou," sorri, balançando a cabeça.

"Hmm..." Ele não estava sorrindo. Na verdade, parecia estar irritado. De

repente, perguntou: "Se o seu pai gosta tanto do Billy, por que não está com

ele?"

Lutei novamente, tentando acompanhar a rápida mudança de assunto,

mas rapidamente consegui: "Acho que ele faria, se pudesse, mas não pode.

Ele é casado. E meu pai é um monogamista rigoroso." Mantive minha voz

clara, esperando ver outro sorriso de Cletus.

Ele não sorriu. Na verdade, ele franziu a testa, mais profundo e mais

severo do que antes, seus olhos se concentraram em algum lugar sobre

minha cabeça, quando anunciou sem cerimônia: "Meu pai tinha três

famílias."

Endureci e senti meus olhos se arregalarem, mas segurei minha boca

antes de abri-la em espanto. "Perdão?"

Os olhos dele voltaram para os meus brevemente, depois caíram nas

rochas aos nossos pés. "Ele tinha três famílias que conheço. Minha mãe era

sua única esposa legalmente. Darrell casou-se com a irmã de Drew enquanto

ele ainda estava casado com minha mãe. O nome dela era Christine.” Os

olhos dele voltaram a piscar antes de acrescentar: "Eles não tiveram filhos

antes dela morrer."

Um momento passou enquanto absorvia essa informação. Senti-me

perdida na conversa, sem saber por quê, ou como chegamos ao assunto, ou

porque ele estava compartilhando isso comigo.

Finalmente, ofereci: "Eu... Eu não fazia ideia."


"Muitas pessoas não fazem. Na verdade," ele me estudou novamente

por um longo momento, sua expressão crescendo contemplativa, “Ninguém

da minha família conhece a outra, a terceira família de Darrell."

"Como você descobriu?" O vento agitou e ergueu o meu cabelo

problemático, jogando-o nos meus olhos; afastei-o do caminho.

Cletus inclinou a cabeça para frente e para trás, como se considerasse a

melhor forma de responder. "É complicado. Mas basicamente, encontrei -

meu meio irmão - acidentalmente quando fui fazer o teste e me escrevi para

o registro nacional de medula óssea. Eu era um doador, mas foi um erro."

Ele balançou a cabeça, parecendo frustrado e engoliu com força na garganta.

"O filho de Darrell morava no Texas."

"Texas?"

"Isso mesmo. Texas. Minha mãe nos disse, há muito tempo, que o povo

do nosso pai era nativo americano. Nós somos Yuchi, uma pequena tribo

nativa americana dessas terras." Ele gesticulou para a área à nossa volta. "A

maioria foram mortos por Cherokees em uma disputa orquestrada por um

comerciante de peles brancas, muito poucos sobreviveram. Essa é outra

história estranha para outro momento. De qualquer forma, aqueles que

sobreviveram foram absorvidos na tribo Cherokee nas proximidades ou

enviados para serem escravos nas plantações. Meu antepassado direto se

casou com um comerciante francês e, por vai. ”

"Continue por favor." Queria ouvir toda a história, sobre o comerciante

de peles corrupto, mas decidi que a conversa poderia esperar, dado o

gigantesco míssil de informação que ele acabara de detonar.


"De qualquer forma, a outra mulher de Darrell, a mulher com quem ele

casou - não legalmente, mas mesmo assim - o nome dela é Susan. Ela é meio

Cherokee, de alguma forma envolvida com os cassinos Cherokee. Foi assim

que eles se conheceram. Em um cassino. Ela não sabia sobre nós. Ela não

sabia que existíamos. Ela não tinha ideia de que Darrell já estava casado com

sete filhos. Então, quando apareci, perguntando sobre seu filho e sua

ascendência, eu dei-lhe um choque."

"Isso é loucura."

"Foi o que pensei, quando encontrei pela primeira vez o meu

meio-irmão - sobre a nossa partida - que estávamos relacionados através de

algum ancestral Yuchi distante, já que a maioria com linhagem para Yuchi

faz parte da nação Cherokee." Ele sorriu. "Ironicamente, nosso antepassado

era muito mais recente."

Olhei para Cletus, absorvendo essa informação. "Por que você não

contou aos seus irmãos e Ashley? Você não acha que eles gostariam de

saber?"

Os olhos de Cletus se afastaram, fixando-se em algum lugar sobre meu

ombro e diminuíram, ficaram distantes. "Ele morreu."

Minhas mãos voaram para minha boca. "Meu Deus."

"Ele morreu de câncer há cerca de cinco anos. Nosso irmão morreu

quando tinha vinte e quatro anos. Nunca o conheci. Sua mãe se casou

novamente depois que Darrell os deixou sem uma palavra há vinte e cinco

anos. Ela tinha mais três filhos, com outro homem. Nenhum deles era

compatível."
"Oh, Cletus." Sem pensar, me aproximei dele, envolvendo-me em torno

de seu corpo e puxei-o para um abraço apertado. "Eu sinto muito."

Ele não respondeu, seus braços totalmente indiferentes ao meu lado.

Mas não me importava. O homem precisava de um abraço. Acredito

firmemente que, se uma pessoa precisa de um abraço, você dá um abraço

nessa pessoa. Muitas vezes estive em uma situação em que eu precisava de

um abraço e, em vez disso, tive que me contentar com um bom choro e um

travesseiro no final do dia.

E soube que tomei a decisão certa quando repetiu em um sussurro: "Eu

era compatível."

Enterrei meu rosto contra seu peito, apertando-o o mais forte que pude

até que ele finalmente levantou seus braços e os envolveu nos meus ombros.

Nós ficamos juntos, nos abraçando, enquanto os pardais levantaram as

vozes mais uma vez. Os sons do fluxo próximo encheram nossos ouvidos.

Cletus estava quente. A luz era suave. E, absurdamente, a cadência da

água me fez pensar em lágrimas.

***

SE ALGUMA vez tive dúvidas, elas agora estavam permanentemente

dissipadas. Darrell Winston era um ser humano repreensível.

Não podia imaginar o que Cletus sentia, com que raiva ele devia ter

estado do pai dele. Nem poderia compreender como Susan se sentia,


descobrindo dois anos depois da partida de seu filho que tinha um doador

de medula óssea, e essa doador era seu meio-irmão.

"A verdade pode ser como as pessoas," disse Cletus, levantando uma

sobrancelha para mim.

Pisquei para ele, confusa. "Perdão?"

Estava sentada à beira do fluxo de água limpa, pura o suficiente para

beber. Seixos multicoloridos pontilhavam o leito raso do rio. Tirei meus

sapatos e mergulhei meus dedos, e realmente gostei do frio. Cletus ficou de

lado, apoiado em uma árvore.

"A verdade pode ser como as pessoas," repetiu.

"Como assim?"

"Às vezes," o lado de sua boca puxava para cima com um sorriso sem

humor, "É realmente feio."

Suspirei, sabendo que ele estava certo. A verdade sobre o meio-irmão

era feia.

"Pegue o seu pai, por exemplo." O tom de Cletus era meticulosamente

sociável, mas detectei uma corrente frenética de determinação.

Endureci minha espinha e apertei os olhos, desconfiando das suas

intenções. Não estava pronta para falar sobre meu pai. "E quanto a ele?"

"Ele é realmente feio."

Minha boca caiu. "Com licença?"

"Você me ouviu. O homem é feio," proclamou Cletus com um aceno de

cabeça simples e mal-humorado. "E não estou apenas falando sobre o

exterior dele."
"Cletus Byron Winston, você está sendo grosseiro." Poderia ter meus

próprios pensamentos menos brilhantes sobre meu pai, mas ele era meu pai.

Ele abriu a boca para responder, depois fechou e fez uma dupla

tentativa, seus olhos se estreitando em mim. "Em primeiro lugar, como você

conhece meu nome do meio?"

"Sua mãe costumava usá-lo quando você era travesso, quando vocês

garotos a ajudavam a armazenar livros na biblioteca. 'Cletus Byron! Pare de

gastar Astrofísica mensal pela calça!'"

Cletus sorriu. Então ele riu. Seus olhos perderam o foco zeloso quando

se afastou da árvore e se aproximou. "Oh sim. Ela fazia, não é?"

"Sinto muito por Billy." Afastei-me um bocadinho enquanto ele se

sentava. "Seu nome sempre confundiu a todos, como se sua mãe estivesse

tentando falar com o fantasma de Shakespeare. "William Shakespeare, você

poderia parar Beauford de puxar suas calças para as meninas?"

Cletus riu mais forte, inclinando-se para trás e segurando o estômago.

"Lembro-me disso. Quantos anos tinha Beau? ”

"Tinha dez anos. Ele estava tentando nos mostrar sua nova roupa

interior do Tarzan. Não acho que ele quis fazer qualquer dano."

"Ele certamente amava essa roupa interior." Cletus assentiu e arranhou

a barba. "Vou ter que encontrar para ele algumas roupas íntimas do Tarzan

em tamanho adulto."

"Então você pode torturá-lo sobre isso?"

Ele fingiu ficar chocado com a minha acusação. "Certamente não. Não

torturo meus irmãos."


"Sim, certo." Dei-lhe meu olhar de lado. "Você esquece, sou

observadora. Sei que você vende imagens embaraçosas deles em sites de

fotos. Jethro estava se queixando sobre isso depois da igreja durante o verão.

Se não é tortura, o que você chama então?"

Ele ergueu o queixo com orgulho. "Ofereço oportunidades de

construção de caráter inestimáveis. Ajudo-os a atingir seu verdadeiro

potencial através do sofrimento."

"Oh, por favor." Isso me fez rir e empurrei seu ombro com as pontas dos

meus dedos.

E ele também riu, o que foi divertido. Foi bom rir com alguém na vida

real ao invés de uma carta enviada uma vez por mês. E foi muito bom rir

com Cletus.

Gostei do som de sua risada com seu ressoar e desajeitado som.

Quando ele sorria ou ria sério, seus cílios sombrios tinham o efeito de fazer

com que seus olhos parecessem mais brilhantes e seu sorriso iluminava todo

o seu rosto.

A primeira vez que o ouvi rir, ele estava ajudando sua mãe na

biblioteca. Eu tinha quatorze anos e acho que ele tinha cerca de vinte no

momento, talvez um pouco mais velho. Sua mãe - que sempre foi gentil com

todos - havia dito algo engraçado, e o som de sua risada me surpreendeu.

Não esperava que ele fizesse isso. Nunca o vi ser qualquer outra coisa senão

severo, irritado ou estoico antes desse ponto.

Olhos vivos que me cativaram com sua astúcia, belos cílios e uma boca

cheia de dentes brancos e retos, emoldurados por uma boca extremamente


agradável. Comecei a percebê-lo em todos os lugares depois disso e escutei

sua risada, porém - depois de observá-lo por um tempo - decidi que era

melhor manter minha distância.

No entanto, seus sorrisos, verdadeiros sorrisos felizes, eram raros.

Antes de chantageá-lo, podia contar com uma mão o número de vezes que

tinha ouvido seu riso.

"Sobre o que você está pensando?" Meu cabelo caiu no meu rosto

novamente. Ele colocou-o atrás da minha orelha, seus dedos e olhos

permaneciam no meu pescoço.

"Só isso, uh..." Procurei uma história apropriada para contar, uma

verdade alternativa para, bem, Cletus, desde que você perguntou, estava apenas

pensando em quão épico é o seu sorriso e como é bom sentir seus dedos em minha

pele.

Incapaz de encontrar seu olhar constante, deslizei minha atenção para a

água e me amaldiçoei por ser uma terrível mentirosa. Na verdade,

permita-me esclarecer isso: sou ótima em mentir para mim. Sou super ruim

em mentir para os outros.

Sua mão caiu. Seguiu-se outro silêncio; este era mais pesado, e não

consegui descobrir o por que. Tudo o que sabia era que podia sentir seus

olhos em mim e eles se sentiam pesados.

Mas, do nada, Cletus disse: "Acho que vamos ter que praticar."

"Perdoe-me?"

"Praticar o ato de beijar. Como o que você fez com Billy."


Voltei atrás quando minha cabeça chicoteou para o lado, nossos olhos

colidindo. Não podia acreditar nos meus ouvidos. "Você pensa... Você quer

que pratique beijar com Billy?"

"Não. Não. Absolutamente não." Mais uma vez, o olhar de Cletus caiu

sobre mim. "Quero dizer você e eu. Eu a ajudarei a praticar."

A batida do meu coração voltou, mas desta vez foi mais forte do que

antes. E trouxe alguns amigos: o frio na barriga, a garganta e a dor no peito.

O que. O. Inferno...?

"Não sei se essa é uma boa ideia," digo, forçando minha garganta a

falar, o espanto fazendo meu pulmão queimar.

"Por quê?" Ele encolheu os ombros, como se não fosse grande coisa.

Enquanto isso, minhas mãos suavam. Estava suando por toda parte.

Mesmo meus pés no frio estavam suando.

"Por que... Por que... por que..." Olhei para o dossel acima de nós, então

o outro lado do leito do rio, a sujeira ao meu lado, o tronco da árvore à

minha esquerda. Basicamente, olhei em todos os lugares, menos em Cletus.

"Porque estou chantageando você e isso não parece certo. Como, forçar você

a me beijar."

"Mas você praticaria com Billy?"

"Sim. Ele estaria fazendo isso para me ajudar, não por causa de algo que

estou segurando sob sua cabeça." Senti o desejo de colocar uma certa

distância entre nós, então fiquei de pé e peguei meus sapatos. Apoiei-me em

uma grande rocha e puxei minhas meias.


"E se prometesse que não estaria fazendo isso por causa da chantagem?"

Cletus tentou chegar aos meus olhos, então baixei meu queixo no meu peito

quando ele acrescentou: "Eu quero ajudar."

Balancei a cabeça, incapaz de falar. Não queria beijar Cletus.

Às vezes, Cletus estava aberto comigo. Mas às vezes era distante. Nunca

sabia com que humor estaria, assim como nunca soube a cor de seus olhos.

Não queria beijá-lo e depois passar o tempo com ele, fingindo que tudo

estava bem. Não queria beijá-lo e então ser invisível para ele novamente

quando o nosso acordo chegasse ao fim. Porque me lembraria. Já sentia

muito.

Então não. Não queria beijar Cletus.

Não se não significasse algo para ele.

Porque isso significaria algo para mim.

A dor no meu peito tornou-se uma coisa ardente, pressionei meus

dedos contra meu esterno e esfreguei.

"Aqui estão os fatos." Cletus fez uma pausa, seu tom racional e

razoável. "Você precisa de prática. Sim, no início você chamou minha

atenção por causa do vídeo. Admito isso. Mas nos tornamos algo mais.

Somos amigos, não é?"

"Espero que sim," admiti enquanto estava em pé na pedra e encarava a

trilha, ainda não corajosa o suficiente para encontrar seu olhar quando o

assunto era ele me ensinar a beijar.


"Então me deixe ajudá-la, como amigo. Posso ensinar-lhe como, dar-lhe

confiança em sua técnica. Sei o que estou fazendo. Basicamente sou um

profissional."

"Não tenho dúvidas de que você sabe o que está fazendo," falei sem me

virar e uma pequena facada de ciúmes picou atrás de meus olhos, fazendo

meu cérebro quente.

Quantas mulheres ele beijou?

"Então, qual o problema?"

"Não... não sei." Fechei meus olhos e esfreguei minha testa. Podia sentir

seus olhos em mim e não fez nada para aliviar o tumulto de emoções e a

saudade que atacava o meu coração, dificultando respirar e pensar.

"Que tal nós tentarmos uma vez, não é grande coisa. Se você..."

"Cletus!" Encarei-o de repente. Ele parecia tão prático, tão acadêmico

sobre tudo. Como se me beijar seria tão esquematizável quanto comer um

sanduíche de atum. "Não quero falar sobre isso".

"Tudo bem." Ele levantou as mãos como se rendesse. "Não fale sobre

isso. Basta pensar nisso."

Exalei uma respiração agitada e me afastei. "Tudo bem, pensarei sobre

isso."

Na minha visão periférica, vi-o assentir uma vez, como se o assunto

estivesse resolvido.

Senti-me um pouco doente. Porque a verdade era, dada a força da

minha reação à sua sugestão, provavelmente não pensaria em nada além de

beijar Cletus Winston em um futuro previsível.


CAPÍTULO 16

Não esconda seus talentos, pois eles foram feitos para serem usados. Para que serve

um relógio de sol na sombra?

― Benjamin Franklin

~Jennifer~

A CHUVA BATIA no telhado quando Billy me pegou no sábado de

manhã. Os dias chuvosos são os meus favoritos porque comida quente tem

um gosto melhor em um dia chuvoso e frio. Minha mãe não estava feliz com

minha decisão de ir a Nashville. Demorou algo tempo, mas finalmente

concordou. Ela disse que era porque eu não tinha eventos ou aparições

especiais programadas. Mas a verdade era que não lhe dei muita escolha.

A única coisa que me causou alguma culpa foi que tinha que assar,

decorar e congelar os pedidos de bolos dos próximos dias antes do tempo. Os

bolos não seriam tão frescos como de costume, mas estavam preparados e

prontos para serem entregues.

Esperançosamente, sua qualidade se manteria.

Escapei da minha casa com facilidade, Billy segurando um grande

guarda-chuva sobre nossas cabeças, mas depois parei no meu caminho. A

camionete de Billy não estava à vista. Em seu lugar havia um impressionante

e preto Lincoln Town Car. A primeira coisa que notei sobre o carro - além de
sua marca, modelo e cor - era que ele tinha portas de suicídio* e parecia ser

vintage.

"O que é isso?" Perguntei.

"Este é o carro do Cletus. Ele queria que nós o dirigissemos.”

Beau estava encostado ao carro e levantou a cabeça de onde ele estava

mexendo em seu telefone. O ruivo me deu um sorriso acolhedor, e então ele

levantou as sobrancelhas. "Trouxe muffins?"

Sorri e corei porque olhei o eufemismo usado da palavra muffin no meu

laptop. Meu pai a veria no histórico de pesquisas, mas disse a mim mesma

que era bom. Mais cedo ou mais tarde, uma garota com a mente para se casar

tem que resolver as coisas. A ignorância não era bem vinda aos dias de hoje.

Billy franziu o cenho para o irmão, mas cortei antes que ele pudesse

repreender Beau. "Não há muffins para você."

"O que? Por quê?"

"Porque sou uma padeira distinta."

Billy deu uma risada. E, uma vez que Beau se recuperou de seu choque,

também riu.

Quando estávamos instalados e a caminho, resolvi perguntar: "Onde

está Cletus? Nós estamos indo pegá-lo?"

"Não. Nós somos os únicos a dirigir. Tive trabalho na noite passada e

Beau segurou as coisas na loja de automóveis. Todos os outros voaram

ontem, uh, no avião de Sienna."

"Sienna tem um avião?"


Beau respondeu do banco de trás. "Ela fretou, voo de Knoxville para

Nashville."

"Oh." Deixei essa informação entrar. Nunca conheci ninguém que tenha

fretado um avião. Levei um momento para envolver minha mente em torno

da idéia. "Então, quem foi ontem?"

"Todo mundo. Jethro e Sienna, Duane e Jess, Ashley e Drew, Cletus, é

claro. Roscoe já está em Nashville, para a escola veterinária, então ele está

nos encontrando lá."

"Não sabia que ele estava se tornando um veterinário." Olhei por cima

do meu ombro para Beau.

"Vocês são da mesma idade, certo?" Billy verificou o espelho lateral e se

juntou à estrada.

"Está certo. Nós estávamos no coro da igreja juntos." Não acrescentei que

ele e eu nunca nos falamos durante o curso de nossa vida inteira, mas isso é

ser a rejeição não oficial em uma pequena cidade.

Rascally Roscoe era como a esposa do pastor costumava chamá-lo;

tornando-se veterinário e trabalhando com animais, se adequava ao seu

espírito brincalhão.

"Ele não vai reconhecê-la." O comentário de Billy me fez olhar para ele e

percebi ele me observando com um semblante franzido.

"Tenho certeza que ele também mudou."

"Não muito." Beau riu. "Ele é basicamente o mesmo. Enquanto isso, você

se tornou um cisne nos últimos dois meses. O que aconteceu de repente?"


"Jennifer sempre foi adorável." Billy franziu o cenho para Beau através

do espelho retrovisor, e sua defesa de mim soou quase... Bem, parecia quase

fraternal. Isso me lembrou de Isaque e me deixou feliz - triste.

"Isso não é o que quis dizer, Billy," respondeu Beau irritado. Ele me

bateu no ombro e me virei no meu lugar para sua expressão séria. "Não

estava me referindo ao que você parece, Jenn. Você mudou. Você está

finalmente conversando com as pessoas. É bom."

"Não estou falando com muitas pessoas," disse e pensei em voz alta.

"Simplesmente, vocês. Cletus..." Parei, olhando para Billy.

"Este não é um encontro, então fique à vontade para trazer Cletus para o

conteúdo do seu coração." Ele inclinou a cabeça com um aceno.

Dei-lhe um sorriso grato. "Cletus foi uma grande ajuda, e também o seu

irmão aqui."Apontei para Billy com meu polegar. "Acho que fiquei presa.

Vocês cresceram aqui, vocês entendem como é. Todos pensam que conhecem

todo mundo, mas não. Na verdade não. Olhe para a minha família, Isaac, por

exemplo. Se alguém tivesse previsto há cinco anos que Isaac entraria para o

exército, acho que todos estariam chamando essa pessoa de louca."

“Vocês se falam muito? Você e Isaac?" A linha da sobrancelha de Billy

aumentou, preocupado.

Sacudi minha cabeça, tentando ignorar a dor maçante no meu peito. "Eu

o vi, em torno da cidade. Mas ele não me reconhece." Olhei para fora da

minha janela e falei os meus pensamentos como eles me apareciam. "Sua

indiferença foi difícil no início e confusa. Crescendo, você sabe como

estávamos protegidos. Minha mãe nos manteve ocupados e tivemos uma boa
educação, mas estaria mentindo se dissesse que não era solitário às vezes.

Isaac era meu amigo, meu único amigo, realmente, se você não contar meus

amigos de cartas. E eu era a dele. Ele era tão sério e severo o tempo todo, e eu

o fazia rir."

Beau colocou a mão no meu ombro e apertou-o. "Ele voltará."

"Ou não." O tom de Billy era severo e seus olhos tempestuosos cortavam

o reflexo de Beau. "Ou se tornará deles e ele estará perdido."

Beau suspirou alto. "Obrigado, Billy. Você ganha o prêmio pela

declaração mais deprimente da viagem. Na próxima vez, talvez mantenha

todo o sol e arco-íris para você."

"Não. Está tudo bem." Acariciei a mão de Beau onde descansava no meu

ombro. "Quando Isaac partiu, acho que foi bom para mim. Senti falta dele, e

ainda sinto. Mas não fiquei inquieta até que ele partiu para o exército. Se ele

tivesse feito o que os meus pais queriam, ir para a faculdade de marketing e

se juntasse ao negócio da família, não sei se alguma vez teria abordado

Cletus para obter ajuda. O desespero é um grande motivador." Sorri e Beau

apertou meu ombro novamente.

"Então você procurou Cletus para pedir ajuda?" A curiosidade no tom

de Billy me fez lamentar minhas palavras.

"Eu... uh... sim. Perguntei se ele me ajudaria a descobrir como sair e

conhecer pessoas. E ele disse que sim." Revirei meus lábios entre meus

dentes, esperando que eles não perguntassem sobre os detalhes.

"Estou surpreso," disse Beau.


"Eu não estou,"os olhos de Billy se nublaram, como se ele estivesse se

lembrando de algo específico.

Antes que pudesse perguntar por que Billy não estava surpreso, Beau

falou. "Você não está? Ele gosta de se intrometer conosco, e ele vai ajudar as

pessoas com problemas de carro e assim por diante. Mas depois do que

aconteceu com.…"

"Beau." O tom de Billy era nítido e exigente. "Cuidado com as palavras."

Olhei entre os dois irmãos, sabendo que meus olhos estavam

arregalados com curiosidade e antecipação. "Depois do que aconteceu?"

Billy mudou-se em seu assento, com a mandíbula marcada. Ele não

olhou para mim. "Cletus costumava, você sabe, perder a paciência muito

rápido."

Lembrei-me sobre Cletus, mas apenas por meio de boatos. "Meu pai

costumava falar sobre Cletus, no jantar. Ele disse que Cletus era um garoto

perigoso, sempre entrando em brigas e que deveríamos evitá-lo.”

"Cletus não gosta de valentões," Beau insinuou, mas então não ofereceu

mais nada, mesmo que tivesse a sensação de que ele queria falar mais.

Os lábios de Billy apertaram-se com uma leve careta. "Ele não gosta de

valentões," ecoou. "Ele costumava se meter em problemas por defender os

atormentados em vez de se ocupar com os seus próprios negócios."

"Ele ainda enfrenta os valentões," Beau murmurou. "Ele é muito mais

furioso sobre isso agora."

Billy arranhou sua bochecha, suas sobrancelhas formando um V

enquanto estudava a estrada. "Devemos falar sobre outra coisa."


"Boa idéia." Beau deu um golpe no assento ao lado dele. "Que tal falar

sobre os muffins de Jennifer e como posso obter outro gosto?"

"Oh, bom Deus." Sorri, sem me importar que ele fizesse minhas

bochechas queimarem em vermelho.

"Beau." A voz de Billy estava pesada com advertência, mas também

havia humor. "Que tal falar sobre o Dia de Ação de Graças? Quais são seus

planos de férias, Jenn?"

"Oh, nós geralmente não fazemos muito. A semana anterior é um

momento ocupado para minha mãe e para mim. Devo ter feito mais de

quinhentos bolos de banana na última ação de graças, e cada ano aumenta.

Então meu pai vai para a casa de um amigo para assistir futebol durante o

dia. Minha mãe fica no abrigo e trabalha."

Billy olhou para mim com atenção, visivelmente horrorizado.

Mas foi Beau quem falou. "Oh infernos, não. Você está vindo para a nossa

casa para o Dia de Ação de Graças. E você estará comendo torta. Muito

disso."

"E você não vai assar nada," comandou Billy.

"Eu não sei." A idéia de passar o Dia de Ação de Graças com os Winstons

me pareceu maravilhosa, mas também aterrorizante. "Não gostaria de me

impor."

"Você não estaria." Beau parecia tão seguro. "Está combinado."

"Além disso," Billy acrescentou com confiança e um brilho de algo como

travessura no olhar, "Tenho certeza que Cletus já estava planejando

convidá-la. Nós apenas o poupamos do problema."


***

A VIAGEM DE CARRO terminou muito rápido e, quando chegamos ao

nosso destino, senti carinho por Billy e Beau Winston.

O que isso diz sobre mim? Estava condenada a passar pela vida

desenvolvendo um carinho por cada nova pessoa com quem falei por mais de

uma hora? Em caso afirmativo, talvez meus pais tivessem razão em me

manter protegida.

Também não poderia ajudar a comparar esse novo carinho por Billy e

Beau com meus sentimentos por Cletus. Era diferente, mas não pude explicar

o porquê. Meus sentimentos por Cletus era... esmagador, enquanto meu

afeto por Billy e Beau era tranquilo.

A clareza sobre o problema chegou quando Cletus e Claire subiram ao

palco para o concurso de talentos.

A coisa inteira ocorreu no antigo Teatro Marzipan em Nashville. O

espaço do evento acomodou uma audiência de cerca de cinco mil pessoas;

um número impressionante, mas nada perto do tamanho de um grande

show de arena. Beau explicou quando nos sentamos que o teatro havia

hospedado Elvis Presley e Johnny Cash um dia, mas caiu em ruinas.

Recentemente, foi maravilhosamente restaurado e o show de talentos era

para o relançar como um local viável.

Cletus e Claire foram o terceiro ato de dez. Quando Cletus apareceu,

meu coração acelerou, obstruindo minha garganta, e sentei-me de lado do


meu assento, esperando com fôlego para que eles começassem seu conjunto

de três músicas. Eles fizeram e a audiência caiu em silêncio; eles escolheram

uma música de amor assustadora como abertura, uma que nunca tinha

ouvido antes.

Cletus não tocou o banjo durante esta primeira música, ele tocou

guitarra acústica e cantou um dueto com Claire. Nunca o tinha ouvido cantar

antes, e então meu fôlego se tornou um suspiro, e então um sussurro de

prazer maravilhado. Ele tinha uma voz notável, profunda e rica, e, como sua

risada, me lembrava chocolate suave.

Quando Cletus e Claire terminaram a primeira música para uma rodada

de aplausos, decidi que a diferença entre Cletus e seus irmãos era que Billy e

Beau não agitaram minhas emoções. Eles inspiraram calor e carinho;

sentimentos benignos e seguros.

Cletus, no entanto, tinha-me no centro de um furacão. Ele agitou cada

uma das minhas emoções. E estava por todo o lado. Nunca tinha percebido

que sentir tanto de uma vez era possível.

Cletus pegou seu banjo para a próxima música, que era uma copia

otimista de "I Will Wait" de Mumford e Son. Claire tocava guitarra e cantava

na voz principal.

Olhei para a fileira de Winstons e seus parceiros e aqueceu meu coração

ver cada um deles sorrindo para o palco, várias sombras de adoração e

orgulho escritas em suas características. Não senti inveja, mas sentia

saudade. Isso, aqui mesmo, era por que queria uma grande família.
Eles terminaram o ato com o "Tennesse" de Johnny Cash, mas Claire

tocou A garota de olhos azuis com um garoto, e a garota se tornou um cara.

Funcionou totalmente. Sua voz parecia profunda e rouca nessa última

música, demonstrando seu alcance impressionante. Além disso, ela teve uma

qualidade vívida que enviou arrepios pelas minhas costas. Ela era brilhante.

Tal como Sienna com a sua aura gravitacional, a presença de Claire no

palco era natural e emocionante. E também a de Cletus. Talvez esteja sendo

um pouco tendenciosa, mas pensei que ele era tão bom quanto Claire...

exceto, que ele se manteve meio discreto. Como se empurrar a atenção para

sua parceira fosse o principal objetivo.

Mesmo no palco, Cletus parecia determinado a se esconder do centro

das atenções, a ocultá-lo. Essa compreensão me deixou agitada. Ele era

notável, e, no entanto, estava determinado a pensar que era medíocre.

Eles terminaram e o lugar explodiu, todos os cinco mil membros da

audiência se levantaram e aplaudiram de pé. Claire riu e jogou os cabelos,

pronunciando as palavras obrigada e soprando beijos. Enquanto isso, Cletus

empacotou o equipamento, curvou-se e saiu do palco.

Duane, que estava sentado do meu lado, chocou-se com a partida

abrupta de Cletus; Jessica também concorcou com ele.

Beau, que estava do outro lado também riu e cutucou meu braço,

gritando exuberante. "Ele não se importa com o concurso, nem para si

mesmo. Ele fez isso para conseguir Claire lá e comprar um carro."

"Para comprar um carro?" Perguntei, confusa. "Você quer dizer com o

dinheiro do prêmio?"
Ele balançou sua cabeça. "Não. Um dos juízes - um grande produtor de

discos - possui um Buick Riviera 1971. Tem uma janela traseira dividida que

faz com que pareça um pouco como um tubarão. Ele já tem um, mas ele quer

dois por algum motivo. Ele tem o Lincoln para negociar e está esperando

para alavancar Claire."

Enruguei meu nariz no ridículo desta notícia, e também para o fato de

que Cletus estava usando sua amizade com Claire para colocar as mãos em

um carro.

Beau, aparentemente capaz de discernir a direção dos meus

pensamentos, sacudiu a cabeça, recostou-se mais perto e falou diretamente

na minha orelha. "Este é o clássico Cletus, matando dois coelhos com uma

cajadada só. Claire merece estar nesse palco, mas precisava ser empurrada.

Ela nunca teria feito isso sozinha. Ele fez isso porque cuida dela. Todos nós

fazemos. Cletus apenas entregou-lhe um contrato de gravação– se ela quiser

ou não, isso depende dela - mas ele também conseguirá extorquir um amigo

poderoso no processo."

Beau se afastou, encontrando meu olhar e me observando processar suas

palavras. Ele se inclinou para o meu ouvido novamente, acrescentando: "Sua

mente funciona de maneiras misteriosas," Beau encolheu os ombros, "Mas o

homem sempre obtém o que ele quer."

***

"OH, BOM DEUS. Por favor, me diga que você não usou as palavras,
acadêmicamente falando quando você estava dando um conselho a doce

Jennifer.”

"Posso ter pronunciado a frase." Os olhos de Cletus se dirigiram para

mim, depois para longe. "Não lembro."

"Você mente como um cachorro, Cletus Winston. Você também se

lembra. Você se lembra, e usou essas palavras, e não quer admitir isso."

Coro, vermelho brilhante, meus olhos saltando entre Cletus e Claire.

Nós três estávamos em um camarim, compartilhando uma garrafa de

champanhe e uma bandeja de aperitivos elegantes. Foi a primeira vez que

bebi champanhe e minha cabeça estava confusa.

Pouco depois de seu show terminar, um segurança veio e me encontrou

na plateia, disse-me que eu precisava ir nos bastidores. Desculpei-me na

fileira de Winstons e o segui através de um labirinto de corredores. Ele parou

em uma porta com um pedaço de papel gravado que dizia McClure &

Winston.

O segurnaça bateu, Claire abriu, me abraçou e me puxou para dentro.

"Cletus explicou tudo," disse, envolvendo o braço nos meus ombros.

"Estou aqui para ajudar. Agora somos boas amigas e você pode me perguntar

o que quiser."

E foi isso. Apenas assim, Claire McClure, Cletus Winston e eu estávamos

discutindo sexo nos bastidores em um grande show de talentos.

"Bem. Usei as palavras ‘acadêmicamente falando’," Cletus admitiu

relutantemente, “Avançando..."
"Isso é um problema, Cletus, porque não há nada acadêmico sobre fazer

amor."

"Peço desculpas mas não concordo..."

"Por favor, pare de falar e deixe-me colocar essa mulher inocente em

linha reta. Pare de poluí-la com seu discurso acadêmico."

Ele começou a rolar os olhos e depois parou. Em vez disso, arrancou

uma cenoura da bandeja de aperitivo e agarrou-a com os dentes. "Bem. Você

explica isso então."

"Eu vou. Prepare-se para se surpreender.”

Ele franziu a testa, como se algo estivesse mal. "Não sei se fico espantado

com você quando o assunto é sexo."

"Então você pode sair."

Cletus trouxe seus olhos estreitos para mim, em seguida, afastou,

inclinando-se para trás em sua cadeira e cruzando os braços. "Vou ficar. Por

agora."

Claire riu dele, achando que ele era engraçado e maravilhoso - o que ele

era - então moveu seu olhar quente para o meu, seu sorriso suavizando

quando me olhou.

Quando falou, fez isso como se nós realmente fossemos boas amigas, sua

voz era gentil e familiar. "Lembro quando você ganhou na feira do estado

pela primeira vez, pelo seu bolo de banana. Sua mãe estava tão orgulhosa e

feliz, mas você parecia totalmente petrificada."

"Eu estava," admiti com facilidade.

"Quantos anos você tinha?"


"Dezesseis."

"E você ganhou todos os anos desde então?"

Assenti.

Sua testa enrugou e seus olhos se moveram sobre mim, avaliando

pensativamente. "Você nunca foi beijada, ou assim Cletus me disse."

Assenti com a cabeça de novo, feliz por ele ter contado a ela, então não

precisava fazê-lo. "Sei que a ignorância deve ser uma felicidade, mas está me

parecendo cada vez mais como uma gaiola nos dias de hoje."

O lado de sua boca se enrugou, mas seus olhos pareciam um pouco

tristes. "O amor é um... Bem, é interessante. Pode ser maravilhoso, mas

também pode ser destrutivo. Entendo sua lealdade com seus pais, entendo.

Mas você está certa. Você está em uma gaiola, e está procurando uma saída.

Não se apresse. Você tem tempo. Eu era o contrário. Quando tinha dezenove

anos era um pássaro, procurando uma gaiola. Acredite ou não, sua situação é

melhor."

Assenti solenemente, porque conhecia sua história. Todos na cidade

sabiam sobre Claire, como ela nascera Scarlet St. Claire, a única filha da

Razor Blade St. Claire, presidente dos Irons Wraiths. Ela cresceu no clube de

motos e, para todos os efeitos, não tinha sido uma vida fácil. Aos quinze

anos, desapareceu por três anos, apenas para se mostrar comprometida com

Ben McClure, filho do chefe de bombeiros local. Eles se casaram quando

tinha dezenove anos. Ele foi à guerra, ela foi para a faculdade. Quatro anos

depois, ela teve seu diploma, mas Ben morreu no exterior.


Ela ensinou na escola secundária do meu pai - música e drama - e cuidou

dos pais de Ben. No verão passado, ela se mudou para Nashville para aceitar

um cargo de professora em uma faculdade comunitária. Mas se Beau

estivesse certo, essa noite ela poderia estar aceitando um contrato de

gravação.

Ela parecia estar debatendo o que dizer, e quando ela falou, começou

lentamente. "Deixe-me te contar uma história. Meu marido...” Claire

interrompeu, seus olhos se dirigiram para Cletus por uma fração de

segundo, depois para longe. Suas bochechas aqueceram, mas ela limpou a

garganta e passou o que quer que fosse, quando a emoção a abraçou

momentaneamente. "Meu marido, Ben, quando ele estava vivo, adorava

jogar beisebol com seu pai. Eles jogavam bola ao redor. Ele adorava. Quando

se juntou ao exército e foi implantado, um jogador pro-baseball foi

implantado com ele. Então ele teve a chance de jogar beisebol com um

verdadeiro profissional. Quero dizer, esse cara era fantástico, apenas um dos

melhores do mundo. Mas quando perguntei a Ben sobre isso, você sabe o que

disse?"

“Não," disse Cletus de repente e desnecessariamente.

Os olhos de Claire cortaram os dele e ela deu-lhe um olhar plano de

aborrecimento antes de continuar. "Ele disse: ‘Você sabe, Claire, foi divertido.

Mas se pudesse jogar beisebol com qualquer pessoa no mundo, ainda assim

seria o meu pai." Ela fez uma pausa, permitindo que a resposta de Ben

afundasse, depois acrescentou:" Essa é a diferença que o amor faz. Então,

Cletus está certo, por um lado. Tendo experiência, boa técnica, bons
movimentos - todos estão bem. Se você está fazendo sexo para se divertir ou

jogando como um esporte profissional, então essas coisas são críticas. Mas se

você está fazendo amor, a experiência e os bons movimentos são um bônus,

mas nada importa. É a pessoa, não a técnica, que faz valer a pena."

Senti meu sorriso crescer enquanto ela falava e estava sorrindo quando

ela terminou.

O olhar de Claire segurou o meu. "Então não se preocupe com sua falta

de experiência. Você espera se quiser, porque quando o cara certo chegar, ele

não se importará com sua técnica ou falta dela, e você não se importará com a

dele. Ele se importará com você. Vocês cuidaram um do outro."

A música, os sons abafados de uma performance ao vivo, invadiram

nosso espaço, mas reparei. As palavras de Claire eram como uma pomada

para meus nervos. Sem pensar, voltei-me para Cletus, talvez para

agradecê-lo por me trazer nos bastidores, por fazer esse bate-papo roubado

com Claire possível, mas as palavras imediatamente agarram na minha

garganta.

Seus olhos já estavam em mim e seu olhar me bateu diretamente no

peito, um pico de consciência. Era outra dessas janelas raras no verdadeiro

Cletus Winston, desmascarado e cru, mas desta vez ele não parecia zangado.

Parecia voraz.

A sensação quente se espalhou para baixo, pelo o meu abdômen e mais

para baixo, em direção a minha... outra... área.

Corei, me sentindo superaquecida. Seu olhar queimou, e ainda assim eu

também me senti estranhamente derretida por ele, solta e à deriva.


Os sons abafados se dissolveram, como se tivesse sido puxada para um

túnel onde só ele e eu existissemos, Cletus, seu apetite voraz e seus olhos

azuis.

Mas então pulei, estremecendo e arrancando meus olhos, porque uma

batida inesperadamente barulhenta soou contra a porta. Um momento

passou onde ninguém falou e não pude ver, mas o clamor invasivo de

música ao vivo encontrou meus ouvidos, seguido de sons de alegria e

aplausos.

“Vou atender," disse Cletus, sua voz grosseira, como se não tivesse

usado em dias.

Observei-o se levantar, mover-se para a porta, seus grandes ombros

subindo e caindo com uma respiração expansiva. Notei que suas mãos

estavam fechadas em punhos e seus antebraços estavam nus. Ele enrolou as

mangas nos cotovelos. Tentei lembrar se já tinha visto seus braços antes. E,

em caso afirmativo, por que eles estavam me distraindo agora?

Um suave empurrão contra meu tornozelo fez com que me voltasse para

Claire. Seus olhos estavam largos e sua boca estava aberta. Ela falou, Você e

Cletus?

Balancei a cabeça rapidamente.

Seu olhar se estreitou e caiu sobre mim. Ela acenou com a cabeça,

falando novamente, Você e Cletus. Desta vez, não era uma pergunta.

Meu estômago vibrou com vertigem induzida pelo pânico. Balancei a

cabeça novamente, sussurrando: "Não somos assim," no momento que

Cletus abriu a porta.


"Sr. Winston. Bom desempenho," exclamou uma mulher desconhecida,

voltando minha atenção para a porta.

"Sr. Platt, Sra. Flom. Imagino que você vai querer falar com minha parceira?"

Cletus cruzou os braços, inclinando o queixo e adotando um tom que nunca

o tinha ouvido usar antes. A maior parte de seu sotaque havia desaparecido.

Ele soou como um ianque.

"Onde está a adorável Srta. McClure? Também gostaríamos de

parabenizá-la, talvez falar algumas coisas. Ela recebeu o champanhe que

enviamos?" Perguntou uma voz, que adivinhei pertencer ao Sr. Platt.

Cletus assentiu uma vez. "Ela recebeu."

"Bom. Então, talvez possamos..."

"Vamos direto ao ponto." Cletus se inclinou contra o batente da porta e

um sorriso amigável curvou-se sobre seus lábios, mas de onde eu estava

sentada seus olhos eram remotos e extremamente astutos. "Quero o seu

Buick, Sra. Flom. Você quer Claire McClure em um contrato. Tenho certeza

de que seremos capazes de alcançar um acordo justo, onde todos ficarão

felizes."

"Esse bastardo sorrateiro," ouvi Claire sussurrar e olhei para ela. Ela não

parecia chateada. Na verdade, estava sorrindo.

"Você sabia?" Inclinei-me para perto de Claire para não interromper a

negociação que ocorria na porta do camarim.

"Beau me avisou," disse ela com uma respiração baixa.

"O que você vai fazer?"

Ela me olhou e vi indecisão, mas também vi excitação no dela.


"Bem, Cletus quer esse carro." Claire sorriu e encolheu os ombros.

Devolvi seu sorriso, rindo levemente.

Ela suspirou, parecia feliz, e sua atenção voltou para o homem em

questão.

Segui seu olhar, repetindo as palavras que Beau me dissera há menos de

uma hora. "E Cletus sempre consegue o que quer."

***

ASSIM QUE CLETUS concluiu as negociações preliminares com a Sra. Flom

e o Sr. Platt, voltei para o meu lugar. Eles precisavam voltar ao palco para os

prêmios.

Claire e Cletus ficaram em primeiro lugar. Conhecer a verdade - se

ganhar ou perder não fazia diferença, porque Claire já estava a caminho de

assinar um contrato de gravação e Cletus tinha negociado com sucesso a

compra do carro que queria - era um pouco como ver o Mágico de Oz de pé

atrás de sua cortina.

A realidade não negou o triunfo de sua vitória, mas a festa que se

seguiu parecia menos por ganhar e mais sobre apenas querer comemorar

com a família. Mesmo que o casamento de Jethro e Sienna estivesse

literalmente a três semanas de distância - e todos estariam se vendo

novamente para a ocasião - os irmãos e seus parceiros pareciam saltar em

qualquer oportunidade de celebrarem juntos. Adorei isso sobre o Winstons.


Graças à influência de Sienna, todo o segundo andar do restaurante de

churrasco favorito da família em Nashville foi reservado. Billy estava à

minha direita e Beau à minha esquerda. Claire estava bem na outra

extremidade, conversando com Sienna e Jethro. Roscoe sentou-se

diretamente em frente a mim, com Cletus em frente a Beau e Jessica em

frente a Billy. Duane sentou-se na ponta.

Ao lado de Cletus estava a Sra. Flom, e ela parecia tentar monopolizar

sua atenção. Um fato que me deixou irritada e aliviada.

Não queria encontrar com outro de seus olhares vorazes e lidar com os

desejos confusos que o acompanhavam. Não sabia o que significava e não

tinha experiência para entender. Por isso, sentei-me silenciosamente -

evitando o contato visual com Cletus - e escorreguei no meu papel de

observadora. Foi interessante estudar as diferentes dinâmicas.

Os executivos da gravadora foram convidados a juntar-se à nossa

reunião e o Sr. Platt estava bajulando Sienna. Os garçons também estavam

pairando sobre ela. Mesmo enquanto estávamos de pé diante do restaurante,

ela havia sido reconhecida e assediada por estranhos na rua.

"O que você está olhando?" Billy perguntou, tentando seguir minha

linha de visão.

Indiquei com a minha cabeça em direção a uma Sienna graciosamente

sorridente. "Sienna Diaz."

O olhar de Billy se moveu sobre mim. "O que sobre ela?"

"Como ela faz isso? Em todos os lugares em que vai, pessoas, estranhos,

querem conversar com ela. Odiaria isso."


"Você faria?" Billy pareceu surpreso.

Beau me cutucou com o cotovelo, obviamente, estava espiando. "E

quanto a toda a publicidade que sua mãe arranja para a rainha do bolo de

banana? Você não se veste com traje e faz aparições? E você não tem um

milhão de seguidores, ou algo louco assim?"

"A rainha do bolo de banana tem pouco mais de um milhão de

seguidores no Instagram. Jennifer Sylvester tem zero." Empurrei minha

carne de porco em volta no meu prato.

Beau me cutucou novamente, desta vez com o ombro dele. " Detesto te

interromper, mas você é a rainha do bolo de banana."

"Ela não se parece com a Rainha do Bolo de Banana."

Levantei os olhos para a voz deste comentário e encontrei Roscoe

olhando-me engraçado.

"Ei, Jenn," disse, ainda olhando para mim engraçado. "Como estão as

coisas?"

Com exceção de alguns Olá educados no início da noite, não tinha

falado com Roscoe até agora. Mas o peguei enviando olhares curiosos para

mim.

"As coisas estão boas, Roscoe. Como estão suas coisas?"

"Minhas coisas estão ótimas. Para dizer a verdade, não percebi quem

você era até nos sentarmos para o jantar. Não reconheci você

imediatamente.” Ele olhou para mim, então para Billy, depois para Beau. Ele

também sorriu. "Então, qual desses palhaços trouxe você?"


"Eu trouxe." Billy admitiu com um sorriso sem dentes ao seu irmão

mais novo.

"Tecnicamente, nós dois fizemos." Beau cutucou-me pela terceira vez,

me dando um olhar conspiratório.

"É isso mesmo...?” Roscoe recostou-se no assento. Não tive a chance de

responder porque o movimento no outro lado da mesa nos fez parar a nossa

conversa.

Claire tinha levantado e estava distribuindo abraços, primeiro a Jethro,

depois a Sienna. Ela se virou para o resto da mesa. Pensei por um momento

que ela estava planejando dar uma volta e despedir-se de nós, um de cada

vez, mas seus movimentos pararam de repente quando seus olhos

encontraram os de Billy.

Senti que ele ficou rígido ao meu lado, ouvi sua respiração rápida.

Quase imediatamente, ela afastou o olhar.

Lutei contra o desejo de colocar uma mão reconfortante em seu braço.

Emoção rolava para fora do grande homem selvagem e imprudente, mas

também muito triste. Só queria abraçá-lo.

"Tenho que ir, pessoal. Tenho que acordar cedo amanhã." Seu sorriso

era largo, embora me parecesse um pouco chateada.

Esta notícia recebeu vários sons de desapontamento, protestos e

desejos. Ela acenou e mandou um beijo para Jessica, que agiu como se ela o

pegasse em sua mão e enfiou-o no sutiã. Isso fez todo mundo rir. Claire

também riu, depois virou-se, afastando-se propositalmente da mesa. Eu a vi

saindo, parecendo feliz e triste.


Eu desejo....

Desejava ter feito um esforço para conhecer Claire antes de deixar

Green Valley. Ela definitivamente era digna de se conhecer.

"O que é, Cletus?" Billy perguntou bruscamente, tirando-me dos meus

pensamentos.

Olhei entre os dois irmãos e torci meus dedos no meu colo; era a

primeira vez que Cletus olhava na minha direção desde que falamos sobre

sexo nos bastidores e o seu olhar subsequente olhar.

"Sei o que você está pensando." Cletus balançou a cabeça lentamente.

"Garanto, que você não sabe." A resposta de Billy foi rude e fez os

cabelos na parte de trás do meu pescoço ficarem retos.

"Não. Eu faço. E você está errado."

A garganta de Billy apertou enquanto ele engolia, e o brilho do seu olhar

tornou escuro. "Não é da sua conta, Cletus."

"Bem, você está certo sobre isso. Não é da minha conta. É o seu negócio.

Mas você ainda está errado. Você não pode ganhar uma mulher com força

bruta, ou desejando, ou implorando - não que você estivesse planejando

implorar.”

Os olhos de Billy brilharam e ele rangeu os dentes, o músculo em sua

mandíbula saltando.

"Você não pode usá-la." Cletus suavizou suas palavras, como se ele

estivesse tentando suavizar um golpe.

Percebi com alguma surpresa que nossos colegas de mesa não estavam

prestando atenção; Roscoe, Jessica e Duane juntaram a cabeça para


conversar, e ouvi Duane mencionar a Itália. Beau estava estudando

cuidadosamente a costela do jantar. Todos estavam muito longe para ouvir a

conversa de Cletus e Billy. O barulho do restaurante do primeiro andar

mascarou suas palavras.

Resolvei me manter calada e redirecionei meus olhos para o meu prato.

"Então, o que você sugere?" Billy pareceu conflituoso, sua voz baixa e

frustrada. "O que você faria?"

"Coloque tudo pra fora. Conte-lhe tudo.”

O olhar de Billy se concentrou em onde Claire havia desaparecido.

Então, inesperadamente, seus olhos se moveram para mim. Eu o vi na minha

visão periférica e senti seu brilho. Permaneci muito quieta.

"Você faria, Cletus?" Billy perguntou, sua atenção voltando para o seu

irmão. "Você colocaria tudo para fora? Contaria-lhe tudo?"

Cletus ficou calado por um momento antes de dizer: "Quando você

estiver certo, quando é o coração e a mente que você está procurando, então

você coloca tudo para fora. Mas se estiver vazio, e for apenas físico, então não

há nada a dizer."
CAPÍTULO 17

“Homem muda, e a mudança chega como a brisa que franzi as cortinas ao

entardecer. Ela vem como perfume furtivo das flores silvestres escondidas na relva. ”

― John Steinbeck

~Cletus~

"TUDO BEM, AGORA que somos apenas nós três, quero saber." Jessica

virou o assento e ergueu as sobrancelhas para mim. Era um elevar de

sobrancelhas afiado, então sabia que as próximas palavras de sua boca iriam

ser uma pergunta. "O que está acontecendo com Jennifer Sylvester e Billy?

Ou ela está com Beau? Ou o que está acontecendo?"

Encontrei os olhos de Duane no espelho retrovisor. Jess sentou-se ao

lado dele no banco de trás, e eu estava no banco do motorista. Os outros,

incluindo a senhora em questão, já partiram para Green Valley no avião de

Sienna.

Duane era, de longe, o melhor motorista da família. Eu suspeitava que

ele era o melhor motorista no Tennessee. Sempre que eu precisava de uma

fuga rápida de quatro rodas, ele era meu cara. O que significava que quando

ele partiu para a Itália e outros grandes saltos, fiquei sem um motorista de

fuga.

Um pensamento deprimente.
Duane limpou a garganta, remexeu-se um pouco no seu assento, mas

não disse nada. Ele rapidamente voltou sua atenção para a estrada.

Ele não me ajudou.

Ou talvez ele também estivesse curioso.

"Vamos, Cletus." Jessica alcançou o assento e empurrou meu joelho com

a ponta dos dedos. "Vou ter que adivinhar? Não me faça adivinhar."

"Ela não está apegada a Billy ou Beau."

"Você tem certeza?" Jessica empurrou. "Porque Beau e ela pareciam

muito amigáveis."

Mirei minha atenção para a janela do meu lado, em vez de permitir que

Jessica visse meu descontentamento com esta notícia. A verdade era que

estava preocupado com pensamentos sobre Jennifer por semanas.

Estava... atraído por ela.

Fisicamente.

Muito.

Sua imagem assombrava os meus sonhos de dia e de noite. A maioria

era de variedade suja, porque o corpo da mulher me conduzia a distração.

Mas algumas fantasias eram apenas flashes de nós juntos, conversando e se

tocando. Sempre tocando.

Estava obsecado por ela desde nossa última lição. Não ajudou em nada

sua entrega inesperada dos mais deliciosos muffins concebidos na história

dos muffins.

"Beau é amigável com todos." Forcei a calma na minha voz e expressão

antes de voltar para Jess.


"Então, o que ela estava fazendo aqui hoje? E o outro dia em casa?”

"Ela é uma amiga da família."

