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LEI DE DROGAS - LEI nº 11.

343/2006

Definição de “DROGA”

“Art. 1º institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas –


Sisnad...medidas para prevenção do uso indevido...reinserção social de
usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à
produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes.

Parágrafo único. Para fins desta Lei...drogas as substâncias ou os produtos capazes


de causar dependência, assim especificados em lei (ainda não existe essa Lei) ou
relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União –
Min. Saúde – Anvisa – não taxativo.

Art. 2º ...proibidas...território nacional, as drogas...plantio, a cultura, a colheita


e a exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou
produzidas drogas...hipótese de autorização legal ou regulamentar, bem como
o que estabelece a Convenção de Viena, das Nações Unidas, sobre
Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas de uso...ritualístico-
religioso.

Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cultura e a colheita dos vegetais
referidos no caput deste artigo, exclusivamente para fins medicinais ou científicos, em
local e prazo predeterminados, mediante fiscalização, respeitadas as ressalvas
supramencionadas”.
Obs Lei nº 11.343/2006 não define o que seria “droga” - norma penal em branco
própria.

Norma Penal em Branco

Qual a natureza jurídica da palavra “Droga” prevista na legislação especial?


• Trata-se de uma norma penal em branco própria, cuja o complemento emana
de uma fonte diversa.
LEI DE DROGAS - DOS CRIMES EM ESPÉCIE

Art. 27.  As penas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou
cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo, ouvidos o
Ministério Público e o defensor

1º Porte de Drogas para Consumo Pessoal – art. 28º

“Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer


consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:

I - advertência sobre os efeitos das drogas;


II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.

§ 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva
ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou
produto capaz de causar dependência física ou psíquica.”.

I - advertência sobre os efeitos das drogas;


II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo

• Se falar em pequena quantidade, é consumo próprio


• Não cabe nem prisão em flagrante

# - Como identificar se a conduta será de porte para consumo pessoal (art. 28) ou
tráfico de drogas (art. 33), já que todos os verbos presentes no art. 28 também estão
presentes no art. 33?
R: O §2º do art. 28 apresenta os critérios de distinção a serem aquilatados pelo
juiz diante do caso concreto:

Porte o Consumo - Visão do Juiz - § 2º - art. 28º

“§ 2º Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à


natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se
desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos
antecedentes do agente”.

§ 3º As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo
prazo máximo de 5 (cinco) meses.
§ 4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo
serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses.

§ 6º Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos
incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo,
sucessivamente a:

I  - admoestação verbal;
II - multa.

Porte o Consumo - Visão do Delegado

• Igual ao do juiz, exceto no que tange a circunstâncias da prisão

“Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a autoridade de
polícia judiciária, remetendo os autos do inquérito ao juízo:

I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que a


levaram à classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da substância ou
do produto apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa,
as circunstâncias da prisão (não tem para o juiz, apenas delegado), a conduta, a
qualificação e os antecedentes do agente; ou

II - requererá sua devolução para a realização de diligências necessárias”

Obs: Não basta ser pequena quantidade para descartar o tráfico ou caracterizar o
consumo, precisa analisar todo o contexto.

Qual a Natureza jurídica desse artigo?


A polêmica parte do teor do art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal, cite-se:

Art 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão
ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a
pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina,
isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou
cumulativamente

O Art. 28º não fala em reclusão, nem detenção e nem prisão simples, por isso foi
descriminalizado por isso esse choque de interpretação

3 correntes a respeito da posse de drogas para consumo

1ª Corrente: houve a descriminalização substancial (a conduta passou a ser atípica)


• Alice Bianchini;

2ª Corrente: houve a descriminalização formal (criou-se uma infração penal “sui


generis”);

3ª Corrente: O STF decidiu que houve a despenalização (descarcerização) do crime


de porte de drogas para consumo pessoal, mas continua sendo crime.

Obs: o STF utilizou terminologia infeliz (despenalização) já que o que houve


efetivamente foi a descarcerização (afastamento de pena privativa de liberdade),
fixando penas educativas (mas ainda assim, penas). Apesar da terminologia, esta
é a corrente dominante.

• Segundo o STJ, não se aplica reincidência e nem maus antecedentes

Bem jurídico tutelado: é a saúde pública.

