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FACULDADE DE SÃO BERNARDO DO CAMPO

ENGENHARIA QUÍMICA

GUSTAVO DOMINGUES DE ALMEIDA


LÍVIA SILVA SANTOS
PATRÍCIA FERREIRA DA SILVA
PEDRO ARAGÃO DE ARAÚJO
THALITA FERREIRA RAMOS
WILLIAM ROBERTO SANTOS FERREIRA

HIDROGÊNIO VERDE: Caracterização e análise da viabilidade da substituição do diesel


por hidrogênio verde nos ônibus da região de São Bernardo do Campo.

São Bernardo do Campo


2021
GUSTAVO DOMINGUES DE ALMEIDA
LÍVIA SILVA SANTOS
PATRÍCIA FERREIRA DA SILVA
PEDRO ARAGÃO DE ARAÚJO
THALITA FERREIRA RAMOS
WILLIAM ROBERTO SANTOS FERREIRA

HIDROGÊNIO VERDE: Caracterização e análise da viabilidade da substituição do diesel


por hidrogênio verde nos ônibus da região de São Bernardo do Campo.

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado


ao curso de Engenharia Química da Faculdade
de São Bernardo do Campo, como requisito
parcial para a obtenção do Título de
Bacharelado em Engenharia Química.

Orientador: Prof. Douglas Richter, M.Sc.

São Bernardo do Campo


2021
ALMEIDA, Gustavo Domingues de.
A447h Hidrogênio verde: caracterização e análise da viabilidade da
substituição do diesel por hidrogênio verde nos ônibus da região de
São Bernardo do Campo./Gustavo Domingues de Almeida; Lívia
Silva Santos; Patricia Ferreira da Silva; Pedro Aragão de Araújo;
Thalita Ferreira Ramos; William Roberto Santos Ferreira. São
Bernardo do Campo, 2021.
137f. : il.

Orientador: Prof. Ms Douglas Richter.


Trabalho de conclusão do curso de Engenharia Química
(Graduação)-FASB-Faculdade de São Bernardo do Campo.
Referências bibliográficas: f. 124.

1. Hidrogênio verde 2. Combustível renovável 3. Estudo de


viabilidade I. Richter, Douglas II. Faculdade de São Bernardo do
Campo. III. Título.
Gustavo Domingues de Almeida
Lívia Silva Santos
Patrícia Ferreira da Silva
Pedro Aragão de Araújo
Thalita Ferreira Ramos
William Roberto Santos Ferreira

HIDROGÊNIO VERDE: Caracterização e análise da viabilidade da substituição do diesel


por hidrogênio verde nos ônibus da região de São Bernardo do Campo.

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Engenharia Química da


Faculdade de São Bernardo do Campo, como exigência para a obtenção do título de Engenheiro
Químico.

em de de 2021.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Mestre Djalma de Mello


Faculdade de São Bernardo do Campo

Prof. Mestre Douglas Richter – Orientador


Faculdade de São Bernardo do Campo

Prof. Doutor Marcelo Alexandre Tirelli


Faculdade de São Bernardo do Campo
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradecemos a Deus por nos conceder saúde e sabedoria durante o
desenvolvimento do trabalho.
Às nossas famílias que sempre nos apoiaram e incentivaram nos momentos difíceis.
Aos colegas da thyssenkrupp Uhde do Brasil, em especial ao Luiz Mello, que nos proporcionou
a “energia de ativação” do nosso trabalho.
Aos professores que tivemos a oportunidade de conhecer, em especial nosso orientador Douglas
Richter que nos indicou o melhor caminho a seguir durante as pesquisas e evolução do trabalho.
RESUMO

