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Um profeta vivo para os últimos dias

Élder Allen D. Haynie


Dos setenta

O Pai Celestial escolheu o padrão de revelar a verdade a Seus filhos por meio de um profeta.

Quando eu era menino, adorava o sábado porque tudo o que fazia naquele dia parecia ser
uma aventura. Mas não importava o que eu fizesse, sempre iniciava pela coisa mais
importante de todas: assistir a desenhos animados na televisão. Numa daquelas manhãs de
sábado, enquanto eu estava na frente da televisão, passando pelos canais, descobri que o
desenho animado que eu esperava encontrar tinha sido substituído por uma transmissão da
conferência geral de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Enquanto olhava
para a televisão e lamentava por não haver desenhos animados, vi um homem de cabelos
brancos, de terno e gravata, sentado em uma bela cadeira.

Havia algo diferente nele, então perguntei ao meu irmão mais velho: “Quem é esse?”

Ele respondeu: “Esse é o presidente David O. McKay; ele é um profeta”.

Lembro-me de sentir algo especial e, de alguma forma, saber que ele era um profeta. Então,
como eu era um menino que adorava desenhos animados, mudei de canal. Contudo, nunca
esqueci o que senti durante aquele breve e inesperado momento de revelação. Quando se
trata de um profeta, às vezes leva apenas um momento para que saibamos. 1

Saber por revelação que há um profeta vivo na Terra muda tudo. 2 Isso faz com que alguém
não se interesse em questionar se um profeta está falando como profeta nem se justifique em
rejeitar seletivamente o conselho profético. 3 Tal conhecimento revelado convida a pessoa a
confiar no conselho de um profeta vivo mesmo que não o compreenda completamente. 4
Afinal, um Pai Celestial perfeito e amoroso escolheu o padrão de revelar a verdade a Seus
filhos por meio de um profeta, alguém que nunca buscou um chamado tão sagrado e que não
precisa de nossa ajuda para estar ciente de suas próprias imperfeições. 5 Um profeta é alguém
que Deus preparou, chamou, corrigiu, inspirou, repreendeu, santificou e amparou
pessoalmente. 6 É por isso que nunca estamos em risco espiritual ao seguir o conselho
profético.

Quer gostemos ou não, todos nós fomos escolhidos de alguma forma na vida pré-mortal para
nascer nestes últimos dias. Há duas realidades associadas aos últimos dias. A primeira
realidade é que a Igreja de Cristo será restabelecida na Terra. A segunda realidade é que as
coisas vão ficar realmente desafiadoras. As escrituras revelam que, nos últimos dias, haverá
“grande chuva de pedras para destruir as colheitas da Terra”, 7 pragas, 8 “guerras e rumores de
guerras e toda a Terra estará em comoção (…) e a iniquidade será abundante”. 9

Quando eu era criança, aquelas profecias dos últimos dias me assustavam e me fizeram orar
para que a Segunda Vinda não acontecesse durante minha vida — e devo acrescentar que
tenho tido sucesso nisso até agora. Mas hoje oro pelo contrário, mesmo que os desafios
profetizados sejam uma certeza, 10 pois, quando Cristo voltar para reinar, todas as Suas
criações “[deitarão] em segurança”. 11

Certas condições atuais do mundo têm causado pânico em algumas pessoas. Como filhos do
convênio de Deus, não precisamos correr atrás de uma coisa ou outra para saber como viver
nestes tempos difíceis. Não precisamos temer. 12 A doutrina e os princípios que devemos
seguir para sobreviver espiritualmente e perseverar fisicamente se encontram nas palavras de
um profeta vivo. 13 É por isso que o presidente M. Russell Ballard declarou que “é algo
grandioso (…) termos um profeta de Deus em nosso meio”. 14

O presidente Russell M. Nelson testificou que: “O padrão há muito estabelecido por Deus de
ensinar Seus filhos por meio de profetas nos garante que Ele vai abençoar cada profeta e que
Ele vai abençoar todos os que derem ouvidos aos conselhos proféticos”. 15 Portanto, a chave é
seguir o profeta vivo. 16 Irmãos e irmãs, ao contrário das histórias em quadrinhos antigas e
dos carros clássicos, os ensinamentos proféticos não se tornam mais valiosos com o tempo. É
por isso que não devemos procurar usar as palavras dos profetas anteriores para rejeitar os
ensinamentos dos profetas vivos. 17

Adoro as parábolas usadas por Jesus Cristo para ensinar princípios do evangelho. Gostaria de
compartilhar uma espécie de parábola da vida real com vocês nesta manhã.

