Você está na página 1de 18

1

I – A LÓGICA CLÁSSICA – O SILOGISMO

Responda os exercícios a seguir, analisando se é correto tirar a conclusão a partir das


premissas dadas, ou não.

1) Sei que: Todas as rosas são flores; e que: Nenhuma violeta é rosa: CONCLUO DAÍ QUE:
Nenhuma violeta é flor. ( ) SIM ( ) NÃO

2) Sei que: Todos os peixes são animais; e que: Nenhuma árvore é peixe; CONCLUO DAÍ
QUE: Nenhuma árvore é animal. ( ) SIM ( ) NÃO

3) Sei que: Todo alcalóide é elemento químico; e que: todo nitrato é alcalóide; CONCLUO
DAÍ QUE: Todo nitrato é elemento químico. ( ) SIM ( ) NÃO

4) Sei que: Alguns estudantes tiram nota dez; e que: Alguns professores são estudantes.
CONCLUO DAÍ QUE: Alguns professores tiram nota dez. ( ) SIM ( ) NÃO

5) Sei que: Alguns estudantes são bons alunos; e que: Alguns maus alunos são estudantes.
CONCLUO DAÍ QUE: Alguns maus alunos são bons alunos. ( ) SIM ( ) NÃO

6) Sei que: Nenhum AXL2 é elemento químico; e que: Todo BL1 é AXL2. CONLCLUO DAÍ
QUE: Nenhum BL1 é elemento químico. ( ) SIM ( ) NÃO

7) Sei que: Todo peixe é animal; e que: Todo sapo é animal. CONLCLUO DAÍ QUE: Todo
sapo é peixe. ( ) SIM ( ) NÃO

8) Sei que: Todo peixe é animal; e que: Todo tubarão é animal. CONCLUO DAÍ QUE: Todo
tubarão é peixe. ( ) SIM ( ) NÃO

9) Sei que: Todo estuário é costa marítima; e que: Alguma faixa de terra não é costa marítima.
CONCLUO DAÍ QUE: Alguma faixa de terra não é estuário.

10) Sei que: Todas as hortaliças são vegetais; e que: Alguns alimentos são vegetais.
CONCLUO DAÍ QUE: Alguns alimentos são hortaliças.

11) Sei que: Todo ser humano é se que aprende a falar; e que: Algum papagaio é ser que
aprende a falar. CONCLUO DAÍ QUE: Algum papagaio é ser humano.

12) Sei que: Todo dióxido é nocivo à saúde; e que: Nenhum cálcio é nocivo à saúde.
CONCLUO DAÍ QUE: Nenhum cálcio é dióxido.

13) Sei que: Todo vegetal é ser vivo; e que: Todo vegetal não é ser humano. CONCLUO DAÍ
QUE: Todo ser humano não é ser vivo.

14) Sei que: Todo peixe vivo é animal aquático; e que: Nenhum peixe vivo é ser humano.
CONLCUO DAÍ QUE: Nenhum ser humano é animal aquático.

15) Sei que: Nenhum esteliolito é elemento sólido; e que: Algum esteleolito é algo sem forma
definida. CONCLUO DAÍ QUE: Alguma coisa sem forma definida não é elemento sólido.

16) Sei que: Todo ser humano é vertebrado; e que: Todo ser humano é ser que pode falar.
CONCLUO DAÍ QUE: Todo ser que pode falar é vertebrado.
2

Os testes anteriores exigem de nós capacidade para a análise dessa forma de


argumentação. Esse tipo de argumento é denominado “argumento silogístico”. A decisão
sobre a validade de cada exemplo exige a elaboração uma teoria lógica sobre essa forma de
argumentação. Aristóteles deu conta dessa teoria e a legou ao ocidente, em seu Organon.
Aristóteles é considerado por I. M. Bochenski, em sua obra de história da Lógica,
como sendo o criador da análise lógica formal, principalmente, por sua análise das formas de
SILOGISMOS. Seus estudos predominaram nos vários centros de estudos filosóficos da
Europa Medieval e vigorou quase que irretocado até o século XIX, a ponto de I. Kant ter
afirmado que a Lógica, desde Aristóteles, não dera um passo atrás, nem á frente. O conjunto
dos estudos Lógicos desse período ficou conhecido dos modermos como Lógica Clássica.

1 – A Proposição Categórica
A análise lógica da argumentação silogística é desenvolvida a partir da análise de um
tipo particular de proposição: a proposição categórica. O que é uma proposição categórica? É
uma proposição definidora, que pode ser dita verdadeira (V) ou falsa (F) em virtude de seu
caráter definidor ou da existência de referencial empírico. Exemplos:
a) “todo ser humano é artista” – poderá ser verdadeira se for definidora: se o predicado
“artista” for uma propriedade necessária da definição de “ser humano”;
b) “algum ser humano é artista” – poderá ser verdadeira se implicar na existência real
de “pelo menos um” (algum) ser humano que seja “artista”.

Existem quatro (4) tipos de proposições categóricas, que podem assim ser assinaladas
através do seguintes exemplos:

A – “Todo ser humano é artista” – que é equivalente lógico das seguintes proposições: “todos
os seres humanos são artistas”, “o ser humano é artista”, “qualquer ser humano é artista”.

E – “Nenhum ser humano é artista” – que é equivalente lógico das seguintes proposições:
“todos os seres humanos não são artistas”, “o ser humano não é artista”, “qualquer ser
humano não é artista”.

I – “Algum ser humano é artista” – que é equivalente lógico de “alguns seres humanos são
artistas”.

O – “Algum ser humano não é artista” – que é equivalente lógico de “alguns seres humanos
não são artistas”.

A análise dessas proposições nos mostra que há uma estrutura comum a todas elas,
gerada pela ocorrência dos seguintes termos:

1º - QUANTIFICADORES – todo; nenhum e algum. (define a quantidades dos termos).

2º - A CÓPULA, ou elo, ligação: o verbo “é” e sua negação “não é”.

3º - NOMES ou atributos: substantivos ou adjetivos, ou simples locuções nominais ( no caso,


“ser humano” e “político”).