Pena para consumo próprio

• Advertência, prestação de serviços à comunidade e medida educativa.


• Possuem o prazo máximo de 05 meses, salvo a advertência que é instantânea.
• Na hipótese de reincidência, o juiz pode aplicar a pena até 10 meses

Na hipótese de descumprimento doloso da pena, o juiz admoestará verbalmente e, no


insucesso, aplicará a multa (art. 28, §6º, incisos I e II).

Tráfico de Drogas - Art. 33


Obs: Não admite tentativa em regra, exceto se for mandado por envelope e
interceptado

“Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir,


vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo,
guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda
que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar:

• Crime de conteúdo múltiplo, variado, alternativo... basta praticar apenas um vervo

Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a


1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:

I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece,
fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente,
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-
prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas;

II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com


determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima
para a preparação de drogas;

III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse,
administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda
que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.

IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado


à preparação de drogas, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal
ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios
razoáveis de conduta criminal preexistente. (Acrescentado pela Lei nº 13.964/2019).
• Investigação, policial disfarçado...

Flagrante preparado e Súmula 145 do STF:

“Súmula 145 do STF: Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia
torna impossível a sua consumação”. Se a droga é plantada

O STF entende que a provocação invalida qualquer providência. No entanto, o


Delegado, no momento da lavratura, dirá que o indiciado guardava e tinha em depósito
droga, crime permanente, que antecedeu a venda (flagrante válido e condenação
adequada).

Essa posição foi confirmada com o acréscimo do inciso IV, do §1º, pelo Pacote
Anticrime, quando ficar demonstrando que a conduta de traficância existia antes da
atuação policial.

Características do Crime de Tráfico

1- Crime comum: pode ser praticado por qualquer pessoa, ressalvada a conduta de
prescrever (só médico prescreve).
2 - Crime de ação múltipla: havendo a prática de mais de uma conduta do art. 33 no
mesmo contexto, haverá um só crime.
3 - Crime de perigo abstrato: a acusação não precisa demonstrar a ocorrência de
situação de risco, bastando provar a ocorrência da conduta.
4 - Consumação e tentativa: a tentativa é difícil ocorrer, pois a maioria dos crimes é
permanente, não admitindo o conatus. O STJ traz exemplo de tentativa na modalidade
do verbo remeter droga em que a substância foi interceptada pelos correios (tentativa
reconhecida).

Induzimento, Instigação ou Auxílio ao Consumo de Drogas

• Não é tráfego, não é equiparado a hediondo

“§ 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga:

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300


(trezentos) dias-multa.”.

Não é crime assemelhado ao tráfico. A doutrina se divide quanto à necessidade do uso


da droga para a consumação. Prevalece que a vítima não precisa usar a droga

Oferecimento de Droga para Consumo em Conjunto

• Não é tráfego, não é equiparado a hediondo

“§ 3º Oferecer droga (de graça), eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu
relacionamento, para juntos a consumirem:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700


(setecentos) a 1.500 dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.”.

I - advertência sobre os efeitos das drogas;


II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo

Trata-se de crime de menor potencial ofensivo, sujeitando-se ao rito (com os benefícios)


da Lei nº 9.099/95

Causa de Diminuição de Pena:

“§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo – crimes mais graves, as


penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas
restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se
dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa. (Vide
Resolução nº 5, de 2012)”.

Obs: Pode ser convertida em penas restritivas de direito


Trata-se de causa de diminuição de pena, a ser observado as seguintes condições:

a) Ser o agente primário;


b) Ser o agente portador de bons antecedentes;
c) Não dedicação da vida a atividade criminosa (as circunstâncias do caso
concreto do fato indicarão se há essa dedicação);
d) Não integre organização criminosa (Lei nº 12.850/13).

Aparelhos para o Tráfico de Drogas - Subsidiário

• Precisa ser maquinário específico para fabricação de drogas

“Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir,


entregar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que
gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado
à fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a


2.000 (dois mil) dias-multa”.

Trata-se de crime subsidiário, sendo absorvido pelo crime de tráfico quando os artefatos
apreendidos são utilizados pelo mesmo agente, com o fim único de preparar a droga
para a venda (princípio da consunção).

