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Revisão para prova Teoria da personalidade

• Descreva a importância de Moreau de Torus, segundo Foucault. para o


avanço dos conhecimentos sobre a loucura.

Segundo Michel Foucault, Moreau de Torus foi um importante personagem para o


avanço dos conhecimentos sobre a loucura. Moreau foi um médico psiquiatra do
século XIX que desempenhou um papel fundamental na transformação do
tratamento da loucura e na abordagem do estudo da doença mental.

Foucault destaca que Moreau de Torus foi um dos primeiros a perceber a


importância de observar e documentar cuidadosamente os sintomas e
manifestações dos pacientes psiquiátricos. Ele desenvolveu uma abordagem clínica
mais atenta às particularidades individuais dos pacientes, em oposição a uma visão
mais generalizante e estereotipada da loucura.

Moreau introduziu a noção de "idiossincrasia mórbida", reconhecendo que a


experiência da loucura varia de acordo com a individualidade de cada paciente. Ele
acreditava que a observação cuidadosa e o estudo aprofundado dos pacientes
poderiam levar a uma compreensão mais precisa dos transtornos mentais.

Além disso, Moreau também contribuiu para a concepção de uma abordagem


terapêutica mais humana e individualizada. Ele buscava tratamentos que se
adaptassem às necessidades específicas de cada paciente, levando em
consideração não apenas os sintomas, mas também o contexto social e pessoal em
que a loucura se manifestava.

Foucault valoriza a contribuição de Moreau de Torus porque ele trouxe uma nova
perspectiva para o estudo da loucura, considerando a individualidade dos pacientes
e a complexidade do fenômeno. Ao reconhecer a importância da observação clínica
e do estudo aprofundado, Moreau abriu caminho para avanços futuros no campo da
psiquiatria, influenciando a forma como a loucura foi compreendida e tratada.

No entanto, Foucault também aponta que, apesar dos avanços de Moreau, a


abordagem psiquiátrica da época ainda estava enraizada em práticas de controle e
confinamento dos pacientes, o que levantava questões éticas e políticas. Foucault
critica o poder disciplinar e o controle exercidos sobre os indivíduos internados em
hospitais psiquiátricos, ressaltando a importância de questionar e problematizar as
práticas e os fundamentos do saber psiquiátrico.

Em suma, Moreau de Torus desempenhou um papel significativo no avanço dos


conhecimentos sobre a loucura ao adotar uma abordagem mais individualizada e
atenta à singularidade dos pacientes. Sua contribuição para a observação clínica e
o estudo aprofundado dos transtornos mentais abriu caminho para um maior
entendimento da loucura. No entanto, sua abordagem também deve ser analisada
criticamente à luz das implicações éticas e políticas do poder psiquiátrico.

• Qual o impasse para o manejo clínico de pacientes, existente entre a


concepção Freudiana de Recalque, e a técnica da hipnose?

O impasse para o manejo clínico de pacientes entre a concepção freudiana de


recalque e a técnica da hipnose reside nas diferenças teóricas e práticas dessas
abordagens terapêuticas.

Na concepção freudiana, o recalque é um mecanismo psíquico de defesa que


ocorre quando conteúdos ameaçadores ou perturbadores são reprimidos no
inconsciente. Freud postulou que a descoberta e a análise desses conteúdos
reprimidos são essenciais para a compreensão e a resolução dos conflitos
psíquicos. A psicanálise enfatiza a importância do trabalho de associação livre, em
que o paciente fala livremente sobre seus pensamentos, sentimentos e memórias,
permitindo o acesso aos conteúdos inconscientes e a sua elaboração.

Por outro lado, a hipnose é uma técnica que busca induzir um estado alterado de
consciência no paciente, facilitando o acesso direto ao seu inconsciente. Na
hipnose, o terapeuta utiliza sugestões verbais e técnicas de relaxamento para criar
um estado de receptividade e sugestionabilidade no paciente. A técnica da hipnose
visa alcançar mudanças terapêuticas através do controle e da influência do
terapeuta sobre o paciente.
O impasse surge porque as abordagens freudiana e hipnótica diferem em relação à
compreensão da mente, ao papel do terapeuta e à forma de acessar e trabalhar os
conteúdos inconscientes. Enquanto a psicanálise enfatiza a importância do trabalho
conjunto entre terapeuta e paciente, baseado na associação livre e na interpretação
dos conteúdos reprimidos, a hipnose coloca mais ênfase no papel direto do
terapeuta em direcionar e controlar a experiência do paciente.