Cada parte da proposição categórica tem uma função específica. A cópula, ou elo e os
quantificadores são denominados OPERADORES LÓGICOS. São termos estritamente
lógicos. Indicam a perspectiva de consideração do raciocínio. Não designam objetos
empíricos, mas indicam apenas RELAÇÕES entre os termos nomes ou atributos.
3

Os QUANTIFICADORES “todo”, “nenhum” e “algum” relacionam quantitativamente


os conjuntos ou classes (coleções) designados pelos termos nomes ou atributos. Indicam a
EXTENSÃO dos termos, o modo como se deve considerar a relação entre esses termos. Por
isso, a análise das proposições categóricas recebe o nome de análise extensional, ou seja,
analisa a proposição considerando a extensão dos termos, a quantidade das classes ou
conjuntos considerados na proposição.
Substantivos, adjetivos, advérbios e outras locuções constituem os termos “nomes” ou
atributos da proposição. São mencionados como classificadores, pois denotam conjuntos ou
classes de objetos. Tanto os termos “sujeitos” quanto os termos “predicados” referem-se a
conjuntos ou classes, que podem conter apenas um elemento (singular), ou muitos elementos,
ou, simplesmente, ser um conjunto vazio. Quando nos referimos a todos os elementos de um
conjunto ou classe, ou a um elemento singular, estamos fazendo uma referência à totalidade
do conjunto ou classe, ou a todos os seus elementos e isso significa que estamos fazendo uma
referência UNIVERSAL, a todo o universo de abrangência do conjunto ou classe. Quando
fazemos referência a uma parte do conjunto ou classe, a alguns dos seus elementos, estamos
fazendo uma referência PARTICULAR.
O termo CÓPULA “é” pode ser indicado também outros termos como “são”, “estão”,
“foi”, “era”, etc. Esse termo tem a função de estabelecer uma relação de INCLUSÃO ou de
NÃO INCLUSÃO (EXCLUSÃO) entre os termos nomes da proposição. Os lógicos
medievais consideravam que o verbo “ser” define o sentido lógico da proposição categórica.
Aristóteles define a interpretação desse termo em seu sentido conceitual, copulativo.
Na ordem de construção das proposições categóricas o primeiro termo nome ou
atributo é designado pelo termo “sujeito” e o segundo termo nome ou atributo é designado
pelo termo “predicado”. Os lógicos medievais utilizaram as letras A, E, I, O para simbolizar
as quatro proposições categóricas, formalizando-as do seguinte modo, utilizando o símbolo
“S” para representar o termo “sujeito” e o símbolo “P” para simbolizar o termo “predicado”.

Designação Forma

A________________________ Todo S é P

E________________________ Nenhum S é P

I ________________________ Algum S é P

O _______________________ Algum S não é P

As proposições que têm essas formas elementares são consideradas como proposições
categóricas de FORMA TÍPICA. Trata-se dos tipos ou modelos formais elementares de todas
a proposições categóricas.

2 – Quantidade, Qualidade e Distribuição

QUANTIDADE – esse termo refere-se à extensão do conjunto ou classe considerada


na proposição. Se o quantificador abrande o TODO do conjunto, então teremos uma
quantificação UNIVERSAL; se o quantificador abrange somente uma parte do conjunto
(algum, ou pelo menos um elemento do conjunto), então teremos uma quantificação
PARTICULAR.
QUALIDADE – a qualidade de uma proposição incide sobre a relação de inclusão ou
de não inclusão (exclusão) entre os termos nomes ou atributos. É definida pelo verbo “é”, ou
cópula. Se a proposição afirma a inclusão, então a proposição é AFIRMATIVA; mas se
4

afirma a não inclusão, ou a exclusão entre os termos, então a proposição é NEGATIVA. Nas
escolas medievais a qualidade das proposições era interpretada no sentido ontológico,
definidor, sendo o predicado uma qualidade ou propriedade do termo sujeito, ou não. E as
qualidade do sujeito poderiam ser essenciais, ou acidentais.

DISTRIBUIÇÃO – a distribuição de um termo refere-se a uma consideração


extensional dos conjuntos. Um conjunto pode estar totalmente distribuído ou não estar
totalmente distribuído numa proposição. Quando o termo nome ou atributo faz referência à
totalidade do conjunto ou classe designado então esse termo está UNIVERSALMENTE
distribuído. Quando o termo nome faz referência a apenas uma parte do conjunto designado
então esse termo está apenas PARTICULARMENTE distribuído. Os termos podem ser
distribuídos da seguinte forma: O TODO NO TODO, O TODO NA PARTE, e A PARTE NA
PARTE.

Consideremos a seguir a interpretação das proposições categóricas a partir desses


elementos analisados:

A – Todo S é P – é a forma da proposição categórica UNIVERSAL AFIRMATIVA,


que distribui universalmente seu termo sujeito e distribui particularmente seu termo predicado
(considera o todo do conjunto “sujeito” e “parte” do conjunto “predicado”).

E – Nenhum S é P – é a forma da proposição categórica UNIVERSAL NEGATIVA,


que distribui universalmente tanto seu termo sujeito quanto seu termo predicado (considera
tanto o todo do “sujeito” quanto o todo do “predicado”).

I – Algum S é P – é a forma da proposição categórica PARTICULAR AFIRMATIVA,


que distribui particularmente tanto seu termo sujeito quanto seu termo predicado (considera
uma parte do conjunto “sujeito” e uma parte do conjunto “predicado”).

O – Algum S não é P – é a forma da proposição categórica PARTICULAR


NEGATIVA, que distribui particularmente o sujeito e distribui universalmente o todo do
predicado ( considera uma parte do conjunto “sujeito” em relação ao todo do conjunto
“predicado”).

Convém aqui lembrar uma regra lógica da negação: toda negação nega
universalmente.

É importante lembrar aqui que os termos “sujeito” e “predicado” podem designar


conjuntos ou classes sob a forma de mais de um termo, como ocorre nas proposições em que
o termo sujeito ou o termo predicado aparecem relacionados a outros termos indicadores de
sub-conjuntos ou sub-classes a que pertencem. P. ex., a proposição “nenhum político que
engana o povo é pessoa digna de respeito e aprovação” tem como termo “sujeito” a expressão
“político que engana o povo” e como termo “predicado” a expressão “pessoa digna de
respeito e aprovação”. Para não incorrer em erro quando da análise desses casos basta
identificar a forma típica da proposição e seus operadores lógicos.

