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Leitura complementar - Módulo 1

O que significa Poder constituinte, cláusulas pétreas e insuscetível de


abolição?1

Vamos, agora, entender um conceito muito importante! O poder constituinte é a


manifestação soberana da suprema vontade política de um povo, social e
juridicamente organizado.

A titularidade do poder constituinte pertence ao povo, logo, a vontade constituinte é a


vontade do povo expressa por meio de seus representantes. Temos pelo menos duas
espécies de poder constituinte: poder constituinte originário e poder constituinte
derivado.

O poder constituinte originário estabelece a Constituição de um novo Estado,


organizando-se e criando os poderes destinados a reger os interesses de uma
sociedade. Não deriva de nenhum outro, não sofre qualquer limite e não se subordina
a nenhuma condição. Ocorre no surgimento da primeira Constituição e também na
elaboração de uma Constituição que substitui outra. Em resumo, podemos dizer que o
poder constituinte originário é o poder que faz nascer uma nova ordem jurídica, que
cria uma Constituição.

Já o poder constituinte derivado é secundário, pois deriva do poder constituinte


originário. Encontra-se na própria Constituição, havendo limitações por ela impostas.
O exercício do poder constituinte derivado deve seguir regras previamente
estabelecidas no texto da Constituição, sendo condicionado a regras formais do
procedimento legislativo.

O poder constituinte derivado subdivide-se em poder constituinte reformador e poder


constituinte decorrente. O poder constituinte reformador é o poder de modificar a
Constituição Federal de 1988, desde que respeitadas as regras e limitações impostas
pelo poder constituinte originário. Baseia-se na ideia de que o povo tem sempre o

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Esse material é baseado nas produções de Gadelha (2015) e Paulo; Alexandrino (2008).
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direito de rever e reformar a Constituição. Na Constituição Federal de 1988, o exercício


do poder constituinte derivado é atribuído ao Congresso Nacional.

Por sua vez, o poder constituinte decorrente é o poder que a Constituição Federal de
1988 atribui aos Estados-membros para se auto-organizarem, por meio da elaboração
de suas próprias Constituições, desde que observadas as regras e limitações impostas
pela Constituição Federal.

Mas por que estudar os conceitos de poder constituinte originário e poder constituinte
derivado? Pois bem, a forma federativa de Estado constitui cláusula pétrea,
insuscetível de abolição por meio de reforma constitucional (CF, art. 60, § 4º, I).

Cláusulas pétreas são limitações materiais ao poder derivado reformador


da Constituição de um Estado. Em outras palavras, são dispositivos que não poderão
ser alterados ou abolidos do texto constitucional pelo reformador, nem mesmo por
meio de emendas à Constituição.

Já o termo “insuscetível de abolição” significa dizer que o Poder Constituinte Derivado


não poderá transformar o Estado Brasileiro em um Estado Unitário e, além disso,
garante também a autonomia dos entes federativos nos termos estabelecidos pelo
Poder Constituinte Originário.

Dito de outro modo, qualquer reforma constitucional tendente a abolir ou enfraquecer


a autonomia de algum dos entes da Federação Brasileira, quebrando assim o equilíbrio
estabelecido na Constituição Federal de 1988, será inconstitucional. Por exemplo,
seriam considerados inconstitucionais, por atentar contra a forma federativa de
Estado, emendas à Constituição que: transferisse aos Estados-membros todas as
competências legislativas dos Municípios; transferisse aos Estados-membros a
competência para a elaboração da Lei Orgânica dos Municípios de seus territórios; que
transferisse à União a competência para a nomeação dos governadores de Estado e
prefeitos de Municípios, dentre outros.

Referências
GOES, G.; GADELHA, S. R. B. Macroeconomia para concursos públicos. Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: Método, 2015 (Em fase de publicação).
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PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. Rio de


Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2008. 3ª ed.

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