Essas diferenças levantam questões sobre o poder e a autonomia do paciente no


processo terapêutico. Enquanto a psicanálise valoriza a autonomia do paciente na
exploração de seus próprios conflitos e na construção de significados, a hipnose
pode ser vista como uma abordagem em que o terapeuta exerce mais controle
sobre o paciente e suas experiências.

Dessa forma, o impasse para o manejo clínico de pacientes entre a concepção


freudiana de recalque e a técnica da hipnose está relacionado à divergência nas
concepções de trabalho terapêutico, de papel do terapeuta e de autonomia do
paciente. Cada abordagem possui suas próprias vantagens e limitações, e a
escolha depende dos objetivos terapêuticos, das características do paciente e da
orientação teórica e prática do profissional.

• Descreva a importância do caso Anna-O para o desenvolvimento da


psicanálise.

O caso de Anna O., nome fictício dado a uma paciente real chamada Bertha
Pappenheim, foi de extrema importância para o desenvolvimento da psicanálise.
Este caso clínico, que foi estudado por Sigmund Freud e seu colega Josef Breuer,
teve um papel fundamental na conceitualização de conceitos psicanalíticos
fundamentais, bem como no estabelecimento dos fundamentos da prática
psicoterapêutica.

Anna O. apresentava uma série de sintomas físicos e psicológicos complexos,


incluindo paralisias, distúrbios de fala, alucinações e despersonalização. Através do
método da "cura pela fala" ou "catarse", Breuer e Freud conduziram sessões
terapêuticas em que Anna O. era encorajada a relatar e reviver as experiências
traumáticas associadas a seus sintomas.

Essas sessões permitiram que Anna O. expressasse suas emoções e memórias


reprimidas, levando a uma redução significativa de seus sintomas. Freud e Breuer
observaram que a catarse dos conteúdos inconscientes reprimidos aliviava os
sintomas de Anna O. e a ajudava a lidar com os traumas subjacentes.

Com base nesse caso clínico, Freud desenvolveu a teoria do inconsciente e


formulou conceitos fundamentais da psicanálise, como o recalque, a transferência e
a resistência. O caso de Anna O. também foi fundamental para a compreensão da
importância da sexualidade infantil e dos conflitos inconscientes na formação dos
sintomas neuróticos.

Além disso, o trabalho com Anna O. demonstrou a eficácia do método terapêutico


baseado na fala, que mais tarde se tornou o cerne da prática psicanalítica. A técnica
de associação livre, em que o paciente é encorajado a expressar livremente seus
pensamentos e sentimentos, tem suas raízes no trabalho realizado com Anna O.

Em resumo, o caso de Anna O. foi crucial para o desenvolvimento da psicanálise,


fornecendo insights teóricos e práticos fundamentais para a compreensão dos
processos mentais inconscientes, a formação de sintomas e a eficácia da fala como
método terapêutico. Esse estudo de caso abriu caminho para a construção da teoria
psicanalítica e para a transformação da prática clínica, estabelecendo as bases para
uma abordagem psicoterapêutica revolucionária.

• Descreva a relação complementar existente entre as funções do polo


perceptivo e dos traços mnésicos na primeira tópica Freudiana.

Na primeira tópica freudiana, que consiste em uma estruturação do aparelho


psíquico proposta por Sigmund Freud, existe uma relação complementar entre as
funções do polo perceptivo e dos traços mnésicos. Esses dois elementos
desempenham papéis distintos e interligados no processo de funcionamento
psíquico.
O polo perceptivo refere-se à capacidade de perceber estímulos externos e internos
por meio dos órgãos dos sentidos. É responsável por captar informações do mundo
exterior e transmiti-las ao aparelho psíquico. As percepções sensoriais, como visão,
audição, tato, entre outras, fornecem dados brutos que serão processados e
interpretados pelo psiquismo.

Por outro lado, os traços mnésicos são as representações mentais das experiências
passadas armazenadas na memória. Eles são construídos a partir das percepções
anteriores e contêm informações sobre eventos, sentimentos, pensamentos e
desejos que foram vivenciados. Os traços mnésicos são formados por meio de
processos de codificação e armazenamento das experiências no inconsciente.

Essas duas funções, o polo perceptivo e os traços mnésicos, estão interconectadas


no funcionamento psíquico. As percepções atuais são comparadas com os traços
mnésicos pré-existentes, permitindo que sejam atribuídos significados e
interpretações às novas experiências. A partir desse processo de comparação, são
ativados mecanismos de associação, lembrança e elaboração de conteúdos
mnésicos relacionados.

A relação complementar entre as funções do polo perceptivo e dos traços mnésicos


permite que o sujeito estabeleça uma continuidade entre o presente e o passado,
integrando as informações sensoriais atuais com as representações mentais
armazenadas. Essa integração contribui para a compreensão do mundo, a
construção de significados e a formação da identidade pessoal.

