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pod osalh ince Ta oa See re FREDERICK LEBOYER at into Pace NASCER ofaeae ge DSi” SORRINDO esa Dee Olea ecce et Commer ‘Gera ents vette denne Ogescinne e PET e rpc na e 1 An, io Ge ame Biers snes ein : oko mine Sy Sen Oar Rin ea erage SEES seine Tea Vor Ago ‘cous moms fell iey | editora brasiliense Copyright© by Eons du Seu, i976, ‘stan sone wc CConpright © de tad bei Newhume pote dest public pote ser grazade, "smonada om sites sonics, false, Teplice pr mes mec uous ‘pique om torso prise So eton Primers ein, 197% 157 eo, 198 Traduelo: MEDIA - Assets Eero flan ae Revie: Anton Str Guards Cpe foto de Fr Cbeyer = ‘apie prtur Basoe ‘A amas Sto Wart 1771, ts sn ais oe (i 81365 er 1306 ‘MAPRESSO No BRASIL brasiiense Apesar das aparéncias, ada muda, E é sempre do Oriente ‘gue nos vem a luz ‘Sem Sv. ¢ sem a india ‘este livro nunca teria ido escrito. Eu nunca teria tido «ida, E uma respeitosa homenagem que Tres dedico. Tento pagar uma parte de minha dvida, E procuro reribuir um pouco de tudo 0 que recebi. - CPCCCCCHRO OOOO EE CEEEE OOOO OCOHOOOEES as a6 3 = ecace eoce 7 — Voce pensa que nascer & agradével? Naseer... agradivel! — Sim. Vocd pensa que as eriangas sh felizes ‘quando vm ao mundo? — As criangas flies de vir a0 mundo! ‘Que perzunta! Vocé no est falando si. — Bstou falando séio sim. = final... recém-nascidos! = Baa — Um recémnascido néo saberia ser feliz ou infeliz. — Epor qué? — 0s reém-nastidos nfo sentem nada, — Veja s6! Que absordo! = Voeé nio acredita? Claro que lo. Por isso pergunt. — Todo mundo Ihe drs — Esta nfo é uma boa razdo = Concordo. Mas enfim .. Um recém-nascido uma coisinha que ndo v8, que no ouve. Como voce quer que sea infeliz? — “*Coisinha” que nio v8, “coisinha” que no uve... Mas nada impede que a “coisinha” grite bem forte 13 COCO OCEOOOOOOOOOOOOEOSOOOOS OOO SOO® — £ presto que o secémnasco exercte os puimées Entree os pulmbes! Vos me preocupa. Isto ado € um argumento, concorde, No entento, 0 que todo mundo di Come voeE sabe, se diz muta bobagem. Bem, vost? Pensa que ao nascer a crianga néo Sent nada? wpenso. Nao éevidens? = Curioio, Eu nfo estou certo Ora essa, um reeémnaicio! Como "Ora ess, um reoém ness = Como voet quer que nessa idade = Voot me proocupa cada vex mas, Seré que é preciso lentbrar que as res das eriangas nfo tem Times, e que € umn tistee maravlhoso prviéeo dos jovens sentir todo mil veaes mas inteasamente que n6s? —"E verdade, concondo, Mas, um reém-nascido & tio peaueno °F Eomo se tama fose documento! = Também concorde = Digame, eno, por que milagre a “eosioha” pode gitar to forte som sentir nem sotimento nem angista, Dem, simplesmente. J4 disse: um reeémnascido no sente nada, oS Mais uma vee! E por qué? = Um reotmnaseida nao tem consctncia Pronto! Into resolve todo. Nao tem consiénca ... ‘oot quer dizer, nfo tem alma? “Nilo, nfo. A alma. 80 conheso. = Er consiéncia A consiéncia€ outea cose = E voce connece a consciéncia? Otimo! Talver possa re expliar ese mini, Sou todo owides. Estou reso asuaspalavrss, Sou um homage aluno. ‘pom, quer dizer... Para dizer verdade & preciso dizer que. aconsiéncia... : 4 2 Nio & preciso ir mais longe. No vamos nos perder 1a floesta encantada da dialética Recusemo-nos a argumentar. Ou nos provariam muito rapidamente que a lebre 6 incapaz de alcancar a tartaruga. ‘AS coisas so simples, apenas o espirito & ccomplicado. Quando uma érianga vem ao mundo, a primeira coisa que faz égritar. Eo grito alegra a asssténcia, “Oucam, ougam como ele grita”, diz a mie toda. content eneantada de que uma coisinha to pequena asa tanto barulho. ‘© que signticam os gritos dos reeém-nascidos? flees normas, One a mui est em funcionamento. Os homens sao apenas miquinas? (s gritos no falam de sofrimento? Para gritar como grit, serd que 0 bebé no senteimense dor? ‘Naseer seria daloroso para a erianga, asim como o parto era, antigamente, para a mie? TE se & assim, quem se preocupa com isto? Jnguém, a0 que parece, tendo em vista a pouca consideragdo que & dispensada ao bebé quando ele chega, Infeliamente, a idéia de que os recém-nascidos fo sentem nada, nio ouvem, no véem, € um postulado soligamenteestabelecido ‘Como poderia 0 bebé, tio pequenino, softer? E uma “coisinha” que grit, que protesta, ponto final, 6 tudo, Em suma, é um objeto, se as coisas no forem ass to simples? Se se tratar, de fato, de uma pessoa? 1s 3 © recésr-nascido é uma pessoa! Isto contraria tudo o que pensamos a respeito, ‘Mas, apesar de tudo... Devemos ter conscitacia de que € preciso desconilar do que pensamo. ‘Como saber? ‘A rrazo diz que, antes de mais nada, precisamos ros ater aos fatos.E 05 fats, neste caso, nfo fala. ‘Vemos, is ves, isto raro, um beb® nasser com um dente, Mas nunca se viu um que nasoessefalando, (© recém.nascido no fala. Apesar de que ‘Sem dGvida, o bebé jgnora o uso das palaras. (Os marsuinos também o ignoram. E 08 plssaros. FFato que, admitamos, nlo os impede de se comunicarem. Haveri linguagem sem palavras? Sem a menor vida. E, mesmo que isto nos surpreends, serve apenas para agusar nessa vaidade. No procuramos it sais longe, Se alguém engole, por falta de atencéo, alguma coisa quent, asistimos a0 mais eloglente discurso Sem nenhuma palavr, ‘A pessoa salta, como que impelida por uma mola Pula de um pé para outro, Agita freneticamente as mos, sacudindo-as como para dssiparo calor excessivo, Vira os oltios cheios de ligrimas e faz mil cretas. [Nao & preciso nem esperar que o sueito cuspa com violencia: o infeliz seja chins, turco, pesa ou javanés, exprimiuse perfeitamente, le disse “Eu me queimei sem que uma s6 palavra tena sido pronunciada. Nio precisamosinsstr nist. quanto a exprimirse, se existe alguém que © faga com pereigdo €0 recémnascido. ‘Com relagdo & queimadura, podese dizer que o “alot” do gole desaeitado, comparado ao do nascimento, no passa de uma simples Brincadera 16 (0 reckm=nascido ni fala? Espere al, presteatengio, 4 Anda & preciso fazer comentétios? Essa froate trigica, olhos fechados, sobrancelhas ergudas, tensas Essa boca que grita, a cabega que se vira c tenta escapar Essis mos que se estendem, imploram, suplicam, depois se dirigem & eabeca, 0 prdpro gesto de calamidade ‘Esse pés que empurram furiosamente, as pernas (que procuram proteger 0 frigil ventre Esa carne que nio & senio espasmos, sobresaltos, Entio, no fala o reeém-nascido? E todo seu ser que pita, todo seu corpo que se manifesta “Nido me toquem! Nao me toquem!" E, a0 mesmo tempo, implora, suplica: “Nao me deixem! Ajudem-me! Aju Alguém ja fez apeo to enternecedor? EE esse apelo feito pela crianga depois de tanto tempo, ‘no momento de sua chegada, quem 0 compreende, {quem o entende, quem apenas 0 escuta? Ninguém, ‘Nao é um grande mistério? © reeém-nassido néo fala? Ni, nio. Nés € que nfo o escutamos. 7 que, evidentemente} ver & intolerével La pala aerbynipere ‘Aisio de recémnascios no & suprtivel Esse pequeno ser, entBo, pode ser considerado alguém? see Getonanes tant eau ean Diante dela, alguns viram a cabesa, afirmando: Convenhemos! Nessa dade... E depois, ¢ tio pequeno oe ee | EE vamos nds outra ver! Ha em nés qualquer coisa que ee ae ee ee || resist, que se recusa a ouvie, ue no pode acredita. OL ree etre areas ‘Tanto € verdade que melhor mesmo & nfo olhar. nossa preciosa trangilidade. 23 2 Outros retrucam: “Mas como? Nao ¢ possivel. O nascimento no & assim! Ou entio jf se sabes *Vocé nos mostra uma crianga que € torturada. Um bed enteogue is sovieias de sédicos. Isso sim, iso existe. és sabemos. Muito bem, é uma erianga que se martiiza “Que fazer &crianga esses monsros? Fles a moeram de gure za em lo fervendo? Detaran-na Nio, ndo. Nio é nada dso. E apenas um nascimento, ‘Ao redor, nem monstros nem sidicos. Gente como ved ¢ eu, Bistraidos, “Eles tim olhos mas nfo véer.” Esses cogos de grandes olhos abertos, voots querem sapanhivlos em flagrante? Vejam. A Sagrada Fanta elo menos come ela aparece hoje. 0 tema, hi muito ternpo,inspirou os mais antigos. E é exatamente no Spice de sua arte que os grandes pintores teatam a Natividade, o mistetio da Criagko, stamos bom dsantes da adoragio dos Magos€ dos Virgens 8 erianga, Estamos. Poe “Quon quer que sa, um pequona xr acaba de maser, © oui, a seo conemplam raliante, Nao ningoém, hem mesmo o jver médico, que no parte da agra ra 7 © mesmo sorriso cheio de jibilo ilumina os rostos. “Todo mondo ina fetdade» contentment. "Todo mondo. eno a eanga 4 A crianga? Que erianga? ‘Ah! Por Deus, isto no é verdade! Esta miscara de angistia de horror. Principalmente ests mos levad & cabeza iE alitude de um ser aterorizado. O gesto que {faz uma pessoa mortalmenteferida que instante. epois sucumbird. Parece quo se ouvem os gritos da agonia «.. Um softimento desss, uma tal dor, € sso 0 nascisiento? Eos pais! Um ar extsiado.. diante de tanta inflicidade. E inacreditivel. Inacreditivel e, no entanto ...é assim, 26 POCCOOHOOHOOOHOEHOCOOHOEO OS OOC ONCE 2 Que fatoextraondiniri essa ceguera, Sim, mas por que milagre. .? : Milagre? Néo, As cosas, como sempre, so muito simples. Vejamos. Ete jovem médica, que parece to content, sotti por qué? Da fellckdade da crianca? Nio.exatamente Ele acaba de fazer 0 seu parto. Obteve sucesso. ‘© que nem sempre é coisa facil. crianca esté ali, aritando vigorosamente. Como deve ser. A mae no Sofreo roturas. Tudo correu bem. (© obstera sore vontade. Esti contente ‘onsigo mesmo. ‘A mie esté radiante, sorrindo. Mas de que ela sort, final? Da beleza da erianga? ‘Ni é bem disso Sorti porque tudo acsbou! Ela teve sucesso no seu parto sem dor, em que no acreditava muito. Ainds esti surpresa, Estupefata E aliviada, Confiante em si mesma. ‘Obteve sucesso onde muitasfracassam, Endo, sorti de felicidad. Esté contente consigo mesma. E quer ousaria reprovila? Por iltimo, 0 pei Sujeito feliz. Tem wma desoendéncia. Um pequeno ser cestd no mundo e vai crescer. Ereprodusir, tago por {ago (ilusio!) as perfeigdesinestimveis Go autor. Ese, por outro lado, 0 sexo da crianga corresponde os varos projetos que ja exstem para ela ,além de tudo, este homem que, sem dGvida, nonca proguziy, nunca eiou, fez um fiho! Esté contente... consigo mesmo, Em suma, todo mundo esti contente, Contente consigo ‘mesmo, entsndase ‘Quanto erianga 28 E entdo? (© que fazer? Chorae? Por causa de tanto gofrimento? De tante ceguer “Nascer 6 softer. A vida ¢sofrimento. Estas palavtas foram ditas ha muito tempo. E a vida seria apenas um passe, uma passagem, Na hora do nascimento seria preciso chorar. Quando tum ser entra neste inferno, E ficar contente nos funerais. Quando finalmente se deixa o inferno. ‘sim. Do antes, do depos, nada si Mas 0 nascimento esta a, com seu peso de sorimento Isto agora eu si E um sofrimento to grande que me desarma, Préximo do desespero, Felizmente, existe uma ténve luz! o sucesso do parto sem dor. “Terds um parto cheio de dor.” Esta sentenga vinha também do fundo dos tempos. Mas a antige maldigdo pass ‘As mulheres, hoje em dia, dio & luz com a fisionomia radiante. um milage, ‘Mas que estlam radiantes enquanto o bebé & crucificado, isso nfo! Nio & possvel. Nio ¢ mais possivel (quando se sabe o que sotreo recém-nascido E enti? ‘A mie deve renunciar & sua alegria? Claro que not Simplesment, é preciso fazer pela erianga o que s Taz pela mie, Ou pelo menos tenta, 29 9 A primeira visi, denio-nosperdidos.E inpoentes lane destesfrment. ‘Como eae? part sem dor poe se preprado, Como preprar acing? E quando? No vente mateao? pec eo no bods intodudes através dove One psetando mo pena cra? Pot avr no, A enlopa pose, em noms das relat tas poeta. Sabemos ds. ‘Mas nio este o nos camino O que queemes, desde log, 6 comprende. Colnpesnder po aut de que 0 cemnaiio soe io qu se fez pla meno caso do pate sm cor, Tm verde se aeltircegament a ftaldade do solmete, usouse, sd, pergona: “for a ‘Aresjosta est ma pergunta die: Sroka aa ie eh Soni afinal, o gue, depo de tant tempo © sempre en vo, Ssefangasclama deseperadsrent quando vm 20 mundo. i proriies tego etar ou, tena compreena is iso fe metade do camiaho. 