A mulher definitivamente tinha um efeito sobre mim. Seu vodu me

fazia fazer e dizer coisas sem premeditação. Tivemos conversas. Falamos de

eventos e de nossas vidas. Estava compartilhando coisas sobre mim mesmo

sem realizar um jogo de xadrez mental ou deliberar sobre como aproveitar

melhor as informações que ela me passou para o meu benefício.

Queria estar com ela, passar um tempo em sua companhia para o bem

de sua empresa - um sentimento que era novo e completamente indesejável.

Os olhos de Jessica se estreitaram em mim. "Desde quando?"

"Nossos avôs eram amigos. Então, suponho que ela tenha sido uma

amiga da família desde que Dom Donner e o primeiro avô Oliver se

encontraram pela primeira vez."

Jess sorriu impacientemente e golpeou meu joelho. "Você está sendo

evasivo, Cletus. E quando você está sendo evasivo, isso significa que você

não quer falar sobre algo. E quando não quer falar sobre algo, geralmente

significa que algo é realmente interessante."

Assenti sombrio. "Que teoria fascinante."

Jessica me olhou por um momento e reconheci seu brilho intrometido.

Mas então Duane - o vira-casaca - disse: "Acho que Cletus está

ajudando a Jennifer."

"Duane." Impregnei minha voz com advertência e sacudi a cabeça.

Ele se recusou a encontrar meu olhar no espelho, ao invés de sutilmente

sorrir e acrescentar: "Billy levou-a algumas semanas atrás em um encontro


ou algo assim. Ela nunca teve um namorado, acho. Você viu como seus pais

a trancaram como Rapunzel. Meu palpite é que Cletus está ajudando sua

figura a escapar, para que possa sair das garras de seus pais."

Encarei de boca aperta a parte de trás da cabeça do meu irmão. "Bem,

olá, Garrison fofocas."

Ele encolheu os ombros. "Nós estaremos na Itália no próximo mês,

Cletus. Para quem vamos contar? Além disso, talvez Jess possa ajudar.”

"Eu quero ajudar!" Jessica saltou em seu assento, me dando um sorriso

gigante e suplicante. "Oh, por favor, deixe-me ajudar. Sempre pensei que ela

era tão fofa e doce. É uma pena que sua mãe a vista como uma banana. Mas

ela tem, o que? Vinte e três agora?"

"Vinte e dois," corrigi.

"Vinte e dois é muito tempo para viver sob o teto dos seus pais. Já era

hora dela se libertar. Poderia ensiná-la tanto. Por favor, Cletus? Por favor?”

Jessica dobrou os dedos sob o queixo e bateu os cílios para mim.

Franzi o cenho para Jessica e sua oferta inesperada. Na verdade, não

gostava de ofertas inesperadas, mas Jessica era boa gente. E definitivamente

tinha uma espinha dorsal.

"Não estou dizendo sim," segurei um dedo cauteloso entre nós, “Mas,

se fizesse, o que você a ensinaria primeiro?"

Os olhos de Jessica subiram à direita, como se estivesse recuperando

informações armazenadas em algum centro secreto de seu cérebro.

Enquanto isso, estava pensando em minha caminhada com Jennifer

para o riacho Yuchi. Falar sobre o meu meio-irmão não tinha sido planejado.
Só... aconteceu. O caso de seu pai, seu desrespeito por seus votos

matrimoniais, me lembrou meu próprio pai adúltero.

Os dois homens eram um par de idiotas.

"Não surte," Jessica ordenou, finalmente, trazendo seu olhar de volta

para o meu.

"Por que iria surtar?"

"Porque, honestamente, a primeira coisa que faria seria dar aquela

mulher um vibrador."

O carro ficou em um silêncio atordoado. Pelo menos, fiquei atordoado e

tinha certeza de que Duane estava atordoado. Mas Duane soltou uma

risada. Jessica não riu. Ela soltou uma gargalhada. Eu não ri. Eu estava

atormentado com imagens súbitas e vívidas de Jennifer se masturbando.

Essa sugestão foi quase tão ruim quanto o apelo sincero de Claire no

início da noite - que Jennifer deveria buscar o amor e não a experiência -

assim como os visuais que a conversa conjurava.

Droga.

"Apenas ouça-me." Jess balançou as mãos entre nós, como se estivesse

me dizendo para me acalmar."Quando era adolescente e não sabia o que

queria, olhando para trás, queria que alguém tivesse me dado um vibrador."

"Teria dado mais do que isso," Duane murmurou.

"Oh bom Senhor," disse em um suspiro, revirando meus olhos.

Jess deslocou sua atenção para Duane, o sorriso sorridente e depois o

trouxe de volta para mim. “Estou falando sério. As meninas não sabem o

que há de novo. Minha mãe nunca falou comigo sobre isso, então garanto
que Diane Sylvester ainda não tenha dito uma palavra para Jennifer. Essa

menina foi educada em casa, provavelmente sabe menos ainda. E seu pai

verifica o histórico de pesquisa em seu telefone e laptop o tempo todo. Ele

costumava gabar-se com os professores. Estou convencido de que o homem

é um sociopata. Os Sylvesters fazem com que meus pais parecem

progressistas.”

Não achei essa notícia surpreendente. A principal diferença entre meu

pai e Kip Sylvester foi que Darrell nunca fingiu ser um santo piedoso. O pai

de Jenn, no entanto, espalhou seu mais santo do que estrume em todo o

lugar. Minha mãe me disse uma vez - com o fogo e a ira - que Kip muitas

vezes falou mal da Bíblia para manter seus filhos sob controle.

Jennifer e Isaac mereceram melhor do que crescer com a hipocrisia

julgadora de seu pai. E sua mãe merecia melhor do que a traição do homem.

"Seus pais são muito simpáticos." Inclinei-me para a frente no meu

lugar. "Sempre achei o xerife razoável."

"Ele gosta de você, Cletus." Duane olhou para mim, em seguida, de

volta para a estrada. "O pai de Jess pensa o pior de você."

Fiquei surpreso com essa informação, não porque o xerife nunca tenha

me tratado mal, pelo contrário. Ele sempre me tratou de forma imparcial,

assim como tratava a todos.

Uma estranha pontada de culpa me atingiu entre as costelas. Estava

juntando evidências do posto do xerife James por meses, replantando-o em

locais estratégicos, juntamente com listas falsas de atividades de lavagem de

dinheiro e de empréstimos.
Em minha defesa, as listas eram uma contabilidade precisa das

atividades reais de lavagem de dinheiro e atividades de poupança de

empréstimos do clube de motociclistas; mas os Wraiths estavam

irritantemente desordenados. A manutenção de registros não era

sistemática. Então gravei os detalhes em um esforço para fazer o clube

parecer mais organizado. A evidência roubada apenas amarrou tudo em um

bom arco de obstrução de justiça.

Por si só, se não tivesse interferido, a evidência roubada poderia ter

levado à prisão de vários membros dos Iron Wraiths. E essas prisões teriam

sido pequenas vitórias para o xerife. Mas as vitórias teriam sido fugazes,

porque nenhuma das provas teria levado à queda do clube.

Tinha o meu olho no quadro geral. Ajudar o clube a parecer mais

organizado em seus esforços criminais levaria à sua destruição, porque os

encargos do RICO não apenas removeram o chefe de uma organização. As

acusações de RICO derrubaram todos.

Quando terminasse, todos iriam para a prisão por um longo, longo

tempo.

Cada. Único. Membro.

Mesmo Isaac... Essa percepção me fez pausar.

"Cletus?"

Foquei minha atenção, visto que o sorriso suplicante de Jessica não se

esvaziou.
"Você pode pensar que sou louca, mas não sou. Estou certa. E você é

inteligente. Então você sabe que estou certa. Dê um peixe a um homem e

você o alimenta por um dia, mas... "

"Dê a uma mulher um vibrador, e ela irá ter orgasmos por toda a vida.

Entendi." Acenei para a Jessica, olhando pela janela à minha esquerda,

enquanto debatia seu conselho.

Parecia um grande passo. Não queria assustar a mulher com

brinquedos sexuais. “Não sei, Jess. Não tenho idéia de como ela vai reagir.

Coloque-se no seu lugar."

"Você quer ajudá-la? Capacitá-la é a chave."

"Eu sei disso." Sabia disso. É por isso que o segundo trabalho de casa

tinha sido para ela fazer mudanças, mas apenas mudanças que queria fazer.

Jess continuou a empurrar. "Ela já está diferente. Como está se vestindo,

usando o cabelo, falando por si mesma. E isso é maravilhoso, é ótimo de ver.

Ela está tomando o controle de sua vida com passos de bebê.”

"Mas, eu aparecendo com um dispositivo de estimulação genital, não

parece um passo de bebê."

"Então deixe-me fazer isso."

Olhei para ela com perplexidade. "O que?"

"Deixe-me fazê-lo. Você a traz para o Big Todd e eu a levo para passear.

Ela pode até escolher a cor."

Gemi, um novo e vasto banquete de imagens sinistras assaltando minha

mente: Jennifer de pé no banheiro usando seu brinquedo; Jennifer de pé no

banheiro usando o brinquedo na frente do espelho; Jennifer estava no


banheiro usando seu brinquedo na frente do espelho enquanto eu ficava

atrás dela e...

Gemi de novo.

Esqueça se Jennifer poderia ou não lidar com a introdução de um

vibrador. A verdadeira questão era, eu poderia?

***

"O QUE VOCÊ ESTÁ planejando fazer com isso?"

"Perdão?"

Olhei para Shelly. A mulher estava diante de mim, os braços cruzados, o

olhar afiado movendo-se entre meu rosto e minhas mãos.

"A chave de boca. O que você está fazendo com isso?"

Olhei a chave de fenda na minha mão e descobri que Shelly estava

certa. Não era uma chave de boca. Erroneamente agarrei a chave de fenda.

Droga.

Precisava me concentrar.

Os dois últimos dias foram insuportáveis. Não só Jessica foi uma praga,

mas a idéia que plantou no meu cérebro teve vida própria.

Passei toda a viagem de volta a Green Valley na noite de sábado

pensando em Jennifer. Imaginando se ela tinha ido para a padaria para se

preparar para o dia seguinte, ou se foi para casa. Torturei-me com as

imagens dela deslizando na cama. O que ela usaria? Sobre o que sonhou?
Ela estava dormindo o suficiente? Ela estava com macacão? O que ela estava

fazendo de jardinagem? Tinha caminhado novamente?

Choveu no domingo, e sabia que ela gostava de ler enquanto chovia.

Ela tinha lido um livro? Que livro? Ela gostou? O que pensou sobre isso?

Jessica apareceu depois da igreja no domingo e não abandonou a

hostilidade até concordar com o plano dela. Mas não tinha concordado por

causa de seu empurrão, tinha concordado porque era um bom plano. Era

hora de Jennifer ampliar seus horizontes. Era hora de ser afastada de sua

zona de conforto. Este era um grande passo.

Mas quanto mais cedo Jennifer Sylvester ficasse sozinha, mais cedo

poderia me afastar de sua vida e estabelecer a normalidade e a calma na

minha.

Ainda estava obsecado.

Enquanto isso, coisas importantes - como pregar o caixão dos Iron

Wraiths, os arranjos para o casamento de Jethro em duas semanas, ação de

Graças, e me preparando para a minha caça do javali no Texas - exigia a

minha atenção... Sem mencionar o meu trabalho regular, projetos diversos,

gerenciamento dos fundos deixados por minha mãe, garantindo que Shelly

estava treinada e preparada adequadamente para a partida de Duane

enquanto controlava o temperamento de Beau e todos os outros problemas.

Joguei a chave de fenda na caixa de ferramentas, onde fez um barulho

irritante. "Eu estava apenas fazendo uma visita."

"Você estava visitando sua chave de fenda?" Shelly perguntou.

“Sim. Nós passamos por muita coisa juntos.”


Ela continuou a olhar para mim. Este era o seu jeito. Ela não franzia o

cenho demais, e ela sorria ainda menos. Ela era legal e recolhida, e

brutalmente sincera.

"Há algo de errado com você." Seu tom era o mesmo, mas não robótico.

Ela estava fazendo uma observação, não um julgamento.

Assenti com a cabeça, mas não respondi. A franqueza de Shelly Sullivan

não me incomodava, não como Beau, que parecia levar isso para o lado

pessoal.

Ainda havia trabalho a fazer e o grande relógio acima da escada me

dizia que passou bem depois da hora de fechar. A minha produtividade foi

decepcionante e, ainda assim, passei o dia olhando o relógio, ansioso para

chegar às oito horas. Jennifer não sabia quais maquinações tinha planejado

para a noite, já que não tinha dado a ela uma atenção. Este foi um dos casos

em que um ataque furtivo estava em ordem.

"Preciso sair." Fiquei onde estava debruçado sobre minha bancada.

"Você poderia trancar?"

Shelly assentiu, limpando as mãos em um pano. Ela deu um passo à

frente e usou o pano para pegar a chave de fenda que joguei ao acaso e

colocá-la perfeitamente na caixa de ferramentas. Então rapidamente

rearranjou as chaves de boca da menor para a maior e colocou o acessório da

chave em um ângulo perfeito de noventa graus.

Pisquei para Shelly e seu arranjo, então olhei em volta da loja com

novos olhos cheios de suspeita. A garagem não estava intacta, mas estava

muito perto. Tudo estava guardado em seu lugar, perfeitamente.


Meus olhos cortaram para ela, uma noção dançando no meu cerebro.

"Shelly?"

"Sim?"

"Por que você ainda esta aqui?"

Sua mandíbula flexionou e ela engoliu em seco, seus olhos

permaneciam fixos no topo da caixa de ferramentas que estava rearranjando.

"Estava esperando que você terminasse."

"Por quê?"

Shelly levantou seu olhar frio para o meu. "Sem motivo."

Ela realmente era uma mulher linda - bonita e distante. Não bonita e

doce, como Jennifer. Shelly era brutalmente honesta e sua honestidade era

uma armadura, um escudo para manter os outros longe.

Considerando que a honestidade de Jennifer era muito gentil e vinha de

um lugar de confiança e esperança.

Talvez porque estivesse lutando com minhas próprias fixações, percebi

uma onda de turbulência em Shelly esta noite, apesar de sua exibição

externa de desapego.

"Shelly." Um tom de gentiliza em minha voz. Isso fez seus olhos

estreitarem. "Você está esperando que eu termine para que você possa

endireitar, certo? Você precisa de coisas para arrumar?"

Ela apertou os dentes. Seus olhos caíram para o chão, depois

levantaram-se novamente. O volume de hostilidade dentro de seu brilho me

assustou.

"Não preciso disso." Seu tom beirava defensivo e insolência.


Levantei minhas mãos, querendo comunicar que não estava julgando.

Além disso, não me importava. Deixe-a ser arrumada, se ela precisasse

disso.

Mas também estava severamente frustrado comigo mesmo. Não podia

acreditar que tinha trabalhado com Shelly por quase dois meses e não tinha

idéia de que ela estava sofrendo de um transtorno obsessivo-compulsivo.

Como perdi uma coisa tão óbvia?

O que mais estava perdendo? O que mais não estava vendo? Estas eram

coisas que deveria saber sobre o meu futuro...

Meu mundo bem ordenado estava no caos, desfeito por uma pequena

mulher padeira.

"Vou embora agora." Recuei. "Então faça o que você precisa fazer,

sinta-se livre - ou não - para arrumar o que quiser."

Uma parte da hostilidade atrás de seu olhar se dissipou e ela assentiu

uma vez.

Deixei Shelly e a limpeza, caminhando para fora da garagem sem sair

do escritório primeiro. Estava inquieto e irritável e ainda na minha roupa

manchada de graxa. Não podia fazer nada sobre isso, então teria que

descompactá-lo e amarrar os braços ao redor da minha cintura. Caso

contrário, deixaria manchas de graxa em todo o meu carro.

Na viagem à padaria, forcei-me a obedecer o limite de velocidade. Não

tinha motivos para correr. Nenhuma razão. Duane e Jess estarão nos

encontrando na Big Todd's, a loja de adultos menos desprezível em


Knoxville, às 9:30 pm. Não estava nervoso. Estava... ansioso, em nome de

Jennifer.

Apesar de obedecer o limite de velocidade, estava cinco minutos

adiantado. Odiava chegar cedo. Era como ter que esperar pela mesma coisa

duas vezes. O carro de Jenn estava estacionado no local mais próximo da

porta da cozinha e podia ver sua sombra se movendo pelo cômodo. Em vez

de aguardar até a hora marcada, andei até a entrada dos fundos e bati.

Ouvi algum sussurro de dentro e depois ignorei o salto antecipatório no

meu pulso. Gostava de como ela parecia, era isso. Não estava animado para

vê-la. Não estava contando as horas. Estava ansioso pelo fim do nosso

arranjo. Não precisava dela na minha vida me distraindo.

Eu a levaria ao Big Todd's. Ela iria pegar um brinquedo sexual. Ela se

sentiria capacitada. Iria usá-lo e não pensaria nela usando. E então, com

alguma sorte, esse grande passo seria a última ajuda que precisava de mim.

Ela ficaria de pé com a mãe dela, falando suavemente e saindo nos dias da

semana.

... Sair do trabalho. Não conseguindo sair. Trabalho. Sair do trabalho. Sim.

Jennifer abriu a porta e pisei de volta, engolindo o ar e cruzando meus

braços sobre meu peito. Estava pronto para acabar com isso.

"Olá, Cletus." Ela sorriu, suave e aberta. Seus olhos grandes e brilhantes

se moveram entre os meus, e todo o seu rosto iluminou-se, como se estivesse

vindo de dentro pela luz do sol.

Perdi o meu pensamento porque foi substituído por, é muito cedo. Não

estou preparado.
"Entre. Tenho cookies." Jennifer pegou meu braço e me puxou para

dentro da cozinha, fechando a porta atrás de mim. "Está frio lá fora, onde

está sua jaqueta?"

"Eu não..."

"Oh, não importa." Jennifer caminhou para me encarar e esfregou suas

mãos para cima e para baixo em meus braços. Ela então entrelaçou os dedos

e trouxe minhas mãos para suas bochechas, pressionando-as lá. "Bom Deus.

Você está tão frio."

Ela sorriu para mim, tremendo, compartilhando seu calor como se eu

tivesse direito a isso. Olhei para ela. Na verdade, olhei minhas mãos em seu

rosto. Estava experimentando uma forte sensação de déjà vu. Eu tive um

sonho assim, onde segurei o seu rosto entre minhas mãos e depois nos

devoramos.

O instinto me fez lamber os lábios e o movimento atraiu seus olhos para

minha boca.

Seu sorriso diminuiu.

Segurei o queixo dela.

Ela me soltou.

Sua respiração mudou.

Aproximei-me.

Ela cheirava a baunilha e noz-moscada.

Seus olhos se fecharam.

E fiquei maravilhado com a beleza de sua confiança quando minha boca

reclamou a dela.
CAPÍTULO 18

"O amor nos lábios era um toque

Tão doce quanto eu poderia suportar;

E uma vez que parecia demais;

Eu vivi no ar "

― Robert Frost

~Cletus~
SEUS LÁBIOS ERAM macios e deliciosos. Muito deliciosos.

Se estivesse em um estado de espírito pensativo, teria ficado surpreso

com sua capacidade de resposta, como envolveu seus braços em volta do

meu pescoço, entrou completamente no meu espaço e apertou tanto a boca

como o corpo contra o meu. Como queria estar o mais perto possível, apesar

de estar com frio e sujo e ela quente e limpa.

Mas não estava em um estado de espírito pensativo. Estava em um

estado de espírito cobiçoso. E um estado de desejo de satisfação.

Levantei a cabeça para beliscar levemente em seu lábio inferior,

varrendo a minha língua através dele. Queria provar mais dela, cada parte

minha exigia. Ela gemeu, inclinando o queixo, afastando a boca e se

movendo incansavelmente. Lambi entre os lábios e a língua doce dela se

lançou, tocando na minha.

E foi basicamente isso. Foi tudo o que me levou a perder a cabeça.


Recapiturando a sua boca, ignorando sua falta de experiência,

devorei-a como queria fazer por semanas. Experimentei-a de todos os

ângulos. Deslizei as mãos pelo seu corpo, aproveitando a sensação de suas

curvas e sentindo sua flexibilidade.

Eu a apoiei na bancada, parando quando suas pernas estavam tocavam

o balcão. Agarrando a parte de trás dela, levantei-a para a mesa e fiquei

entre os joelhos abertos. Ela estava ofegante, respirando pesadamente e

cavando suas unhas na parte de trás da minha cabeça e meu ombro. Estava

excitada, e sua excitação alimentou minha loucura.

Na minha imaginação, o próximo passo seria escorregar minhas mãos

por sua saia, levantá-la, arrastando meus dedos até as coxas enquanto ela

desabotoava a frente de seu vestido. Então a dobraria para frente e...

Bem

Então as coisas progrediriam.

Flashes pecaminosos de fantasia foram um excelente lembrete do velho

ditado demais, muito cedo. Talvez ela me deixe tocá-la. Se o fizesse, então

gozaria, as pernas abertas, o vestido aberto. Ela pulsaria em volta dos meus

dedos no balcão da cozinha onde fazia os bolos.

E depois, ela se arrependeria?

Provavelmente.

Eu me arrependeria... na maioria das vezes.

Mas parte de mim não faria. Parte de mim iria estimar a memória. Parte

de mim empurraria para mais, deitando suas costas enquanto ainda estava

confusa e sobrecarregada. Levando as pernas para cima e sobre meus


ombros, esfolando meus dedos pelas coxas dela e fazendo-a estremecer,

provando sua excitação na minha língua, seu pulso contra meus lábios e

levando-a ao clímax novamente. Também valorizaria isso.

E talvez quisesse ainda mais.

Talvez abaixasse minhas calças e a enchesse, a levasse, a reivindicasse.

Porque ela confia em mim, e me deixaria, e ela se sentiria tão bem, quente e

úmida e minha...

"Porra."

Afastei-me dela, livrando minha boca da dela, mal escapando do

impulso das minhas más intenções. Estava tremendo, quente e muito duro.

A cozinha estava muito fechada, o espaço sufocava; sua respiração enchia as

minhas orelhas, um farol suave e sedutor.

Não tinha muito controle sobre mim mesmo, ainda não, e odiava não

ter controle.

Fui até a porta, a abri e pisei fora. A rajada gelada do final do outono é

uma diversão bem-vinda e sóbria. Ironicamente, a mesma fixação que me

trouxe a este momento foi responsável pela minha eventual sobriedade.

Era hora de uma conversa severa. Claramente clamei minha mente para

me manter firme sobre o que diabos estava fazendo.

Todo o ponto sobre estar aqui, dessas lições, era ajudar essa mulher a

aprender a ficar sozinha, fazer suas próprias escolhas, não fazê-las por ela.

Não ia ser outra pessoa que ela confiou que tomou sem perguntar, que

tomou suas decisões e perpetuou o vácuo da ignorância.


Você não será um idiota, Cletus Byron Winston. Você não se aproveitará. Você

não vai.

"Por que você parou?"

Uma pequena risada escapou dos meus pulmões. Ela estava bem atrás

de mim. Não ouvi a aproximação dela. Minha guarda estava baixa, então

respondi sem artifício.

"Acredite, se você fosse qualquer outra mulher, não teria." Uma vez que

as palavras estavam fora, uma dor maçante irradiou para fora do meu peito.

Tive uma noção estranha e fugaz de que meu coração estava se lançando

contra minhas costelas, procurando o dela.

"Prática... Certo.” Jennifer pareceu estar falando sozinha e a ouvi dar

um passo para trás.

Balancei a cabeça, mas não a corrigi. Seguiu-se um momento tenso,

durante o qual puxei meu lábio inferior através dos dentes, saboreando-a lá.

Pensei brevemente em dizer a ela uma mentira - especificamente, que ainda

precisava de mais práticas de beijos.

Ela quebrou o silêncio limpando a garganta. "Volte para dentro. Tenho

uma coisa para lhe dar. Você quer café ou chá? "

Meu estômago azedou ao som da sua alegria forçada. Quando estava

certo de que não estaria em perigo de perder a cabeça novamente, contanto

que mantenha distância, virei e a segui até a cozinha, fechando e trancando a

porta atrás de mim.


Jenn empurrou um pote de biscoito em forma de gato na minha

direção, depois virou e colocou uma chaleira para ferver no fogão. "Preciso

que você coma esses cookies."

Olhei o pote de bolachas. "Isso parece um daqueles gatos japoneses de

boa sorte."

"Um maneki neko. Sim. A pata se move - veja?" Jennifer tocou a pata

levemente e, com certeza, o pote de biscoito de gato acenou.

"Onde você conseguiu?" Perguntei, surpreendendo-me porque

realmente queria saber.

"Coma os cookies. Ganhei isso de um dos meus amigos por

correspondência." Ela ainda não havia feito contato visual comigo, em vez

disso se ocupava com tarefas aleatórias, como limpar o balcão ou pedir que

comesse biscoitos. Não gostei da cor cinza de sua pele ou na linha rígida de

sua boca.

"Ela visitou? O Japão?” Selecionei um cookie do topo da jarra e dei uma

mordida, mas me detive antes de gemer. O cookie tinha o mesmo exato

sabor de Jennifer. Gosto de baunilha e noz-moscada, e era impressionante.

"Não. Ela é do Japão. Ela mora lá. Você vai ter que comer todos os

cookies." O tom de Jenn era inusitadamente reto, e seus olhos estavam no

bule na frente dela.

Um pico de algo estranho, como desejo, mas também de pesada

frustração, me fez debater minhas próximas palavras. Queria ver seus olhos,

mas ela não estava me deixando.

"Por quê?" Perguntei.


"Porque o que?"

Agarrei mais dois. "Por que tenho que comer todos os cookies?"

"Porque sim."

Porque sim.

Ela não ofereceu nenhuma outra explicação. E agora estava franzindo a

testa para o bule de chá. Seu queixo balançou e a visão fez o meu coração se

lançar em um corrida em meu peito. Apertei meus dentes e ela apertou os

lábios em uma linha teimosa.

Ela estava infeliz. Fiz com que ela ficasse infeliz. Fazer Jennifer infeliz

era oficialmente o pior sentimento do mundo, a cima de decepcionando meu

irmão Billy e vendo minha irmã chorar.

Então exclamei: "Você já fez uma barraca de cookies?"

Ela balançou a cabeça, cheirando, afastando-se para agarrar duas

xícaras.

"O que é?" Sua voz era áspera.

"É como um stand, mas com cookies."

Os movimentos de Jenn se acalmaram. Ela piscou. Uma nova carranca

se formou, mas esta era pensativa, não miserável.

"Você quer dizer onde essas pessoas fazem um carrinho e bebem

cerveja?"

"Sim. Mas com biscoitos. "

"Isso parece horrível."

"Pelo menos você não obtém migalhas em sua camisa."

Comi o terceiro cookie.


"Sim, mas," Jenn balançou a cabeça, um sorriso hesitante cobrindo seus

lábios lustrosos, "Então eles vão até o nariz."

"Essa é a melhor parte. Você pode guarda-los para mais tarde. "

Ela fez uma expressão divertida de desgosto e sacudiu a cabeça. Seus

olhos cintilaram para o meu por uma fração de segundo e depois voltou-se

para o fogão para recuperar a água.

Mais um minuto passou antes de dizer: "Se você quiser fazer uma

barraca de biscoito, vou segurar suas pernas. Porque você tem muitos

biscoitos."

Levantei uma sobrancelha para o pote. Ela estava certa. De acordo com

seu pedido, tinha cerca de uma dúzia de biscoitos para consumir. Não era

uma tonelada métrica, mas era mais do que suficiente.

"Explique-me novamente porque tenho que comer todos esses

biscoitos."

"Há algo no fundo que eu quero dar a você."

"Por que você não retira?"

Jenn girou os lábios para o lado, seus olhos baixos queimavam com

alguma emoção, e então bufou. "Bem. Se você não quer os meus biscoitos,

vou simplesmente despejá-los."

Tive a sensação de que ela estava se referindo a algo mais do que seus

biscoitos. Mas antes que pudesse questioná-la, pegou o frasco. Seus

movimentos eram irritantes e agitados enquanto soltava os deliciosos

biscoitos de baunilha no balcão, colhendo-os para recuperar quatro do

fundo, e então passou os biscoitos com o braço para uma lixeira.


Suspirei.

"Bom Deus, mulher. Você acabou jogar fora os biscoitos deliciosos?"

Ela ignorou a pergunta, apertou os dentes e empurrou pen drives para

mim. "Estes são seus."

"O que você está falando?" Minha mente ainda estava na perda desses

biscoitos excepcionais. Talvez nunca me recupere.

Finalmente, finalmente, ela ergueu os olhos para mim, e o que vi

pareceu como um soco no estômago. Ambos eram fogo e gelo, vermelho e

azul, lívidos e tristes.

"O vídeo de você levando a evidência estão nesses pen drives.

Escondi-os aqui, nesta cozinha. Eles são seus agora. Não os quero."

Minha boca se abriu e senti meus olhos se arregalarem. Gaguejei - o que

não era uma expressão comum para mim - olhando entre ela e as poucas

peças de tecnologia que poderiam ter descrito minha desgraça.

"Você os manteve em pen drives." Não era uma pergunta, era uma

revelação de quão completamente errado tinha estado.

Pensei que meu amigo em Chicago apagou a evidência de todas as

fontes. Esse não era o caso. Ela estava no controle deles o tempo todo. E ela

estava no controle agora. Estava decidindo quando o acordo chegasse ao

fim. Não eu.

Não eu.

Meu coração trovejou entre meus ouvidos, alimentado pelo pânico. A

sensação era semelhante aos segundos antes de uma colisão frontal, quando
você pode ver o outro carro chegando, mas você não pode fazer nada para

parar o que acontece depois.

Jenn inclinou o queixo, colocando as mãos nos quadris. "Não quero

mais sua ajuda."

Estremeci, incapaz de pegar a reação a tempo porque meu coração

estava se lançando contra minha caixa torácica novamente. Mas consegui

imbuir no meu tom uma calma suave quando perguntei: "E se eu quiser

ajudar?"

"Não, obrigada," disse com firmeza, balançando a cabeça e abaixando os

olhos para as xícaras de chá. "Aprecio você me dando um bom começo, e

tirando o tempo de sua vida ocupada... para... para me mostrar que o que eu

quero importa. Sei que tenho maneiras de ir. Como Claire disse, gostaria de

tentar voar sozinha antes de procurar uma nova gaiola."

Olhei para ela, incapaz de me mover, duplamente orgulhoso e abatido.

Eu não estou preparado.

Não estou pronto para deixá-la ir.

"Desde que os biscoitos se foram, não há nenhum sentido para o chá."

Ela parecia distraída e estava franzindo a testa novamente. De repente, virou

e colocou as xícaras de chá na prateleira, limpando as mãos no avental

desnecessariamente. "Tenho algumas coisas para terminar na frente, então

vou deixar você sair."

Jenn me deu um sorriso educado, mas não levantou os olhos mais alto

que o meu pescoço. Com passos leves, ela deixou a cozinha para a padaria

principal.
Fiquei muito quieto, olhando para o local onde ela havia desaparecido,

ouvindo. Ao contrário da última vez que ela me abandonou sem cerimônia

para não me ver, ouvi as cadeiras rasparem o chão, as chaves tremularem e

os sons reveladores das caixas de vidro escorregando, depois fechando.

Procurei por palavras, mas não consegui encontrá-las. Então deixei,

aturdido e confuso quanto ao motivo pelo qual estava corrompido. Mas não

muito confuso. Em vez disso, era muito cabeça dura e teimoso para admitir

o motivo.

No caminho para casa, não pude parar de pensar nela. Pensei em seu

sorriso quando cheguei e ela franziu a testa quando parti. Pensei no vestido

que estava usando. Não era amarelo. Pensei em nosso beijo e por que

parei. Pela primeira vez em muito tempo, duvidei de mim mesmo.

Mas, principalmente, não conseguia esquecer que Jennifer tinha

descartado algo vitalmente importante para mim quando jogou fora os

cookies de baunilha.

E apesar de não ter certeza do que era, talvez nunca recupere.


CAPÍTULO 19

"Eu te amo como a planta que nunca floresce, mas carrega em si mesma a luz de

flores escondidas."

― Pablo Neruda

~Cletus~

"VOCÊ ESTÁ TENSO. VOCÊ não pode fazer ioga se estiver tenso."

Quebrei a forma e franzi o cenho para minha parceira de ioga. "Você vai

me deixar em paz ?"

Sienna levantou uma sobrancelha. "Somente se você parar de se meter

na vida dos outros."

Minha boca se contraiu, mas contive meu sorriso antes que pudesse se

espalhar. "Em seguida, você vai me chamar de convencido.”

"Não. Iria chamá-lo de metido."

Dei uma risada e balancei a cabeça para a noiva de Jethro. Ela era boa

em trocadilhos, e eu gostava disso sobre ela. Sempre me deixava em um

estado de espírito melhor.

Sienna lançou um sorriso e suas covinhas marcantes apareceram. "Você

gostou?"

"É melhor do que ser chamado de brincadeira de mãe."

Agora ela riu, jogando a cabeça para trás. "Oh, isso é engraçado. Estou

usando em um dos meus filmes."


"Vá em frente. Não estou usando para nada lucrativo." Reajustando-me

na minha esteira, fechei os olhos, respirei e soltei minha mente - e tentei a

pose de novo.

Era manhã de segunda-feira, e aconteceu de ser o Dia das Bruxas, uma

semana depois da minha última lição final com Jennifer Sylvester.

Eu estava... infeliz. E isso é tudo o que tenho a dizer sobre isso.

Sienna e eu estávamos na parte de trás da fazenda, de frente para o

parque nacional onde estava nossas terras. Era meio da manhã, frio, mas não

muito, e o sol estava espreitando acima das nuvens. Névoa ainda se

agarrava ao campo de flores selvagens desde que nosso lugar estava no

fundo do Vale. Nesta época do ano, o sol não tocava a casa até as 9:30 da

manhã.

Sienna e eu tínhamos feito ioga várias vezes antes dela e Jethro sairem

para filmar seu último filme no estado de Washington. Desde que ela voltou,

estávamos nos reunindo para praticar ioga três manhãs por semana. Não

queria que ela fizesse posições que pudessem prejudicar o bebê, então

projetei uma rotina de gravidez. Ela me disse que eu era ridículo e um tio

superprotetor, mas ela os fez de qualquer maneira.

"Então," Sienna interrompeu o silêncio, "Sobre a despedida de solteiro

de Jethro..." Ela terminou a frase em uma nota alta, como se estivesse

esperando que eu preenchesse o espaço em branco.

Balancei a cabeça, recusando-me a olhar para ela. Sabia o que estava

procurando.
"Não sei do que você está falando. E você pode dizer a Jethro para parar

de pedir a sua mulher que faça seu trabalho sujo.”

"E se eu estiver curiosa?"

"Vou compartilhar as fotos após o fato."

Senti seus olhos em mim, considerando. "É verdade que você contratou

uma stripper?" Ouvi diversão em sua voz. "Porque tenho certeza de que

Jessica tem um para a minha. Minha irmã Marta vai ficar horrorizada."

“Sua irmã está sempre horrorizada."

Sienna lançou uma risada surpresa. "Você está tenso." Ouvi ela trocar a

postura. "E você tem sido rabugento."

"Sempre sou rabugento."

Estava mal-humorado.

Duane e Jess não ficaram chateados quando não aparecemos no Big

Todd's. Mas eu fiquei e ainda.

Não tinha visto Jennifer em uma semana. A ausência não faz o coração

crescer mais afeiçoado. Quem disse isso era um idiota. Ausência faz o

coração suicida. Pegue meu coração, por exemplo. Não parou de se

arremessar contra minhas costelas - em momentos estranhos, dia ou noite -

durante uma semana.

Claramente, meu coração era um perigo para si próprio e para mim

porque Jennifer Sylvester e eu não éramos adequados, de modo algum.

Se a perseguisse, supondo que ela desejasse minhas atenções, as coisas

seriam complicadas entre nós. Não poderia suportar complicações. Seus pais

não aprovariam, e eu não procuraria sua aprovação. Queria as coisas


previsíveis, e ela nunca deixou de me surpreender. Juntos, não seríamos

perfeitamente pragmáticos. Seria impressionantemente impraticável.

Além disso, a intensidade da minha atração era um distração e não

queria um parceiro que me distraísse. O último mês provou definitivamente

que não podia ver claramente com os pensamentos em Jennifer Sylvester

nublando minha visão.

"Não, você nem sempre é rabugento." Sienna puxou minha barba. "Você

gosta de pensar que é, mas você não é. Isso é porque não coloquei você

como minha dama de honra?"

"Sim. Queria o vestido laranja."

"Não é laranja, é queimado."

"É laranja e suas damas de honra parecem abóboras."

Ela riu novamente. "Pare de me fazer rir. Não posso fazer ioga se estou

rindo."

"Nós não nos parecemos abóboras," uma voz familiar e bem-vinda atrás

de nós desafiava.

Abri os olhos e me virei. Minha irmã Ashley estava subindo os degraus

do convés, uma caixa de padaria nas mãos. Estreitei os olhos para ler as

letras do lado, confirmando minhas suspeitas. Donner Bakery. Fiz uma

careta.

"Nós não somos abóboras. Nós somos deslumbrantes abóboras de

outono. Bom dia, Sienna. Como você está se sentindo?” Ashley foi até

Sienna e curvou-se para dar um beijo na bochecha. "Trouxe bolos de creme

de limão."
"Você é uma santa." Sienna se pôs de pé e aceitou a caixa de Ash.

Segui as duas mulheres com meus olhos quando se mudaram para uma

das mesas de piquenique, abriram a caixa e começaram a cavar.

"Ei!" Eu me sentei. "E a ioga?"

"Ioga pode esperar." Sienna me acenou. "Tenho ansiado por estes desde

que Jethro os trouxe para casa na semana passada. É a única coisa que tem

bom gosto agora. Quero contratar Jennifer Sylvester para cozinhá-los para

mim todos os dias."

"Você pode perguntar a ela, ela está vindo para o casamento. Tenho

certeza de que ela faria isso.” Ashley enfiou um pedaço em sua boca e

revirou seus olhos. "Oh, Meu Deus!"

"Sei, certo?" Sienna lambeu um pouco de creme do polegar e gemeu.

"Você convidou Jennifer para o casamento?" Arranhei minha bochecha,

mantendo o meu tom indiferente para disfarçar a força do meu interesse.

Não esperava que Sienna convidasse Jenn, especialmente depois que Kip

Sylvester atuou como um tolo quando se encontrou pela primeira vez com

Sienna. Ele a fez assinar vinte guardanapos no The Front Porch durante o

primeiro encontro de Jethro e Sienna.

Sienna não pôde responder porque estava mastigando. Ela olhou para

Ashley, suas sobrancelhas levantadas em questão.

"Não, não acho que Jennifer foi convidada. Mas Jackson foi convidado,

por ser irmão de Jessica, e Jethro queria convidar o xerife. Jennifer está

vindo com Jackson," Ashley explicou, seu tom normal e calmo, como se esta

não fosse uma notícia de revirar o estômago.


Como se essa não fosse a notícia mais repugnante, terrível, abominável

e angustiante.

"O quê?" Minha pergunta acentuada saiu pela minha boca antes de

poder segurar, movido pela batida irritada em meu peito. "O que você quer

dizer, Jennifer está vindo com Jackson?"

Ashley ficou tensa, os olhos arregalados. Ela os moveu para Sienna,

depois de volta para mim. "Uh, exatamente isso. Jackson está levando

Jennifer para o casamento."

Vermelho tingiu minha visão, então preto. “Como você sabe disso?"

Perguntei ficando de pé.

Ashley deu um passo para trás, levantando as mãos entre nós. "Calma,

Cletus."

"Como você sabe?"

"Porque Jackson me contou na padaria. Ele estava lá com Jennifer.”

Ashley colocou uma mão no meu ombro, em seguida, alisou-a no meu

braço, os olhos arregalados e preocupados.

Seu toque me trouxe de volta para mim mesmo, embora minha pressão

sanguínea estava no alto. O som entre meus ouvidos abafou o mundo.

Virei-me, passando meus dedos pelo meu cabelo. Eles pegaram os cachos e

os emaranhados, e a dor era sóbria.

Precisava me acalmar.

Mas não pude.

Jennifer e Jackson... eles se encaixam. Na verdade, até o nome dela

começa com um "J."


Mas apenas o pensamento, apenas o pensamento de vê-los juntos.

Suas mãos sobre ela...

Não conseguia respirar.

"Cletus?" A voz suave de Ashley encontrou meus ouvidos, a incerteza

nele me envergonhou.

Cheguei muito perto de perder meu temperamento. Não tinha perdido

em anos. Fazia ioga. Meditava. Compunha listas. Planejava e planejava. Mas

nunca perdi o controle.

"Tenho que ir." Andei até meu tapete e enrolei, ainda vendo vermelho.

"Ei, então, onde você está indo? Quer companhia?" Sienna tentou soar

natural e quase conseguiu. Ela era uma boa atriz.

Balancei minha cabeça, incapaz de responder. Ainda estava com muita

raiva e estava obsecado. Imagens de Jackson e Jenn, juntos, ele tocando sua

pele nua, segurando sua cintura, olhando para seus olhos impossíveis,

beijando-a... uma colagem repugnante de imagens vil passou por minha

mente.

Odiava isso.

Engoli, nauseado e tonto.

Odiava isso.

Não conseguia parar a fixação. As imagens não paravam.

Odiava isso.

Não tinha controle de mim mesmo.

E odeio isso.

***
“EU ESTAVA ERRADO."

Billy olhou para cima de sua mesa, seus olhos estavam grandes com

surpresa.

Não esperei para ser convidado. Esta era apenas a segunda vez que fui

ao seu impressionante escritório. A primeira vez foi a semana após a morte

de nossa mãe no ano passado. Trouxe-lhe sopa e pão para o almoço para ter

certeza de que ele não estava em perigo de uma crise emocional. Ele não

esteve.

Desta vez, estava aqui por causa do meu próprio bem-estar emocional

questionável.

Billy esperou até fechar a porta antes de me perguntar: "Você está

errado sobre o quê?"

"Billy." Pisquei para ele uma vez, mantendo uma carranca de irritação

intensa. "Mesmo?"

Ele levantou as sobrancelhas como se não soubesse do que estava

falando.

"Em primeiro lugar, nunca estou errado. Então, é óbvio o que estava

errado."

"Posso pensar em pelo menos uma centena de coisas sobre as quais você

está errado. Você terá que ser mais específico."

Balancei a cabeça para o meu irmão, colocando a comida que trouxe

para almoçar em sua mesa de conferências. "Você me decepciona, irmão.

Provocando-me em um momento como este.”


O lado de sua boca ergueu-se com um sorriso compassivo. "Jennifer

Sylvester."

"Precisamente." Estremeci. Apenas ouvindo o nome dela respirava com

dificuldade. "Como deixei isso acontecer?"

O sorriso de Billy se aprofundou, embora seus olhos comunicassem

pena por minha situação. "Você não deixou isso acontecer, Cletus. Ninguém

pode deixar isso acontecer, assim como ninguém, conscientemente,

entregaria sua sanidade por causa de sexo."

"Não é disso que se trata. Não se trata de sexo."

"Eu sei," disse, e ele sabia. Os olhos e o tom estavam sóbrios com a

intimidade com que ele sabia.

"Apesar..." Mergulhei minha cabeça para o lado enquanto considerava o

quanto de minha sanidade me renderia durante toda a vida para fazer amor

com Jennifer Sylvester. "Transar é definitivamente parte disso."

"Absolutamente." Os olhos de Billy moveram-se para algum ponto atrás

de mim e perderam o foco.

Tenho a sensação de que Billy estava concentrado – de tal maneira - e

não queria interromper. Então aproveitei sua pausa tranquila e pensativa

para atirar a comida em sua mesa de conferência bem equipada.

Quando um minuto inteiro passou, interrompi seu silncio

contemplativo. "Que tipo de sopa você quer? Tenho cebola francesa e cevada

vegetal."

"Vegetariano?" Fez uma careta, levantando de sua grande cadeira e

seguindo para a mesa.


"Também trouxe hambúrgueres." Fiz um gesto para dois recipientes de

comida fechados flanqueados por batatas fritas.

"Muito melhor." Ele reivindicou um assento ao lado do meu e alcançou

o hambúrguer. "Diga-me o que aconteceu."

"Eh..." Arranhei meu queixo. "Não sei se é uma boa ideia."

"Por quê?"

"Isso envolve chantagem."

Suas sobrancelhas saltaram. "Você a chantageou?"

"Não. Ela me chantageou."

Suas sobrancelhas arquearam ainda mais. "Diga de novo?"

"Ela me chantageou. Jennifer estava me chantageando. Apenas por uma

semana, ou pelo menos pensei que ela só tivesse o vídeo por uma semana -

principalmente, eu a ajudei porque queria."

"Não entendi. Você pode começar desde o início."

"Tudo bem." Desembrulhei meu hambúrguer e descartei o pão superior.

Os pãezinhos superiores eram supérfluos. "Ela acidentalmente filmou-me

levando as provas do escritório do xerife."

Billy engasgou com uma mordida e pegou sua bebida. Seus olhos

continuaram arregalados enquanto ele bebia um grande gole, então

perguntou com uma voz rouca: "Quem era dessa vez?"

"Perdão?"

"Quem era? Duane? Beau?” Ele hesitou, uma piscadela de intensa

preocupação piscando atraves de seus olhos antes de perguntar: "Não era

Jethro, era?"
"Não! Não, nada disso. Era evidência sobre..." Bufei, colocando o

hamburguer de volta no recipiente. "Não vou te contar."

"Por quê?"

"Porque você não quer saber."

O olhar estreito de Billy se moveu sobre mim, avaliando;

eventualmente, ele assentiu. "Bem. Ela filmou você levando provas e então

chantageou você. Para ser sincero, perguntei por que você decidiu ajudá-la.

Sabia que não era bondade de seu coração, pelo menos não no início."

"Você está certo. Eu não a ajudaria. Não luto mais as batalhas de outras

pessoas."

Ele endureceu e uma sombra de apreensão passou por trás de seus

olhos. "O que aconteceu não foi sua culpa, Cletus. Você não é responsável

pelas ações de nosso pai."

Olhei além do meu irmão para a janela atrás de sua mesa. "Ele e seus

irmãos do clube o colocaram no hospital quando descobriu que você me

ajudou."

"Eu era mais velho do que você, e não era a primeira vez que ele me

colocou no hospital, se você lembra."

"Ele quebrou sua perna. Você perdeu sua bolsa de futebol. Todos na

cidade podem pensar que você voluntariamente a recusou, mas é porque

ninguém sabe a história completa."

"O que aconteceu não é da conta de ninguém além da nossa. Ele

quebrou seu nariz. E ele matou o seu cão. Você tinha apenas dezesseis

anos.”
Um flash vívido de memória - uma que tinha parado de consertar anos

atrás - manteve minha mente como refém. "Não deveria ter tentado ajudá-la.

Carla não era da família.”

"Ela era uma amiga." Ele afugentou meu remorso com impaciência. "Às

vezes, os amigos são familiares."

"Carla não era, no entanto. Ela não era uma boa amiga e nunca precisei

pensar muito nisso para descobrir." Trouxe meus olhos de volta para meu

irmão, mudando minha lembrança de seu rosto ensanguentado para suas

feições limpas. "Era a injustiça que odiava. Não tinha um carinho particular

por ela. Mas seu pai, ele era um monstro."

O pai de Carla e nosso pai eram capitães juntos nos Iron Wraiths. Não

acrescentei que nosso pai também era um monstro. Não precisava. Billy,

talvez mais do que qualquer um de nós, sabia.

"Você a ajudou a fugir. Isso foi bom. Você fez uma coisa boa."

"E você pagou por isso."

"Seu único erro foi ser pego. Escolher brigas com valentões na escola era

uma coisa, mexer com capitão dos Iron Wraiths é outra. Você deveria ter

mantido sua boca fechada." Billy tentou manter seu tom leve, como se

estivéssemos falando sobre outras pessoas e seus problemas. Seus olhos

permaneciam suaves, assim como treze anos atrás.

Meu irmão era um grande homem. Ele conseguiria grandes coisas em

sua vida, eu não tinha dúvidas. A sua consideração por nós, por todos nós,

era humilhante. Suspeitei às vezes de que não merecêssemos isso.

"Sinto muito, Billy."


Billy olhou para mim por um momento, seus olhos se estreitando

pensativo, então encolheu os ombros. "É passado. Como mamãe costumava

dizer: "É melhor deixar o peido e o passado atrás de você."

Sorri com isso. Era uma das suas palavras mais escandalosas.

"Diga-me o que aconteceu com Jennifer." Billy tentou nos trazer de

volta. "Você disse que ela gravou seu vídeo e depois o que aconteceu?"

"Entrei em contato com Alex, em Chicago, e pedi-lhe para remover o

vídeo de seu computador e telefone." Fiz uma careta, reorientando meus

pensamentos. Às vezes, me levava um tempo para mudar as engrenagens

entre o passado distante e o presente. "Pensei que ele tinha, mas re-lendo sua

mensagem, parece que o vídeo nunca esteve lá."

"O que sua mensagem diz?" Billy perguntou em torno de uma mordida

"Ele disse: ‘Posso confirmar que o vídeo não está no telefone do assunto,

no computador ou salvo na nuvem.’"

"Então você pensou que ele tinha excluído, mas resultou..."

"Ela não salvou isso em seu computador, telefone ou nuvem. Salvou-o

em pen drivers.”

O sorriso de Billy foi lento, pequeno e apreciativo, seus olhos se

moviam para baixo e para o lado, então ele riu. "Ela é inteligente."

"Ela é. Mas acontece que seu pai faz verificações aleatórias em seu

telefone e computador - de acordo com Jessica. Não juntei as peças até a

última segunda-feira.”

"O que aconteceu na segunda-feira?" Ele pegou seu hambúrguer.


"Eu a beijei."

Billy fez uma pausa no meio da mordida, tirando o hambúrguer da

boca. "Bom."

"Não. Isso é ruim. Ela acha que fiz isso apenas para ajudá-la a praticar

beijos, como você a ajudou a praticar encontros."

"Oh. Ruim."

"Sim. E então ela me deu os pen drives e me disse que estava morto

para ela."

"Ela disse isso?" Billy estava a meia mordida novamente e parou de

novo para me fazer sua pergunta.

"Em outras palavras." Afastei minha comida. Não estava com fome.

"Cletus."

"Billy".

"Não enfeite. O que ela disse?"

"Ela disse: ‘Obrigado pela sua ajuda. Não preciso mais de você. Aqui

está o seu vídeo. Vá embora’. Mais ou menos, foi o que ela disse." Apesar de

não ter fome, mastigava uma batata frita. A salinidade da batata frita me

distraiu da dor no meu peito.

"Hmm." Billy finalmente tomou outro bocado de seu hambúrguer, seus

olhos deslizando para a esquerda enquanto mastigava. "As coisas poderiam

ser pior."

Peguei uma outra frita, olhei para ele e voltei a olhar para a mesa. "São

piores. Ela vai ao casamento de Jethro com Jackson James.”

As sobrancelhas de Billy saltaram novamente. "Aquele idiota?"


"Eu sei," respondi sem parar. "Deveria ter lhe dado lepra em setembro.

Isso o manteria ocupado durante o Natal."

"Hmm." Billy colocou o hambúrguer de lado, me estudando e limpau os

dedos com um guardanapo. "O que você vai fazer?"

"É por isso que estou aqui. Preciso que você me diga o que fazer.”

Seus olhos comunicavam a descrença cautelosa. "Você quer que eu diga

o que fazer?"

"Sim. Porque meu instinto é ir até a padaria, jogá-la sobre o meu ombro

e torná-la minha.”

Billy cruzou os braços. "Essa é uma má idéia. Tentei isso, não acabou

bem."

"Exatamente. Além disso..." Respirei, segurei o ar dentro dos meus

pulmões, e expirei lentamente, meus olhos brilhando para Billy, depois para

o meu hambúrguer sem o pão no topo. "Além disso, há uma pequena

questão de sua vontade de ter muitas crianças."

Podia sentir os olhos de Billy em mim. Seus globos oculares sempre

tiveram um peso muito específico. Crescendo, Jethro era o brincalhão, nosso

pai, um monstro, e Billy era o que procurávamos. Ele era o único que eu

nunca quis decepcionar.

"Cletus..."

"Sei o que você vai dizer."

"Então podemos ignorá-lo e você pode admitir que está errado."


"Não posso admitir que eu estou errado sobre duas coisas no mesmo

dia." Voltei minha atenção para ele, encontrei-o sorrindo para mim. "Pode

provocar o apocalipse."

"Então admita isso amanhã."

Engoli a ansiedade em minha garganta. Nunca estava ansioso, então

demorei um minuto para me ajustar à sensação.

"Você viu meu temperamento. Sabe como sou quando o perco.

Desmaio. Não me lembro de nada. Você honestamente acha que eu deveria

ter filhos?"

O sorriso de Billy se aprofundou em um sorriso triste. "Todos nós temos

Darrell em nós, Cletus. Eu pareço exatamente com ele, assim como Ashley.

Você acha que gosto do que vejo quando olho no espelho? Odeio isso. Mas

não estou cortando o rosto porque o compartilho com o nosso pai. Sua

decisão de não ter uma família, porque você tem medo de perder o seu

temperamento como ele fazia quando nós éramos crianças, é admirável, mas

também é estúpido."

"E se eu..."