Associação ao Tráfico

• Trata-se de crime autônomo, não absorvido pelo tráfico, portanto, o indivíduo


poderá responder por tráfico e associação ao tráfico
“Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar,
reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o,
e 34 desta Lei:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200


(mil e duzentos) dias-multa”.

Trata-se de crime comum, praticado por qualquer pessoa. Para a configuração do


presente crime é imprescindível demonstrar uma união estável e permanente entre os
agentes, sendo dispensável a demonstração dos crimes dos artigos 33, §1º e 34.

Trata-se de crime permanente, não sendo assemelhado ao hediondo.

Importante: é imprescindível a demonstração de uma união estável e permanente entre


os agentes, sendo dispensável a demonstração dos crimes dos artigos 33, §1º e 34.

Financiamento ao Tráfico de Drogas

“Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos
arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e quinhentos)


a 4.000 (quatro mil) dias-multa”.

Trata-se de crime comum, de perigo abstrato, doloso, daquele que emprega valores por
um ou mais atos.

O agente, para a configuração do art. 36, não pode ter praticado nenhuma das
condutas previstas no art. 33, pois caso contrário responderá em concurso material.

Não se trata de crime assemelhado ao hediondo, pois não está na relação da lei
8.072/90. Consuma-se com a prova do mínimo pagamento.
• Não há hipótese de se encaixar no princípio da insignificância

Colaboração com o Tráfico

“Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação


destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o,
e 34 desta Lei:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300 (trezentos) a 700


(setecentos) dias-multa”.

Para incidir no art. 37, o agente não pode, de nenhuma forma, praticar quaisquer das
condutas do art. 33, §1º, ou 34 (crime subsidiário).
Prescrição ou Ministração Culposa de Drogas:

• Único crime culposo na Lei de Drogas

“Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas


necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 (cinquenta) a


200 (duzentos) dias-multa.

Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da categoria


profissional a que pertença o agente”.

• Trata-se de infração penal de menor potencial ofensivo – JECRIM.


• O Delegado determinará que se faça termo circunstanciado de ocorrência.
• O crime admite a tentativa.

Condução de Embarcação ou Aeronave sob Efeito de Drogas

“Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas,


expondo a dano potencial a incolumidade de outrem: • crime de perigo
concreto

•Mesmo estando apenas o piloto

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da apreensão do veículo,


cassação da habilitação respectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena
privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos)
dias-multa.

Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas cumulativamente com as


demais, serão de 4 (quatro) a 6 (seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos)
dias-multa, se o veículo referido no caput deste artigo for de transporte coletivo de
passageiros”.

Importante: O comportamento previsto no tipo após o uso de álcool é atípico, pois o


álcool não está inserido na portaria.

Causas de Aumento de Pena

“Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um
sexto a dois terços, se:

I – Tráfico internacional
II - o agente de função pública ou no desempenho de missão de educação, poder
familiar, guarda ou vigilância; professor, funcionário público, pai, mãe, babá
III - dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou
hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas,
esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem
espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de
dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou
em transportes públicos;
IV - praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer
processo de intimidação difusa ou coletiva;
V – Interestadual e distrito Federal – não entre municípios
VI - usar criança ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou
suprimida a capacidade de entendimento e determinação;

VII - o agente financiar ou custear a prática do crime”.

Colaboração Premiada

“Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a


investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais
coautores ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do produto
do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um terço a dois
terços”.

• A colaboração precisa ser efetiva

Vedação A Fiança, “Sursis”, Graça, Indulto, Anistia E Liberdade Provisória

“Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei são
inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade
provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos – nesse
último caso será permitido se primário, bons antecedentes, não pertencer a
organizações criminosas....

Parágrafo único. dar-se-á o livramento condicional após o cumprimento de


dois terços da pena, vedada sua concessão ao reincidente específico”.

Importante: tem prevalecido o entendimento de que a liberdade provisória não


encontra mais proibição para os delitos previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37
desta Lei diante da Lei nº 11.464/2007 que alterou o inciso II do art. 2º da Lei nº
8.072/1990 (Lei dos Crimes Hediondos). Considerando o fato de que os crimes
apontados são equiparados a hediondos, a nova lei se aplicará permitindo, portanto, a
liberdade provisória.