10 (© que faz 0 horror do nascimento € a intensidade, ‘amplitude da experignca, sua variedade, sua riqueze Sufocante, 18 dissemos queso acredita que reeém-nascido ‘fo sente nada. Ele sente tudo, 30 ‘Tudo, totalmente sem escolha sem filtro, sem siseriminagio. ‘A quantidade de sensagdes que o assola no nascimento ultrapassa tudo 0 que possamos imaginar. E uma experiéneia sensorial io vasta que nfo posiemos mesmo concebé Ia. ‘Os sentidos do recém-nascdo funcionam,e como! Possuem toda a acuidade eo frescor da juventude. O que slo nossos sentidos e sensacdes comparados aos das criangas? O que sf0 = nossos sentidos comparados tos dos snimais? Temos a pele to sensivel quanto a dos erocodios ou a dos Finocerontes. as sensagoes do nascimento tornarsse ainda mais fortes pelo contraste com o que foi vivido antes. Os sentidos funcionavam bem antes de a crianga estar entre n6s, ro nosso mundo. ‘Sem diva, a5 sensagbes ainda nio sio organizadas em percepesesligadas umas is outras, equibibradas, O que as faz ainda mas fortes, selvagens, intoledvels, alltivas, u ‘Tomemos o caso da visio, por exemple, _ Buse como czto que 0 reeéeraseido & cap, que Isto € um postulado universal que no pode ser posto em divide, julgando-se pela profusto de luzes verdadeiramente cegantes que se acendem por oeasido do att. Go se apontam sobre 0 recémchegado limpadas tease projetores? Por que se preocupar com ele? Por que tomar cuidado bainar alu, se 6 cego? A lluminagéo &, sem divida, cbmoda para 0 obstetra, preocupado com a mie. Mas quem pensa no Bebé? 31 CODHSOOHSTOSOHOSSOOOSSHOOOHOOOO THOS ‘Mal a eabecinha sai das vias genitais, 0 corpo ainda prisioneiro, veme-lo abrir olhos imensos. Para Fmediatamente feché-los com viléneia. Enquanto em seu oto se mostra uns indizvel sofrimento e explode © grto que sabemos. ‘Se ver significa consteuir imagens mentais com © {que 0s olhos reeebem, entio o recém-nascido realmente ro v8, ‘Mas se ver € perceber a luz, eno sim, o recém -naszido vé. E como! ‘A crianga que vem go mundo tem por esta luz do ou fo mesmo amor, a mestia sede que as plantas, as flores, fmios inferiores que, sem globos oculares, gcompanham nosso Pai Celestial em seu caminho pelos e&us. or est luz 0 be esti ansoso, sedento. De tal forma que & preciso dare com infinitas precaugées. (Com infnitaletido. De resto, o be 6 tio sensivl a ela que jf a percebe no ventre materno. "A mulher grivida de mais de seis meses que se expoe nua ao Sol permite que a crianga, dentro dels, pereeba como que uma névoa dourada “imaginemos este pequeno ser, com olhos tio deliados, projetado de repente para fora de sua caverna escura, Imaginemos seus olhos expostos aos projetores. ‘A crianga langa um grito dilacerante. Nada mais natural, Seusolhos acabam de ser queimados. Bem como ‘Tilio Vere imaginos para seu herdi Miguel Strogoft. Bem como foram queimados os olhos das pessoas que estavam tem Hiroshima quando explodiram os “mil is". ‘Se quisésemos enlouguecer a crianga de dor, procederiamos exatamente desta forma, ‘Como se prepara uma rourada? Como se faz um. “pom tur, ebro de sofrimento,cego de raiva? ‘Delnase 9 animal fechado em completa eseuridéo durante ma semana, Depois, ao dia da tourada, € s6langito Ge repente a0 sol cogante da arena Pobre recém-nascidol Fecha os olhos. O que 2 representa a feéil e tranparente barca das palpebras? ‘Cop, o recsmnascica? a 12 E surdo este ini? Tanto quanto ceo. uando vem 20 mundo, tus aids finconam hs bastante tempo No itera chegam A rang os rds que se protuzem no corpo da mie, estalos de articulagdes, [ Dorboranos intenais E dando ritmo ab tod, 25 bata poenes,olanbor grave do Crago mater, ‘Avoofamente A vor dae, que mara pte serie com ata imps o bebe Cada vor i nite. Tanto quanto as impresses dials. A crianga fea marcada pla vor da me. Ela conheie cu on a ated or iso ar oda. ence Sv ae 6s, om sas nflexs, Isto tudo? Nao. edit tee ov ons do mundo ons de fora do mento modo como sen al. Apsara ‘espessura do ventre materno. a como oon ea 0 Bt Resbo, 0 0 peits, através das guns em que Mtv: modelos ¢ fransfomados por elas, Para nds, desconteidos. Dips shies onainen rit sal das gat O univers se transfooma. Os sons at eno fad atagem o peauenoviajnte com toda a violencia. oe Desaparecidas as dguas, levantado o véu protetor 33 4o vente mater, 0s owvidos do bebé so posos anu Nada mais os protege dos rudos do mundo ‘Aceianga que nasce chega em meio a mil woxées Fica sobrestaltada. Neshuma surpres ‘O mundo bea. A eianga devolve os gritos! E simples. Mais uma vex, nds € que somos sudos. Nosss ouvidos de homens ndo pereebem mais nada Basta uma ftha se agitar para sobrestltar um asima O sujetoentendido owe a grama cress Ea cana reconhece sem errs 0; matizes de um suspic. Mas enésl, que em nossa quase total sudez aumentamos cada da Um pouco mais. os nossos amplificadores em lugar a abrir nossbsouvidos? Nés, que somos morios em vids, © que sabemos Sobre o que a eranga ouve a0 nascer? ‘Quer pease em falar baixo numa sala de pao? Na verdad, grtase bem mais do ques fala. ‘0s “Vamos, fore, forsa! Outra ver, outra vee!” slo 4itos em vor reumibante quando a eranga sui, em meio & exciasdo gers, owemseexclamacoes eexplosessonors ‘Quem penst no recém-nascido? Ele leva as mos 3 cabep, num sinl de dor A ctianga nasce surda? E ensurdecidal 13 Pobre criangal Nascer, que calamidade! Coir de repente em toda a extensio de nossa ignorncia e de nossa crueldade, ‘Além de cegilo e ensurdec-lo de sofrimento e de raiva, 0 que se faz entdo com a pele do recémnascide? 4 Delicada, fina, quase sem epiderme, em carne viva ‘como uma queimadura, qualquer toque a faz vibra. Basta que alguém se eproxime para o bebé tremer. Eeesia pele que, até entao, conhecia apenas a catia acetinada das mucosis, é metida em roupas, em toalhas, em tecidos! recém-nascido rola no mundo como sobre um tapete de espns EE Val se acostumar. Como a tudo, afinal. Fechando © sufocando seus sentidos. Mas quando chega e cai nesta moita de espinhos, eta. natural E nés, tolos como somos, achamos graga, 14 Quando pereebems o,calvitio do reosmnaseido, Di vontade de gritar como ele "Basta! Basal” O que ja vimos ¢ insuportivel. Mas, pelo menos, & tudo? apenas 0 comego! O inferno existe. Nio & obra imaginéria, E nele as pessoas realmente se queimam, Esse inferno no esti no fim da vida, nem depois. Estd aqui. No comeso. . O inferno &0 que a crianga tem que passar para ‘entrar no mundo. fogo, que de todos os lados atinge 0 bebé, queimando-Ihe a a vista, a pele, agora penetra em seu corpo, até o fundo de sua carne, 35 COCR OCS EOC CED ECOO CE OO OO CE COOOL COLE Exe fogo, mordida intoleravel,éo ferimenta que © ar provoca penetrando nos pulmés. Os olhos do rocém-nastido sfo sensveis. A pele do recdmnaseido & sensvel. Suas mucosas sfo sinda ‘Oar, que entra e varre a traquéia, que desdobra os alvéolos, tem o efeito de deida derramado sabre um ferimento! ‘io se trata de imaginago gratuita. Basta ver 0 que acontece a uma pessoa que, pela primeira vez, fumendo um cigaro, tenta “engolit” a fumaga. Para o fumaate inveterado nada acoatece, As mucosss saturadas jé capitularam. Mas para 0 fumante inexperente, cujas ‘mucosas conservam um pouco de pureza, para esse, mal a fumasa penetra, explode uma tossefuriosa, que tenta langar fora a qusimadura insuportével. Os olos se enchem de légrimas. A face se torna rubra ‘Pensemos ainda numa erianga que, por descuido, cenganadsa pela limpidez do liquido, bebesse, pela primeira vez, cheia de confianga, uma bebida fortemente alcosica! Nem bem atingida a mucosa da garganta, o liguido seria Jangado fora por uma explosio furiosa, por uma recusa de todo o ser, enquanto 2 agitapfo e aos solucos se misturariam as ligrimas e a vermelhidgo do rosto. ‘Sim, para @erianga que vem 20 mundo, a queimadura provocada pelo ar que penetra nos pulmées ultrapassa, em horror, a todas as outa. “Atingido nas entranhas, todo o ser se sobresala ‘Tudo, no bebs, se apavora, se agita de horror, seinvta ‘Tudo se fecha, rejeita,cospe. ‘Tudo procura expulsaro inimigo. Evemo arto! primeizo grito, que marca a passagem, que colebra a entrada a vic (0 grit é um "Nao!", uma recusa apaixonada, tum protesto de todo o fer. Um grito desesperado porque impotente, porque “6 preciso” 36 Porque & preciso respira, resprar,respirar ea cada ver queimar por dent mais, mais ¢ mais. 15 ASinl, isso & tudo? ‘Ni, ainda nko. ‘Quando o beb? nasce, pegam-no pelo pé. Suspendem-no com a eabega para bait. Inocentemente. Como sempre, ais, [Na verdade, 0 corpo do reeém-nascido é muito escorregadio, por vir besuntado de vernix caseasa, essa ‘ordura espessae branca que o recobre, 3s vezes Inteiramente. E para evitar que o bebé escorregue e caia que o obstetra o segura pelos tomnozelos Esta maneira de.agarrar oferece seguranca, E cdoda, ‘Cémoda! para nds, mais uma vez! E para a crianga? ue sera que ela sente ao verse, de repente, suspensa desse modo? Uma vertigem enorme. As pessoas que, em pesadelo, sentem-se cat, de tepente, no vazio, conhecem essa sensacio, Ela vem Giretamente da, De fato, para compreender todo o horror dessa queda, esse abismo, 6 preciso volta atrs. E preciso retomnar ‘0 tero, ao ventre da mie, 'Nés nos conecemos tio mal a ponto de ignorarmos «a importincia de nossas cosas. las esto “ats, No entanto, somos governados por las. Delas dependers nossos humores, tus e alegri, tistezae falta de energia, ‘A Tora esté “nos tins”, ¢ medo “entre as omoplates”. [Nossos estados de “alma” so, na verdade, estados de noses costas! 