"Não." Billy colocou a palma da mão na mesa, batendo-a com um golpe

contundente. "Pare de inventar desculpas por ser um covarde. Você quer

Jennifer em sua vida?"

"Sim," respondi com mais do que a minha voz, a resposta agitando

meus sentidos, vindo do fundo de mim, do mesmo lugar que enterrei a fúria

junto com minha paixão.


"Então você tem que reavaliar suas prioridades, incluindo seus medos.

Você é melhor e mais corajoso. Não cometa os mesmos erros que fiz."

"Então o que eu faço?"

Meu irmão me estudou por um longo momento, sua testa enrugando

enquanto pensava na minha situação.

Finalmente, ele suspirou e sugeriu: "Que tal você resolver tudo?

Conte-lhe tudo.”

Pisquei uma vez, lentamente, e depois olhei para o meu irmão. "Não

gosto desse conselho. Isso é um conselho de merda."

Ele levantou uma sobrancelha para mim. "É o seu conselho. É o que

você vive me dizendo," seus olhos caíram e ele respirou fundo antes de

continuar "Com Scarlet."

Billy olhou sem enxergar para o seu hambúrguer meio comido. Ele

quase nunca dizia seu nome: Scarlet. Ela nasceu Scarlet, e quando estavam

juntos, ela era Scarlet. Mas quando ela voltou para a cidade aos dezenove

anos, noiva de Ben McClure, ela mudou seu nome para Claire.

"Ainda é um conselho de merda. Não tenho como saber o que está na

cabeça dela. E se ela me rejeitar?" Minhas palavras tiraram um pequeno

sorriso dele. Mesmo assim, acrescentei: "Espero que você não tenha

aceitado."

Ele balançou sua cabeça. "Ela teria que concordar em falar comigo

primeiro."

Examinei meu irmão. "Você e eu podemos estar compartilhando um

barco."
"Sim, mas seu barco é mais novo."

"Isso é verdade." Franzindo o cenho, peguei uma fria batata frita e a

passei no ketchup. "A questão é, como saio deste barco?"


CAPÍTULO 20

“...[N] Não há verniz que esconda os veios da madeira e, quanto mais se enverniza a

madeira, mais os veios se manifestam. ”

― Charles Dickens, Grandes Esperanças

~Jennifer~

"RECONHEÇO QUE você está passando por essa fase de rebelião tola,

e entendo você querendo experimentar os modismos da moda, mas você

poderia se vestir para trabalhar amanhã? Nós temos o fotógrafo que vem

para a padaria e uma ligação via Skype com Jacqueline sobre o encontro em

Nova York."

Minha mãe, parecendo nervosa, jogou-se na cadeira em frente a mim,

batendo o caderno no balcão e abrindo-o para uma página marcada.

Era sexta-feira, onze dias depois do meu primeiro beijo. A minha vida

agora seria medida em dias desde o meu primeiro beijo, porque foi

surpreendente e devastador.

Ainda não tinha pego minhas bananas da loja, e tinha uma longa noite

de pedidos especiais à minha frente. Estava cansada porque não dormia

muito.

Sentia falta de Cletus e não sabia como parar de sentir falta dele.

Beijá-lo tinha sido um erro, um erro terrível. Mesmo antes do beijo, meus

sentimentos por ele cresceram. Queria estar com ele o tempo todo, falar com
ele sobre bobagens, ouvir suas ideias, gostos e problemas e compartilhar os

meus.

Não ajudava sobre o assunto: seu corpo, rosto e voz e olhos.

Porcaria.

Jogar-me no trabalho ajudou apenas superficialmente, mas na verdade

não tive escolha. O outono era uma época ocupada do ano para casamentos

no Vale. Todos queriam suas fotografias encenadas contra a tela das cores

do outono.

"Jennifer? Você me ouviu?"

Sacudindo-me das minhas reflexões, assenti com a cabeça. "Obrigada

por me avisar. Eu me assegurarei de estar com o traje apropriado amanhã."

Fiz uma nota mental para colocar o alarme para despertar trinta minutos

antes.

Estava vestindo roupas confortáveis em uma base mais regular desde o

meu encontro com Billy, tanto em torno da cidade como para trabalhar. No

momento, estava em um novo jeans e uma camiseta que uma das minhas

amigas de correspondência da Alemanha havia enviado alguns anos atrás.

Usava como camisola até a semana passada. Esta era a segunda vez que

usava durante o dia ou em público.

Um fato que irritou profundamente a minha mãe.

"Traje?" Perguntou, a nitidez da palavra enganando minha atenção.

Olhei para cima do bolo de casamento que estava decorando - fondant

branco com folhas amarelas, roxas e vermelhas - e encontrei o olhar da

minha mãe.
"Sim. Traje."

Ela fez um som parecido com um huff, mas também tinha elementos de

bufar.

"Do que você está falando?"

"Só quis dizer que vou usar um dos vestidos amarelos, e vou fazer o

meu cabelo e tal."

A boca dela ficou aberta. "Você está me dizendo que você pensa em sua

roupa diária como uma fantasia?"

Coloquei o pequeno pino de rolo que estava usando para o fondant no

balcão e olhei para minha mãe. Estávamos sozinhas e estava cansada. E

estava agitada. Portanto, não pensei duas vezes na minha resposta.

"Claro que é uma fantasia, mamãe."

"Pensei que você gostasse de parecer bonita?"

Fiz uma pausa, estudando-a, a dor atordoada em seus olhos. Tinha

duas opções, e nenhuma me pareceu muito atraente. Poderia continuar

fingindo que gostava de brincar todos os dias. Ou poderia dizer a ela a

verdade.

Nas últimas semanas, lutar contra suas constantes objeções às minhas

escolhas de cabelo e roupas, abalou nosso relacionamento. Mas então, nós

realmente temos um relacionamento? Meus amigos de correspondência

sabiam mais sobre mim - sobre minhas esperanças e sonhos - do que minha

própria mãe.
Decidi dizer a ela a verdade. Se estivesse no chão, gostaria da verdade

da minha filha. Mas também queria ser respeitosa, porque ela era minha

mãe e ela me amava, mesmo que realmente não me visse.

"Honestamente, mamãe? Não gosto desses vestidos, e eles não me

fazem me sentir bonita. Eles me fazem sentir como um tola. Eles me fazem

sentir como se estivesse fazendo um ato. Não gosto da cor amarela e não

quero que meu cabelo seja loiro. E essa é a verdade." Mantive meu tom

calmo porque não queria que ela pensasse que estava insultando suas

escolhas ou prioridades, eu não estava. Só desejava algo diferente para mim.

Queria ser honesta, e queria que ela escutasse e entendesse.

O rosto da minha mãe caiu, o desapontamento brilhando em seus olhos.

Eventualmente, o desapontamento virou mágoa e depois frustração. "Acho

que devo me desculpar, então. Desculpe-me, quero o melhor para você do

que tive para mim. Acho que sinto muito que não goste de todo o tempo,

energia e incontáveis horas que coloquei na construção da sua marca,

criando você em que você é.”

"Não sou eu," murmurei, as palavras escorregando antes que pudesse

pegá-las.

"O que? O que você disse?"

"Não sou eu. Não sou a Rainha do Bolo de Banana. Não gosto de ser

uma marca, não gosto da atenção, não gosto de ter minha foto tirada, não

gosto de servir o bolo para as pessoas e de tê-los atônitos. Nunca quis isso.

Nunca quis nada disso!” Minha voz levantou em um grito quando minha

confissão foi construída, uma verdade em cima da outra, uma frustração


sangrando na próxima. Eu era uma garrafa de refrigerante que tinha sido

sacudida por anos, e finalmente estourou.

Ela ofegou, estremecendo como se a tivesse dado uma bofetada e me

encarou como se fosse uma estranha. "Jennifer Anne Sylvester. O que deu

em você? Não levante a sua voz para mim. ”

Engoli a amargura borbulhante na parte de trás da minha garganta.

Queria honrar meus pais. Eu os amava. Não quis decepcioná-los. Mas como

deveria respirar quando nem tinha permissão para pensar?

"Você tem alguma coisa a dizer por si mesma?" Ela ficou de pé,

levantando-se, sua cadeira raspando o chão da cozinha.

"Desculpe, levantei minha voz." Sentia-me culpada.

Ela acenou com a cabeça, olhando cautelosamente pacífica. "E o que

mais?"

"Não me arrependo de não gostar de ser a Rainha do bolo de banana.

Sinto que sou um personagem no parque temático da minha vida, e é um

lugar solitário para ser. Essa é a verdade e você queria saber."

Minha mãe endureceu, levantando o queixo e lançando adagas com

olhos para mim. Ela pegou seu caderno e agarrou-o ao peito.

"Não tenho nada a dizer para você se vai se comportar assim."

Com isso, ela saiu da sala.

Olhei para a cadeira onde ela estava sentada. Olhei por um longo

tempo, meu peito doendo com medo. Não tinha medo que me deserdasse

ou me expulsasse. Ela não iria. Mas ela nunca me olharia da mesma forma.
Tinha sido uma conquista que ela estava orgulhosa por tanto tempo, e não

sabia onde caberia na vida dela se não fosse seu orgulho e alegria.

Talvez não me encaixasse. E esse pensamento me fez chorar.

Ou talvez chorei porque estava cansada de ser patética. Talvez chorei

porque não era o que a minha mãe queria, e não era o que Cletus queria.

Talvez chorei porque não sabia quem eu era ou o que realmente queria.

O meu plano na última segunda-feira era dar os pen drivers ao Cletus.

Infelizmente, no momento, só consegui encontrar quatro das cinco pen

drives que tinha escondido em torno da cozinha. Depois de procurar na

cozinha de cima a baixo, descobri o quinto escondido em uma caixa de

farinha sem glúten. Ninguém, exceto eu, mexia com as coisas sem glúten,

então decidi deixá-lo lá até...

Bem, até que cruzasse o caminho de Cletus novamente.

Se nossos caminhos se cruzarem de novo.

Esse pensamento me deixou triste.

Independentemente disso, na segunda-feira passada ia dar-lhe as cópias

de vídeo, libertá-lo do nosso acordo, em seguida, colocar o meu orgulho de

lado mais uma vez e convidá-lo para um encontro. Os biscoitos haviam sido

cozidos especialmente para a ocasião. Era uma antiga receita familiar. A

lenda era que meu avô Donner tinha cortejado minha avó com seus biscoitos

de baunilha.

Mas Cletus não queria meus biscoitos.

Ele queria uma deusa do sexo com experiência. Ele queria os biscoitos de

uma deusa sexual.


Fui uma tola.

Desde a nossa lição final, desde aquele beijo que mudou a minha vida,

apenas o pensamento dele causava palpitações cardíacas. Sofria de insônia

no final da noite, revivendo o momento uma e outra vez. Muitas vezes

sonhei com ele, com sua boca, como ele me segurou, o quão incrível ele era.

Peguei-me mais vezes do que podia contar tocando meus lábios, lembrando

e desejando. Se tivesse um níquel para toda vez que pensava em quão

fantástico o beijo tinha sido, possuiria todas os moedas do mundo. Cada

níquel.

Para Cletus, tinha sido aulas particulares. Ele estava me ajudando a

praticar. Pobre, ignorante, inexperiente Jennifer Sylvester.

Não queria sua ajuda. Queria... Bem, eu queria ele. E queria que ele me

quisesse. Eu. Assim como eu era. Queria que fossemos iguais.

Mas isso nunca acontecerá.

Deslizei para o chão e apertei meu rosto contra uma toalha de cozinha,

chorando por quem eu não era. No entanto, um pouco depois, quando as

lágrimas finalmente pararam, quando minha cabeça doía e meus olhos

estavam arranhados, e a festa da piedade estava oficialmente cansativa, ouvi

uma pequena voz na parte de trás da minha cabeça. Isso é inútil, Jenn. O que

você realmente vai fazer sobre isso?

Olhei para o gabinete na minha frente e percebi que estava cansada de

me sentir desamparada. Não ficaria indefesa. Não mais. Estava tomando o

controle. Eu ia descobrir as coisas, sozinha. Se aprendi alguma coisa nos


últimos meses, era que não podia viver minha vida para fazer as outras

pessoas felizes. Então ia começar por lá.

Precisava ser fiel a mim mesma.

Por Deus, seria verdadeira para mim mesma!

Mas primeiro, precisava pegar as bananas.

***

USEI mais bananas numa semana do que a maioria das pessoas comeu

em seis meses. Normalmente, pegava as bananas na manhã de sexta-feira e

no domingo à tarde. Mas nesta sexta-feira não cheguei ao Piggly Wiggly até

perto do horário de fechamento.

Entre os três bolos de casamento, outros pedidos especiais para o

sábado e a visita da minha mãe - e minha festa de auto piedade - não saí da

padaria até as 21h30 e a loja fechou às 22h.

Joguei um suéter preto sobre minha camiseta porque estava com frio. O

suéter estava justo, destinado a ser usado sobre o material fino de um

vestido, e não o algodão mais espesso de uma camiseta. Portanto, estava um

pouco apertado ao redor do meu peito.

Jeans, suéter preto e saltos altos - porque era tudo o que tinha comigo -

rapidamente estacionei e fui até a loja. Estava tão singularmente concentrada

em chegar ao departamento de produção na hora que não estava olhando

para onde estava indo. Saindo do longo corredor da mercearia, colidi com
uma parede sólida de pessoa e teria caído na minha bunda se a parede não

tivesse agarrado meus braços para me estabilizar.

"Oh, desculpe. Não estava olhando." Olhei para cima, pronta para

avançar, mas todos os pensamentos de bananas fugiram da minha mente

enquanto meus olhos se conectaram com o rosto severo de meu irmão mais

velho.

Olhei para ele.

E ele olhou para mim, alguma emoção que não conseguia ler,

quebrando atrás de seus olhos azuis.

"Isaac." Respirei seu nome, meu coração dando um salto doloroso antes

de cair em meus pés.

"Jenn." Ele hesitou, como se quisesse dizer algo mais. Mas então seus

olhos escureceram e ele soltou meus braços. "Veja para onde você está indo."

Isaac olhou para trás.

Ele não parecia zangado. Parecia desinteressado. E a sua apatia fez meu

coração abrir, um novo tipo de dor se espalhando por mim como uma onda

de choque.

"Ei, não é a sua irmã?"

Rasguei meus olhos do perfil passivo do meu irmão para a mulher atrás

dele. Tina Patterson, uma stripper no Pink Pony que trabalhou com Hannah

Townsend. Mas ao contrário de Hannah, Tina também era uma grande fã de

agitar o drama. Era de conhecimento de toda a cidade que ela era vista

freqüentemente na companhia dos Iron Wraiths.


Em sua esquerda e direita estavam dois rostos que não reconheci, mas

pelas insígnias em suas jaquetas de couro, eles também eram membros do

clube de motos.

"Essa é a sua irmã?" Um dos homens, um cara grande e calvo com a

palavra Drill em sua jaqueta, deu um passo à frente e entrou no meu espaço.

Recuei, mas o homem continuou a avançar.

Ouvi Tina rir e o outro homem gemeu alto, dizendo: "Nós não temos

tempo para isso, Drill."

"Apenas me dê um minuto, Catfish." Drill colocou a mão na prateleira

do lado direito do corredor, engolindo-me. "Ei, você não é a Rainha do Bolo

de Banana?" Seus olhos se moveram sob o meu corpo.

"Sou... sou Jennifer. Prazer em conhecê-lo." Coloquei minha mão entre

nós, incapaz de dissociar-me dos bons costumes arraigados.

O único chamado Drill olhou para a minha mão, quebrou um sorriso

torto e estranhamente charmoso quando deslizou a palma da dela contra a

minha. "Você é muito fofa, Jennifer. Gostaria de comer você."

"Ah merda. De jeito nenhum."

Uma voz nova, uma que reconheci como Timothy King, falou no final

do corredor, chamando a atenção de Drill e a minha.

Respirei fundo e me preparei, porque ver Timothy forçou meu cérebro

a passar da dor da indiferença do meu irmão.

Incrívelmente agressivo, poderoso, com uma incapacidade suspeita de

ouvir a palavra "não," Timothy King era um espectador. Nunca estive

sozinha com ele, nunca tive um motivo. Mas ele me encurralou fora do
centro comunitário uma noite, colocou as mãos no meu corpo e tentou me

beijar. Tive medo, porque era o anoitecer e não havia muitas pessoas no

estacionamento, e agora estava com medo.

"Ei." Drill puxou minha mão, aproximando meus olhos para ele. Seu

olhar afiado moveu-se sobre meu rosto e seu sorriso diminuiu. "Você não

gosta desse cara?" Ele inclinou a cabeça em direção a Timothy que estava

quase com a gente.

Não respondi, em vez disso, alternando meu olhar de olhos arregalados

entre o gigante motociclista careca com olhos azuis e Timothy King quando

ele se aproximou.

"Olhe só o que nós temos aqui." O olhar de Timothy se moveu para

baixo, para o meu corpo, bem como o de Drill, e fiquei tensa.

Misteriosamente, a leitura do Drill pareceu menos ameaçadora. Não

fazia muito sentido, já que o Drill era quase o dobro do tamanho de

Timothy. Onde Tim era esguio e alto, o Drill era ainda mais alto, mas com a

adição de músculos. Para colocar as coisas em perspectiva, estava bastante

certa de que seu pescoço era do tamanho da minha cintura.

"Para trás, King..." Drill endireitou, pisando um pouco na minha frente.

"A senhora não gosta de você."

"Mas eu gosto da senhora, e somos velhos amigos." Timothy sorriu,

mergulhando a cabeça para o lado como se estivesse atento a minha atenção.

"Ambos, fodam-se," grunhiu Isaac, sua mão enrolando na parte

superior do meu braço e me puxando para o lado. Olhei para cima e


encontrei meu irmão olhando para ambos os homens. "Ela está fora dos

limites. Vocês dois."

Drill levantou as mãos. "Ei, entendi. Se minha irmã tivesse aquele corpo

e aqueles olhos, também não quereria alguém como eu perto dela.

Timothy King cruzou os braços, seus olhos ainda se moviam sobre

mim, mas permaneci em silêncio.

Isaac franziu a testa para os motoqueiros, parecendo frustrado, depois

me arrastou para fora do corredor e longe de seu grupo. "Vou encontrar

todos vocês lá fora."

"Twilight, precisamos ir." Este lembrete veio do chamado Catfish.

Meu irmão assentiu. "Sim senhor. Permita-me apenas ver isso. "

Isso? Meu irmão apenas me chamou de "isso"?

"Bem. Nós vamos em cinco minutos, com ou sem você."

Isaac não respondeu, continuou me puxando pelo braço longe dos

outros motoqueiros. Cinco linhas para baixo, ele fez uma curva aguda e

soltou meu braço. Torci, afastando-me, esquivando-me pelo corredor. O

movimento atrás dele chamou minha atenção; Tina tinha seguido. Ela ficou

na beira do corredor, nos observando com um sorriso no rosto.

"O que você está fazendo?" Isaac franziu o cenho. Ele levantou as mãos

de seus lados e encolheu os ombros. "O que há de errado com você?"

"Estou pegando bananas," disse sem rodeios, explicando-me.

Soltou uma risada frustrada, balançando a cabeça. "Às dez horas da

noite? Sozinha?"

Assenti.
Seu olhar escorregou sobre mim. "E então, o quê? Por que você está

vestida assim?"

"Como o quê?"

"Sem modéstia. Como uma mulher solta."

Fiquei boquiaberta, lutando para entender suas palavras. "Não estou.

Não há nada de errado com isso. Não estou vestindo... "

"O que diabos você chamaria o que está vestindo?" Isaac falou com os

dentes cerrados, fazendo-me hesitar.

Em algum lugar atrás de mim, uma nova voz entrou na conversa com,

"Roupa."

Olhei por cima do meu ombro e encontrei Cletus espiando ao redor,

uma máscara de afabilidade firmemente no lugar. Pisquei para ele,

atordoada com sua aparência repentina.

Cletus acrescentou, desnecessariamente, "Também estou vestindo

roupas."

A mandíbula de Isaac marcou e ele cruzou os braços, reorientando seu

olhar furioso sobre Cletus.

"Ei, Cletus." Tina deu um passo à frente, deslizando ao lado de Isaac e

pressionando seu corpo contra o dele. "Como está Duane?"

"Livre de doenças," Cletus respondeu facilmente. Senti que ele estava

bem atrás de mim - sua presença pairando e tranqüilizando - mas ainda

assim, o que está fazendo aqui?

"Ele já se cansou de Jess? Diga a ele que disse oi,"Tina ronronou,

ignorando o insulto implícito de Cletus. Ou talvez ela não entendesse.


Tina Patterson e Duane Winston tiveram uma longa história de um

relacionamento de vai e volta. Há mais de um ano, Duane terminou para

sempre.

Ouvi a irritação na voz de Cletus quando observou: "Você sabe o que o

nome do seu motociclista deveria ser, Tina? Dirty Pie.”

"Você não quer dizer Cutie Pie?" Ela deslizou a mão no casaco do meu

irmão.

"Não. Quero dizer, Dirty Pie."

"Isso não é da sua conta, Winston." Isaac se soltou de Tina e deu um

passo à frente, agarrando meu braço novamente. Fiquei tão atordoada com a

ação, que tropecei pra frente. "Isto é entre minha irmã e eu."

"Pensei que você não tinha uma irmã." Cletus rapidamente se mudou

para o outro lado, mas ele não colocou suas mãos em mim. Seu olhar se

estreitou onde Isaac segurou meu braço. A máscara de afabilidade de Cletus

escorria, seus olhos brilhando azul quente.

"Foda-se," Isaac rosnou para Cletus, depois baixou o rosto furioso para

o meu. "O que diabos você acha que está fazendo? Nosso pai sabe que você

está correndo pela cidade, no meio da noite, vestida assim?"

Encolhi-me, confusa, ferida e dominada por sua indignação. Meu irmão

não falou comigo em dezoito meses. Estava sonhando sobre o que

poderíamos falar quando chegasse o momento, como poderia chegar até ele,

alcançá-lo, a pessoa que ele costumava ser.


Olhando para ele agora, não vi nenhum vestígio do doce garoto que

costumava conhecer, nenhum vestígio do garoto que costumava me levar

em caminhadas, o menino que era meu melhor amigo.

"O que você... "

"Você é uma desgraça, Jennifer Anne. Não posso acreditar que nossos

pais estejam bem com isso. Deus diz às mulheres, você é responsável pela

luxúria que inspira nos outros."

Estas eram palavras que tinha ouvido meu pai dizer em mais de uma

ocasião. Do meu pai eram prejudiciais, mas poderia lidar com isso. Estava

acostumada com isso. Mas do meu irmão, as palavras pareciam como

farpas, perfurando meu coração.

"Tenho certeza de que Deus nunca disse isso," anunciou Cletus sem

rodeios, alcançando a mão de Isaac, separando-me dele e se inserindo entre

nós.

"Sim, Ele disse," disse meu irmão.

"Não. Ele não disse," continuou Cletus. "Deus não diria nada tão

estúpido. O Criador dos céus não se importa com o aspecto do seu cabelo, e

Ele não se importa com o que ela está vestindo. Tenho certeza de que Ele

está cheio de coisas mais pesadas, como matéria escura, buracos negros, ISIS

(Estados Islâmico) e motociclistas ignorantes com variedade criminal."

"Winston, esta é a última vez que lhe pedirei gentilmente para se meter

na sua vida," disse Isaac com as mãos fechadas em punhos.

"Além disso," Cletus prosseguiu filosoficamente, "Você pensa que

aqueles vestidos que seus pais têm não inspiram a luxúria? Você acha que os
homens em todas as partes não estão sonhando acordado sobre curvá-la e

levantar a saia e..."

Engasguei e, claramente me esquecendo, rapidamente cobri a boca de

Cletus com a mão. Mas estava muito atrasada. Isaac empurrou-me para o

lado e levantou o punho, com a intenção de bater as palavras do cérebro de

Cletus. Um som de medo e desespero escapou da minha garganta antes que

pudesse pegá-lo, e o mundo avançou em câmera lenta. Eu me preparei para

o seu punho entrar em contato, estremecendo de terror.

Mas não aconteceu.

Cletus o bloqueou, depois se inclinou para um lado em um movimento

extraordinariamente ágil para um homem tão grande. Isaac acabou batendo

o punho na prateleira de produtos enlatados, batendo sua testa no processo.

Controlado e destemido, ele girou e acertou um gancho de esquerda em

Isaac, e o som doentio de ossos quebrando encheram meus ouvidos. Cobri

minha boca para suprimir outro suspiro enquanto Cletus seguia o primeiro

golpe com um segundo, cujo impulso lançou Isaac para trás e contra as

prateleiras.

Meu irmão caiu no chão, sua cabeça batendo contra a prateleira inferior

no caminho para baixo. O sangue jorrou do nariz, da boca e de um corte na

sobrancelha esquerda, fluindo para a camisa branca e a jaqueta de couro.

Tina ficou de um lado, admirando Cletus.

Mas a preocupação instintiva com o meu irmão me enviou correndo

para a frente. "Ah não!"


Antes que pudesse alcançar Isaac, Cletus envolveu seus braços em volta

da minha cintura e me tirou do chão.

"Tenho mais uma coisa a dizer," grunhiu Cletus, minhas costas

pressionadas em sua frente, sua barba contra meu têmpora. A qualidade de

sua voz - baixa com uma fúria mal contida - me fez endurecer e ficar imóvel

em seus braços. A intensidade perigosa por trás de suas palavras enviou um

arrepio de apreensão na minha coluna vertebral.

"Você pensa honestamente que Deus criaria uma criatura tão adorável,

talentosa e boa quanto sua irmã, e então faria com que parece algo

pecaminoso? Algo para se envergonhar? Não. Ele não faria. Se alguma coisa,

sua irmã - seu rosto, seu corpo, sua mente e seu coração - lhe dão glória. E

ela não deveria estar escondida. Você não esconde algo que seja notável para

o mundo, como os seus pais fizeram, como você quer fazer. Esse é o

verdadeiro pecado."

Então, imediatamente, Cletus me virou em seus braços, jogou-me sobre

o ombro como um saco de batatas e anunciou: "Hora de ir."


CAPÍTULO 21

"O amor faz sua alma rastejar para fora de seu esconderijo."

― Zora Neale Hurston

~Jennifer~

CLETUS SAIU DO Piggly Wiggly como se os cães do inferno estivessem em

nossos tornozelos. A rapidez de ser jogada sobre seu ombro tirou o ar dos

meus pulmões e suspirei por ar, incapaz de encontrar força enquanto

tentava tossir. Mas nunca corri o risco de cair. Mesmo que ele se movesse

rapidamente, não me afundei ou escorreguei do seu ombro.

Ele nos levou diretamente para o estacionamento, me colocou na frente

de um carro que não reconheci, depois abriu a porta do passageiro.

"Entre," ordenou, olhando por cima do ombro. Estava tonta, manchas

negras movendo-se dentro e fora da minha visão, mas o tempo gasto na loja

- sendo jogado por Drill e meu irmão e, eventualmente, Cletus - finalmente

assentou no meu cérebro.

"Não estou entrando." Engasguei, tossindo, uma onda de algo escuro e

feroz subindo à superfície e fazendo meus ossos ficarem rígidos e frios.

Eu era apenas assim... Estava tão incrivelmente irritada. E estava

cansada de pessoas me dizendo o que fazer.

"Droga, mulher, entre no carro." Cletus passou os dedos pelos cabelos

longos.
"Não estou entrando em seu carro maluco," gritei, empurrando seu

peito, precisando gritar.

Cletus se encolheu, visivelmente assustado por minha explosão, mas no

momento seguinte ele entrou no meu espaço, inclinou a boca até a minha

orelha e disse: "Estamos sendo assistidos por sete membros dos Iron Wraiths

- não olhe! Eles estão duas fileiras e estão atrás de mim. Acabei de bater em

um dos seus irmãos. Você precisa entrar neste carro antes que Twilight saia

com seu rosto reorganizado ou Tina grite assassinato sangrento. Não vou

forçá-la a entrar no carro, mas não há como deixar você aqui."

Um pavor tremendo cortou minha nuvem de raiva e minhas mãos

levantaram-se automaticamente para os braços de Cletus, a sensação de sua

força sólida sob as pontas dos dedos.

Ele se inclinou a poucos centímetros de distância e olhou para mim, as

sobrancelhas levantadas ligeiramente. Quase podia ouvir sua voz na minha

cabeça dizendo: "Entre no maldito carro agora mesmo. Por favor."

Sem outra palavra, deslizei-me para o assento do passageiro e fechei a

porta atrás de mim, apertando rapidamente meu cinto de segurança. O

desejo de olhar para os motociclistas era forte, mas não fiz. Em vez disso,

mantive meus olhos cuidadosamente colocados no painel enquanto Cletus

dava a volta e entrava no lado do motorista.

Ele ligou o motor, colocou-o em sentido inverso e puxou para fora do

local, como se nada estivesse acontecendo. Mas então ouvi um grito. O susto

me fez respirar enquanto a forma de Tina Patterson emergia do

supermercado e apontava para nós.


"Pegue-o! Ele nocauteou Twilight! Ele está levando sua irmã," berrou,

acenando com os braços. Incapaz de me segurar, torci no meu assento e, com

horror, assisti enquanto a frota de motociclistas olhava entre Tina e nós. Suas

palavras afundaram, estimulando o movimento.

"Segure-se." Cletus afastou-se do estacionamento, não precisava de

manobras clandestinas neste momento, e partiu a toda velocidade pela

estrada principal. Fiz como instruído e segurei na porta e na parte de trás do

banco, aliviada que já tinha colocado meu cinto de segurança.

Seu carro era rápido, mas era grande. E os motociclistas eram mais

ágeis em suas motos. Vários atravessaram o lote, perseguindo em diagonal

quando Cletus foi forçado a dar uma volta. Dois estavam quase diretamente

atrás de nós, os outros a uma certa distância.

"Meu telefone está no porta luvas. Quero que você chame Duane e

coloque-o no viva voz.” Dada a situação, a voz de Cletus era notavelmente

calma. Ele dividiu a atenção entre o espelho retrovisor e a estrada à frente.

Com dedos tremulos, peguei seu telefone.

"A senha é um, zero, um, zero."

Acenei com a cabeça, rapidamente digitando-o, procurando por Duane

em seus contatos e clicando no botão do viva voz.

O telefone tocou e procurei atrás de nós. Os dois motociclistas não

chegaram mais perto, porque Cletus estava dirigindo como um maníaco,

ainda acelerando enquanto atravessava o tráfego escarso.

"O que há?" Duane respondeu no terceiro toque.

"Você está em casa?"


Duane hesitou por um momento e disse: "Estou perto."

"Quão perto?"

"Realmente perto.”

"Escute-me. Tenho sete Wraiths na minha cola, não posso te dizer por

que agora. Preciso de ajuda."

"Qualquer coisa." Duane não hesitou, mas seu tom tinha uma estranha

entonação que fez os cabelos na parte de trás do meu pescoço levantarem

erissados.

"Minhas chaves do Buick estão na gaveta de cima da minha mesa

lateral. Leve o Buick até o fim da garagem, deixe as luzes apagadas, e espere

por mim para dirigir pela casa. Estou em seu gêmeo e estarei lá em

aproximadamente cinco minutos. Depois de passar, puxe para a estrada e

acenda as luzes. Vou cortar o meu e pegar a estrada lateral atrás da casa.

Você os conduz.”

"Onde você quer que eu os leve?"

"Leve esses cavalheiros para a delegacia de polícia e saia do carro, para

que eles vejam que eles me perderam. Eles vão recuar quando virem que é

você e onde está.”

"Ou poderia levá-los a uma perseguição idiota."

"Não. Se eles te alcançarem, não será bom."

"Eles não vão me pegar." Duane fez um som de escárnio.

"Duane, apenas faça o que eu digo." Cletus falou e terminou a chamada.

Segurei seu telefone e olhei ansiosamente para o espelho lateral. Não

disse nada, porque Cletus provavelmente poderia ver por si mesmo, mas
um dos motociclistas estava quase flanqueando o meu lado. Estava tão

escuro, e não conseguia decifrar o que o homem estava fazendo. Ele poderia

ter uma arma.

Os próximos minutos foram aterrorizantes, mas fiquei quieta, não

querendo distraí-lo do que precisava fazer. Meu coração estava batendo

ruidosamente quando o lugar dos Winston apareceu, recuada da estrada e

se iluminou como uma mansão antiga e majestosa. O fim da entrada estava

escuro, mas sabia que Duane estaria lá.

Cletus bateu no acelerador e fui pressionada contra o assento, meus

olhos no espelho lateral. Os faróis das motocicletas diminuíram para

pequenos pontos enquanto ele colocava uma certa distância entre nós.

Claramente, eles esperavam que seu destino fosse a casa Winston.

Assim que passamos no final de sua casa, Cletus desligou as luzes.

Quase imediatamente depois disso, ele bateu nos freios e puxou a roda para

um lado, puxando para uma estrada que nunca tinha notado. Ou talvez não

fosse uma estrada. De qualquer forma, estava muito escuro para que

pudesse ver. Estávamos rodeados de escuridão e floresta e o carro empurrou

violentamente. Por tudo o que sabia, estávamos prestes a acertar uma

árvore.

Em vez de dar voz à minha incerteza e medo, enrolei meus lábios entre

meus dentes e me preparei.

O carro parou abruptamente. Ele cortou o motor e o silêncio caiu como

um cobertor ao nosso redor. Então ouvi o rugido de um motor de carro

passar, seguido de perto pelas reverberações de várias motocicletas. Menos


de um minuto depois ouvi mais; eles chegaram fazendo barulho, então

começaram a desaparecer. E então, nada.

Ele soltou o cinto de segurança, a rapidez do som me surpreendendo, e

escutei como ele fez o mesmo com o meu. Ele alcançou-me, puxou-me no

banco e me puxou para um abraço apertado. As mãos de Cletus moveram

por meu corpo como se estivesse procurando algo.

Senti seu coração martelar em suas costelas, o primeiro sinal real de que

ele não era tão calmo e contido. Estranhamente, percebendo que ele não era

imune ao medo ajudou o meu parecer menos pesado.

"Ei, ei." Afastei-me, um pouco porque seus braços não me deixavam ir

longe. "Você está bem?"

"Você está?" Ele voltou, suas mãos viraram meu rosto, inclinando meu

queixo para trás. Não consegui ver nada, mas tive a sensação de que ele

poderia me ver. Seu polegar rastreou a linha do meu maxilar, depois desceu

pelo lado do meu pescoço, fazendo-me tremer. "Esse último trecho foi difícil.

Você se machucou?"

Balancei a cabeça, não conseguia falar, não porque era onde estava - no

meio do nada -, mais com quem estava - o homem que eu pensava sem parar

- significava que meu corpo estava respondendo e reagindo de maneiras que

não tinha muito controle.

Apesar da persistente adrenalina, ou talvez por causa disso, não pude

deixar de notar a intimidade de nossa posição. Como estava sentada sobre

seu colo, como nossos peitos estavam pressionados juntos, como ele

cheirava a hortelã, sabonete, loção pós-barba e Cletus.


Ele soltou um suspiro; caiu sobre meu rosto e soou aliviado. "Bom. Eu

não sabia. Você ficou tão quieta. Não consigo acreditar em quão quieta você

ficou, durante todo o tempo não disse uma palavra." Senti seus olhos em

mim, mas ele permaneceu na sombra. "Você está em choque?"

Balancei a cabeça novamente, deslizando minhas mãos de seus ombros

para seus bíceps, gostando de como se pareciam debaixo dos meus dedos.

Tocando-o, sentindo-o embaixo de mim, estar cercada por Cletus fez com

que meu estômago se torcesse e suspirei, um calor dolorido se acumulando

na minha barriga entre minhas pernas.

"Cletus," sussurrei, subindo mais alto no colo dele, querendo chegar

mais perto, me perguntando - de repente – como a sua pele se pareceria.

Desejava, com igual rapidez, que a barreira das nossas roupas não existisse.

Ele ficou muito quieto e senti sua mudança de respiração. Ele podia me

ver. Talvez não pudesse me ver perfeitamente, mas obviamente conseguia

entender minhas características.

"Jenn..." Meu nome era um estrondo baixo, não um sussurro, nem uma

respiração.

"Sinto sua falta," disse, o instinto me fez balançar contra ele, tentando

aliviar a dor no meu centro.

"Oh, porra, não faça isso." Ele agarrou meus braços como se estivesse

me segurando.

Não queria ficar quieta. Queria beijá-lo. Então beijei.

Cobri sua boca com a minha, me soltando do seu aperto em meus

braços enquanto os envolvia em volta do seu pescoço. No começo, ele não


fez nada, mas não me importava. Ele ainda tinha um gosto bom, e sua boca

era quente, suave e maravilhosa. Eu o queria, então peguei. Varri minha

língua e lambi, como ele fez comigo há 11 dias, amando quando ele abriu os

lábios e gemeu em resposta.

De repente e com bastante força, ele estava participando. Agarrou meu

rabo de cavalo e suspirei. Ele capturou o som de surpresa, sua língua

habilmente amando a minha, e ele usou sua alavanca para inclinar minha

cabeça para o lado, abrindo-me, consumindo-me com seus beijos.

Senti-o alongar e endurecer contra minha coxa interna e meu corpo

estremeceu em resposta. Impensadamente, pressionei, deslocando meus

quadris. Suas pernas estavam tensas, os músculos como granito, e ele

afastou a boca.

"Jenn..."

"Não pare." Sei que não sou o que você quer, mas não ouse parar.

Movi meus dedos em sua jaqueta, empurrando-a, procurando por seus

lábios. Em vez disso, encontrei o lado do rosto dele, mas não me importava.

Beijei-lhe a bochecha, o maxilar debaixo da barba e o pescoço.

"Não vou parar," resmungou, tirando os braços do casaco, soando

mal-humorado e impaciente. Seus dedos voltaram imediatamente, cavando

nas minhas costas.

Mordi seu pescoço novamente, gostando do gosto dele, amando a

textura da sua pele na minha língua.

As mãos de Cletus deslizaram sob a bainha da minha camisa, subindo

pelo lado da minha cintura, em direção a minha caixa torácica, massageando


e agarrando, cada toque enviando sensações maravilhosas que corriam por

mim. Então, mais alto, amontoando a blusa nos meus braços, me movendo

para me apalpar através do meu sutiã. Estremeci, então um pequeno e

quente suspiro de contentamento me escapou. Ele puxou meu sutiã para

baixo e esfregou um círculo apertado em torno do centro do meu peito.

"Não pare, não pare,” cantei, arqueando, alcançando o fecho do meu

sutiã. "Toque me."

Não poderia oferecer nenhuma outra direção, mas essa demanda

insignificante parecia ser suficiente. Com dedos habilidosos, ele desengatou

meu sutiã muito mais rápido do que eu, e empurrou o meu suéter sobre a

minha cabeça. Agarrou meu tronco nu e levou a boca ao meu peito.

Meus quadris se abalaram com a sensação afiada de seus dentes se

fechando sobre meu mamilo. O calor que crescia tornou-se uma coisa

dolorosa e inquieta.

"Shhhh," disse Cletus, soprando uma respiração fria sobre o fragmento

molhado deixado por sua boca, depois raspando os dentes para frente e para

trás no bico sensível, enviando uma onda frenética de arrepios sobre minha

pele.

Puxei sua camisa, desejando o calor de seu corpo. Ele ergueu os braços

com força, então imediatamente começou a beijar meus seios com fome e

mordidas, acariciando com suas mãos grandes.

Tudo era tão bom. Sua boca e mãos se tornaram essenciais. Só podia

empurrar meus dedos em seu cabelo comprido e segurá-lo para mim,

arqueando e esticando para... algo mais.


Tão fantástico quanto isso era, só serviu para aumentar a minha

inquietação.

"Cletus, toque-me."

"Eu estou," disse entre beijos frustrantemente fantásticos.

"Por favor, Cletus. Por favor." Não poderia suportar esta tortura, esta

saudade agonizante. Gemi, sugando uma respiração necessária, seguido de

palavras suplicantes que saíram dos meus lábios. Ele estava se segurando,

podia sentir sua hesitação. Estava morrendo e ele me deu apenas pingos de

chuva para apagar a sede.

Ele endureceu, suas mãos se movendo para meus lados e para trás.

Apressadamente, ele puxou-me do seu colo.

Engoli um gemido de protesto quando ele apertou uma mão sobre

minha boca e sussurrou: "Hã alguém lá fora."

Os dedos frios do medo desenrolaram o fio do desejo, me puxando

duramente de volta à realidade. Com habilidade, ele encontrou minha

camisa e colocou-a nas minhas mãos enquanto se esforçava para ouvir. Um

galho ou um ramo rachado. Folhas sendo amassadas sob um pé. Segurei a

respiração e puxei a camisa sobre minha cabeça. Era muito grande. Fiquei

sem brincadeira, nadando em algodão macio e o cheiro intoxicante dele. Era

de Cletus.

Uma lanterna moveu-se pelas árvores, o feixe passou pelo carro. Mas

então continuou a se mover. Eles - quem quer que fossem - não nos notaram

ainda.

Então, o telefone de Cletus tocou.


Ele estava no silencioso, por isso zumbiu e piscou. Ele lançou-se como

se fosse rejeitar a chamada, mas então ele parou, seu rosto franzido

iluminado pela tela pequena. Seus olhos se elevaram para o pára-brisa, para

a lanterna, depois para o telefone.

Ele passou o polegar através da tela sensível ao toque e levou o telefone

ao ouvido, sussurrando: "Olá?"

"Cletus é Jess. Onde você está?"

Ouvi sua voz em estéreo, tanto vagamente pelo telefone quanto distante

do carro.

Ele expirou, trocando o telefone por sua outra orelha.

"Nós vemos sua lanterna. Nós estamos bem na cabine, ainda na estrada

lateral."

"Nós?" Sua voz ainda era audível, e ela não tentou abaixá-la. A lanterna

se acalmou, depois se moveu em um arco lento e horizontal. "Quem está

com você?"

"Nós vamos chegar até você. Não se mova." Ele tirou o telefone da

orelha e terminou a chamada, a tela escurecendo.

"Cletus," busquei sua mão, "Tenho que te contar uma coisa."

Procurei sua mão que estava na minha mandíbula antes dele cobrir

minha boca com um doce e devastador beijo. Seus lábios eram amorosos e

estimulantes, o deslizamento lento da língua me deixou tonta e sem fôlego.

Lembrei-me de beber champanhe há duas semanas no show de talentos.

Cletus deixou-me distorcida e quente, querendo mais.


Pressionando nossas testa juntas, ele disse: "Se você pudesse apenas

manter seus pensamentos para você por cinco minutos, realmente apreciaria

isso."

"O que? Por quê?" Perguntei automaticamente, cobrindo sua mão com a

minha.

"Dê-me cinco minutos para viver a fantasia."

Tentei vê-lo, mas estava muito escuro. Suas palavras soavam como um

enigma e inundaram minha mente com perguntas.

Eu era uma fantasia? Ou nós éramos? Isso significava que ele me

queria? Ou que só podíamos estar juntos numa situação de fantasia?

Amaldiçoei o escuro, precisando vê-lo para saber melhor o que ele

estava pensando. Meu estômago revirou, porque - se tivéssemos apenas

cinco minutos na fantasia - queria beijá-lo novamente.

Antes que pudesse, fiquei cega com o súbito feixe de uma lanterna que

brilhava diretamente no carro. Recuei de volta e protegi os olhos, apertando

os olhos com a forma pairando fora da janela de Cletus.

"Droga, Jess. Disse que estariamos lá.” Cletus me liberou e tirou o

casaco de trás dele.

"O que aconteceu com sua camisa, Cletus? E quem é essa com você? O

que estão fazendo? Interrompi?" O riso na voz de Jessica ajudou a aliviar

minha mortificação.

Sua luz brilhava diretamente sobre ele, iluminando vagamente seu

corpo em alto relevo, e meu olhar caiu para seu torso nu. Senti meus olhos

se alargarem, marcando minha surpresa, mas também minha apreciação.


Não consegui me segurar. Olhei para ele.

Não sei o que pensei como ele iria parecer sem uma camisa, mas a

realidade de seu peito nu, braços e abdômen me afetou como outra taça de

champanhe. Ele era... Bem, ele era lindo. Queria tocá-lo novamente, e desta

vez queria fazê-lo em um quarto bem iluminado.

E quero que ele fique perfeitamente imóvel enquanto beijo e lambo, toco, mordo

e faço o que quiser ao seu lindo corpo.

"O que está errado?"

A borda irritada de suas palavras me puxou de volta ao presente e

pisquei para ele, assustada.

"Nada está errado," disse muito rápido.

Jess tocou com impaciência o vidro de sua janela. "Vamos, Cletus.

Coloque o preservativo e deixe-me conhecer sua amiga."

Seu olhar piscou para o meu, depois afastou, sua expressão

mal-humorada, mas de outra forma ilegível. "Você vai pagar por isso, Jess."

Ela riu, a lanterna se afastando da janela. Na verdade, ela gargalhou.

Cletus fechou a jaqueta no pescoço e se moveu como se fosse sair.

Lembrando que estava no lado errado, peguei sua mão.

"Espera. Estou vestindo sua camisa."

"Eu sei," disse Cletus, sem me olhar quando ele abriu a porta do lado do

motorista. "Queria ver como você ficava a usando.”

***
"ENTÃO..." JESSICA estava radiante. Seus grandes olhos castanhos

saltaram entre Cletus e eu. "É bom te ver, Jennifer," ela jorrou. Novamente.

Ela nos trouxe até a cabana - ou a cabana de Duane, eu não sabia - e

Cletus sentou-se numa das cadeiras adjacentes a uma pequena mesa. Ela nos

pediu para remover nossos sapatos, então fizemos, colocando meus saltos e

as botas de Cletus na porta da frente.

Sentei-me na segunda cadeira, a mesa entre nós, e tentamos não torcer

os dedos enquanto olhava para a divisão dos nossos sapatos: meus saltos

altos e suas botas de trabalho enlameadas. Por algum motivo, a imagem

deles juntou fez uma certa emoção passar por mim.

Enquanto isso, Jess estava sentada na cama. A cabana era uma sala e

bastante pequena. Apenas a mesa acima mencionada, duas cadeiras, uma

cama e uma lareira. Era aconchegante e era para dois. Gostei.

"Obrigada. E obrigada por sua ajuda." Devolvi seu grande sorriso.

"O Duane ligou?" Cletus, que usava sua jaqueta vermelha e preta com

fitas sobre seu peito nu, olhou para o telefone dele. "Ele deveria ter chamado

a essa hora."

"Ele me enviou mensagens antes de partir para encontrá-lo. Chegou à

estação."

Cletus assentiu uma vez, deslizando o telefone no bolso da jaqueta.

"Bom. Isso é bom."

"Você quer me dizer o que aconteceu? Por que aqueles motociclistas o

perseguiram?" O olhar de Jessica saltou entre nós.


"Eles ficaram chateados, troquei seus tampões por Depends34." Cletus

soou tão sério e razoável, quase acreditei nele. E eu estava lá.

"Cletus." Balancei minha cabeça e enruguei meu nariz para ele, então

me virei para Jessica. "Meu irmão estava lá e ele..." Engoli, as palavras presas

na minha garganta, então continuei. "Ele estava sendo desagradável. Cletus

apareceu e as coisas esquentaram.”

"Soquei-o no rosto," explicou, seu tom pragmático como se tivesse

acabado de admitir que cortou as unhas dos pés. "Além disso, Tina disse oi."

A boca de Jessica se abriu e as sobrancelhas levantaram. "Você bateu em

Isaac?"

"Sim." Cletus assentiu. "Na cara. E Tina disse oi."

"Cletus, não me importo com Tina," Jess pulou por um momento,

piscando e franzindo a testa. Seu olhar se moveu para mim, suavizando com

preocupação. "Acho que Isaac deve ter dito algumas coisas feias?"

"Ele disse." A mandíbula de Cletus marcou, seus olhos se estreitando

apenas brevemente. "Mas ele não vai dizer nada por um tempo. Acho que

quebrei sua mandíbula."

"Oh, meu Deus." Jess cobriu a boca e dirigiu sua próxima pergunta para

mim. "Você está bem? Isso não poderia ter sido fácil de ver."

"Estou bem. Apenas um pouco," emocionalmente exausta, "Cansada."

Ela me deu um aceno de simpatia e suspirou. "Bem, se quiserem ficar

aqui, sintam-se a vontade." Jessica levantou-se e pegou o casaco no final da

cama. "Os lençóis estão limpos e há muita lenha."

34
Modelo de absorventes
O calor rastejou pelo meu pescoço. Minhas bochechas se incendiaram

com suas palavras. Não consegui decidir se sua suposição - que Cletus e eu

estávamos dormindo juntos - inspirou constrangimento ou prazer. De

qualquer forma, me sentia bem, estranhamente encantada e agitada.

Cletus levantou-se e levantei junto. Jess se virou para nós com um

pequeno sorriso.

"Estou feliz que você esteja bem e fico feliz que você tenha chamado

Duane." Ela deu a ele um abraço apertado. "Desculpe por te dar um tempo

difícil."

"Você não está arrependida." Ele levantou uma sobrancelha para ela

enquanto se afastava.

"Você está certo. Não estou.” Jessica deu de ombros, sorrindo.

"Hmm. Bem, independentemente, obrigado por me emprestar as

habilidades de condução de Duane."

"Você sabe que ele adora ajudar." Jessica virou-se para mim. "Lamento

que seu irmão tenha dito coisas desagradáveis, mas fico feliz que Cletus

estivesse lá para quebrar o maxilar dele."

Uma pequena risada saiu dos meus lábios. Não sabia como me sentia

sobre Isaac ou seu queixo quebrado. As coisas que ele havia dito...

Seus olhos se moveram sobre mim, então ela me deu um abraço

apertado. "Avisem-me quando estiverem prontos para o Big Todd. Duane e

eu não nos importamos de ficar para trás."

Minha expressão era tanto um sorriso de gratidão quanto uma

frustrada confusão enquanto ela se afastava. "O que é Big Todd?"


Seu olhar saltou para Cletus, depois para o meu, seus olhos mais largos

do que antes e sua voz uma oitava mais alta. "Uh, é uma loja. E, quando

estiver pronta para ir, me ligue. Cletus tem o meu número." Ela jogou o

polegar sobre o ombro e caminhou para trás até a porta. "Tenho que sair

daqui agora, antes que me atrase."

Com isso Jessica virou-se e fugiu, fechando a porta firmemente atrás

dela e deixando-nos em paz.

Completa e totalmente sozinhos.

...Sim.

Depois de um minuto, deslizei meus olhos para o lado até o perfil

dele. Ele estava encarando a porta com um olhar franzido e pensativo, e seu

olhar parecia estar sem foco. Minha atenção caiu em seu pescoço, onde sua

jaqueta encontrava sua pele nua. Lambi meus lábios. Agora sabia o gosto de

sua pele.

A noite tinha sido um passeio turbulento de emoção e loucura. Estava

cansada, mas também ligada. E triste, por causa de Isaac. E exaltada, por

causa do que aconteceu no carro com Cletus. Mas então, triste novamente,

porque... O que isso significava?

Pensei nas palavras que ele havia dito a Billy no restaurante de

Nashville, enquanto todos fingiam não escutar. Se fosse uma atração física

vazia, então não havia nenhum ponto em perseguir um relacionamento com a

pessoa. Emparelhado com seu comentário no carro momentos atrás, sobre

viver na fantasia, meu coração machucou com a possibilidade de Cletus não

gostar muito de mim.


Ele gostou do que fizemos no carro, o momento emocionante fez esse

fato abundantemente claro; mas como ele se sentiu - ou não sentiu - sobre

mim como uma pessoa permanecia um mistério.

Bem, isso não era estritamente verdadeiro. Suas palavras no Piggly

Wiggly ainda estavam em minha mente, mas não tive tempo de

processá-las. Você pensa honestamente que Deus criaria uma criatura tão adorável

e talentosa e boa quanto sua irmã, e então faria que parecesse como algo pecaminoso?

Alguma coisa para se envergonhar? Não. Ele não faria. Se alguma coisa, sua irmã -

seu rosto, seu corpo, sua mente e seu coração - lhe dão glória. E ela não deveria estar

escondida. Você não esconde algo que seja notável do mundo, como os seus pais

fizeram, como você quer fazer. Esse é o verdadeiro pecado.

No entanto, apesar de ter dito aquelas amáveis palavras em minha

defesa, não era o que ele queria. Ele havia deixado isso claro.

Instinto e experiência me fizeram preparar meu coração para a rejeição.

Mas então uma onda de raiva surgiu e enviou uma espinha de determinação

pela minha coluna vertebral. Endireitei-me, ficando tão alta quanto pude, e

cruzei meus braços. Inclinei meu queixo, resolvi perseguir meu medo. Não

iria me torcer em nos, tentar ser algo que não era. Não estaria chorando por

ele ou por qualquer outra pessoa.

Sou quem sou. Sou quem estou me tornando.

"Gostaria de ir para casa agora," anunciei no quarto.

Cletus encolheu ligeiramente, como se eu o assustasse. Ele fechou os

olhos por um breve momento e depois virou-se para mim. Ele não me tocou,
apenas moveu os olhos pelo meu rosto como se ele tivesse mudado na

última hora.

"Jennifer," começou, parou, apertou os lábios, franziu a testa, engoliu

em seco e começou de novo. "Nós precisamos conversar."

"Bem. Fale."

Ele juntou um grande suspiro e adotou sua carranca pensativa, foi o

rosto que ele usou ao entregar más notícias. "Aqui estão os fatos: você e eu

não somos adequados, mas eu..."