Hipótese de Inimputabilidade

“Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependência (patológica),


ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao
tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal
praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.

Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por força pericial, que
este apresentava, à época do fato previsto neste artigo, as condições referidas no caput
deste artigo, poderá determinar o juiz, na sentença, o seu encaminhamento para
tratamento médico adequado” – caso de dependência total - doente

O juiz neste caso se convencido de que o agente se encontrava nas condições previstas
do artigo 45, qualquer que tenha sido a infração penal por ele praticado, deverá proferir
uma decisão de absolvição.

Diminuição de Pena no Caso de Semi-Imputabilidade

• Criminoso fronteiriço

“Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a dois terços se, por força
das circunstâncias previstas no art. 45 desta Lei, o agente não possuía, ao
tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento” – tinha
capacidade parcial.

Na hipótese de semi-imputabilidade, o agente terá culpabilidade e, portanto, será


responsabilizado por crime. Entretanto, será beneficiado pela respectiva diminuição da
pena.

Art. 49. Tratando-se de condutas tipificadas nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 a 37


desta Lei, o juiz, sempre que as circunstâncias o recomendem, empregará os
instrumentos protetivos de colaboradores e testemunhas previstos na Lei nº
9.807, de 13 de julho de 1999.

Procedimento Especial e Investigação


A lei de Drogas possui procedimento especial, sendo que, no silêncio da lei, aplica-se
subsidiariamente as regras do Código de Processo Penal e da Lei de Execução Penal
(art. 48). Além disso, apresenta peculiaridades próprias na fase de investigação:

- Prisão em flagrante: Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária


fará, imediatamente, comunicação ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto
lavrado, do qual será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e quatro)
horas.

- Inquérito Policial: Se o agente está solto o prazo para conclusão do IP será de 90


dias, se estiver preso 30 dias, prorrogável por mais 30 com autorização judicial.
Tais prazos podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante
pedido justificado da autoridade de polícia judiciária. O art. 52 destaca os
procedimentos possíveis após a conclusão do inquérito policial, a saber:

Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a autoridade de
polícia judiciária, remetendo os autos do inquérito ao juízo:

I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que a


levaram à classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da substância ou
do produto apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa,
as circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente; ou
II - requererá sua devolução para a realização de diligências necessárias.

Parágrafo único. A remessa dos autos far-se-á sem prejuízo de diligências


complementares:

I - necessárias ou úteis à plena elucidação do fato, cujo resultado deverá ser


encaminhado ao juízo competente até 3 (três) dias antes da audiência de instrução e
julgamento;

II - necessárias ou úteis à indicação dos bens, direitos e valores de que seja titular o
agente, ou que figurem em seu nome, cujo resultado deverá ser encaminhado ao juízo
competente até 3 (três) dias antes da audiência de instrução e julgamento

- Laudo Preliminar de constatação de droga: laudo de constatação preliminar


(condição imprescindível para a lavratura do flagrante e oferecimento da denúncia) -
firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.

Obs: o perito que subscrever o laudo preliminar NÃO ficará impedido de participar da
elaboração do laudo definitivo. Para a condenação se faz necessário laudo definitivo
- Destruição da droga: Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, no prazo
de 10 (dez) dias, certificará a regularidade formal do laudo de constatação e
determinará a destruição das drogas apreendidas, guardando-se amostra necessária à
realização do laudo definitivo.

A destruição das drogas será executada pelo delegado de polícia competente no prazo
de 15 (quinze) dias na presença do Ministério Público e da autoridade sanitária.

A Lei nº 13.840/2019 acrescentou que a destruição das drogas apreendidas sem a


ocorrência de prisão em flagrante será feita por incineração, no prazo máximo de 30
(trinta) dias contados da data da apreensão, guardando-se amostra necessária à
realização do laudo definitivo – droga encontrada sem autor

- Ação Penal: Todos os crimes são de ação penal pública incondicionada, portanto, o
destinatário de toda a investigação é o MP.