3 – Quadro Tradicional de Oposição

O Quadro Tradicional de Oposição entre as quatro proposições categóricas foi


analisado por Aristóteles e bastante estudado durante a Idade Média. Sua interpretação
vigorou até o século XIX. Atualmente, admite-se como válidas apenas as oposições
“contraditórias”, visto que ambas não podem ser verdadeiras nem falas ao mesmo tempo e
5

sob a mesma relação. Admite-se que a verdade da proposição particular possa definida por
meio de verificação, enquanto que o valor da universal só pode ser hipoteticamente definido
como verdade. Se a particular contradiz a universal, esta torna-se falsa. O quadro é o seguinte:

Todo S é P A ________CONTRÁRIAS____________ E Nenhum S é P

Algum S é P I _____ SUBCONTRÁRIAS __________ O Algum S não é P

As oposições entre A e O e entre I e E são oposições de CONTRADIÇÃO.


As oposições entre A e I e entre E e O são oposições de SUBALTERNAÇÃO.

4 – Inferências Imediatas

As inferências imediatas são inferências proposicionais. São deduções extraídas de


uma proposição. Algo é declarado. A partir dessa declaração, pode-se inferir outra coisa, outra
declaração. Conforme vimos, a construção de uma proposição envolve decisões lógicas do
sujeito, ou seja, é o resultado do seu modo de considerar as coisas. Sendo assim, cada
proposição declarada revela uma inferência sobre seus termos. É isso que é chamado de
Inferência Imediata. Considerando os valores de verdadeiro e falso para cada proposição pode
fazer inferências imediatas a partir do “Quadro de Oposições” apresentado acima. A seguir
trataremos de outras inferências imediatas.

A) CONVERSÃO PROPOSICIONAL

O procedimento da conversão lógica de proposições explicita que a proposição


categórica de forma típica que declara uma relação de inclusão (é), ou de exclusão (não é) do
conjunto do termo sujeito no conjunto do termo predicado, também declara o inverso, uma
relação de inclusão, ou exclusão do conjunto do termo predicado no conjunto do termo
sujeito. A conversão consiste, então, em considerar a proposição invertendo a relação de seus
termos, convertendo o termo predicado em termo sujeito e o termo sujeito em termo
predicado, inferindo o daí resulta. Assim, a conversão das quatro proposições categóricas de
forma típica fica assim:

Convertente Convertida

A – Todo artista é filósofo I – (por supositio – pressuposição existencial ):


Algum filósofo é artista.
* Essa forma de conversão da proposição de tipo A foi admitida como válida pelos lógicos
antigos, seguindo Aristóteles. Sua validade depende da suposição ontológica, ou
pressuposição existencial para os conjuntos nela envolvidos. Abolindo essa pressuposição a
conversão perde a validade, segundo demonstraram os lógicos modernos.

E – Nenhum artista é filósofo E – Nenhum filósofo é artista

I – Algum artista é filósofo I – Algum filósofo é artista

O – Algum artista não é filósofo ??? – NÃO CONVERTE, pois é inválida.


6

* A conversão da proposição de tipo O não é válida, formalmente, e que é demonstrado por


inúmeros exemplos em que a proposição resultante de sua conversão é claramente falsa. P.
ex., de “alguns seres humanos são poetas” não se pode inferir que tenha afirmado que “alguns
poetas não são seres humanos”. Seria ilógico esse procedimento. A distribuição do predicado
é universal e sua conversão em particular não é ilógica.

B) A OBVERSÃO

Consiste em inferir da proposição categórica aquilo que também declara em sua


proposição contrária. Esse procedimento resulta na negação do termo predicado.
Recorreremos à teoria dos conjuntos para explicar esse procedimento. Diz o seguinte: a
negação de um conjunto designado por um termo forma seu “conjunto complementar”. A
anteposição da signo de negação “não” a um termo forma seu termo complementar. Assim, o
complemento de “S” é “não-S” e o complemento de “P” é “não-P”. O conjunto complementar
resultante da negação de um dado conjunto forma o conjunto de todas as coisas que não se
definem pelo termo negado. O complemento do conjunto “ser humano” é “não-ser humano” e
esse conjunto contém tudo aquilo que não é ser humano, no conjunto universo. O conjunto
complementar de “filósofo” é “não-filósofo” e esse conjunto contém os subconjuntos do
universo de onde “filósofo” é uma parte. Convém notar que a lei da dupla negação aplicada
aos termos diz que a negação da negação resulta em sua anulação, ou seja, da negação de
“não-S”, resulta “S” (não-“não-S” = “S”). “Isto é não-incorreto” diz “isto é correto”; “isto é
não-impossível” diz que “isto é possível”. Segue-se, então, a obversão das quatro proposições
categóricas:

Obvertente obversa

A – Todo ser humano é artista E – Nenhum ser humano é não-artista.

E – Nenhum ser humano é artista A – Todo ser humano é não-artista.

I – Algum ser humano é artista O – Algum ser humano não é não-artista.

O – Algum ser humano não é artista I – Algum ser humano é não-político.

Na obversão o termo sujeito não muda,como também não muda a quantidade da


proposição que se obverte. Assim, para formular uma proposição obversa equivalente em
valor de verdade à original, mudamos a qualidade da proposição e substituímos o termo
predicado pelo seu termo complementar.
Observe também que a negação de um termo ocorre de outros modos na linguagem.
Outros prefixos tais como “in”, “anti”, “im”, “i” etc podem expressar complementação, como
é o caso de “impossível” que é o complemento do conjunto “possível”; “inválido” é o
complementar ao termo “válido”; “imortal” é o termo complementar de “mortal”, entre
outros. Mas nem todos os termos construídos com esses prefixos indicam complementação, p.
ex., o termo “infeliz” não é complemento de “feliz”.
Na obversão o termo sujeito não muda nem a quantidade da proposições, alternado o
conjunto predicado para o seu termo complementar.
7

Outro tipo de inferência imediata é a “contraposição” que define as relações entre os


conjuntos complementos dos termos sujeito e predicado. Resulta da aplicação dos
procedimentos de “Conversão" e de “obversão” já estudados.