37 E para compreender 0 horzor do abalo que inflingimos ao recém-nascido quando, cegamente, fazemo-o pender de cabega para baixo, acina do abismo, é preciso avaliar 0 que acontece com suas costs. E preciso medir © contrast ent “antes” ¢ "agor “Antes” & 0 que foi vivide por esta coluna vertebral, ‘quando, a duras penas, a crianga tentava abrir eamiaho para 0 mundo. Na verdade, é preciso “volta” ainda mais ats preciso retoma? ao ventee matemo, E af lembrar © que ‘veram as eostas do bebé. 16 No ventre da mie, a vida do bebé se desencola em los tempos, Em duas etapas de jgual duraclo. Que se ‘opdem como inverno e vera. ‘A primeira €2 “dade de our0”, Embrido, antes de mais nads, é uma plantinha que crescee bro, Imével epois, o emirigo se transforma om feto. A planta tomase animal, O movimento invade. Surgindo, de inicio, ag nivel do troncoe se propagando em diregdo & perteria, ara atingis,finalmente, as extremidades, ‘Agora, ofeto muda de posi, tem prazer em rmovimentar os membros. Tem o prazee da liberdade , verdadeiramente, a “idade de ouro”. Envolto nas éguas, ndo tem peso. leve como um plssaro, gil e vivo como um peixe. Sua felicidad, sua liberdade nfo tém limites. Como seu reino, cujs fonteiras ele toca, de tempos em tempos 'E que, nessa primeira motade da gravidez, 0 ovo (membranas que coattm o feo eas aguas onde Flutua) cresce mais depréssa que a crianga, 38 ara o bebé é fc se desenvolver, 4 que seu império aumenta mais répido que ele proprio. Assim, nfo conece entraves, Sim, sua felicidade € imitada. E as imagens que temos do bebé nesta fase mostram um rosto completamente descontaido, Ele € a imagem da serenidade, do éxtase Mas, pasada a metade da gravidez, tudo muda, No fundo de sua eaverna, 0 bebé € vigiado pela Lei A lei da osclaglo universal, que faz.com que tudo ‘um dia se transforme em seu oposto. [At enti, o ovo se havia desenvolvido mais ripido que 0 feto. A crianga podia creseer & vontade, seu reino se expandia ainda mais. Depois da metade da gravidez, ocorre 0 inverso. A crianga continua a se desenvolver © crescer bastante. O ‘vo que a contém se dasenvolve menos. (© calvario vai comegar, Pareceré ao bebé que o fecham, Lentamente, sorraeiramente, em volta dele, 0 univers se esreita ‘© espago, antes sem fronteira, tornase dia a dia Desapareceo oceano sem limites dos dias flizes da ingoia, Esvaise a Uberdade absolute (© espaco infnito se constrange, se estrita um belo dia, o bebt se percebe numa pris E que pristo! Um cércere tho estreito que 0 corpo do prisionciro toca as paredes, todas ao mesmo tempo. Paredes que se fecham ainda mais! A tal ponto que, um dia deses, as costas da eriangae 0 tero da mie ficam como que colados. Por longo tempo oinfeliz se recusa a aceitar a situagéo. uta, protesta Por qué? Tnexoravelmente, a prisio se fecha e 0 presiona, 0 destino nlo € implacivel? Acting 0 accita, 40 Como podetia ser de outro modo? bebe se dobra, curva a eabecs, fzse pequeno. ‘Paver sibn que nada permenece, Que do maior mal ssi, um dia, outo maior sia. Que é preciso suportar Gon paciacia e sore na advesidade. Detejemor ihe is. Nu prisio que fecha ca Tentio, le se enol, Cecase. Humihases Quando jd nd0 pods mats de submisso, de aceitaio, am dia sua Infeicidade aumenta : ‘Un dia, a prisio se anima. Niosaseita de téo dobrado,hunshado, la comesa a esmegio, apertto, ‘0 bebe fica subtamente aterorzado, ‘A eoniragdoo deta, Deposretorma, Deseparece rovanente -, Outrarecomega, Depois out ‘Niosio fortes, nfo, Prose mas una brneadeira ‘Desa forma, passadoo terror inal a erianca sehabitua de contagbes. Acabs por gota dela! [Ne pristo mondtona, a contaylo, agora, serve para siti 0 bebe le seaba por exper Ene forna de srimar soa vida Esta “eoisa” que antes 0 apavoravae que Ihe mudou os hibios agora o ara ‘Quando chega, quando o abrac, ele se entega a ela Dixende as cuits Ese apa de paze com 0080 dia mais, ele mores" vio durar um més inteiro, O cltimo més da gravider, quando aparecem as contragdes. Indotores para a mulher, habituam a crianga as contragbes do trabalho de part, cuja intensidade seré Por ora, slo apenas caricias, 4 CEPR OCH OHO OE SOCOEESOCOHSOEOOESOOOE. 17 Até que um dia... mais uma vez, tudo muda, Por que € preciso que nada permaneca? Um dia o jogo termina ‘onda amsda se ansfoma em tempestade, A amiga, Essa coisa que 0 abracava tomase malvada, rum, Ela ndo o comprime mais, agora o esmaga, Néo sbraga mais, sufoca. Nao o ama mais, expulsa-. 0s bringuedos alegres tornam-se odiosos. O trabalho comecou eve inicio o parto. Agora, uma forga irvesitvel, desmesurada, louea, sposse-se da eianga. ‘Uma forga cegs, que @ enlouquece, empurraa, orga para bain. Curvar as costa jé nfo adianta. O bebé, esmagado, sniguilado, dobrese além do limite posivel, Cabega, bike, espduas contraidas, nio passa de umn bloco de terror, A prisio tornaselouca e parece querer o fim do prisioneiro. As paredes se apertam ainda mals. O eércere fe transforma em tinel,o tinel em funil! ‘Com 0 coragio batendo quase a ponto de se romper, fo bebE se langa neste inferno. medo nfo tem mais limites Subitamente, transforma-se em furor, brio de salva, langase contra a pared. E preciso passar! E preciso abrir caminho! © bebe 6 apenas terror e dio! Estas paredes! Estas paredes! E preciso sai! B preciso matar, se necessério Esta force, esse monstro cego que o esmaga, que o empurra para fora, esta parede cega, obtusa, que o retém, aque o impede de passar, tudo isso € apenas uina cosa: a inde, Sempre lat 2 Bi o expla ‘Ao mst tempo que o pends, que o impede de : Ela é louca! A ela € que ¢ preciso matar. Porque cla qose clos ente a elena ed ‘Nes lta de ort, este combat se prdlo, € sumo out. Amie ova eianga- 1 bab fc como um psseso oni de intcdade es anglais, 6, abandonado por tudo cn tows able, combats com a eetia do Seen © monstoo empurte mais, E, num refinamento de ruellader nfo stsfeto em exnagar, oc. Para ulsapasaroeseliocamao 6a bel, a cabera do feo, «apn ela o como, eet un ovimento Spr De forma ques tone coe st mesmo. a caboru do bet Essa cabepa que suport odo o po do combate, a pono de guns enor Ras espa, Spat, xs cabs, como & que ea alo extoura? ‘putt est no sage do sofvment.O esorgo & rulto grande», O fi caramente cts peouino, A morte parse ino ; peo mi ni sat ue, unt mai wees se omam expe ol peta exh luz OG nonsta ume ver als aojase sobre ele. Eno. 18 Entio, de repente, tado explode! (0 universo estoura, [Nao hi mais tine, ndo hé mais prisio, moasteo! ‘Acctianga nasceu Onde estéo ts paredes? Desapareceram, quebraramse. Nada! hi mais a O vari E seu horror. Liberdadeintoleravel Onde estou ‘Tudo me preisionava, me esmagave, mas eu tinha forma. Minha mae, minha pristo maldita, onde ests? $6, no sou nada sendo vertigem, Retoma-me! Abriga me. Esmagame, apertaume, destrdime, ‘Mas que eu sea a2 A crianga estétonta de angistia, Pela simples razio de que, de repente, nada mais apdia suas costas, IE € nesse paroxismo de confusio, de desespero 2 dor que, apunhada pelos pés,€ suspensa no vazio! ‘Accoluna vertebral, que foi apertada, dobrads, pressionada, torcda até 0 méximo, &desdobrada de tum s6 golpe! ‘A ccabeca que suportava, 86, 0 peso de tanto esforca 1 ponto de quase entrar no corpo da erlang, agora Dalanga e se agita no vazio. ‘Enquanto, para acalmar este oceano de teror, de nico, seria preciso apertar, manter junto, reunr. Da inesma forma que se comprime a atmosfera em torna do mergulhador que Sobe muito rapidamente 8 superficie, ‘Se quiséssemos mostrar 3 crianga, logo de entrada, aque eait num mundo que ignora tudo a seu repeita, um ‘undo de crueldade, de ignorinela e de loucura, de que utra forma deveriamos proceder? “4 20 Onde ¢ colocado o pequeno ménti? Ble, que acaba de vir do, calor, da ternura das entranhas? ‘Sobre um prato de balanga! ‘Ago, — dureza fieza de geo. Frieza que queima tanto quanto fogo! ‘Um siico faria methor? Os gritos redobram, A alegra da assistncia também. Principalmente quando a balanga registra um peso imponente ‘A quantidade “Ousam, ougam como cle grit!” diz a mae extasiada. Marovlhada de que uma coisinha tio pequena {aca tanto barulho! ‘A erianga € retomada, ‘Sempre pelos pés. eabega pendente Nova vertigem, novo horror. E colocads, Sobre qualquer canto da mesa, entre tecidos. abandonada. Sempre gritando. Eo fimde tudo? Nao, ainda € preciso cuidar de seus olhos, Colocar ota, bebe se defend [As plpebras sio abertas 8 forea Pingamse algumas gotas de um liquide que queima . 21 Afinal, 0 bebé sozinho, ‘Abandonado por todos e por tudo, perdido mum, universo tio hostl quanto incompreensivel, Ele no 4s ‘pira de tremer de terror, de tossir, de sufocar-se. ‘Quando niio pode mais, quando chegou ao limite, -Adquiriu de tal forma o hébito da infelicidade Capac ee cegaieapn cat Saaee agen s apronma treme ainda mas Se ico rei Fugir, fugir! . et ig ‘As pena se agitam para lev para long. Dingoes import ‘A foga€ imposvel. Mas... nfo hi mais piso. ‘Vere cntie enn eon extsordindria: sem grim, 23 sem flgo, sm doves 0 bebe foge ‘Nic para longe as ponas se ecusm a ajuda. Mergulha em i mend Dobrose Enola, emoecase Pua pers aspera, 08 bragos Retr a potigio hal ‘ols, sibocament, 20 ster. Esmagado pelo hortor do mundo, etm ao paraiso Isto € naicer. Eo suplico, ocalvério, o massacre de um -ngcente que nfo sabe nem falar. ‘Pensar que de um tal eatacismo,nfo fiquem ‘marcas € muita inocéncia! 'AS mafcas s80 visives: na pele, nos osss, no venite, nas costas, ‘Volt, com sia postura, 0 seo mater {Tm nowasfoucuras, em nosss tortura, em noses prises Teiona a aioe da flidae psd nas ends mas epopea, Reousee a nase, Vola ser fo, Erne F de novo prison, ‘As eciuas so algo mais qu est bomindvel ais? 22, Agora esta calmo. Mas no por muito tempo! Novamente 0 pegam. Vestemno, Com coisas estreitas, apertadas, rudes, grossiras. ‘Mas que sfo tao bonitas! Que “parecem to bem”! Que i agradam tanto A mamde. A familia. E aos amigos. Mais uma vez o bebé protest, explode em solugos redobrados. Chora e grits, 1 Chora por muito tempo. Atéo fim de suas orcas | que sio grandes. | 46 COCR OOHOHC ECE SO OOOO SOOOCOOOL OED OOO® CP oerecccccccces “YA resposta estén pergunta™ - CCOHCOOOHOSEOOEHOHOECESOSEOOOOOOOE COOP COOOL CES EOREELOEEOOC OO ELOCLOS “Tudo isso 6 tevficante, desanimador. Ficamos (quase sem esperanga. ‘Sem esperanga para com a crianga, ‘Como preparar o bebé no ventre da mae. ..? EE preciso, com finos eletrodos ‘io. A crianga nio precisa ser preparada, Nés & ‘que precisamos, ‘Se fazemos questdo de tanta cegucira, de tanta incompreensio, para nio dizer mais, no modo como recebemos os reeémr-nascidos, como admirar que o mundo seja...oqueé? "Mas fiquemos no nascimento, ‘Velamos de que modo, simplesmente com um pouco e intligéneia, mites coisas poder ser mudadss 2 Hi, no nascimento, um paradoxo perturbador: a crianga sei de uma prio insuportivel, est livre ©... grtal Ee que acontece, aparentemente, a prsioneiros aque sio postos em liberdade, Esta iberdade, com 33 que sonharam por tanto tempo, os embriaga, 0s ‘poe em pinico. E eles lamentam 2 austncia das grades. Por bem ou por mal, inconscientemente, se ‘Sonduzem de forma a rencanteila, Isto nio acontece com bebé, Ele grit, sufocado pela Iiberdade. Seria 0 caso dese dizer a cle: "Mas afinal,voeé 6 louco! Esté af nesse Aesespero, quando devia se alegrar! Agora voc: pode se estar, se diverlr, e choral? Abra os olhos. Veja se entende 0 que esté acontecendo, CConhesa, afnal, seu reino e sua felicidade.” "Esta confusfo & absolutamente estipida-.