A poluição atmosférica é um dos maiores problemas abordados no mundo atual e o setor de


transportes urbano é um dos maiores responsáveis pelas emissões diárias de gases do efeito
estufa devido à queima de combustíveis fósseis. Diante deste cenário, o hidrogênio verde é a
grande aposta para a geração de combustível renovável para reduzir as emissões de CO2 em
diversos setores. O objetivo deste trabalho foi apresentar um estudo detalhado sobre o
hidrogênio verde e um estudo de caso que visa a eliminação do CO2 no setor de transporte
coletivo da cidade de São Bernardo do Campo, bem como sua viabilidade econômica e
ambiental substituindo os ônibus movidos a diesel por ônibus movidos a hidrogênio verde. A
metodologia abordada realizou-se através de revisões bibliográficas, estudo de caso e fluxo de
caixa descontado, considerando todas as variáveis necessárias para implantação do projeto no
horizonte de análise econômica de 20 anos. A pesquisa também permitiu comparar as
características ambientais do hidrogênio verde, diesel e o hidrogênio obtido por combustíveis
fósseis e sua competitividade econômica. O estudo de caso propõe a validação detalhada nos
pilares ambientais e econômicos da substituição de toda frota de ônibus a diesel por ônibus
movidos a hidrogênio verde com retorno sustentável e economicamente lucrativo considerando
uma TIR de 22 % e VPL de aproximadamente R$ 635.748.976,00, gerando o payback a partir
do 6º ano de projeto (Ano 5).

Palavras-chave: Hidrogênio verde. Ônibus a hidrogênio. Combustível renovável. Planta de


hidrogênio. Estudo de viabilidade.
ABSTRACT

Nowadays, the atmospheric pollution is one of the biggest problems addressed in the world and
the area of urban transport is one of the greatest or most significant responsible for the daily
greenhouse gas emissions due to burning fossil fuels. Facing this situation, green hydrogen is
the great bet for fuel generation to reduce the CO2 emissions in several sectors. The purpose of
this project was to show a detailed study about green hydrogen and a case study aimed at the
elimination of CO2 in the public transport sector of São Bernardo do Campo city, as well as the
economic and environmental feasibility replacing diesel buses with green hydrogen buses. The
methodology approached was carried out through bibliographical reviews, case study and
discounted cash flow, considering all the variables needed to the project implantation in 20-
year economic analysis horizon. The research also has compared the environmental
characteristics of green hydrogen, diesel, and hydrogen obtained from fossil fuels and its
economic competitiveness. The case study proposes detailed validation on the environmental
and economic pillars of replacement of the entire diesel bus fleet with green hydrogen buses
with sustainable and economically profitable return considering an IRR of 22% and NPV of
approximately R$ 635,748,976.00, generating payback from the 6th year of the project (year
5).

Keywords: Green hydrogen. Hydrogen bus. Renewable fuel. Hydrogen plant. Feasibility study.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1 - Pontos de ebulição das frações do petróleo. .......................................................... 25

Figura 1 - As principais cúpulas climáticas e seus marcos....................................................... 34

Gráfico 2 - Os 10 maiores emissores de gases do efeito estufa em 2016. ................................ 36

Figura 2 - Emissão de gases do efeito estufa no Brasil em 2018. ............................................ 37

Gráfico 3 - Matriz energética mundial. .................................................................................... 40

Figura 3 - Capacidade total instalada. ...................................................................................... 42

Figura 4 - Mapa eólico do Brasil. ............................................................................................. 43

Figura 5 - O mercado fotovoltaico no mundo. ......................................................................... 45

Gráfico 4 - Evolução da fonte solar fotovoltaica no Brasil. ..................................................... 46

Figura 6 - Distribuição da matriz elétrica brasileira 2021. ....................................................... 49

Figura 7 - Isótopos do hidrogênio............................................................................................. 56

Figura 8 - Reforma catalítica para obtenção do hidrogênio. .................................................... 58

Figura 9 - Gaseificação para obtenção de hidrogênio marrom................................................. 61

Figura 10 - Representação da produção de hidrogênio em fotoeletrocatálise. ......................... 64

Figura 11 - Processos de obtenção dos tipos de hidrogênio. .................................................... 65

Gráfico 5 - Evolução mundial do hidrogênio. .......................................................................... 67

Figura 12 - Esquema da cadeia produtiva. ............................................................................... 72