EXERCÍCIOS

1 – Dadas as proposições a seguir, faça a Conversão e a Obversão de cada uma delas.

a) Qualquer estudante de filosofia será crítico.


b) Nenhum estudante reprovado é bom estudante.
c) Alguns dirigentes do MEC são burocratas incompetentes e alienados.
d) Alguns ministros são corruptos.
e) Algum não-filósofo é político competente.
f) Algum não-economista é não-filósofo.
g) Ninguém que é não-votante é eleitor.
h) Todo não-eleitor é não-candidato.
i) Algum estudante ilustre é membro de alguma universidade de excelência.
j) Os jogos serão vencidos pelos melhores competidores.
k) Os indígenas da América do Norte foram dizimados.

5 – O SILOGISMO

O silogismo constitui uma forma de argumentação construída com o uso de três


proposições categóricas. Cada silogismo possui duas proposições categóricas como premissas
e uma como conclusão. Os termos “nomes ou atributos” relacionam três conjuntos ou classes
diferentes, implicando uma conclusão que relaciona dois dos termos presentes nas premissas.
Observe os quatro exemplos de silogismos a seguir:

A - Todo alcalóide é elemento químico;


A - Ora, todo nitrato é alcalóide;
A - Logo, todo nitrato é elemento químico.
___
1

A - Todo estuário é costa marítima;


O - Ora, aluma faixa de terra não é costa marítima.
O - Logo, alguma faixa de terrra não é estuário.
___
2

E - Nenhum esteliolito é elemento sólido;


I - Ora, algum esteliolito é algo sem forma definida.
O - Logo, alguma coisa sem forma definida não é elemento sólido.
___
3

A - Toda estalactite é rocha porosa;


E - Ora, nenhuma rocha porosa é formada de cristais.
E - Logo, nenhuma coisa formada de cristais é estalactite.
___
4
8

A análise dos exemplos acima permite-nos expor a teoria do silogismo da seguinte


forma:
5.1 – O dedução silogística tem três TERMOS que designam três conjuntos ou classes
de objetos: em AAA/1 são: alcalóide, elemento químico e nitrato; em AAO/2 são: estuário,
costa marítica e faixa de terra; em EIO/3 são: esteliolito, elemento sólido e coisa sem forma
definida; em AEE/4 são: estalactite, rocha porosa e coisa formada de critais. Os três termos do
silogismo são classificados pelos conceitos de:
a) TERMO MÉDIO ( M ): é o termo que designa o terceiro conjunto ou classe da relação;
é definido como o termo MEDIADOR, com o qual são relacionados os dois outros conjuntos
ou classes do silogismo e, portanto, é nomeado nas duas premissas.
b) TERMO MAIOR ( T ): é o primeiro conjunto que é relacionado ao TERMO MÉDIO;
e que é definido como predicado da CONCLUSÃO;
c) TERMO MENOR ( t ): é o segundo conjunto ou classe que é relacionado ao TERMO
MÉDIO e que é definido como o sujeito da CONCLUSÃO.

Qual é o TERMO MÉDIO de cada exemplo de silogismo dado acima? Confira.

5.2 – A premissa que contém o TERMO MAIOR ( T ) é denominada PREMISSA


MAIOR e a que contém o TERMO MENOR ( t ) é denominada PREMISSA MENOR. Para
preservar a teoria das FIGURAS DO SILOGISMO deve-se convencionar que a premissa
maior deve vir em primeiro lugar no silogismo.

5.3 – Já sabemos que o silogismo é formado por três proposições categóricas, sendo duas
premissas e uma conclusão. Mas de que tipos podem ser essas proposições? Só há quatro (4)
tipos possíveis de proposições categóricas:
A – Universal Afirmativa – todo S é P
E - Universal Negativa - nenhum S é P
I - Particular Afirmativa – algum S é P
O - Particular Negativa - algum S não é P
Assim sendo, o silogismo terá três proposições que podem ser desses tipos. As
combinações possíveis seriam assim: AAA, AAE, AAI, AAO, AEA, AEE, AEI, AEO, etc..,
atingindo um total de sessenta e quatro (64) MODOS possíveis de silogismos. MODO do
silogismo é, então, definido pelos tipos de proposições que o silogismo contém.

5.4 – Observe que o TERMO MÉDIO muda de lugar (sujeito ou predicado) nas premissas
nos quatro (4) exemplos dados acima, podendo ocorrer assim:

1 – o TERMO MÉDIO é Sujeito na Premissa Maior e Predicado na


Premissa Menor ( SUB/PRAE), tendo a seguinte forma:

Premissa Maior: M -- T
Premissa Menor: t ---- M
Conclusão: t ---- T
Essa forma é denominada a PRIMEIRA FIGURA do silogismo.

2 – o TERMO MÉDIO é o PREDICADO de ambas as Premissas, Maior e


Menor (PRAE/PRAE), tendo a seguinte forma:

Premissa Maior: T---- M


Premissa Menor: t ---- M
Conclusão: t ---- T
Essa forma é denominada a SEGUNTA FIGURA do silogismo.
9

3 – o TERMO MÉDIO é o SUJEITO de ambas as premissas, Maior e


Menor (SUB/SUB), tendo a seguinte forma:

Premissa Maior: M -- T
Premissa Menor: M ---t
Conclusão: t ---- T
Essa forma é denominada a TERCEIRA FIGURA do silogismo.

4 – o TERMO MÉDIO é o PREDICADO da Premissa Maior e o SUJEITO


da Menor (PRAE/SUB), tendo a seguinte forma:

Premissa Maior: M -- T
Premissa Menor: M ---t
Conclusão: t ---- T
Essa forma é denominada a QUARTA FIGURA do silogismo, também interpretada
como uma Figura indireta da Primeira Figura, porque inverte os termos sujeito e predicado na
conclusão, alterando o sentido lógico dado nas premissas.

Assim sendo, a FIGURA do silogismo é definida pela posição ou lugar que o


TERMO MÉDIO ( M ) ocupa nas premissas, resultando na construção de QUATRO ( 4 )
FIGURAS possíveis de silogismos.
A forma de um silogismo de forma típica (um figura e um modo), é definida pela
indicação de seu modo e figura, p. ex., AAA/1; AOO/2, etc...Assim, considerando que
existem sessenta e quatro (64) MODOS possíveis e considerando que existem quatro (4)
FIGURAS possíveis, por conseqüência, será possível construir um total de 256 formas de
silogismos, 64 modos em cada figura, (ou seja: 64 x 4 = 256). Entretanto, a maior dessas
formas não é válida, conforme teremos podemos verificar.

