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Gestos Técnicos Fundamentais

Entende-se por técnica o domínio completo da bola na execução dos gestos técnicos
fundamentais da modalidade.
A técnica é fundamental para atingir o objectivo proposto de forma mais eficaz e
económica. O domínio da bola é a condição mínima para o êxito.
A técnica pressupõe:
Rapidez de execução;
Máxima precisão;
Economia de movimento.

Execução por reflexo (o jogador não pensa como vai executar as técnicas durante o jogo).

Controle ou domínio de bola


Não se pode ser bom jogador se não se souber controlar a bola, isto é, sem ser capaz de
dominá-la convenientemente, principalmente quando sujeito a uma pressão do adversário.

Pode ser executado com qualquer parte do pé (interna, externa, planta, peito do pé, ponta
(biqueira), calcanhar, coxa, peito e cabeça). Deve ser efectuado, maioritariamente, ao lado do
corpo.

Dominar a bola com a parte plantar do pé é muito frequente no futsal.

O contacto com a bola:

 Em velocidade é executado, maioritariamente, com o peito do pé e parte externa do mesmo.

 Lentamente, enquanto esperas a desmarcação ou preparas a finta, é executado:

Com a sola do pé (passando o pé sobre a bola);

Parte interna do pé;

Parte externa do pé;

Outra zona do corpo.

É o controlo completo da bola que valoriza realmente o futsal como espectáculo, pois


podemos observar que certos jogadores possuem uma técnica tal, que lhes permite trabalhar
a bola com tanta subtileza e destreza que provocam a nossa admiração.
 

Passe
O passe é a técnica mais utilizada no jogo de futsal, é o passe que proporciona o jogo colectivo
e a progressão das jogadas. Os passes podem ser rasteiros ou altos, curtos ou longos.

Pode ser executado com qualquer parte do pé, interna, externa, dorso (peito do pé) ou sola.
Também se pode tocar a bola de calcanhar, cabeça, coxa ou ombros, nos chamados passes de
emergência. Sempre de acordo com a trajectória da bola. 
No entanto, a planta do pé e a parte interna são as mais utilizadas.

No momento do contacto, a bola deve de estar ao lado do pé de poio ou junto ao raio de


acção.

Se o objetivo é jogares ao primeiro toque (jogar de primeira), o passe e recepção são


simultâneos.

Deves executar o passe para o colega melhor colocado com vista à finalização do golo e ter,
sempre em atenção o(s) adversário(s) directo(s);

Deve-se procurar fazer com que a bola role tensa na direcção desejada e de preferência rente
ao solo, porque torna mais fácil, aos colegas de equipa, a recepção.

Os diferentes tipos de passes devem ser executados com firmeza e precisão:

Passe curto - passe de grande precisão adequado para distâncias médias/curtas (usa-se
geralmente as partes interna, externa e sola dos pés);

Passe médio ou passe em hipérbole – passe de médias ou curta distância;

Passe longo - utiliza-se para distâncias longas. Executa-se com o peito do pé (toca-se com o
peito do pé, porque o impacto é mais forte, fazendo com que a bola gire com maior firmeza).

Passe alto - só deve ser efetuado quando não há linhas de passe junto ao solo. É executado
com a ponta do pé, na ponta da sapatilha, tocando na parte de baixo da bola num movimento
rápido de baixo para cima, fazendo com que a bola passe por cima do adversário e chegue ao
colega.

Recepção
Recepção é a técnica de um jogador receber a bola, amortecê-la e
mantê-la sob seu controle. A bola não chega só de uma trajectória, ela
pode vir por alto, rasteiras, á meia altura, tensas ou não, e o jogador
deve ter capacidade de dominá-la de imediato sem deixá-la fugir,
amortecendo-a com os pés, coxas, peito ou cabeça.
A recepção da bola é executada, na maior parte das vezes, com a planta
do pé. Esta técnica permite um controlo total da bola, diminuindo o
risco de a perder. Mas pode ser realizada com qualquer parte do corpo
de acordo com a trajectória da bola. 
Assim:
Sempre que a bola venha junto ao solo, a recepção deve ser executada com a sola do pé,
diminuindo o risco de a perder, pois os jogadores adversários, na maior parte de vezes, estão
muito próximos;

Se o objectivo é jogar ao primeiro toque (jogar de primeira), a recepção deve ser


simultaneamente um passe.
Na receção da bola com os pés, utiliza-se as partes interna, externa e sola dos pés, deve-se
conservar o peso do corpo sobre a perna de apoio e na chegada da bola o pé é elevado
suavemente para trás num movimento de recuo.

Na recepção com o peito do pé, uma bola que vem a cair quase na vertical, o pé amortecedor
é levado ao alto com a perna um pouco flectida e na chegada da bola a perna começa o seu
movimento descendente acompanhando de inicio a velocidade da bola e depois, mais lento,
até chegar ao chão com a bola “colada” ao pé.