- E preciso que o bebé compreenda, B precisa Iazélo ouvir a vou da razio, Razio! Iss nio & para a idade dele. E, mesmo mais tarde, é uma linguagem que convence pouco. TE entdo? Como dizer ao bebe. Dizer no & bem o terme. 1 preciso falar ao bebS na sua linguagem. A linguagem anterior as palavras. Antes de Babel, da srande confusio. A linguagem do paraso perdido ‘Ainda mais? E preciso falar por gestos, or smimice, como a um estrangciro? preciso ir mais long, retroceder ainda mas. E preciso reencontrar a lingua universal E preciso falar de amor. q Fear de amor ao reeém-nascido! Isso mesmo! Falar de amar! No 6 essa a Kingua ‘gue tode a natureza fala?” Para se fazer entender pelo recém-nascido, & preciso falar a linguagem dos amants. De amantes! , de amantes. Eos amante, o que é que dizem? Eles nao falam, se tocam, ‘io timidos, pudicos, Para se tocarem, se acariiarem, Eno escuro que se amam. Apagam a juz. Ou smplesmentefecham of olkos, 34 Refazem a noite em tomo de si. A noite dos ‘outros sentdos. Para serem apenas tato. [Nat trevas reencontradas, se apalpam, se sontem, fe roca. Abragamse, ‘Refazem 2 sua volta a querida, a velha pris Go fazem nenhurn barulho, As palavras so ints. ‘Ouvemse apenas gemidos de prazer. As mios falam. Os corpos compreendem. E as ‘espiragdes se misturam, explodem de alegria, E disso que o recémnascido precisa. 350 le compreende, E assim que se fala com ele, Pelo tato, plas caricias, Pela respicasio Mas nio vamos nos precpitar. Avancemos passo a asso, E, como aluno que executaescalase toca as notas tuma’a uma, bem destacadas, antes de se deixar levar, ‘um die, pelo éxtase da misica, vejamos, sentido apés sentido, como agir-para ndo sterrorizar a crianga que cchega so mundo, 3 ‘As coisas, na realidad, sio muito simples, CComecemos pela visio. ‘Vamos fazer como os amantes:colequemo-n0s n0 ‘Nossa atenefo e a sensbilidade de nossas miios aumentardo, Mas, principalmente, os olhos da erianga ‘io serio ofendidos, ‘Légico que & preciso ter cuidado com @ me, para evitar que elas dilacere quando sai a cabeca do bebé Mas limpadas calticas e projetores sio desnecessirios. 35 E, de qualquer forma, uma vez sada a cabesa e desaparecida 2 inquietagio por causa do perineo, deve ser conservado apenas um ténue foro de luz E o bastante ‘Além disso, na penumbra, a mie disitnguiré vagamente os tagos do bebe. Tanto melhor. (Os recémnascos so quase sempre fois. Pelo ‘enos parevem. Muito feios mesmo, de tal forma sip esfigurados pelo pavor. E melhor que a mae ndo veja seu filho assim. Ficaria smagoada com iso, Sé poderia exclamar “Meu Deus, como 6 fia!” Poderia pensar isso. * bebe acabaria ofendido, de uma forma ow de outa E melhor que a me descubra seu filho tocando primero, ‘Que sinta antes de ver. ‘Que perceba a vida quente, palptante. Que se ‘emocione através das mios, da carne. E ndo através eum julgamento Que abrace o bebé em ver de olhéto. ‘Tera muito tempo para véo, mais tarde. Quando ele siver adguirido sua verdadeira fisionomia, "No momento, que se contente em falar com ele, em trangilizéo, tocando. ‘Ambos, me e filho, $6 t8m a ganhar com esse primeiro ‘encontro ha quase obscuridade. ‘Quem mais gunfia com isso So os olhos do bebé, que sio poupados da queimadura pela luz Quanto a vsdo, € apenas isso. Agora os owvidos. [Nadia mais simples: basta fazer silénco, Simples? Mais sic! do que parece Somos naturalmentefaladores, E quando a boca 56 fica fechada, 0 mon6logo interior vai bem, AAlém disso, ficar em silfncio go lado de ovtra pessoa é uma experigncia angustiante, Fazer silcio, estar atento a0 outro, escutar, perovber além das palavras, 6 fruto de esfors. preciso se peparar. Treinar. E compreender porque. As primeiras mulheres que deram & luz em silencio ficaram tio abaladas que vale a pena contar. ‘no final do trabalho e da Expulsio, falévamos pouco e em voz baixa para nio perturbar a paz que se intalava e prepacar um clima propicio para receber a crianga, Mas, uma vez saido o bebé, néo pronunciamnos ‘mais uma palavra, Se fosse precio, de vex em quando, dizer alguma coisa, dar uma ordem ou uma indicaglo, era em vor quase inaudivel, sussurrada. Para nio perturbar os primeiros instantes do reeém-nascco. Essa maneira de age, completamente natural e, por fsso mesmo, to surpreendente, pegava-as de tal forma de surpresa que deitavamse tomar pelo panico. Para a crianga, ao invés de berrar como de costume, ra suficiente, depots de dois ou tes forte gritos, Fespirar vigorosamente, De modo que, ness intenso silencio, 28 mulheres ouviam ... que nfo ouviam a crianga gritar! (s olhos revelavam imediatamente surpresa ¢ angista! Deslocando-se dé um a outro dos assistentes, estevam cheios| de interogagses! ‘De repente, nfo se contendo mals, 0 coragio se libertave: E por que meu filho nao grta?!” Era perturbador. Assombroso. Pungente “E por que meu filho no grita?t” Era grito desolado de uma criansa, de quem se tira © brinquedo! “B por que meu filho néo grita?!” Hiavia nessa exclamacto tanta surpresa, tanto pesar, tantas reivindicagSes que fcdvamos estupefatos. Tanto 7 se ouviu que “6 preciso” que a crianga grite Tanto “ascimento e sofrimento” estio inconscientemente uunldos no esprit. Tanto os gritos dos recém-nascidos fazem parte das coisas intocdves ‘Que dizer? Que responder? Essas mulheres néo tinham sido prevenidas, preparadas parao sentido desse silencio. Somos tio desnaturados que uma coisa verdadeira, simples, nos pega desprevenidos, nos deixa estupefatos. “Mei flho néo esta vivo", continuava a voz desolada, Era ridicule lamentavel “Seu filho esti bem", dziamos, enquanto, com um gesto, ‘convidvamos a mulher baixar & voz. Sempre para poupar 198 ouvidos do bebs. "Nossa vor sussurrada aisustava ainda mais ooitadal “Ele morreu! Meu filho morreu!, exclamavam, entoando velba ladainha, ‘Morreu? Ela tisham seu filho sobre o vente, inquieto, agitado. “Vamos!” diiamos, “os mortos nio se mexem. E voc’ sente bem como seu flho se mexe. Voce sente como ele est contente.” Isso era dito sempre em vor. baa, infelizmentel ‘Como fazer a felicidade da mie edo filha... Experimentamos entlo, um pouco tarde, € verdide, explicar 0 porgué desse silencio, o respeito pelo bebé,o, ceidado com seus ouvidos, a atengfo para nfo assustilo com. 1s explosbes de vor. Experinientamos dizer 8 mulher que io € mais necesséro sorere berrar para vir a0 mundo, que nio ¢ fatal ter que passar por um ealirio para dar B luz, Nao adianta. A explicagdo chega muito tarde. As mulheres nio acreditam nos préprios ouvios! Nossas explicagées nfo convenciam. Os elkos permaneciam cheios de vidas. De temores! ‘Mas acabavam por se acalmar, “Seu filho vai indo muito bem", voltivamos a dizer, para encorsj-as “O senhor acha?", perguntavam, 58 ‘Num tom de completa incredulidace! Para ser justo, €procso dizer que uma criansa qu, soln pro oo gts, cess # ssa ne boca ie empresa, Senta nda como se sse de um sonho mario, & Supreendente . tio inpevstoe periurbadr par quem nig es habitaado com is, santo a mulher que dé & uz com tn somis, sem nest gro, om oseblants radios. ad prs Gr eo mies deve st Pio condcinadas! Ao contro preciso que exe desgrtas, conscients, Mas é preciso que compresndan.& preciso que saibam aque a anya oan qu sus ouvidos 580 seats, Que fodem sr fico fasinente. Ds ve psa senda 2 anata canes Jo que representa es esa, Nio por ees. 70 fabs na um bringuedo, tm ele um Sr aus les onfedo, ‘Pugesem ae mires comprender eset “Sou sua mie.” mo Entre os dois hé um mundo. E todo 0 futuro da evianga 7 A aprendizagem do siléncio, indispensivel para as roulheres, 6 da mesma forma para os que fazem 0 parte: ‘bstetras ou parsiras. ‘alae muito na sala de parto. As exortagies “Vamos, forga! forga” raramente sio pronunciadas em vor bax. E uma grande pena, 9 s gritos perturbam as mutheres em vez de ajudéila, Falando quase em woz baixa, o obstetra as descontri. Dessa forma, auxilias mais do «que gritando, E preciso que os membros da equipe também partiipem da escola do siléncio. Que se preparer para receber o bebé dignamente 6 Escutidio, ou quase siléncio A paz se instal, profunda, sem que cheguemos a perceber. Ese instala também o respito com que deve ser acolhido © mensageiro que chega, 0 bebé Em uma igrejando se grita,Instintvamente baixamos a voz. Se existe um lugar santo, € aqui TEscuridlo,slfneto, o que mais € preciso? Pacitncia’ Ou, mais exatamente, 0 aprendizado de uma extrema lemidao. Proxima da imobilidade. Sem a possiblidade de chegar a essa lentido, pode esperar sucesso, Nao podemos nos comunicar com o bebé Accitar essa lentidio, penetrar nel, retardar-se 6 ainda um exerci, exige uma preparagto. ‘Tanto para 8 muller como para os que assstem. Pra tor sucesso, & preciso compreender, mais ‘uma vez, o mundo estranho do onde vent o bebe Ele avangou eentimetro por centimeto, talvez menos, em sua desida para o inferno. Com movimentos ‘que, tendo cada vez menos amplitude, armazenavam cada vez mais forga, acumulando, aos poucos, uma energia sconsiderdvel ‘Sem fazer a experigncia dessa extrema lentido no préprio corpo, impossivel compreender © nascimento, Ampossivel encontrar o reeém-nascdo, 60, Para quo esta compreeno esto enconto se fag, é precio sai do tempo, Sti denaso tempo, Do hibit, do gosta foo pessoal que tos de sentt0 psa, de soa urando preciptad Senso tempo © 0 Yep do rocemnesigosfo quase inconcivet ‘Um € coum lend prima da imobiidade DO onto, o nos, €asitagio proxi do fenéico, ‘ifm ise, nanva estamos age Estamos sempre em cout lugar, No passao, nas lmbrangas. No far, Sos projets. vamos sare antes 08 depois. Nunca nore Para encontrar o reeéa-nascido,€ precio ssi da nono tempo, qu core frost. Iso pree impose Const do tempo, de svas oss furiosas? Muito simpestente B preciso ester og ; Estar ei, como #8 fo cxatse mas four, ou depois Spies aa de que 95 cosas tertinam, Shs um outa ence nos eer, &sulente pare ido E procs “star aqui como no fim dos tempos, Fo fim dos tempos, orgs ext 60 comes ‘Una vez mais, tao € mito simples E aparentement, impose ‘Como consaro inconslve, fae