É importante ressaltar que, na primeira tópica freudiana, essas funções são


mediadas pelo sistema inconsciente, pré-consciente e consciente, que constituem
os três níveis do aparelho psíquico. O polo perceptivo e os traços mnésicos estão
presentes em todos esses níveis, influenciando o processamento das informações e
a organização psíquica.

Em resumo, a relação complementar entre as funções do polo perceptivo e dos


traços mnésicos na primeira tópica freudiana permite a integração das percepções
atuais com as experiências passadas, contribuindo para a construção de
significados e a compreensão do mundo. Essa interação é fundamental para o
funcionamento psíquico e a formação da identidade do sujeito.

• Em "A interpretação dos sonhos* (900) qual a função dos sonhos descrita
por Freud? Existem diferenças entre o Sonho sonhado, o conteúdo manifesto,
e o onírico latente? Se sim descreva quais são.

Em "A Interpretação dos Sonhos", Freud descreveu que a função dos sonhos é a
realização de desejos. Ele postulou que os sonhos são expressões simbólicas dos
desejos inconscientes reprimidos, que não podem ser realizados de forma direta na
realidade. Portanto, os sonhos fornecem uma via de escape para a expressão
desses desejos reprimidos.

Quanto às diferenças entre o Sonho sonhado, o conteúdo manifesto e o onírico


latente, Freud destacou que o sonho tem uma estrutura complexa e sua
compreensão requer a análise desses diferentes níveis.

O Sonho sonhado refere-se à experiência subjetiva do sonho como é lembrada pelo


indivíduo após acordar. É a forma como o sonho é vivenciado conscientemente e
relatado pelo sonhador.

O conteúdo manifesto é a representação simbólica e aparente do sonho, ou seja, é


a maneira como o sonho se apresenta de forma superficial e acessível à
consciência. O conteúdo manifesto é composto por imagens, cenas, histórias e
eventos que são relatados pelo sonhador.

Já o onírico latente refere-se ao significado oculto e simbólico do sonho, que está


subjacente ao conteúdo manifesto. O onírico latente contém os desejos
inconscientes reprimidos que o sonho busca realizar por meio de simbolismos e
distorções. Para acessar o onírico latente e compreender seu significado, é
necessário realizar a análise do sonho por meio de técnicas como a associação
livre, a interpretação simbólica e a busca por associações pessoais do sonhador.
Portanto, a diferença entre o Sonho sonhado, o conteúdo manifesto e o onírico
latente está relacionada aos diferentes níveis de compreensão e interpretação do
sonho. O sonhador experimenta o Sonho sonhado conscientemente, enquanto o
conteúdo manifesto representa a aparência superficial do sonho. Já o onírico latente
revela o significado oculto e simbólico do sonho, revelando os desejos inconscientes
reprimidos. A análise do onírico latente é fundamental para a compreensão dos
processos psíquicos e das motivações subjacentes aos sonhos.

• Qual a diferença entre a definição Freudiana de Pulsão e o Instinto?

A diferença entre a definição freudiana de pulsão e o conceito de instinto está


relacionada ao entendimento do funcionamento psíquico e à origem dessas forças
motivadoras.

Segundo Sigmund Freud, a pulsão é uma força psíquica que impulsiona o


organismo em direção a um objetivo específico. Ela representa uma energia que
origina os desejos e os impulsos do indivíduo. As pulsões são de natureza biológica
e psíquica, e seu objetivo é buscar a satisfação e a redução da tensão interna. As
pulsões podem ser classificadas em duas categorias principais: pulsões de vida
(Eros) e pulsões de morte (Tânatos).

Por outro lado, o instinto é um conceito mais abrangente e está relacionado aos
comportamentos inatos e herdados que são comuns a uma espécie. Os instintos
são determinados biologicamente e direcionam os comportamentos específicos de
sobrevivência e reprodução. Eles são inatos e não estão sujeitos a influências
culturais ou experiências individuais.

Dessa forma, a diferença fundamental entre a definição freudiana de pulsão e o


conceito de instinto é que as pulsões são motivações psíquicas que têm origem
tanto na biologia quanto no psíquico, enquanto os instintos são comportamentos
inatos e herdados que são diretamente determinados pela biologia.
É importante ressaltar que Freud fez uso do conceito de instinto em seus primeiros
trabalhos, mas posteriormente ele o substituiu pelo conceito de pulsão para
enfatizar a dimensão psíquica e a influência do inconsciente nos processos
motivacionais. Freud acreditava que as pulsões são moldadas e transformadas pela
cultura e pelas experiências individuais, diferentemente dos instintos que são
inalteráveis e invariáveis.