Na recepção orientada, ou seja, a recepção em que o jogador antecipa o movimento seguinte


e num só movimento, deixa a bola jogável para dar seguimento á jogada. Utiliza-se bastante na
recepção de sola, preparando a bola para fazer passe ou remate.

Drible
O drible é uma ação individual com a bola, com o objectivo de ultrapassar o adversário sem
perder o controlo da bola. Uma vez controlada a bola, uma das formas de progredir no terreno
de jogo é utilizar o drible para ultrapassar o adversário. Este nunca deve adivinhar o que o
jogador com bola vai fazer. De preferência, o drible deve ser efetuado com ambos os pés, com
a parte externa dos pés.  Pode-se também (é aconselhável) transportar a bola com a sola dos
pés, pisando sobre ela, puxando-a para a frente, para trás e para os lados. 

Assim, a eficácia do drible depende:

Do domínio da bola;

Mudança de velocidade/direcção;

Da velocidade de arranque/execução;

Ritmo;

Agilidade;

Improvisação;

Treino.

O drible deve ser executado no meio campo ofensivo. A sua utilização no meio campo
defensivo é um risco porque se pode perder a bola. 

Durante a condução da bola (drible) deves:

Manter o corpo ligeiramente inclinado para a frente, m. s. em equilíbrio e a bola situada por
baixo do corpo. A bola pode ser arrastada, puxada, conduzida de modo a ficar sempre junto
aos pés.

Manter a cabeça levantada de forma a visionares a posição dos teus colegas e


adversários.                                    

Remate
Pode ser executado com qualquer parte do corpo, excepto com os membros superiores (m.s.).

Execução:
O pé de apoio deve ser colocado ao lado da bola;

Aplicar a força na bola (optar pela finalização em detrimento da força);

Ligeira inclinação do tronco à frente (a inclinação é maior no remate com o peito do pé do que
quando é executado de bico);

O tronco é sustentado pelo pé de apoio e faz uma leve inclinação lateral;

Os membros superiores equilibravam o corpo (m. s. do lado do pé rematador ligeiramente


afastado do corpo e mão à altura do quadril /m. s. do lado oposto ligeiramente flectido e mão
à altura do ombro.

No remate deves optar pela finalização em detrimento da força. 

Existem vários tipos de remates:

Com a ponta do pé (bico) – quando o rematador não tem tempo para armar o pé ou quando a
bola está dominada e parada. Adquire uma maior velocidade mas perde na precisão quando o
rematador não chuta no centro da bola;

Com o peito do pé – a área de contacto da bola é maior e existe maior probabilidade de
efectuar golo. É utilizado a média e a longa distância ou quando se quer rematar com grande
potência;

Com a parte interna do pé – quando se quer rematar a curta distância e com grande precisão;

Com a parte externa do pé – é utilizado quando estás muito posicionado para um dos lados do
campo, e queres imprimir efeito à bola.

Existe ainda:

Pontapé de ressalto, trivela (efectuado com a parte exterior do pé levando a bola a fazer uma
de trajectória curvilínea);

Pontapé de bicicleta é executado quando a bola apresenta uma trajectória alta, por exemplo
na sequência da marcação de um canto ou um fora. O jogador eleva-se e executa o remate
tocando a bola com o peito do pé, sem que a bola tenha tocado no solo anteriormente.

Remate de Trivela é normalmente executado com a parte exterior do pé, levando a bola a
fazer uma trajectória curvilínea. É um remate mais em jeito do que em força e pouco utilizado
no futsal.

Pontapé de Ressalto é executado no exacto momento em que a bola com uma trajectória alta
está a entrar em contacto com o solo. Normalmente, usa-se o peito do pé como contacto.

 Finta ou Simulação
Finta ou simulação é a acção de estando sem bola, desequilibrar e deslocar o adversário,
saindo dessa forma de uma marcação, por exemplo, o atacante pressionado pelo defensor
finge sair para a lateral e de seguida volta para receber a bola livre de marcação.

Finta ou Simulação estaria mais correctamente inserida como fundamento táctico individual
no entanto, como será uma acção complementar e no âmbito do drible, podemos a considerar
como técnica.
No futsal o jogador que se movimenta sem bola é tão importante como aquele que está de
posse de bola.

AÇÕES TÉCNICAS FUNDAMENTAIS


OFENSIVAS (ATAQUE)
Reposição da bola em jogo pelo guarda-redes

Recepção;

Condução controle de bola;

Drible/finta;

Remate;

Passe.

DEFENSIVAS (DEFESA)
Marcação;

Desarme (procurar ganhar a posse da bola);

Intercepção;

Defesa do guarda-redes.

AÇÕES TÁTICAS FUNDAMENTAIS


OFENSIVAS (ATAQUE)
“Abertura da equipa”;

Criar linhas de passe;

Mobilidade/desmarcação.