com gue o zero co infitito se encotrem? ‘Com uma stengio epeixonas © obeervadordesobre 0 recernacid, qv na senda nunc tna visto. E experiments tl sorpres Gus esque do, Ele mesmo, inclusive le dssoparcee Nio bi mae observador Hbapenas a ctince ‘Avelha, eters usa divsio entre aervador «cof observada desaparee "Rests aponaso bebs qu €contemplado. Nfo com 0 aque sabemos ast resto, ge aprendemos, que nos 61 dissram, que Jemos. Contemplamolo tl como ce &, Olhamos para ele. Ov melor, deixamo-nosivadit por ele. Sem referencias, Sem juizos prévios. Em toda a hein ab o's none 0 obstetratransformou-se no reeémnasido. Reviveu sua obsesio,revieu seu nascimento Reencontrou a purea. ‘Sem o saber, salu do tempo. Esti com a ciangay no liar da eeridads. ‘Mes acho que estou voundo, avangando demais ‘amos esperar pela erianga Veiamos. Tudo esti pronto: penumbia, sléaco, recolhimento, © tempo parou, A ctianga pode chegar. Aiesté ele! Comega a sar. . Primero a cabega, Depois os bragos, que ajudamos a desprender introduzino um éedo sob indo o bebé dessa forma, vamos igilo tal como se tirdssemos alguém para fora de um pogo. Nao The tocamos a eabecal Eo deitamos diretamente sobre fo ventre da mie. ‘Que jeito melhor para receber a crianga? O ventre da sulher tem a forma e o tamanho exato do bebe Dilatado momentos antes, vazio agora, parece esperar, como um ninho, acrianga, a Além disso a tepidez, a maciez, faz com que suba «despa a0 ritmo da respirasio, a dogura, o calor vivo da. pele, tudo faz do ventre da mie o melhor lugar para colocar 0 bebé Finalmente isto & muito importante, a proximidade permite que 0 cordo umbilical se conserve intact. 9 Cortar 0 cordio logo que a crianca sai do ventre materno é um ato de grande erueldade. E cujos efeitos sio ral avaliados, ‘Conservé-lo intacto enquanto pulss, transforma nascimento, ‘Obciga, em primeiro lugar, o obstetra a ser pacente convidé-o, bem como amie, a respetar 0 ritmo da crianga [Na verdade, € bem mais que isso. 3a dissemos, 0 ar, a0 penetrar nos pulindes, provocs como que uma queimadura, orés, hi mals. Accrianga, antes de nasoer, vivia na unidade ‘io fazia qualquer distingio entre o mundo e ela mesma, pois fora dentro, era tudo a mesma cols. Fgnorava ‘9s contririos, Nao sabia nada sobre fio, por exemplo, Frio, que ésimplesmente 0 opesto do calor. A temperatura {20 corpo do bebs, a mesma do corpo da mde, estrtamente a mesma, 0 impedia de perceberdiferencas ou separagoes. ‘Antes do nascimento, portanto, no existia nem interior nem exterior, nem frio nem calor. ‘Ao chegar a0 mundo, © reeém-nascido cai fo reine. 08 vontrrios, onde tudo € bom ov may, agradével OU ddesagradével,folerivel ou intolerével, seco ou rmalhado .. Ele dascobre esses opostos, to inseparévels {quanta irmos inimigos. 6 SOCCER OOEEOSSOEEHOOOHSSEHLECEOEOE E como a crianga entra neste reino de contrdvios? Pelos sentidos? Nao. Isto ver apenas mais tarde. pela respirago quo & crianga entra no reino dos ‘posts. Respirando pela primeira vez, ultrapassa uma fontira, Bente, Tnspra, E desta inspiragdo nasce seu eontrésio, aexpiragio. Que por sua vez Esta langado para toda a vida nesta inermindvel xclag%0, 0 prdprio principio deste mundo onde tudo ao passa de rspiracio, de balango, onde tudo, tternamente, nasce de seu contrario, o dia da noite, 0 vero do inverno, a pobreza da rigueza 2 forga da humildade. ‘Sem fim, sem comeco. 10 Respira € fica em unlssono com a criagio, & estar de acordo com o universal e sua eterna osciacio. De una forma bem mais simples, € absorver oxigénio exper residuos. Gls carbinico exsencialmente. ‘Mas nesta simples troca dois mundos se encontram, se aproximam um do outto,tentam misturarse, tocarse: (© mundo interior ¢ 0 mundo exterior. Dois mundos, agora separados, tentam reencontfarse, unis: 0 de dentro, do organism, 0 pequeno eu € 0 vasto mundo, [Nos pulmées chegam o sangue que sobe das profundezas 0 arque vem de cima. Exe at, este sangue, afluem um para 6 outro, vidos por misturarse ‘Mas nio podem, pois estio separados por uma parede, a fina membrana dos alvéoles. «8 E um e outro suspiram apts perder a unidade, © sangue, portanto, chega aos pulmées sombrio, esvaziado de oxigénio, pesado de residuos, gis carbénico e outros que 0 tornam velho, sem forgas, moribundo. Nos pulmbes, ‘val se desembaragar do cansaco, recarregar'se de energia juventude ‘Transfigurado por esta pdssagem pela Fonte da Juventude, voli & partis, vio, rico e vermelho, Mergulha ‘ovamenté nas protundezas, distibui suas riquezas. Enche-se, mais uma vez, de deetos. Retorna ao pulmo, regenera-se ... Eo cilo coatinua, indefinidament. ‘Quanto 0 coragdo, anima o movimento, enviando © sangue regenerado para os tecidos que precisam dele, 20 longo do que se chama grande cireulaedo. Enquanto reenvia, em movimento oposto mas sincronico, o sangue velho e usado para a Fonte da Juventude, os pulmées. Ao Tongo do que se chama poquena circulaglo Grande circulagdo pelo comprimento dos trajetos que conduzem o sangue do coragao aos limites do reino: cabege, extremidades dos membros, vsoeras. Pequena circulagdo pela brevidade do trajeto que conduz o sangue do coraglo aos pulmées e 0 reconduz ao primeiro Como as coisas se passam para o feto, cujos pulmées ainda néo funcionam? (© sangue do feto tem necessidade, como o nosso, de se regenera, Para faz, recorre 2 placenta. Placenta que, entre outras cosas, faz as vezes de pulmo. © sangue chegs‘e sai por meio do cordio constitido apenas por trés vasos, uma velae duas artérias com um involucr, ( sangue se regenera na placenta, nfo ein contato com ‘ar, mas em contato com o sangue da mie e este, nos pulmdes da mulher. E assim por diate ‘A mile respira pelo bebé. Da mesma forma, come por ele, carrega-, abriga-o. Dorme, sons. Faz tudo por ele 6 ‘Acctianga, anes do nascimento, ndo esté numa ependénciaabsoluta? Por orasiio do nascimento, o que acontece? Uma aventura extraordiniria, uma agitaclo, uma revolugto: fo sengue que, até entlo, in pelo corddo umbilical, aventurase através dos jovens pulses! DDeixa a vetha estrads, a via familiar. Abandona camino da mie. ‘Ao respirar, 20 oxigenar 0 sangus por seus préprios pulmes, a erianga assume asi mesina E prociama: "Mulher, a no tenho mais necessidade de tit “Entre mim e minna Mie onde buscavas a vida para rim ¢ para ti, nfo hi mais intermedidrio. 14 quero tha ajuda! “Bebo hoje, sozinho, a propria Vida." 2 iso que a crianca proclama ao, resprar. E apenas um primero passo, Para tudo, menos para o ar, a crianga depende totalmente da mie. ‘Mas é diregdo.o que import Respirando, a cianga toma o caminho da independéncia, ‘da autonomia, da liberdade. Ap mesmo tempo que salta da ‘eternidade para 0 tempo, E da continuidade para oseilacto. ‘Mas o sangue abendona de modo imediato rude © velho caininho cordlo-placenta? Isto acontece de repente? Laas como um ouco nos putes? Depende Eat est toda a questi. Essa pussagem pode se fazer Jentamente, com dogura, ou de modo brutal, em plnicoe terror; e © nascimento se torna um despertartrangilo... ov se transforma em tragédia, 0 uW A natureza nl di saltos, costumnase di O nascimento é um salto. E uma medanga de mundo, de nivel ‘Como resolver a contradigéo? Como a natureza se prepara para tornar mais suave ume passagem que se amuncia rude? ‘Muito simplesmente. ‘A natuzeza é mie sovera mas amorosa. Nés desconheceinos suas intengGes. Depois 2 censurazos. No que se refere ao naseimento, tudo esta em condigaes para que 0 salto, a aterrisagem, se faca com a leveza desea Tnsistes, com justica, no perigo que a criansa corre a0 nascer. Este perigo & a vianose. “A cianose € a falta Go precioso oxigenio, especialmente necessério ao sistema nervo. Se a crianga softer falta de oxigénio, ocorrerio anos irepardveis para o cérebro. E sera uma pessoa ‘maread para o resio da vida. “Assim, ao master, a erianga no deve, de mancira nenhuma, softer falta de oxigénio. Nem por um instante. Eo que nos dizem os sitios ‘A natureza tem exatamente ¢ mesma opinido sobre o assunto, Tanto que dispbs as coisas de tal Forma que, durante 6 nascimento, a crianga soja oxigenada duas ‘vezes em lugar de uma pelos pulmoes ¢ pelo cords. ‘Dois sistemas funcionanda juntos, ums suprindo as falas do outro: 0 antigo, 0 cordio, continua & okigenar a erianga até que © novo, 0 pulmo, assuma plenamente a treta ‘A ctianga, logo que nasce, que sui da mae, permanece igada a ela pelo cordio que continua 1 pulsar vigorosamente por longos minutos. Quatro. cinco, as veres ais. (Oxigenada por esie cordto, livre de cianose, a 2 e e e e e e e e e . e e e ° e s ry e e e e e e e e ° . ° e ° cranga pode, sem perigo ¢ sem choques, acomodar-se Arespiragdo. A sua maneira. Sem precpitagd. sangue, por outro lado, tem calm para deixar seu antigo caminho (que levava 2 placenta) e para assumir,progressivamente, a circulagdo pulmonar. Durante esse tempo, paralelamente, um orifiio se fecha no coracia, obturando definitvamente 0 camino do pasado. Em suma, durante quatro ou cinco minutos, em média, o recér-nassido permanece suspenso entre dois mundos, Oxigenao por Joi lado, passa {eum a outro progressivamente, sem brutalidade. E o ‘ouvimos chorar muito pouco. ‘0 que foi preciso para conseguir o milagre? ‘Apenas um pouco de paciéneia. Apenas nio fazer ‘nada bruscamente. Saber esperar. Saber dar & ‘ange tempo para insalarse. Légico que ¢ nevessirio teinamento. Do comirario, como ficar cinco longos minutos sem fazer nada? Quando tudo nos impele em sentido contério, A distragio, of automatismos, 0 Bgbto. E nossa tetera impacieacia, 12 Para a erianga, a diferenga € imensa 0 fato de cortar ou nio, imediatameate, 0 cordio umbilical, muda per completo maneira como Se extabelece a respiragio, E portanto, 0 proprio gosto da vida. Se 0 corte é feito logo apts a saida do bebé, o cerebro ser brutalmenteprivado de oxigénio. ‘O sistema de alarme funciona. Todo o organismo reage, Ea resptagGo se inicia como resposta & agresso. ‘Tudo, na mimica da crianca, na agitagio n frenétca de seu corp, no tom de sus gritos, mostra 4 dimensio do pico, dos esforgos que faz para escaper CChegando & via, encontra a morte. E 6 para escapar que se langa & respragso. Respira, para a crianga, &horevel, & 0 pict que pode acontecer. ‘Ai esti o primero reflex condicionado que une baa sere repacio cana, Denar mle ‘Admirivel ine de vidal ‘8 cringa chepa & margem como alguém que escapa de_um nautégi. Desperta para o mundo como se acordasse de um pesadelo Por auto lado, faz 8 primeira experiécia de escolha, un prvlégio d8 homer, 0 que oferecemos a0 bebe como primeira prova? Mone queimado ou afogado! ® pe Se respira a plenos pulmées, como o forgamos, cortando imediatamente 0 corde, 0 fogoo invade Seno respira, so ta contra as chamas, enfrenta a asfniao afogamento, com