Certo dia, entrei no refeitório da sede da Igreja para almoçar. Depois de pegar uma bandeja
com meu almoço, entrei e notei uma mesa à qual estavam sentados os três membros da
Primeira Presidência, junto a uma cadeira vazia. Minhas inseguranças me fizeram desviar
rapidamente daquela mesa, e então ouvi a voz de nosso profeta, o presidente Russell M.
Nelson, dizendo: “Allen, há uma cadeira vazia bem aqui. Venha sentar-se conosco”. E assim
eu o fiz.

Ao final da refeição, fiquei surpreso ao ouvir um barulho alto de algo sendo esmagado e,
quando ergui os olhos, vi que o presidente Nelson havia colocado sua garrafa plástica de
água em pé, achatado-a e recolocado a tampa.

O presidente Dallin H. Oaks então fez a pergunta que eu queria fazer: “Presidente Nelson,
por que você achatou sua garrafa plástica de água?”

Ele respondeu: “Isso ajuda quem está lidando com materiais recicláveis, porque não ocupa
tanto espaço no contêiner de reciclagem”.

Enquanto ponderava sobre essa resposta, ouvi novamente o mesmo som de algo sendo
esmagado. Olhei para a minha direita, e o presidente Oaks havia achatado sua garrafa
plástica de água como o presidente Nelson tinha feito. Então ouvi um barulho à minha
esquerda, e o presidente Henry B. Eyring estava achatando sua garrafa plástica de água,
embora tivesse adotado uma estratégia diferente, fazendo isso enquanto a garrafa estava na
horizontal, o que exigia mais esforço do que com a garrafa em pé. Percebendo isso, o
presidente Nelson gentilmente mostrou a ele a técnica de colocar a garrafa em pé para achatá-
la com mais facilidade.

Nesse ponto, inclinei-me para o presidente Oaks e perguntei baixinho: “Achatar a garrafa
plástica de água é um novo requisito de reciclagem do refeitório?”

O presidente Oaks respondeu com um sorriso no rosto: “Bem, Allen, precisamos seguir o
profeta”.
Tenho certeza de que o presidente Nelson não estava declarando alguma nova doutrina com
base na reciclagem no refeitório aquele dia. Mas podemos aprender com a resposta
imediata 18 do presidente Oaks e do presidente Eyring diante do exemplo do presidente
Nelson e também aprendemos com a atenção do profeta ao ajudar a lhes ensinar um modo
melhor. 19

Há alguns anos, o élder Neal A. Maxwell compartilhou algumas observações e conselhos que
são profeticamente relevantes em relação aos nossos dias:

“Nos próximos meses e anos, os acontecimentos provavelmente exigirão que cada membro
decida se seguirá ou não a Primeira Presidência. Os membros acharão mais difícil ficar entre
dois pensamentos. (…)

Deixemos um registro para que as escolhas sejam claras, permitindo que outras pessoas
decidam como agir diante do conselho profético. (…)

Jesus disse que, quando as figueiras lançam suas folhas, ‘está próximo o verão’. Assim
avisados de que o verão está chegando, não vamos então reclamar do calor!” 20

A nova geração está crescendo em uma época em que há mais folhas de figueira e mais calor.
Essa realidade impõe uma responsabilidade maior à geração adulta, principalmente no que se
refere a seguir os conselhos proféticos. Quando os pais ignoram o conselho do profeta vivo,
não apenas perdem as bênçãos prometidas para si mesmos, porém, ainda mais tragicamente,
ensinam a seus filhos que o que um profeta diz é insignificante ou que o conselho profético
pode ser escolhido sem preocupação com a desnutrição espiritual que resultaria disso.

O élder Richard L. Evans observou certa vez: “Há pais que se enganam achando que podem
relaxar um pouco em sua conduta e fidelidade, (…) que podem descuidar um pouco das
questões fundamentais sem que isso afete sua família ou o futuro dela. Mas, se um pai ou mãe
sair um pouco do rumo, os filhos terão a tendência de extrapolar o exemplo dos pais”. 21