DEFENSIVAS (DEFESA)
“Fecho da equipa”;

Defender é uma acção coletiva da


responsabilidade de todos os jogadores.
oetas portugueses do século XX
 
PROGRAMA DETALHADO 

AULA 1 sábado, 28 de setembro de 2013 | 9hs às 12h40 


9h – 10h40 | Teixeira de Pascoaes (1877 – 1952) _ por Roberta Ferraz 
Leremos Pascoaes como um aglomerado de tempos estéticos atuantes ainda no cadinho
de fins do século XIX e início do século XX: neorromantismo, simbolismo, neogarretismo,
modernismo, etc. Num contexto de extrema instabilidade política em Portugal, Pascoaes
esteve com frequência no centro do debate literário do começo do século, quando através
da revista A Águia liderou o movimento saudosista, elegendo e propagando a ‘saudade’
como mito matriz da cultura portuguesa. 

11h – 12h40 | Camilo Pessanha (1867 - 1926) _ por Bruno Matangrano 


O Simbolismo em Portugal: breve apresentação do movimento, de suas origens
parisienses às primeiras manifestações lusitanas. "Nostalgia, Exílio e Melancolia": três
temas biográficos presentes na poesia de Pessanha. "O Verlaine Lusitano": Pessanha
leitor dos simbolistas franceses. Leitura e análise de poemas. 

AULA 2 sábado, 5 de outubro de 2013 | 9hs às 12h40 Do romantismo aos dias


atuais, neste artigo apresentamos os 20 poetas essenciais para compreender a
evolução da poesia no Brasil. 

1. Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)


Do romantismo aos dias atuais, neste artigo apresentamos os 20 poetas
essenciais para compreender a evolução da poesia no Brasil. 

1. Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)


Do romantismo aos dias atuais, neste artigo apresentamos os 20 poetas
essenciais para compreender a evolução da poesia no Brasil. 

1. Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)


Do romantismo aos dias atuais, neste artigo apresentamos os 20 poetas
essenciais para compreender a evolução da poesia no Brasil. 

1. Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)


O mineiro Carlos Drummond de Andrade foi um expoente da segunda fase do
modernismo no Brasil, que apresentava uma tensão ideológica, política e
social. 

Com versos marcados pela ironia, com formas diferentes e originais,


Drummond leva o título de mais influente poeta brasileiro do século XX. 

Um de seus textos mais famosos é a poesia No meio do caminho que marcou


definitivamente a produção literária nacional: 

No meio do caminho tinha uma pedra


tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
Entenda melhor o estilo e a trajetória de Carlos Drummond de Andrade. 

2. Manuel Bandeira (1886-1968) 


O mineiro Carlos Drummond de Andrade foi um expoente da segunda fase do
modernismo no Brasil, que apresentava uma tensão ideológica, política e
social. 

Com versos marcados pela ironia, com formas diferentes e originais,


Drummond leva o título de mais influente poeta brasileiro do século XX. 

Um de seus textos mais famosos é a poesia No meio do caminho que marcou


definitivamente a produção literária nacional: 

No meio do caminho tinha uma pedra


tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento


na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
Entenda melhor o estilo e a trajetória de Carlos Drummond de Andrade. 

2. Manuel Bandeira (1886-1968) 


9h – 10h40 | Fernando Pessoa (1888 – 1935) _ por Mauro Dunder 
Aspectos biográficos relacionados à obra; O projeto de Orpheu e a identidade de Portugal;
A questão da heteronímia; Leitura de poemas dos principais heterônimos: Alberto Caeiro,
Ricardo Reis e Álvaro de Campos; Poesia ortônima. 

11h – 12h40 | Mário de Sá-Carneiro (1890 - 1916) _ por Orivaldo Rocha 


um exemplo bem acabado de correspondência profunda entre vida e arte; como um autor
de contos e de narrativas é em essência poeta e apenas poeta; pontos de contato entre a
narrativa A confissão de Lúcio e as cartas a Fernando Pessoa. 
 

9h – 10h40 | Vitorino Nemésio (1901 - 1978) _ por André Osawa 


Filiação e independência: diálogos com diversas vertentes do modernismo e da
contemporaneidade portuguesa. O estilo humilde como mundividência moderna. O olhar
“estrangeiro” ao Brasil. O pensador “inconveniente” e independente. 

11h – 12h40 | José Régio (1901 - 1969)_ por José Eduardo Ferreira 
O movimento da Presença por João Gaspar Simões; Os conceitos de “Literatura Viva” e
“Literatura Livresca” de José Régio; Análise do livro Poemas de Deus e do Diabo, de José
Régio. 

Eugenio de Andrade (1923 - 2005) _ por Mauro Dunder 


Aspectos biográficos relacionados à obra; Traços característicos da lírica de Eugênio de
Andrade; Leitura e discussão de poemas. 

Sophia de Mello Breyner Andresen (1919 - 2004) _ por Vicente Castro Pereira 
Labirintos da casa e caminhos do mar: os espaços da poética de Sophia de Mello Breyner
Andresen. A obra de Sophia de Mello Breyner Andresen apresenta, de forma recorrente,
imagens ligadas à intimidade doméstica e à vastidão marítima. Uma abordagem articulada
entre dois espaços significativos para a autora possibilita a depreensão de temas e figuras
centrais de sua produção. 