5.5 – VALIDADE DE UM SILOGISMO – um silogismo válido é um raciocínio


FORMALMENTE válido, isto é, é válido exclusivamente por sua forma. Considerando que
as proposições categóricas constituintes de um silogismo não são logicamente verdadeiras
nem logicamente falsas podemos concluir que qualquer silogismo que tenha uma forma valida
é exemplo de um raciocínio, inferência ou dedução válida, independente dos valores de
verdade de suas premissas. O contrário disso também pode ser afirmado: que qualquer
silogismo que tenha uma forma inválida é exemplo de uma forma de raciocínio, inferência ou
dedução inválida, independente dos valores de verdade de suas premissas. Em um raciocínio
formalmente válido, de premissas verdadeiras não se extrai conclusão falsa, porque o falso
não decorre do verdadeiro. Por outro lado, de premissas falsas pode-se concluir qualquer
coisa, tanto uma verdade quanto uma falsidade.
Irving COPI sintetiza as oito regras tradicionais consagradas pelos lógicos medievais
em apenas seis (6) regras básicas, suficientes para orientar a construção e análise de silogismo
válidos. São as elas:

1. Um silogismo categórico válido DEVE conter exatamente três termos – Médio,


Maior e menor, cada um deles com o mesmo significado em todo o silogismo. Ou
seja, nenhum termo do silogismo pode mudar seu significado. Caso essa regra seja
contrariada o silogismo incorrerá numa “falácia de equívoco”:
Ex.: A animalidade é uma noção genérica; ora, o homem cede muitas vezes à
animalidade; logo, o homem cede muitas vezes a uma noção genérica.
10

2. Um silogismo válido deve ter o TERMO MÉDIO UNIVERSAL ao menos uma


vez em uma das premissas. Caso essa regra seja violada o silogismo incorrerá na
“falácia do termo médio não-distribuído”.
Ex., alguns homens são santos; ora, os criminosos são homens; logo, os criminosos
são santos.

3. Um silogismo válido não pode ter a conclusão maior que as premissas, ou seja,
nenhum dos termos, Maior ou menor pode ter extensão maior na conclusão, do que
nas premissas. Caso essa regra seja violada o silogismo incorrerá na “falácia da
distribuição do termo Maior ou menor”.
P. ex., os pássaros voam; ora, os pássaros são animais; logo, os animais voam.

4. Nenhum silogismo que tenha duas premissas negativas é válido. De duas


premissas negativas nada resulta. Caso essa regra seja violada o silogismo
incorrerá na “falácia das premissas exclusivas”. P. ex.,
Os poderosos não são misericordiosos; ora, os pobres não são poderosos; logo, os
pobres são misericordiosos.

5. Um silogismo que tenha uma premissa negativa só poderá ser válido se conclusão
for negativa. Caso essa regra seja violada o silogismo incorrerá na “falácia contra a
premissa negativa”. P. ex., alguma planta é comestível; ora, nenhuma planta é
animal; logo, algum animal é comestível.

6. Um silogismo válido não pode ter duas premissas universais e a conclusão


particular. Caso essa regra seja violada o silogismo incorrerá na “falácia
existencial”. P. ex., Todos os peixes são seres vertebrados; ora, todos os peixes são
animais; logo, algum animal é ser vertebrado.

Os lógicos medievais não admitiam essa regra 6, considerando válido o silogismo de


duas premissas universais e a conclusão particular, desde que não violasse qualquer outra
regra. Seguiam a suposição existencial aristotélica ( o termo universal denota os indivíduos
existentes, p. ex., homem denota este homem em particular, João, José, Pedro, etc.).
Anotavam mais essas outras regras: “que jamais o termo médio entre na conclusão”, “de
premissas afirmativas não se segue conclusão negativa” e, “nada resulta de duas premissas
particulares”.
Além dessas tradicionais regras, outro método bastante eficaz para demonstrar a
invalidade de um silogismo é o método da ANALOGIA LÓGICA. Consiste em construir um
outro exemplo de silogismo formalmente igual ao que se pretende provar, mas no qual as
premissas sejam reconhecidamente verdadeiras e a conclusão seja também reconhecidamente
falsa. Esse contra-exemplo é logicamente suficiente para demonstrar a invalidade da forma
em questão que, mesmo apresentando premissas verdadeiras e conclusão verdadeira é
formalmente inválido. Veja os exemplos a seguir com a forma AOO/1:
Todo peixe é animal aquático.
Ora, alguns animais mamíferos não são peixes.
Logo, alguns animais mamíferos não são animais aquáticos.

Contra- exemplo de mesma forma (analogia lógica):


Todo pássaro é animal vertebrado.
Ora, alguns animais que tem ossos não são pássaros.
Logo, alguns animais que tem ossos não são animais vertebrados.
Esse contra-exemplo basta para demonstrar a invalidade dessa inferência.
11

É óbvio que esse método tem suas limitações. Entre elas deve-se mencionar a capacidade
de “inventar” analogias, que depende da capacidade lingüística e discursiva (limitação de uso
da linguagem). Em consequência disso fica também definido como verdade que a
incapacidade de inventar analogia lógica para a refutação de uma forma de silogismo não
atesta sua validade. Por isso, os lógicos modernos inventaram uma nova técnica para atestar a
validade das formas silogística de argumentação mediante o uso de figuras geométricas
circulares simbolizando os seus termos. Deve-se a John Venn, matemático e lógico inglês do
século XIX, a criação do método de diagramas para demonstrar a validade e a invalidade das
formas silogística, conforme veremos adiante.