Figura 13 - Esquema do processo de eletrólise. ....................................................................... 74

Figura 14 - Relação de tensão x temperatura. .......................................................................... 77

Figura 15 - Métodos de armazenamento do hidrogênio. .......................................................... 79

Figura 16 - Fluxograma do processo Haber-Bosch. ................................................................. 84

Figura 17 - Comparação entre o processo produtivo da amônia comum com amônia verde... 85

Figura 18 - Usina de produção de metanol verde. .................................................................... 86

Figura 19 - Fluxo de produção do aço. ..................................................................................... 88


Figura 20 - Célula combustível a hidrogênio. .......................................................................... 91

Figura 21 - Processo de produção e abastecimento de hidrogênio. .......................................... 93

Figura 22 - Ônibus movido a hidrogênio. ................................................................................ 94

Figura 23 - Faixas de custos da produção de hidrogênio. ........................................................ 97

Gráfico 6 - Evolução do consumo final de energia. ............................................................... 100

Gráfico 7 - Participação das fontes no consumo final. ........................................................... 100

Figura 24 - Geração de Energia Interna.................................................................................. 101

Figura 25 - Porcentagens de consumos energéticos. .............................................................. 101

Gráfico 8 - Fontes de energia na indústria.............................................................................. 102

Gráfico 9 - Consumo residencial de energia. ......................................................................... 103

Gráfico 10 - Consumo energético no setor de transporte. ...................................................... 104

Figura 26 - Localização da planta de hidrogênio verde.......................................................... 107

Figura 27 - Localização do parque eólico. ............................................................................. 108

Gráfico 11 - Emissões totais de toneladas de CO2 e desagregadas por setor. ....................... 116

Gráfico 12 - Emissões totais de toneladas de CO2 e desagregadas por município. ............... 116

Gráfico 13 - Emissões totais de toneladas de CO2 e desagregadas por categoria.................. 117

Gráfico 14 - Comparação de emissão da poluição atmosférica ao longo de 15 anos............. 119


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Produtores de hidroeletricidade. .............................................................................. 48

Tabela 2 - Algumas características dos isótopos do hidrogênio. .............................................. 57

Tabela 3 - Principais reações envolvidas no processo de gaseificação. ................................... 60

Tabela 4 - Estimativas da emissão veicular no estado de São Paulo em 2019. ........................ 89

Tabela 5 - Custo em dólar para o kg do hidrogênio. ................................................................ 96

Tabela 6 - Consumo de energia no setor energético............................................................... 103

Tabela 7 - Quantidade de ônibus na frota e tipo de combustível. .......................................... 110

Tabela 8 - Estimativa de investimento. .................................................................................. 111

Tabela 9 - Disponibilidade da planta e capacidade produtiva. ............................................... 112

Tabela 10 - Quantidade de funcionários. ................................................................................ 112

Tabela 11 - Estimativa da distância percorrida dos ônibus. ................................................... 112

Tabela 12 - Custo de combustível. ......................................................................................... 113

Tabela 13 - Custo de manutenção........................................................................................... 113

Tabela 14 - Custo de serviços. ................................................................................................ 114

Tabela 15 - Dados utilizados. ................................................................................................. 117

Tabela 16 - Poluentes emitidos pela frota atual de ônibus da cidade de São Bernardo do Campo.
................................................................................................................................................ 117

Tabela 17 - Emissão total de poluentes no setor de transportes na cidade de São Bernardo do


Campo..................................................................................................................................... 118

Tabela 18 - Emissão de poluentes produzidos pela frota de ônibus ao longo de 15 anos na cidade
de São Bernardo do Campo. ................................................................................................... 118
LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1: Combustão com oxigênio - C + O2 → CO2 .................................................. 60

Equação 2: Gaseificação com oxigênio - C + ½ O2 → CO ............................................. 60

Equação 3: Gaseificação com vapor - C + H2O → CO + H2 ...................................... 60

Equação 4: Reação de Boudouard - C + CO2 → 2 CO .................................................... 60