"Bem. Gostaria de ir para casa agora." Levantei meu queixo mais alto,

desapego calmo permeando todas as sílabas. Meu coração endureceu ainda

mais, ficando frio no meu peito. Se ele não gostasse de mim por quem eu

era, então... pode ficar com o touro, porque a vaca acabou de morrer.

"Espere. Não terminei. "

"Não me importo."

"Ouça-me." Franziu o cenho, ficou mais genuíno, e sua mão subiu ao

meu braço como para me manter no lugar. Soltei seus dedos e dei um passo

para trás. "Não, não vou te ouvir. Não vou ficar aqui e ouvi-lo me dizer que

estávamos apenas praticando, ou que não somos adequados, ou que você

não sente por mim o que eu sinto tão claramente por você. Então salve a

merda para o seu jardim e me leve para casa."

Algo afiado passou atraves dos seus olhos quando eles se estreitaram

em mim, e ele ganhou o espaço que coloquei entre nós. "O que você sente

por mim?"
"Nada, nada do seu interesse," gaguejei, o olhar em seus olhos

desconcertando: "Agora, você me leva para casa ou de volta ao meu carro

ou..."

"Minha hipótese é que você está apaixonada por mim."

Abri minha boca espantada. "Perdão?"

"Você está apaixonada por mim." Assentiu, como se eu tivesse dito as

palavras.

Olhei para o seu rosto bonito, de boca aberta. Minha mente agora

completamente desprovida de pensamento porque ele a perseguiu com sua

hipótese.

"Vou tomar o seu silêncio como um sim." A voz de Cletus baixou uma

oitava e ele deu outro passo em frente, seus olhos em meus lábios.

"Você...você...você não fará tal coisa." Recuei. "Não estou apaixonada

por você."

... estou?

Balancei a cabeça, esfregando o rosto com frustração. Talvez agora não

tenha sido o melhor momento para ter essa conversa.

"Realmente?" Seu olhar ficou mais suave, sua voz ecoou a qualidade

gentil e vulnerável de seus olhos. "Porque estou apaixonado por você."

Minha boca abriu. Então fechou. Então abriu novamente. Uma explosão

de sensações me balançou nos meus calcanhares. Essas não eram as palavras

que esperava que dissesse. De modo nenhum.

Nunca.
Todo o ar deixou meus pulmões em um calor cruel e frenético,

deslizando pelo meu pescoço e peito. "Eu não... Eu não entendo você,"

sussurrei, balançando a cabeça, rejeitando suas palavras enquanto tentava

dar sentido ao momento.

Não somos adequados.

A confusão nublou minha visão, não pude ver.

"Não estou surpreso. Não sou muito compreensível," disse suavemente.

"Mas entenda isso." Cletus capturou meu queixo com dedos habilidosos e o

levantou. Preparei-me, aguardando o assalto bonito que ele planejou, depois

de encontrar seus olhos.

Meus joelhos tremiam. Do jeito que ele estava olhando para mim, para

minha boca... Bom Deus!

Balancei, sentindo-me tonta. Ele ia me beijar de novo. E desta vez,

olhando em seus olhos, supus que a única coisa que nos impediria de

consumar nosso desconcertante relacionamento era eu. E não queria nos

impedir.

"O que você está fazendo?" Coloquei minhas mãos em seu peito.

"Você sabe o que estou fazendo," sussurrou com força, enviando uma

onda de beleza e tensão ao longo do meu corpo, fazendo meus dedos dos

pés enrolar.

Balancei minha cabeça, pânico e descrença guerreando um com o outro,

causando um tumulto. "Eu não. Honestamente não."

"Então deixe-me mostrar-lhe."


"Cletus." Inclinei a cabeça para o lado, mas mantive contato visual,

movendo minhas mãos para agarrar os seus bíceps. "Não estou preparada

para isso."

"O que é isso?"

"Para o amor." As palavras saíram antes que pudesse pegá-las, antes de

saber que iria dizer.

Imediatamente me arrependi da minha honestidade porque seus olhos

se acalmaram e endureceram. "Peço desculpas mas não concordo. Sei que é

exatamente para o que você foi feita." Uma ponta de raiva entrou em sua voz.

Dado ao meu pânico, disse: "Porque é o que aconteceria. Eu me

apaixonaria por você e então você quebraria meu coração."

"Não posso quebrar seu coração sem quebrar o meu, e sou

terrivelmente apaixonado pelo meu coração."

"Não acho que eu possa separar o ato do sentimento. Não posso tratá-lo

como um esporte. Eu vou queimar o pão."

Ele assentiu pensativo, como se considerasse minhas palavras, sua mão

deslizando pelas minhas costas até a parte inferior do meu corpo. Ele

esfregou a parte traseira do meu quadril, desceu até minha coxa, então

apertou.

"Sou bom com isso." Seu tom era loucamente pragmático.

Gemi quando ele pressionou meu corpo contra o dele e senti a

evidência de seu desejo. "Seja sério, Cletus."

"Estou falando sério, Jenn. Preciso terminar o que comecei quando

fomos prematuramente interrompidos anteriormente. Nada vai acontecer


esta noite além de um toques sérios." Ele fez uma pausa, depois inclinou a

cabeça para o lado de uma maneira considerável. "Dependendo do que sua

definição de ‘sério’ seja.”

"Isso não é um jogo!"

Ele soltou seu aperto, seus olhos tornando-se fervorosos, mas não

menos desejosos. "Você não é um jogo para mim."

"Então, o que eu sou para você, Cletus? Porque você não pode esperar

que acredite que esteja apaixonado por mim," zombei, balançando a

cabeça.

Mas então ele olhou para mim.

Simplesmente olhou.

Para minha surpresa.

Os muitos "Cletuses" diferentes caíram. Nenhum artifício, nenhum jogo

mental, nenhuma piada, sem paredes, era apenas o homem. A verdade crua

dele - de sua alma - era linda. Foi precioso para mim.

Ele era precioso para mim.

"Você quer saber o que você é para mim? Bem. Você é meu começo,

meio e fim."

As palavras me acertaram no peito, através do coração, direto para a

minha alma.

Nossos olhares entraram em choque e seguraram. Engasguei por ar,

lágrimas ardendo atrás de meus olhos por um momento, depois deixando

trilhas quentes pela minha face.

Incapaz de me conter, abracei seu pescoço e o beijei.


CAPÍTULO 22

"Talvez haja uma alma escondida em tudo e sempre pode falar, sem sequer fazer um

som, para outra alma."

― Frances Hodgson Burnett, A Princesinha

~Cletus~

MINHA MULHER ERA extraordinária.

Ela também estava tirando minha jaqueta, suas mãos gananciosas

deslizando sobre meu peito e estômago. Fiquei tenso sob a ponta de seus

dedos e reinicio a lista não desejada que estava fazendo no carro, antes que

Jessica tivesse chegado sobre nós com a lanterna. Estava detalhando uma

lista de todos os velhos amigos com os quais jogava o shuffleboard* e se eu

ganhava ou deixava que eles ganhassem. Os velhos orgulhosos que jogavam

as piores crises de raiva e pensava em seus rostos descontentes, esperando

que conseguisse salvar minha sanidade.

Não havia muito sobre minha sexta-feira indo de acordo com o projeto,

mas as coisas certamente estavam caminhando.

Comecei meu dia com um plano sólido para ganhar a afeiçãos de

Jennifer. Nós não íamos apressar as coisas, exatamente o contrário. A

primeira fase do meu plano incluia esbarrar com ela no Piggly Wiggly. Ia

jogar isso como uma feliz coincidência. Então, ia trazer uma conversa, como

as pessoas fazem, durante as quais a convidaria para jantar.


Sabia que Jennifer fechava a loja todas as sextas e domingo para

comprar caixas de bananas. Todos sabiam disso. Então cheguaria cedo, antes

de abrirem e esperaria. Às 16:00, estava preocupado. Às 20:00, estava perto

de um ataque. Pedi a Billy que passasse na padaria a caminho de casa, e ele

confirmou que seu carro ainda estava lá.

Esperei.

Assisti os Wraiths entrarem na loja por volta das 21h40, sem pensar

muito nisso. Jenn finalmente chegou no estacionamento dez minutos depois

e correu para dentro, obviamente com pressa. Segui. E foi quando o plano

foi para o inferno em um carrinho de mão.

O plano original teve várias fases, todas as quais aderiram aos rituais

comumente aceitos do namoro humano. Eu tinha a intenção de manter a

profundidade dos meus sentimentos para mim mesmo durante o tempo que

ela precisasse para descobrir os seus, no ponto que ela diria as palavras

primeiro, eu concordaria, nós iríamos ficar noivos, comprar um trecho de

terra, Jethro iria construir uma casa como um presente de casamento, e eu

insistiria em jardins suspensos para o uso dos macacões de Jennifer.

Agora, a fase primária do plano era principalmente irrelevante, visto

como suas mãos estavam se movendo pelo meu corpo como se eu fosse algo

novo.

O que me traz de volta à minha mulher extraordinária.

Não esperava esse ritmo acelerado de mudança nas partes emocional

ou física do nosso relacionamento. Poderia e me adaptaria, mas a súbita

mudança exigia uma quantidade de listas não desejadas.


Minha jaqueta caiu no chão e sua boca se moveu para meu ombro e

clavícula, mordendo uma trilha no meu peito. Seus movimentos eram quase

frenéticos, e reconheci que ela estava se perdendo no momento. Precisava

ser cabeça-dura o suficiente por nós dois, e tão focado na minha lista.

Inclinei-me e a beijei logo abaixo da orelha, soprando uma respiração

quente ao longo de seu pescoço e ombro, permitindo-me apreciar como seu

corpo respondeu, como ela se enrijeceu e arqueou. Ela pressionou contra

mim e senti sua inquietação.

O que ela experimentou no corredor de vegetais enlatados do Piggly

Wiggly tinha sido um trauma, não só por causa do que o irmão havia dito,

mas também devido ao que eu tinha feito ao socar o merdinha.

Deixe-me ser claro: não me arrependi, e faria isso de novo. Com alegria.

Mas não nos perderíamos na paixão hoje a noite. Não permitiria isso.

Não queria perder sua afeição cruzando uma linha que ela se arrependeria.

Eu me preocupava com ela quando levantei a camisa de algodão que ela

usava e coloquei minhas mãos nos seus lados, sua pele quente e acetinada

sob as pontas dos meus dedos desviando as bordas da minha própria posse.

Segurei ela e me contive. Ela tinha meu coração. Eu queria o dela muito,

muito mesmo E queria o coração dela para longo prazo. Faria o que fosse

necessário para demonstrar a profundidade da minha consideração. Queria

que ela se sentisse bem.

Mas não perderia o controle. Perder o controle significaria perdê-la.

"Cletus, toque-me." Sua respiração engasgou, seus lindos olhos se

moviam entre os meus. "Por favor."


"Estou tocando você." Minha voz era rouca e tensa. Limpei minha

garganta.

Um olhar brusco de repente marcou suas feições e a frustração perfurou

o nevoeiro do desejo em seu olhar. "Onde você está? Onde está sua mente

agora?"

Pisquei para ela e a sua alegação. "Minha mente está em você." Voltei a

beijá-la novamente e flexionei meus dedos em sua pele.

Ela se soltou da minha boca. "Você está distraído, posso dizer. Você

estava distraído no carro e agora está distraído."

A mulher é astuta. . muito astuta.

"O que a faz você pensar assim?" Digo vagamente.

"Porque eu sei como é quando você não está. Quando você me beijou ao

praticarmos...”

"Aquilo não foi prática." De repente, senti que era vital que ela soubesse

a verdade sobre aquela noite. "Eu te beijei porque não pude me controlar."

"Oh." Seus olhos cresceram, como se isso fosse novidade para ela.

"Espere o que? Você não pôde se controlar? Pensei que era prática."

"Não, Jenn. Aquilo não foi prática. Aquilo era eu querendo você."

Os olhos dela ficaram um pouco nebulosos e um pequeno sorriso

brindou as suas feições, mas quase imediatamente piscou, como se estivesse

limpando a cabeça e disse: "Bem, foi diferente na primeira vez. Por que foi

diferente? "

Ela me estudou com olhos agora sombreados com um roxo profundo e

rico. Quase índigo. Mas quase não reparei na cor porque estava muito
preocupado em ser cativado pela mulher. Uma agitação no meu peito, uma

súbita saudade me fez apertar a coleira da minha restrição.

Ela era tão bonita, minha Jennifer. E não por causa de seus olhos, rosto

ou outros atributos externos. A pessoa que ela segurava estava me

transformando. Como eu poderia ignorá-la? Como eu poderia ter olhado

para ela com algo além de maravilha, respeito e desejo?

"Não seria prudente para o nosso relacionameno nesse momento fazer

qualquer coisa que você não está preparada." Tive que engolir, minha voz

novamente áspera e instável.

Ela franziu o cenho, seu corpo crescendo rígido. "Você está se

segurando porque está preocupado com minha falta de experiência."

Jennifer puxou um centímetro de distância e a detive, trazendo seu

corpo de volta ao meu. "Não. Não precisamente isso. Você passou por uma

provação esta noite, e acabei de fazer uma confissão, não tenho certeza se

você estava pronta para ouvir."

"Assim... O quê?" Seu tom com uma pitada de irritação e desespero.

"Você me diz que me ama e quer, o que? Apertar as mãos?"

"Não. Não quero apertar as mãos." Não peguei meu sorriso a tempo -

sua sugestão prosaica me pareceu engraçada e deprimente. Peguei suas

bochechas nas mãos das mãos e depositei um beijo lento e saboroso na boca,

inclinando-me para sussurrar: "Como eu disse, um toque sério."

"Não parece sério. Parece seguro."

Levantei uma sobrancelha para isso. "Você não quer seguro?"


Ela balançou a cabeça, mais desespero sangrando em sua voz. "Não. Eu

não quero."

Eu a estudei, apertando minha mandíbula, enterrando a paixão

crescente. Esmagando-a. "Jenn, não vou perder você por se arrepender."

Sua suave exaltação flutuava sobre meus lábios e meu queixo. Ela me

olhou em silêncio, ainda franzindo a testa, com os olhos cruzados entre os

meus. Parecia agitada.

Então adicionei: "Você me diz o que você quer e vou fazer isso acontecer.

Mas pense com atenção antes de dizê-lo."

Ela lambeu os lábios. "Qualquer coisa? Você fará o que eu quiser?” Algo

afiou atrás de seus olhos, uma ideia ou um pensamento, e a mandíbula e o

pescoço relaxaram debaixo dos meus dedos.

Fiquei muito quieto, porque a questão parecia o precursor de uma

armadilha. Tentei tirar suas intenções de sua mente, mas encontrei uma

parede de tijolos. Tirei as mãos do seu rosto e as coloquei nos ombros.

"Vou fazer qualquer coisa dentro da razão."

"Tudo bem." Assentiu uma vez, cruzando os braços e dando um passo

largo para trás.

"Tire a roupa."

Pisquei para ela. Pisquei ao pedido dela. Não era o que estava

esperando.

"Perdoe-me?"

"Tire suas roupas."


Minhas mãos foram para a minha cintura, um pico de apreensão

passando por mim. "Não tenho uma camisa."

Ela ergueu o queixo e ordenou: "Tire suas calças."

Olhei para ela, lutando contra uma onda crescente de inquietação

induzida pela ansiedade. "Jenn..."

"Você pode manter sua roupa íntima. Ou sua boxer. Qualquer que seja.

Eu só..." Ela respirou fundo, como se estivesse reunindo coragem, "Quero

ver você. Sei que você está certo, que estou destruída e confusa com os

eventos do dia, mas também sei, não importa o que acontecer amanhã,

nunca me arrependerei de passar o resto dessa noite descobrindo e tocando

seu corpo."

Ela terminou mordendo o lábio inferior, os olhos arregalados com a

confissão de sua vontade secreta.

Olhei para ela, não sabia o que fazer.

Esta era uma má idéia.

Estava respirando mais pesado, meu coração batia como um tambor, as

reverberações de cada constrição agitando meu peito e latejando no meu

pau.

Esta é uma má idéia.

"Por favor," pediu suavemente, avançando e colocando as mãos no meu

estômago. Encolhi-me com o contato. "Por favor, deixe-me apenas..."

Ela não terminou o pensamento. Em vez disso, suas mãos deslizaram

pelo meu corpo enquanto ela segurava meu olhar cativado, seus dedos
agarraram o botão do meu jeans. Ela desapertou-o, desabotoou, empurrou a

ponta dos dedos para a cintura, e empurrou-os para baixo em meus quadris.

Seus dedos ergueram-se e se enrolaram nos meus. Ela deu um passo

para trás, ainda me segurando com o olhar e segurando minha mão, como

se me guiasse, ela fez sinal para a cama. "Deite-se."

Soltei um sopro, resistindo a sua atração. "Esta é uma má idéia."

"Saia das calças e deite na cama." O comando disfarçado como uma

súplica parecia inteiramente razoável; ela o tinha emparelhado com um

sorriso pequeno, esperançoso e hipnotizante.

Tinha estado com várias mulheres antes, sempre discernindo os

padeiros, profissionais de trabalho que estavam interessados em um arranjo

sem compromisso. Mas nunca tinha sido hipnotizado antes. Nunca tive que

me lembrar de manter meu controle. Nunca cheguei perto de perder o

controle.

Se Jenn tivesse olhado para baixo, ela teria visto minha ereção óbvia,

saliente dos meus quadris e a tenda em minha boxe, duro e quase

doloroso. Mas ela não fez. Sua atenção me mantinha paralisado. Meu bom

julgamento era estranhamente silencioso.

Puxei meus pés para fora do jeans e permiti que ela me guiasse os três

passos curtos para a cama. Seus olhos não baixaram desde que fez seu

pedido inicial. Eles não se mudaram dos meus quando ela colocou as mãos

levemente em meus ombros e me dirigiu para o colchão, empurrando-me

até ficar deitado nas minhas costas.


Não foi até que ela alcançou o botão de seu jeans que me desfiz do

tranze.

"O que você está fazendo?" Perguntei bruscamente, preparando-me para

sentar-me.

Ela colocou a mão no meu peito e empurrou-me de volta. "A barra do

meu jeans está suja. Eu não quero deixar a cama bagunçada."

Jenn fez um rápido trabalho em desatar seu botão. Meus olhos caíram

sobre suas pernas, descobrindo polegada a polegada enquanto tirava as

calças. Ela ainda usava minha camisa que caiu nas coxas, logo acima de seus

joelhos. A visão dela, de pé na beira da cama, vestida apenas na minha

camisa, me fez engolir o desejo e um pedido de mais pele. Em vez disso,

coloquei minhas mãos aos meus lados.

Esta é uma idéia muito ruim.

Como se estivesse sentindo meu movimento iminente, Jenn

rapidamente se mudou para se aproximar, suas mãos chegando aos meus

pulsos.

"Não se atreva a se levantar."

Todos os meus músculos ficaram tensos, a lucidez persistia me

lembrando de que eu estava apaixonado por essa mulher. Eu a amava tanto

racional como irracionalmente. E a queria com uma ferocidade que me

manteve acordado à noite e torturado durante o dia.

Estava em pé quando sua boca veio para a minha e ela me beijou.


"Por favor, Cletus," suplicou entre beijos quentes, as pontas de seus

dedos deslizando pelas minhas costelas, então inesperadamente retirando

sua camisa.

Jennifer apertou seus seios contra mim e envolveu seus braços em volta

do meu pescoço, deslocando seus quadris mais altos e provocando fricção

tortuosa, sem querer, destruindo minha restrição. "Por favor, quero tocar em

você. Deixe-me tocar em você."

O som de sua mendicância, o contato quente e abrasador de sua pele,

sua boca gananciosa, quebrou o meu fino controle. Rapidamente rolei Jenn

em suas costas, empurrando-a para que pudesse deslizar minha mão por seu

corpo gostoso, então poderia capturar seu mamilo em minha boca.

Ela se curvou e arqueou, esforçando-se sob o meu toque; suas unhas

cavaram nas minhas costas, ancorando-nos juntos.

"Você quer me tocar?" Rosnei, agarrando sua mão, trazendo para a

frente da minha boxer e sob a cintura. Apertei a palma da mão contra minha

ereção, envolvi seus dedos ao redor, mostrei-lhe como apertar e acariciar.

Uma onda de fôlego escapou dos meus pulmões, os desejos segmentados e

selvagens fechando a cortina da racionalidade.

Estava perdido para ela, no momento, para a paixão. Meus pensamentos

fraturados começaram e terminaram com a necessidade e o desejo. Minhas

fixações focadas em como dar prazer, como garantir que ela gritasse em

êxtase. Não conseguia arrancar minha mente da preocupação de sua pele

nua e da gratificação essencial de seu punho em torno de meu pênis.


Levantei a boca de seus seios, esfregando a mão para baixo e coloquei

meus dedos na frente de sua calcinha, penteando através de seus cachos,

acariciando o cabelo macio até que encontrei o que procurava.

“Oh, oh, oh Deus!" Ela estremeceu, seus lábios se separaram, seus olhos

arregalados e escurecidos com luxúria. Ela inclinou os quadris para a frente e

jogou a cabeça para trás.

Nunca tinha testemunhado nada tão sensual, tão malditamente sexy. Ela

era sedução e pecado, excesso e decadência.

"Isso é o que você quer?" Perguntei, esfregando seu centro e deslizando

meus dedos no seu calor luxuoso.

Ela não respondeu, e não esperava que fizesse.

A compulsão de devorar me agarrou, o desejo engasgou dentro de mim

enquanto acariciava seu corpo flexível e ela refletia minhas manobras com

movimentos desajeitados, segurando e acariciando-me sem delicadeza. Isso

também parecia essencial. Sentia que estava exatamente certo.

Senti o primeiro impulso de seu orgasmo e abrandei o ritmo, atraindo

um gemido confuso de seus lábios.

"Cletus, oh, por favor, não pare. Por favor. Parece... parece... "

"Não vou parar."

Queria prolongar o momento, me satisfazer. Queria imersão em meus

pensamentos primitivos e possessivos. De agora em diante, ela seria minha:

sua pele era apenas para os meus olhos, para minha boca apreciar, para

minhas mãos tocar. Seu corpo foi feito para o meu corpo e eu a reivindicaria

como ela sabiamente me reivindicou.


"Cletus!" Gritou, tremendo, torcendo na cama, incapaz de recuperar o

fôlego em seu orgasmo.

Ela me apertou de forma reflexiva e gozei na mão dela, gozando com ela

com um baixo rugido de satisfação e realização transitória. Peguei sua boca e

seus gritos. Seu coração batia junto com meu coração, nossa pele deslizando

juntas e ela se esforçou para apertar mais perto, como se quisesse escalar

dentro de mim e viver dentro.

Eu sei, porque eu sinto o mesmo.

Claire estava certa. Ame a experiência negada. Completamente e

totalmente. O amor me negou tantas coisas. Fiquei satisfeito com a minha

mulher, pelo seu toque não qualificado, de uma maneira que nunca tinha

estado antes. Porque estava fazendo amor e a pessoa que me tocava era

Jennifer.

Minha Jennifer.

Ela ainda estava sem fôlego, mas eu a beijei de qualquer jeito. Queria sua

boca quente, o gosto dela na minha língua. Queria que ela estivesse nua

debaixo de mim. Queria ela de joelhos. Queria que ela estivesse dobrada e

ofegante. Eu a queria no topo, usando-me para o seu prazer. Eu queria...

A sanidade não chegou de uma só vez, ela se aproximou, atingindo a

superfície gradualmente.

O primeiro momento de clareza chegou quando Jennifer puxou a boca

da minha e disse: "Espere."

Pisquei para ela, olhando seu perfil. Ela afastou o rosto, perseguindo o

ar. Inclinei uma polegada ou duas para trás, meus olhos se movendo sobre
suas bochechas, mandíbula, pescoço, e depois baixaram. Minha mão ainda

estava em sua calcinha, acariciando-a. Ela gemeu e estremeceu, o ar que ela

precisava chegando nos pulmões.

Engoli, provando não muito remorso, não muito desânimo, mas sim

uma mistura sóbria de ambos.

Talvez ela tenha sentindo a mudança no meu humor. Ou talvez fosse

apenas uma coincidência. De qualquer forma, seus olhos procuraram o meu.

Eles ainda estavam vidrados e nebulosos.

Eles também estavam brilhantes.

E feliz.

E ela estava sorrindo.

"Mmm..." Cantarolou, abraçando-me mais perto, enfiando a testa no

meu pescoço. Ela colocou um beijo no meu peito. "Quando podemos fazer

isso de novo?"

Minha mulher era extraordinária.


CAPÍTULO 23

“A moralidade, pode-se argumentar, representa a forma como as pessoas gostariam

que o mundo funcionasse, enquanto a economia representa como ela realmente

funciona."

― Steven D. Levitt, Freakonomics

~Cletus~

"ONDE VOCÊ ESTAVA na sexta-feira?"

A pergunta me assustou. Meus olhos dispararam. Jethro estava do

outro lado do balcão, vestindo uma linda camisa de botões que deixava seus

olhos verdes. Ele estava me olhando como se nada estivesse errado.

Isso não era bom.

Franzi o cenho para sua aparição repentina. "Você parece bem. Quando

você chegou aqui?"

"Agora mesmo."

Estreitei os olhos para ele. "Agora mesmo?"

"Sim. Eu me deixei entrar." Ele jogou o polegar sobre o ombro,

indicando a porta.

Pestanejei com esta notícia. "Não ouvi você entrar."

"Realmente?" Ele inclinou o cotovelo no balcão. "Não fui

particularmente quieto."
"Hmm..." Mudei minha atenção para a ordem de serviço que estava

revendo.

Shelly a iniciou. Ela tinha feito um bom trabalho.

"Cletus?"

"Yeah?" Verifiquei duas vezes sua ordem de serviço, comparando-a com

o site do revendedor. A quantidade de trabalho parecia alta, mas estava

certa.

"Onde você estava na sexta-feira?"

Eu me acalmei, me preparando para os flashes de memória: os olhos de

Jenn enquanto me pressionava de volta para a cama, sua boca na minha,

suas mãos em mim. As imagens e sensações estiveram se repetindo desde a

noite de sexta-feira. Como o resultado.

Ela subiu em cima do meu corpo e se aconchegou perto, beijando meu

peito, pescoço e queixo, dizendo: "Quero que fiquemos assim para sempre."

"Cletus?" Jethro estalou os dedos na frente do meu rosto. "Olá? Onde

você foi?"

"Em algum lugar mais agradável do que aqui," murmurei. Quis dizer

como uma piada, mas não soou como uma. Talvez não tenha sido uma

piada porque era a verdade.

Estar com Jennifer, apenas nós dois, era preferível a verificar duas vezes

ordens de serviço. Estar sozinho com ela era mais preferível a qualquer

pessoa, em qualquer lugar e qualquer outra coisa.

E aí está a dificuldade.
Não tínhamos lugar para ficarmos sozinhos. Pela primeira vez na

minha vida, não estava tão interessado em viver em casa e manter o controle

em meus irmãos. Eles poderiam controlar a si mesmos.

"Falando em lugares agradáveis," limpei minha garganta e procurei

parecer indiferente, "Você sabe se Claire ainda está querendo alugar seu

lugar?"

"Acho que sim, por quê? Você conhece alguém? "

"Poderia." Este vislumbre de uma ideia me ocorreu no sábado e foi

rapidamente se tornando um incêndio. "Acho que vou ligar para ela."

O lugar de Claire seria um bom lugar temporário. Estava a meio

caminho entre a casa de Jennifer e a propriedade de Winston. A antiga casa

de fazenda estava sobre dois hectares de terra, bastante espaço para os

canteiros de Jenn. Teria que investir em uma mesa de trabalho para ela, em

algum lugar perto de uma janela virada para o norte ou para o sul para que

ela tivesse a melhor luz.

"Você nunca respondeu minha pergunta," meu irmão pressionou.

Jennifer Sylvester me amava. Eu amava Jennifer Sylvester.

Um fato.

Surreal.

Ela ainda não havia dito isso, mas eu sabia a verdade. Poderia dizer.

Sim.

Ela me ama.
"Você fez uma pergunta?" Ainda estava pensando no lugar de Claire, a

privacidade ideal que ela iria proporcionar, e o fato de que Jennifer me

amava.

Depois de nos abraçar por um tempo muito curto, levei Jennifer para

casa. Segurei sua mão quando caminhamos até o carro. Segurei sua mão

enquanto dirigia. Segurei sua mão enquanto a levava até a varanda. E então

fui forçado a soltar sua mão.

Tinha uma indigestão desde então. Não uma indigestão real, estava

sofrendo de um tipo de azia causada pela falta de uma pessoa.

Questões agitadas, tinha visto um artigo no The New Yorker no sábado

de manhã sobre verbos e queria compartilhar com ela.

Na tarde de sábado, tinha sido forçado a ligar para o Repo — o membro

mais alto dos Iron Wraiths, além de Razor St. Claire — e pedir uma folga

para a semana após o casamento de Jethro. Repo conhecia os Winstons

desde crianças e costumava insistir que nós o chamássemos de Tio Repo. Ele

e meu pai costumavam ser bons amigos, mas eu não tinha ideia se eles ainda

se consideravam irmãos.

Além disso, eu suspeitei que Repo fosse — de fato — o pai biológico de

Jessica James. Não compartilhei essa teoria com Duane sobre sua mulher,

mas estava bastante certo. No entanto, essa é uma história diferente para um

dia diferente.

A boa notícia foi que Repo soou divertido com todo o negócio com Isaac

Sylvester. A má notícia era que podia ouvir o golpista no fundo fazendo

ameaças.
Então, no domingo, a esposa do pastor me encurralou após a igreja e

perguntou se sabia sobre rosas. Eu não. Mas eu sabia quem sabia.

"Sim, fiz uma pergunta. Onde você estava na sexta-feira?" Jethro

perguntou novamente.

Arranhei minha barba. Meu telefone zumbiu no meu bolso, então o

puxei e li a tela.

Jenn: Tive um bagel de salmão defumado para o almoço e pensei em você.

Estudei seu texto por um minuto inteiro, lendo novamente várias vezes.

Jenn e eu nos enviamos vários textos desde a manhã de sábado. Nunca

enviei vários textos a ninguém. Até este ponto da minha vida, o envio de

mensagens de texto era para retransmitir listas de mantimentos e

atualizações de status.

Mas agora eles eram conversas minuciosas, cada uma ocupando peso e

importância, mas nenhum satisfazia adequadamente o desconforto perpétuo

da pessoa distante. Queria vê-la. Nós tínhamos muitas coisas deixadas

incertas. Era hora de impor uma ordem ao caos e planejar o nosso caminho.

Era hora de seguir em frente juntos.

E, no interesse da divulgação completa, não conseguia parar de pensar

em seu corpo. Não conseguia parar de pensar em todas as coisas que queria

fazer com ela, todas as maneiras que queria monopolizar seu tempo e

espaço.

"Cletus?" Perguntou Jethro hesitante.

"Só um minuto." Segurei meu dedo para cima e digitei uma resposta

rápida.
Cletus: Por que você pensou em mim? Porque cheiro como um peixe?

Jenn: Porque tinha alcaparras; bagel de salmão dão um significado totalmente

novo à palavra "alcaparras."

Sorri para isso. Ela tinha esse efeito sobre mim. Meu caso era terminal?

"Então, sexta-feira?" Jethro repetiu novamente.

"Eu estava, uh..." Arranhei minha mandíbula. "Não é da sua conta."

Ele ficou quieto por um tempo e podia sentir seus olhos em mim.

Finalmente, disse: "Tudo bem. Fique para você mesmo. Estou aqui em uma

missão."

"Qual?"

"Você levará alguém para o casamento?"

"Sim," disse, mas franzi a testa. Tinha esquecido de convidar a Jennifer

para o casamento. Meu franzir se aprofundou porque, da última vez que

ouvi, ela concordou em ir com Jackson James.

"Bem?"

"Bem, o que?" Meus olhos cintilaram para os dele, depois para longe.

"Quem é?"

Coloquei meu telefone no bolso e olhei para o meu irmão. "Por que você

quer saber?"

Ele me deu um sorriso paciente. "É Shelly, certo?"

"O que tem a Shelly?"

"Quem você estará levando. Você está levando a Shelly, certo?"

"Porque eu faria isso?"


Duas linhas de surpresa e consternação se formaram entre as

sobrancelhas de Jethro.

"Porque você disse, quero dizer, ouvi dizer que você decidiu que era

ela."

Pensei nos últimos meses desde a minha conversa com Jethro no início

de setembro. E então decidi que tinha sido um maldito idiota.

"Não. Não é Shelly. Shelly Sullivan é minha funcionária e agradeço-lhe

que não fale dela em tais termos." Olhei para o meu relógio, lembrando que

a última vez que vi Shelly ela estava tentando substituir um radiador com

vazamento. Precisava verificar seu progresso. Estava quase na hora de

fechar e não queria que ela ficasse atrasada. Ela sempre ficava até tarde. A

mulher precisava encontrar algum tipo de equilíbrio entre o trabalho e a

vida.

Parecia que Jethro não sabia se franzia a testa ou ria. "Você está falando

sério?"

"Como um tatu em uma lavanderia." Virei do balcão e caminhei até a

porta na parte de trás do escritório.

"Ei, onde você está indo?"

"Preciso fechar a loja," falei por cima do meu ombro.

Ouvi seus passos seguindo ao redor do balcão e ele apressou-se para

me alcançar.

"O que aconteceu com encontrar sua parceira de vida?"

"Mudei de ideia."

"Você mudou..."
"De. Ideia.” Parei em seco e o encarei, colocando minhas mãos nos meus

quadris. "É como cuecas, Jethro."

"Suja e escura?" Ele sorriu.

"Não." Fiz uma careta para sua expressão facial. "Uma mente é como

cuecas porque as pessoas mudam o tempo todo."

"Mas você não."

"Troco minhas cuecas o tempo todo, Jethro. E, para o registro, penso

que é muito rude você assumir que não.”

Ele quase revirou os olhos, mas pegou o impulso. "Quis dizer sua

mente, Cletus. Você não muda de ideia."

Vi Shelly sobre a pia. Ela estava esfregando as mãos. "Faça como a

música diz e deixe ir. Você tem sua resposta."

"Então, você está trazendo alguém, mas não é Shelly?"

"Isso mesmo." Acenei, pisando em torno do meu irmão.

"Quem é?" Ele veio depois de mim, fazendo-me.

Hesitei, dando-lhe meu perfil. Dei de ombros. "Ela não sabe que está

indo comigo, ainda."

"Sério?"

"Sim."

Seus olhos verdes cintilaram sobre mim com curiosidade desvelada.

"Como você pode ter certeza de que ela vai dizer sim?"

"Ela vai dizer sim," respondi muito rápido, e então percebi meu erro

muito tarde.

O sorriso de Jethro estava de volta.


"Bem. Eu vou deixar Sienna saber que você vai trazer alguém."

"Bom. Agora vá embora. Você poderia me enviar um texto para me

perguntar sobre isso."

"Sim, mas então não teria chance de falar com você sobre a despedida

de solteiro."

Meus olhos se arregalaram antes que pudesse parar a resposta

involuntária. Olhei para o meu irmão.

Ele me pegou.

Droga.

"Sim, Cletus. Sei tudo sobre a despedida de solteiro."

Escondendo minha expressão, peguei um pedaço de fiapo imaginário

da minha manga. "Não sei do que você está falando."

"Você também, mentiroso." Jethro me deu um sorriso fácil, rindo e

enfiando as mãos nos bolsos. "Duane deixou escapar."

"Duane?" Não podia acreditar em meus ouvidos. "Duane não fala.

Como ele poderia deixar escapar? Ele fez uma dança interpretativa?"

"Não. Mas falando em dança interpretativa, sei que você está

planejando strippers."

O tom de Jethro era plano e afiado com desagrado.

Não ri, mas eu queria. Jethro não fazia ideia. Nenhuma ideia.

"É apenas uma stripper, Jethro. Acho que você pode se sentar e passar

por uma stripper. Além disso, você pode aprender alguma coisa. Todos nós

poderíamos aprender alguns bons movimentos." Com isso, bati minha mão

no ombro de Jethro, dei-lhe um aperto, que não fez nada para aliviar o
descontentamento em sua expressão, então deixei meu irmão mais velho

com sua ignorância.

Cruzei a loja para onde Shelly estava esfregando as mãos, sorrindo para

mim mesmo.

Não sou um tipo de pessoa que sorria para si mesmo, mas essa situação

definitivamente exigia o sorriso clandestino.

Ela olhou em minha direção, seus olhos deslizaram em mim, depois

desviaram. "O que você quer?"

Abri a boca para responder, mas Jethro gritou por toda a loja: "Estou

com muito medo, Cletus."

Então gritei de volta, "Pense em Sienna. Ela agradecerá."

Então voltei minha atenção para Shelly. Ela levantou uma sobrancelha

para mim. Limpei minha expressão.

"Quando você acha que acabará por aqui?"

"Agora. Por quê?” Shelly voltou à atenção para as mãos.

"Oh." Assenti. "Bom. Isso é bom."

Aparentemente, não precisava dar uma palestra sobre o equilíbrio entre

trabalho e vida. Por agora.

"Além disso, vou pegar dois dias na semana que vem." Ela ligou a água,

enxaguando a espuma de seus dedos.

"Isso deveria estar bem. Duane está saindo em uma semana a partir de

quinta-feira, então se você tiver alguma pergunta para ele antes de ir,

certifique-se de perguntar antes disso.”

"Por que você precisa de dias de folga?"


Shelly e eu olhamos para a direita, encontrando Beau com os braços

cruzados e um olhar franzido no rosto.

Notei que suas costas e seu pescoço estavam rígidos com sua pergunta e

ela inclinou o queixo um centímetro, como se estivesse se preparando para

uma briga. Ela não respondeu imediatamente, mas quando fez sua voz era

mais distante do que o normal.

O que era muito distante.

"Meu irmão teve um bebê. Ele quer que eu o conheça.” Shelly pegou o

sabão e começou a esfregar novamente.

Franzi o cenho para suas mãos. Elas já estavam vermelhas de sua

lavagem e, pelo que podia ver, completamente limpas.

Beau piscou para a resposta fria de Shelly. "Você não quer ver o bebê?"

Seu tom era paciente e gentil, e surpreendeu-me. Nunca o ouvi falar com

nada além de desprezo.

Ela não respondeu. À medida que o tempo se esticava, levantei minhas

sobrancelhas para ela e desloquei minha atenção para Beau. Meu irmão

continuou olhando para seu perfil. Esperando.

Algo estava errado. Algo sobre a forma como ele a olhava...

Ele gosta dela.

Vi, claro como o dia, no conjunto de sua mandíbula e a total falta de

pretensão em sua expressão. Ele não estava sendo suave nem paquerador.

Mas, se refletisse sobre o assunto, suave e paquerador provavelmente seria

completamente perdido em Shelly Sullivan.


Quanto mais estudava a tensão entre eles, mais certo me tornava. Se

tivesse que fazer uma aposta, diria que ele gostava dela contra sua vontade.

Enquanto isso, ela estava ignorando-o.

O silencio aumentou, crescendo pesado e ele ainda esperava.

Tanto como os últimos cinco minutos foram esclarecedores, não pude

poupar mais tempo como espectador. Além disso, não tinha pipoca para

comer enquanto observava. Tinha coisas que precisava fazer e não tinha

tempo suficiente para fazê-las.

"Bem," disse de repente, fazendo Shelly saltar um pouco. "Tenho certeza

de que vou te ver novamente entre agora e sua viagem, mas se esquecer de

dizer isso, tenha uma viagem segura, Shelly."

Virei e saí, fazendo uma nota mental para limpar o ar com Beau o mais

rápido possível, informando o homem que não tinha interesse nenhum na

Srta. Sullivan.

Consequentemente, seu interesse em Shelly — de bom grado ou não —

era uma excelente notícia. Não só seria bom para os negócios, mas também

seria bom para o Beau. Ela era única em muitos aspectos, e não menos

importante a sua impermeabilidade ao seu encanto.

Eu não podia esperar para me meter.

***

SHELLY SAIU DA oficina.

Então, Beau saiu cinco minutos depois.


Ignorei o timing transparentemente suspeito. Precisava colocar meus

próprios assuntos em ordem, e isso significava chamar Claire McClure para

falar sobre sua casa.

Ela não atendeu seu telefone, então deixei uma mensagem, disse-lhe

que iria passar por seu lugar e que entraria. Sabia onde ela guardava a chave

reserva para que Jethro e eu mantivéssemos o lugar desde que deixou a

cidade.

Acabei de deixar o escritório para trancar a garagem quando ouvi

passos, cascalho esmagando sob os sapatos. Virei e vi Kip Sylvester em seu

terno, aproximando-se do estacionamento.

Instintivamente, endireitei minha coluna. Não tinha negócios com Kip

Sylvester. Ele tinha o BMW de sua família mantido pelo revendedor. Isso

significava que ele pagava varejo em todos os reparos e apenas um tolo

pagava varejo.

"Noite, Cletus." Parou na beira da garagem, me dando um sorriso

praticado. "Há quanto tempo."

"Sr. Sylvester." Assenti uma vez, sombrio. "O que o traz à oficina hoje à

noite?"

"Oh, estava na área e pensei em parar."

"Entendo."

Ele ficou calado enquanto olhava para a oficina, as ferramentas que

alinhavam as paredes, várias caixas de ferramentas e máquinas. Então seus

olhos se acenderam no carro à minha esquerda.

"Caramba, isso é..."


"Sim senhor. Isto é. Um Jaguar 1956."

"Uau. Essa é uma beleza. Você está trabalhando nele para alguém?"

"Sim. Estou trabalhando nele para mim." Isso era uma mentira. Era um

presente de casamento para Sienna, mas ele não precisava saber disso. Kip

Sylvester já havia feito um idiota de si mesmo diante da minha futura

cunhada. Ele estava completamente fora de si quando a viu.

"Para você?" Questionou, como se ele achasse essa informação

extremamente surpreendente.

"Sim."

O homem olhou entre o automóvel e eu. Ele estava confuso, isso estava

claro. O que não estava claro era o porquê dele estar aqui. Não queria

adivinhar.

"Por que você está aqui?" Perguntei com uma voz dura e lhe dei um

olhar firme.

Jogar conversa fora com o banal Kip Sylvester era como ser

interrompido por uma matilha de cães mijões.

"Oh, você sabe, apenas...” Ele começou, parou, suspirou, sorriu e

encolheu os ombros, como se tivesse desistido. "Estou aqui por causa de

Jennifer."

Minhas sobrancelhas levantaram por vontade própria, sem o meu

consentimento. "Jennifer. Sua filha, Jennifer?"

"Isso mesmo. Ouvi sobre o que aconteceu... na outra noite."

Deixando minha expressão em uma máscara afável de espanto,

arranhei a parte de trás do meu pescoço. "Você terá que ser mais específico."
Ele suspirou de novo. "Estava com medo disso. Olha, Cletus, você é um

bom garoto. ”

Não sou. Realmente, realmente não sou.

"Obrigado, Sr. Sylvester."

Ele continuou como se eu não tivesse falado, claramente ensaiou um

discurso antes da sua chegada. "Mas Diane e eu, temos grandes planos para

nossa filha. Você sabe que ela tem mais de um milhão de seguidores no

Instagram? E muito mais nos outros sites de redes sociais."

Sabia disso. Mesmo assim, disse: "Não sabia que eram tantos."

"Bem, ela tem. Aquela garotinha carrega muito poder sobre ela, sua mãe

trabalhou muito para fazer dela o que ela é, e manter sua reputação

impecável. Você entende, não podemos tê-la agindo de forma imprudente, e

se envolvendo onde nada de bom pode vir disso. ”

Fiquei mais reto com seu insulto implícito. Agora, geralmente, não me

incomodo em ficar ofendido por pessoas tão inúteis como Kip Sylvester.

Mas, apesar de ser sem graça como aveia sem sabor, Kip já não era mais

inútil. Ele era o pai de Jenn. Ela achava que lhe devia amor e respeito, e

infelizmente, isso o fazia alguém.

Tomei meu tempo deliberando enquanto ele me observava com um

sorriso morno.

Então ele disse: "Você entende," e assentiu com a cabeça como se as

coisas estivessem resolvidas. Ele se virou para ir.

Antes que pudesse me parar, perguntei: "Você não gosta da Jennifer se

associando comigo?"
Ele olhou por cima do ombro, os olhos arregalados quando minhas

palavras contundentes o preocuparam. Kip levantou as mãos entre nós,

como se faz com um cachorro irritado.

"Agora, não se ofenda, mas não é com você que temos um problema,

não precisamente. É ela associada com homens jovens em geral."

"Mesmo."

"Sim, com certeza. Ela foi protegida, não compreende as coisas do jeito

que alguém da sua idade normalmente faria, e isso é minha culpa, mas..."

"E quanto a Drew Runous?"

Kip fechou a boca tão rápido que seus dentes clicaram. Ele piscou

várias vezes antes de perguntar: "Dr. Runous?"

"Sim. Se me lembro bem, algum tempo atrás houve uma história sobre

Jenn dirigindo para estação, deixando cair alguns produtos assados, e

então..."

"Sim. Estou familiarizado com a história e é verdade. Abençoe seu

coração 35 ".

Ele apenas abençoou o coração de sua própria filha? Minha pressão sanguínea

aumentou.

Ele continuou: "Mas o Dr. Runous vem de uma família de qualidade.

Seu pai é senador no Texas. Não era uma associação da qual iríamos recusar,

se a oportunidade se apresentasse."

"E minha família não é? De qualidade?" Lutei para manter meu tom

ameno e minha expressão benigna.

35
Bless her heart – Abençoe seu coração. Geralmente é usada como insulto.
Racionalmente, sabia que o que Kip Sylvester pensava, não importava.

Não importava. Como qualquer um da família de Jennifer, se ele causasse

problemas para mim, causaria problemas para ele. Ele ainda não sabia disso,

mas iria abençoar minha união com sua filha e então iria apoiar meus

desejos em todas as coisas, incluindo, entre outros, a obrigar sua esposa a

recuar da minha mulher.

Então, o porquê de suas opiniões fazerem com que minha cabeça

doesse não ficou completamente claro. Tudo o que sabia era, com cada

sentença suja que ele pronunciava, minha ira crescia.

Kip balançou a cabeça rapidamente, negando a minha última pergunta.

"De modo nenhum. Isso não é o que quis dizer. Sua mãe era uma Oliver. Sua

família é tão antiga quanto os Paytons e Donners nessas partes, do lado da

sua mãe. Na verdade, não desencorajei Jennifer de seu irmão Billy. Ele tem

uma boa cabeça em seus ombros e sempre mostrou o tipo de ambição que

gostaria em um genro."

Uau...

UAU.

Ele é mais parasita narcisista do que achava.

Acenei com a cabeça e cerrei os dentes, puxando um sorriso fraco.

Comecei a elaborar uma lista mental de toda a torta que comi no ano

passado, quem a preparou e se havia sido na estação certa. Era uma

classificação complicada, porque gostava de torta, e era a única coisa que

mantinha Kip Sylvester longe do meu temperamento.

Eu estava com raiva. Muito mais irritado do que deveria estar.


"Olha, Cletus. Aqui está a questão. Não gostamos da ideia de Jenn

ter.…"

Ele parecia estar lutando pelas palavras certas, finalmente se decidindo

por “Amigos masculinos casuais. Se ela tem um amigo em você, então isso

pode dar ideias a ela." O diretor suspirou novamente. Suspirou muito. Era

irritante.

"Oh. Entendo. Você não quer que ela tenha ideias," disse, novamente

antes que pudesse me parar.

"Sim. Exatamente. É absolutamente.” Ele assentiu rapidamente,

sorrindo. E então, como se percebendo o que ele acabara de dizer, balançou

a cabeça com veemência. "Espere, não. Isso não foi o que quis dizer."

"Hmm." Apertei os olhos para ele, tirando um prazer perverso em como

seu rosto estava ficando em uma tonalidade de vermelho não natural. "Não

sei, diretor. Acho que é exatamente o que você quis dizer. Do jeito que vejo,

você e a Sra. Sylvester investiram muito para sua filha não ter ideias."

"Agora, Cletus, filho. Não coloque palavras na minha boca. Não é bem

assim."

Ele ergueu a voz, ficando tenso.

Sua ansiedade teve um efeito de resfriamento no meu temperamento.

Ainda estava com raiva, mas em vez de ser cabeça quente, a fúria que senti

me deixou gelado.

"Oh, agora, Kip, acho que ambos estamos dizendo o mesmo aqui." Sorri

e encolhi os ombros. "Você e a Sra. Sylvester precisam de sua filha com sua
reputação intacta, seu cérebro livre das preocupações que vêm do

pensamento independente. Faz sentido para mim."

O olhar franzido se aprofundou. Ele parecia desconcertado.

Peguei um pano para limpar as mãos. "Se ela fosse ‘ficar louca’ e buscar

um relacionamento com alguém que não reforçava sua imagem — e,

portanto, a marca que você e a sua esposa criaram tão meticulosamente —

então isso pode interferir com seus planos e bem-estar financeiro. Certo?"

"Uh, bem... certo. Mas..."

Assenti sombrio. Suas feições relaxaram. Ver o assentimento sombrio

geralmente faz as pessoas relaxarem.

"Sr. Sylvester. Senhor. Você não precisa se preocupar comigo."

Ele suspirou novamente, um grande exalar de alívio. "Obrigado, Cletus.

Que bom ouvir isso...-"

"Não mancharei sua imagem. Nem um pouco. Enquanto você, por

outro lado..." Parei de acenar com a cabeça, sustentando seu olhar com o

meu, permitindo que apenas um toque de minha raiva passasse através da

parede do autocontrole.

Seus olhos se arregalaram e fiquei satisfeito com a expressão do medo

em sua voz quando ele perguntou: "O que você está falando?"

"Só que não ficaria bem se soubessem que o doce pai da Rainha do Bolo

de Banana tem tido um caso com sua secretária pelos últimos — ah, vejamos

— quatro anos?"

***
NÃO DISSE a ela que estava vindo. Nem sequer sabia até desligar o motor e

descobrir que estava no estacionamento da Donner Bakery, logo atrás da

cozinha.

Ainda era segunda-feira à noite. Simplesmente deixei o pai dela

marinando com minha ameaça. No início, como era típico, ele negou minha

acusação. A ordem usual era: negação, raiva e negociar. Negociar era

geralmente minha parte favorita. Não dessa vez.

Alguma coisa sobre negociar por sua cooperação deixava minha boca

com gosto de serragem e limão.

Queria que ele aceitasse que as decisões de Jennifer pertenciam a ela e

somente a ela.

Com quem ela se associava, o que usava, o que fazia, não era da conta

dele, nem da sua esposa e nem do seu filho.

Ele se recusava a aceitar que sua filha era capaz de tomar suas próprias

decisões. No entanto, no final, ele concedeu às minhas exigências de que não

interferiria.

Fizemos um acordo: ele iria recuar e apoiar eu cortejar sua filha e eu

não iria me meter em sua vida.

Olhei para a parte de trás do prédio, sabendo que Jennifer estava lá

dentro. O carro dela estava estacionado mais perto da porta. Meu coração

deu uma das suas batidas kamikazes contra minha caixa torácica.

Sentia falta dela. Estava asfixiando com o quanto sentia falta dela.

Ela está ocupada. Você deveria deixá-la trabalhar...

Em vez disso, fui adiante.


Depois do desagrado com seu pai, precisava ver que ela estava bem.

Decidi que não havia nenhum mal em parar por alguns minutos. Talvez lhe

mostrasse o artigo do The New Yorker sobre verbos. Talvez simplesmente

olhasse para ela e escutasse suas conversas. Isso pareceu bom.

Passei com propósito para a porta dos fundos. Bati. Esperei. Não houve

resposta. Bati novamente. Ainda sem resposta.

Ao abrir a porta, franzi a testa. A porta não deveria estar desbloqueada.

Teria que lembrá-la para trancá-la quando saísse e ter certeza de que

estivesse trancada de agora em diante.

"Jennifer?" Chamei, fechando a porta atrás de mim, trancando e

procurando pela cozinha. As luzes estavam acesas, um misturador estava

em cima no balcão com ingredientes espalhados, mas ela não estava à vista.

Estava prestes a procurar na frente quando ela apareceu da despensa

traseira, carregando um saco de farinha. Parei morto em meu caminho

enquanto meus olhos se moviam sobre sua forma. Suas costas estavam

viradas para mim e estava completamente nua do pescoço até o laço em

volta da cintura.

Jennifer usava um avental, roupas íntimas de renda vermelha, meias e

nada mais.

Devo ter feito um som, embora não me lembro de fazer, porque ela

girou, os olhos arregalados e ofegou.

"Oh, meu Deus!" Saltando, ela deixou cair o saco de farinha e derramou

sobre o chão. As mãos dela voaram para o peito — que mal estava coberto

pelo avental. Mal estava.


Ela expirou, fechando os olhos, então seu próximo suspiro foi uma

risada aliviada.

"Oh meu Deus, você me assustou. Não ouvi você entrar.”

Não falei. Não pude. Estava muito ocupado memorizando cada curva

de seu corpo gostoso, mal escondido pela fina camada de algodão. Minha

boca encheu de água. Não estava se fixando em uma fantasia ou memórias

de sexta-feira, porque a generosidade da realidade levou qualquer outro

pensamento da minha mente.

O silêncio era esticado e pesado... E também outras coisas.

Mas então ela ergueu os cílios, olhou-me com seus impossíveis olhos

violetas, e disse de maneira doce: "Senti sua falta."