A tabela a seguir apresenta as 256 formas de silogismos possíveis:

AAA/1 EAA/1 AAA/2 EAA/2 AAA/3 EAA/3 AAA/4 EAA/4


AAE/1 EAE/1 AAE/2 EAE/2 AAE/3 EAE/3 AAE/4 EAE/4
AAI/1 EAI/1 AAI/2 EAI/2 AAI/3 EAI/3 AAI/4 EAI/4
AAO/1 EAO/1 AAO/2 EAO/2 AAO/3 EAO/3 AAO/4 EAO/4
AEA/1 EIA/1 AEA/2 EIA/2 AEA/3 EIA/3 AEA/4 EIA/4
AEI/1 EIE/1 AEI/2 EIE/2 AEI/3 EIE/3 AEI/4 EIE/4
AEE/1 EII/1 AEE/2 EII/2 AEE/3 EII/3 AEE/4 EII/4
AEO/1 EIO/1 AEO/2 EIO/2 AEO/3 EIO/3 AEO/4 EIO/4
AIA/1 EEA/1 AIA/2 EEA/2 AIA/3 EEA/3 AIA/4 EEA/4
AIE/1 EEE/1 AIE/2 EEE/2 AIE/3 EEE/3 AIE/4 EEE/4
AII/1 EEI/1 AII/2 EEI/2 AII/3 EEI/3 AII/4 EEI/4
AIO/1 EEO/1 AIO/2 EEO/2 AIO/3 EEO/3 AIO/4 EEO/4
AOA EOA/1 AOA/2 EOA/2 AOA/3 EOA/3 AOA/4 EOA/4
AOE/1 EOE/1 AOE/2 EOE/2 AOE/3 EOE/3 AOE/4 EOE/4
AOI/1 EOI/1 AOI/2 EOI/2 AOI/3 EOI/3 AOI/4 EOI/4
AOO/1 EOO/1 AOO/2 EOO/2 AOO/3 EOO/3 AOO/4 EOO/4
IAA/1 OAA/1 IAA/2 OAA/2 IAA/3 OAA/3 IAA/4 OAA/4
IAE/1 OAE/1 IAE/2 OAE/2 IAE/3 OAE/3 IAE/4 OAE/4
IAI/1 OAI/1 IAI/2 OAI/2 IAI/3 OAI/3 IAI/4 OAI/4
IAO/1 OAO/1 IAO/2 OAO/2 IAO/3 OAO/3 IAO/4 OAO/4
IIA/1 OIA/1 IIA/2 OIA/2 IIA/3 OIA/3 IIA/4 OIA/4
IIE/1 OIE/1 IIE/2 OIE/2 IIE/3 OIE/3 IIE/4 OIE/4
III/1 OII/1 III/2 OII/2 III/3 OII/3 III/4 OII/4
IIO/1 OIO/1 IIO/2 OIO/2 IIO/3 OIO/3 IIO/4 OIO/4
IEA/1 OEA/1 IEA/2 OEA/2 IEA/3 OEA/3 IEA/4 OEA/4
IEE/1 OEE/1 IEE/2 OEE/2 IEE/3 OEE/3 IEE/4 OEE/4
IEI/1 OEI/1 IEI/2 OEI/2 IEI/3 OEI/3 IEI/4 OEI/4
IEO/1 OEO/1 IEO/2 OEO/2 IEO/3 OEO/3 IEO/4 OEO/4
IOA/1 OOA/1 IOA/2 OOA/2 IOA/3 OOA/3 IOA/4 OOA/4
IOE/1 OOE/1 IOE/2 OOE/2 IOE/3 OOE/3 IOE/4 OOE/4
IOI/1 OOI/1 IOI/2 OOI/2 IOI/3 OOI/3 IOI/4 OOI/4
IOO/1 OOO/1 IOO/2 OOO/2 IOO/3 OOO/3 IOO/4 OOO/4

Como já dissemos, a maioria delas é inválida. Até o século XIX, os manuais dos
lógicos consideravam que dezenove formas de silogismos eram válidas. E elas eram
assinaladas por termos latinos criados pelos lógicos medievais para memorizá-las. Os termos
mnemotécnicos foram criados segundo uma ordem que considerava a PRIMEIRA FIGURA
como modelo das demais e seus modos eram assinalados com a sequência das letras B, C, D,
F. O Manual de “Introdução à Lógica” de William de Sherwood (1210-1266 – datas
12

prováveis) apresenta essa doutrina, que foi amplamente divulgada posteriormente. A tabela
abaixo mostra as 19 formas de silogismos que os medievais consideravam válidas, das quais,
porém, como foi demonstrado por lógicos do XIX, somente 15 são logicamente válidas, que
destacamos em negrito.

PRIMEIRA FIGURA (sub/prae) SEGUNDA FIGURA (prae/prae)


AAA – bArbArA EAE – cEsArE
EAE – cElArEnt AEE – cAmEstrEs
AII – dArII EIO – fEstInO
EIO – fErIO AOO - bArOcO

TERCEIRA FIGURA (sub/sub) QUARTA FIGURA (prae/sub)


OAO – bOcArdO AAI – brAmAntIp
AAI – dArAptI AEE – cAmEnEs
IAI – dIsAmIs IAI – dImArIs
AII - dAtIsI EAO - fEsAO
EAO – fElAptOn EIO – frEsIsOn
EIO – fErIsOn

5.5.1 – DIAGRAMAS DE VENN

Os Diagramas de Venn são construídos a partir da idéia de simbolizar os termos das


proposições categóricas por meio de círculos. Cada conjunto ou classe nomeada na
proposição é simbolizado por um círculo. A relação entre os conjuntos ou classes, nomeada
na proposição, é simbolizada por meio da intersecção dos círculos que as simbolizam. A
intersecção é a sobreposição de parte de um círculo sobre parte do outro círculo. Sobre o
conteúdo dos conjuntos ou classes a proposição pode informar o seguinte:
1) que um conjunto é vazio;
2) que a totalidade de um conjunto pertence ou não pertence (está contido ou não está
contido) ao/no outro;
3) que parte de um conjunto (que existe algum, ou pelo menos um) pertence ou não
pertence (está contido ou não está contido) ao/no outro.
Considerando que todo conjunto possui uma extensão determinada, podemos, então,
conceituar que todo conjunto possui um UNIVERSO determinado e seu complemento.
John Venn (1834-1923), matemático e lógico inglês, professor da Universidade de
Cambridge, foi o criador de um método de interpretação formal das proposições envolvendo
relações de conjuntos. Baseado na teoria dos conjuntos, Venn propôs o seguinte método de
diagramação.