Em resumo, a definição freudiana de pulsão refere-se às forças psíquicas que


impulsionam o indivíduo em direção à satisfação e à redução de tensões internas,
enquanto o conceito de instinto está relacionado aos comportamentos inatos e
herdados determinados pela biologia.

• Quais são as fases do desenvolvimento pré-genital de Freud? Como que


traumas nessa fase do desenvolvimento podem afetar o indivíduo durante a
fase adulta?

Freud descreveu três fases do desenvolvimento pré-genital que ocorrem na infância:


fase oral, fase anal e fase fálica. Traumas nessas fases do desenvolvimento podem
ter um impacto significativo no indivíduo durante a fase adulta, afetando sua
personalidade, comportamento e relacionamentos.

Fase Oral: A fase oral ocorre aproximadamente nos primeiros 18 meses de vida.
Nessa fase, o prazer é centrado na boca e na atividade de sucção. Traumas nessa
fase, como privação ou excesso de gratificação oral, podem levar a problemas na
fase adulta, como comportamentos de dependência, comportamentos orais
compulsivos (como comer em excesso, fumar ou roer unhas) ou dificuldades em
estabelecer relacionamentos saudáveis.

Fase Anal: A fase anal ocorre em torno dos 18 meses aos 3 anos de idade. Nessa
fase, o foco do prazer se desloca para o controle e eliminação das fezes. Traumas
durante o processo de controle dos esfíncteres, como punições excessivas ou
pressão intensa para o treinamento do penico, podem resultar em problemas
relacionados ao controle e ao poder na fase adulta. Isso pode se manifestar como
comportamentos obsessivos, perfeccionismo, dificuldades em lidar com autoridade
ou rigidez excessiva.

Fase Fálica: A fase fálica ocorre entre os 3 e 6 anos de idade. Nessa fase, o
interesse sexual e a curiosidade estão centrados nos órgãos genitais. Traumas
nessa fase podem ocorrer através de experiências de castração simbólica (medo de
perder o órgão sexual) ou através de conflitos edipianos (sentimentos ambivalentes
em relação aos pais). Esses traumas podem resultar em problemas na fase adulta,
como dificuldades sexuais, ansiedade de castração, insegurança em
relacionamentos ou complexo de Édipo mal resolvido.

É importante destacar que os traumas durante essas fases do desenvolvimento não


determinam necessariamente o comportamento e a personalidade de um indivíduo
na fase adulta. No entanto, eles podem influenciar o desenvolvimento psicológico e
contribuir para a formação de certas características ou problemas psicológicos. A
psicanálise busca compreender esses traumas e seus efeitos por meio da
investigação do inconsciente e da análise dos processos mentais inconscientes.

• Descreva a função do Ego na teoria Junguiana? O Ego Junguiano pode ser


observado a partir de que momento do desenvolvimento?

Na teoria junguiana, o Ego desempenha um papel central na psique humana. Ele é


um dos três elementos principais da estrutura da personalidade, juntamente com o
Self e o inconsciente coletivo. O Ego é considerado como a parte consciente e
racional da personalidade, responsável pela percepção, pela tomada de decisões e
pela interação com o mundo externo.

O Ego, de acordo com Jung, começa a se desenvolver na infância e é influenciado


tanto pelos aspectos individuais como pelos aspectos culturais e sociais. A partir do
momento em que a criança começa a se diferenciar do ambiente e a desenvolver
um senso de identidade, o Ego começa a se formar.
Uma das funções principais do Ego na teoria junguiana é a de estabelecer e manter
o equilíbrio entre os diversos aspectos da psique. Ele age como uma espécie de
mediador entre o mundo interno e o mundo externo, buscando adaptar-se às
demandas da realidade e das circunstâncias. O Ego é responsável por gerenciar as
percepções, as emoções, as ações e as relações do indivíduo.

Além disso, o Ego também desempenha um papel importante na integração dos


conteúdos inconscientes, permitindo que aspectos do inconsciente se tornem
conscientes e sejam integrados à personalidade. Ele trabalha em conjunto com o
Self, que é o arquétipo central da totalidade e da individuação, buscando equilibrar
as demandas internas e externas, assegurando uma adaptação saudável e um
desenvolvimento pleno da personalidade.

Em resumo, na teoria junguiana, o Ego desempenha a função de integrar a


consciência, interagir com o mundo externo e buscar equilíbrio entre os diferentes
aspectos da psique. Ele começa a se desenvolver desde a infância e desempenha
um papel essencial na formação da identidade e na busca de um senso de
totalidade e individuação.

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