CAPÍTULO 24

“As pessoas civilizadas devem, creio eu, satisfazer os seguintes critérios... Seus

corações sofrem a dor do que está escondido a olho nu. ”

― Anton Chekhov, A Life in Letters

~Jennifer~

"SENTI SUA FALTA." As palavras entraram em erupção, escorregando pelos

meus lábios antes que pudesse pará-las. Elas estavam correndo por minha

mente nos últimos três dias.

Sinto falta dele. Sinto falta de Cletus.

Na verdade, o sentimento tinha passado por minha mente antes da

sexta-feira, mas tinha silenciado o pensamento, empurrando-o para longe.

Antes da sexta-feira, pensei que sentir falta de Cletus era inútil, porque

achava que seria em vão.

Mas desde sexta-feira...

Suspiro feliz.

A primeira coisa que fiz no sábado de manhã foi voltar para Piggly

Wiggly para pegar as bananas. Não queria ser uma gatinha assustada ou

pedir a Cletus que viesse comigo. Estava pegando sozinhas as bananas por

anos, não tinha motivo para parar agora. Mas fiz uma varredura do

estacionamento antes de sair do meu carro. E pedi ao Sr. Johnson — o

gerente de produção — para me acompanhar de volta ao meu carro.


Atualmente, estava sorrindo para Cletus como uma pateta, perdida em

seus traços caoticamente bonitos.

Os olhos de Cletus se moveram sobre mim lentamente, como se ele não

tivesse me visto há muito tempo. "Também senti sua falta." Sua voz era

áspera e fazia meu estômago irromper com borboletas. Maravilhosas,

adoráveis e aveludadas borboletas. Ele engoliu em seco, limpou a garganta e

torceu os lábios para o lado. "Essa é uma roupa interessante."

Olhei para mim mesma e foi quando vi — para meu horror — que

estava basicamente meio vestida.

"Meu Deus! Olhe para mim." Esforcei-me para cobrir com meus braços,

tentando e falhando. "Espere. Não olhe para mim! Porcaria! Vire-se!"

Cletus levantou uma sobrancelha à minha demanda. "Sério?"

"Sim. Sério, Cletus,” disse rápido, depois baixei a voz para um sussurro.

"Não tenho um sutiã sob este avental."

"Eu sei." Ele deu de ombros, seus olhos deslizando para baixo, depois

para cima. Destemido, deu um passo à frente.

Minha boca se abriu e olhei para ele, frustração e embaraço lutando

pelo controle. Reconhecendo que Cletus não tinha planos de se virar ou

desviar seus olhos, passei correndo por ele até a porta dos fundos. Senti seu

olhar no meu traseiro enquanto me enfiava no meu casaco grande e

puxava-o fechado, segurando as bordas juntas.

Quando me virei, encontrei-o franzindo a testa. "Você não precisava

fazer isso."

Um som de descrença saiu de meus lábios.


"Sim. Realmente precisava. ”

Ele encolheu os ombros, enfiando as mãos nos bolsos. "Faça como

quiser36. Sem trocadilhos."

Meus olhos cintilaram sobre ele e senti minhas bochechas aquecerem,

sentindo a necessidade de explicar por que estava cozinhando meio nua. "Às

vezes tiro o vestido quando cozinho até tarde da noite, especialmente se ele

tem um espartilho embutido. Machuca minhas costelas."

"Faz sentido." Ele acenou uma vez, torcendo os lábios para o lado de

novo. Estava fazendo um mau trabalho tentando lutar com um sorriso, e a

maneira que seus olhos encapuzados se moviam sobre mim, me fazia sentir

quente e nervosa.

Engoli em seco e meu pescoço estava queimando enquanto procurava

seus olhos. "Suponho que você tem muita experiência com mulheres meio

vestidas. Provavelmente não é grande coisa para você."

"Uma mulher meio vestida é sempre uma grande coisa." Um sorriso

permaneceu por trás de seus olhos, parecia escuro e deliciosamente

perverso.

"Mesmo no Pink Pony?" Perguntei de repente, me surpreendendo com

o non sequitur37.

Não sabia o que me fez perguntar, além do fato de que Beau e o dono

do Pink Pony eram bons amigos. Todos estavam cientes de que Cletus ia

pescar com eles de vez em quando. Estava tendo todos os tipos de

36
No original - Suit yourself. Suit também pode ser traduzido como agradar, satisfazer. Por isso ele fala sem trocadilhos.

37
É uma expressão em latim que significa “não se segue”. Em um non sequitur, a conclusão pode ser verdadeira ou falsa, mas o argumento é
falacioso porque há falta de conexão entre a premissa inicial e a conclusão.
pensamentos loucos desde a última vez que o vi, geralmente envolvendo

melhores-e-piores-cenários.

Ou os melhores piores-casos, como — se Cletus foi ao strip club — o

melhor dos casos era que ele fez isso com os olhos vendados e contra sua

vontade. Veja? Louco.

Cletus fez uma careta. "Não gosto muito desse tipo de lugares."

"Por quê? Nem todos os homens gostam de olhar para mulheres nuas?"

Seus olhos caíram no meu casaco e eles se aqueceram. "Gosto de

desembrulhar os meus presentes."

As borboletas deixaram de bater as asas e, em vez disso, se despiram.

Gostei desse pensamento. Gostei da ideia de ser desembrulhada, como um

presente. Mas só se pudesse desembrulhá-lo também.

"Você veio aqui para me desembrulhar?" Perguntei esperançosamente,

relaxando meu aperto no casaco.

Ele sorriu, seus olhos inteligentes se estreitando um pouco. "Você é meu

presente?"

Sim.

Meu rubor envergonhado tornou-se algo mais. O calor ainda circulava

no meu pescoço, meu coração ainda estava acelerado, mas a atmosfera

mudou. O meu momento embaraçoso não era mais tão mortificante ao ter

sido apanhada meio nua. Nossos sorrisos gradualmente diminuíram

enquanto olhávamos um para o outro.

Ele deu um passo em minha direção, seus olhos caindo para meu

casaco. Cletus inspecionou as bordas, sua expressão pensativa, e então


enfiou os dedos dentro do casaco. Liberei meu aperto sobre o material

enquanto suas mãos abriam o casaco e o empurravam. Ele caiu no chão.

"Não vim aqui por isso," ele disse distraidamente. Seus olhos estudaram

a frente do meu avental enquanto ele puxava o laço nas minhas costas.

Enquanto isso, eu estava uma bagunça. Querendo arrancar suas roupas,

querendo beijar seu rosto largo e querendo mais do que fizemos há três

noites.

Simultaneamente tive o desejo de empurrá-lo para o chão e atacá-lo, ou

ficar parada para ver o que ele faria a seguir. Finalmente, decidi ficar parada.

Sempre poderia atacá-lo mais tarde.

O laço segurando o avental em volta do meu pescoço desenrolou-se e o

avental se juntou ao meu casaco no chão, deixando-me apenas de calcinha e

meias. Ele olhou para mim. Olhou para o meu corpo como se eu fosse seu

presente. Como se ele tivesse muitas ideias sobre como iria jogar comigo. Eu

não estava com frio, mas estava tremendo.

Seus olhos levantaram, quentes com más intenção, e deu um passo à

frente. Instintivamente, dei um passo para trás. Ele me deu um sorriso quase

inexpressivo e continuou a avançar até minhas costas se encontrarem com o

balcão. Então ele parou.

"Minha querida Jennifer," sussurrou, seus dedos engatando na cintura

da minha calcinha, "No caso de você estar fazendo uma lista, esta é a única

coisa que quero para o meu aniversário." Ele se baixou enquanto puxava a

renda para baixo por minhas pernas. Tremi novamente enquanto suas mãos

traçavam um leve toque nas costas dos meus joelhos e panturrilhas.


Dei um passo para fora da minha calcinha e observei enquanto ele a

guardava no bolso. Inclinando-se para frente, com seus olhos em mim, ele

respirou fundo contra o ápice das minhas coxas.

Oscilei, minhas mãos indo para seus ombros tentando o equilíbrio, meu

coração trovejando. Estava quente e fria por toda parte, a dor do anseio

afiada e deliciosamente dolorosa na minha barriga. Ele usou o apoio das

minhas mãos para pegar meu traseiro, me levando para o balcão. Sentei-me

na borda e ele espalhou minhas pernas, as pontas dos dedos traçando

minhas coxas até que ele me separou com os polegares.

Meu cérebro estava tumultuado, no caos, sentia-me envergonhada, mas

fascinada.

Meus amigos de correspondência me disseram — em francês, japonês e

alemão — como era fazer sexo. Eles descreveram o que se sentia ao ter um

orgasmo, então sabia que o que fizemos na sexta-feira resultou em um

orgasmo para nós dois. Mas nada que eles descreveram revelou a

verdadeira intimidade do ato. Como era algo belo e aterrorizante, estar nua

e vulnerável, para ser tocada.

Minha respiração acelerou. Inclinei-me para trás em um ângulo e lutei

contra o desejo de pressionar meus joelhos juntos. Ele estava olhando para

mim. Suas exalações caindo em meu centro exposto me fizeram apertar e

ficar tensa em antecipação e ansiedade.

"Cletus?" Perguntei, com uma mistura de incerteza e ânsia.

Ele lambeu os lábios e baixou a boca para mim. O ar deixou meus

pulmões enquanto sua língua úmida e quente estava conectada com meu
centro molhado e quente. Sua língua se moveu e meu corpo deu uma

guinada reflexiva e deselegante. Suspirei. Sem pensar, meus dedos enfiaram

nos seus cabelos e o pressionei para mim, com medo que ele parasse.

Era tão bom.

Tão bom.

Tão. Bom.

TÃO. BOM.

Meu corpo estremeceu novamente e ampliei minhas pernas, meus

quadris rolando instintivamente.

Ele gemeu, como se eu fosse deliciosa, como se ele estivesse morrendo

de fome por mim. Suas mãos envolveram em torno de meus quadris, seus

dedos cavando em minha carne, sua barba fazendo cócegas na pele sensível

das minhas coxas.

Então seus olhos se elevaram para os meus.

"Oh Deus," ofeguei. A força de seu olhar era ao mesmo tempo sóbria e

intoxicante, potente com o conhecimento. Conhecimento de mim, do meu

corpo, do meu gosto. Ele me observou, bebendo nesta visão secreta de mim.

Ele me olhava enquanto sua boca estava no meu corpo.

Ele me sondava enquanto fazia coisas pecaminosas com a língua e os

lábios.

A fome em seus olhos enquanto seu olhar possessivo se movia sobre

meus peitos, pescoço e boca enviaram uma súbita espiral de necessidade e

ganância direta para onde ele me devorava. De repente, estava gozando em

uma poderosa pulsação, tremendo com a penetrante libertação.


Joguei a cabeça para trás, a força dos tremores era muito pesada e forte.

Existia apenas como um sentimento. Ele me segurou no lugar, lambendo e

saboreando, como se minha falta de consciência alimentasse uma

necessidade nele.

Ele me manteve imóvel até que doeu — maravilhosamente,

tremendamente, espetacularmente — e então deslizou os dedos dentro de

mim e gozei novamente, gritando bruscamente com o desespero e a

inconsciência. Não conseguia ficar ereta. Não conseguia segurar o meu

próprio peso sob a força do meu clímax, então caí para trás.

Suas mãos estavam de repente lá, ele ficou de pé, me puxando para

dentro de seus braços. Ele me levantou do balcão e eu estava mole em seus

braços, exausta. Um campo de força de calor e satisfação me cercou, me

deixando desossada. Aconcheguei minha testa contra seu pescoço e agarrei

sua camisa fracamente.

"O sofá," suspirei. "Vamos nos deitar no sofá."

Ele me apertou e virou-se. Ele olhou para a esquerda, depois para a

direita, hesitando.

"Onde está este o sofá?"

Sorri levemente, depois mordi o pescoço dele. "Lá atrás."

Essa era minha voz? Bom Deus. Eu soava sexy.

Era mais profunda do que o habitual, e eu gostava. Gostei de como

soava depois que Cletus me desembrulhou. Gostei de como me sentia.

Gostei do meu corpo de uma maneira nova que me fazia sentir poderosa e

experiente.
E agora eu entendia porque algumas pessoas eram "padeiros

indiscriminados." Tudo sobre o ato era bom, certo e necessário. Ou talvez

fosse estar com Cletus que era bom, certo e necessário.

Em nosso caminho para o sofá, Cletus recuperou meu casaco do chão

em uma exibição impressionante de flexibilidade e força. Ao chegar à sala

dos fundos, ele me beijou na testa.

"Tenho que abaixá-la para que possa colocar esta jaqueta no sofá." Ele

soou como se me largar fosse algo que só faria por necessidade ou sob

coação. "Você pode ficar de pé?"

Acenei com a cabeça e ele me inclinou para o lado até meus pés baterem

no chão. Rapidamente, tirou as almofadas traseiras, esticou meu casaco,

depois o dele, deixando o sofá quase todo coberto. Então ele me guiou para

o meu lado e se moveu para se juntar a mim.

"Espere," o parei, ajoelhando-me sobre as almofadas e segurando a

borda de sua camisa. "Tire isso."

Ele franziu a testa, hesitando. "Jenn..."

"Apenas sua camisa. Sinto falta da sua pele."

Sua expressão clareou enquanto seus olhos aqueciam, então tirou a

camiseta de algodão branco. Retomei minha posição reclinada e ele se

juntou a mim, puxando meu corpo a meio caminho sobre o dele. Beijei seu

ombro e suspirei.

"Como estava dizendo, senti sua falta." Corri minha mão para cima e

para baixo em seu peito, enfiando os dedos nos escassos cabelos. Eu amava

o cabelo no seu peito e amava os cumes dos seus músculos. Amava o quão
diferentes nossos corpos eram, a textura e a sensação dele. "Quando

podemos fazer isso de novo?"

Ele riu, suas mãos acariciando meu corpo como se ele estivesse

ganancioso pela sensação de minha pele. "Dez minutos?"

Nós dois rimos e coloquei meu cotovelo sobre ele, meu queixo na palma

da minha mão. "Então, posso te dar um boquete agora?"

Ele ficou tenso e seus olhos se estreitaram em mim. "Ainda não."

"Por quê?"

Seu olhar se moveu para minhas costas, onde as pontas dos seus dedos

arrastavam linhas claras entre meus ombros. "Sou tímido."

Sorri novamente, e ele também. Uma risada boa e profunda. Uma

risada maliciosa. Amei.

"Você não é tímido."

Cletus encolheu os ombros, ainda não encontrando meus olhos, seu

sorriso se tornando outra coisa e disse: "Nunca fiz isso."

Meus lábios se separaram em surpresa. "Você nunca teve um boquete?

Ninguém nunca fez isso para você?"

Ele balançou a cabeça, seus lábios puxaram para um lado em um

sorriso irônico. "Há um monte de dentes em uma boca."

"Então, você nunca confiou em ninguém o suficiente para fazer isso,"

imaginei.

Seus olhos cortaram os meus e seus dedos se acalmaram. Cletus olhou

para mim por um longo momento, deliberadamente não respondendo,

depois limpou a garganta.


"Gostaria de vir amanhã novamente, se você estiver por perto depois do

trabalho."

"Isso parece bom. Venha todos os dias desta semana, se quiser."

Decidi deixá-lo mudar o assunto, mas secretamente estava planejando

meu ataque.

Um dia em breve, iria seduzi-lo. Agora só precisava descobrir como

seduzir um homem. Talvez meus amigos de correspondência tenham

algumas ideias.

"Não posso," ele suspirou, mas seus olhos cintilaram. "Tenho a

despedida de solteiro de Jethro na quinta-feira e sou responsável pelo

entretenimento."

"Entretenimento?"

"Sim. Lembra que te falei sobre o meu amigo stripper, George? O SEAL

aposentado? Ele é o entretenimento." Cletus abanou as sobrancelhas.

Fiquei de boca aberta, não tendo certeza se ele estava falando sério.

Vendo que ele estava, explodi rindo.

"Eles não têm ideia." Riu maliciosamente. Na verdade, foi uma risada

maligna, cheia de intenções maliciosas e antecipação perversa.

"Pena que você não me disse antes, poderia ter feito um bolo para ele

saltar para fora."

"Não, não. Ele vai descer de rapel do teto. As cordas fazem parte de seu

show."
"Bem, boa sorte com isso." Limpei minhas lágrimas da minha risada

com a parte de trás das minhas mãos. "Conte-me sobre o seu dia. Como foi o

trabalho?"

Cletus ergueu a cabeça e piscou, como se eu tivesse dito algo

surpreendente.

"O quê?" Coloquei meu queixo na parte de trás da minha mão e olhei

para ele. "O que está errado?"

Ele balançou ligeiramente a cabeça. "Nada está errado. Não me lembro

da última vez que alguém me perguntou sobre o meu dia, não desde que

minha mãe morreu."

"Oh." Fiz uma careta, porque isso me pareceu triste. Minha família não

era perfeita, mas sempre perguntamos um ao outro sobre seus dias.

Concedido, sabia que havia algumas partes do meu dia em que meus pais

não queriam ouvir, mas eles ainda perguntavam. Fiquei surpresa que os

Winstons não faziam o mesmo. "A sua família não pergunta?"

Seus lábios se curvaram em um sorriso pesaroso. "Não. Eles sabem."

"Sabem? Eles sabem e apenas não perguntam sobre o seu dia?"

"Sim. Normalmente acabo dizendo algo que eles não querem ouvir.”

"Isso é verdade para todos. Meus pais nunca querem me ouvir falar

sobre meus amigos de correspondência ou meu jardim. Ou meus óleos

essenciais. Ou ensinar os escoteiros." Fiz uma careta. Principalmente, eles

gostavam de ouvir sobre novas receitas. "Ou quaisquer outros hobbies e

atividades que não seja cozinhar."


"Meus irmãos não querem ouvir meus planos e atividades. Em

absoluto."

"Sei que você tem todos esses negócios sinistros em andamento, mas

todos os dias não podem ser tão ruins."

"Isto é. Eles são."

"Tudo bem, então, quais os tipos de planos e atividades diárias? O que

eles não querem ouvir?"

"Como..." Ele pensou por um momento, seus olhos se moveram para

onde sua mão estava esfregando círculos nas minhas costas. "Como eu

gostaria de dar lepra38 para Jackson James."

Enruguei o nariz com isso, esfregando o rosto para mostrar minha

descrença. "Você não quer dar lepra para Jackson James."

"Eu quero. E se você o ver se coçando em torno do colarinho é porque

chantageei alguém para colocar pó de mico em suas camisas lavadas a seco."

Estava prestes a rir e dizer a Cletus de sua tolice, mas algo sobre o

modo como ele estava me olhando, como se estivesse se preparando para

uma reprimenda, me fez pausar.

Ele olhou para mim. Olhei para ele. Minha boca ficou aberta.

Ele estava falando sério.

"Cletus Winston. Você não fez isso."

"Eu fiz. E não me arrependo.” Seu tom era plano e insolente.

"Por que diabos você faria isso? Isso é apenas malvado."

38
Doença infecciosa crônica e curável que causa, sobretudo, lesões de pele e danos aos nervos.
"Jackson James me atormenta e meus irmãos — especificamente Duane

e Beau — há anos. Ele nos perturba sem motivo, causa atrasos, e assim por

diante. Ele é um merdinha e estou cansado disso."

Eu o estudei, e vi que ele acreditava que estava certo.

Você está surpresa? Você já não sabia que ele era vingativo? Ele mesmo não te

disse isso?

"Viu? É por isso que as pessoas não me perguntam sobre o meu dia."

Sua mão se afastou das minhas costas, acariciando meu traseiro

possessivamente.

"Por que você não o denuncia? Vai até a delegacia e apresente uma

queixa?"

Cletus me deu um olhar mal-humorado. "Não sou um rato."

Soltei uma gargalhada incrédula. "Então você chantageia alguém para

colocar pó de mico nas suas camisas, mas você não irá procurar os canais

adequados para resolver o problema, porque você não quer mexericar.

Entendi direito?"

"É mais complicado do que isso. Mas sim, essa é a essência." Sua

expressão mal-humorada persistiu. "Gosto de decidir como lidar com

aquelas pessoas que insistem em ser idiotas."

"Você gosta de controle."

Um pouco do seu mau humor foi substituído por suspeita. "Essa é uma

maneira de colocá-lo."

Eu o examinei, o conjunto descontente de sua mandíbula, depois falei

sem pensar.
"Gostaria de entender você."

"Eu lhe disse, não sou muito compreensível." Ele não estava

encontrando meu olhar, o que parecia algo como uma evasão.

Com um pressentimento, disse: "Seus irmãos disseram que você não

gosta de valentões."

A mão de Cletus se acalmou. Ele respirou fundo e respondeu: "Não

gosto."

"Talvez seus impulsos vingativos resultem da sua aversão aos valentões.

Falando com experiência em primeira mão, os valentões podem fazer com

que você sinta que não tem controle. E, se for esse o caso, você é

extremamente compreensível.”

Ele ergueu os olhos para os meus e nossos olhares se trancaram. Senti

que ele queria dizer alguma coisa. Fiquei quieta, esperando que o silêncio o

ajudasse a colocar para fora.

Ele me virou de tal forma que minhas costas estavam contra o sofá e nós

dois estávamos de lado, virados um para o outro. Seus dedos cavaram no

meu quadril.

"Jenn..." Ele parou, como se não soubesse como continuar.

Peguei seu queixo e coloquei um beijo suave nos seus lábios, depois me

inclinei para olhar nos olhos dele.

Ele reuniu um grande fôlego, claramente dividido sobre o que fazer.

Esperei e ofereci um sorriso pequeno e encorajador. Em vez de falar, ele me

beijou. Ele me beijou, e ele tinha o meu gosto, e esse pensamento me deixou

quente e formigando por toda parte.


Eventualmente, ele se afastou, balançando a cabeça. "Deixa para lá. Não

se preocupe com isso."

Apertei meus lábios juntos para esconder minha decepção, mas disse

pragmaticamente: "Um dia, Cletus. Um dia você confiará em mim o

suficiente para falar o que pensa.”

Seu olhar se moveu sobre meu rosto. "Já confio em você."

"Mas não o suficiente." Cocei seu maxilar através de sua barba. "Um

dia."

"Jenn, alguns dos meus segredos não vão te deixar feliz. Na verdade,

eles vão horrorizar você. ”

"Eu sei." Continuei enfiando meus dedos através de sua barba espessa,

gostando de sua textura tanto quanto os cabelos no peito. "Você se lembra de

como eu tinha medo de você? Quando fui pela primeira vez para você? Sei

que você tem cantos escuros, e acho que sei o porquê."

A expressão de Cletus ficou cuidadosamente em branco, mas seus olhos

transmitiam uma profunda tristeza que senti como um soco no estômago.

"Oh, querido." Dei-lhe um pequeno sorriso de compaixão, depois o

beijei novamente, embrulhando meus braços ao redor de seu pescoço e

pressionando meu corpo com o dele. "Tome seu tempo. Qualquer coisa que

você queira compartilhar, eu quero ouvir. Mas algo que você me ensinou

nestes últimos meses é que ninguém pode controlar quem você é —

fundamentalmente, quem você é no seu coração — exceto você. A decisão é

sempre sua."
Seus braços me rodearam fortemente, me segurando como se eu fosse

desaparecer. Ou fosse sair.

“Não importa o que aconteceu no seu passado, quais fantasmas se

escondem lá, o caminho que você toma, só depende de você," apertei-o de

volta, "Mas, egoisticamente, espero que seja sempre a estrada em que esteja.


CAPÍTULO 25

“Três coisas não podem se esconder por muito tempo: a Lua, o Sol e a Verdade. ”

― Gautama Buddha

~Jennifer~

ESPEREI o tempo que pude. Quando não pude aguentar mais, disse:

“Para onde vamos? ”

“Tenho uma ideia.” Seus olhos se dirigiram para mim, então voltaram

para a estrada. “Mais precisamente, é uma surpresa.”

Era terça-feira à tardinha. Nós estávamos no carro de Cletus — o Geo,

não o Buick — e nós deixamos a padaria para que ele pudesse me levar para

algum local não revelado.

Cletus tinha vindo à padaria depois do trabalho, como prometido, e

disse que queria me levar para algum lugar antes da noite cair.

Atualmente, estávamos dirigindo na direção de Cades Cove por cerca

de dez minutos.

“Uma surpresa às quatro e meia?”

O sol estava se pondo e incendiava o céu: as nuvens estavam com

rajadas de vermelho, rosa e laranja, pintadas ainda mais vividamente pelas

temperaturas de quatro graus. Algo sobre o clima frio nesta época do ano

fazia o pôr do sol mais intenso.


“Esta surpresa não depende da hora do dia.” Ele diminuiu a

velocidade, acendendo seu pisca alerta. “E nós chegamos. ”

Olhei para fora da janela, reconhecendo a longa garagem e a casa

branca no final. “Esta é a casa de Claire McClure.”

“É.” Cletus parou em um ponto na frente da casa e desligou o carro.

“O que estamos fazendo aqui? ”

Não parando para pensar, ele disse: “Estamos roubando o lugar. ”

Com isso, ele saiu do carro, então caminhou para o meu lado,

deixando-me sacudindo a cabeça em suas travessuras. Abri minha porta,

mas ele a pegou, oferecendo uma mão enquanto eu ficava de pé.

“O que devemos pegar primeiro?” Apontei para a varanda da frente.

“Os vasos de flores ou os números da casa?”

Ele sorriu, deslizando a palma da mão contra a minha, causando um

arrepio de excitação no meu braço. Cletus me puxou para os degraus da

varanda. “Os vasos de flores estão sujos e estou vestindo o meu melhor

macacão.”

“Cletus. Seu macacão está coberto com manchas de graxa. ”

“Sim. Mas não manchas de sujeira. Não quero desordenar minha

aparência.”

“Oh, irmão.” Revirei os olhos, rindo de sua tolice.

“E esses números são pregados e colados na estrutura. Que tal, em vez

disso, nós levarmos toda a casa? ”

Tropecei no primeiro passo, meu sorriso escorregando e puxei Cletus a

uma parada.
“O que? ”

“Claire está tentando alugar este lugar desde que ela saiu.” Ele limpou

a garganta e olhou para todos os lados, menos para mim. Seus olhos se

moveram sobre a varanda, as caixas sob as janelas cheia de amor-perfeito39, e

o corrimão de madeira branca. “Cuidei das coisas enquanto Jethro estava

com Sienna em seu último filme. Ele voltou a cuidar desde que voltou, mas

eles têm um bebê a caminho. Conheço esta casa e está bem conservada. E ela

tem um bom terreno. Construir um jardim não seria um problema.”

Finalmente, ele se virou para mim, e sua voz baixou, suave. “Isso nos

daria um lugar, só você e eu. Você não precisa se mudar, a menos que você

queira.”

Olhei para ele; meu cérebro precisou de vários segundos para absorver

suas palavras.

Na verdade, meu cérebro precisava de um minuto.

Menos de uma semana atrás, pensei que ele não me queria, agora estava

apaixonado por mim e queria que morássemos juntos. As palavras de Isaac

haviam machucado, me atormentaram. A perseguição do carro me deixou

abalada. Algumas consequências ou retaliação dos Iron Wraiths — tanto

quanto sabia — ainda era uma preocupação.

Não consegui acompanhar todas as mudanças.

“Você quer que moremos juntos? Aqui?” Guinchei incrédula.

Uma carranca pensativa estabeleceu-se entre suas sobrancelhas; sob o

sol minguante, seus olhos inteligentes brilharam com o ardor de saudade.

39
Tipo de flor.
Ele me guiou pelos dois degraus restantes para a porta da frente e sob a

sombra da varanda.

“Não vou ficar satisfeito com momentos roubados na padaria da sua

família. Não estou falando apenas sobre passar o tempo com o seu corpo,”

suas mãos deslizaram por meus braços e baixaram até minha cintura, me

puxando mais perto, “Embora isso seja algo a se considerar. Quero uma

verdadeira privacidade, um lugar onde nós podemos conversar e ficar.”

Conversar e ficar.

Bem, quando ele coloca assim ...

Se fosse possível se apaixonar por uma ideia, fiquei apaixonada por

essa.

Acordar todas as manhãs ao lado de Cletus? Conversar sobre o dia com

Cletus todas as noites? Passar todos os dias com ele?

SIM POR FAVOR, EU POSSO TER OUTRO!

E ainda.

E ainda assim, estava bem com a gente morando juntos? E não se

casando? Era isso que queria? Sempre me imaginei casada antes de dar esse

tipo de passo. Mas por quê? Por que sempre imaginei que estaria casada?

Será porque o casamento era o que queria? Ou porque minha vida com

alguém antes do casamento era algo que meus pais odiariam?

Não sabia como responder a essas perguntas. As coisas entre nós

estavam se movendo em um ritmo vertiginoso. Tanto quanto queria estar

pronta para me lançar em um relacionamento sério com esse inteligente,

lindo e complicado homem, tinha outras considerações. Tentando pensar de


forma racional, que não seja determinar minha própria mente sobre o

assunto, o maior problema era que meus pais não tinham ideia de que

Cletus e eu estávamos envolvidos. Ainda.

Estava planejando contar, mas queria falar com Cletus primeiro.

Além disso, há uma pequena questão sobre dinheiro...

“Jennifer? ”

Levantei os olhos para os dele. A incerteza no seu olhar e o som do meu

nome em seus lábios enviou uma onda de ternura através de mim.

Rapidamente, o tranquilizei. “Gosto desta ideia. Gosto muito.” Segurei

o maxilar de Cletus com uma mão e me maravilhei com o quão natural e

certo era tocá-lo, estar em seus braços. “Mas antes de considerar isso, as

coisas precisam se acalmar. E preciso solidificar algumas questões pendentes

primeiro.”

Senti seus olhos em mim, avaliando, antes dele adivinhar, “Seus pais. ”

“Sim. Meus pais.” No entanto, mais do que meus pais — embora

definitivamente relacionado — minhas finanças. Claro que queria sua

benção, mas não me enganei em pensar que seria dada de bom grado. Teria

que lutar por isso e estava preparada para fazê-lo, inclusive aproveitando

meu lugar na padaria e como a Rainha do Bolo de Banana.

De acordo com o conselho de Anne-Claire, entrei em contato com um

contador em Knoxville, deixando uma mensagem na manhã de sábado

sobre a criação da minha empresa. Minha amiga por correspondência

francesa estava certa o tempo todo. Precisava formalizar o relacionamento


comercial com a padaria, porque sem um relacionamento formal, não tinha

liberdade. Não tinha escolha.

Queria confiar que minha mãe seria justa. No entanto, à luz da verdade

era que se pintasse minhas unhas uma cor diferente da outra seria visto

como um insulto (na melhor das hipóteses) ou um ato agressivo de rebelião

(na pior das hipóteses) digno de recriminações e histeria, e precisava levar

meu futuro financeiro mais a sério. Precisava começar a planejar, ao invés de

permitir que os outros ditem o meu caminho.

“Não acho que seus pais nos darão muitos problemas.” Cletus deslizou

as mãos pelas minhas costas, e continuou: “Os Olivers são tão antigos nessas

partes quanto os Paytons e os Donners. Tenho certeza de que seus pais serão

razoáveis, quando se tratar disso.”

Minhas sobrancelhas saltaram alto na minha testa e olhei para ele com

descrença. “Cletus, amo meus pais. Mas eles não são razoáveis. Minha mãe

teve um ataque semana passada quando disse a ela que não gostava de

vestidos amarelos. E meu pai sempre teve uma ideia muito particular sobre

o tipo de homem com quem ele quer que eu case.”

A penumbra e a sombra da varanda significavam que não podia vê-lo

muito bem, mas senti que ele endureceu, suas mãos se flexionaram nas

minhas costas. “Que tipo de homem é esse? ”

“É uma combinação de coisas,” disse sem rodeios. “Em primeiro lugar,

acho que ele gostaria de alguém que tenha, ou seja, capaz de conseguir

riqueza e notoriedade impressionantes. Se não isso, então riqueza

abundante seria bom. Agora sei que você poderia fazer os dois, se você
definir sua mente para isso, mas não tenho nenhum desejo de riqueza

abundante ou notoriedade. E gosto — bem, gosto principalmente — que

você também não.”

Cletus era um músico talentoso, mas ele nunca quis aparecer. Nunca

permitiu que os holofotes brilhassem intensamente sobre si mesmo. Se ele

não quisesse os holofotes, isso era uma coisa. Mas se temesse os holofotes, se

temesse rejeição ou falta de controle... Bem, isso era outra.

Cletus me examinou. Eventualmente, suas mãos escorregaram de

minhas costas e ele retomou minha mão, me levando para a porta da frente.

“Você acha que ele ficaria feliz com qualquer um que tenha dinheiro? ”

Suspirei tristemente. “Quando era mais jovem, tinha uma visão

diferente de suas prioridades. Ele costumava dizer-me que iria me encontrar

um príncipe, alguém para cuidar de mim. ”

Engoli, secamente estava quente e desconfortável. “Acho que ele sempre

me considerou fraca.”

“Não é isso que você quer agora? Não é sobre isso o que todo esse

negócio de marido era? Alguém para cuidar de você?” Cletus levou a mão

em cima da porta da frente e parecia estar brincando com algo que não

podia ver.

“Não! Isso não foi e não é o ponto em tudo. Queria alguém — quero

alguém — que eu possa cuidar. Não o contrário. Tenho toda essa energia e

carinho e não tive ninguém com quem compartilhar, ninguém para dar isso.

Passo meus dias na padaria e minhas noites também. Minha mãe não
precisa de nada de mim, exceto desempenhar um papel. Meu irmão finge

que não existo. E meu pai pensa que sou uma idiota.”

Cletus virou-se, como se fosse me contradizer, mas ficou em silêncio.

“Você sabe que é verdade. Ele acha que sou ingênua. Ele não é o único

na cidade que pensa isso, também.” Estudei suas costas, ou o que pude ver

na luz baixa. “Aposto que você costumava pensar que estava faltando alguns

parafusos em mim, também. ”

Pegando o que estava procurando, Cletus voltou-se para mim. “Nunca

pensei que você era ingênua.”

“Então, o que você pensou? ”

Sua silhueta se moveu e pude sentir que ele estava lutando. Eu o ouvi

deslizar a chave na fechadura.

Prestativamente, forneci, “A roda está girando, mas o hamster está

morto? ”

“Não. ”

“Se ela tivesse outro cérebro, seria solitário? ”

Ele encarou-me. “Jenn...”

“Seu intelecto rivalizava apenas com ferramentas de jardim? ”

“Você iria...”

“O elevador não atinge o topo? ”

Cletus enrolou um braço em volta da minha cintura e puxou-me para

frente, sua boca facilmente capturando a minha. Ele me virou de volta

contra a parede exterior da casa, me beijando completamente.


Quando fiquei oficialmente com a cabeça distorcida e com muito calor

sob a blusa, ele se inclinou e explicou bruscamente: “Nunca pensei que fosse

idiota. Sentia pena de você.”

Meu estômago caiu aos meus pés.

Não gostei disso. Não sentia pena de mim mesma, não mais. Essa festa

havia terminado oficialmente. Assumi a responsabilidade pela minha

inatividade, vendo as coisas claramente agora.

No entanto, o fato de ter sido uma pessoa com quem ele se compadeceu

fez minha garganta apertar com um embaraço irritado.

Mas antes que meu desgosto pudesse cristalizar completamente, ele

acrescentou: “Mas agora percebo que eu deveria ter sentido pena de mim

mesmo.” Ele mergulhou a cabeça novamente, escovando um beijo precioso

sobre meus lábios, então sussurrou: “Eu era o único perdido.”

***

A CASA DE CLAIRE era incrível. E estar lá com Cletus, foi incrível. E a

noite inteira depois disso, foi incrível.

Cletus nos levou de volta à padaria depois de me dar um rápido

passeio pela casa. Enquanto eu trabalhava e assava, discutimos tudo, desde

novos experimentos químicos que ele encontrou para eu tentar com os

escoteiros, até uma receita que tinha visto em um antigo livro de receitas

para uma torta de salsicha.


Nós decidimos fazer a torta de salsicha juntos. Eu faria a crosta, ele faria

o recheio.

Não o deixei me ajudar a assar minhas encomendas. Sua barba era uma

violação do código sanitário, e esse conceito o fez sorrir.

“Eu sou uma violação do código sanitário,” repetiu, como se seu status

fosse algo deliciosamente irônico. Saquei, me lembrando de uma de nossas

primeiras conversas sobre ser uma padeira discriminada e evitando aqueles

com violações do código sanitário.

Passava das 23h, enquanto ele estava me ajudando a guardar os

ingredientes, saltando para fora da despensa ele estalou os dedos. “Ah,

quase esqueci. ”

“O quê?” Estava limpando os balcões. As faxineiras viriam perto das

3:00 da manhã para esterilizar o espaço, mas gostava de deixar as coisas

arrumadas. Minha batedeira estava preparada para o dia seguinte e toda a

massa estava pronta para a tripulação do início da manhã.

“Jennifer Anne Sylvester,” seu tom era extremamente formal e me fez

sorrir, “você me daria à honra de me acompanhar no casamento do meu

irmão?”

“Eu gostaria...”

“E, assim, retirando sua promessa ao desprezível e sarnento Jackson

James.”

Pressionei meus lábios, para mostrar meu desagrado, trazendo minhas

mãos aos meus quadris. “Você precisa repensar sobre o que está fazendo

para Jackson.”
“Não posso. Já foi feito. E não me arrependo. Ele merece suas pragas.

Vivi com um valentão por muitos anos, sem dúvida, Darrell Winston

moldou quem eu sou. Não suporto pessoas que tiram proveito de posições

de poder para seus próprios desejos mesquinhos. ”

“Você acha que Jackson é o mal? Irremediável? ”

Ele não respondeu imediatamente, em vez disso, escolheu fazer uma

carranca para mim. Então, fiz uma carranca de volta.

Finalmente, disse: “Não. Mas ele é muito grande para suas calças. Então

o fiz ter coceiras.”

“Você não sabe o que suas ações podem causar, como elas podem afetar

alguém. E considere isso: e se você conversasse com Jackson? E se você

conversasse e estabelecesse a paz? Você está tirando a escolha dele e não lhe

dando o benefício da dúvida. Que tal, em vez disso, você tenta falar com ele

primeiro? Então, se ele se recusar a ouvi-lo ou agir como um valentão, então

libere suas pragas. Vá em frente. Você até terá minha benção. ”

Trocamos carrancas novamente, mas ele piscou primeiro.

“Tudo bem. Vou parar com as pragas. Vou falar com Jackson James.

Vou dar-lhe a chance de escolher. ”

“Bom.” Suprimi meu sorriso de vitória, em vez disso, lhe dei um aceno

de cabeça plácido.

“Você não respondeu ao meu pedido original.”

“Qual pedido? ”
“Você. Eu. O casamento de Jethro. Beber um pouco demais. Fazer um

doce amor no meu quarto enquanto outras pessoas dançam o funky

chicken40 lá fora. Esse pedido.”

“Oh, sim. A resposta é sim. Liguei para Jackson no último sábado e

cancelei o encontro. ”

Suas sobrancelhas saltaram, mostrando sua surpresa. “Você fez? ”

“É claro que fiz.” Dei-lhe um olhar descrente mais uma vez. “Nem

posso entender isso. Acho que todos os outros são tediosos em comparação

a você. É como se me oferecessem nuggets de frango congelados quando

poderia ter torta de salsicha. ”

O sorriso de Cletus transformou seus traços lentamente, e seus olhos se

moveram sobre mim, aquecendo gradualmente até que ele estava radiante.

Ele fechou a distância entre nós e me pegou em seus braços. Ele não me

beijou. Simplesmente olhou para mim, como se eu fosse algo maravilhoso e

surpreendente.

“Estou loucamente apaixonado por você, minha Jennifer,” disse.

Abri minha boca para dizer-lhe que eu também estava apaixonada por

ele. Mas ele me impediu com um beijo lento e precioso.

Um beijo que deixou meus joelhos fracos.

Um beijo que fez minha barriga girar.

Um beijo que fez meu mundo melhor e mais brilhante do que era antes.

Cletus Winston está loucamente apaixonado por mim.

40
É uma dança imitando uma galinha.
***

CLETUS ME ACOMPANHOU até o meu carro e me observou ir embora.

Meus lábios ainda estavam formigando de seus excelentes beijos. Amava e

odiava cada vez que ele me beijava, não podia esperar para ele fazer

novamente. Assim como toda vez que nos despedimos, não podia esperar

para vê-lo novamente.

Apesar de sempre querer mais dele, ainda flutuava em uma nuvem

feliz e não conseguia parar de sorrir. Eu me sentia tão abençoada, tão

sortuda. Tinha que levantar em menos de três horas, mas não me importava.

Durmo há vinte e dois anos. Sentia, pela primeira vez na minha vida,

que finalmente estava consciente. A vida estava finalmente acontecendo.

Estava fazendo isso acontecer.

Removi meus sapatos silenciosamente na porta da frente e entrei nas

pontas dos pés dentro da casa — muito parecido com o que fiz na noite

anterior —, mas fiquei surpresa ao encontrar meu pai acordado na cozinha,

fiz uma carranca para ele e ele fez uma para mim de seu lugar na mesa.

Olhei ao redor da sala, procurando por algum sinal do por que ele

estava acordado. Meu pai teria que estar no trabalho às 6 da manhã e nunca

o vi acordado tão tarde.

“Liguei para Momma e deixei uma mensagem mais cedo,” expliquei,

sentindo o desejo de me defender de forma proativa. Ficar até mais tarde na

padaria não era incomum. Contanto que ligasse, não acordaria meus pais
para dizer que tinha chegado a casa. “Disse a ela que iria estar em casa por

volta da meia-noite.”

Ele acenou com a cabeça uma vez, duas linhas infelizes se agruparam

na sua boca. “Eu sei. ”

Franzi o cenho em confusão. “Está tudo bem? ”

“Venha. Sente-se.” Ele fez um gesto para a cadeira ao lado dele, seu

rosto sério. “Nós precisamos conversar. ”

Hesitei, minha mente zunindo com todas as coisas que ele poderia

querer discutir. Não conseguia me lembrar à última vez que meu pai e eu

conversamos sobre qualquer coisa. Talvez uma vez, quando tinha dezesseis

anos e ganhei pela primeira vez o concurso de assados no estado. Ele me

lembrou de que o orgulho era um pecado.

Minha mãe lhe disse para calar a boca, dando-lhe um olhar raivoso

quando ouviu, então me contou o quanto ela estava orgulhosa.

Mas, agora, não conseguia pensar em nada sobre o que ele quisesse

falar comigo.

Talvez a viagem de Nova York? Talvez deseje me lembrar de que o orgulho

ainda era um pecado.

Descartei essa teoria. Enquanto meu sucesso trazia dinheiro para a

família, ele não parecia se importar se era ou não pecaminoso.

“Jennifer, venha se sentar.” Seu tom era duro. Ele estava com raiva.

Hesitei. O que fiz para irritá-lo? Tentei pensar.

A menos que...
E de repente sabia. O quarto inclinou-se ligeiramente e apoiei uma mão

no balcão ao meu lado. Meu pai sabia sobre Cletus. O pavor e o medo

passaram por minhas veias.

Mas você não irá permitir que o medo a controle. Você está no comando de si

mesma e suas decisões. Ninguém mais.

“Jennifer! ”

Meu nome foi uma demanda e isso me fez saltar; Também me

estimulou a ir para frente. Fui a sua direção com lentos e arrastados passos,

reunindo minha coragem e determinação ao longo do caminho, caminhei

com calma para a cadeira oferecida e me sentei, dobrando minhas mãos

sobre a mesa.

“Sobre o que você gostaria de falar?” Perguntei, com meu olhar e minha

voz firme.

No entanto, meus nervos estavam tensos e me preparei para um

extremo desagrado.

Acho que o surpreendi, porque o seu franzir de cenho se intensificou.

“Quero falar sobre o seu comportamento nos últimos meses. ”

Cerrei os dentes e apertei meus lábios, para que não dissesse nada

desagradável.

Quando estava bastante certa de que poderia confiar em mim para falar

sem ser desrespeitosa, disse: “Estou me mudando.”

Não tinha decidido até agora. Mas nesse momento, chegando a casa

para a desaprovação do meu pai — sua desaprovação perpétua — foi

suficiente para responder a pergunta. Estava me mudando.


Algo brilhou em seus olhos, um flash de algo como zombaria e desdém.

“Oh? É assim mesmo? ”

Assenti. “Sim.”

“Com Cletus Winston? ”

Assenti com a cabeça de novo. “Está certo. ”

“E como você vai viver? Ou ele será seu sugar daddy41?”

Não vacilei, mas suas palavras me acertaram como um tapa. “Vou fazer

o que sempre faço. Vou assar.”

Ele se inclinou para frente inesperadamente, empurrando o rosto para o

meu. “Sua mãe não vai te pagar um centavo, jovem. Se você sair, se você se

mudar com esse garoto, então estará morta para nós. Você entendeu? ”

Pisquei para ele, meu rosto de repente quente, minhas mãos de repente

suadas. Lutava para engolir. Esta era a única casa que conheci. Pensei sobre

o que significaria, ser repudiada.

Meu pai repudiou Isaac. Ele nunca falou dele. Minha mãe ainda o fazia.

Poderia dizer que ela ansiava por seu filho perdido.

Mas, para meu pai, era como se ele nunca tivesse existido.

Eu amava meus pais.

Eu amava meu pai.

Mas pela primeira vez na minha vida, questionei o por que. Por que

amo esse homem? Não sabia. Não sabia por que o amava. Ele nunca gostou

muito de mim.

Ele nunca foi especialmente amoroso.

41
Sugar Daddy, ao pé da letra “papai de açúcar”, é um homem mais velho, rico e generoso que dá presentes caros para uma
namorada jovem.
Fiquei de pé, limpando a garganta e afastando-me da mesa. Empurrei

minha cadeira. Todo o tempo, meu pai me seguiu com os olhos, a raiva

fazendo as veias ficarem em relevo em sua testa.

Os últimos meses me levaram até aqui, e foi um momento horrível. Mas

sabia o que tinha que fazer. Levantei meu queixo, segurando minha

compostura por pura força de vontade.

“Se é isso que você quer, então que assim seja.” Minha voz era desigual,

instável, mas não chorei. Não choraria. “Não vou permitir que você me

controle. Não mais.”

Seus olhos se arregalaram e sua boca se abriu. Eu o surpreendi.

Apressadamente, recuperando sua compostura, ele apontou para mim.

“Não acho que você entende. Você sairá daqui sem nada. Se você pegar o

carro, vou denunciar como roubado. Você está saindo daqui com essas

roupas vergonhosas e nada mais.”

“Entendo perfeitamente. Não sou estúpida.”

“Sim. Você é estúpida.” Seu tom era plano e odioso. “Você sempre foi

estúpida. Por que você acha que sua mãe teve que fazer a sua educação

escolar em casa? Você realmente acha que Cletus Winston, Cletus Winston,

vai ficar ao seu lado? Ser um bom provedor? Você acha que ele vai ficar com

você? Ele não vai. Ele vai deixá-la alta e seca42 — assim como o pai dele fez

com sua mãe — e então você não terá nada. Nada.”

42
É uma expressão americana que significa desamparado, abandonado, sem ajuda/apoio.
Balancei minha cabeça, por dentro me sentindo fria e entorpecida. “Não

preciso dele para me sustentar. Se mamãe não me quiser na padaria, então

posso ir para outro lugar. ”

“Você acha isso?” Sua mandíbula marcou com frustração e seus olhos se

estreitaram ameaçadoramente. “Nós vamos processá-la. Vamos processá-la e

você nunca vai conseguir um emprego. Nunca. ”

“Não entendo você. Não entendo por que você está tão odioso. Por que

você está assim? ”

“Ele está me chantageando,” gritou, batendo o punho na mesa, cada

sílaba pingando de fúria. “Esse estúpido bastardo está me chantageando e

ele não vai ganhar. ”

Estremeci, o volume violento de seu juramento me fez endurecer.

Meu pai costumava usar o cinto sobre nós quando éramos crianças, mas

minha mãe o fez parar quando eu tinha dez anos. Ele não tinha levantado

uma mão para mim desde então, mas a loucura em seu olhar me deu

motivos para suspeitar que pudesse tentar.

“Você quer estar com um homem assim?” Ele ficou de pé e avançou em

minha direção, me forçando a dar vários passos para trás. “Huh? Um

homem que chantagearia seu próprio pai? Você diz que sou controlador?

Não sou nada, nada em comparação com aquele filho da puta malvado. ”

Cruzei meus braços, me segurando, afastando-me dele. “O que você

quer dizer? Como ele está chantageando você?”


“Isso não é importante.” Ele cobriu a boca com uma mão trêmula,

limpando seus lábios. Alguma coisa sobre o movimento me pareceu como

pânico. “Você não pode ver? Estou tentando salvar você.”

“Não preciso ser salva.” Recuei outro passo, pronta para sair. Pronta

para acabar com isso. “Nunca precisei ser salva.”

“Oh, sim? Então, o que você acha que precisa, Jennifer?

“Nada que você possa me dar. ”

Ele vacilou, ficando ereto. Meu pai lutou por palavras, finalmente

dizendo suavemente: “Sua mãe e eu, nós amamos você. Como isso significa

tão pouco para você, depois de tudo o que fizemos? ”

Olhei para ele e, pela primeira vez, senti que estava realmente o vendo.

Ele não me amava. Ele usava a palavra amor como uma arma, como um

meio de controle, como forma de garantir minha obediência cega. Ele tornou

a palavra feia.

Ele não me amava.

Ele amava o dinheiro que eu fazia para a padaria.

Ele amava o estilo de vida confortável que minha mãe havia construído.

Ele amava seu status e reputação.

As palavras de Cletus, de tantas semanas atrás, voltaram para mim: Seu

pai é feio e não estou apenas falando sobre o seu exterior.

Ele estava certo. Estava tão certo. Estava farta dele e sua feiura.

“Adeus,” disse simplesmente, com propósito.


Meu pai deve ter ouvido a verdade em minha despedida porque piscou

para mim, balançando nos pés, estupefato. Sua boca se abriu e fechou, como

se estivesse chocado demais para responder.

Aproveitando seu espanto, saí rapidamente. Mas mal segurei minhas

lágrimas tempo o suficiente para sair da cozinha, correr até a porta da frente

e passar pela garagem.

Comecei a chorar na estrada principal quando percebi que tinha

deixado meus sapatos para trás.

E todas as cartas dos meus amigos de correspondência.

E minha mãe.

E a única casa que já conheci.


CAPÍTULO 26

“E, assim, o coração vai quebrar, mas ainda viverá. ”

- Byron

~Cletus~

IRIA SENTIR falta da tranquilidade desta casa. Memórias, boas e más eram

mais barulhentas tarde da noite, quando todos estavam dormindo, menos

eu.

Atualmente, estava sentado na cadeira favorita de minha avó Oliver, ao

lado da lareira, coberto por sua colcha favorita e lendo seu livro favorito, o

segundo volume de The Complete Sherlock Holmes de Sir Arthur Conan Doyle.

A mulher adorava os mistérios, e adorava relê-los uma e outra vez. Mesmo

quando sabia o que ia acontecer, gostava de encontrar pistas novas, disse

que a fazia mais observadora.

Se tudo fosse de acordo com o plano, Jennifer e eu estaríamos entrando

na fazenda de Claire logo após o Dia de Ação de Graças, e tudo ia de acordo

com o plano. Meu tempo nesta velha casa com essas velhas lembranças

estava chegando ao fim.

Era o fim de uma era.

É verdade. Como regra geral, não gostava de mudanças. Minha Jennifer

me surpreendeu de forma continua, e suas surpresas eram uma beleza. Ela


me forçou a reavaliar minhas prioridades e ela me empurrou para além do

círculo satisfeito da minha zona de conforto. Ela me mudou.

Pela primeira vez na minha vida, a mudança era sinônimo de esperança

e antecipação. Esperava ansiosamente por isso. E era revolucionário.

Mas, por enquanto, bebendo a receita da minha avó de um moonshine e

me reencontrando com Red-Headed League43, deixei o passado falar, tanto o

bom como o ruim, e aproveitei meu tempo de silêncio.

"Por que você está usando essa coisa?"

Levantei meus olhos da página do meu livro e olhei para Beau, o

interruptor. "Você terá que ser mais específico. Você está se referindo a

minha jaqueta smoking ou à minha expressão de concentração? ”

"A jaqueta smoking." Beau colocou uma bolsa do que parecia ser

mantimentos no console e fechou a porta da frente. Ele ainda estava com

suas roupas de trabalho.

Ainda em suas roupas de trabalho depois da meia-noite E seu cabelo está

molhado de um banho. Ah ha! A perseguição está em andamento.

"É aconchegante. E as lapelas são de veludo. Você sabe como gosto da

sensação do veludo." Colocando meu livro para baixo, incisivamente olhei

para o seu macacão. "E por que você ainda usando sua roupa de trabalho?"

Beau olhou para si mesmo. "Eu... uh... fui para a casa de um amigo."

Com base na mordida de amor em seu pescoço e na forma como ele

estava evitando meus olhos, traduzi sua declaração para, fui para a casa de

Shelly e nós fizemos muito sexo.

43
The Red-Headed League é um conto policial de Sir Arthur Conan Doyle protagonizado pelo detetive Sherlock Holmes e seu companheiro Dr.
Watson.
Normalmente, não suportava ter meu momento de silêncio

interrompido, mas a presença de Beau nessa hora tardia foi realmente

fortuita. Já era hora de limpar o ar sobre Shelly Sullivan.

"Sente-se, Beau. Acho que devemos conversar."