a) Diagramação do Conjunto Vazio:

A diagramação de um conjunto vazio qualquer deve ser simbolizada por meio de


sombreamento deste conjunto, ou hachureamento. Dado um conjunto C, que é vazio,
podemos expressar com a fórmula C=0. Portanto, temos o símbolo abaixo:
13

b) Conteúdo existencial de conjunto não vazio:

Para indicarmos que o referido conjunto “C” contém algum elemento, pelo menos um
elemento, indicamos esse fato com o símbolo “x”. Anotamos então, um “x” no interior do
conjunto simbolizando que ele tem algum elemento. O diagrama fica assim:

c) Diagramação de proposições categóricas de forma típica:

Ora, considerando que cada proposição categórica envolve a relação de dois conjuntos
ou classes, então, o diagrama será feito utilizando a intersecção dos círculos para simbolizar
que os conjuntos em questão estão relacionados entre si. Dados dois conjuntos “C” e “D”
relacionados entre si formam o seguinte universo:

A região interna aos círculos e sua intersecção representa os conteúdos dos conjuntos e
a região externa a eles o seu complemento no seu universo. O diagrama define formalmente a
relação de dois conjuntos, o que implica na definição de quatro (4) sub-conjuntos. Para
simbolizar a negação de um conjunto ou classe inserimos um traço sobre a letra que o
simboliza, p. ex., dado o conjunto C, a sua negação, não C é simbolizada por C; não S é
simbolizado por S; não P é simbolizado por P e assim sempre que for o caso. A região CD
definida pela intersecção representa dos elementos comuns a esses conjuntos, caso existam
(porque pode muito bem ser que um sub-conjunto é vazio). O sub-conjunto CD representa o
conjunto dos elementos de C que NÃO SÃO D. O sub-conjunto CD representa o conjunto
dos elementos de D que NÃO SÃO C. O conjunto complementar CD representa o conjunto
dos elementos do UNIVERSO de C e D não são C, nem D.
Assim, a diagramação da proposição categórica de tipo A ( Todo S é P) deve mostrar
que S não tem elementos que não pertençam também a P. Por isso, a região do sub-conjunto
14

SP é vazia, porque a proposição declara que não existe S que seja não P ( P ). Para indicar
essa fato essa região, então, sombreada. Esse diagrama fica assim:

A diagramação da proposição categórica de tipo E ( Nenhum S é P) deve mostrar que


os conjuntos S e P não têm elementos em comum, sendo o sub-conjunto SP do diagrama um
conjunto vazio. O diagrama deverá então, sombrear essa região, indicando que não há
elementos que sejam S e P ao mesmo tempo. Esse diagrama fica assim:

A diagramação da proposição categórica tipo I ( algum S é P ) deve mostrar que os


conjuntos S e P têm PELO MENOS UM ( = algum, alguns) elemento em comum, o que
significa que a região do diagrama SP deve representar a existência de pelo menos um
elemento em comum, que é S e ao mesmo tempo P. Assim, conforme já exposto, para mostrar
que esse conjunto tem algum elemento inserimos um “x” neste sub-conjunto, que formado na
intersecção de S e P. Esse diagrama fica assim:

A diagramação da proposição categórica tipo O ( algum S não é P ) deve mostrar que


S tem pelo menos um elemento que não está em P, ou não P ao mesmo tempo. Assim o “x”
que indica a existência de pelo menos um elemento será assinalado na região do sub-conjunto
SP, simbolizando que a proposição declara que existe um elemento de S que não é P. Esse
diagrama fica assim:
15

Devemos observar um aspecto importante deste método: as regiões do diagrama de um


enunciado que não estão sombreadas e que não contém um “x” são regiões para as quais o
enunciado não dá qualquer informação e por isso, podem ter elementos ou não. O enunciado
nada diz a respeito.

EXERCÍCIOS: Faça a diagramação das proposições a seguir utilizando como símbolos


dos conjuntos ou classes as letras indicadas entre parênteses.
a) Qualquer estudante de filosofia será crítico. (E, C)
b) Nenhum estudante reprovado é bom estudante.(E, B)
c) Alguns dirigentes do MEC são burocratas incompetentes e alienados.(D, B)
d) Alguns ministros são corruptos. (M, C)
e) Algum não-filósofo é político competente. (F, P)
f) Algum não-economista é não-filósofo. (E, F)
g) Ninguém que é não-votante é eleitor. (V, E)
h) Todo não-eleitor é não-candidato. (E, C)
i) Algum estudante ilustre é membro de alguma universidade de excelência. (E, M)
j) Os jogos serão vencidos pelos melhores competidores. ( C, J)
k) Os indígenas da América do Norte foram dizimados. (I, D)

d) Diagramação de silogismo:

Conforme já exposto, os Diagramas de Venn constituem no método mais consiste para


demonstrar a validade ou invalidade de um silogismo. Por esse método, a validade ou
invalidade de um silogismo será demonstrado mediante a diagramação de suas premissas.
Entretanto, para diagramar o silogismo é necessário fazer a diagramação envolvendo três (3)
conjuntos ou classes e assim, o diagrama deverá diagramar as relações de três conjuntos ou
classes que se interceptam. Assim, o diagrama do silogismo deverá mostrar as relações entre
os termos Médio, Maior e menor que formam o silogismo. O diagrama destes três termos
mostrará a intersecção de três conjuntos ou classes e que formará 8 reigiões, que são os oito
sub-conjuntos do universo de relações dos três conjuntos em questão. A seguir, analisaremos
silogismos construídos a partir de exemplos.
Exemplo: AAA/1 (Barbara):

Todo alcalóide é elemento químico.


Ora, todo nitrato é alcalóide.
Logo, todo nitrato é elemento químico.