-- Denúncia: O MP irá oferecer denúncia, podendo arrolar até 5 testemunhas, no


máximo, que são chamadas de testemunhas numerárias. Da rejeição da denúncia pelo
juiz, cabe Recurso em Sentido Estrito (art. 81, IV).
- Defesa preliminar: deve ser oferecida no prazo de 10 dias, não importando se o
agente está preso ou solto. O STF e o STJ entendem que a não concessão da defesa
preliminar enseja nulidade relativa. Nesta defesa o agente poderá requerer ao juiz o
exame de dependência toxicológica.

- Audiência:

• é uma e nessa ordem:


• Interrogatório, 1º ato e cai em concurso
• testemunhas arroladas pela acusação, pela defesa,
• alegações finais orais ou memoriais escritos e
• sentença oral ou escrita em dez dias.

- Procedimentos de persecução penal permitidos: Em qualquer fase da persecução


criminal relativa aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previstos em
lei, mediante autorização judicial e ouvido o Ministério Público, os seguintes
procedimentos investigatórios:

• a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investigação, constituída pelos


órgãos especializados pertinentes;

• a não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos ou


outros produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no território brasileiro,
com a finalidade de identificar e responsabilizar maior número de integrantes de
operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível.
• Flagrante retardado

Importante: Nesta hipótese, a autorização será concedida desde que sejam conhecidos
o itinerário provável e a identificação dos agentes do delito ou de colaboradores

Questões

A Lei nº 11.343/2006 estabelece normas para repressão à produção não autorizada


e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes. A esse respeito, é correto afirmar que:

A) o porte para consumo pessoal deixou de ser crime com a respectiva lei,
especialmente diante da ausência de previsão de pena privativa de liberdade para quem
praticar a conduta.
B) para a devida diferenciação entre o delito de tráfico de drogas e o porte de droga para
o consumo pessoal, tanto a autoridade policial quanto a autoridade judiciária levarão em
conta apenas a quantidade da droga apreendida.
C) configura delito de tráfico de drogas, com possibilidade, inclusive, de prisão em
flagrante válida, a conduta de vender droga a agente policial disfarçado, quando
presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente.
D) todos os delitos previstos na lei de combate às drogas são de natureza dolosa, não se
admitindo em nenhuma hipótese a modalidade culposa.
E) para a caracterização do delito de associação ao tráfico é necessário a associação de
no mínimo três ou mais pessoas.

A respeito do agente que traz consigo drogas sem autorização ou em desacordo


com determinação legal ou regulamentar, é correto afirmar que:

A) será isento de pena se, em razão da dependência da droga, ao tempo da ação não
possuía plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato.
B) incidirá causa de diminuição de pena se oferecer droga, eventualmente e sem
objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos consumirem.
C) se for para consumo pessoal, será submetido, dentre outras, à pena de prestação de
serviços à comunidade, pelo prazo máximo inicial de cinco meses.
D) de acordo com entendimento jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça, se for
adolescente deverá obrigatoriamente receber medida socioeducativa de internação.

Pode-se afirmar que a Lei n. 11.343/06, no que diz respeito à conduta de trazer
consigo ou adquirir para uso pessoal drogas:

A) descriminalizou a conduta.
B) despenalizou a conduta com a supressão da pena.
C) transformou a conduta em contravenção penal.
D) abrandou a punição, todavia a conduta continua prevista como crime.
E) agravou a punição da conduta, que agora deve ser cumprida inicialmente em regime
fechado, não podendo ser substituída por pena restritiva de direitos.
Aquele que oferece droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, à pessoa de seu
relacionamento, para juntos a consumirem, pratica:

A) contravenção penal.
B) crime equiparado ao uso de drogas.
C) crime, mas que não está sujeito à pena privativa de liberdade.
D) crime de menor potencial ofensivo.
E) conduta atípica.

Com relação ao crime previsto no artigo 33 da Lei no 11.343/2006 (Drogas), pode-


se afirmar que:

A) é crime material, pois exige a produção de resultado.