Jorge de Sena (1919 – 1978) _ por Danilo Bueno 


Panorama da obra poética do escritor português Jorge de Sena (1919-1978). Análise de
poemas emblemáticos que permitam a discussão das principais tópicas de sua obra
poética, tal qual o testemunho, reação em face do fingimento pessoano. Sugestão de
leitura de estudos teóricos que aprofundem o painel. A abordagem crítica aos poemas e
ensaios visa estabelecer relações com o contexto histórico e literário, bem como a cultura
em geral.| Ruy Belo (1933 - 1978) _ por Leonardo de Barros Sasaki 
O ano de 1961 na poesia portuguesa: o contexto literário na publicação de Aquele grande
rio Eufrates; "Desporto da versificação": as soluções formais de Ruy Belo - o poema longo,
o trabalho fônico, palavra prática/palavra poética, etc.; "Administrar a melancolia": o ethos
beliano e alguns princípios de poética - o limiar da (im)pessoalidade, o "mudar de
assunto", a melancolia e a alegria; "A morte em preparação": o tema obsedante da morte e
da passagem do tempo. 

Antonio Pedro (1909 - 1966) _ por Fernando M. Serafim 


António Pedro, poeta do mundo: trânsitos e influxos. O contexto efervescente da época e
as novidades estéticas. O dimensionismo, o planismo e a incorporação da velocidade, do
movimento e da abolição das fronteiras físicas dos comunicantes da poesia. "Protopoema
da serra d'Arga": crônicas de uma Pasárgada. O surrealismo como modo de resistência da
identidade. Forma em transe: a interlocução entre o real e o imaginário nas telas e
esculturas de António Pedro. 

Mário Cesariny (1923 – 2006) _ por Roberta Ferraz 


Principal agitador e autor do surrealismo em Portugal no anos 50, Mário Cesariny, assim
como seus companheiros de geração, experimentaram no corpo e no corpo da escrita o
desafio de ‘viver’, ‘praticar’ o surrealismo, em sua busca ativa de uma postura libertária,
em plena ditadura salazarista. A literatura neorrealista, engajada na ideologia
revolucionária, ia, também, na contramão do espírito absolutamente comprometido com a
liberdade plena do indivíduo, agindo fora dos preceitos autoritários. Sopro de ar no
coração oprimido da cultura de seu tempo, Cesariny somou à causa surrealista uma
literatura de incrível potência estética. 

Herberto Helder (1930) _ por Mariella Augusta Pereira


Herberto Helder e sua fanopeia. O objetivo da aula é apresentar a moderna poesia de
Helder que, apesar de parecer situado na ambiência de fragmentação gerada pela
modernidade, propõe-se a encontrar a própria poesia, não tomando parte no ocaso dos
nossos tempos, mas nos próprios ocasos. 

| Al Berto (1948 - 1997) _ por Leonardo de Barros Sasaki 


Regresso ao real?: a poesia portuguesa das décadas de 70 e 80, o discurso quotidiano e
afetivo; "Aprendizagem da vida e da escrita": a obra de Al Berto no espaço biográfico -
simulações, hibridizações, tensões; "O guardador de ruínas": a realidade e a poesia como
(coleção de) sinais; "Ofício do medo": o tema do medo e seus desdobramentos como
estruturadores da lírica albertiana, as inquietações da contemporaneidade; 

Ana Hatherly (1929) _ por Claudio Daniel 


Ana Hatherly, autora que participou do movimento da Poesia Experimental Portuguesa
(PO-EX), realiza uma pesquisa criativa sobre a dimensão visual da escrita, dialogando
com os labirintos visuais do barroco português, com os alfabetos de antigas civilizações e
com as poéticas da modernidade, em busca de outras possibilidades de comunicação
poética. 

| Rui Pires Cabral (1967) _ por Charles Marlon 


Uma abordagem sobre a obra de Rui Pires Cabral, situando sua poesia em Portugal, como
fazendo parte dos poetas denominados, em tom de elogio, “Sem Qualidades” por Manuel
de Freitas, e no mundo, no contexto da Globalização. Breve panorama de sua obra,
contextualizando também o aparecimento dos poetas da antologia de 2002, "Os Poetas
Sem Qualidades" e de outra antologia, de 10 anos depois (2012), "Nós os desconhecidos",
reforçando este caráter "menor" e não menos importante dessa vertente da poesia
portuguesa contemporânea. O mineiro Carlos Drummond de Andrade foi um
expoente da segunda fase do modernismo no Brasil, que apresentava uma
tensão ideológica, política e social. 

Com versos marcados pela ironia, com formas diferentes e originais,


Drummond leva o título de mais influente poeta brasileiro do século XX. 

Um de seus textos mais famosos é a poesia No meio do caminho que marcou


definitivamente a produção literária nacional: 

No meio do caminho tinha uma pedra


tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento


na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
Entenda melhor o estilo e a trajetória de Carlos Drummond de Andrade. 

