Você está na página 1de 5

ROTEIRO – ANA TERRA

ATO 1

Certa manhã, Ana e Eulália faziam pão, quando ouvem gritos.

(Antônio, Maneco e escravo 1 entram em cena)

- Maneco: Os castelhanos vêm aí! – gritou e viu Eulália derrubar os pães em sua mão.

- Ana: Pedrinho! – grita Ana

(Maneco e Antônio pegam as armas)

- Maneco: Corram para o mato e levem as crianças! Ligeiro!

(Ana, Eulália e seus filhos saem de cena)

- Escravo 2: Vão lá para baixo, lá ninguém verá vocês.

- Ana: Quantos são?

- Escravo 2: Tem mais castelhano do que dedo na minha mão.

- Ana: Tome a criança – entrega Rosinha a Eulália e abraça Pedrinho – leve tia Eulália
para o mato, naquela cova que tu conheces.

- Pedrinho: Mãe, eu tô armado – Fala enquanto pega uma faca.

- Ana: Agora, corram!

(Eulália, Rosinha e Pedrinho saem de cena correndo)

- Ana: Vou depois, não importa o que aconteça, não saiam até que eu chame.

(Ana chega em casa)

ATO 2

- Antônio: Ana, o que fazes aqui? Corra, Ana! – (pega Ana pelo braço, mas Ana resiste)

- Ana: Não posso, se eu me escondo eles acham Eulália e meus filhos. Prefiro que
pensem que sou a única mulher da casa e protejo meus filhos.

Ana, ciente do que pode acontecer, combina com Antônio e seu pai. Antônio ficaria se
entendendo com os castelhanos enquanto Ana e seu pai ficariam em casa prontos para
qualquer ataque.

Maneco pega sua espingarda. O escravo mantém-se chorando ao chão com as mãos na
cabeça. Ana reza com seus olhos virados para um crucifixo.

- Castelhano 1: Onde estão os outros?

- Antônio: Dentro de casa – fala com a voz rouca e baixa.


- Castelhano 1: Vamos, entrem!

(Maneco dispara a arma e Ana joga-se no chão)

- Ana: (reza de olhos fechados, ainda no chão)

(Acontece um estrondo e a parede vai ao chão)

A gritaria continuava. Naquele momento, Ana temia por sua vida e estava ciente da
possível natureza repugnante dos homens que a cercavam. Ela sentiu um homem tirá-la do
chão a força e abriu seus olhos. A visão não lhe era agradável, homens suados a encaravam.

Os homens a assediaram e a abusaram até que ela desmaiasse.

(Ana acorda e se levanta)

Ana sentia-se suja e tinha memórias do que havia acontecido anteriormente o local estava
destruído e haviam levado seu trigo.

(Nesta cena, Escravo 2, Antônio e Maneco estão mortos. Ana os encara incrédula e um
pouco tonta. Ela se lembra de seus filhos e Eulália e vai andando até eles. Ana começa a correr,
mas acaba caindo, mas logo se levanta)

- Ana: Pedro! Pedro! – Ana não chamava seu filho, chamava o pai dele.

(Ana joga-se num poço e fica na água por um bom tempo)

- Ana: Pedrinho! Eulália! Pedrinho... Sou eu, a mamãe!

(Pedrinho entra em cena)

(Eulália e Ana se encaram por um tempo até que o silêncio é quebrado)

- Pedrinho: O que aconteceu, mãe? - Ana não responde.

- Pedrinho: Os bandidos já foram? Onde estão o vovô e o titio?

(Ana não tirava seus olhos de Eulália, até que responde seu filho)

- Ana: Estão todos mortos. – Responde com frieza.

(Personagens da cena vão para casa e passam o resto daquele dia enterrando cadáveres).

