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Delimitação Do Horizonte de Consciência No Processo de Tomada de Decisão em Projetos de Engenharia
Delimitação Do Horizonte de Consciência No Processo de Tomada de Decisão em Projetos de Engenharia
Macapá
2021
FACULDADE ESTÁCIO DO AMAPÁ
Macapá
2021
FACULDADE ESTÁCIO DO AMAPÁ
Aprovada em ____/____/_____.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________
Prof. Me. Cassio Cleidsen Rabelo Cruz (Faculdade Estácio do Amapá)
__________________________________________________
Prof. Ma. Camila Jéssica Sampaio dos Santos (Faculdade Estácio do Amapá)
__________________________________________________
Prof. Esp. Andrea Girlene Barreto Alves (Faculdade Estácio do Amapá)
Macapá
2021
DELIMITAÇÃO DO HORIZONTE DE CONSCIÊNCIA NO PROCESSO
DE TOMADA DE DECISÃO EM PROJETOS DE ENGENHARIA
1. INTRODUÇÃO
Não foi objeto deste trabalho, contudo, enfatizar uma abordagem superficial
ou estritamente generalista da prática da engenharia. Pois, conforme ressalta A. D-
Sertillanges, “um perigo espreita os espíritos que muito se espalham: contentar-se
com pouco” (SERTILLANGES, 2019, p. 112).
2No original: many skilled engineers today tend to be dismissive of their heritage and instead focus
solely on state-of-the-art or current trends in their specialized areas of practice.
3 knowing the history of engineering systems enables those who practice engineering to better
understand the simultaneous relationship between engineering and other sectors of human
development, such as health, agriculture, and industry.
4
capaz de reconhecer a inter-relação entre o objeto de sua investigação e outros dados
da realidade. O ponto de partida comum deste processo é o uso dos dados disponíveis
“para fazer conjecturas informadas sobre perguntas mais amplas para as quais não
temos informação completa”, (WHEELAN, 2016, p. 21), no entanto, para a
composição de um quadro maior de possibilidades, exige-se que o engenheiro amplie
também o seu horizonte de consciência, e é o que pretendeu-se demonstrar no
decorrer deste trabalho.
1.1. Justificativa
1.2. Problema
O ponto de partida deste trabalho veio da seguinte questão proposta por Olavo
de Carvalho em algumas de suas obras e cursos, e adaptada ao tema deste artigo: o
que o engenheiro deveria saber para entender o que já sabe?5
4 Engineering has created, in the most literal way, the fabric of our lives; it has shaped the spaces in
wich we live, work and exist.
5 O mapa da ignorância é um termo técnico da filosofia de Olavo que o define como “um conjunto
esquemático de interrogações pelo qual tomamos consciência daquilo que nos falta saber para
compreender melhor aquilo que já sabemos numa determinada fase de nossa evolução cognitiva”
(OLAVO, 2017), apud (ROBSON, 2020, p. 78).
5
1.3. Objetivo geral
1.5. Metodologia
2. HORIZONTE DE CONSCIÊNCIA
6
o âmbito de visão que abarca e encerra tudo o que é visível a partir de um
determinado ponto. [...] Aquele que não tem um horizonte é um homem que
não vê suficientemente longe e que, por conseguinte, supervaloriza o que lhe
está mais próximo. Pelo contrário, ter horizontes significa não estar limitado
ao que há de mais próximo, mas poder ver para além disso. Aquele que tem
horizontes sabe valorizar corretamente o significado de todas as coisas que
caem dentro deles, segundo os padrões de próximo e distante, de grande e
pequeno. (GADAMER, 1997, p. 452).
Autor do qual foram expostos alguns conceitos chave neste artigo, Olavo de
Carvalho, é um professor, filósofo autodidata e escritor brasileiro. O tema central de
sua obra é:
Termo técnico de sua filosofia, horizonte de consciência pode ser definido por
meio da seguinte ilustração: tome-se um ponto de luz projetado sobre um plano
horizontal, o qual, à medida que se expande, revela e integra ao conjunto dos objetos
visíveis, novos objetos. Uma análise dos objetos (dentro do horizonte de consciência)
deve estender-se não apenas ao conjunto dos objetos visíveis, com os quais
interagem de maneira aparente, mas também aos demais que ainda não vieram “à
luz” do conhecimento, (DE CARVALHO, 2011, p. 12); sendo necessário, desta forma,
a ampliação do horizonte de consciência até que os envolva integralmente.
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sobre o que o indivíduo conhece do mundo ao seu redor, mas o que conhece da
própria vida, isso define seu horizonte de consciência (NASSER, 2017).
Arthur Koestler conclui que “não existe uma fronteira demarcando o fim do
domínio da ciência e o início do domínio da arte, e o homo universae do renascimento
era um cidadão de ambos os territórios”, (KOESTLER, 2021, p. 30), e apresenta três
dos que ele chama de domínios da criatividade: “o humor, a descoberta e a arte”
(KOESTLER, 2021, p. 29). O foco deste trabalho está situado, evidentemente, neste
segundo domínio, mas a afirmação inicial de Koestler, somada ao exposto a respeito
de horizonte de consciência, apresentam a importância da abertura ao que os dados
realmente querem mostrar.