toda sua angina que angistia! Qualquer um pode facilmente sentcthe 6 gost, a dmensfo: bata tapa a boca eo nariz “Trinta segundos, nfo mals, chegam para que 0 coragéo enlouqueca, que o’pinio io presi iniain 13 Como ficam as coisas quando nos abstemos de intervir e conservamos 0 cordio? Duplamente oxigenado, o eérebro do,bebé no sente, em nenhum momento, falta de oxjgénio. Nada faz funclonar o sistema de alarme, ‘Nem agressio, nem cianose, nem pinico, nem angiista B 0099 SOC COOOEEOSHOCOHSOOSODO OOO DUEL ‘Uma pussgem lent &progressva de um estado a outa sangue, por seu turno, muda de rote sem problenas Os pulmées nso sto forcados em nenhumn momento. Nem canter nem intenamente Quando a erianga nase, anga um gto. A cana tordxca, até enti comprmida ao extemo e bruscamente no mais bogueada,abrese. Um vaio ae erou © ar penetrou nea B a primeira inspiragao Que € um ato pass, também ta queimadura Feria, a erangs esponde exprando, Expulsa ar furiosamente E guta ‘De repent eno tudo cess Coma que estupefata por tanta dor, a eianga para games vrs, aes dss pst 0 eo ret Diante da pause, a nossa afico.E,habitalmente, palmaas, flagelato, castigo Mais eiclarecios ¢ contvland nosis impulos, confiantes na natureza e nas potentes batidas do cardio, fieamos sem inti. E vemos... a respiracio reiniiar po si mesa ‘De ino, hesitant pragente,enrecortada ‘A ctanga, oxigenada pelo condo, ganha tempo. E, da queimadura experiment justamente osoportvel. ira novamente. Recomeca. Habituase, respira, profundamente. Eiogo adquiteprazer pelo que, [Ee ineo, «hava Cert to erseimente Em poueo tempo. a resprasio ¢plena, ample, livre, alegre. A criana langov, 20 to, um grite. Ou dois. Ou sts Depos se ouve apenas set spiro intens, potente,perturbador, matcado por pequenos gemidos, Breves, ue sf exclamaytes de surpress, transbordaentos dz eneigia. Um pouco como os han que fazem os lenadores, os ltadores, ‘Ao suspiro se misturam os barlios que faz bebe com os labios, o naz, a garganta ‘Muitas ota, em suma, Toda una Tinguagem, " Mas nunca gritos de terror. Jamis gritos de desespero, de agonia, de hisieria ‘Quando uma erianga vem ao mundo, € preciso que gite, Sem divida nenhuma, Por que é necessirio que soluce? 14 A ctianga, sentindo prazer nessa experiéncia nova, esquece sem problema o mundo que seabou de deixar. ‘Sez um olhar para tris. Sem remorse. © bebe nasce como se saisse de um sono fli Por que se agarrar a0 passado se ests tio ‘bem em seu novo presente? Entio, quando enfim o cordao cessa debater, 6 cortads, [Na verdade, ndo se corta nada. E um lago ‘orto que cai por si mesmo. ‘Acetlanga nfo fot arrancada da mie. Uma e outra simplesmente se separaram, ‘Quando, mais tarde, a crianca der os primeicos passos, aventurando-se no mundo sobre dois pés, amie The ofereceri'o apoio da prépria firmeza "A crianga, frag ainda sobre as pernas, encontrar apoio na mio da mae, Deixe-a, peba-, torna a deixé-ta AUG que um dia, finalimente firme sobre as prOprias pemas, esquece 0 apoio, a mo que continua & disposigtd, estendida, por muito tempo, ‘A milo pode agora desaparecer. A crianga nfo precisa mais dela Existiria me capaa de setrar a mlo quando a crianga ainda nio estivesce firme? Pensaria em apressar (9s progressos s6 para Ihe dar 0 gosto de parar de pé? ‘Talver Ihe causa tal avorsio que ela nunca mais quisesse usar as pernas! 15 COCO HEHOOCEEOOOOOOOO OOOO OE SOOOCLES®S Aconteve o mesmo em felagZo ao cordio umbilical Por meio dele, a mie acompanha os “primeiros passos* do bb no mundo da respiracio. Respira ainda para ele até que esteja solidamente instalado em seu novo dominio. Cortat 0 cordio ao primero grito & 0 mesmo que retrar 1 mio aos primeiros passos, ob ‘Como & preciso respetar esse momento frig, o instante do naseimento! A crianga esté entre dois mundos. Em uma fronteira, Ela besta, Nao faga a8 coisas bruscamente. No a empuree, Deixea entrar Que momento. Que coisa estranha! Este pequeno ser aque no é mais um feo ndo € ainda um reeém-nascid. 0 est mais na mie, deixou-a. E ainda respira por ela B instante em que o passaro corre, asasabertas, ede sibit, apoiandose no ar, vo3, Quando detiow a terra, quando decolou? Néo se sabe Da mesma forma que ado se pode dizer quando a maré smontante comeca a dese. ‘Momento intangvel, impalpavel, instante do nascimento, em que acrianga dei a mie... Esse momento fégi,impercepuvel, nfo toquemos rele com mios groseiras, sem compreender. Deixemos mais para a crianca. Deixemos que ela aja, Somos rsticos. Nio entendemos nada dos nistérios. ‘A crianca vem do mistévio. Bla sabe. ‘Vejamos, ela chega& praia. As ondss ainda a carregam, Ea colocam um poueo mais acima, sobre a margem, Para finalmente abandonSa. std live. E sufocada por ito. 16 Nao a perturbe, Deixe, Deine que faga alguma coisa. Dé-the tempo. ‘Oso ee levanta de repente? [Nao existe, entte dia € noite, alba incerta, € a lenta, majestosa gloria da aurora? A lentiddo & gravidade do nascimento no devem ser tocadas [Esse momento miraculoso, que nos escapa, & como 0 fim de um sono: dormimos. E, de subito, porcebemos: “Ah! vou acordan” Estamos também entre dois mundos. {Um pé se retard e.permanece no jardim dos sonhos, CO outro toca a Borda do leita! COCO COOCOOOOOHOOOO EEO OOOO SOOOLOOO®E Até quando? Como saber? Estéalém do Tempo. E dest “jardim do além que a erianga chega 16 0 resto sto detahes Depois que a respiracdo se instal, tudo esté dito, tudo est feito. E tudo salu bem. Ou flhou. Para sempre. ‘Mas os detalhes, como sempre, nfo sfo sem importancia, Como coloear a erianga sobre ventze da mée? De lado, Ge bruges, de costas? ‘Nunca de costas! Assim a'coluna’seriaesticada bruscamente.E ela demorou tanto para se eurvar ‘As energias que acurule seriam Iiberadas com tal forca, tal violénia, que sua lberacio repentina seria intolerdvel “Mais uma vez, 6 preciso deixar a crianga desdobrar a coluna e ajitar as costas como prefer. Pois cada bebé j& chega com seu préprio cardter, ‘com seu temperamento, Hi os que, logo apés 6 nascimento, se estcam ' vigorosamente, se arqueiam, espicham os bragos diante de si. Sto eriangas fortes. Instalam-se nos novos dominios ‘Sus coluna se esticou de um golpe, assim como um arco potentemente envergado Tanga a fecha. ‘Acontece também que, abslados com a violéncia do chaque, espantadas com a propria audéca, voltam atrés © ddobram-se, fechamse, ‘Outros, de inicio enrolados, abrem-se progressivamente, Com muita prudéneia, aventuramse e se abrem, 8 © melhor € colocar a erianga de beugos, com as pernas e os bragos dobrados sob o corpo. E a posigto antiga, familia. E deixa, da melhor ‘maneira, 0 ventre respira. Permit também que a erianga evolua’a vontade, descontrsindosse, abrindo-se, cstirande-e, alongando-se Por outro lado, colocando a crianga de brugos, ‘vemos suas costs, podemos observar como respira Na verdade. a descontragio da coluna vertebral, 0 alargamento das costas eo inicio da respeagio fazem parte de um Unico process, Podemos ver e seguir a respiragdo, observando como invade todo 0 corpo da eriahga. Nao s6 a ‘aixa tordxiea, mas também 0 vente © prineipalmente (0s flancos. Esses flancos que, no adult, esto mortos hi tanto tempo. Logo o recém-nascido € apenas respragio. Vemos as ondas potentes percorrerem as costs de alto abaixo, e viee-verss, do crio ao eéecix. Parece que se v8 as sombras das vagas que ‘wouxeram a crianga a esta praia, ou se sents sollas ainda as ondas potents do tere, {a medida que oar invade o corpo do recém-nascido, screditamos ver uma planta, uma drvore ereser {Um brago, geralmente 0 direito, sai de baiko do vente! O brago se estende. A mao deslza,acaticia 0 ‘A mio volta, A outca se aventura. Lentamente ‘Como que surpresa de nfo encontrar oposigdo, Surpresa cde que 0 espago seja tio vasto, Parecem galhos que tfescem, que nascem da forga da respiragio, materializando a seiva abundante que anima esse twonco potente! Depois sio as pernas. Uma depois da outra, se alongam. Tém muito menos medo. Correm, empurram, langamse, ioueas por nio encontrar mais nada (que as retenha, que as faga para. np POOR COOOL COE COO OC OOCLOOE DO ORC COO “Tonto expire, tanto tara pars mses, pe fie da caver ents precio, para acaimarlieso pico, ofrecer poi, mali ive que rela a0 memo tempo em que ia ‘Res desparce, para obebt atror impesfo de perder 0 pe Depo tado se harmoniza, tnd se movinenta em conju, No hi pare do pequen corpo urn sa tomada plo movimento, Estrase cada vez com maior sal, cadaver commas gor B como & peso qu despa de um sono enc, Podese, gpa, ols bebt de ado Osmenbios feumaig vonad, A colina toma, sim, 2 euvatura que preter Fars io lntamene, judando osonoleao que cords sale um poco mais desu sono Aina € neces oferecerpontos de apoio, Colcase ua mo sob as nega do Dengue ota sistent ated cont, bom nlo tocar a cabers Ela € de una seaside extrema, Supoto o peso do drama do nascent, da ese aos afernon Ai 0 camino. Oulgue contro tera cies dornse ‘Quando se achar que dt tudo funciona, colacase finaene a eranga de costs ‘io par nba assim Ela agent mal odedobramento tonya da colon. Mas inpesente como capa pasta ‘Actianga ora et alma, fired Corts condi ogo gue css de bat Esamos proto part etapa spun: Vamos n08 pt ep, dear onto boon ‘anor prover verbstiade sla a postra do Homer e sua anti Mas aga tam € reco ealado.B precio senar a cana some mx lento, susetando 82 a cabeca insegura que os mésculos ainda néo firmam e que, sem nosse ajuda, balanga dolorosamente, aie Que longo camiano percoriemos! Samos das Aguas e tomas pe, N6s nos Jevantameos Deano po tj da iu se ‘oceanico, — 'Nés nos levantamos A terra nos eaega A terra nos ssn Mas do c,d Tua que vem a vida Erguendomnos, chamos a diego, sentido Disigimo-nos para nessa verdadeta fonte ue ests no alto, Que sobe no eu cada mani Para pereorter este cuminho que eva do mineral a0 homer, quanto tempo foi preciso! “Milhares, no, miles de anos Esse caminho, eduzida no tempo, a erangs, um relimpago, faz novaments a0 nasser ‘No €oeaso de espera alguns lastantes por aguilo em que a vida perdey tanto tempo? Favemos nossas proses corn? Eo que és prece seo o inverso do ceminho aque @ ctianga percore 20 nascer En qualquer eligi fils cova Interiormeate, apenas em intensfo, Ouse ajosta, curva seabeg,sntina © toca o solo com 3 fronte, com or bragosdabrados sobre o eto Baixese Demonsira obediets, Humithase, 83 SCCCOCHH CE EOOLEO HOO OOSSOOOTHSOOOOEE e e e e e . e e e COOHSCOHEOOSHO HOSEL HOSS OCOCEOSCOO LOLS COC COCO E ECE OS OOOO HOH OOOO OOOO OSOO® Boj oer. Subretese al Fazrde se, fshandoo corpo e opt, [Bla privado de lego, a postr © 0 etado a erianga antes do nascinento. Ent tendo nostado compet obec, tend oat soma fons Agua GUE 0 GATES, HE © fue, quem um ds, retorar, ou pron para ona. Connge sve es, ssendese. : Suse costs sabre se expandem Oarocuhe Somos clos ara oc, eavolsido pel ut carrgado pea insrgio, ee, sentndo fore que o eva. Sin, io € a ree Pea curt long caminho que vai do fundo das gus aravne era, 08 a, para bis ars. dro camino que a Vida prcomen equ tose efirao ns, eros owes proses comendo? | Engrs user no @ poss ms que vm instante! 