Ele tirou a jaqueta, pendurando-a no gancho do console e sacudiu a

cabeça. "Pode esperar até amanhã?"

"Não. Acho que não."

Ele bufou, esfregando uma mão cansada sobre seu rosto cansado. "Bem.

O que é?"

Coloquei o meu livro sobre a mesa e apertei meus dedos. "Chega um

momento na vida de todos os jovens quando..."

"Oh, irmão." Beau revirou os olhos e virou-se para a escada. "Não tenho

tempo para um de seus discursos, Cletus. Estou exausto."

"Tudo bem, simplesmente direi claramente. Não estou interessado em

Shelly Sullivan. Mas estou feliz que você esteja. Bom para vocês dois. Vá em

frente e prosperem."

Beau parou de repente, o pé no primeiro degrau da escada. A linha

tensa de seus ombros me disse que o peguei desprevenido, uma suspeita

confirmada pelo choque claro em seus olhos quando se virou para mim.

"O que você disse?"

Nesse exato instante, bateram em nossa porta, várias batidas urgentes

contra a madeira maciça. Beau olhou por cima do ombro e se voltou para a

porta. Trocamos olhares confusos.


Apesar das garantias de Repo por telefone no sábado, que ele manteria

o Catfish em uma coleira até nos encontrarmos, será que o capitão dos Iron

Wraiths ignorou seu líder? Só que eu não tinha ouvido nenhuma

motocicleta.

"Quem é?" Beau perguntou. Pude ver por sua hesitação que ele tinha a

mesma suspeita.

"É Jennifer Sylvester."

Saltei da minha cadeira e corri para a porta, vencendo Beau por três

passos. Eu a abri, revelando o rosto manchado de lágrimas da minha

mulher. Ela ainda estava com a mesma roupa de antes, calça jeans e uma

camiseta, mas não usava casaco ou jaqueta. Seus olhos eram grandes e

tristes, vermelhos e inchados de tanto chorar, e ela estava se segurando.

O medo me atingiu. Puxei-a para dentro da casa e envolvi-a nos meus

braços.

"O que aconteceu? O que aconteceu com você? Você está bem?"

Ela estava gelada. Seus dentes estavam batendo. Esfreguei seus braços.

Jennifer acenou com a cabeça contra o meu peito, fungando. "Estou

bem. Não estou ferida. Bem, exceto meus pés. ”

Olhei para baixo, horrorizado por encontrá-la com os pés descalços.

"Onde estão seus sapatos?"

"Na casa dos meus pais. É uma..." Ela soluçou, sua respiração falhando,

"Uma longa história."

"Beau, vá preparar um pouco de chá." Olhei por cima do meu ombro,

mas vi que meu irmão não estava mais lá.


Franzindo o cenho por seu desaparecimento frenético sobre o estado de

desordem dela, tirei-a do chão e a levei para a cadeira favorita da minha

avó. Eu a envolvi na colcha da minha avó, feita com seus velhos vestidos de

festa, e coloquei o moonshine que estava bebendo contra seus lábios.

"Beba isso, apenas um pouco. Vai aquecer você."

Seus lábios estavam azuis, quase roxos, e ela assentiu, tomando um

gole. Tive que segurar o copo porque ela estava tremendo muito. Empurrei

meus dedos em seus cabelos, que estava solto e emaranhado em seus

ombros, e ela encostou sua bochecha contra minha palma.

"O que aconteceu?" Pressionei incapaz de reduzir a questão.

Precisava saber quem iria mutilar.

Ela suspirou, fechando os olhos. "Meu pai estava me esperando...

quando cheguei a casa."

O medo frio agarrou meu coração, enviando gelo e ira através das

minhas veias.

Trabalhei para manter o meu tom. "Ele te machucou?"

Não importava qual era a resposta, iria despedaçar seu mundo. Iria

destruí-lo, reduzi-lo a pó sob o calcanhar da minha bota.

Ela balançou a cabeça. "Ele não me bateu, se é isso que você quer dizer."

Uma manada de elefantes descendo a escada – pelo menos soava assim

– me fez olhar por cima do meu ombro. Billy, seguido de perto por um Beau

preocupado, atravessou a sala e ficou ao meu lado.

"Ela está bem?" Billy perguntou, franzindo a testa entre Jennifer e eu. "O

que podemos fazer?"


"Você pode fazer um pouco de chá. E colocar um pouco de espírito44

nele. Melhor ainda, aqueça um pouco de caldo de galinha."

Billy assentiu uma vez e depois me surpreendeu dando um passo à

frente e se agachando ao lado de onde Jennifer estava sentada. Ele apertou

seu ombro brevemente e esfregou seu braço pelo cobertor.

"Cletus irá dizer-lhe, mas você precisa acreditar nele. Você tem um

lugar seguro aqui e deve ficar o tempo que quiser. ”

Ela assentiu com a cabeça, mas manteve os olhos fechados, a boca

pressionada em uma linha rígida. Ela estava tentando não chorar.

Billy deu ao seu braço mais um aperto, me enviando um olhar de apoio

e logo ficou de pé. "Venha, Beau. Vamos dar-lhes um pouco de privacidade."

"O que? Privacidade? Por quê?"

"Porque, imbecil, essa é a mulher dele e eles precisam de alguma

privacidade."

"Espere, o quê?" A resposta de Beau foi nítida e atordoada.

"Beauford Fitzgerald, feche a sua armadilha de mosca45 e se mova. Só

vou explicar isso uma vez..." A voz de Billy sumiu quando ele empurrou

Beau para dentro da cozinha.

Seu rosto ainda estava frio, então me ajoelhei na frente dela e apertei

minhas mãos contra seu rosto. Obriguei-me a não fazer perguntas. Precisava

saber o que aconteceu, mas ela precisava que eu fosse paciente.

Então poderia ser paciente.

44
Ele quis dizer para colocar um pouco de bebida alcoólica.

45
Fechar a boca.
Sim.

Odeio ser paciente.

Quando estava prestes a perder a batalha contra a curiosidade, ela abriu

os olhos e olhou para mim. Parou de tremer, principalmente. Seu queixo

tinha parado de bater. Mas seus olhos ainda estavam aborrecidos e abatidos.

Odiava o quão impotente estava naquele momento. Precisava tirar sua

tristeza, enterrá-la, bani-la, destruí-la.

"Diga-me o que fazer," implorei, desesperado para fazer alguma coisa.

Ela engoliu em seco, balançando a cabeça com tristeza. "Não tem nada

para fazer. Meu pai me renegou, então fui embora."

"Sem seus sapatos?"

Ela assentiu.

Fiz uma careta para essa notícia. "Por que você está tão gelada?"

"Caminhei até aqui."

"Você caminhou até aqui?" Não pude manter a raiva fora da minha voz e

o som a fez se encolher, e isso quebrou meu coração.

Sim. Destruirei. Ele será destruído por mim.

"Cletus..."

"Sinto muito. Irei me acalmar. Serei aquela água de pepino gelado

chique. Por favor, continue. Diga-me o que aconteceu. ”

Ela lambeu os lábios e vi que eles estavam rachados. Mas não estavam

mais azuis. Ela cobriu minhas mãos em seu rosto com as dela e as trouxe

para o colo, olhando para onde nossos dedos estavam entrelaçados.


"Ele disse que precisávamos conversar. Estava realmente com raiva,

comigo, sobre nós. Ele sabia sobre nós e disse," engoliu em seco, juntou uma

grande inalação, e continuou, "Ele estava louco. Ele disse coisas loucas. ”

"Como o quê?"

"Ele disse que você queria me controlar. Que você me deixaria. Que

ficaria sem nada. Disse que se eu tentasse trabalhar em outra padaria, ele me

processaria."

"Ele não pode fazer isso a menos que você tenha assinado um acordo de

não concorrência, o que suponho que você não tem."

"Eu não tenho. Não sou tecnicamente uma empregada. Cletus," olhou

para mim, preocupação e medo atormentando suas feições, "Não tenho

nada. Nem tenho uma conta bancária. Fui tão estúpida, confiando em meus

pais. Deveria ter formalizado tudo há muito tempo."

"Não se preocupe com isso." Acenei para longe seu medo, precisando

que ela se sentisse segura.

"Eu vou me preocupar com isso." Ela franziu o cenho para mim, suas

sobrancelhas se juntaram até que duas linhas ferozes apareceram entre seus

olhos. "Preciso ser capaz de me sustentar. Vou para Knoxville amanhã. Há

uma padaria no antigo bairro que tem tentado me contratar por anos. Vou

começar por lá."

"Bem. Vou levar você. Mas não é nada para se preocupar agora."

Apertei meus dedos sobre os dela. "O que sua mãe disse sobre isso? Tenho

dificuldade em acreditar que ela está disposta a perder você na padaria."


Jennifer balançou a cabeça. "Ela não estava lá. Era apenas ele, gritando

para mim e falando mentiras."

"O que você quer dizer? Que mentiras?"

"Ele disse que você estava o chantageando. Que ele me amava. Mas

queria me salvar de você. Foi tão horrível."

Endureci, e de repente meu estômago apertou. Descobri que estava com

dificuldade para engolir através do nódulo misterioso alojado na minha

garganta.

Jenn fungou novamente. "Então tive que sair. Tive que sair de lá e ficar

longe de suas mentiras."

Sentei-me em meus pés e estudei seu rosto cansado, incerto de como

proceder. Kip pode ter mentido sobre amar sua filha, mas não estava

mentindo sobre a chantagem.

"No começo, acho que realmente pensou que poderia intimidar-me para

desistir de você." Ela estava olhando além de mim, no fogo, falando

principalmente para si mesma. "Acho que ele pensou que eu iria cair, que

continuaria fazendo tudo o que ele quisesse. E quando não fiz, ele mentiu. E

quando isso não funcionou, tentou voltar atrás e me culpar, dizendo que ele

me ama. Ele está doente."

Tinha que corrigi-la. Se não o fizesse, então ele teria o poder.

"Jennifer. Tenho que te contar uma coisa."

"O que é?" Seus olhos voltaram para os meus. Ela parecia exausta.

"Estou chantageando seu pai."

Jennifer parou. E então piscou uma vez, confusa. "O que?"


"Estou chantageando ele."

Ela olhou para mim, seus olhos ficando incrivelmente largos, até que a

compreensão os tornou afiados com a traição.

"Você chantageou meu pai?" Sussurrou, puxando seus dedos dos meus.

A acusação em suas palavras foi cortada; tinha que ajudá-la a ver a

razão.

"Sim. Estou. Eu o chantageei para que nos deixasse em paz."

Ela levantou-se abruptamente, mancando para o outro lado da sala e se

virou para mim. Cruzou os braços, embrulhando o cobertor mais apertado

em torno de seus ombros, olhando com punhais brilhantes de dor e fúria em

minha direção.

"Não posso acreditar em você. Não posso acreditar que você faria isso."

"Queria que ele nos deixasse em paz, que nos desse a sua benção."

Ela balançou a cabeça, seus olhos se tornando distantes e sem foco.

"Diga-me o que aconteceu."

Fiquei de pé devagar. "Ele veio me ver na oficina segunda-feira.

Disse-me para recuar. Então disse a ele que não faria. E então lhe disse que

ele nos daria seu apoio incondicional, ou iria contar a sua mãe que ele a

estava traindo com a Sra. Elena Wilkinson por vários anos."

Sua boca se abriu, larga com choque. Demorou vários segundos, mas

eventualmente ela engasgou, "A secretária da escola?"

"Isso mesmo."

"Ele está traindo minha mãe?" Sua voz quebrou com desgosto e

descrença. "Como você sabe disso?"


"Tenho provas. Tenho fotos e e-mails trocados entre os dois. Eles

passam a maioria dos fins de semana juntos, indo para a Geórgia. Eles têm

uma casa juntos."

Ela balançou a cabeça, cobrindo os olhos com as mãos. "Uma casa juntos?

Não posso acreditar nisso."

Assenti com a cabeça uma vez, dando tempo para ela absorver essa

informação. O movimento na entrada da cozinha chamou minha atenção.

Billy e Beau apareceram e eles estavam carregando uma bandeja com uma

quantidade ridícula de comida. Quando eles viram minha expressão,

pararam, então começaram a sair da sala lentamente.

Enquanto isso, Jenn trocou de posição e eu estremeci. Seus pés foram

cortados e feridos e provavelmente causavam grande dor.

"Você deve se sentar." Aproximei-me para ajudá-la, mas ela ficou rígida,

afastando-se de mim.

"Não me toque."

Billy parou, seus olhos afiando enquanto se moviam entre nós.

Jennifer soltou uma respiração trêmula. "Por que você não me falou

sobre isso?"

"Porque não queria perder o meu trunfo. Se você descobrisse, sabia que

você diria a sua mãe."

"Malditamente certo, eu diria a ela," gritou, claramente furiosa. Mas

então suspirou e seus ombros se baixaram, e assisti enquanto a luta parecia

deixar seu corpo. "Não posso acreditar que você faria isso. Achei... você

disse que estava apaixonado por mim. ”


Maldição.

Porra.

Maldição.

"Estou apaixonado por você."

Eu só queria segurá-la, mas toda vez que dava um passo adiante, ela

recuava. Ela precisava de distância, precisava de espaço e eu precisava dela.

"Não. Você não está. Você só quer me controlar, como o meu pai."

O que?

Não.

Não, não, não.

Fechei minhas mãos em punhos de frustração.

Mulher teimosa.

"Com licença." Mal consegui controlar minha voz. "Mas isso é uma

besteira completa e absoluta."

Uma faísca reascendeu atrás de seus olhos e não era agradável.

"Mesmo? Porque não parece besteira. Parece que você quebrou meu coração.

Confiei em você. Mas, obviamente, você não confia em mim."

"Confio em você," disse com os dentes cerrados.

"Mas não o suficiente." Ela balançou a cabeça, sua voz quebrando com

as palavras. "Não o suficiente para confiar que escolheria você sobre a

desaprovação dos meus pais."

Fiz uma careta para ela, assustado por sua afirmação. Na verdade, suas

palavras me atingiram diretamente no coração e me deram uma pausa.

Ainda mais verdadeiro, o pavor encheu meu peito.


Confio nela.

Confio.

Confio nela. Mas seus pais...

"Eles a controlaram por anos, Jenn. E você queria que eu, o quê?

Confiasse que de repente a aprovação deles deixaria de ser o fator mais

importante na sua vida? Não. Fiz o que tinha que fazer para garantir que

estaríamos juntos."

"Você fez o que tinha que fazer para controlar a situação." Ela apontou

um dedo irritado para mim, seu rosto torcido de fúria, fazendo meu coração

sentir como se estivesse preso em um torno46.

"Bem. Sim. Isso é o que fiz. E faria isso de novo. Faria isso cem vezes se

garantisse que você fosse minha e eu fosse seu."

Seu queixo balançou e seus olhos inundaram com lágrimas. Ela as

enxugou, bufando uma risada sem humor. "Bem, você não precisava

chantagear meu pai, Cletus. Porque escolhi você."

Franzi a testa, o tempo parecia mais lento. "O que você quer dizer?"

"Meu pai me deu um ultimato antes de sair. Ele disse que tinha que

escolher – você ou minha família.” Jennifer redirecionou os olhos para o

chão.

Não conseguia respirar e meu pulso acelerou rapidamente, alto entre

meus ouvidos. Eu a assisti, esperando, temendo suas próximas palavras.

"Escolhi você," sussurrou, girando o parafuso final do torno quando

duas lágrimas gordas deixaram novas marcas em seu belo rosto. "Escolhi

46
Ferramenta provida de um eixo horizontal rotativo, usado para dar forma ou acabamento a uma peça; torniquete.
você sobre minha família, sobre a sua desaprovação, sobre tudo. Escolhi

você. E você escolheu o controle."

Foda-se a distância. Foda-se o espaço. Foda-se. Foda-se tudo.

Andei até ela em cinco passos, precisando tocá-la e fazer algo para

remover sua dor. Mas ela se afastou.

"Não. Não me toque. Não quero que você me toque. Não posso... não

posso fazer isso." Ela levantou os braços como se estivesse me repelindo.

Levantei minhas mãos entre nós, mostrando-a que me rendi. Não a

tocaria se ela não quisesse. Mas então, Billy estava lá, entrando entre nós. Ele

jogou uma careta desapontada na minha direção que me fez estremecer.

Então virou as costas para mim, pegando Jennifer em seus braços, dando-lhe

um abraço apertado.

Racionalmente, sabia que deveria agradecer ao meu irmão. Deveria

agradecê-lo por confortar Jennifer quando não poderia, quando ela não me

deixaria.

Irracionalmente, queria arrancar seus braços e pernas e espancá-lo até a

morte com eles.

Ela estava chorando novamente, e o som me rasgava. Eu era um animal

enjaulado, ouvindo os gritos de sua companheira. Estava impotente. Odiava

ser impotente.

Odiava essa situação.

Billy ergueu-a, levando-a em seus braços pela escada. Eu os assisti ir,

dando um passo para segui-los e me detive. Pontos negros de fúria


preencheram minha visão. Empurrei minha mão pelos cabelos e segurei

minha testa, olhando para eles.

As bordas do meu controle foram destruídas e a espiral de escuridão –

raiva feroz – e arrependimento caíram em mim. Meus pulmões estavam em

chamas. Não conseguia engolir. Não conseguia respirar. Não conseguia

pensar.

E não podia ficar aqui.

Então saí.
CAPÍTULO 27

"O sofrimento é um dom. Nele está a misericórdia oculta. ”

― Jalaluddin Rumi

~Cletus~

QUANDO SAÍ de casa, fui direto para o galpão e cortei o inferno de

algumas madeiras. Na verdade, muitas madeiras. Muitas e muitas madeiras.

A exaustão seguiu, mas o gosto acre da impotência permaneceu.

Esfreguei meu peito, abaixei o machado no toco e tentei recuperar o

fôlego. As imagens dos olhos de Jennifer enquanto me afastava, amargurada

com traição e dor, passavam por minha mente. Estava com essa imagem fixa

na memória. Não conseguia esquecer isso. Meu coração sangrou. Jorrando,

um tormento sem fim.

Estreitei meus olhos no campo escuro quando ouvi passos se

aproximando do galpão. Billy, e não estava sendo sorrateiro quando passou

através da grama.

"O que diabos você estava pensando?" Ele gritou comigo, a vários

metros de distância.

"Você sabe o que estava pensando. Estava fora do barco e queria

continuar assim."

"Você deveria ter confiado nela para tomar a decisão certa."


"Obrigado pelo conselho, querida Abby. Mas você está um dia atrasada

e um dólar mais pobre. Fiz o que precisava ser feito."

Acreditar nas pessoas nunca tinha chegado facilmente a mim. Eu era,

por natureza, suspeito e desconfiado, principalmente porque - se fosse para

acreditarem um padrão de QI - a maioria das pessoas eram idiotas.

Mas Jennifer não era uma idiota. Jennifer era brilhante e sábia, gentil e

boa, e tudo para mim.

E simplesmente fodi tudo.

As mãos de Billy chegaram até a cintura. "Chantageando seu pai?"

"Isso é certo." Defendi-me, mas minhas palavras não tinham convicção.

"O homem tem muitos segredos, como a maioria das pessoas malvadas."

Peguei o machado e balancei-o no toco. A madeira queimada não tinha me

satisfeito.

"Quantos segredos você tem, Cletus?"

Concentrei os meus olhos no meu irmão. Não respondi. Se ele estava

tentando me irritar, se ele estava tentando aumentar minha miséria, seu

plano estava funcionando.

Seus olhos cintilaram entre os blocos de madeira e eu. "Não precisamos

de mais madeira."

"Muito ruim." Coloquei outra peça na pilha. "Todos vocês são

separadores de madeira egoístas. Talvez Beau esteja tendo dificuldade, você

já pensou nisso? Talvez ele precise dividir um pouco de madeira. Só porque

você e Jethro reduziram a metade da floresta ao longo do verão, não

significa que eu não possa dividir a madeira agora."


"E só porque alguém tem segredos não significa que eles são maus."

O tom pejorativo de Billy me fez endireitar e encontrar seu olhar, meus

pulmões queimando, enchendo-se de fúria.

"Ele está tendo um caso, Billy," disse, apenas controlando meu desejo de

gritar em seu rosto. "Kip Sylvester tem tido um caso por vários anos com a

secretária da escola. Ele diz a Jennifer que vestir-se como uma pessoa

normal é pecaminoso e faz com que ela se sinta envergonhada de si mesma.

Ele pega seu dinheiro e compra carros e barcos de luxo. Ele a chama de

nomes, deprecia-a diante das pessoas, sua própria filha!"

Billy se encolheu, levantando as mãos e mostrando-me as mãos das

mãos. "Acalme-se. Sei que ele faz, eu o vi cortá-la antes. Ele é uma pessoa

terrível. Mas não estou falando sobre Kip Sylvester. Estou falando de você."

Continuei discursando principalmente para mim. "Ele é o estúpido. O

que ele estava pensando? Que eu estava blefando? Vou arruiná-lo. Juro que

estamos rodeados por imbecis e idiotas nesta cidade.

"Só porque alguém é um idiota não significa que ele seja uma pessoa

ruim. E só porque alguém é inteligente não significa que ele é bom."

Olhei para o meu irmão. Esta não era a primeira vez que ele me

lembrava desse fato. Deixei cair o machado no chão e virei, procurando uma

saída satisfatória para minha ira.

Jennifer estava certa. Eu não confiei nela. Não acreditava que ela me

escolhesse sobre seus pais. Faltava fé. Eu sabia demais. Tinha muita

experiência. Eu estava cansado.


Não encontrando nada para destruir, resmunguei de frustração e

golpeei o lado do galpão. "Se a ignorância é uma bênção, então o

conhecimento é uma jaula."

"Mas o conhecimento é apenas uma gaiola se você morar isoladamente."

Sua voz era cuidadosa e controlada. "Jennifer é inteligente. E ela é boa. A

vida não foi particularmente gentil com ela, mas ela ainda é gentil.

Acenei com a cabeça, uma parte da minha raiva dando lugar ao cansaço

quando pensei em sua bondade. "Eu sei. Sua bondade não a torna fraca, ela

a faz forte."

"Ela vai te perdoar."

Bufei uma risada sem humor e abanei minha cabeça. "Ela não deveria.

Deveria me odiar, traçar minha morte."

"Mas ela não vai. E é por isso que vocês dois pertencem um ao outro.

Você está procurando uma chave para sua gaiola? Bem, essa mulher é ela.”

Billy virou-se, não esperando por uma resposta, e voltou para casa,

deixando-me no escuro com um machado e uma enorme pilha de madeira.

Desviei minha atenção de suas costas e olhei para a pilha de lenha. Nós

tínhamos muitas, não poderia caber tudo no galpão. A pilha excedente

também estava oscilando, já muito alta.

Livrar-se disso seria uma dor. Quando o bebê de Jethro nascesse e

fosse mais velho, talvez possamos ensiná-lo sobre comércio.

Talvez o filho de Jethro e meu filho possam vendê-las juntos... e limonada... e

os bolos de Jennifer.
Minha garganta se apertou até não poder engolir porque vi meu

futuro com Jennifer e incluía crianças. E primos. E assar bolos e consertar

carros. Faria para eles uma caixa de areia de pneu de trator e pás de plástico

de recipientes de leite. E quando eles tivessem idade suficiente, ensinaria a

esses pequenos patifes a usar a aguardente da avó Oliver para a

consternação de suas mães.

Era um futuro que valia a pena se fixar.

E Jennifer era a chave da minha gaiola. Ela era a chave para o meu

futuro. Nós nos encaixávamos. Seus pontos fortes sobrepunha as minhas

fraquezas. Se ela me desse outra chance, lhe daria minha fé. Confiaria nela

completamente. Dar-lhe-ia tudo. Diria a ela tudo.

Tudo.

Porque o conhecimento é apenas uma gaiola se você habitar em isolamento.

A dor no meu peito não abrandou. Não diminuiu. A ferida apodreceu.

O tormento persistiu. Franzi o cenho para a pilha de lenha,

descontentamento se estabelecendo como chumbo e ácido no meu

estômago. Ainda havia a possibilidade distinta de que ela não me perdoasse.

Mas essa possibilidade parecia amarga. Jennifer era uma pessoa que

perdoava. Por ser tão indulgente, as pessoas se aproveitaram do coração

generoso dela.

E, Deus Todo Poderoso, não queria ser uma dessas pessoas. Eu me

recusava aproveitar, mesmo que ela provavelmente me deixasse.

Estava em um impasse.

Pedir que Jennifer fosse minha chave seria pedir demais.


Mas eu não podia deixá-la ir.

Não podia.

Não posso.

***

NÃO CONSEGUI DORMIR.

Consequentemente, acordei Duane e informei-lhe que precisava de um

piloto de fuga uma última vez. Ele foi surpreendentemente alegre sobre isso,

embora fosse 6:00 da manhã.

"Estamos nos escondendo? Ou batendo na porta?" Duane desacelerou

quando se aproximou da entrada dos Sylvester.

"Estou batendo na porta. Mas se eles me derem problemas, precisarei

agarrar suas coisas rapidamente e sair. Você fica no carro até eu lhe dar o

sinal."

"Parece bom."

Passei a porta da frente, observando que o BMW da Jennifer e a BMW

de sua mãe ainda estavam estacionados na garagem, mas o carro de Kip

tinha desaparecido.

Toquei a campainha. E esperei. Apertei novamente a campainha.

Diane Donner-Sylvester abriu a porta e olhou para mim com grandes

olhos. "Oh," seu rosto caiu, "Pensei que você pudesse ser outra pessoa."

Dei a mulher uma olhada. Ela parecia confusa. A Sra. Donner-Sylvester

nunca pareceu bagunçada. Sempre parecia arrumada.

"Você estava esperando que eu fosse Jennifer?"


Ela olhou-me bruscamente. "O que você sabe sobre Jennifer?"

"Sei onde ela está."

Diane ofegou, sua mão seguindo para a boca dela. "Meu Deus. Ela está

bem? Fiquei doente de preocupação. Ela deixou o telefone." A mãe de

Jennifer agarrou meu braço e me segurou firmemente, os olhos arregalados

e em pânico.

A mulher parecia estar realmente perturbada. Claramente, seu marido

não achou oportuno preenchê-la sobre os detalhes de por que Jennifer a

tinha deixado. Virei-me para Duane e fiz-lhe um acenou para me seguir,

então, dei a Diane o meu sombrio assentimento.

"Ela está bem. Embora seus pés precisem descansar.” Levei a mulher

para dentro de sua casa, deixando a porta aberta para Duane poder entrar.

"Estamos aqui para pegar algumas de suas coisas, para que ela possa estar

mais confortável. Você pode empacotar uma mochila?"

"Uma mochila? O que? Por quê?" Ela parou o nosso progresso e pisou

na minha frente, seus olhos se dirigiram para Duane enquanto ele entrava,

então de volta para mim. "Não. Ela precisa voltar para casa."

"Tenho medo de que isso não aconteça, não hoje, de qualquer forma."

Diane levantou-se de forma direta e alta, tirando a mão do meu braço.

"Você está dizendo que você fala por Jennifer? Você conhece sua mente? O

que ela quer?"

"Não senhora. Certamente não falo pela mente de Jennifer ou finjo saber

o que ela quer. Mas falo por seus pés. E ela não pode andar. Portanto, não

está voltando para casa hoje. O que acontece amanhã depende dela."
"O que há de errado com os pés dela?"

"Ela caminhou de sua casa para a nossa sem tênis. Seus pés estão em

mau estado," Duane ofereceu, seu tom acusatório.

Diane engoliu em seco, sua boca em uma linha tensa enquanto olhava

entre nós. Notei com alguma frustração que Duane encontrou seu olhar com

um olhar intenso. Ele não era o tipo caloroso e amigável.

Deveria ter trazido Beau.

Duane deveria ter ficado no carro com sua personalidade perturbadora,

enquanto Beau poderia ter falado com ela para empacotar a bolsa.

Seus olhos perspicazes saltaram entre nós e, finalmente, pousaram em

mim. "Se você não fala por Jennifer, então, por que ela é sua preocupação?"

Duane abriu a boca para responder, provavelmente com outra coisa

encantadora e charmosa, então eu o interrompi.

"Sua filha veio me ajudar," protegi.

"Eu quero vê-la," exigiu de repente, cruzando os braços.

Suspirei.

Eu estava cansado. E tanto quanto queria lutar com essa mulher, essa

não era minha luta. Era a luta de Jenn. Como ela provou muitas vezes nos

últimos meses, ela era perfeitamente capaz de lutar suas próprias batalhas.

Eu não estava acostumado a permitir que as pessoas combatessem suas

próprias batalhas, especialmente pessoas que eu amava.

Consequentemente, suspirei.

"Sra. Donner-Sylvester, se você vê ou não vê Jennifer não depende de

mim. Depende da sua filha. Então, deixe-me dizer o que vai acontecer."
Parei, dando-lhe um minuto para reagir ou interromper. Ela não fez. Em vez

disso, ela olhou para mim - meio esperança, meio raiva - então continuei.

"Nós vamos embalar uma sacola para Jenn - apenas algumas coisas - para

que ela possa estar confortável. E nós vamos pegar o telefone, para que você

possa chamá-la. Como isso soa?"

Uma quantidade de sua ira se dissipou, deixando a maior parte da

esperança. Ela lambeu os lábios, seus olhos se movendo para Duane, então

para mim.

"Acho que vai ter que servir. Mas vou arrumar sua mochila."

"Sem vestidos amarelos," Duane exigiu do nada, franzindo o cenho. "E

tênis ou sandálias, sem sapatos de fantasia. Seus pés estão feridos, então não

pode usar esses sapatos elegantes. ”

Diane estreitou os olhos para Duane e pensei por um momento que ia

dizer-lhe para ir para o inferno. Em vez disso, balançou a cabeça firmemente

e virou-se, respondendo por cima do ombro, "Já volto."

Assim que estava fora do alcance de ouvir, bati no ombro do meu

irmão. "Você acha que poderia nos dar um pouco menos de alegria, Duane?

Estou recebendo cáries de toda a doçura que você está espalhando."

Ele sorriu para mim, encolhendo os ombros. "Admita, você vai sentir

minha falta quando eu for embora."

Apesar do meu cansaço, devolvi o sorriso dele. "Vou sentir falta

daqueles bolinhos de mirtilo."

"Nuvens incríveis e macias. Não é isso que você os chamou?"


Acenei com a cabeça uma vez, suspirando de novo. Estava suspirando

muito esta manhã. Cortar madeira por quatro horas depois de lutar com o

amor de sua vida custa um preço.

Jethro estava se casando em alguns dias.

Duane e Jess partiriam na próxima semana.

E Jennifer...

"Vou te dar um conselho, Cletus." Duane bateu no meu ombro. "É algo

que você me disse uma vez."

"Ah não."

"Oh, sim." Sorriu, grande e largo, e essa era uma visão para se ver.

Duane nunca sorria, na verdade, a não ser que Jessica estivesse na sala.

Preparei-me para qualquer pepita de excremento que ele estava prestes

a me atirar.

"Tudo é temporário, Cletus. Isso," gesticulou para o nosso entorno, "Isso

é temporário. Mesmo as montanhas caem. Nada dura para sempre. Você

tem a chance da felicidade, mesmo por uma semana, um mês ou um ano?

Você agarra e a mantém firme durante o tempo que durar. Quero que você

aproveite."

"Você quer que eu aproveite?" Perguntei categoricamente, levantando

minha sobrancelha com sua pequena performance.

"Isso mesmo. Agarre essa mulher, Cletus. Você a faz sua. E então,

depois," ainda sorrindo, Duane largou a mão no meu ombro e me deu um

pouco de agitação, “Você dá a essa mulher sua salsicha."


CAPÍTULO 28

"Por trás de tudo o que existia, havia algo trágico."

― Oscar Wilde, o retrato de Dorian Gray

~Jennifer~

UMA MÃO GENTIL tocou meu ombro, me sacudindo um pouco. Virei,

piscando, olhos cerrados no proprietário da mão.

Era Ashley. Ela me deu um sorriso suave e afastou meu cabelo da

minha testa com um gesto decididamente maternal.

"Estou aqui para ver seus pés," sussurrou. "Você pode voltar a dormir,

simplesmente não queria acordá-la enquanto fazia cócegas nos seus dedos

dos pés e me chutasse no rosto."

Ela ligou a luz ao lado da cama. Esfreguei os olhos e procurei no quarto

escuro por um relógio.

"Que horas são?"

Entorpecidamente assisti enquanto arrumava desinfetante e gaze na

cama. "Apenas nove e trinta."

Disparei, um pico de adrenalina com medo de me levantar

completamente acordada. "Estou atrasada!"

"Shhh." Ashley colocou as mãos nos meus ombros e empurrou-me de

volta para uma posição reclinada. "Você não está atrasada. Você está

dormindo."
Fiz uma careta para ela, no quarto desconhecido, e então os eventos da

noite anterior caiu sobre mim e estremeci, meus braços instintivamente

envolvendo-me.

Depois do desagrado com Cletus, Billy me levou para um quarto.

Suspeito que fosse o antigo quarto de Ashley porque as fotos dela com

outras pessoas pontilhavam as superfícies, a cama de solteiro estava coberta

por uma colcha floral e as letras A S H L E Y pendiam na parede.

Na noite anterior, Billy me colocou na cama e colocou uma mão nas

minhas costas; enrolei-me como uma bola e cobri meu rosto com as mãos,

desejando que as lágrimas parassem. Não podia pensar, porque se pensasse

em qualquer coisa, teria que sentir algo. Não estava pronta. Então acalmei

minha mente, imaginando um campo coberto de neve branca.

Eventualmente, as lágrimas pararam. E quando elas fizeram, mergulhei

em um sono sem sonhos, até Ashley me acordar.

"Isso é certo," disse, lembrando: "Não tenho nenhum lugar para ir." E

não tenho para onde ir.

Ashley se mudou para o final da cama e começou a esfregar minhas

solas.

"Eles fizeram um bom trabalho," murmurou, retirando um Band-Aid.

"O que é isso?"

Seus olhos cintilaram para os meus e ela me deu um caloroso sorriso.

"Billy e Beau. Eles fizeram um bom trabalho limpando seus pés e tentando

fechá-los."
Quando continuei olhando para ela com confusão, ela acrescentou:

"Billy me chamou. Ele estava preocupado porque você não parecia notar que

eles estavam mexendo nos seus pés. Disse que você simplesmente olhou

para o espaço e não respondeu. ”

Uma leve corrida de vergonha apareceu no meu pescoço. "Não me

lembro."

"Imagino que você não lembre. Pelo que ouvi, você passou por muito."

Não respondi. Não tinha certeza do que dizer. Não queria reviver o que

aconteceu com meu pai. Cletus era seu irmão, então falar com ela sobre ele

estava fora de questão. Além disso, dói pensar em Cletus. Doía pensar em

como ele não confiava em mim para escolhê-lo. Ou talvez ele não pensasse

que fosse forte o bastante para me defender dos meus pais e nos colocar em

primeiro lugar. Talvez ele ainda sentisse pena de mim. E esse pensamento

doeu muito.

Não queria sua pena. Não queria que ele me visse como fraca ou frágil.

Eu não era.

"Posso ouvi-la pensar," Ashley disse, seus olhos em meus pés. "Você

também pode falar sobre isso. Sou uma profissional de saúde treinada e

garanto-lhe que ouvi mais histórias caprichosas do que o barman no Pink

Pony."

Eu a estudei, observando-a concentrar-se com as mãos firmes. Ela

falando me lembrava de muito do Cletus. Ela era muito importante, mas

com um toque mais suave.


Acertei a garganta e olhei para o teto. "Como você prova a alguém que

você é forte?"

"Através de suas ações," respondeu sem hesitar.

O quarto ficou em silêncio por um minuto inteiro enquanto pensava em

sua resposta. Um plano se desenvolvia, onde provaria a Cletus, que era

forte, que poderia confiar em mim, que nós éramos iguais. E quanto mais

pensava em meu plano, mais percebi que esse plano não era realmente

provar nada para Cletus. Este plano era provar algo para mim mesma.

Ashley quebrou o silêncio. "Agora, se esse alguém é Cletus Winston...”

Seus olhos se levantaram e nossos olhares se conectaram. "Então, posso

sugerir que você adicione um pouco de sorrateira a receita? Porque, tanto

quanto eu amo meu irmão - e, não falo a ninguém, mas ele é meu favorito -

ele precisa de um bom gosto de seu próprio remédio de vez em quando.

Então, se você pode pensar em uma maneira de provar sua força e puxar

uma sobre o mestre das marionetes ao mesmo tempo, deixe-me saber como

posso ajudar. ”

Olhei para Ashley, incapaz de falar. Algumas emoções dominantes me

seguraram não poderia desembaraçar-me completamente.

Apenas deixe-me saber como posso ajudar.

Seu olhar piscou para o meu, depois falou de repente. "Você está bem?

Você está me olhando como se eu fosse um pássaro maluco."

"Não. Desculpa. É apenas...”. Lutei para encontrar as palavras corretas.

"É só que, não acho que alguém já tenha dito isso para mim antes."

"O que? Que Cletus precisa do seu próprio remédio?"


"Não, deixe-me saber como posso ajudar."

Os movimentos de Ashley se acalmaram, e seu cenho concentrado

suavizou. Depois de vários segundos contemplativos, ergueu os olhos para

o meu rosto e me deu um pequeno sorriso.

"Você sabe, simplesmente mudei de volta para a cidade na primavera

passada e sinto falta dos meus amigos. Falo pelo Skype com eles todas as

terças-feiras, mas sinto falta de ter boas amigas para ir a lugares. Não tive

tempo para construir uma nova amizade aqui no Green Valley."

Continuei a encará-la, mas apertei meus lábios entre meus dentes, para

não gritar, VOLUNTÁRIA!

"Que tal agora?" Ela continuou. "Não importa o que aconteça com você

e Cletus - não importa se você se separar e seguir suas vidas separadas ou se

casar e criar galinhas e cabras - você e eu vamos ser amigas. Podemos fazer

os nossos jardins juntas e vou te ensinar a tricotar."

"E eu sei como fazer sabão," exclamei. "Posso ensinar-lhe como fazer

sabão."

"Parece ótimo." Seu sorriso se alargou.

"Então, é um acordo?" Estendi a mão, ansiosa para finalizar essa

amizade.

Ela riu levemente, segurando meus dedos e dando-lhes uma pequena

sacudida. “Boas amigas."

“Boas amigas," ecoei, minha voz agitada. Tentei devolver-lhe o sorriso,

mas o meu estava um pouco instável. Abatida, as lágrimas me feriram, então

pisquei e acertei minha garganta.


"É um acordo." Ela soltou minha mão, me dando mais um sorriso e

depois voltando sua atenção para meus pés. "Sou apenas a primeira de

muitos, Jenn. É hora de você começar a construir sua tribo. Mas posso fazer

uma sugestão?"

Limpei minha garganta, ainda entupida de emoção. "Vá em frente,

todas as dicas são bem-vindas."

"Fique longe dos normais."

"Os normais?"

"Sim." Ela assentiu uma vez, o lado de sua boca curvando de uma

maneira que me lembrou de Cletus. "Fique longe dos normais, as pessoas de

mentalidade pequena que enchem o cérebro com pequenas atividades, que

se misturam e se mantêm com os vizinhos. Essas pessoas vão te derrubar e

torná-la chata. Em vez disso, envolva-se com os estranhos. Com os

desajustados, excêntricos e párias. Porque os normais, abençoado seja seus

corações, não tem ideia de como se divertir."

***

SIENNA DIAZ chegou quando Ashley estava acabando e me dando

instruções sobre meus pés. Ela me deu Ibuprofeno e disse para não pisar o

máximo possível durante o dia, mas uma caminhada leve seria boa. Ela

disse que posso andar normalmente amanhã, desde que não doesse. Mas

não usar sapatos de salto alto ou ficar por muito tempo em pé.
"Os pés são resistentes, são como as mulheres," disse, depois

acrescentou com um grande sorriso, "Até mais tarde, amiga."

Sienna piscou, suas covinhas aparecendo enquanto Ashley nos deixava,

depois se virou para mim com uma expressão excepcionalmente séria, que

foi acompanhada por seu tom. "Tenho uma proposta para você."

Eu precisava de um minuto. Não estava acostumada a ser o foco de

tanto carisma. "Uh, está bem, o que..."

"Aqui está o acordo." Ela sentou-se na cama ao meu lado e agarrou

minha mão, encaixando-a na sua.

Deixe-me repetir isso. Sienna Diaz - estrela de cinema, comediante

divertida, hilariante - um ser humano extraordinário - sentou-se na cama ao

meu lado e agarrou minha mão. E não foi uma alucinação.

A vida é tão estranha.

"Estou obcecada com seus bolos de creme de limão," confessou com

pressa. "Obcecada. Mas sua padaria não os está fornecendo por mais de uma

semana."

"Oh, desculpe por isso."

Balançou a cabeça rapidamente. "Não se desculpe. Aqui está o acordo:

se e quando você se sentir bem, quero pagar a você, muito bem, para me

manter bem abastecida de bolos de creme de limão nos próximos seis meses.

E talvez pelo resto da minha vida. E a vida de meus filhos."

Agitei um sorriso porque a mulher era engraçada. "Você não precisa me

pagar. Ficarei feliz em fazê-lo para você."


Ela balançou a cabeça. "Não. Não, não, não. Estou pagando você. Você

está sendo colocada no contrato. Vou fazer o meu advogado elaborar um

contrato. Estamos fazendo isso oficial, porque preciso desses bolos, e quero

ser capaz de mantê-la responsável em um tribunal de justiça se você não

entregar."

Apertei meus olhos, observando sua demanda. Obviamente, alguém

falou com ela sobre minha situação.

Como se estivesse lendo minha mente, sua expressão se suavizou e

apertou minha mão. "Sim, sei o que aconteceu. Esses meninos Winston são

grandes fofoqueiros. Mas estou sendo completamente honesta com você. Por

favor, deixe-me tirar proveito de você e explorá-la pelo seu excepcional

talento para cozinhar. Por favor!" Ela puxou meus dedos, levando-os logo

abaixo do queixo como se estivesse orando. "Estou sofrendo. Tenho enjoos

matinais o tempo todo. Perdi vinte quilos e não me encaixo no vestido de

noiva. Eles vão ter que usar fita adesiva para mantê-lo em mim. Preciso

desses bolos!"

Apesar de tudo, ela me fez rir. "Tudo bem, sim, vou te fazer os bolos."

Ela largou minha mão e ficou de pé. "Excelente. Jethro está lhe levando

ao banco hoje para você abrir uma conta e terei o dinheiro depositado."

"Uma conta? Mas..., mas não tenho minha identidade ou minha carteira

de motorista." Estava tão perturbada quando saí, que não me ocorreu de

pegar a minha bolsa.

"Cletus e Duane foram para a casa de seus pais esta manhã e pegaram

algumas de suas coisas. Sua mãe embalou sua bolsa, mas ela quer que você a
chame. Não se preocupe, Duane se certificou de que não havia vestidos

amarelos na mala.” Sienna tirou um telefone do bolso e segurou-o para

mim.

Era o meu telefone. Fiquei boquiaberta e depois estudei esse anjo de

estrela do cinema enviado do céu para entregar apenas boas notícias.

Não sabia o que dizer, então apenas a encarava como uma idiota.

Ela piscou um sorriso, depois se moveu para a porta, voltando para

mim no último minuto. "Além disso, acredito que o Donner Bakery seria

aquele a fazer meu bolo de casamento e acredito que custa algo como dois

mil dólares se a minha memória não falha. O que significa que você deveria

fazer meu bolo de casamento. Liguei para a padaria e cancelei meu pedido.

Acho que vamos cortar o intermediário. Vou adicioná-lo à sua taxa de

retenção de bolo de creme de limão. Supondo que seus pés permitam, você

acha que poderia usar a cozinha? Tem dois fornos. E uma vez que você me

diga exatamente o que você precisa, me certificarei de que você tenha

qualquer equipamento top de linha que você precise..."

Sem esperar pela minha resposta, ela saiu. Olhei para a porta por um

longo momento. Sua energia era... intensa. Gostava dela, e não só porque era

uma daquelas pessoas que são impossíveis de não gostar. Ela claramente

tinha um bom coração. Decidi que iria aceitar a sua oferta, mas um dia

pagaria de volta. Com juros.

O telefone em minha mão zumbiu, exigindo minha atenção, e um texto

piscou na tela. Era de Cletus e a visão fez meu coração cambalear e torcer,
uma dor pungente roubando minha respiração. Ao percorrer minhas

notificações, notei vários textos.

Cletus: Desculpe. Eu estava errado, você estava certa.

Cletus: Só agora percebi que você provavelmente não tem seu telefone.

Cletus: Acho que vou me tornar útil ao recuperar seu telefone.

Cletus: Acabei de sair da casa de seus pais. Tenho o seu telefone.

Cletus: Claro, tinha seu telefone, se você estiver lendo essas mensagens.

Estava sorrindo - sorrindo como uma idiota doente de amor seria mais

certo - quando cheguei à última mensagem. Mas então meu coração torceu e

fui agarrada por uma feroz onda de tristeza. Ele pode ter reconhecido seu

erro, mas ele ainda não confia em mim para ser forte. Não queria sua pena.

Recuso-me a ter pena.

Suspirando, coloquei o celular no meu colo e olhei para o teto.

Senti falta dele. Odiava estar com raiva dele. Esse estado de saudade de

Cletus doeu, porque não estava pronta para perdoá-lo.

Ele precisava provar que confiava em mim, não apenas para mim, mas

para ele. Sem confiança, não tínhamos nada.

Precisava provar minha independência e força, não só para ele, mas

para mim.

E com essa nota, liguei para minha mãe.

Ela atendeu após o segundo toque. "Olá? Jennifer?

Respirei profundamente, preparada para recriminações e histeria.

"Mamãe."
"Oh! Graças a Deus. O que você estava pensando? Deixando a casa

assim? E você não pegou seu telefone. Não tinha como chegar até você. Você

não estava na padaria. Não estava em qualquer lugar. Estava prestes a ligar

para o xerife. E então, esses meninos Winston aparecem e disseram que você

está em sua casa. O que deveria pensar?"

Ele não disse a ela que ele me expulsou? Que covarde. Um brilho de desgosto

pelo meu pai me fez balançar a cabeça.

"Desacelere. Somente... dê-me um minuto para responder."

Ouvi seu suspiro aquoso. "Apenas sinto muito. Acho que... acho que

devo ter te afastado. Continuo pensando na conversa que tivemos na

sexta-feira. Você machucou meus sentimentos, e as coisas estavam piorando

em vez de melhorar, então falei com o Reverendo Seymour sobre isso e ele

disse que preciso deixar você ir. Preciso deixá-la voar como um pássaro." Ela

fungou, depois adicionou em um sussurro vacilante, "Não sei se posso fazer

isso."

Lágrimas puxaram atrás dos meus olhos. Pisquei. "Não sou mais uma

garotinha."

"Eu sei. Bem, sei disso agora. Em retrospectiva, acho que não fui uma

boa ouvinte. Só... só queria o melhor para você. Sabe? Você tem tanto talento

e é tão bonita, você é tudo o que eu queria ser quando tinha sua idade. Seu

avô era um homem egoísta, Deus descansasse sua alma, e ele negligenciou

sua avó e eu. Só quero o que é melhor para você, o que nunca tive."

"Mas você não sou eu. Eu sou eu. E você nem sempre sabe o que é

melhor para mim, porque você realmente não me conhece."


Ela ficou calada por um tempo, então ouvi seu choro suave. Balancei a

cabeça e suspirei, minha testa caindo na minha mão.

"Mamãe, pare de chorar."

"Sou uma mãe terrível," lamentou.

"Não," revirei os olhos, "Não, você não é. Você quis fazer o bem, e fez o

melhor que pôde. Mas agora é hora de me deixar ser eu mesma."

Ela fungou novamente, e poderia dizer que ela estava lutando com esse

conceito. "Você terá que me ensinar a deixar você ser você mesma, porque

estou perdendo. Realmente estou. Sinto que tudo o que sei está de cabeça

para baixo."

"Primeiro, você precisa saber que não vou para casa. Não estou mais

vivendo em casa." Não podia, por muitas razões, a menor era o meu pai.

Não podia olhar para ele e muito menos compartilhar uma casa com ele.

Não faria.

Minha mãe estava quieta novamente, e então ela limpou a garganta.

"Agora, Jennifer, não sei se é uma boa ideia."

"Mesmo assim, não vou para casa."

"Mas como você vai se sustentar?"

"Você vai me pagar."

Sentei-me na cama, encostada na cabeceira testando meus pés. Eles

doeram apenas um pouco, mas não muito.

Mais uma vez, ela ficou em silêncio e quase imaginei o choque em suas

feições. Mas eu não estava recuando. Trabalhava duro - o tempo todo. Não

havia razão para não ser paga pelo meu trabalho.


Finalmente, ela suspirou, exasperada. "Você quer que eu pague você."

"A padaria vai me pagar." Levantei minha voz, infundi-a com tanta

convicção quanto pude. "Trabalho lá e, portanto, deveria ganhar um salário

pelo trabalho que faço. Se você pensa diferente, entendo. Mas isso significa

que vou trabalhar em outro lugar."

"Não. Não é preciso isso. Bem... elabore algo." Ela pareceu distraída.

"Sim. Trabalharemos com algo e será formalizado em um contrato... um

contrato de trabalho. ”

Ela suspirou novamente, mais alto desta vez. "Isso é bom. Nós podemos

torná-lo formal se você precisar que seja formal. ”

"Preciso. E outra coisa..."

"Tem mais?"

"Sim. Irei para Nova York e encontrarei com o agente de talentos, mas

vou decidir o que acontecerá depois."

"Jennifer, isso é um grande problema." Seu tom teve uma vantagem de

advertência.

"Pode ser um grande problema para você, mas não é para mim. E não

vai fazer ou quebrar a pousada ou a padaria."

"Baby, se você não aceita a oferta, poderia me colocar numa posição

realmente estranha." Ela pareceu um pouco em pânico.

Lutei contra o instinto para acalmá-la e resolvi permanecer firme, mas

mantive meu tom respeitoso. "Então você deveria ter me perguntado o que

eu queria e me ouvir quando lhe disse. Quero ser útil para a padaria e o
negócio da família, mas realmente não gosto de ser a Rainha do bolo de

Banana. Portanto, vou continuar a ajudar dentro da razão. ”

Ela ficou calada por um momento, quando falou, sua voz ficou tensa,

frustrada. "Bem. Algo mais?"

"Sim. Não vou voltar ao trabalho até que o contrato de trabalho seja

finalizado."

"Mas... mas o Dia de Ação de Graças está chegando. Já temos setecentos

pedidos para o seu bolo de banana. ”

"Então acho que finalizar o acordo de emprego mais rápido é uma

prioridade."

Ela fez um som sufocante.

Rapidamente acrescentei: "E estou apaixonada por Cletus Winston."

"O que? Cletus Winston, o mecânico de automóveis? Aquele simples?"

Apertei meus lábios para não rir da avaliação de Cletus e falei lenta e

claramente. "Estou apaixonada por Cletus Winston, estamos juntos e estou

muito feliz."

"Oh, bom Deus."

"Ele é o que eu quero. ”

"Não sei se posso aceitar isso, querida. Só... simplesmente não sei."

Poderia dizer que ela estava esfregando sua testa. "Você vai precisar me dar

algum tempo sobre isso."

"Tudo bem." Encolhi os ombros, porque estava bem. Se ela nunca

aceitasse Cletus, tudo bem. Eu o escolhi para mim, não para ela.
No entanto, fiquei certa de que, uma vez que começassem há passar o

tempo juntos e realmente se conhecerem, eles iriam se dar bem. Minha mãe

era solitária, perspicaz e focada, e excepcionalmente inteligente. E Cletus

também. As principais diferenças eram, minha mãe não tentava esconder

sua inteligência e ela se importava com o que outras pessoas pensavam.

Cletus não se importava com o que as outras pessoas pensavam, a

menos que a pessoa fosse sua família.

Ou eu.

Sorri.

"Talvez," minha mãe disse com um suspiro, "Todos nós só precisamos

de uma pausa. Seu pai me disse que eu precisava de férias. Ele está tentando

me fazer ir a este spa em Asheville. Ele queria sair esta tarde."

Estava tensa com essa notícia. Não sabia por que ele queria que ela

deixasse a cidade, mas poderia adivinhar. "Mamãe."

"Pensei que tinha criado você e seu irmão certo. Mas, obviamente, fiz

algo de errado, porque Isaac nem sequer fala comigo e você está fugindo no

meio da noite pela cidade, porque você não gosta de vestidos amarelos."

Ignorei sua simplificação ridícula e intencional da situação porque tinha

que contar a ela sobre meu pai. Sobre o seu marido. Ela merecia saber. E

precisava contar a ela antes dele intervir e encher sua cabeça de mentiras.

Mais mentiras.

"Vou te contar uma coisa, e você não vai acreditar em mim. Mas há

provas. Não estou mentindo para você, e é realmente importante que você
acredite em mim." Não tinha visto a prova, mas se Cletus disse que tinha

provas, então não duvidava dele.

"Jennifer, você está me assustando."

"Você deveria se sentar."

"Jenn querida, seja o que for, sou sua mãe e eu te amo. Você pode me

deixar louca vestindo aqueles jeans e talvez possa reagir muito mal às vezes.

Estou muito ocupada tentando reconstruir o negócio da família. E

simplesmente não entendo por que você não gosta desses vestidos bonitos,

mas acho que posso aceitar suas escolhas peculiares, seja lá o que for

necessário para você estar na minha vida. Você sabe o quanto sinto falta do

seu irmão. Simplesmente não entendo por que ele nunca liga."