3. SISTEMAS DE ENGENHARIA
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3.1. O que é um sistema?
6
No original: A system is a collection of different things that together produce results unachievable by
themselves alone. The value added by systems is in the interrelationships of their elements.
7 is the application of principles from multiple disciplines (such as mathematics, science, and business)
to formulate, select, and develop solutions at any phase of a system’s life cycle, with the intention of
satisfying the given objectives and constraints posed by the system owner/operator, user, community,
and other stakeholders in a costeffective manner.
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O engenheiro, mesmo quando especialista, é responsável por todo o ciclo de
vida do sistema a ser desenvolvido e deve buscar a unidade das informações acerca
do problema o qual pretende resolver. O impacto das soluções desenvolvidas deve
ser avaliado a partir de uma perspectiva ampla que abranja sua influência no meio no
qual estão inseridas.
4. O PROBLEMA DA ESCOLHA
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No entanto, os julgamentos humanos, não raro, costumam falhar. Os
chamados vieses de escolha ocorrem porque o ser humano costuma superestimar
sua capacidade de julgamento.
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primeira, e temos a alternativa de ou contratá-la ou dispensá-la, (CHRISTIAN;
GRIFFITHS, 2017, p. 27).
A solução para o ponto exato, entre passar da análise para escolha, está em
uma outra regra matemática conhecida como Regra dos 37%. Ela se baseia numa
𝟏
fórmula um pouco extensa, mas que pode ser resumida em −𝒙 𝐥𝐨𝐠 𝒙 = 𝒆 =
Logo, para um grupo de quinze candidatos, significa dizer que não se deve
escolher ninguém antes de entrevistar o sexto candidato. Após isso, deve-se contratar
o primeiro candidato que se sair melhor que os demais.
Nenhum projeto está completamente imune a riscos, por mais que seja bem
planejado; estes podem, inclusive, fugir totalmente ao controle do engenheiro.
Contudo, não concentrando-se no campo da análise de riscos em si – já que
“imprevistos”, por definição, não podem ser previstos –, mas na sua extensão
temporal, resta aos gestores tentar descobrir quão duradouros certos eventos podem
ser; eventos estes que vão desde uma paralização forçada de uma obra por motivos
legais entre investidores, até eventos de maior magnitude como, por exemplo, uma
pandemia.
8
Dado que 𝑝 é uma razão de 𝑘 para 𝑛. À medida que 𝑛 aumenta, a probabilidade de escolher a melhor
𝟏
candidata converge para −𝒑 𝒍𝒐𝒈 𝒑, que tem o valor máximo quando 𝒑 = = 𝟎, 𝟑𝟔𝟕𝟖𝟕𝟗 …, (CHRISTIAN;
𝒆
GRIFFITHS, 2017, p. 418).
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Baseado nessa ideia, Richard Gott chegou à conclusão de que, em relação a duração
de um evento qualquer, um observador não ocupa uma posição particularmente
especial, e que, do ponto em que ele se encontra, até o início de um evento em
andamento, observa-se a mesma distribuição de peso, (GOTT, 1993, p. 315, tradução
do autor). Assim, Gott concluiu que um evento tem 50% de probabilidade de terminar
antes do seu ponto médio, e 50% de probabilidade de terminar depois, (CHRISTIAN;
GRIFFITHS, 2017, p. 215). Essa ideia recebeu o nome de Princípio Copernicano.
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Figura 2: Delimitando o horizonte de consciência no processo de projeto
6. CONCLUSÃO
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O conteúdo reunido foi então analisado e aplicado a alguns casos hipotéticos,
demonstrando assim sua aplicabilidade em diversos outros contextos similares. Desta
forma, conclui-se que estes objetivos foram atingidos neste trabalho. Observe-se
ainda que, a própria elaboração deste trabalho exemplifica a aplicação do conteúdo
apresentado, haja vista o esforço necessário na demonstração da relação sistêmica
entre o que se entende como conhecimento de engenharia e as diversas disciplinas
de outros campos, a saber, filosofia, psicologia, estatística, probabilidade, biologia,
etc.
REFERÊNCIAS
AGRAWAL, Roma. Built: the hidden stories behind our structures. 1ª. ed. New York:
Bloomsbury, 2018.
CHRISTIAN, Brian ; GRIFFITHS, Tom. Algoritmos para viver: a ciência exata das
decisões humanas. 1ª. ed. São Paulo: Companhia das letras, 2017.
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GADAMER, Hans-Georg. Verdade e método. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
GOTT, J. Richard. Implications of the Copernican principle for our future prospects.
Nature, New Jersey, 27 Maio 1993. 315-319.
KOESTLER, Arthur. O ato de criação. 1ª. ed. Campinas, SP: CEDET, 2021.
MAIER, Mark W.; RECHTIN, Eberhardt. The art of systems architecting. 2ª. ed. New
York: CRC Press LLC, 2000.
SERTILLANGES, A. D-. A vida intelectual. 1ª. ed. Campinas, SP: CEDET, 2019.
WHEELAN, Charles. Estatística: o que é, para que serve, como funciona. 1ª. ed. Rio
de Janeiro: Zahar, 2016.
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