2. Manuel Bandeira (1886-1968) 


Chegamos na primeira fase do modernismo com o pernambucano Manuel
Bandeira que teve o seu poema "Os sapos" sendo lido na abertura da Semana
de Arte Moderna de 1922. 

Os modernistas prezavam uma poesia irreverente, livre de métricas e regras e


baseada em um humor nacionalista. Bandeira é até hoje um dos poetas
brasileiros mais lembrados dessa fase da literatura brasileira. Vou-me Embora
pra Pasárgada está entre as suas poesias mais conhecidas, relembre o trecho
inicial do poema: 

Vou-me embora pra Pasárgada


Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
 
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
Saiba mais sobre a biografia de Manuel Bandeira. 

3. Vinicius de Moraes (1913-1980)


O carioca Vinicius de Moraes foi um dos maiores poetas e compositores da
literatura e da música brasileira e se consagrou, principalmente, pelos
seus versos de amor. 

Diplomata de profissão, Vinicius de Moraes ficou eternizado pelos poemas


apaixonados, mas também pela denúncia de problemas políticos e sociais
(nacionais e internacionais) e pela escrita voltada para crianças.

Um dos poemas mais conhecidos do poetinha é o Soneto de fidelidade:

De tudo ao meu amor serei atento


Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Leia a biografia completa de Vinicius de Moraes.

4. Cecília Meireles (1901-1964)


Cecília Meireles foi um dos grandes nomes da segunda fase do modernismo no
Brasil. Ela é uma das primeiras autoras reconhecidas da literatura brasileira. 

Os seus escritos eram espiritualistas e mais psicológicos. Dos mais de


quarenta e cinco anos de produção poética, Romanceiro da
Inconfidência (1953) é a sua coletânea poética mais elogiada. Relembre a
passagem inicial da criação:
Na?o posso mover meus passos, por esse atroz labirinto
de esquecimento e cegueira
em que amores e o?dios va?o:
- pois sinto bater os sinos,
percebo o roc?ar das rezas,
vejo o arrepio da morte,
a? voz da condenac?a?o;
- avisto a negra masmorra
e a sombra do carcereiro
que transita sobre angu?stias,
com chaves no corac?a?o;
- descubro as altas madeiras
do excessivo cadafalso
e, por muros e janelas,
o pasmo da multida?o.
Leia mais sobre o extenso trabalho da poetisa Cecília Meireles.

5. Mario Quintana (1906-1994)


O poeta gaúcho Mario Quintana ficou conhecido pela sua poesia do
cotidiano, da singeleza, da delicadeza, que estabeleceu uma proximidade com
o leitor. 

Apesar da aparente simplicidade, os seus versos, profundos, foram celebrados


com o Prêmio Machado de Assis (da Academia Brasileira de Letras) e com o
Prêmio Jabuti.

Além de poeta, Quintana também foi tradutor e jornalista. Um dos seus poemas
mais famosos é Seiscentos e sessenta e seis:

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.


Quando se vê, já são 6 horas: há tempo
Quando se vê, já é 6ª-feira
Quando se vê, passaram 60 anos!
Agora, é tarde demais para ser reprovado
E se me dessem um dia uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio
seguia sempre em frente
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.
Descubra a biografia completa de Mario Quintana.

6. Cora Coralina (1889-1985) 


Nascida em Goiás, Ana Lins dos Guimarães Peixoto (conhecida no meio
literário como Cora Coralina) começou a publicar apenas aos 76 anos.

Com pouca educação formal, a escritora frequentou a escola somente até a


terceira série do curso primário. Para se sustentar foi doceira e, nos tempos
livres, escreveu poemas. 

A sua poesia é marcada pelo tom informal e pela relação de cumplicidade


que estabelece com o leitor. 

Os seus versos giram em torno do cotidiano e das experiências de vida que


procura transmitir através da poesia, como é possível comprovar através do
poema Assim eu vejo a vida:

A vida tem duas faces:


Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.
Saiba mais sobre o percurso de Cora Coralina.

7.  Ferreira Gullar (1930-2016)


Um dos grandes nomes da poesia concreta brasileira, o maranhense Ferreira
Gullar recebeu o importante Prêmio Camões em 2010 e, quatro anos mais
tarde, se elegeu membro da Academia Brasileira de Letras.

Os seus versos, engajados, foram fundamentais para denunciarem a situação


política e social brasileira. 

O Poema sujo, escrito enquanto estava exilado em Buenos Aires durante a


ditadura militar, é a sua produção poética mais conhecida, relembre o trecho
abaixo:

enquanto vou entre automóveis e ônibus


entre vitrinas de roupas
nas livrarias
nos bares 
tic tac tic tac
pulsando há 45 anos
esse coração oculto
pulsando no meio da noite, da neve, da chuva
debaixo da capa, do paletó, da camisa
debaixo da pele, da carne,
combatente clandestino aliado da classe operária
meu coração de menino
Fique a par da biografia completa de Ferreira Gullar.