Como uma geração que tem o encargo sagrado de preparar a nova geração para seu papel
profetizado nos últimos dias, 22 papel esse que deve ser cumprido em uma época em que a
influência do adversário está em seu auge, 23 não podemos ser uma fonte de confusão sobre a
importância de seguir o conselho profético. É esse mesmo conselho que permitirá à nova
geração ver “o inimigo enquanto ainda [está] distante; e então [eles poderão se preparar]”
para resistir ao ataque do inimigo. 24 Nossos desvios aparentemente pequenos, nossa
negligência silenciosa ou as críticas sussurradas em resposta ao conselho profético podem
resultar em andarmos perigosamente apenas perto da beira do caminho do convênio; mas,
quando engrandecidas pelo adversário na vida da nova geração, tais ações podem influenciá-
los a abandonar completamente esse caminho. Tal resultado é um preço muito alto para uma
geração. 25

Alguns de vocês podem sentir que falharam em seus esforços para seguir o conselho do
presidente Russell M. Nelson. Se for esse o caso, arrependam-se; comecem novamente a
seguir o conselho do profeta escolhido de Deus. Deixem de lado a distração dos desenhos
infantis e confiem no ungido do Senhor. Alegrem-se porque, mais uma vez, “há profeta em
Israel”. 26

Mesmo que não tenham certeza, testifico que podemos suportar o calor dos últimos dias e até
prosperar neles. Somos os santos dos últimos dias, e estes são grandes dias. Estávamos
ansiosos para vir à Terra neste momento, confiantes de que não seríamos deixados para
tropeçar quando confrontados pelas névoas cada vez mais escuras e mais confusas do
adversário, 27 mas, sim, receberíamos conselho e orientação daquele que está autorizado a
dizer a nós e ao mundo inteiro: “Assim diz o Senhor Deus”. 28 No nome sagrado do profeta
que Deus levantou, o Santo de Israel, 29 sim, Jesus Cristo, amém.
Notas
1. O presidente Russell M. Nelson recentemente convidou os alunos da Universidade
Brigham Young a ter a mesma experiência pessoal de revelação: “Pergunte a seu
Pai Celestial se realmente somos os apóstolos e profetas do Senhor. Pergunte se
recebemos revelação sobre este e outros assuntos” (“The Love and Laws of God”,
devocional da Universidade Brigham Young, 17 de setembro de 2019,
speeches.byu.edu). Ver também Neil L. Andersen, “O profeta de Deus”, Liahona,
maio de 2018, p. 26–27: “Como santos dos últimos dias, temos o privilégio de
receber um testemunho pessoal de que o chamado do presidente Nelson vem de
Deus”. A história da conversão de Alma ao ouvir o profeta Abinádi fornece mais
evidências de que a revelação a respeito de um profeta está disponível para todos
nós (ver Mosias 13:5; 17:2).

2. “Ou temos um profeta ou não temos nada; e, tendo um profeta, temos tudo”
(Gordon B. Hinckley, “Graças damos, ó Deus, por um profeta”, A Liahona,
outubro de 1992, p. 4).

3. “E eles começaram a perder a crença no espírito de profecia e no espírito de


revelação; e defrontaram-se com os julgamentos de Deus” (Helamã 4:23; ver
também Doutrina e Convênios 11:25). “Cantamos com frequência: ‘Graças damos,
ó Deus, por um profeta que nos guia no tempo atual’. (…) Há muitas pessoas que
(…) acrescentam palavras e dizem: ‘Desde que suas palavras correspondam a
nossos desejos no final’” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Heber J. Grant, 2002,
p. 80).

4. “Algumas vezes recebemos conselhos que não compreendemos ou que parecem


não se aplicar a nós, mesmo depois de meditarmos e orarmos fervorosamente. Não
os rejeitem, mas mantenham esses conselhos na mente e no coração. Se alguém de
confiança lhes entregasse um pacote que parecesse conter apenas areia e lhes
fizesse a promessa de que havia ouro misturado, vocês sabiamente ficariam algum
tempo com o pacote na mão e o balançariam delicadamente. Todas as vezes que fiz
isso em relação ao conselho de um profeta, depois de algum tempo, os grãos de
ouro começaram a aparecer e eu me senti grato” (Henry B. Eyring, “Segurança nos
conselhos”, A Liahona, junho de 2008, p. 7; ver também 3 Néfi 1:13; Doutrina e
Convênios 1:14).

5. Ver 2 Néfi 4:17–18. “Não me condeneis, em virtude de minha imperfeição, nem a


meu pai, por causa de sua imperfeição, (…) mas dai graças a Deus por ele vos ter
manifestado nossas imperfeições, para que aprendais a ser mais sábios do que nós
fomos” (Mórmon 9:31).