B) prevê várias condutas incriminadoras, tendo o agente que incorrer em pelo menos
mais de duas delas para a caracterização do delito de tráfico de drogas.
C) traz a possibilidade de o juiz reduzir até 2/3 da pena do agente caso ele seja primário,
de bons antecedentes e não se dedique a atividades criminosas e nem integre
organizações criminosas.
D) foi excluído do rol dos delitos equiparados aos hediondos, em razão da alteração
legal que passou a admitir progressão do regime.
E) estabeleceu penas maiores de prisão – comparadas à legislação anterior – para a
conduta daquele que porta drogas para consumo pessoal.

X, flagrado portando maconha para uso próprio, pode:

A) ser conduzido ao Distrito Policial, livrando-se solto, haja vista tratar-se de infração
de menor potencial ofensivo
B) ignorar a determinação policial no sentido de que se conduza ao Distrito Policial,
uma vez que esta conduta não prevê pena privativa de liberdade.
C) ser conduzido ao CAPS - Centro de Atenção Psicossocial -, para ser submetido a
tratamento compulsório, dado que a lei prevê medidas alternativas à prisão.
D) ser preso, em flagrante delito.
E) ser liberado, mediante pagamento de fiança.

Se determinada pessoa, maior e capaz, estiver portando certa quantidade de droga


para consumo pessoal e for abordada por um agente de polícia, ela:

A) estará sujeita à pena privativa de liberdade, se for reincidente por este mesmo fato.
B) estará sujeita à pena privativa de liberdade, se for condenada a prestar serviços à
comunidade e, injustificadamente, recusar a cumprir a referida medida educativa.
C) estará sujeita à pena, imprescritível, de comparecimento a programa ou curso
educativo.
D) poderá ser submetida à pena de advertência sobre os efeitos da droga, de prestação
de serviço à comunidade ou de medida educativa de comparecimento a programa ou
curso educativo.
E) deverá ser presa em flagrante pela autoridade policial.

A respeito da disciplina normativa prevista na Lei nº 11.343/2006, também


conhecida como Lei Antidrogas, é correto afirmar que:
A) nos crimes tratados por essa lei, o inquérito policial será concluído no prazo de 30
(trinta) dias se o indiciado estiver preso, e de 60 (sessenta) dias, quando solto.
B) a conduta daquele que traz consigo droga sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar para uso próprio, submete-se ao procedimento
estabelecido na Lei n° 9.099/95.
C) no crime de tráfico ilícito de entorpecentes, a denúncia poderá ser oferecida sem o
laudo prévio, desde que, no momento da sentença, já exista laudo definitivo
confirmando a natureza da substância.
D) na defesa prévia, somente poderão ser arroladas testemunhas e requeridas
diligências.
E) a infiltração de agentes de polícia é expressamente vedada na investigação dos
crimes previstos nessa lei.

A respeito do processo e do julgamento previsto na Lei Antidrogas, assinale a


opção correta.

A) O magistrado, durante a persecução penal em juízo, poderá, independentemente da


oitiva do MP, autorizar a infiltração de investigador em meio a traficantes, para o fim de
esclarecer a verdade real, ou poderá, ainda, autorizar que não atue diante de eventual
flagrante, com a finalidade de identificar e responsabilizar o maior número de
integrantes de operações de tráfico e distribuição.
B) O MP e a defesa poderão arrolar até oito testemunhas na denúncia e na defesa
preliminar, respectivamente.
C) O agente que praticar crime de porte de drogas para consumo pessoal será
processado e julgado perante uma das Varas de Entorpecentes do DF, sob o rito
processual previsto na Lei Antidrogas, tendo em vista que a lei especial prevalece sobre
a lei geral.
D) O autor do crime de porte de drogas para uso pessoal será processado e julgado
perante o Juizado Especial Criminal, sob o rito da Lei n.º 9.099/1995.
E) A lavratura do auto de prisão em flagrante e o estabelecimento da materialidade do
delito exigem a elaboração do laudo definitivo em substância, cuja falta obriga o juiz a
relaxar imediatamente a prisão, que será considerada ilegal.

Indivíduo não reincidente que semeie, para consumo pessoal, plantas destinadas à
preparação de pequena quantidade de produto capaz de causar dependência
psíquica se sujeita à penalidade imediata de

A) perda de bens e valores.


B) medida educativa de internação em unidade de tratamento.
C) advertência sobre os efeitos das drogas.
D) admoestação verbal pelo juiz.
E) prestação pecuniária.

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