8. Adélia Prado (1935)


A mineira Adélia Prado escolheu criar uma poética voltada para o dia-a-dia,
com uma escrita despojada e informal, como se os versos replicassem uma
espécie de conversa intimista.
A jovem começou a escrever poemas em 1950, depois da morte da mãe.
Professora, o hobby da escrita a acompanhou ao longo dos anos. 

Profissionalmente o padrinho de Adélia Prado foi ninguém menos do que


Carlos Drummond de Andrade. Contando com a sua ajuda na fase inicial da
carreira, Adélia Prado começou a ficar conhecida pelo grande público e, desde
então, não parou mais de produzir. 

Momento
Enquanto eu fiquei alegre,
permaneceram um bule azul com um descascado no bico,
uma garrafa de pimenta pelo meio,
um latido e um céu limpidíssimo
com recém-feitas estrelas.
Resistiram nos seu lugares, em seus ofícios,
constituindo o mundo pra mim, anteparo
para o que foi um acometimento:
súbito é bom ter um corpo pra rir
e sacudir a cabeça. A vida é mais tempo
alegre do que triste. Melhor é ser.
Admire a biografia completa de Adélia Prado.

9. Gregório de Matos (1636-1695)


O escritor foi o maior representante da poesia barroca brasileira, em vigor
ainda na época do Brasil-Colônia. 

Gregório nasceu em Salvador, Bahia, filho de pai português e mãe brasileira.


Foi odiado e perseguido pela sociedade brasileira pelas corajosas críticas
sociais que fazia. 

O poeta ficou conhecido como "Boca do Inferno" pois os seus poemas


satirizavam a sociedade da época, o costume dos povos e a Igreja Católica.
Observe como exemplo o poema À cidade da Bahia:

Triste Bahia! ó quão dessemelhante


Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.
A ti trocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.
Oeste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.
Oh se quisera Deus, que de repente
Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote!
Quer saber mais? Leia a biografia completa de Gregório de Matos.

10. Machado de Assis (1839-1908)


Representante do realismo brasileiro, Machado de Assis nasceu no Rio de
Janeiro e tornou-se o principal nome da literatura nacional. Os seus poemas
tinham uma vertente de combate social, crítica à burguesia, e análise
psicológica dos personagens. Machado foi um dos fundadores da Academia
Brasileira de Letras e publicou nada menos que cinco coletâneas de poemas e
sonetos. 

Mundo interior
Ouço que a Natureza é uma lauda eterna
De pompa, de fulgor, de movimento e lida,
Uma escala de luz, uma escala de vida
De sol à ínfima luzerna.

Ouço que a natureza, a natureza externa,


Tem o olhar que namora, e o gesto que intimida
Feiticeira que ceva uma hidra de Lerna
Entre as flores da bela Armida.

E contudo, se fecho os olhos, e mergulho


Dentro em mim, vejo à luz de outro sol, outro abismo
Em que um mundo mais vasto, armado de outro orgulho

Rola a vida imortal e o eterno cataclismo,


E, como o outro, guarda em seu âmbito enorme,
Um segredo que atrai, que desafia e dorme. 
Se você tem interesse em saber mais do mestre da literatura nacional, leia a
biografia completa de Machado de Assis.

11. Hilda Hilst (1930 - 2004) 


A paulistana Hilda Hilst é considerada uma das maiores escritoras em língua
portuguesa do século XX, tendo produzido textos por mais de cinquenta
anos. Hilda dizia que o seu trabalho buscava representar a difícil relação entre
Deus e o homem. 

Mais de vinte livros de poesia de Hilda foram publicados. A autora também


recebeu os principais prêmios nacionais de literatura como o Prêmio da
Associação Paulista dos Críticos de Arte (1977) e o Prêmio Jabuti (1984)

O seu livro de poesias "Cantares de perda e predileção" (1983) é indispensável


para quem gosta de produções poéticas. 

Conheça um pouco do trabalho da escritora através do poema Árias pequenas.


Para bandolim:

Antes que o mundo acabe, Túlio,


Deita-te e prova
Esse milagre do gosto
Que se fez na minha boca
Enquanto o mundo grita
Belicoso. E ao meu lado
Te fazes árabe, me faço israelita
E nos cobrimos de beijos
E de flores
Antes que o mundo se acabe
Antes que acabe em nós
Nosso desejo.
Conheça a biografia de Hilda Hilst.

12. João Cabral de Melo Neto (1920-1999)


O pernambucano é um dos nomes de destaque da terceira geração do
modernismo, pois inaugurou uma nova forma de fazer poesia no Brasil, com
o concretismo. A escrita de Melo Neto, o poeta de poucas palavras, era
marcada por versos capazes de aguçar sensações. 

A sua principal obra, Morte e Vida Severina (1955) conta a história de um


retirante nordestino em busca de uma vida melhor na capital pernambucana, e
até hoje rende adaptações e estudos na área cultural. 

O meu nome é Severino,


como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria; (...)
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra
Saiba mais sobre a poesia revolucionária de João Cabral de Melo Neto.  