18 tuna plea sob a fos qu sustentam ob. eles mis gus flamos a0 bebe, que nos comaniaos cm ‘tae preva linguage, aque presede a utr, oe ane. See etendee vem aps sent, Com 0 50 da passa ntelgtcia 2 este tto que, nos cogos,reencontra a acuidade Percebe-se loge como é importante 0 contato, a ‘mapeira de tocar a erianga 'E uma linguagem pele'2 pele. Desta pele da qual derivam os outros 6rgios dos sentidos. Que so como janclas, que sfo como aberturas nas paredes de pele (que n0s limitam e separam do mundo. Aberturas através das quai entramos em relagio com o “exterior". ‘A pele do reeém-nascido tem uma intligéncia, uma sensibilidade de que ndo svspeitamn. TE por meio desta pele que a crianga conhece 0 ‘undo: sua mae. E por toda a extensio de suas costas ue estava em contalo com o itero. Era daf que recebia informagies. ‘Quando dizomos que o passado ests atrés de ngs, nfo se trala apenas de uma imagem. B um fato, © ppassado esti nas costas! Através delas 0 mundo, a sie falava 8 crianga Ore, quando a crianca nase, de repente, nada mais existe! (© bebe esta nu como Adio, E mios o tocam! Mios que nio se parocem em nada com o ttero. Nio tém o mesmo calor, nem 0 mesmo peso, ‘em a mesma lentidio, nem a mesma forca. Nem 0 ritmo, Primeiro contato com o desconhecido, com o mundo, com 0 o1dro. Primeiea surpresa, primero horror Porque estas mios que tocam, que manipulam ctianca, estas mos jgnorantes, desatenciosss, aio tém rnenhuma nosio do que a crianca conheceu até entio, ‘As mios séo érgios de inteligénca, de vontade. (Obedecem a misculos estriados, Misculos da consciéncia, 4a rapidez, Seus movimentos sio vives, breve, para dizer broscas E aterrorizamts para o Bebé, que coneceu apenas ‘o movimento lento, continuo das visceras Como o infliz bebé ni ficsria em pinico com «este contato novo? Como tocar, manipular um reeémnascido? 93, COCO OCOHAHOSOSOEEOEOHOLOHOOOOOSOOD Muito simples: lembrando do que ele acaba de deixar. Tendo, uma vex mais, presente 0 Seguinte principio: tudo que & novo, destonhecido, terrorize. Tudo que € reconhecvel, tudo 0 que parece falar, acalme. De modo que, para acalmar, para pacifier a crianga no universo estranbo, incompreensvel, onde & subitamente langada, &necessério e suficente que as dos que a tocem falem uma linguagem "visceral". Dever, falar, tocar, como o stro o faze (Que significa isto? " ‘Bem simplesmente, as mos devem retomar a lentiddo, a continuidade do movimento de contragio teria, de “onda peistiltice”, Que durante meses @ range eonheceu a ponto de “tla na pele” ‘Eis porgue, também, ¢ preciso de inicio colocar 0 ‘bebé de brugos a fim de poder, massageando-, falar AS suas costs. Estas mios dover dizer © qué? O que a mie, no ‘ier, dizi. 'Na0 0 ttero do itimo momento, dtexo do trabalho de parto, 0 ter furioso, que expulsava, que escorragava, Maso titero do inicio, dos dias felzes. (© que estreitava lestamente, amorosamente, O itero aque abragava, O titer que era apenas amor. ‘Exisa uma relagdo amorosa, infnitamente sensual centre a mile e gerianga, entre 6 ero e sus resa E isto que précsamos reencontrar, dar & crianga algo assim como um eco do que conheceu durante tanto tempo. Que perdeu subitamentee cuja auséncia o angustia, "Nao se trata de ficgo nem de carci. & uma smassagem Torte, apoiada, mas muito feta "As mifos devem percorrer as costas do Bebé, uma aps 2 ovtra, sucedendosse como ondas, como vagas, sem intercupgbes, interminavelmente ‘Antes da mio terminar seu trajeto, 2 outra deve comesar, Vio, com um ritmo igual, até o fim do 94 ‘movimento. £ um ritmo que deve ser redescoberto, reaprendid. ‘Sem reencontrar essa lentido visceral, esta leatidao que, instinivamente, of amantes ular, ¢ impossvel e comunicar com a crianga Mas... dirdo todos, woo! esta fazendo amor com essa crianga! Quase. Fazer amor é retornar ao Paraiso, é mergulhar no mundo de antes do nascimento, de antes da grande separacio. E reencontrar a leniddo primordial, o ritmo ego e todorpoderoso do mundo visceral, do grande oceano. Fazer amor é a grande regressio, ‘Aqui 0 contro. Trats-e de ir adiante. De facilitar a passagem, tornando-a aceitavel, agradavel, dliciosa, e nfo terrifcante,repulsiva, ‘0 que fazemos agui é acalmar a angistia de um expatriamento total, prolonganda um estado no n0v0 estado, £ acompanhar a erianga. acalmabla fazendo corter ainda sobre suas costs a sombre da onda Uuterina que conheceu e terminou por amar durante tanto tempo. De resto, sera preciso renovar essa massagem Ienta « sabia seguidamente ‘Sim, fazer amor é o reméiio soberano para a angéstia, é reencontrat a paz ea harmonia, No desasre que € 0 nascimento, no & justo usar esse soberano modo de encontrar a paz? 19 Isto para o ritmo, para o movimento ‘As mos também podem ficar simplesmente iméveis. “Através das mios que o tocam, 0 bebé sente tudo: nervosismo ou calma, falta de jeito ou seguranca, temura ou violencia 95 - PPOOCEESEHHOHHOHSOSOHHSOOSESOOOOOES COCO OOHHOCOEOSOLOS HOO OS ESECESSEOEOS Ble sabe seas mos o amam., Ou se sio distaidas. ‘Ou pior, se nfo querem saber dele Entre mos aentas, amorosas, a crianca se abandona, se abre. ‘Entre mos rudes, hosts, ela se retrai, bloqueia-se, fechas. De sorte que antes de se movimentar para seguir as vagas que percorrem 0 pequeno corpo, é Suliclente deinar as mos iméves sobre criange Mis que no sejam inertes, distaidas, auentes, mos que nio estejam longe. Mis atenta,vivas, vigilantes, que sigam o menor movimento da evianga ‘MGs leves. Que ndo comandam. Que ni pedem. Que simplesmente estéo I. LLeves, mas pesadas com sua carga de ternura, E de sino, 20 (Que mios deve segurar a erianga? As da mie, evidentemente. Com a condigio de que estas més ssibam tudo 0 que acabou de ser dito. E que nfo se aprende, Mas se esquece ffeil (Quantas mies batem no filho! Ou o sacodem, sacreditando embalar a erianga, ou o acariciam . ‘Quantas mies tém méos rudes, mortas, sem intelgénciat ‘Quantas mulheres, submersas em suas prdprias emocées, sufocam, abafam a crianga! Felizmente, a mulher que teve sucesso no parto sem dot uma mulher que conhece as reagdes do proprio corpo. E ser capaz de pega, de tocar no fiho Precisou, para ter sucesso no dificil exercicio 102 de dar & luz coi alegta, redescobrir 0 peéprio corpo. Soube controlar scus impulsos desencontrados. Estou certo de que essa mulher, apesar da alegria ‘que a invade, saberd como tratar 2 crianga, Ela deve se lembrar, quando colocam o reeém- snascio sobre seu ventre, quando pée as mios sobre ek “Minha prova terminou, Mas nfo a de mex filko.” Ao conttério. O parto terminou, mas 6 nascimento comega. A erianga se aconda do primeiro sono. Esti no primeiro passo de uma aventura sem sentido, Esta cheia de medo. Medo que conheti. E sei como é desnecessrio, ¢ quanto mal pode eausar & crianga Deste medo quero preservar a crianga Nio se mexe ein nada. Nao se acrescenta softimento 40s problemas ¢ ao plinico do bebs. Eu provel as virtudes do silncio e da imobilidade Devemos simplesnente estar presentes. Sem movimento Sem impacigncia. Sem perguntat. ‘Antes de mais nada, nio aumentar 0 pinico, Nio saseustar. Pela crianga, por verdadeiro amor, ndo ego‘sta « mulher simplesmente colocaré as mos, Sem mexé-as. ‘Mias im6vels. Nao exaltadas, agitadas, tremendo de emogio. Mas calmas, loves. Mis de paz, través dessas maos-passamn ondas de amor, que scalmam os remorsos do bebé, 2 Remorsos? Remorsos, sim. Mais uma surpresa. Um rnascido ter medo, angsti, isto eu acsito, voce ir, Mas remorsos! 103 COSC CCS O SLES O OLE LOOSE DO CC EEOOLOS No entanto, é assim Em geral, a idéia que se faz do nascimento 6 de que a crianga nio participa dele pessoalmente INég a vemos suportar passivammente a expulsio. amie que faz todo o trabalho, ou antes, é a contragio tering 'Nio € nada disso. - (Os gregos pensivam, com Hipécrates, que era a ctianga que procurava nascer Diziam que no fim da gravidezfeltava alimento para o bebé. Sentindo a vida ameacada, precisava ‘deixar a eavera obseurd que o abeigara até enti. Procurava sur. E para isso, empurravacse com os pés, tentando abrir eaminho para a Iberdade. CCostumamos rir destasestérias, assim como rimos dos desejos das mulheres grividas e de sua influéncia sobre a crianca. Para, afinal,reconhecer -.. que tudo 6 poreitamente verdadero. Descobrimos, hoje, que 0 estimulo que inicia © trabalho de parto vem do bebé, exatamente como diziam 0s antigos. E sabemos que a crianga, na verdade, luta 2 faz esforgo para nascer. ‘A aceleragdo de seus batimentos cardiacds traduz a0 mesmo tempo 0 esforgo considerdvel que faz © 0 terror que experiments Eas mies atentase que se fornam conscientes do que se passa em seu corpo sentem perfeitamente ‘9 momento em que, quando comeram os grandes esforgos Ge expulsio, a rianca comeca a fazer, por seu turno, cesforgos devesperados, ‘© bebé, portant, lta. E lutaferozmente Luta pela vide. E um combate de vida ou de morte. € ela ou ele 'E quando subitamente sai, quando genha a batalha, a mie desaparecs. (© bebé experimenta uma angista intolerével: “Ext vivo, mas mate minha mée! Estou aqui. sas minha mie ni esté mais!” ‘Pareceincrivel, No entanto,& assim. 106 | Os qu revtram o pro nassimento pede, Por iso, & preciso imediatamente paeifiar, dar sepuraniga a0 bebé ‘A tide, através de suas mos iméveis mas cheias de ternura, diz, sem palavras, a0 bebé: Vio tema nada, estou agui. Estamos salvos, estamos vivos, voce e eu." 22 Esse primeiro contato ... como é importante esse primeiro encontro da mle com a criangal “Muitas mes nfo sabem tocar o filho. Mais ‘atamente, no ousam. Ficam paralisadas, ‘Majtas no fm coragem de confess. Nem mesmo estardo ‘conscientes. Mas, para quem sabe observar, a coisa no passa despercebida, ‘Etmerece que pares por um instante [Nao é que a mulher nao saiba, Mas qualquer coisa a faz parar. Uma inibigio profunds. ‘Esta erianga que acaba de nascer sai do que © pudor nos faz chamar, por um eurioso eufemismo, “vias naturis". Essas vias aida que “naturas”, a educapio ‘nos condicionou a achar sujas. A rejetar. E@ nunca falar dlas. ‘A crianga salu de 1 Ente bebe, sm, salu de uma regiao do corpo ‘que costumamos ignorar, que no olhamos, que no Togtramos, que nlo tocamos. Que nfo deveriaexisti! "Nao chamamos de "vergonhas” a regio de onde vem a erianga? “Toda crianga experiventa uma atragdo natural por essa parte do corpo. E necessirio comesar por af a educasto, 107 “etn Nog nn pronto be s0 spend spa amine, ce soba {Braden atin 0 gue pce, tour in eosnauat vaso re eslogs noma We B cho la fle i bet Tear nae? ipl oa pra megs vem de deo do tao etd, ano seo into Godan pepe Mas te expo extra scab ince in cobb fap ana "A mulher sentese invadida por uma alegra indizivel. ‘A velha dstingo entre bera e mal, entre limpo e sujo, entre permitido e proibido, acaba de ale. ‘De eepente, as cosas se tornam to simples! S30 apenas 0 que sfo. Nada mais, Pela primeira vez. E epois de tanto tempo! 