"Mamãe, ouça-me. Não é sobre mim."

"Então, o que é isso?"

Puxei uma grande respiração, segurei-a nos meus pulmões e enviei

uma oração aos céus. Rezei por força. Rezei para que minha mãe acreditasse

em mim, porque ela não merecia a traição do meu pai. Assim como não

merecia seu abuso. Assim como ele não nos merecia.

"É sobre o papai." Falei com calma, porque sabia que a qualquer

momento ela iria ficar histerica. "É sobre o pai e o que ele tem feito nos finais

de semana."

***

A CULPA ME fazia contorcer.


Era o dinheiro. O dinheiro era responsável por minha culpa. Não

consegui parar de olhar para o saldo bancário. Mas toda vez que olhava para

o saldo do banco, meu estômago sentia-se vazio.

"Pare com isso."

Olhei para o lado, para Jethro Winston, que me levou ao banco e agora

estava dirigindo de volta para a casa de sua família.

Ele continuou sorrindo, "Pare de pensar sobre o dinheiro. Acredite, ela

vai colecionar os bolos de creme. Eles são tudo o que ela fala."

Dobrei o extrato do banco e coloquei na minha bolsa. "Ela foi muito

generosa."

"Não acho que você tem noção de quão ruim é pela manhã para ela. Ela

está doente o tempo todo. Ela brinca sobre isso, mas posso dizer que está

com dor." As mãos de Jethro apertaram o volante e os cantos de sua boca

viraram para baixo. A dificuldade de sua esposa o afetava. "Esses bolos de

limão são a única coisa que ajuda. Eu lhe daria um milhão de dólares se

achasse que isso ajudaria."

Não precisava de um milhão de dólares. Entre a gentileza de Sienna e o

acordo que tive com minha mãe esta manhã, minha conta estava

transbordando.

A conversa com minha mãe foi melhor e pior do que o esperado.

Melhor porque ela concordou em me pagar pelo meu trabalho. Pior porque

ela não acreditou em mim sobre meu pai. Ela disse que estava enganada,

que estava confusa, que ele nunca faria tal coisa, e então terminou a ligação.
Preocupada por ela me atormentar, decidi dar-lhe algum tempo, em

seguida, abordar o assunto novamente.

"Sienna parecia bem esta manhã,” disse, querendo aliviar sua mente.

Ele sorriu, balançando a cabeça. "Ela é uma ótima atriz."

Assenti com a cabeça, porque ela era uma ótima atriz. Tinha visto todos

os seus filmes. Até minha mãe - que não gostava de filmes - amava Sienna

Diaz. Ela era a amiga não conformista dos Estados Unidos.

O fato da queridinha da América ter acabado com Jethro Winston era

incrível.

Claro, Jethro Winston tinha boa aparência. Ele tinha olhos cintilantes de

avelã verde, uma construção alta, magra, mandíbula forte, barba impecável,

sorriso fácil. Mas ele também teve um passado duvidoso. Ao mesmo tempo,

estava envolvido com os Irons Wraiths e o rumor era que ele roubou carros

para o clube. Pensei que tinha se tornado um membro, mas descobri mais

tarde que havia sido um recruta. Deixou o clube de motoqueiros antes de se

candidatar como membro.

Desde sua saída, ele se tornou honesto. Ele sempre foi fácil e tranquilo,

nunca pareceu irritado. Nunca o vi beber. Minha mãe disse que costumava

tratar mal as mulheres; mas depois ouvi Naomi Winters contar a esposa do

reverendo que Jethro não saiu com uma mulher desde que deixou os

Wraiths. A esposa do reverendo disse que deixar os Wraiths salvou sua vida

e que ele havia se transformado por sua mãe.

E se Jethro pôde deixar os Irons Wraiths, mudar sua vida e se juntar a

sua família real, isso me dava esperança sobre o meu irmão.


Antes de pensar melhor, perguntei: "Foi difícil? Partir dos Wraiths? Eles

tornaram difícil para você? Ou você simplesmente saiu?"

As sobrancelhas de Jethro subiram. "Uh..." Ele começou, parou, clareou

a garganta, mudou-se em seu assento, e depois franziu a testa, "Por que você

quer saber?"

"Meu irmão, Isaac. Ele ainda não é membro. Só queria saber, o que

poderia ser feito ou o quão fácil seria para ele sair, se quisesse."

O olhar franzido de Jethro transformou-se em uma expressão de

compaixão. "Jenn, odeio dizer-lhe isso, mas mesmo que quisesse sair, não

seria fácil. Eles não me deixaram sair facilmente e sou um dos poucos que já

conseguiu isso."

"Obrigada por ser honesto." Sua declaração confirmou meus medos.

Seu sorriso era pesaroso. "Desculpe-me, não posso te dar melhores

notícias."

"Está bem. Acho... as pessoas precisam fazer suas próprias escolhas.

Mesmo que não seja o que quero para o meu irmão, não posso forçá-lo a ser

outra coisa. Ele deve ser fiel a si mesmo."

Jethro apertou o meu antebraço. "Se ele mudar de ideia, ficarei feliz em

falar com ele. Se você quiser."

"Obrigada. É muito gentil da sua parte." Estudei seu perfil, vendo que

ele estava sendo sincero. "Você poderia falar com ele sobre ser um guarda

florestal e como isso é."

Ele soltou meu braço e deu de ombros. "Claro, eu poderia. Mas apenas

deixe Drew saber que estou saindo na próxima primavera."


"O que? Por quê? O que aconteceu?"

"O bebê aconteceu. Quando o bebê chegar, vou ficar em casa." Seu

sorriso voltou e desta vez era enorme. "Vou ser um pai que fica em casa,"

anunciou com orgulho.

Minha boca ficou aberta de surpresa, mas também de excitação por ele

e Sienna. "Isso é tão maravilhoso. Estou muito feliz por você, Jethro."

"Obrigado, Jennifer." Ele dividiu sua atenção entre a estrada e eu.

"Também estou feliz por você."

"Você está feliz por mim?"

"Sim. Olhe para você. Você não se parece com uma Rainha de Bolo de

Banana."

Olhei para o que estava usando, os chinelos velhos de Roscoe, os jeans

que dormi, a camisa de Harvard de Sienna, tenho certeza que parecia uma

bagunça. E isso me fez rir.

"Não. Acho que não pareço a Rainha do Bolo de Banana.

"E o mundo não acabou."

"Não. Não." Levantei meu queixo orgulhosamente e voltei minha

atenção para o cenário de passagem enquanto considerava o que isso

significava.

Eu não era a Rainha do Bolo de Banana. Não vivia com meus pais -

embora tecnicamente não vivesse em nenhum lugar - e tinha dinheiro

suficiente para alugar meu próprio lugar. A vida estava acontecendo e eu

estava fazendo isso acontecer.


Bem, tecnicamente, os Winstons e Sienna Diaz estavam fazendo

acontecer. Mas logo pagaria de volta.

Minha atenção se aproximou de uma casa de fazenda, branca com

persianas e caixas na janela bem conservadas, e peguei o braço de Jethro.

"Espere, entre lá." Apontei para o caminho de entrada.

Ele pressionou o freio. "Aqui? A casa de Claire?

"Está certo. A casa de Claire." Peguei meu telefone e procurei seu nome

"Claro, mas... Por que estamos parando aqui?"

"Porque," selecionei suas informações de contato e trouxe o celular ao

meu ouvido, "Vou alugar sua casa."

Ele franziu a testa para mim, levantando uma sobrancelha. "Pensei que

Cletus iria alugá-la."

Balancei a cabeça, apertei o meu maxilar. "Não se eu alugar primeiro."


CAPÍTULO 29

“O amor traz à luz as qualidades escondidas e nobres de um amante, os seus traços

raros e excepcionais: é, portanto, suscetível de ser enganoso de suas qualidades

normais. ”

- Friedrich Nietzsche

~Jennifer~

UM PLANO tomou forma. E com base em pareceres de Ashley, envolvia

chantagem.

Após a rápida parada na casa de Claire e um telefonema ainda mais

rápido para a própria mulher, Jethro foi bom o suficiente para passar pela

padaria Donner para que pudesse recuperar um item do recipiente da

farinha sem glúten. Então ele nos levou de volta para a casa dos Winstons.

Não estava nervosa. Estava ansiosa.

Oh, inferno. Também estava nervosa.

Mas estava determinada.

Jethro insistiu em me levar para dentro de casa e sabia que parecia uma

bagunça, mas não tinha energia para pensar sobre isso. Assuntos mais

importantes necessitavam a minha atenção.

Ele abriu a porta da frente e encontramos um Cletus andando junto à

lareira. Ele levantou os olhos. Os seus olhos não eram azuis hoje. Eles eram

cinza esverdeado e pareciam cansados. Ele estava sofrendo. Quando o seu


olhar colidiu com o meu, senti o contato na base da minha garganta e sob as

minhas costelas. Eu sofria por ele.

O instinto me fazia querer tranquilizá-lo, para lhe dizer que tudo foi

perdoado, para o abraçar apertado e beijar jogar seu sofrimento para longe.

Mas a razão me disse para segurar os meus instintos.

Em primeiro lugar, tínhamos que discutir as coisas.

Depois os beijos.

Em seguida, mais beijos.

“Olá, Cletus,” Jethro disse, seu tom impressionante prosaico. "Como

você está?"

Cletus estreitou os olhos para seu irmão, então atravessou a sala para

ficar na frente de nós.

Ignorando o sorriso de seu irmão, o que era um feito notável da forma

que o sorriso de Jethro era extraordinário, Cletus se dirigiu a mim. “Jennifer,

posso levá-la lá em cima, para que possamos discutir o que ocorreu? ”

Hesitei.

Não sabia se era uma boa ideia ficar sozinha com ele, ainda não.

Mas então os seus olhos se moviam sobre o meu rosto, assombrados,

torturados e carinhosos.

Disse: “Sim, por favor.”

A ansiedade desenhada em linhas de tensão em suas feições aliviou,

deixando o seu olhar ainda torturado, mas principalmente carinhoso.

O meu coração acelerou em antecipação. Mesmo que ainda estava

segurando tentando me segurar, ainda ansiava pelo toque do meu homem.


Ansiava senti-lo, o seu calor, as suas mãos, e sua boca. Ansiava por tudo.

Ansiava por ele.

Então, quando Jethro me entregou não pude evitar, me aconcheguei

contra Cletus, encostei a minha testa na curva de seu pescoço e senti o seu

cheiro. Este homem pertencia a mim. Ele era meu. E desfrutei de cada

minuto da viagem até o andar de cima, especialmente porque o que viria

depois, o que tinha planejado, poderia conduzir a muito menos toque.

Temia as consequências, mas tinha que ser forte.

Melhor aproveitar ao máximo e o tocar agora, enquanto tinha a chance.

No topo das escadas, em vez de ir em direção ao quarto de Ashley, ele

se moveu na direção oposta, rapidamente me levando através de uma porta

alternativa. O quarto de Cletus. Antes que pudesse expressar a minha

objeção, estávamos lá dentro e estava distraída por estar em seu espaço.

Tudo estava arrumado e em seu lugar, mas marcas dele estavam por toda

parte.

Minha atenção foi capturada por um tabuleiro de xadrez no armário;

parecia ter sido deixado no meio de um jogo.

“Não sabia que você jogava xadrez.” Vi duas séries de movimentos do

lado negro que poderiam iniciar jogadas para colocar as peças brancas em

xeque-mate.

Ele assentiu distraidamente, me colocando suavemente em sua cama,

levantando o travesseiro contra a cabeceira da cama e me incentivando a

descansar contra ele. "Tudo bem? Você precisa de outro travesseiro? Você

está com sede? Você precisa de água? Ou alguma outra coisa? Que tal um
chá? Sei que você gosta de chá.” Ele se virou da cama e caminhou até ao seu

armário.

“Cletus, não preciso de nada. Mas acho que deveríamos...”. Não

terminei a minha frase. Não podia. Porque estava muito confusa.

Cletus começou a puxar presentes do armário. Presente após presente.

Todos embrulhados em papel de embrulho diferentes enfeitados com um

laço. Fiquei boquiaberta, olhando para a pilha interminável de presentes.

Quando ele tinha colocado pelo menos quinze na cama e no chão ao meu

lado, finalmente me recuperei.

"O que é tudo isso? O que você está fazendo?"

“Esses são os seus presentes de aniversário.” Ele colocou mais dois no

meu colo.

"O que?"

“Os seus presentes de aniversário. Perdi seus aniversários, por isso aqui

estão os seus presentes. ”

“Cletus, o que você está falando? Você não me conhecia no ano

passado, por que você me comprou um presente? ”

Ele fez uma pausa em sua viagem de volta para o armário e me

encarou, colocando as mãos nos quadris e soando intensamente frustrado.

"Deveria conhecer. Deveria ter querido te conhecer, não apenas no ano

passado, mas por toda a sua vida. Faltei a todos os seus aniversários, e sinto

muito. Eu estava errado, por ter perdido o seu aniversário vinte e duas

vezes, então aqui estão seus presentes. ”


Olhei para ele. Na verdade, olhei fixamente para ele, pasma. O meu

belo homem parecia tão atormentado, e pude ver que ele tinha passado a

última metade do dia se recriminando.

Quando ele me mandou uma mensagem antes dizendo que ele estava

errado, quis dizer isso. Ele acreditava. E eu acreditei nele.

Cletus se virou, foi até o armário, e trouxe mais três caixas

embrulhadas, a sua expressão cheia de tristeza e auto recriminação.

Antes que ele pudesse se virar novamente, peguei o braço dele. "Espere.

Espere um minuto. Simplesmente pare. Pare de me trazer presentes, seu

homem doce, terrível, irritante, engraçado e inteligente.” Estava rindo na

hora que terminei de falar e fiquei satisfeita ao ver alguma de sua miséria

substituída por um sorriso cansado.

“Sinto muito,” disse ele, olhando para mim com seus olhos cinzentos

tristes, a sua voz um sussurro grave. "Eu sinto muito. Você estava certa. Não

confio em você.”

Troquei o meu aperto em sua mão para que os nossos dedos ficassem

entrelaçados. "Obrigada. Obrigada por se desculpar. ”

Cletus lançou um suspiro audível e foi se sentar ao meu lado, mas o seu

caminho foi bloqueado pela infinidade de caixas embrulhadas. Ele franziu a

testa para elas. Usando a mão livre, ele as varreu da cama.

“Nenhuma dessas é frágil,” murmurou, reivindicando o seu lugar e me

puxando para um abraço apertado.

Nós nos abraçamos. E foi a perfeição. O seu corpo, o seu abraço era

onde eu queria estar sempre.


Esperava que, no futuro, sempre que brigássemos terminássemos as

nossas discussões com um abraço.

Depois de um tempo, mas só porque ainda estava me segurando e eles

estava ficando impaciente, me afastei, imediatamente sentido a falta de seus

braços fortes. “Há coisas que precisamos discutir. ”

“Concordo.” Ele se mexeu na cama de forma que suas costas ficaram

também contra o travesseiro e eu estava aconchegada em seu braço. Ele

beijou o meu pescoço, se demorando lá como se estivesse relutante em

deixar a minha pele. “Tenho muito que te dizer. ”

Fiz uma pausa, franzindo a testa, porque o seu tom soou ameaçador.

“Espere, ainda há mais? ”

Ele balançou a cabeça, se endireitando. “Não sobre o seu pai. Eu o

chantagiei, isso é verdade. Mas não fiz mais nada para ele. Você já sabe

sobre o plano de contaminar Jackson James com lepra que está em espera,

tal como prometido, bem, tenho alguns outros ferros no fogo. Vamos ver.…"

"Espere. Pare. Pare aí. ”

"O que?"

Torci para que pudesse olhar em seus olhos inteligentes. “Cletus, você é

um adulto. Você não precisa confessar uma única coisa para mim a menos

que seja algo feito em meu nome, ou para o meu benefício teórico. Confiava

em você e ainda confio. Não sou sua confessora. Não posso o absolver. Você

tem que assumir a responsabilidade por suas próprias ações e as

consequências, assim como eu. Assim como todo mundo faz.”


Ele franziu a testa, olhando perplexo, mas depois, eventualmente,

assentiu.

Rapidamente, acrescentei: “Agora, se você quiser falar sobre o seu dia,

ou os seus planos de lepra, ou qualquer outra coisa, estou aqui para você.

Assim como espero que você esteja aqui para mim quando quiser falar sobre

o meu dia.”

“Ou seus planos de lepra.”

"Sim. Ou meus planos de lepra. É óbvio."

Cletus estalou o primeiro sorriso verdadeiro e me deu um beijo rápido,

como se ele não se contivesse. "Eu te amo."

Alisando a palma da minha mão sobre sua barba, segurei o seu queixo.

"E eu te amo."

O seu sorriso cresceu, acolhedor, aquecido, e as suas mãos em mim

apertaram de uma maneira que senti um tanto possessiva. “Essa é a

primeira vez que você disse isso.”

“Eu sei.” O meu sorriso espelhava o dele. “Você sempre estava me

interrompendo. ”

Os olhos de Cletus caíram para os meus lábios e ele sussurrou:

“Lembre-me de parar de interromper você.”

Esforcei-me para ignorar a dor no meu peito, o círculo de calor ao redor

do meu pescoço, e trabalhei duro para parecer séria. “Por favor, pare de me

interromper, porque tenho algo importante a dizer.” Tentei me torcer para

ele ficar mais perto, mas o ângulo era estranho. Então bufei. “Você pode
apenas se mover - sim, assim mesmo. Se mova para lá para que eu possa

acomodar em seu colo. Não posso ver seu rosto.”

“Para o registro, nunca vou recusar que você se acomoda no meu colo. ”

Balançando a cabeça para ele, esperei até que ele foi para o meio da

cama, então subi em seu colo e coloquei os meus braços em volta do seu

pescoço. "Assim é melhor."

“Muito melhor.” Sua voz era baixa e enviou um arrepio ao longo da

minha coluna, que ele perseguiu com as mãos.

Peguei os seus dedos em seu caminho para o meu traseiro e os apertei

contra a minha cintura. “Como eu estava dizendo, temos algumas coisas que

precisam ser discutidas. Muita coisa aconteceu. ”

“Concordo.” Ele acenou uma vez.

“E ontem à noite, você realmente me machucou. ”

Uma carranca desesperada afugentou a sua alegria. "Eu sei. O que

posso fazer?"

“Suas desculpas ajudaram. Obrigada por isso.” Engoli em seco, lutando

para reprimir as borboletas no meu estômago. Estando tão perto dele, nessa

posição, era uma má ideia. Meus hormônios queriam me fazer abandonar o

meu plano. Eles queriam que eu soltasse os cavalos e desembrulhasse os

meus presentes, começando pelo meu homem.

Mas não podia.

Ainda não.

“As coisas serão assim: Estou saindo da casa dos meus pais e me

mudando para a casa de Claire.”


“Concordo.” Ele se moveu para me beijar.

Desviando-me, me esquivei de sua boca. "Sozinha."

Franzindo a testa severamente, as suas sobrancelhas se baixaram em

uma linha de insatisfação. “Discordo.”

Eu o ignorei. “E falei com minha mãe. Ela vai me pagar pelo trabalho

que faço na padaria. Também vou assar para Sienna enquanto ela está

grávida. Tenho algumas ideias, baseadas sobre os bolos de limão que ela

gosta, isto pode ajudar. ”

“Vamos voltar para a parte do plano sobre a casa.”

Mais uma vez, o ignorei. “Estou indo me sustentar, com o meu trabalho,

ou qualquer outra coisa que escolha fazer. Porque é certo e normal para uma

mulher de vinte e dois anos de idade se sustentar. ”

"Sim, mas..."

“Assim como você está se sustentando. Porque é certo e normal para um

homem da sua idade se sustentar. ”

Seu cenho franzido se tornou em um piscar de olhos. "O que você está

dizendo?"

“Estou dizendo que precisamos ficar separados,” incapaz de me conter,

beijei o seu nariz, “Para que possamos, eventualmente, estar juntos. ”

Seus lábios ficaram achatados em uma linha de insatisfação e o seu

piscar intensificou enquanto ele refletia sobre isso. “E se eu discordar? Se

quiser, digamos casar e começar a fazer os bebês agora? ”

Dei-lhe um sorriso indulgente e balancei a cabeça. “A resposta ainda é

não. Porque nós não estamos prontos. Não estou preparada."


“E se eu insistir?” Suas mãos deslizaram mais baixo, os seus dedos

acariciando o meu traseiro. “Posso ser muito persuasivo. ”

Sorri, porque ele estava certo.

“Não irei desencorajar você de usar todas as armas em seu arsenal de

persuasão.” Ele se inclinou para me beijar e me esquivei de sua boca de

novo, segurando um dedo sobre os seus lábios. “Mas tenho que avisar,

tenho atualmente a melhor mão. ”

Sua sobrancelha esquerda arqueou e um sorriso deliciosamente

malicioso reivindicou os seus lábios. "Você? Como assim?"

Retirei o último pendrive do meu bolso de trás e segurei entre nós. Ele

olhou para ele, depois para mim, então para ele, o seu sorriso caindo aos

poucos.

“Naquela noite em que os dei de volta para você, não consegui

encontrar este,” expliquei. “Encontrei na outra semana e planejava te

entregar quando, ou se, visse você novamente. ”

"É.…? ”

"Sim."

Uma tormenta de emoções passou por trás de seus olhos. Antes que ele

pudesse assentar os seus sentimentos, arranquei sua mão do meu corpo e

coloquei a unidade de dados na palma da sua mão. Confusão reivindicou os

seus traços enquanto o seu olhar seguiu os meus movimentos.

“Aqui.” Esperei até que ele se focasse novamente em mim. “Agora

ninguém tem a uma melhor mão. ”


A carranca de Cletus persistiu enquanto ele me estudava, mas se tornou

em algo mais. Menos confuso, mais pensativo. Mais determinado.

"Você está errada. Você tem a vantagem, porque a minha mulher

notável é astuta, e forte, e gentil.” Ele se inclinou lentamente, segurando o

meu olhar, até que os nossos lábios se encontraram. O beijo que ele me deu

era triste e doce, renúncia e regozijo, e isso me esmagou, transformando o

meu corpo em mil pedacinhos de saudade. Queria me pressionar mais

perto. As minhas coxas se esticaram em seu colo. Queria viver o seu beijo,

tocar a sua pele, habitar dentro de seu calor e força para a eternidade.

Quando nossas bocas se separaram, persegui a dele. Mas ele inclinou o

queixo até que nossas testas se tocaram. “Você sempre terá a vantagem sobre

mim, Jenn. Porque estou perdido sem você. ”


CAPÍTULO 30

"As feridas morais têm essas peculiaridades - podem estar escondidas, mas nunca

fecham; sempre dolorosas, sempre prontas para sangrar quando tocadas, elas

permanecem frescas e abertas no coração."

― Alexandre Dumas, O Conde de Monte Cristo

~Cletus~

TALVEZ ESTIVESSE sendo egoísta.

Na verdade, estava sendo egoísta.

Era pedir demais a uma pessoa ser minha salvação, ensinar-me a ter fé,

equilibrar minha visão cansada do mundo com arco-íris e luz do sol e

jardinagem em macacão, mas...

Ah bem.

Muito tarde para adivinhar. Estava apaixonado pela mulher.

Consequentemente, ela estava presa comigo. Ainda não estava pronta

para o casamento, e tudo bem. Eu esperaria. Poderia pedir-lhe que se

casasse comigo uma vez por mês até que dissesse sim, mas caso contrário eu

seria o epítome da virtuosa fortaleza e paciência.

Talvez não seja estritamente virtuoso.

A virtude esporádica faria o truque, com frequentes episódios de

impertinência e indulgência... Desembrulhar presentes.

Também presa comigo, minha família.


Então, enquanto Jennifer ainda estava no andar de cima do antigo

quarto de Ashley, adormecida na manhã de quinta-feira, liguei para uma

reunião familiar.

"Quem fez esse café?" Roscoe falou da cozinha

"Cletus fez." Duane sentou ao meu lado no sofá e bebeu da caneca.

Roscoe saiu da cozinha, sem café. "Então, não, obrigado."

"Sério? Você vai julgar Cletus sobre o seu café agora mesmo?” Billy

sorriu para o nosso irmão mais novo.

Roscoe cruzou os braços sobre o peito. "Não me importo com o que ele

está passando. Não estou tomando o café dele. Cheira a óleo de peixe e

alcatrão."

"Louvado pelo meu café excelente apesar disso, tenho algo sério para

discutir com todos vocês." Sentei-me no sofá, querendo chegar ao ponto.

Roscoe chegou tarde à noite passada para as festividades do casamento,

que estavam programadas para começar esta noite, começando com a

despedida de solteiro. Todos os irmãos estavam presentes.

Intencionalmente exclui Drew, porque - como um guardião federal - ele

era um policial. Não queria que sentisse qualquer conflito de interesse. É

melhor deixá-lo no escuro.

Era hora de compartilhar meus fardos.

"Vamos ouvir isso." Ashley bebeu da caneca de café, depois bateu os

lábios. "Meu, meu, esse é um bom café fino."

Roscoe revirou os olhos, mas ignorou a nossa irmã.


Levantei-me e cruzei para a lareira, dirigindo-me à sala. "Tenho duas

coisas para contar a todos vocês. O primeiro é uma... situação teórica, e

preciso dos seus conselhos. Gostaria que todos nós votássemos."

"Você quer que votemos em uma situação teórica?" Duane, também

tomando meu café, franziu a testa para mim.

"Está certo."

Meus irmãos compartilharam uma série de olhares, a maioria era de

olhos arregalados, de confusão e de preocupação.

Billy, sentado na cadeira favorita da avó Oliver, dobrou o jornal que

estava lendo e colocou-o de lado. "Tudo bem. Qual é essa situação teórica?"

Acertei a garganta, sabendo que este era o curso correto da ação. E, no

entanto, odeio perder o controle. Odiava entregar isso e não ter uma ideia

clara do que o futuro reservava. Mas as palavras de Jennifer no dia anterior

atingiram-me. Estava tão ocupado tentando salvar meus irmãos, eu não

tinha parado para fazer check-in com eles.

O que eles queriam?

"Digamos, teoricamente, que eu tenha roubado provas do escritório do

xerife que implica em membros de um certo clube de motos e colocando

essa evidência em locais estratégicos."

Mais uma vez, minha família trocou olhares.

Beau foi o primeiro a falar. "O que isso significa? Por que você faria

isso?"

"Porque uma taxa RICO exige pelo menos dois atos de atividade de

agressão."
A sala ficou em silêncio. Canecas de café em todos os lugares pararam

no meio das bocas, permaneceram abertas.

"Oh, meu Deus!" Ashley olhou aturdida, parte horrorizada, parte

orgulhosa. "O que você fez?"

"RICO? Você está tirando-os de uma taxa RICO?” Billy parecia que não

sabia se ria ou gritava.

"Neste cenário teórico, as evidências roubadas serão encontradas na

posse de membros do clube de moto de menor escalão na hierarquia,

juntamente com listas excepcionalmente bem organizadas, detalhando

nomes, lugares e eventos de suas atividades ilícitas. Todas as informações

contidas nestas listas são inteiramente precisas. Apenas, você sabe, agora

está bem organizada."

"Você os configurou." Duane deu-me um olhar atento. "Você organizou

o caos, não foi? Você os ajudou a parecer melhor para que cada membro

dependa de uma taxa do crime organizado."

"Isso os deixará limpos." Roscoe olhou para mim com admiração, então

sorriu, chocado. "Isso aniquila completamente os Wraiths. Qualquer pessoa

associada a eles vai para a prisão, todos juntos."

"Não são os Wraiths. É um clube de motocicleta teórico," corrigiu Beau,

sorrindo. Então ele riu. "Estou tão feliz que você não me odeia."

Meus irmãos e irmãs acabaram encarando o espaço, cada um perdido

em seus próprios pensamentos. Dei-lhes um minuto para pensar o

problema. Mas um minuto era tudo o que podia suportar.


"Então," disse em voz alta, surpreendendo-os com suas contemplações,

"Vamos votar."

"Votar em que?" Duane olhou para Beau, como se estivesse verificando

se havia perdido alguma coisa.

"Quero que votem se prossigo com esse plano. Tudo está no lugar. Tudo

o que preciso fazer é dar um telefonema." Olhei ao redor da sala, vendo que

eles entendiam a situação. "Vocês decidem."

"Depende de nós?" Beau soou verdadeiramente perplexo. "Desde

quando? Desde quando depende de nós?"

"Desde que ele se apaixonou e percebeu que a intromissão vem com um

preço." Jethro colocou a caneca de café em um lado e pegou seu tricô. Notei

que ele estava fazendo um chapéu de bebê; era amarelo e parecia suave.

"Isaac Sylvester," disse Billy, chamando minha atenção para ele. "Você

não quer puxar o gatilho por causa do Isaac."

Balancei a cabeça e respondi honestamente. "Não. Não é isso. Ele tem

que assumir a responsabilidade por suas próprias ações e as consequências,

assim como eu. Assim como todos fazem." Citar Jennifer foi estranhamente

satisfatório.

"Isso parece muito sábio." Ashley estreitou os olhos para mim, pesados

com suspeita.

"Então, por que temos que votar?" Duane desconfiado também olhou

para mim.

"Porque estou fazendo isso por causa de vocês. Bem, isso não é verdade.

Estou fazendo isso por mim - porque gostaria de ver o rosto de Darrell
quando perceber que tudo o que ele já se importou for destruído - mas

também estou fazendo isso por todos vocês."

Seis conjuntos de olhos me encararam, mas foi Billy quem fez o

primeiro voto.

"Eu digo sim. Derrube-os.” Ele ficou de pé, olhando para mim, com a

mandíbula marcada. Seu voto não era uma surpresa.

"Também digo sim," Duane colocou, trocando um olhar com Billy.

"Espero que todos apodreçam no inferno."

"Digo não." Beau olhou entre Duane e eu. "Digo que as coisas

aconteçam naturalmente. Se a lei tiver provas contra eles, deixe-os usá-las.

Não quero que nenhum de nós seja implicado. Deixe-os fazer sua própria

cama. Não tem nada a ver conosco."

"Concordo com Beau." Ashley assentiu. "Eles atirarão em seus pés mais

cedo ou mais tarde. Não tem nada a ver conosco. Não gosto que você esteja

envolvido, Cletus. E se isso acontecesse com você?” A preocupação em seu

tom aqueceu meu coração. Adorava a minha irmã. Ela era um anjo. Um anjo

lindo e enfurecido.

"Sou contra isso." Roscoe finalmente falou. "Por todos os motivos que

Beau e Ashley disseram. Além disso, conheço alguns desses novos recrutas.

Fui ao ensino médio com vários desses caras. Eles não são ruins, estão

perdidos. Eles não devem ser responsabilizados pelas ações de caras como

Razor e Dirty Dave - esses dois são psicóticos."

Assenti com a cabeça, fazendo uma contagem mental. Duane e Billy

foram para o meu lado, Beau, Ashley e Roscoe estavam contra. Todo mundo
deve estar contando em suas cabeças porque Jethro tornou-se o foco de toda

a sala.

E deve ter sentido nossos olhares porque respirou profundamente, mas

manteve os olhos cuidadosamente no seu tricô.

"Jethro?" Perguntei. "Qual o seu voto?"

Ele balançou sua cabeça. "Eu me abstenho."

"O quê?" Duane rosnou, olhando entre nosso irmão mais velho e eu. "O

que você quer dizer que se abstém?"

"Quero dizer, abstenho-me. Não estou votando."

"Por que diabos não?" Mais uma vez, obrigado pela sua contribuição,

Duane de raios de sol e arco-íris.

"Porque sou o voto decisivo." A nitidez e a intensidade da voz de Jethro

surpreendeu a todos. Ele baixou o tricô e olhou para Duane, falando com os

dentes cerrados. "E odeio aqueles filhos da puta mais do que você. Mais do

que qualquer um de vocês.” Ele dirigiu seu olhar para Billy e eles

mantiveram o contato. "Mas não vou permitir que o ódio tome minhas

decisões. Se votasse, votaria em destruir todos. Então não posso votar.

Porque não sou mais essa pessoa."

O silêncio pendia como um nó ao redor de nossos pescoços enquanto

Billy e Jethro trocavam olhares. Mas Billy foi o primeiro a desviar o olhar.

"Bem. Você tem sua resposta, Cletus." Ele engoliu uma vez, então se

sentou de volta na cadeira.

"Impasse significa que ninguém ganha." Torci os meus lábios para o

lado, considerando como proceder.


"Apenas deixe-o onde está." Essa sugestão veio de Beau e todos

voltaram sua atenção para ele. "Deixe a evidência onde está, se puder. Então,

se precisar, se você precisar de vantagem, você tem."

Jethro sorriu e balançou a cabeça. "Sabe, Beau. Você é muito mais

parecido com Cletus do que deixa transparecer."

"Obrigado." Beau sorriu para mim. "À luz dos acontecimentos recentes,

vou aceitar isso como um elogio."

O ponto de Beau era bom. Um seguro contra os Wraiths, contra sua

influência e violência não era ruim. Ainda precisava encontrar o Repo sobre

o desagrado com Isaac na última sexta-feira. Saber que estava a apenas um

telefonema longe de desistir de toda a organização não era uma posição de

barganha ruim.

Quando chegou a hora de fazer a ligação - e senti um nível de confiança

que, mais cedo ou mais tarde, o tempo me daria - devia estar certo. Já tinha

outras considerações agora. Eu tinha Jennifer, minha Jennifer. Não poderia

continuar manipulando pessoas, não me importando com as consequências.

Não queria que minhas maquinações a afetassem negativamente.

Ela era minha prioridade.

"Qual era a segunda coisa?" Ashley perguntou suavemente, suas

sobrancelhas levantaram-se com expectativa.

A segunda coisa?

A segunda coisa.

Fechei meus olhos por um momento, permitindo que a onda abrupta de

tristeza me varresse depois se retirasse. Mas não recuou. Precisava de mais


tempo para me preparar. A primeira coisa - os Wraiths e sua queda - era a

coisa fácil. Esta... Esta era a coisa complicada.

"Cletus?" Ashley pressionou, parecendo preocupada.

Não tive mais tempo. A hora era agora.

Abri os olhos. Não os levantei para além do tapete, não pude.

"Darrell Winston teve uma terceira família."

Como esperado, esta notícia foi recebida com um vazio atordoado. A

quietude era completa, ensurdecedora, e me propiciou falar.

"Darrell teve outro filho."

Ashley fez um som, uma rápida entrada de ar, mas nada mais.

Continuei, surpreso com o quão difícil era dizer. "Seu nome era Eric e

ele morreu. Morreu de câncer. Descobri dois anos atrás, depois que morreu.

Pensei que todos deveriam saber."

Curiosamente, meus olhos piscaram. E isso foi curioso porque nunca

derramei uma lágrima sobre a perda do irmão que nunca conheci. Não me

opunha a chorar, simplesmente não fazia isso muitas vezes. Chorei quando

minha mãe morreu. Os gemidos e soluços eram catárticos, até que eles não

diminuíram. Então parei.

Mas Eric, não senti vontade de chorar devido à sua morte. Ele nunca foi

meu para lutar. Ele estava perdido para mim, perdido para todos nós, antes

que soubesse que ele existia.

O movimento do canto do meu olho chamou minha atenção e olhei

para encontrar Duane caminhando em minha direção. Inesperadamente, ele

me puxou para um abraço. Depois de um breve momento, me mudei para


me afastar, mas ele me segurou mais apertado, me apertou mais e não me

deixou ir.

Jethro ficou em pé e caminhou até nós, junto com Roscoe e Ashley. Seus

braços nos rodearam e Ashley enterrou sua cabeça contra meu pescoço,

como se estivesse me respirando e me segurando nos pulmões como que

para confirmar que eu ainda estava aqui e vivo.

Beau e Billy se juntaram logo depois, Billy arrumando meus cabelos e

apertando a parte de trás do meu pescoço, chamando minha atenção para

ele. Nossos olhos se encontraram e só agora percebi que Eric e ele se

pareciam, pois tinha visto fotos dele. Ele parecia com Ashley também.

Parecia minha família, como um irmão.

Olhando para esse irmão que amava, não importava o quanto tentasse

ignorar e afastar a dor, percebi que perdi um irmão. Todos nós o perdemos.

Roscoe foi o primeiro a falar. O som inesperado provocou risos leves do

resto de nós.

"Ah, venha aqui." Ashley se separou do grupo e cruzou Roscoe em seus

braços. Ela fungou também.

"Esta é uma notícia de merda, Cletus,” disse Duane, fazendo-nos rir

novamente. "Quando você vai compartilhar algumas boas notícias?"

Billy deu a Duane um sorriso pequeno e indulgente, depois moveu os

olhos para mim. "Mais segredos, Cletus?"

Fiz uma pausa, encontrando seu olhar avaliador, debatendo sobre como

responder.
Adorava minha família e perdi minha mãe. Senti falta de Duane

quando ele partiu. Perdi o irmão que nunca conheci. Alguns encargos

deveriam ser compartilhados, aqueles que se centravam na perda e no amor.

Mas alguns encargos não deveriam ser compartilhados.

Eventualmente, balancei minha cabeça. "Nenhum que quero

compartilhar."

E essa era a verdade.

Pensei em meus bons amigos no escritório do xerife, oficiais Dale e

Evans e as providências que teria que tomar para garantir que Darrell

Winston sempre estaria ao meu alcance. Seu destino era meu capricho, como

deveria ser.

Permiti que meus irmãos votassem sobre o que aconteceria com os

Wraiths, e respeitava sua decisão. Tirar os Wraiths era por minha família.

Mas derrubar Darrell Winston... Bem, isso era por mim.

***

NINGUÉM ESPERAVA um stripper do Navy SEAL de oitenta e cinco anos

de idade. Ninguém. E essa era a beleza de George.

No entanto, as ações têm consequências, e a partir de hoje - hoje sendo o

dia após a despedida de solteiro de Jethro - meus irmãos não estavam

falando comigo. Coletivamente, todos os participantes da despedida de

solteiro chegaram a um acordo implícito: eu era o inimigo.

Consequentemente, decidi que seria melhor me deixar ser ignorado.


Jenn passara o dia anterior cozinhando o bolo de casamento de Jethro e

Sienna. Então passou a noite na festa de despedida de solteiros de Sienna.

Parecia estar com bom humor quando a encontrei no início da manhã na

sexta-feira, lendo um livro na biblioteca da minha mãe.

Jenn tinha ficado hospedada no antigo quarto de Ashley, mas me

contou ontem antes das festas que estava determinada a se mudar para a

casa da Claire o mais rápido possível, exatamente esta noite.

Partindo cedo, nós caminhamos pelo estacionamento e pegamos o Ford

360, costumávamos usá-lo para reboque de carros. Passamos o dia em

Knoxville pegando suprimentos para seu novo local, incluindo alguns

móveis. Claire tinha levado cerca de um quarto de suas coisas quando se

mudou para Nashville durante o verão, deixando grandes itens como a

mesa da cozinha e cadeiras, um grande sofá e uma poltrona reclinada de

tamanho grande. A casa precisava de uma cama e um armário, uma cômoda

e mesas de cabeceira.

Uma compradora eficiente, Jenn sabia exatamente o que queria e

quanto queria gastar. Lutei com o desejo de pagar sorrateiramente suas

compras. Queria ser solidário e parte de ser solidário - para mim -

significava fornecer suporte material. Mas quando vi o prazer que ela obteve

comprando suas coisas novas com seu próprio dinheiro, não discuti.

Não pude.

Isso a deixou feliz.

Então aprendi a apoiá-la de uma maneira diferente.


Depois de deixar os móveis no lugar de Claire - agora o lugar de Jenn -,

estávamos correndo antes do cronograma. Jenn sugeriu que fossemos para a

Daisy's Nut House para um lanche no final da tarde, com cuidado para não

estragar nossos apetites enquanto esperávamos o jantar de ensaio em

algumas horas. Um pedaço de torta ou duas rosquinhas no Daisy parecia

certo.

"Posso dizer-lhe algo engraçado?" Jenn deslizou no banco do balcão e

gritei para o garçom.

"Quão engraçado é?" Perguntei, ainda não estava sentado.

"Por quê?"

"Porque tenho que ir ao banheiro e não quero fazer xixi em minhas

calças."

Jenn riu, esfregando o rosto para mim como se eu tivesse um parafuso

solto, e era fofo. "Vá para o banheiro, então, seu maluco. Vou pedir sua

torta."

"Também pode pedir rosquinhas. Não consigo decidir o que quero."

"Bem. Donuts e torta." Ela me acenou, movendo o sorriso e a atenção

para o garçom que se aproximou para anotar nosso pedido.

Fiz um rápido trabalho no banheiro, e me virei para sair depois de lavar

as mãos, mas fui forçado a parar. Na verdade, fui forçado a dar um passo

para trás.

"Cletus Winston." Repo me deu um sorriso malicioso, ou pelo menos

um sorriso que ele pensou ser malicioso. Estes dias seu sorriso parecia

forçado. No entanto, forçado ou não, seu sorriso estava torto, emoldurado


por sua barba grisalha, e a curva de sua boca me lembrou de muito Jessica

James.

Minha atenção se lançou entre os três homens que acabavam de invadir

o banheiro masculino. Repo, Catfish e Dirty Dave - três dos mais altos

membros dos Iron Wraiths - ficaram no meu caminho, bloqueando a porta

do banheiro.

Jennifer.

Meu primeiro pensamento foi em Jenn, sentada sozinha no balcão, e um

pico de preocupação por seu bem-estar me fez avaliar rapidamente minhas

chances de lutar contra os três homens ao mesmo tempo.

Mas a razão prevaleceu.

O lugar da Daisy era extremamente público. Se a memória servia, e

sempre fazia, na hora do jantar tinha pelo menos setenta e cinco por cento

de clientes. Minha mulher estava segura apenas enquanto esses caras não se

tornassem desesperados.

"Tio Repo," falei com alegria, e devolvi o sorriso dele, mas o meu não

era torto nem malicioso, nem era genuíno. "Pensei que íamos nos encontrar

na semana que vem."

"Não há melhor momento do que o presente, Cletus. Seu pai me

ensinou isso."

"Catfish quer retribuição pelo que você fez no rosto do seu candidato."

O alegre e grosso anúncio de Dirty Dave me fez olhar Catfish.

O grande homem parecia irritado.


Acenei com a cabeça uma vez, um assentimento sombrio enquanto

acariciava minha barba. "Se vamos falar sobre isso agora, então que assim

seja."

"Não sei se é preciso falar muito," Repo cortou. "Apenas um olho por

um olho, e tudo isso. Que pena. Você sempre teve um rosto bonito."

"Claro, claro." Acenei com a cabeça agradavelmente. "Nesse caso, onde

está à old lady do Catfish, então posso maltratar ela e chamá-la de

prostituta?"

Os três homens começaram franzindo a testa para mim e olhando um

para o outro.

"Diga novamente?" Catfish perguntou em seu barítono profundo,

olhando para mim como se tivesse brotado chifres de cabra.

"Se nos dedicarmos a uma verdadeira retribuição - olho por olho e tudo

isso - então vamos fazer isso direito. Isaac Sylvester agarrou minha mulher,

a sacudiu e depois a chamou de prostituta. Então eu o nocauteei. Agora,"

coloquei minhas mãos juntas, "Estou pronto para encontrar o punho do

Catfish, mas vamos fazer isso certo."

Repo franziu a testa para mim, seus olhos se movendo sobre minha

pessoa como se estivessem procurando a verdade da minha reivindicação,

depois voltou para Catfish. "O que é tudo isso?"

Catfish sacudiu a cabeça, parecendo igualmente atordoado. "Twilight

não vai dizer o que aconteceu."

"Claro que ele não pode, sua mandíbula está quebrada." Dirty Dave

coçou o queixo, como se estivesse sofrendo dores com simpatia.


Catfish continuou: "Mas Tina não mencionou nada disso."

"Tina não mencionaria isso porque só se importa com Tina." Encolhi os

ombros.

Repo lançou um olhar estreito sobre mim. "Você está dizendo que a

menina do Bolo de Banana..."

"Ela é uma rainha, não uma menina."

Ele resmungou com impaciência. "Sua majestade de bananas é sua

mulher?"

Dei uma afirmativa com a cabeça.

Os três homens trocaram olhares, comunicando-se silenciosamente com

os olhos. Desta vez, não me importava.

Os olhos de Catfish voltaram para os meus. "Se for esse o caso, se isso

for verdade, então não vejo necessidade de retribuição. Ninguém toca minha

mulher e a chama de prostituta. Nunca."

E lá estava: lealdade.

Estudei o homem grande, surpreendido e impressionado com a sua

razoabilidade. Nós nunca seríamos amigos ou amigáveis, mas poderia

entender o desejo de pertencer a algo maior, ter irmãos, pessoas leais que

tinham suas costas.

De repente, a decisão que minha família havia feito, quando coloquei o

destino do Iron Wraith em votação, pareceu-me certa. Esses caras eram

criminosos. Eles não eram todos doentios, mas fizeram coisas ruins.
Se me ameaçassem ou ao meu povo, teríamos os meios para nos

defender. Se não o fizessem, as escolhas que eles fizeram determinarão a

estrada em que estavam, bem como as armadilhas ao longo do caminho.

Repo assentiu lentamente, olhando entre Catfish e eu.

"Acho que devemos ir." Dirty Dave balançou, virando-se para a porta

do banheiro e saindo com um golpe. Claramente, ele estava com um desejo

por briga, mas Dirty Dave sempre estava com desejo por uma briga.

Em um movimento extremamente cuidadoso, Catfish me deu mais um

aceno de cabeça, depois seguiu Dave para fora do banheiro masculino,

deixando-me olhar o grande homem e o misterioso caso de suas intenções

assassinas desaparecendo.

Repo virou-se para sair, mas uma noção que eu mantive por alguns

anos me fez detê-lo. E uma ideia.

"Repo, antes de você ir...”

Ele se torceu para olhar para mim, uma pergunta escrita em suas feições

tipicamente escorregadias, seu aperto na maçaneta ainda segurando a porta

entreaberta. Eu o estudei um pouco mais perto, observando a forma de seus

olhos, as linhas do nariz e do queixo.

Com base nesse pressentimento, disse: "Jessica James vai sair na

próxima semana para a Itália."

Ele estremeceu. Era um movimento sutil, mas eu estava procurando por

isso, então peguei.

"Para viajar pelo mundo. Ela e Duane vão embora por um tempo. Eles

não sabem quando voltarão."


Repo deixou a porta fechar e se voltou para mim, seus olhos escuros se

fecharam e levantou o queixo. "Por que você está me dizendo isso?"

Balancei minha cabeça. "Não sei. Talvez me sinta caridoso."

Seu brilho diminuiu em mim.

"Tudo bem, talvez eu queira um favor," corrigi.

"Por que lhe faria um favor por me contar... sobre a Srta. James?

Um sorriso lento se espalhou por minhas feições e assisti o homem mais

velho engolir. "Você sabe por quê."

Algo brilhou atrás de seus olhos escuros, mas não disse nada.

Tomando seu silêncio como um acordo implícito, anunciei: "Quero que

Isaac Sylvester visite sua irmã, peça desculpas por ser odioso e seja gentil

com ela."

Repo olhou para mim, esperando que continuasse. Quando não fiz, ele

franziu a testa. "É isso aí?"

"É isso aí."

Ele balançou a cabeça lentamente. "Não. Não é isso. Você tem algo na

sua manga. Você sempre tem."

Apertei meu peito como se a acusação me ferisse. "Tio Repo!" Então

adicionei com uma inclinação de cabeça respeitosa e sinceridade fingida

"...Fico lisonjeado."

Ele sorriu, apertando os olhos e virando-se para a porta. "Verei o que

posso fazer."

***
APÓS O JANTAR DE ENSAIO - durante o qual meus irmãos continuaram a

fingir ignorar a minha existência - levei Jennifer para casa.

Casa.

O pensamento me afligiu.

Esta noite eu a deixaria. Ela ficaria, e ela estaria em sua casa.

Em algum momento da semana passada, não considerava mais a

herança de Winston minha casa. Não mais. Não quando minha mulher

morava em outro lugar.

Tanto quanto queria que sua casa fosse a minha casa, se Jenn fosse

morar em qualquer lugar por conta própria, fiquei feliz por ter escolhido a

casa de Claire. A casa era basicamente uma fortaleza.

Jethro e o Sr. McClure - sogro de Claire - tomaram medidas adicionais

para garantir que o lugar fosse seguro. Possuía dois quartos de pânico, um

em cada andar, um sistema de alarme e vigilância com três câmeras e apenas

três pontos de entrada. Cada janela poderia sustentar qualquer coisa, de um

furacão a balas. Eles eram à prova de choque. Todas as portas exteriores

tinham dois parafusos mortos e eram de aço, assim como os moldes das

portas.

Estes eram meus pensamentos enquanto dirigia, até que Jennifer

interrompeu o silêncio com um anúncio falado. "Minha mãe me ligou

durante o jantar de ensaio. É por isso que me desculpei."

Dividi minha atenção entre seu perfil e a estrada. "Foi ela?" Sabia que

Jenn tinha recebido uma ligação, mas eu não sabia de quem tinha sido.
"Sim." Jenn assentiu, tirando o telefone. "Contei a você como falei com

ela na quarta-feira? Como disse a ela que não voltaria ao trabalho até

finalizar um contrato de trabalho? E falei sobre o meu pai?”

"Sim." Preparei-me, porque sua voz parecia triste.

"Ela está me enviando o acordo na segunda-feira para revisar. E decidiu

deixar meu pai."

Chegamos a um semáforo e aproveitei a oportunidade para examiná-la

mais de perto. Arruinar o pai dela ainda era uma prioridade para mim.

Tudo o que Diane Donner-Sylvester exigiu para garantir que Kip nunca

visse um centavo do legado da família Donner, eu faria isso. Esta notícia,

sobre sua mãe deixando o homem, era um bom primeiro passo.

"O que posso fazer?” Perguntei, precisando ajudar, precisando melhorar

as coisas para ela.

Seus olhos extraordinários brilharam na escuridão. "Apenas me ame."

"Você já tem isso."

Ficamos em silêncio por um momento e voltei para a estrada antes de

oferecer filosoficamente: "Quero que saiba que não estou mais brava com

você por chantagear meu pai e tentar controlar a situação. Mas fico feliz que

ele me contou sobre isso. Fico feliz por ele achar que você estava blefando.

Porque agora estou livre dele."

Suas palavras me atingiram diretamente no coração. Pisquei, afrouxei e

reajustei meu aperto no volante.

"Fico feliz que você esteja livre dele," concordei, "Mas gostaria de ter lhe

dito desde o início e fiz a escolha por você, ao invés de tentar ajudar você."
Eu a peguei sorrindo para mim pelo canto do meu olho. "Eu sei. E

gostaria de não sentir lealdade a um homem que me tratou mal toda a

minha vida."

"Isso vai desaparecer," disse com certeza, porque eu sabia. Nem sempre

desprezei meu pai e certamente não sentia lealdade ao bastardo agora.

"Espero que sim."

Movi-me no meu assento dirigi para a entrada de sua nova casa. "Uh,

por falar nisso, queria ter lhe dito mais cedo na Daisy's que tive uma

discussão com Repo e Catfish sobre Isaac."

"Quem são Repo e Catfish?"

"Dois grandes integrantes nos Irons Wraiths."

"Você teve?"

"Sim. Os Wraiths não estão à procura de retaliação pelo que aconteceu

na sexta-feira passada. Não mais. Então isso está resolvido."

"Isso é bom." Ela pareceu aliviada e fiquei satisfeito por remover

qualquer preocupação persistente sobre o episódio de sua mente.

"Você disse que queria saber quando ou se eu agisse em seu nome,

então preciso te contar outra coisa."

Sua mão chegou ao meu joelho, quente e reconfortante. "Oh? O que

você fez?"

"Solicitei a Isaac que lhe visitasse, se desculpasse por ser odioso e faça

uma tentativa de consertar as coisas." Meus olhos viraram para o dela

enquanto estava na frente da casa de Claire, agora de Jennifer.


Ela estava olhando na minha direção, mas duvidava que estivesse

realmente me olhando.

"Se Isaac quisesse falar comigo, Cletus, então teria vindo até mim."

Sua tristeza tangível me fez querer esmurrar Isaac Sylvester.

Novamente.

"Talvez sim," disse, "Talvez não. Talvez esteja perdido e precisando do

amor de uma boa mulher para ajudá-lo com suas decisões tolas."

Ela sorriu, provocando: "Você quer dizer como você e eu?"

"Exatamente." Cobri sua mão em joelho e a deslizei mais alto.

Seus lábios se separaram com surpresa, as sobrancelhas de Jenn

saltaram e ela sorriu, visivelmente encantada.

"Vamos entrar." Sua voz era rouca. Eu gostei.

"Parece uma excelente ideia." Desci do carro, o som de sua risada me

perseguindo e me guiando até a sua porta do outro lado.

Ajudei Jenn a sair do carro, dei um passo à frente e a arrastei em meus

braços.

"Cletus." Ela tenta uma careta e sorri para mim, balançando a cabeça e

girando um braço em volta do meu pescoço. "Meus pés estão bem."

Os pés de Jennifer haviam curado bem, mas eu ainda planejava usá-los

como uma desculpa para carregá-la em todos os lugares, sempre que

possível. Segurá-la nos meus braços era um dos meus estados favoritos de

ser.

"Não quero arriscar. Pegue suas chaves."


