Arquitetura e urbanismo - 3º período Lívia Maria da Silva Camargo
Os componentes básicos presentes na arquitetura, nas cidades, são espaços de
movimento e de experiência. O ponto de partida ao projetar cidades é a mobilidade e os sentidos humanos, comunicação entre o espaço urbano e o ser humano. O desenvolvimento sensorial está seriamente ligado à história evolutiva da humanidade, tendo dois tipos do mesmo, os sentidos de distância (visão, audição e olfato) e os de proximidade (tato e paladar, ligados à pele e aos músculos, sendo assim, à capacidade de sentir calor, frio, dor, texturas e formas). A visão, o sentido mais bem desenvolvido do ser humano. A priori, usamos um ser humano como um ponto para a distância. Dependendo da profundidade e da luz, conseguimos diferenciar pessoas como seres humanos, diferentes de arbustos ou animais a uma distância de 300 a 500 m. Quando diminuímos a distância para uns 100 metros podemos ver o movimento e a linguagem em linhas gerais. Conforme nos aproximamos, ou a pessoa a nossa frente se move em nossa direção, conseguimos notar outros sentidos, até que chegamos ao olfato, audição e por último o tato. Arenas feitas para “abrigarem” espectadores, concertos, desfiles e esportes tomam a distância dos 100 metros como foco, para satisfazer os sentidos necessários. Para jogos esportivos ou competições atléticas, quando os espectadores precisam ter um bom campo de visão, em um todo, essa é a distância aproximadamente do meio de campo até os assentos mais distantes. O segundo limiar, mostra-se em teatros e salas de ópera, torna-se pertinente uma distância de 25 metros, dando a capacidade de se ver as expressões faciais, ouvir um canto bem articulado e conversas claras, tendo como objetivo a “comunicação” com o público. A experiencia varia de acordo com a posição em que a pessoa se encontra no local, sendo assim, os lugares possuem um limite de tamanho de acordo com a sua estrutura, e do que os mesmos irão abrigar, como teatros, jogos, óperas, reuniões, entre outros eventos. Deste modo, nota-se a variação nos preços conforme o campo dos sentidos fica mais “fraco” e “distante”, mudando a experiencia vivida. Caminhos e ruas, espaços para movimentação de movimento linear, praças e largos, em sua forma espacial, podem estar relacionados ao olhar e a sua percepção de eventos dentro de um raio de 100 metros. Enquanto a rua sinaliza "siga em frente", psicologicamente a praça te diz para permanecer. Enquanto o espaço de movimento diz "vai", a praça diz "pare e fique para ver o que acontece”. Os componentes básicos da arquitetura urbana são o espaço de movimento, a rua, e o espaço de experiência, a praça. Quando se tem portas e janelas de andares térreos, vemos até uma distância de 100 metros. Assim, também podemos nos aproximar e usar todos os sentidos. Na rua, temos dificuldade (não enxergamos nada) para perceber eventos que ocorrem nos andares mais altos. Quanto mais alto, maior a dificuldade de enxergar, as distâncias se tornam cada vez maiores e o que vemos e percebemos diminui. Gritos e gestos não ajudam muito, quase nada. De fato, a conexão entre o plano das ruas e os edifícios altos efetivamente se perde depois do quinto andar. Do mesmo modo, a relação dos edifícios altos e das ruas e calçadas, mesmo movimentadas, são quase nulas. As escalas mudaram de acordo com as evoluções e criações humanas, como os prédios, carros, trens e outros tipos de coisas que se comunicam com o espaço urbano.