108 | oo Nenhum trapo de medo. Tocando seu bebE € que a iulher enfim, reencontra. Os dois sees se fundem. Para ela, o interior ¢ 0 exterior se uniram, 23 E-nés, onde estamos? Voltemos & crianga. Que respira cordio estécortado. Tudo isto ficou para tis Como passou o tempo! ‘Quanto? Parece que foram anos, ou séculos. Mas, no reldgio? Trés minutes, seis, ou mais. Mas de uma atengso tio completa gue reencontramos Do bebé e, com el, estivemos fora do tempo. Onde estamos? Esta calma, este silencio, contrastamn ‘com os gritos do naseimento, ‘Assim como a trangilidade do parto sem dor nos deinainerédulos e preocupados, a paz, a serenidade deste nascimento nos pega de surpesa fg Sem; natoralmene,qoe R80 se ousa mals falar, Por prodigiosos que sejam esta calma, este sléncio, rmaraviha maior nos espera ‘A crianca Vai deixar sua mie, agora. Uma (s dois se reencontraram, se redescobriram, Vio separarse. ‘Um novo passo da exianca no caminho da liberdade. E preciso ter cuidado com mais esse passo essencial. ‘Onde colocar o bebé? Como fazer para que a separagio ‘io seja um choque, mas uma alegria? ‘Como dissipar de uma vez por todas esse medo que se sente ainda tio perto? Como desfazer todos 08 nés, as tenses apenas perceptiveis, mas que ainda esto I, fe sentimos erm suas costs? 109 COCO OCHO OOOO ODOOEOOOSOOOOHE CEO OOOE ‘Maito simplesmente: a crianga deixa 0 calor, @ ddovura do ventrematerno. Vamos fazer com que reencontre ‘um calor, uma dogura parecidos. 'Nio a cologuemos no frioe na rgidez de um prato de balangal Nem nas roupas, n0s tecidos, bem rues em relagGo a docura, ao calor de um veatre. ‘Que fazer? Nada, parece, € adequado Sim, como nao! ‘Coloquentos a crianga, ou melhor, vamos ecolocéa na dua. Ela vem dat! As diguas maternas o carregaram, scariiaram, embalarans. Fizeram-na leve como um péssaro, ‘Um banho é preparado em uma banbeirinha, A temperatura do corpo, ou um pouco mais trinta eoito, ‘wintae nove graus. Colocamos 0 Bebé na banheira Mais uma vez, com grande lentido. ‘A medida que o bebe mergulha, a gravidade se anula, A crlanga torna a perder o corpo que a opcimia Este corpo novo, com seu fardo de angistis. ‘A erianga flutua! Mais uma vez, imateral, Leve, E live como nos belos dias distantes da gravide2, (quando podiabrinear,gesticular& vontade num Slimitado. ‘ua surprese, sua alegria, nfo tém Times, ‘Reencontrando seus elementos, sva levee, esquece © que acaba de deixar, Esquece @ me, Torna a entrar nela ‘A primeira separagio, longe de ser uma dilaceracio, tomase um Bringuedo, uma alegria. "AS miios que sustentam a crianga no banho sentem ‘0 pequeno corpo se abandonar completamente. O que podia subsistir de temor, de contragéo, de tensfo, agora funde-se ‘como neve a9 sol, Tudo o que no corpo do bebl ainda era lansioso,retraido, bloqueado, pOose a viver, a dangar. , milage, a crianga abre grandes olhos, Exe primeiro olhar éinesquecive. (Os imensos, graves, intensos, rofundos olhos inem: ‘Onde estou? O que me aconteceu?" nz | i Sentimos, ent, tal stengio, tl presenga, tal sutpresa,tentas questdes, que nos confundimos. ‘Descobrimos que. sem divida nenkuma, um ser esti junto de nds, E que antes se escondia atrds do meda. Vernos que era 0 terror que o manta de ‘othos fechados, ‘Vemos (como se iso nio Fosse evident) que, Jonge de ser um comero, 0 nassimento € uina passagem. E este ser que nos olha. que interroga, jf era hi muito tempo, Todos 05 que asitiram a esses nascimentos, que viram esses los se abrirem, que sentiram o peso de suas perguntas, todos exclamaram com a mesma ingénua fneredatdade “Mas ni € possvel... le Que ele veja no sentida que atribuimes & viséo, no €9 caso: 0 recéo-nascido nio forma imagens como n6s, (Que se comuniea sezundo uma modalidade que The € propria, da qual temos apenas lembrangas longinquas, Isto é fora de divida "Um recémnascido & cego, nfo ouve, ndo sent, ‘Também ndo tem consciéneia, Como woot quer qu, nesta dade Diainte da interrogacao « da intensidade desses olhos. um sorriso. Que nos enche de vergonha, 24 Nadia pode exceder o que se segue em matéia de Aeslumbramento Livre do medo, tendo passado a surpiesa, aceitendo o ‘ovo como um eneantamento, a crianga, dentro de seu elemento, inspeciona o mundo, ‘O movimento a invade inteiramente, A cabeca gira, para 2 direita, para a esquerda. Vai até 0 limite das.possibilidades de tore do pescoco. 13 5 POCO COS TERS OOCOSHOOHOSHEHESOOEOO OOS 2008 DOO OOOHOSOEOHOOOCOOHOOO OOO OLOS ‘A face se transfoma num perl pertt ‘Armio se anima, Abrese, fechose. Emer, dina an deta. Expos o brajo. A mio seats © SF, apalpao expo, el (tee mao também s leveta,Descreve un arabeico, toma a descr. “As dots brincam juts, Encontramse, apertams, ma se movimenta, a outra corre atrés. Tornam a encontrarae, eset, separanse novamente ‘hs ezs tuna para e sone. bres, fech-se com me lento marnka. A outa também son Os dois sonhos se balengam, As ios io como flores que Se bre. Anzinonas do mar repiem a0 ritmo lent € Tabular das cies Go oceino, saci por nvsvls coments “hs peas, de inicio temerosas, © que permaneciam obras, no ovsanco etre na binders, por 38 Xexseanmam, Um pe parte brscamente, Doi 0 Duo, tocando wborda Ga banter. Teo 0 corpo do tebe reve, Depos, ele adgire o prazer da aventura. Recomega. Era uma alge um psie. Agora, transforma em carangueo, Brine! Nie fn nem dex minutos que nseeut Toto ete tale desenolvese em profundo siacio,enteortado apenas por breves gies, tio ieverque sf como exclamacdes de surpresa sear Ore grave, ors rica, merguthado em sua deco, 0 beds expr, sons 0 epago, dete, fore, Com uma stnguo qe ndo tem falas, Una steno ingbeel que ao conece o fagelo da dstasi0, “otaimente dene, expetador apaixonado do prio corpo, em squid, descobrepossiiidades. Tez, bemavenurada clnga,€ apenas nie, continuidade, totaled, Nea pont de seu corpo fica fora da aggo, Tudo se mexe Tudo Se move, vie junto, a mals completa harmonia Come nie invja 0 Se, como nfo ter cies dele, 6 as qu tomos feito de peas ¢ de pao, FN ge pedemos esa Snddeprintva,Nés Que somos apenas ene etaan NG gues cna ake act en ‘Nghe somos smpesmene incapans de enar aati Agora face se anima: A bce sabre, fechas conti: avangar, gansta sa E guand, fmt, Como por sat, a mio econ Sack dea pore, eat boa, a coun eee nla, O oles saga com paver "Ail ora parr Percore mais una vez 0 cage aa eae ei» oc fo é mals apenas o dado que 3 can pie sia toda a mio, se pudesse. p ‘Sin, 60 ard doe ree. © novo mundo € um lugar eacntdo, Como poets sean tr sudade do pasado? Se dvd, erin onstos eed: a Fo, fora ee sada no fer sun spared Pout inp, Tidocomeyo to bn gue eianga tom pra spre o gos pela aventura ‘Nada masa asst of monsos poem i Saber eatentt oe Guat tempo deveve dear acing no bao? igs gue dove des preco ser que a dsenso fo complet, gue sn ia core ha «mena ae, a enor hsp, # menor eso tenor cont a menor diivida. oe prec peresber que tudo se mexe, que dose mowient, gi 00 et see. 17 eccccce 25 Agora que todo o terror se dssipov, agora ‘que a passagem & © passado foram esquecidos, & tempo de deixar o elemento liquido e suas seduces. Deixemos, mais uma vez, 0 mar. Aportemos. Vamos colocar pé firme aa margem ‘Quarto passo no caminho do nascimento. Quarta etapa ‘A ctlanca vai emergir, nascer mais uma vez. [Em seu novo elemento, Mas conscientemente 13 POOH OOO OOOCEEE COOOL OO OC OE OO OCC CECE. Saindo da égua, reencontra eu novo meste, seu novo tirano: 0 peso, Eo novo fardo que 0 corpo representa, Para que nio se sinta mal, para que, de boa vontade, aceite 0s novos lagos, & preciso, uma vez mais, que tudo seja um bringuedo. E preciso que a crianga enconte prazer. Primeio, deve ser retizada lentamente da égua. ‘Tio lentamente como foi mergulhada. Reencontra o peso do corpo, Langa um grito. Tormamos a imergila, O ‘corpo toma a desaperecer. Fezemos com que saia, ’A sensagio & forte. Nio é mais nova. Tonase agradivel, depois de sé tornar conhecida. Tio forte agradivel que todas as crangas do mundo gostardo de sent-la novamtente. © jogo universal do esconde- ‘esconde no é nada mais que perderse e reencontr ‘A balanga, que torna o corpo pesado, depois lve, também ndo passa de uma brincadeira como peso que, como no primeira dia, € acentuado, liberado, acentuado, Tiberado Familiaizada, somtindo prazer nas sensacées novas, a crianga pode agora deixar 0 banho sem problemas. 5 CColocemos o reéimnascido sobre uma toalha previamente squecida, Envolvemos seu corpo em slgodo eli. O mundo é fro! Deixamos a descoberto a eabera e as mos, que devem conservar a liberdade de movimentos para brincar. Colocantos o bebe de lado. Nao de eostas.J4 sabemos por qué. "Nessa posigdo, as permas os bragos se movimentam A vontade, O abdome pode respira. A cabesa também se volta som dificuldade. ‘Devers tomar todo o cuidado para apoiare calgar ‘o bebé. Porgue suas costas percebem “qualquer coisa” e sentemse seguras dessa maneira Eo deixamos, Quinto passo, quinta etapa no camino do nascimento. Pla primeira vex aerianca estés6, E descobre . a imobilidade 124 | Experiénciaextradedindvia! E alerrorizante mais uma ver, por sua absoluta novidade, ‘Durante nove meses, como Ulises, a crianga percorreu os mares, Sou universo era mével, no cessava ‘dese mexer. Ora ternamente, ora terivelmente, O corpo dda mie io estava sempre em movimento? E quando ela estava imével ou dormia, 0 grande vento de sua respiragio, de seu diafragma, sempre a agitava, ‘A erlanga vivel num movimento perpétuo. Ora doce, ora brutal. E mais freqlientemente tempestade que Iago cencantado, ‘Agora, uma transformagio verdadeiramente espantosa, tudo parou! ' ela primeira ver! Nada mais se mexe, O universo morreu, congelouse. No decurso de suas longas viagens, no longinguo passedo, a evianga nunca fez esta experiéncia, Eo desconhecido. ‘Aterrorizado pela novidade, o beb§ comega a gritar. Mais tarde, cada vez que tomar conseiéncia da imobilidade do mundo e da sua soliddo, o mesmo panied 6 invadiri. Vollaré chorar. A angistia ndo vem tanto {e estar 86. & mais por sentir o universo mort, Preso no fio de imobilidade Serd acalentado. E reencontrard a querida, a maldita tempestade, E se acalmard, Atravessara 6s primeiros tempos de vida passando de angistia em angistia cada vez, ‘que, depois de pegiclo no colo, « deixarmos novamente 125

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