Ela tirou as chaves da bolsa e descansou a cabeça contra meu ombro

quando subi as escadas.

"Esta foi certamente uma noite interessante."

Acenei com a cabeça concordando, mas disse: "Ainda não terminou."

Inclinei-me ligeiramente para poder desbloquear as fechaduras.

Porta destravada, cruzamos o limiar. Fechei a porta com o pé e ela

trancou as fechaduras, chutando os sapatos.

"Onde agora?" Perguntei, virando à esquerda, depois à direita. "Para a

cozinha? Ou para a sala de estar?"

"Acho que gostaria de me deitar." Jenn aconchegou-se mais perto,

envolvendo os dois braços ao redor do meu pescoço e colocando um beijo

no meu pescoço. "Quarto?"

Não precisava falar duas vezes.

Levei-a pela escada em direção ao quarto, acendendo a luz. Ela

suspirou, colocando mais beijos no meu pescoço, uma de suas mãos se

movendo para os botões da minha camisa e desfazendo os três primeiros.

Ela estava usando um vestido azul que parecia um suéter comprido, exceto

que não era folgado. Ele abraçava suas curvas e esteve me deixando louco a

noite toda.

"Este vestido," disse, colocando-a suavemente em seus pés na frente de

sua cama, "Ele quer sair."

“É mesmo?" Ela sorriu para mim, continuando seu trabalho nos botões

da minha camisa.
"Sim." Fiz uma careta para o material, não tendo certeza de como

proceder porque não tinha visto um zíper.

Ela colocou um beijo na minha clavícula, empurrando minha jaqueta e

deixando-a cair no chão. Então puxou minha camiseta.

"Cletus, sinto falta do seu toque," sussurrou, pressionando seu corpo

para mim e escovando seus lábios contra os meus. "Você não vai me tocar?"

Assenti com a cabeça, fascinado como de costume por esta mulher.

Deslizei minhas mãos debaixo da saia, saboreando a pele sedosa de suas

coxas. Jennifer levantou os braços e peguei a dica, tirando o vestido, como se

alguém tirasse um suéter, empurrando-o sobre sua cabeça.

Isso deixou Jenn diante de mim em sutiã e calcinha, uma tentação

sublime, deliciosa.

Antes de dizer explicitamente ao meu cérebro para fazê-lo,

desenganchei seu sutiã e me inclinei para saborear seus peitos, enchendo

minha mão com um e minha boca com outro. Apertei e massageie sua pele

impecável, puxando e torcendo seu mamilo. Ela gemeu e sua respiração

engatou, os sons me deixando louco. Jenn passou os dedos no meu cabelo,

pressionando a parte de trás da minha cabeça, arqueando para se aproximar.

Estávamos sozinhos. Em sua casa. E eu a queria. Muito.

Meus pulmões queimaram e minhas veias latejaram com o quanto

queria essa mulher. Minha mulher.

Tempos como este, era difícil não aproveitar. Horários como esses, meus

instintos mais baixos lutaram para tomar controle, me empurrando para


provocá-la, aproveitar a vantagem da minha experiência até que me

implorasse para aliviar e preencher sua dor.

Queria cada centímetro de seu corpo perfeito. À medida que meu

controle escorregava, me convenci de que eu precisava disso. Precisava dela,

para possuí-la, para reivindicá-la. A necessidade me atrapalhou e me

sufocou...

"Eu te amo," sussurrou quando suas mãos escorregaram debaixo da

minha camisa. Ela alisou a palma do meu peito até meu estômago, curvando

seus dedos na cintura da minha calça.

Suas palavras, sua confissão de amor, me consolaram. Acalmei meus

movimentos, esperando que o frenesi da imprudência recuasse.

Sua casa ainda não era meu lar. Ela não estava pronta. Ainda não.

Talvez quisesse possuí-la, mas não precisava disso. Precisava amá-la,

não possuí-la. E ela precisava do meu amor, não da minha trapaça. Não do

meu controle.

Então expirei. Não a possuí. Não a empurrei.

Em vez disso, levei-a de volta para a cama, tirando o único pedaço de

tecido restante pelas pernas, deixando-a nua e vulnerável, deslumbrante e

tremendo.

Passando meu olhar ganancioso por seu corpo - esse corpo que cobicei

com desespero - encontrei seus olhos extraordinários. No chão de frente

para ela me ajoelhei, espalhando suas pernas, testemunhando a beleza de

sua confiança.

E eu a amava.
CAPÍTULO 31

"O homem não é o que ele pensa que é, é o que ele esconde."

― André Malraux

~Cletus~

FOI UMA BELA cerimônia.

Jethro, sem surpresa, não estava nervoso. Meu irmão mais velho não era

o tipo nervoso. Mas ele ficou agitado quando Sienna caminhou pelo

corredor.

Inferno, acho que todos nós fizemos.

Ela apareceu na beira do campo de flores selvagens, envolta em uma

nuvem branca com seu vestido, parecendo um anjo. Sienna era linda,

tornou-se ainda mais pela forma como olhou para o meu irmão.

Ela deu três passos em direção ao altar e meus olhos se voltaram para

Jenn.

Minha Jenn.

Minha Jenn não estava olhando para mim. Ela estava olhando para

Sienna com um sorriso grande e feliz em seu rosto, então ela não me viu

enquanto a encarava e imaginava o dia do nosso casamento. Imaginei o

momento em que ela apareceria, também vestida de branco, parecendo um

anjo.
Ou talvez nós fugíssemos, apenas nós dois. Talvez para o Alasca, onde

teríamos uma cerimônia privada sob um céu surpreendente.

Honestamente, não me importava.

Virtuosa fortaleza, lembrei-me. Paciência. Os lembretes me deixavam de

mau humor, então me concentrei na bela cerimônia e na felicidade do meu

irmão.

Depois que os dois disseram sim, as festividades começaram. Procurei

Jennifer assim que a festa de casamento chegou ao local da recepção.

Uma grande barraca tinha sido erguida na parte de trás da propriedade

com uma enorme pista de dança, cobrindo uma área gigante dentro e fora

da estrutura temporária. Os pratos tradicionais mexicanos e a tradicional

cozinha doméstica de Tennesse estavam lado a lado no buffet, com opções

veganas também disponíveis para aqueles lunáticos que não comiam carne.

A boa notícia foi que encontrei Jenn quase imediatamente. A má notícia

era que ela estava falando com Jackson James.

O meu mau humor voltou e se intensificou.

Planejei um curso de intercepção, mas fui parado por uma mão no meu

cotovelo. Irritado, virei, preparado para sacudir os dedos do usurpador.

Mas era Claire.

Então não fiz.

Em vez disso, devolvi o sorriso dela.

"Claire McClure, nos encontramos de novo."

Seu sorriso alargou e ela riu, me puxando para um abraço. "Olá, Cletus.

Como você está?"


"Oh, estou perfeitamente bem." Inclinei e peguei sua mão, colocando-a

no meu braço. "Você vai ficar e dançar comigo?"

"Somente se você cantar uma música comigo."

Balancei minha cabeça. "Acho que não estamos dançando então."

Sua boca pressionou em uma linha frustrada. "Venha, venha cantar

comigo. Você mereceu esse contrato de gravação, tanto quanto eu, e você

insistiu em tocar em segundo plano."

"Isso é porque o segundo fica com a Rainha do Bolo de Banana."

"Bom." Ela assentiu uma vez, ardentemente. "Estava planejando falar

com você sobre ela hoje, mas estou feliz que você finalmente criou juízo.

Vocês dois são perfeitos um para o outro."

"Nós somos, não somos?" Meus olhos buscaram automaticamente

Jennifer e eu fiz uma careta. Jackson James havia dito algo para fazê-la rir.

Cão sarnento.

Mas então me peguei sorrindo enquanto minha atenção se prendia em

sua boca. Tomaria seu sorriso de qualquer forma, por qualquer motivo,

mesmo que Jackson tivesse sido o único a colocá-lo no rosto.

"Então não há nada que possa dizer para convencê-lo a cantar comigo?"

Claire pressionou.

"Não." Recolhi uma respiração profunda, voltando-me para Claire e

removendo a mão do meu braço, mas mantendo os dedos juntos. "Aspiro

realizações diferentes do sucesso mundano, e sei que você também. Mas,

Claire, fico feliz que finalmente tenha visto a razão e aceitou o acordo. Sua

estrela é muito brilhante para se esconder à vista. ”


"Você acabou de rimar, Cletus. Talvez tenha que roubar isso para uma

música."

"Continue. Não estou usando isso para nada lucrativo."

Os olhos de Claire moveram-se sobre mim como se eu fosse precioso

para ela. Acho que era, de certa forma. Suspeitei que todos nós fossemos,

mesmo Billy.

Como se estivesse lendo minha mente, seu sorriso diminuiu e seus

olhos caíram do meu rosto para minha gravata. Ela tirou os dedos dos meus

e a endireitou, alinhando as mãos pelas lapelas e levantando as pontas para

colocar um beijo na minha bochecha.

"Obrigada por acreditar em mim, Cletus. Pagarei a você um dia."

Assenti com a cabeça, considerando - estudando - então aproveitei e

sugeri gentilmente: "Se você quer me pagar de volta, peça que Billy cante

com você."

Um brilho de dor brilhou atrás de seus olhos e seu sorriso caiu, fazendo

surgir um olhar nervoso. Balançou a cabeça, dizendo suavemente: "Ele não

quer cantar comigo."

Sua negação me fez sorrir. "Oh, Claire. Ele só quer cantar com você.

Ninguém mais. Nunca mais ninguém. Só você."

Minhas palavras não fizeram nada para aliviar a ansiedade em sua

expressão. Na verdade, pareceu aumentá-la. Seus olhos se afastaram,

procurando, e ela colou um sorriso forçado em suas feições.

"Acho que Jennifer está procurando por você." Claire apontou para a

minha direita e segui seu olhar.


Com certeza, Jennifer estava olhando para nós e sorrindo. Ela acenou

para Claire alegremente, então seus lindos olhos se moveram para mim. O

sorriso dela cresceu.

"Diga a ela que disse oi."

Senti Claire apertar meu braço, mas quando voltei para a minha amiga

me deparei com a visão de suas costas indo embora. Fiz uma careta para ela,

com a cabeça. Não a entendi.

Mulher teimosa.

Claramente, estava apaixonada pelo meu irmão.

Mas não havia nada que pudesse fazer sobre isso. Pelo menos ainda

não. Talvez mais tarde.

Voltei minha atenção para Jenn e Jackson, e continuei meu curso

original, com propósito na minha mulher.

"Jackson," disse quando cheguei até eles, garantindo que minha voz

fosse tão plana quanto os pneus de seu carro.

Ainda não estão planos, mas estarão.

Ele virou seus olhos castanhos sorridentes para mim e eles diminuíram

quando embrulhei meu braço em torno da cintura de Jenn e coloquei um

beijo no pescoço dela.

"Ei," disse, ignorando-o.

Ela sorriu para mim, envolvendo o braço em volta da minha cintura

também. "Ei."

"Como você está?"


O sorriso dela cresceu e os olhos baixaram para os meus lábios. "Senti

sua falta."

Ela sentiu minha falta.

A vida é boa.

Espiei seu sorriso, prestes a sugerir que nos esgueirássemos, mas então

Jackson limpou a garganta.

"Olá, Cletus," disse, chamando a minha atenção para o rosto irritante.

Eu o ignorei tão bem que tinha esquecido que ele ainda estava lá.

"Foi uma boa cerimônia," ofereceu benignamente.

"Foi," admiti, ainda estável.

Ele coçou o pescoço. Segui o movimento com meus olhos enquanto

Jennifer me dava um aperto afiado.

Meu mau humor se acendeu porque sabia o que esse aperto significava.

Ela queria que falasse com Jackson James, é isso que o aperto queria dizer.

Oh, bom senhor.

"Vou pegar uma bebida e deixar vocês conversarem," disse de forma

significativa, afastando meu aperto enquanto me enviava um sorriso grande

e encorajador. "Você quer alguma coisa?"

Murmurei a palavra você e ela estreitou seus olhos, balançando a

cabeça sutilmente e olhando para Jackson. Mais uma vez, com significado.

"Eu vou pegar duas cervejas para vocês", disse ela. "Fique aqui."

Jenn saiu e meus olhos foram para a forma como ela se afastava. Segui

seus movimentos até que ela desapareceu na multidão.


E então voltei minha atenção para Jackson e fiz uma careta para ele. Ele

não estava olhando para mim. Estava olhando para a multidão, seus olhos

examinavam o rosto dos convidados do casamento.

"Não conheço a maioria dessas pessoas, mas acho que reconheço

algumas," disse ele, a propósito de nada, como se estivéssemos em

condições amigáveis de conversação.

Meu olhar franzido se aprofundou e estava pronto para rejeitar sua

familiaridade, mas então pensei em Jennifer e como me pediu para dar uma

chance.

Droga.

Endireitando minha espinha, cruzei meus braços e também escaneei a

multidão. "Isso é porque muitas dessas pessoas são estrelas de cinema,

amigos de Sienna."

Ele acenou com a cabeça distraído com a atenção fixa em uma morena

alta. "Não vou apontar, mas acho que é Raquel Ezra."

Ele estava certo. A morena alta era Raquel Ezra; ela era a mais recente

bomba de Hollywood. Olhei para longe, instintivamente procurando por

Jenn novamente. Encontrei-a vagando pelo bar, olhando-me, com as mãos

nos quadris.

Sua mensagem era clara.

Revirei os olhos.

Resignado, voltei para Jackson. "Aqui está o acordo, Jack."

Seus olhos cortaram para mim e eu vi que meu tom ou minhas palavras

o surpreenderam.
Pronto para colocar esta farsa atrás de mim, lancei em minha queixa.

"Não gosto de você me prendendo por nenhuma razão, desperdiçando meu

tempo. E também não gosto que prenda os meus irmãos. E não gosto da

forma como tratou minha irmã no colegial, mas acho que nada pode ser

feito sobre isso agora. Então, seguindo em frente, você precisa parar de

abusar do seu poder e começar a agir como seu pai."

Ele olhou para mim, virando o rosto um pouco para o lado. "Mais como

meu pai?"

"Sim. Mais como o xerife. Você sabe. Como um oficial de justiça

incrível." Acenei com a cabeça uma vez, considerando a descrição, depois

acrescentei: "E humildade. Ele também é bom com a humildade."

Inesperadamente, o lado da boca de Jackson engatou e seus olhos - em

vez de escurecer e crescer mal-humorado, como esperava - aqueceu com

respeito.

"Bem. Deixarei de prendê-lo e desperdiçar o seu tempo."

Olhei para ele, para essa pessoa de Jackson James que não se comportou

como esperado. "Mesmo?"

"Sim."

"E quanto aos meus irmãos?"

"Duane está saindo com Jess esta semana, então não vou mais

prendê-lo." Ele encolheu os ombros. "Mas mantenho que era minha

prerrogativa assediar Duane quando achava oportuno, já que ele está

namorando minha irmã."


Considerava sua lógica, mas antes que pudesse decidir se concordava

com isso, ele continuou.

"Mas desde que Duane está indo, não há motivos para atrapalhar Beau,"

acrescentou pensativo, sua atenção voltando para a estrela de cinema Raquel

Ezra. Ele ergueu o queixo em sua direção. "Você acha que tenho alguma

chance?"

Olhei para ele, desconfiando da sua fácil aquiescência. Então olhei para

a Sra. Ezra, analisando automaticamente a situação.

"Não sei," respondi honestamente. Ouvi a Sienna dizer a Jessica que a

Sra. Ezra estava extremamente aberta com sua sexualidade e era notória por

suas tendências envolvendo algemas e brinquedos sexuais. Decidi não

compartilhar essa informação com Jackson. "Ela não parece ter um

namorado, então você tem isso em a seu favor."

Ele olhou para a mulher, então - novamente, a propósito de nada -

disse: "Você é um homem de sorte, Cletus. Jennifer é uma mulher bonita. ”

Assenti, mas disse: "Você está certo e está errado."

Os olhos de Jackson procuraram o meu. "Como assim?"

"Bem, você está certo. Jennifer é uma mulher bonita. Mas você está

errado, porque não é por isso que tenho sorte."

Suas sobrancelhas saltaram, claramente não esperando minha resposta,

e bati minha mão em seu ombro, dando-lhe uma pequena sacudida.

"Boa conversa, Jack."

"É Jackson," corrigiu, saindo do meu aperto, mas dando-me um sorriso

divertido.
"Vamos ver," disse, depois virei, andando direto para Raquel Ezra,

debatendo os acontecimentos desconcertantes dos últimos minutos.

Não confiava muito em Jackson, mas ele parecia sincero. E se fosse

sincero, Jenn estaria certa. E se Jenn tivesse razão... Bem, então, isso apenas

provava o quão incrível ela era.

"Com licença," disse, tocando a Sra. Ezra no braço.

A mulher virou o longo cabelo castanho pelo ombro. Seu olhar fez uma

rápida leitura da minha forma e características, depois, finalmente, levantou

para o meu.

"Sim?" Perguntou, um sorriso curvando seus lábios pintados; ela se

aproximou.

Retornei o sorriso dela. "Sou Cletus Winston, o irmão de Jethro. Sienna

falou de você com grande estima."

"Sienna é a melhor." Raquel disse, com sentimento.

Virei, apontando para Jackson James. "Meu amigo lá é um policial, um

policial local."

Sua atenção se moveu para Jackson e vi seus olhos se expandirem,

saltando entre a Sra. Ezra e eu.

Ela conduziu o mesmo rápido exame em Jackson que tinha feito em

mim. "Oh? É ele?"

"É ele. E ele tem algemas." Dei-lhe um sorriso. "Apenas FYI*(para sua

informação)".

Seus lábios se torceram para um lado e seus olhos castanhos dançaram

de riso. "Obrigada pela dica."


"Sem problemas. Tenha uma boa noite." Fiz uma saída rápida e me virei

para a mesa onde avistei Jennifer por último.

Estava determinado a beijá-la. Não tínhamos nos beijado

adequadamente desde a noite anterior. Então talvez nós dançássemos. E

então talvez eu a atrapalhe e fale que estava certa. Pensei que nunca me

cansaria de lhe dizer que estava certa.

***

"PENSE EM SEUS PÉS."

"Não há nada de errado com meus pés. Abaixe-me." Ela riu, e sua risada

era o paraíso.

Eu a desejei.

Há duas horas, Sienna e Jethro foram declarados marido e mulher.

Jennifer tinha feito o bolo - o que não era um bolo de banana, já que Jethro

odiava bananas - e as festividades de casamento continuavam por lá.

Mas estávamos lá dentro, e ambos tinham três copos de champanhe, e

agora nos dirigíamos para o meu quarto. E ela ainda estava rindo.

Tanto quanto gostei da risada, também gostei dos outros sons que ela

fez. Consequentemente, assim que entramos no meu quarto, procurei esses

outros sons.

Eu a beijei quando cruzamos o limiar e ela riu contra minha boca. "Você

está tentando me distrair? Porque está funcionando."


"De modo nenhum." Chutei a porta fechada e deixei-a escorregar dos

meus braços, colocando seus pés suavemente no chão. "Estou muito

preocupado com a saúde dos seus dedos."

"Por que isso?" Jennifer virou seus brilhantes olhos para mim enquanto

ela alisava o vestido. Era um roxo profundo que se agarrava ao corpo, me

deixando querer retirá-lo. Eu queria desembrulhá-la.

"Porque acho que gostaria de chupá-los."

Ela ficou um pouco mais reta, levantando uma sobrancelha para mim.

"O que?"

"Quero chupar os seus dedos."

"Isso parece desagradável. Para nós dois."

Sorri, mas não muito largo, avançando sobre ela até as costas de suas

pernas encontrarem a cama. "Vamos ver, não é?"

"Você está falando sério?" Ela se pegou antes de cair para trás, seus

olhos traindo sua descrença. "Você está brincando. Isso é uma piada."

"Não é. Estou tão sério quanto... como..."

O som e a sensação de Jennifer desfazendo minha fivela do cinto me fez

franzir a testa para ela. "O que você está fazendo?"

Seus dedos fizeram um rápido trabalho no meu zíper e logo minhas

calças e meias estavam ao redor dos meus tornozelos. Não dizendo nada, ela

nos virou, depois me empurrou para uma posição sentada na cama.

Ajoelhada entre minhas pernas, me deu um beijo frenético, agarrou minhas

mãos e as pressionou em seus seios através de seu vestido.


Jennifer quebrou nosso beijo apenas tempo suficiente para dizer coisas

realmente essenciais como,"Eu te amo."

E, "Eu quero que você me toque."

E depois,

"Mas primeiro vou te dar um boquete."

Agora, admito, estava distraído. Um homem tem um pouco de foco.

Quando segura dois seios perfeitos, todos os outros pensamentos devem

cessar abruptamente, e toda a atenção é encaminhada para as mãos das

mãos.

Demorou vários segundos para decifrar o significado por trás de suas

palavras, mas quando fiz, era muito tarde. Eu já estava na boca dela.

"Ah!"

Porra.

Soltei uma respiração assustada e meu cérebro desligou. É só... viajou.

Pendurou o sinal fechado na porta e saiu. Estava errado sobre tantas coisas

recentemente. Mas isso, negando o pedido de Jennifer para fazer isso na

semana passada, era o mais grave.

Vê? O cérebro se foi. Errado não é uma palavra. Mas não sabia disso.

Tudo o que sabia era que nunca quis que isto acabasse, mas ia acabar. Ia

acabar em breve. E não havia uma única coisa que pudesse fazer.

Seus olhos se elevaram para os meus, cheios de emoção e confiança, e

gemi.

Então ela parou, agarrando-me na mão e tirando a boca. "Está tudo

bem? Estou fazendo bem?"


"Você é tão perfeita que não tenho palavras para descrever o quão

perfeita você é," falei com pressa, mas então segurei seus ombros enquanto

se movia para retornar a sua boca. "Espera. Estou prestes a gozar, e você não

quer...

"Não. Não, estou bem. Leio sobre isso. Estou bem. Estou preparada. Sei

o que estou fazendo."

E com isso, me levou dentro dela novamente. Um som involuntário

escapou da garganta e depois outro. Mais tarde, agradeço a Jethro pela

contratação de uma banda ao vivo, porque não estava quieto, mas ninguém

me ouviria.

Eu ia morrer.

Eu ia morrer de como isso era bom.

Mas não fiz. Gozei querendo embrulhar meus dedos no cabelo, mas

segurarei o edredom de cada lado das minhas coxas.

Ela terminou e caí para trás na cama, alcançando ela. Ela me iludiu.

Através de um olho, assisti enquanto ela se inclinava para o lado, pegou

uma toalha escondida anteriormente e pressionou-a na boca. Então pegou

uma garrafa escondida de enxaguatório bucal e enxaguou a boca, usando

outra toalha. E então, pegou uma garrafa escondida de água e tomou um

gole.

Então e só então ela veio até mim, pressionada contra o meu lado, um

sorriso presunçoso em seus lábios. "Então, fui perfeita?"

Exalava uma risada incrédula, desfrutando a visão de seu momento

triunfante, curtindo-a. "Você planejou isso."


Seu sorriso alargou-se. "Sim."

"Você é uma sorrateira."

Ela assentiu. "Eu sou."

Balancei minha cabeça - para ela, para mim.

"Eu amo você," disse, sussurrei e senti, e sabia, e acreditava. Eu tinha fé

em Jennifer. Muita fé.

E ela tinha fé em mim quando respondeu: "Eu amo você mais."

Esta era a nossa vida. Esta mulher era o meu futuro. Ela seria a mãe dos

meus filhos.

Este era o nosso começo.

Não podia esperar pelo meio.

E nunca quis o fim.


Epílogo

Ação de graças

"Ela caminha na beleza, como a noite

De climas sem nuvens e céus estrelados;

E tudo o que é melhor do escuro e brilhante

Conheça seu aspecto e seus olhos... "

― Byron

~Jennifer~

EU TINHA CABELO CASTANHO.

"Você tem certeza de que não devemos trazer alguma coisa? Nem

mesmo uma caçarola?" Minha mãe se preocupou, torcendo os dedos

enquanto caminhávamos pela Moth Run Road em direção à propriedade

dos Winston.

"Tenho certeza. Eles foram muito inflexíveis que nós apenas viéssemos."

Senti os olhos de minha mãe em mim e ela suspirou com tristeza.

"Ainda não estou acostumada a te ver assim."

Não respondi. Estava cansada de falar com ela sobre meu cabelo.

Na segunda-feira, após o casamento de Jethro, minha mãe e eu

chegamos a um acordo sobre meus termos de emprego. Ela também passou

meu BMW para meu nome como um show de boa fé. Ou como um suborno.
Um ou outro, e possivelmente porque no casamento de Sienna e Jethro tinha

sido abordada por um famoso chef de pastelaria com sede em Los Angeles.

Pintei meu cabelo de volta ao que assumi era minha cor natural antes

da viagem à Nova York, depois de ver Cletus ir para sua viagem de caça ao

javali no Texas. A cor causou histeria na minha mãe. Fiz o meu melhor para

tolerar a sua choradeira. Em vez disso, me concentrei em organizar a

padaria para minha ausência de três dias.

Ela estava chorando sem parar desde que chutou meu pai. No começo,

estava preocupada que ela o perdoaria, mas então ela explicou que não

estava chorando porque estava sentindo falta dele. Ela estava chorando

porque percebeu o quanto seu comportamento desagradável, vil e egoísta

custou a sua família. Quase perdeu os dois filhos. Foi então que percebi o

quanto amava minha mãe e queria dar a ela a chance de conhecer o

verdadeiro eu. E talvez também a conhecer de verdade.

Atualmente, estava um pouco nervosa com meu cabelo. Cletus ainda

não tinha visto e não lhe havia dito. Usava perucas loiras para todas as

minhas postagens de mídia social e fotos, e durante as reuniões com o

agente de talentos.

"Estou bem?" Ela alisava as mãos para baixo de suas calças e brincava

com seu terceiro dedo em sua mão esquerda, onde seu anel de casamento

não pertencia mais.

"Você está ótima."

Ela estava ótima. Insisti em ir às compras em Nova York e a empurrei

para provar um par de calças. Elas pareciam fantásticas. Então, falei com ela
para comprá-las. Também esbanjei e peguei alguns itens, um dos quais

estava vestindo agora, um vestido de suéter laranja escuro. Gostei de como

Cletus me olhava com um vestido de malha azul e pensei que este

combinava com a cor do meu cabelo.

"Você também parece muito bem," disse minha mãe, acariciando minha

perna.

Lutei por um momento. Não queria fazer uma grande coisa disso, então

decidi dizer: "Obrigada, mãe."

Mas parecia um grande negócio. Foi a primeira vez que ela me elogiou

sobre qualquer coisa por meses, desde que pintei minhas unhas de

Borgonha, na verdade.

Estava ansiosa para ver Cletus. Nós tínhamos nos falado por mensagens

de texto o máximo possível, mas onde ele havia estado no meio do Texas,

não tinha uma boa recepção. Além disso, quando voltei da minha viagem,

trabalhei sem parar na padaria cumprindo setecentos pedidos de Ação de

Graças do bolo de banana.

Então ele voltou do Texas na noite passada.

Senti falta dele.

Mas hoje era o dia. Os bolos estavam cozidos. As encomendas foram

entregues. Conversei com minha mãe para tirar o dia de folga e ir aos

Winstons comigo para o Dia de Ação de Graças.

"Isso será divertido," disse ela, como se tentasse convencer a si mesma

ainda torcendo o ponto vazio em seu dedo.


Estacionei meu carro e depois peguei a mão dela, apertando-a até que

ela olhasse em meus olhos. "Será divertido. Os Winstons são muito bons.

Apenas tente relaxar e se divertir."

Ela assentiu com firmeza, mas pude ver que entrou em pânico. Talvez

não soubesse como relaxar. Ou talvez não soubesse como se divertir.

Suspirando, parei o carro, esperando que ela também saísse antes de

subir os degraus para a varanda. Caminhamos até a porta da frente juntas e

toquei a campainha, uma pequena onda de excitação no meu estômago

cresceu atingindo um pico quando a porta foi aberta.

Sorri. "Cletus."

Ele sorriu, seus olhos me devorando. "Minha Jenn."

Ele era tão bonito, mas não tive muita chance de admirá-lo, porque ele

me puxou para frente, envolveu-me em seus braços dando-me o mais

mágico de todos os beijos, agarrando minha mandíbula com uma mão,

inclinando-me de um lado para o outro, me provando de todos os ângulos e

fazendo com que meus dedos dos pés se enrolassem nos meus sapatos.

Eu me agarrei a ele, meu coração correndo, meu sangue cantando nas

minhas veias - mais, mais, mais.

E então minha mãe limpou a garganta.

E assim como alguém, seguido por uma tentativa de voz, "Vamos

deslocar esses lábios, Cletus. Essa é a décima pessoa que você beijou esta

noite."

Cletus ergueu a cabeça e virou com uma expressão de raiva para Beau.

"Isso é uma mentira. Não beijei ninguém por dez dias."


Beau saiu e alcançou a mão de minha mãe, colocando um beijo suave na

parte de trás dela dizendo: "Por favor, desculpe meu irmão. Ele costumava

ter boas maneiras. Você não vai entrar?"

Minha mãe deu um sorriso apertado a Beau. "Sim, obrigada por ter nos

convidado.”

"Foi um prazer," respondeu graciosamente, oferecendo seu braço.

Apesar da névoa do meu beijo, pude ver a gentil cortesia de Beau

trabalhado enquanto minha mãe passava. Ela não estava de modo algum

relaxada, mas talvez precisasse dar-lhe algum tempo.

Felizmente ou infelizmente, não tive a chance de dizer uma palavra

sobre o assunto porque Cletus me puxou para a varanda, fechando a porta

atrás de nós, me pressionando contra o lado da casa e me beijou de novo.

"Eu senti sua falta," disse entre beijos, "Muito."

"Eu senti sua falta," eu disse quando ele me deu três segundos para

respirar, mas não me importava. De modo nenhum. Apenas desejei ter tido

um momento antes de me recuperar.

Eventualmente, os beijos tornaram-se menos frenéticos. Seus lábios

suavizaram. Seus dedos relaxaram e diminuíram o aperto em meu torso em

vez de agarrar meus quadris com dedos punitivos. Nós descansamos nossas

testas juntas e tentamos recuperar o fôlego, nenhum de nós estava disposto a

se soltar.

"Eu fui muito grosseiro com sua mãe. Vou ter que me desculpar e

elogiar suas calças.”


Eu assenti com a cabeça, rindo levemente. "Você notou as calças da

minha mãe?"

"Sim. Claro. Toda a minha vida nunca vi aquela mulher em calças."

"Você notou alguma coisa?" Levantei minha cabeça e espiei-o,

levantando as sobrancelhas em expectativa.

Ele me estudou, um olhar confuso na fronte. "Ela não está usando seu

anel de casamento."

"Não. Não sobre ela. Sobre mim."

Sua carranca aprofundou e seus olhos se alargaram, como um veado

capturado em faróis. "Você... mudou sua... pasta de dente?"

Olhei para ele. E então o bati no braço.

"Não, espere. Você mudou o endereço no cartão de registro de eleitor?"

"Cletus." Bati novamente.

"Desculpe, é claro, entendi. Você mudou de ideia sobre eu chupar seus

dedos.”

Apesar de ter rido, bati no braço dele pela terceira vez. "Você é

extremamente irritante."

Sorrindo, ele capturou minhas bochechas e puxou-me para frente,

colocando um beijo suave em meus lábios e depois se afastando. Seus olhos

inteligentes moveram por minha cabeça e ele empurrou seus dedos para

dentro do meu cabelo.

"Você é adorável, Jenn. Não importa que cor você pinte seu cabelo, eu

adoro e eu te amo." O olhar dele voltou para o meu e acrescentou com um


sussurro rouco, "Mas é a sua bondade, bondade e coração que faz com que

você seja bonita."

***

MINHA MÃE NÃO ficou muito tempo depois do jantar. Podia ver que ela

estava tentando, mas também entendi que enfrentar uma família barulhenta

e feliz como os Winstons deve ter sido doloroso em algum nível. Ela teve

dois filhos, investiu muito em nós, e nada havia acontecido como esperava.

Caminhei até o carro e dei-lhe um abraço. Ela retribuiu o abraço,

beijando-me na bochecha e voltou para a pousada. Ela estava ficando lá

desde que se separou do meu pai. Meu pai também não estava na casa da

nossa família. Minha mãe mudou todas as fechaduras e congelou todas as

contas. O burburinho de fofocas estava tendo um dia de campo com o súbito

desaparecimento de Kip Sylvester. Tentei ignorar os olhares persistentes e as

perguntas sussurradas.

Não sabia onde ele estava. Ele não tentou entrar em contato comigo.

Tentei não pensar nisso, sobre ele. Minha vida estava cheia de muitas

coisas maravilhosas. Decidi que não tinha tempo nem energia para

desperdiçar com esforços inúteis.

A sobremesa foi servida no exterior, em torno de uma fogueira grande

com todos empacotados em cobertores. Cletus encheu os copos com

moonshine enquanto Drew e Ashley passavam à torta.

"Eu me pergunto o que Duane e Jess estão fazendo." Roscoe pegou sua

torta, eventualmente descartando seu garfo em favor do tiro de aguardente.


"Eles provavelmente estão dormindo." Cletus encheu o copo de seu

irmão mais novo, então tapou a jarra e se virou para mim. "É meio da noite

na Itália."

"Eles deveriam ter ficado para o Dia de Ação de Graças," Ashley

lamentou, franzindo o cenho para o fogo.

Ela estava sentada no colo de Drew e ele esfregou suas costas. "Mas

então eles nunca mais iriam. Depois do Dia de Ação de Graças é Natal, Ano

Novo, aniversários e outros. Era hora de eles irem, perderiam a sua sede de

viagem por tempo indeterminado."

Cletus fez um gesto para que me levantasse do meu assento, então fiz.

Então reclamou e abriu os braços. "Venha se aconchegar comigo," disse

baixo o suficiente para que apenas eu ouvisse. "Ainda sinto a sua falta.

Preciso de você perto."

Sorri e sentei no seu colo, cobrindo nós dois com o cobertor.

"Falando em aventuras, como foi à caça ao javali, Cletus? Você trouxe

para casa muita carne?" Jethro estava descansando com Sienna em um

cobertor. Ele sentou-se de pé com as pernas esticadas diante dele e ela

descansou a cabeça no colo, sugando um doce de limão que eu fiz. Ela disse

que eles ajudavam com a náusea, mas ainda queria os bolos de creme. Fiquei

feliz em ajudar.

"Não se preocupe com minha carne, Jethro." Cletus ergueu as

sobrancelhas ao seu irmão mais velho, me segurando. "Trouxe para casa

muitas e mais está a caminho. Jenn e eu vamos fazer uma torta de salsicha."
"Torta de salsicha?" Esta pergunta veio de Billy, e ele trocou um olhar de

conhecimento com Beau.

"Isso mesmo. Torta de salsicha." Cletus empurrou meu cabelo sobre

meu ombro e me encorajou a aconchegar-se mais perto.

"Vejo." Beau assentiu lentamente, pensativo. "Então Jennifer vai deixar

você colocar sua salsicha em sua torta."

Cletus endureceu. "Não diga assim."

"Como o que?" Roscoe apertou seus lábios juntos, olhando o fogo e

claramente tentando não sorrir. "Beau está apenas perguntando sobre a sua

salsicha e sabemos o quanto você gosta de falar sobre isso."

"Você sabe o que estou falando." Podia ouvir o aviso no tom de Cletus.

"Não sei do que você está falando, Cletus." Beau levantou as mãos como

se rendesse, mas perdeu a luta contra o sorriso. "Estou apenas observando o

fato de que você vai deslizar sua famosa linguiça para Jennifer quente e

úmida."

"Não use essa palavra." Ashley ergueu a voz para Beau e fez uma

careta. "Todo mundo odeia essa palavra."

"Bem. Quente e molhado...”

"A massa de torta não está molhada. É esquisito," Jethro colocou.

Sienna acrescentou: "Acho que usar a palavra úmida para o bolo está

bem."

"Usar o úmido para o bolo é a única vez que está bem," confirmou

Ashley. "Caso contrário, é um não."


"Espere um minuto, esse é um bom ponto." Beau apontou para Ashley,

então para mim. "Vamos falar sobre o bolo úmido de Jennifer por um

minuto."

"Beau. Pare com isso." Cletus não pareceu se divertir. "Desista."

Endireitei-me e sentei para frente, encontrando o olhar cintilante e

provocador de Beau. "Acho que é bastante óbvio porque o meu bolo é bem

úmido."

Todos - e eu digo todos - franziram a testa, piscaram e voltaram seus

olhares assustados para mim.

Apesar de todos estarem com olhos fitos em minha direção, consegui

soar completamente razoável e calma quando disse: "É a banana. A banana

faz o meu bolo ficar úmido.”

Seguiu-se um silêncio atordoado, durante o qual os homens - Cletus

incluído - ficaram boquiabertos e as mulheres sorriram.

O riso de Sienna quebrou o silêncio. "Eu a amo! Juro, Cletus, se você

não se casar com ela, então vou conversar com Jethro para fazer dela minha

esposa-irmã.”

Girei um sorriso brilhante para Cletus e ele me deu seu olhar de lado.

"Você está muito sorrateira."

Meu sorriso cresceu porque era inconcebível. Era assim porque estava

cercada de calor, de amor e Cletus. Sabia, sem dúvida, que era aqui que eu

pertencia. Encontrei minha tribo. Encontrei meu povo.

Encontrei minha pessoa.

E me encontrei.
***

ADORMECI NO COLO de Cletus em frente ao fogo. O refluxo e o fluxo da

conversa, o riso. Os sentimentos bons e quentes me acalmaram,

relaxando-me, até que não pude lutar contra a minha exaustão.

Acordei nos braços de Cletus e demorou vários segundos para

compreender que estávamos em minha casa. Aparentemente, ele me levou

para casa e para dentro.

"Você ainda não está preocupado com meus pés?" Perguntei, minha voz

rouca de dormir, minhas palavras levemente arruinadas.

Ele riu, beijando minha testa e sussurrou no escuro. “Ainda estou

pensando em seus pés. Eles precisam ser protegidos."

Sorri, ficando mais acordada, torcendo meus braços ao redor dele e

beijando seu pescoço. "Que horas são?"

"Tarde," disse, colocando-me na minha cama e ajoelhando-se na minha

frente.

Cletus pegou minha bota direita e puxou. Então trabalhou na minha

esquerda. Seus olhos seguiram seus movimentos, seu rosto impassível

enquanto suas mãos tiravam minhas meias e as afastavam. Então ele se

sentou ao meu lado na cama e empurrei meu cabelo sobre um ombro. Seus

dedos procuraram o zíper na parte de trás do meu vestido.

"O outro não tinha um zíper," murmurou, finalmente encontrando a

atração.
Meu quarto estava escuro, apenas a luz do corredor derramando

através da porta, então não podia ver muito bem. Mas senti-o, senti sua coxa

contra a minha, os dedos no meu pescoço e nas costas, a respiração contra

minha bochecha.

De repente, estava acordada. E estava inquieta. E senti falta dele

terrivelmente. Eu me movi, engoli, estendi-me quando o zíper abaixou na

parte inferior das costas.

Ele se inclinou e senti seus olhos no meu perfil. "Você está bem? Você

precisa da minha ajuda para se despir?"

Sua pergunta, tão calma e gentil - quase destacada - fez o meu coração

torcer e doer. Ele achava que estava cansada, achava que ainda estava com

sono. Queria ter certeza de que eu estava bem.

Como Cletus cuidava de mim era excitante e exasperante.

Ele não sabia que eu o queria? Ele não sabia como eu desejava seu

toque, tanto para o doce quanto para o áspero? Todas as noites que

estivemos separados, pensei nele, nas mãos e na boca, na língua e nos dedos

e...

"Jenn?"

Seu tom era paciente, composto, exasperante.

Fiquei de pé, pisando na frente dele e puxando as mangas do meu

vestido. Ele levantou o queixo e as sobrancelhas arquearam. Nossos olhos se

encontraram e se enroscaram. Perguntei-me, poderia ler meus pensamentos?

Ele sabia o que eu queria?

Ou vou ter que mostrar-lhe?


À medida que suas sobrancelhas se abaixavam, acomodando-se em

uma posição pensativa, seus lábios se separaram - seus lábios gloriosos e

beijáveis - como se uma pergunta estivesse na ponta da língua.

O meu vestido caiu no chão, deixando-me em nada além da minha

roupa íntima e sutiã. Removi rapidamente o sutiã. E então minha calcinha. E

então estava nua.

Ele piscou para mim, confusão e desejo reunindo-se através de seu

olhar. Suas mãos firmes, agarrando o edredom, como se ele estivesse

tentando se controlar, aguentar algo tangível.

"Você quer que eu toque você?" Ele perguntou bruscamente, sua voz de

repente rouca, sua garganta trabalhando, sua expressão uma mistura de

tormento, fome e determinação.

Ele não entendeu, ainda não.

Então balancei minha cabeça, afastando sua jaqueta de seus ombros.

Peguei a camisa dele, puxei para cima sobre sua cabeça. Foi obrigado a

levantar os braços, jogando ambas no chão ao pé da cama. Parei, devorando

a visão de seu peito, de seu estômago e braços, seus ombros. Ele tinha

ombros muito bonitos.

E então me ajoelhei na frente dele e peguei a fivela do cinto.

Ele agarrou minhas mãos. "Jennifer, o que você está fazendo?" Parecia

sem fôlego.

Ignorei a pergunta, endireitei-me levantando o queixo, capturando a

boca com um beijo enquanto meus mamilos roçavam seu peito, fazendo-o

estremecer, suspirar e gemer. Ele me liberou e segurou meus seios, gemeu


novamente, massageando e acariciando, como se não fosse capaz de lutar

contra a visão dos meus seios.

Bom saber.

Aproveitando a distração, redobrei meus esforços com seu cinto, então

fiz um rápido trabalho de desabotoar e abrir seu botão. Eu me afastei e ele

seguiu, suas mãos procuram minha pele. Fiquei de pé e ele ficou de pé,

beijando meu pescoço, mordendo meu ombro e depois me dobrando para

lamber o centro do meu peito.

Minha respiração engatou, porque o atrito quente e úmido era essencial

e surpreendente. Mas então me lembrei de o que queria. Empurrei-lhe as

calças primeiro, depois os boxes, depois o empurrei.

Ele caiu para trás na cama.

"Tire seus sapatos," ouvi-me dizer, meus olhos saboreando avidamente

a visão de um Cletus nu.

Bem, quase nu. Suas calças estavam ao redor de seus tornozelos,

bloqueadas por suas botas.

Ele olhou para mim e me senti furiosa. Parecia desesperado. De novo,

ele fechou as mãos em punhos. Balançou sua cabeça.

"O que você está fazendo?" Seu tom agora mais áspero, mais irritado,

cru. Ele estava respirando duro e parecia mal disfarçar algum desejo

sombrio.

Entregue-se a ele.

Balancei meus longos cabelos para o lado e curvei-me para remover as

botas, puxando os laços, depois as puxando junto com suas calças e meias.
Agora ele estava nu. Nós dois estávamos. E sua mandíbula estava

apertada.

Meu homem lindo.

Coloquei um joelho na cama e ele se encolheu, balançando a cabeça, os

olhos escuros e perigosos. "Não tenho um preservativo."

"E não estou no controle de natalidade," sussurrei, deitando minha mão

em seu ombro.

Ele encolheu novamente com o contato, pegando meu pulso e

puxando-o para longe. Seus olhos brilharam e vi o que esperava ver: Desejo.

Reverência. Devoção. Luxúria. Amor.

Seu controle estava escorregando.

"O que diabos você está fazendo, Jenn?"

Não sei.

Colocando meu outro joelho na cama, um de cada lado de seus quadris,

baixei-me, meu centro aberto deslizando contra sua ereção.

Ambos tremíamos. Seus olhos se aproximaram dos meus.

Observando-o percebi uma fome selvagem, então balancei os quadris,

pressionando-me mais completamente contra ele, e sussurrei, "Faça amor

comigo."

Ele rosnou, um som estranho e estrangulado. Finalmente, suas mãos

finalmente chegaram ao meu corpo e ele nos virou. Minhas costas caíram na

cama e ele estava comigo, beijando-me, os dedos entre as pernas,

acariciando habilmente meu centro.


Estremeci, agarrando sua mão e tentando afastá-la. "Quero que você

faça amor com o seu corpo. Quero você dentro de mim."

"Eu sei." Ele rosnou, reclamando minha boca rapidamente, não

abandonando seu lugar, ainda acariciando. "Mas você ainda não está

pronta."

"Estou pronta."

Ele balançou a cabeça, depois abaixou a boca para o meu pescoço,

depois para o vale entre meus seios. Então, mais baixo para o meu

estômago.

Meu protesto morreu quando sua língua se instalou contra minha

entrada. Ele me separou com os polegares e me lambeu, quente e molhado e

ao mesmo tempo esmagador, mas não o suficiente. Meus quadris se

abalaram e ele me pressionou, segurando-me no lugar com seus dedos

fortes quando lambeu, sugou e saboreou.

"Cletus, eu quero você... quero você dentro de mim. Não quero... Assim

não."

Ele gemeu, mas não parou. Eu me levantei fracamente em meus

cotovelos e vi que ele tinha se agarrado, segurando o pênis magnífico em

seu punho. À vista, e contra a minha vontade, gozei.

Minhas costas arquearam, curvando-se e meu corpo inteiro ficou tenso.

Puxei em uma respiração desesperada, o prazer excruciante de sua boca em

mim me puxando para fora e me colocando de volta novamente.

Gozei amaldiçoando-o, lágrimas de frustração reunidas em meus olhos

enquanto uma onda de êxtase tortuoso pulsava pelas minhas veias.


Estava tão brava.

Eu o queria, e ele se segurou. Ele se afastou.

Ofegante por ar, preparei-me para uma briga, mas meu corpo estava

muito flexível, muito relaxado e saciado.

E então ele estava lá. Ele estava sobre mim, sua ereção ainda no punho,

seus olhos nos meus. Cletus estabeleceu-se entre minhas pernas, seu

comprimento duro e grosso deslizando contra minha carne ainda sensível.

Estremeci.

"Cletus."

"Agora você está pronta," rosnou, seus dedos subindo pelo meu cabelo,

empurrando-o para fora do meu rosto.

Usando suas poderosas coxas, ele me separou mais, deslizando no meu

corpo.

Minha respiração engatou e minhas mãos procuraram por ele, para

amparo, porque tão requintado como o meu orgasmo tinha sido, agora

sentia principalmente pressão.

Seus olhos procuraram os meus, mas não perguntou. Segurando meu

olhar, empurrou os quadris para frente e engasguei. Uma dor aguda e

apertada me faz endurecer e gemer.

"Eu ia ser paciente." Sua voz ficou silenciosa, rude. "Eu ia ser tão bom."

Ele se retirou e a pressão diminuiu, mas então ele empurrou

novamente. Fiquei tensa, curiosa, preparada para mais dor, mas não veio.

Seus quadris se moveram lentamente, balançando, empurrando, depois se


retirando. Seus olhos mantinham os meus cativos, estimulantes e

predatórios.

"Tentação," mordiscou meus lábios, passando os lábios contra meu

maxilar, "você me faz sentir tão bem, tão bem, tão bem." Sua confissão

ofegante e cantando soou estúpida, como se ele não percebesse que estava

falando.

Senti-me relaxar, a tensão anterior se dissipando, e me diverti com a

sensação dele em cima de mim, seu corpo deslizando contra o meu, onde

nos acasalamos.

"Você também me faz sentir bem," sussurrei.

"Você gosta disso?" Os olhos selvagens e necessários de Cletus se

moveram entre os meus, seu aperto em mim aumentando.

Acenei com a cabeça, ofegante. "Eu te amo."

Ele apertou os dentes e fechou os olhos, uma exaustão instável

escapando de seus pulmões. Ele estava lutando contra o seu orgasmo e

pensei que sabia por quê. Ele queria que eu gozasse. Ele queria que minha

primeira vez fosse incrível.

Foi.

Ele era.

Por causa de seu cuidado comigo. Porque eu o amava. Porque ele me

amava.

Inclinei meu queixo, capturando sua boca, provocando a sua língua até

que ele se entregou. Suas mãos encontraram as minhas e nossos dedos se

entrelaçaram. A maneira como se moveu acima de mim, com ritmo e graça,


como se eu fosse um instrumento, e ele um músico, e juntos fazíamos algo

mais, algo bonito.

Senti meu corpo se esforçando, procurando por algo fora do alcance.

Sentia-me emocionada e gemi, suspirei e gemi de novo.

Ele resmungou em resposta e seu corpo poderoso aumentou o ritmo. A

sensação dele se tornou mais prazerosa do que a pressão e arqueei,

inclinando meus quadris para encontrar cada um de seus impulsos.

Seus olhos se abriram e colidiram com os meus. “Jenn..."

"O que isso parece?"

"Céu. Paraíso."

Rolei meus quadris e ele respirou fundo. "Não."

"Deixe-me ser o seu paraíso." Beijei seu pescoço, minhas unhas

arrastando em seu peito, entre nossos corpos. "Deixe-me ser o seu céu.

Porque você é o meu."

Cletus gemeu com minhas palavras, deixando aparecer diante de meus

olhos, uma enorme variedade de emoções piscando sobre seus traços, antes

de esmagar minha boca com um beijo feroz e cobiçoso. E quando gozou, se

acalmou, sua respiração saindo sôfrega.

Eventualmente, rolou de lado, me levando com ele. Seu coração

trovejava enquanto colocava beijos apaixonados sobre meu rosto, pescoço e

seios.

Enfiei meus dedos em seu cabelo e gostei do atrito de sua barba contra

minha pele, sua boca quente no meu corpo.


Ele continuou beijando-me, devorando-me, por um longo tempo.

Enquanto isso, senti-me esticada, torcida, trabalhada e usada, flexível com o

amor e a adoração de seus olhos, mãos e boca.

Dobrando-me em seus braços e me esmagando, como se tivesse medo

de deixá-lo, ele sacudiu a cabeça. Senti que estava prestes a falar, e também

adivinhei que o que ele tinha a dizer não era o que mais queria ouvir neste

momento.

"Eu não me arrependo do que aconteceu," anunciei, "Adorei e eu te

amo, e não posso esperar para fazê-lo novamente. Não ouse dizer uma

palavra ao contrário."

Com uma risada irritada ele me apertou mais, procurou minha boca.

Encontrando-a, tomou meus lábios com um beijo apavorante, deslocando-se

a um centímetro de distância para dizer: "Mesmo que eu quisesse, mesmo

que você quisesse, nunca me arrependeria de fazer amor com você." Ele

beijou meu nariz e esperei até meus olhos encontrarem os dele. "Mas temo

que você tenha que esperar para fazê-lo novamente."

Um protesto brotou nos meus lábios, ele me cortou.

"Apenas dois dias, três no máximo. E então podemos fazer sempre que

quiser," beijou-me novamente, "Sempre que quiser," me beijou mais uma vez

"E onde você quiser."

Sorri e sua mão deslizou do meu quadril para o meu peito, seu polegar

rastreando um círculo ao redor do bico. Deus, amo suas mãos. Adorava

como ele me tocava.

"Você promete?"
Ele assentiu. "Prometo."

"Então se prepare, porque nós vamos fazer isso o tempo todo. Até ser

uma especialista."

"Então, o que acontece?"

"Então, vamos fazê-lo ainda mais."

Ele riu, balançando a cabeça, beijando-me e sugando meu lábio inferior

como se não pudesse se conter. Mas então seu sorriso diminuiu quando se

afastou. Acalmou-se e seus olhos se estreitaram.

"Jenn, se fizemos um bebê então não vou parar de atormentar você até

que me tenha como seu marido." Dolorosamente vulnerável, seu tom

também foi solene com promessa.

Levei minha mão sobre seus cachos caóticos. "Eu sei. E não deixaria de

te perturbar até que você me tenha como sua esposa."

"Você quer ser minha esposa?" Seu sorriso voltou, mas desta vez foi

subjugado, esperançoso.

"Mais do que tudo."

Os olhos mercantes de Cletus se moveram entre os meus, sua mão

acariciando do meu ombro ao meu quadril.

"Então case comigo," sussurrou o comando, seu tom cheio de paixão e

sinceridade.

Olhei para ele, para aquele homem, que estava tão orgulhoso. Que era

inteligente, poderoso e bom. Todos aqueles meses atrás, quando o pressionei

em me ajudar, nunca pensei que as coisas acabariam assim.


Senti falta dele. Mesmo aqui comigo agora, sentia falta dele. Perguntei

se nunca iria parar.

"Sim," disse simplesmente, acenando com a cabeça, sentindo a certeza

dele, minha e nossa, até a medula dos meus ossos.

Ele não falou. Simplesmente olhou para mim, como se eu tivesse

pendurado a lua e projetado as estrelas para combinar.

Atrapalhando-me contra seu corpo, as pernas poderosas emaranhadas

com as minhas, Cletus ficou quieto e também vivi no momento. Depois de

um tempo, o peso da minha felicidade me esgotou e fiquei sonolenta. Meus

olhos se fecharam.

Mas pensei ouvir Cletus sussurrar contra meu ouvido, pouco antes de

sucumbir ao sono, "É apenas o começo."

~FIM~
Sobre a série
Sobre a autora

Penny Reid mora em Seattle, Washington com seu marido, três filhos e

uma quantidade excessiva de fios. Ela costumava passar seus dias

escrevendo propostas de doações federais como pesquisador biomédico,

mas agora escreve livros.

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