Para definir a validade deste silogismo teremos de verificar se as premissas implicam a


conclusão, ou seja, se ocorre que, afirmadas as premissas, a conclusão é sua conseqüência.
Assim, para verificar sua validade basta diagramar suas premissas e ver se a conclusão
também, foi diagramada. É tautologia. A conclusão deve provir das premissas. Ou seja, Pelo
fato de afirmar as premissas então, a conclusão deve também ser afirmada.
Assim, vale a regra que define o seguinte: UM SILOGISMO É VÁLIDO SE FOR
DEMONSTRADO QUE A DIAGRAMAÇÃO DAS PREMISSAS IMPLICA EM QUE A
CONCLUSÃO TAMBÉM APAREÇA DIAGRAMADA.
Vejamos a diagramação do exemplo dado:
16

O que o diagrama mostra? Mostra que a conclusão “todo nitrato é elemento químico”
está perfeitamente diagramada.Assim, fica demonstrado que a forma AAA/1 é válida e que,
portanto, todo exemplo de silogismo que tenha essa forma é válido.
Há outros dois aspectos importantes do uso dos Diagramas de Venn a serem
observados. O primeiro deles pode ser visto por meio do do seguinte exemplo de silogismo
que tem a forma IAI/3:

Algum junco é nocivo à saúde.


Ora, todo junco é planta das estepes.
Logo, alguma planta das estepes é nociva à saúde.

Por onde começar a diagramação das premissas? Pela primeira premissa?


Experimente. Descobriremos que, se começarmos pela primeira premissa, que é uma
proposição particular afirmativa não saberemos em que região do diagrama devemos inserir o
“x”, visto que a segunda premissa poderá sombrear uma dessas regiões, declarando que ela é
um conjunto vazio. Por isso, para verificar a validade de uma forma de silogismo que tenha
uma premissa universal e outra particular devemos diagramar em primeiro lugar a premissa
universal e a depois, a premissa particular. Por isso, o diagrama do exemplo de silogismo
dado acima fica assim:

Assim, o diagrama da forma de silogismo IAI/3 é válida, porque as premissas


implicam na conclusão. As premissas foram diagramadas e por isso, a conclusão também foi
diagramada.

O segundo aspecto a ser observado neste método de verificação será exposto a partir
do seguinte exemplo:

Todas as ameixas são vegetais.


Ora, alguns alimentos são vegetais.
Logo, alguns alimentos são ameixas.
17

Depois da diagramação da premissa universal surge então, a dúvida: onde inserir o “x”
que simboliza a premissa particular, visto que existem duas regiões do diagrama onde
podemos inseri-lo? Não podemos colocá-lo em ambas as regiões, porque estaríamos anotando
algo que a premissa não declara. Também não podemos tomar a decisão de inserir o “x” em
ambas as regiões, porque estaríamos agindo arbitrariamente e decidindo algo que a premissa
não declara. Nesse caso, nossa atitude lógica é a de manter aquilo que a premissa declara sem
acrescentar-lhe nada mais. Como fazer isso? Inserindo o “x” na linha que divide as duas
regiões. Assim, fica diagramado exatamente o que as premissas declaram.

Por essa diagramação fica demonstrado que o silogismo acima não é válido e que todo
silogismo que tenha a mesmo forma – AII/2 – é inválido. A verificação do diagrama mostra
que a conclusão “ alguns alimentos são ameixas” não está aparece diagramada depois que as
premissas foram diagramadas. O diagrama não mostra em que região o “x” está, podendo
pertencer a ao sub-conjunto aval ou no sub-conjunto aval. Isto basta para ver que a conclusão
não decorre das premissas. Não podemos verificar se a conclusão é correta ou se é incorreta.
Isto define que a conclusão não é implicada, tautologicamente, pelas premissas. Isto nos basta
pra demonstrar que essa forma de silogismo é inválida.

Por fim, é essa toda a teoria do silogismo.

EXERCÍCIOS:

I – Analise o exemplos de silogismo abaixo e defina suas formas. Prove a validade ou


invalidade por meio dos Diagramas de Venn.

1) Visto que, alguns políticos conservadores são corruptos e que todos os políticos
conservadores são membros do governo; por isso, alguns membros do governo são
corruptos.
2) Consequentemente, alguns revolucionários são filósofos, porque alguns filósofos são
homens de ação e todos os revolucionários são homens de ação.
3) O desemprego é um ml que agora está afligindo o povo. Todo mal que agora está
afligindo o povo é culpa da política recessiva do governo. Logo, o desemprego é culpa
da política recessiva do governo.
4) Nenhum latifundiário é político honesto, pois todos os latifundiários são membros das
oligarquias reacionárias, e nenhum político honesto é membro das oligarquias
reacionárias.
5) À medida que nenhum político, cujo o interesse principal seja vencer eleições é um
reformador social coerente. E que, todos os membros dos partidos de oposição são
políticos cujo o interesse principal é vencer eleições, conclui-se., então que, nenhum
reformador social coerente é membro dos partidos de oposição.
6) Nenhum filósofo é jogador de futebol profissional. Além do que, nenhum filósofo é
pessoa que se dedica a constantes exercícios físicos; e todo jogar de futebol
profissional é pessoa que se dedica a constantes exercícios físicos.
18

7) Nenhum filósofo deve se omitir perante as injustiças sociais. Visto que, ninguém que
se omite perante as injustiças sociais são pessoas comprometidas com o mundo em
que vivem. Por conseqüência, todos os filósofos devem ser pessoas comprometidas
com o mundo em que vivem.
8) Todos os defensores de mudanças políticas e econômicas fundamentais são críticos
declarados dos ministros do atual governo, e todos os políticos da oposição são
defensores de mudanças políticas e econômicas fundamentais. Conclui-se daí que,
todos os críticos declarados dos ministros do atual governo são políticos da oposição.
9) Todos os adeptos de um governo socialista-popular são pessoas revolucionárias; e
alguns estudantes universitários são adeptos de um governo socialista-popular. Logo,
alguns estudantes universitários são pessoas revolucionárias.
10) Algumas pessoas românticas não são pessoas alienadas, mas todos as pessoas apáticas
são alienadas. Segue-se daí que, algumas pessoas românticas não são apáticas.
11) A terra não é planeta. Visto que, nenhuma estrela é planeta e que, a terra não é estrela.
12) Todos os inventores são homens que vêem novidades em coisas conhecidas e que,
todos os inventores são excêntricos, visto que, todos os excêntricos são homens que
vêem novidades em coisas conhecidas.

II – Indique a que regras violam os silogismos inválidos entre os exemplos acima.

Bom proveito.

Você também pode gostar