6. Ver Doutrina e Convênios 3:6–8; ver também Doutrina e Convênios 93:47.

7. Doutrina e Convênios 29:16.

8. Ver Doutrina e Convênios 84:97; ver também Doutrina e Convênios 87:6.

9. Doutrina e Convênios 45:26, 27.


10. Ver Doutrina e Convênios 1:38.

11. Oseias 2:18. “Pois revelar-me-ei do céu com poder e grande glória, com todas as
suas hostes, e em retidão habitarei com os homens na Terra por mil anos; e os
iníquos não permanecerão” (Doutrina e Convênios 29:11).

12. Ver 1 Néfi 22:16–17; ver também Doutrina e Convênios 59:23.

13. “Pois eis que rejeitaram as palavras dos profetas. Portanto, se meu pai
permanecesse na terra depois de haver recebido ordem de fugir, eis que pereceria
também” (1 Néfi 3:18; ver também 2 Néfi 26:3; Doutrina e Convênios 90:5).

14. M. Russell Ballard, “Suas palavras recebereis”, A Liahona, julho de 2001, p. 65.

15. Russell M. Nelson, “Pedir, buscar, bater”, A Liahona, novembro de 2009, p. 82.
“Nenhum homem pode ser mais feliz do que ao obedecer ao conselho do profeta
vivo” (The Teachings of Lorenzo Snow, ed. por Clyde J. Williams, 1996, p. 86).

16. “Fique de olho naqueles que presidem a Igreja hoje, ou amanhã, e molde sua vida
de acordo com eles em vez de ficar pensando em como os antigos profetas podem
ter parecido, pensado ou falado” (The Teachings of Harold B. Lee, 1996, p. 525).

17. O presidente Spencer W. Kimball observou certa vez que “aqueles que adornam os
sepulcros dos profetas mortos começam agora apedrejando os vivos” (The Teachings
of Spencer W. Kimball, ed. por Edward L. Kimball, 1982, p. 462). “As palavras mais
importantes que podemos ouvir, ponderar a respeito e seguir são aquelas reveladas
por meio de nosso profeta vivo” (Ronald A. Rasband, “As coisas de minha alma”,
Liahona, novembro de 2021, p. 40).

18. “Quando ouvimos o conselho do Senhor expresso por meio das palavras do
presidente da Igreja, nossa reação deve ser positiva e imediata” (M. Russell
Ballard, “Suas palavras recebereis”, A Liahona, julho de 2001, p. 80).

19. “A Igreja de Jesus Cristo sempre foi liderada por profetas e apóstolos vivos.
Embora mortais e sujeitos às imperfeições humanas, os servos do Senhor são
inspirados a nos ajudar a evitar os obstáculos que ameaçam nossa vida espiritual e
também a passar em segurança pela mortalidade em direção ao nosso último
destino, o celestial” (M. Russell Ballard, “Deus está ao leme”, A Liahona, novembro
de 2015, p. 24).

20. Neal A. Maxwell, “A More Determined Discipleship”, Ensign, fevereiro de 1979, pp.
69, 70.

21. Richard L. Evans, “Foundations of a Happy Home”, em Conference Report,


outubro de 1964, pp. 135–136.

22. Ver Doutrina e Convênios 123:11; ver também Robert D. Hales, “Nosso dever para
com Deus: A missão dos pais e líderes para com a nova geração”, A Liahona, maio
de 2010, p. 95.

23. Ver Doutrina e Convênios 52:14.

24. Doutrina e Convênios 101:54.

25. Ver Mosias 26:1–4.


26. 2 Reis 5:8.

27. “Dareis ouvidos a todas as palavras e mandamentos que ele vos transmitir à
medida que ele os receber, (…) [porque], assim fazendo, (…) o Senhor Deus
afastará de vós os poderes das trevas e fará tremerem os céus para o vosso bem e
para a glória de seu nome” (Doutrina e Convênios 21:4, 6). “Homem algum que
seguiu os ensinamentos ou acatou o conselho ou recomendação daquele que atua
como o representante do Senhor jamais se perdeu” (Doutrinas de Salvação: Sermões e
Escritos de Joseph Fielding Smith, ed. por Bruce R. McConkie, 1998, p. 243.

28. Ezequiel 3:27. “Pois suas palavras recebereis como de minha própria boca, com
toda paciência e fé” (Doutrina e Convênios 21:5).

29. Ver 1 Néfi 22:20–21; ver também 3 Néfi 20:23.

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