ATO 3
(Ana acorda com som de mugido, ela olha para os lados confusa. Ana sai pela estância,
corre em direção à vaca, abraça ela, ordenha a vaca e volta pra casa. Eulália e as
crianças acordam.)
 Ana: Sabe quem voltou, meu filho? A Mimosa.
 Pedrinho: Fugiu dos bandidos! - ele bebe o leite e fala – Mimosa velha...
Mimosa valente... - depois falou de novo – e as cruzes, mãe?
 Ana: É verdade. Precisamos fazer umas cruzes.
(Ana e Pedrinho fazem 4 cruzes e fincam na terra para os mortos enquanto Eulália
estava com Rosinha. Ana procura por objetos intactos – a roca, o crucifixo e a tesoura,
algumas roupas, coloca tudo numa trouxa.)
(De noite, Ana acorda com Eulália chorando e vai até ela.)
 Ana: Não há de ser nada, Eulália...
 Eulália: Que vai ser de nós agora?
 Ana: Vamos embora daqui.
 Eulália: Mas pra onde?
 Ana: Pra qualquer lugar. O mundo é grande.

ATO 4
(No dia seguinte, Ana e Eulália vê duas carretas e três homens, Marciano se aproximam
das mulheres.
 Marciano: Buenas! - ele cumprimenta com o chapéu - mas que foi que aconteceu
aqui, ainda que mal pergunte?
 Ana: Os castelhanos! Destruíram tudo e mataram os homens...
 Marciano: Castelhanada do inferno! - ele estende sua mão para as gurias –
Marciano Bezerra, criado de vosmecês.
(As carretas com as três mulheres e a velha e os dois homens chegam.)
 Marciano: Homens, vamos ajudá-las. Esta instância foi arrasada por aqueles
animais, os castelhanos!
(As mulheres descem das carretas e olham para Ana e Eulália curiosas.)
 Ana: Pra onde é que vão?
 Marciano: Vamos subir a serra. Já ouviu falar no Cel. Ricardo Amaral?
 Ana: Não.
 Marciano: É o estancieiro mais rico da zona missioneira. É tio-avô da minha
mulher. Consegui umas terrinhas perto dos campos dele. Diz que há outras
famílias por lá. O velho parece que quer fundar um povoado.
 Ana: Um povoado? - Marciano sacode a cabeça - É muito longe daqui?
 Marciano: bastantinho – olhando pro horizonte.
 Ana para Eulália: E se a gente fosse com eles?
 Eulália: Pra onde?
 Ana: Pra esse lugar.
 Eulália: Onde é que fica?
 Ana: Pras bandas do norte, subindo a serra.
 Eulália: E nós deixamos... Isto aqui? Quem sabe vosmecê quer ir pro Rio Pardo?
 Ana: Não tenho ninguém de meu no Rio Pardo.
 Eulália: Vamos com essa gente? - ela sacudiu os ombros – que me importa?
(Pedrinho estava brincando com o cachorro, os Terras voltam para as carretas.)
 Ana: Seu Marciano!
 Marciano se aproxima: Pronto, dona.
 Ana: Nós queremos ir com vosmecês... - silêncio - nós temos dinheiro pra le
pagar.
 Marciano: Quem foi que disse em dinheiro, moça?
 Ana: Mas vosmecê parece que não gostou...
 Marciano: Não é o causo de gostar ou não gostar. Esta viagem não é brincadeira.
 Ana: Eu sei.
 Marciano: Podemos levar uns dois mês... ou mais.
 Ana: Eu sei.
 Marciano: E que é que vão fazer chegando lá?
 Ana: Vosmecê não disse que esse seu parente ia fundar um povoado?
 Marciano: Pois é, disse.
 Ana: Então? Acho que podemos ficar morando lá.
 Marciano: Isto é;
(Marciano vai falar com os homens e volta.)
 Marciano: Pois então, vamos, não é? De qualquer modo, não é direito deixar
vosmecês atiradas aqui sozinhas.
(Ana pega a trouxa com os pertences sobreviventes e sobe na carreta com Pedrinho
junto com a velha e uma mulher com um bebê; Eulália e Rosinha fazem o mesmo na
outra carreta, partindo da estância.)
 Narrador: Durante a difícil viagem, houve muito choro, dificuldades e, a morte
de uma criança..., mas finalmente chegaram em seu destino.
 Marciano: Estamos entrando nos campos do velho Amaral! - as carretas param –
chegamos!
(Os homens ajudam a velha a descer da carreta e - a velha - olha em torno.)
 Velha: Toda essa trabalheira louca só pra chegar nessa tapera?

FIM

Você também pode gostar