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Teorema do Isomorsmo

Laerte Bemm
UEM

lbemm2@uem.br

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Observação
Se I um ideal de A então o homomorsmo canônico
A
η:A→
I
dada por η(a) = a + I , para todo a ∈ A, é um homomorsmo
sobrejetor de anéis.
Portanto, todo anel quociente é a imagem homomórca de um anel.
O próximo resultado estabelece a recíproca disso, ou seja, que toda
imagem homomorca é, na verdade, um anel quociente.

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Teorema Fundamental do Isomorsmo
Seja f : A → A′ um homomorsmo sobrejetor de anéis com núcleo (kernel)
A ∼ ′
N . Então =A.
N

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Demonstração.
Note que nós temos os seguintes homomorsmos:
A
η:A → f : A → A′
N e
a 7→ a + N a 7→ f (a)
A
Queremos mostrar que existe um isomorsmo entre os anéis e A′ .
N
A
Para isso, primeiro, vamos denir uma função de em A′ .
N
Como só temos η e f , precisamos usar elas. Dena
A
F : → A′
N
x+N 7→ f (x)

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Demonstração.
Inicialmente, vamos mostrar que F está bem denida e é bijetora.
A
De fato, para todos x + N, y + N ∈ temos:
N
F (x + N ) = F (y + N ) ⇔ f (x) = f (y)
⇔ f (x) − f (y) = 0
⇔ f (x − y) = 0
⇔ x − y ∈ ker(f ) = N
⇔ x + N = y + N.

Note que as implicações ⇐ mostram que F está bem denida e as


implicações ⇒ mostram que F é injetora.
F é sobrejetora, pois dado y = f (x) ∈ A′ (f é sobrejetora), temos
F (x + N ) = f (x) = y.

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Demonstração.
Finalmente, vamos mostrar que F é homomorsmo.
A
Para tanto, sejam x + N, y + N ∈ . Temos:
N
F [(x + N ) + (y + N )] = F ((x + y) + N )
= f (x + y) = f (x) + f (y)
= F (x + N ) + F (y + N )
e
F ((x + N )(y + N )) = F ((xy) + N ) = f (xy) = f (x)f (y)
.
= F (x + N )F (y + N )
Portanto F é um homomorsmo.
A ∼ ′
Logo, temos que F é um isomorsmo e temos que =A.
N

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Observação
Consideramos anéis isomorfos (abstratamente) como sendo os mesmos
sistemas algébricos.
Neste sentido, o teorema anterior garante que as únicas imagens
homomórcas de um anel A são os anéis quocientes de A.
Dessa forma, se conhecermos todos os ideais N em A, conheceremos
todas as imagens homomórcas de A.

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Corolário
Seja f : A → A′ um homomorsmo de anéis com núcleo N . Então
A ∼
= Imf.
N

Corolário
Seja f : A → A′ um homomorsmo sobrejetor de anéis. Então, f é um
isomorsmo se e somente se ker(f ) = {0}.

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Exemplo
A função f : Z → Zn dada por f (a) = ā é claramente um
homomorsmo sobrejetor.
Temos que

ker(f ) = {a ∈ Z : f (a) = 0̄ em Zn }
= {a ∈ Z : ā = 0̄ em Zn }
= {a ∈ Z : a = nk para algum k ∈ Z}
= {nk ∈ Z : k ∈ Z}
= nZ

Logo, pelo TFI,


Z
≊ Zn .
nZ
Z
Um particular, se p é primo, então é um corpo.
pZ

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Exemplo
Sejam A um anel e f : A[x] → A dada por f (p(x)) = p(0).
Ou seja, se p(x) = an xn + · · · + a1 x + a0 , então f (p(x)) = a0 .
f é um homomorsmo sobrejetor.
Já vimos que
ker(f ) = ⟨x⟩.
Logo, pelo TFI,
A[x]
≊A
⟨x⟩

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Exemplo
Sejam m, n ∈ Z tais que mdc(m, n) = 1. Dena
Z Z
f :Z → ×
mZ nZ

a 7→ (a + mZ, a + nZ) .
f é um homomorsmo, pois dado a, b ∈ Z, temos:
f (a + b) = ((a + b) + mZ, (a + b) + nZ)
= ((a + mZ) + (b + mZ), (a + nZ) + (b + nZ))
= (a + mZ, a + nZ) + (b + mZ, b + nZ)
= f (a) + f (b)
e
f (ab) = ((ab) + mZ, (ab) + nZ)
= ((a + mZ)(b + mZ), (a + nZ)(b + nZ))
= (a + mZ, a + nZ) (b + mZ, b + nZ)
= f (a)f (b)
Logo, f é um homomorsmo.
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Exemplo
Note que todo a ∈ mnZ é um múltiplo de m e é um múltiplo de n.
Ou seja, se a ∈ mnZ, então a ∈ mZ e a ∈ nZ.
Neste caso, f (a) = (a + mZ, a + nZ) = (0 + mZ, 0 + nZ).
Isto mostra que mnZ ⊆ ker(f ).
Por outro lado:
x ∈ ker(f ) ⇒ f (x) = (0 + mZ, 0 + nZ)
⇒ (x + mZ, x + nZ) = (0 + mZ, 0 + nZ)
⇒ x ∈ mZ e x ∈ nZ
⇒ m|x e n|x
⇒ mn|x, pois mdc(m, n) = 1
⇒ x ∈ mnZ
Isto mostra que ker(f ) ⊆ mnZ.
Logo,
ker(f ) = mnZ.

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Exemplo
Vamos mostrar que f é sobrejetora.
Z Z
Sejam (a + mZ, b + nZ) ∈ × .
mZ nZ
Devemos encontrar x ∈ Z tal que f (x) = (a + mZ, b + nZ).
Note que
f (x) = (a + mZ, b + nZ) ⇔ (x + mZ, x + nZ) = (a + mZ, b + nZ)
⇔ x + mZ = a + mZ e x + nZ = b + nZ
⇔ x − a ∈ mZ e x − b ∈ nZ
⇔ m|x − a e n|x − b
⇔ x ≡ a mod m e x ≡ b mod n

Como mdc(m, n) = 1, segue o Teorema do resto Chinês que existe


x ∈ Z tal que
x ≡ a mod m
x ≡ b mod n.
Logo, f é sobrejetora.
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Exemplo
Pelo TFI,
Z Z Z
≊ × ,
ker(f ) mZ nZ
ou seja,
Z Z Z
≊ × .
mnZ mZ nZ

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