13. Paulo Leminski (1944-1989)


O curitibano Leminski ainda não é encaixado em nenhuma vertente poética,
apesar de serem claros os traços de modernismo na sua forma livre e
criativa de escrever.

Herdeiro da poesia concretista, sua obra conta com mais de quinze livros
publicados, cheio de jogos de palavras, recursos visuais e outros. Leminski
também fez muitos trabalhos como letrista de MPB, o que teve influência sobre
sua obra. 

Um dos poemas mais conhecidos do escritor é Incenso fosse música:


isso de querer
ser exatamente aquilo
que a gente e?
ainda vai
nos levar além
Quer saber mais sobre a "obra maldita" desse poeta fora da caixa? Leia a sua
biografia de Paulo Leminski.

14. Ariano Suassuna (1927 - 2014)


Apesar de ter vivido na mesma época que vários dos poetas modernistas,
Suassuna aparece nesta lista por ser um caso à parte na história da
literatura brasileira.

A valorização da cultura nordestina e de movimentos populares foi o objetivo


desse paraibano bem humorado. Sete dos seus quase trinta livros são de
poesia, que fazem jus à nossa rica cultura popular. 

Infância (trecho)
Sem lei nem Rei, me vi arremessado
bem menino a um Planalto pedregoso.
Cambaleando, cego, ao Sol do Acaso,
vi o mundo rugir. Tigre maldoso.
O cantar do Sertão, Rifle apontado,
vinha malhar seu Corpo furioso.
Era o Canto demente, sufocado,
rugido nos Caminhos sem repouso.
Saiba mais sobre o criador do épico "O Auto da Compadecida" através de
leitura da biografia de Ariano Suassuna. 

15. Conceição Evaristo (1946) 


A mineira Conceição Evaristo nasceu e cresceu em uma favela de Belo
Horizonte. Apenas depois de conseguir se formar em letras na Universidade
Federal do Rio de Janeiro é que passou a divulgar o seu trabalho como
escritora.
Vencedora de um Prêmio Jabuti, Conceição é um dos nomes mais fortes
da escrita sobre a vivência afro-brasileira, sendo sempre lembrada e
requisitada a falar da causa em meios literários e outros. 

Seu livro "Poemas da recordação e outros movimentos" (2017) é indispensável


para entender questões como a tensão racial no Brasil, questões de gênero e
classe. 

Um dos poemas mais consagrados da autora é Eu-Mulher, cujo trecho se


encontra reproduzido abaixo:

Uma gota de leite


me escorre entre os seios.
Uma mancha de sangue
me enfeita entre as pernas.
Meia palavra mordida
me foge da boca.
Vagos desejos insinuam esperanças.
Eu-mulher em rios vermelhos
inauguro a vida.
Em baixa voz
violento os tímpanos do mundo.
Antevejo.
Antecipo.
Saiba mais sobre a poesia de Conceição Evaristo.

16. Castro Alves (1847-1871)


Nascido em Salvador, Bahia, Castro Alves foi o principal nome da terceira fase
do romantismo brasileiro, onde a temática girava em torno da abolição da
escravidão e da república. 

Conhecido como "Poeta dos Escravos", foi frequentando saraus e festas


artísticas que escreveu vários dos seus belos poemas líricos, incluindo "O
Navio Negreiro" (1880), a sua mais famosa obra. Relembre os versos iniciais
da criação:
Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta. 
Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
Constelações do líquido tesouro...
Saiba mais sobre a vertente social e revolucionária dos poemas de Castro
Alves.

17. Olavo Bilac (1865-1918)


O carioca Olavo Bilac é o principal nome da poesia parnasiana brasileira,
corrente preocupada com um vocabulário nobre e uma precisão impecável.

Bilac também foi um dos membros fundadores da Academia Brasileira de


Letras, escreveu muitas poesias infantis e um de seus textos mais famosos é
"Profissão de Fé" (1888), onde compara poetas a ourives, que trabalham
detalhadamente a sua joia. 

Não quero o Zeus Capitolino


Hercúleo e belo,
Talhar no mármore divino
Com o camartelo.

Que outro não eu! a pedra corte


Para, brutal,
Erguer de Atene o altivo porte
Descomunal.

Mais que esse vulto extraordinário,


Que assombra a vista,
Seduz-me um leve relicário
De fino artista. 
Quer saber mais? Leia a biografia completa de Olavo Bilac. 

18. Gonçalves Dias (1823-1864)


Foi o principal nome da primeira geração do romantismo brasileiro, que se
preocupava com a expressão dos sentimentos, e prezava por uma escrita que
tinha um tom de fuga da realidade e nacionalismo.
Produziu a maior parte das suas obras quando esteve em formação acadêmica
em Portugal. A sua principal poesia é Canção do Exílio (1846), um dos poemas
mais conhecidos da nossa literatura nacional:

Minha terra tem palmeiras,


Onde canta o sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas tem mais flores,
Nossos bosques tem mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem quinda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Leia mais sobre Gonçalves Dias.

19. Augusto dos Anjos (1884-1914) 


Paraibano que escrevia poemas desde os sete anos de idade, Augusto dos
Anjos é considerado o principal nome do pré-modernismo, que incorporava
em suas palavras a realidade brasileira. Expressava uma certa obsessão pela
morte e o livro que reúne toda a sua obra poética, chamado "Eu e outros
poemas" chocou a sociedade em 1912 sendo considerado de mau gosto. A
obra tinha um vocabulário estranho e que não se encaixava em nenhuma
corrente literária específica. 

Por isso até hoje seu livro é estudado como sendo um dos mais originais
produzidos pela literatura brasileira e de grande valia para a ciência das
letras. 

 Versos íntimos é das suas composições mais conhecidas:


 

Vês! Ninguém assistiu ao formidável


Enterro de sua última quimera.
Somente a Ingratidão esta pantera
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Leia mais sobre Augusto dos Anjos.

20. Mel Duarte (1988) 


Uma jovem que entra nessa lista como representante de uma nova literatura
brasileira que tem ganhado força através de chamados saraus, slams e afins.
Mel possui dois livros de poesia publicados, foi destaque na abertura da FLIP
(Feira Literária Internacional de Paraty) em 2016 e representante da literatura
brasileira em um festival angolano. 
Seus versos falam da realidade do povo periférico brasileiro, da vivência de
mulheres, pessoas negras e também de política, além de outros
temas. Descubra o trecho inicial do poema Minha condição:

Eu não escrevo pra incendiar casas


mas pra ascender faíscas aos olhos de quem me lê
não escrevo pra matar a fome de multidões
mas espero que minhas palavras preencham um vazio que te
ajude a se manter de pé
não escrevo pra governar um povo
eu ouço o que ele diz e utilizo minha voz para propagar sua
mensagem
não escrevo pra obter a sua aprovação
mas pra registrar minha trajetória e de tantas mulheres negras
que já foram silenciadas.
O que é?

O termo doping tem a sua origem na palavra doop, que significa um sumo viscoso obtido
do ópio e utilizado desde o tempo dos gregos.

O conceito de doping está sempre a evoluir de acordo com os avanços da ciência. É


geralmente aceite pelas diversas organizações mundiais de saúde e desporto a seguinte
definição de doping: uso de qualquer substância exógena (não produzida pelo organismo),
proibida pela regulamentação desportiva, tendo por objectivo melhorar o desempenho
físico e/ou mental, por meios artificiais...

História

 Nos primeiros Jogos Olímpicos da Antiguidade (realizados na Grécia em 776 a.C.),


os atletas gregos utilizavam com grande frequência plantas e sangue de cabra.
Nos últimos Jogos Olímpicos da Era Moderna (Atenas 2016) os atletas
consumiram, entre outras substâncias, esteroides anabolizantes, narcóticos,
estimulantes, diuréticos, etc.
 Seja sangue de cabra ou diurético, a finalidade é sempre a mesma: correr mais
depressa, saltar mais alto, lançar mais longe.
 Nos dias de hoje, procura-se produzir substâncias que aumentem as performances
dos atletas e que não sejam detetados nas análises.
 Consequentemente, os métodos de deteção destas substâncias têm de estar
também em constante evolução, para que consigam encontrar o máximo de
substâncias ilegais utilizadas.

 
Controlo anti-doping

O controlo anti-doping é uma área muito importante, uma vez que o desporto é um
fenómeno que move milhões de pessoas.

A prática do desporto deve implicar honestidade e igualdade. Competir não significa ser
melhor a qualquer custo, significa esforço, dedicação e verdade.

Os atletas que participam em competições desportivas oficiais ou de âmbito internacional


ficam obrigados a submeter-se ao controlo anti-doping mesmo não estando em
competição, isto é, em períodos de treino. Os atletas são seleccionados através de um
sorteio.

Com o controlo pretende-se:

 Preservar a ética desportiva;


 Salvaguardar a saúde física e mental dos atletas;
 Assegurar a igualdade entre todos os atletas em cada evento desportivo.

Os atletas que se recusem a comparecer a um controlo anti-doping, bem como os atletas


que apresentem níveis de substâncias proibidas acima dos limites estipulados por lei,
estão a violar as regras e, por conseguinte, estão sujeitos a penas de suspensão e multas.

Riscos

Os riscos associados ao doping variam consoante:

 a substância consumida,
 a frequência e o tempo de consumo,
 o sexo e a idade de quem consome.

Esses riscos também dependem do tipo de substância:

 Estimulantes: 
o dependência química,
o doenças cardiovasculares, 
o enfartes.
 Narcóticos: 
o dependência química com deterioração física e psíquica.
 Esteróides anabolizantes: 
o perda de cabelo,
o dores de cabeça,
o crescimento da próstata,
o risco aumentado de lesões nos músculos e ligamentos,
o aumento do risco de doenças cardíacas,
o doenças renais e perda potencial de crescimento ósseo. 
 Diuréticos: 
o desidratação abrupta,
o problemas cardíacos e renais.

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