Equação 5: Reação de Shift - CO + H2O → CO2 + H2 ............................................... 60

Equação 6: Gaseificação com hidrogênio - C + 2 H2 → CH4 ......................................... 60

Equação 7: Reação de metanização - CO + 3 H2 → CH4 + H2O ................................ 60

Equação 8: Reação global da eletrólise - H2O + energia → H2 (g) + 12 O2 ............................... 74

Equação 9: Semirreação de redução - Catodo: 2 H2O +2 e- → H2 (g) + 2 OH ....................... 75

Equação 10: Semirreação de oxidação - Anodo: 2 OH- → 12 O2 + H2O + 2 e-...................... 75

Equação 11: Equação da entalpia - ΔH = Q – W ..................................................................... 75

Equação 12: Equação do trabalho - W = -n. F . E .................................................................... 75

Equação 13: Equação do potencial elétrico - E = ΔH-Qn. F .................................................... 75

Equação 14: Equação do calor gerado - Q = T .ΔS ................................................................. 75

Equação 15: Equação do potencial mínimo reversível - Erev = ΔH-T. ΔS nF ....................... 76

Equação 16: Equação do potencial revesivel entre eletrodos - Erev = ΔGnF = 566902 . 23074 =
1,23 volts .................................................................................................................................. 76

Equação 17: Equação da voltagem termoneutra - Etermo = ΔHnF = 1,48 volts .................. 76

Equação 18: Equação da voltagem da operação - E = Erev + Perdas ................................... 76

Equação 19: Equação de perdas da voltagem da operação - Perdas = Eanodo + Ecatodo +


Etm + IR................................................................................................................................... 76

Equação 20: Equação de eficiência da eletrólise - n = ΔH ΔG + perdas = EtermoE ........... 77

Equação 21: Reação de síntese do metano - CH4 (g) + H2O (g) → CO (g) + 3 H2 (g) .................. 82

Equação 22: Reação de estequiometria - N2(g) + 3 H2(g) ↔ 2 NH3(g) ................................... 83


Equação 23: Semirreação de oxidação - H₂₍g₎  2H⁺(aq) +2e⁻....................................... ............. 90

Equação 24: Semirreação de redução - 2H⁺(aq) + ½O₂ (g) + 2e⁻ 


H₂O(l).........................................................................................................................................90

Equação 25: Reação global do hidrogênio - H₂(g) + ½O₂(g)  H₂O(l)...................... ................... 90


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABEEólica Associação Brasileira de Energia Eólica


ABREPRO Associação Brasileira de Engenharia de Produção
ABSOLAR Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica
a.C Antes de Cristo
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
CAPEX Despesas de Capital ou Investimento em Bens de Capital
CCR Reforma Catalítica Contínua
CCS Captura e Armazenamento de Carbono
CEG Companhia Distribuidora de Gás do Rio de Janeiro
CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
Comgás Companhia de Gás de São Paulo
COP Conferência das Partes
EPE Empresa de Pesquisa Energética
FCH JU Fuel Cells and Hydrogen Joint Undertaking (Empreendimento
Conjunto de Células de Combustível a Hidrogênio)
FGV Fundação Getúlio Vargas
GEE Gases do Efeito Estufa
GLP Gás Liquefeito de Petróleo
GWEC Global Wind Energy Council (Conselho Global de Energia
Eólica)
IEA International Energy Agency (Agência Internacional de Energia)
IPEN Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares
INB Indústrias Nucleares do Brasil
IRR Internal Rate of Return (Taxa Interna de Retorno)
MCFC Células de Carbonato Fundido
MDL Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
MME Ministério de Minas e Energia
NPV Net Present Value (Valor Presente Líquido)
ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico
ONU Organização das Nações Unidas
OPEX Despesas Operacionais
PAFC Células de Ácido Fosfórico
PBEV Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular
PCH Pequena Central Hidroelétrica
PEM Células de Membrana de Troca de Prótons
PIB Produto Interno Bruto
PNE Plano Nacional de Energia
PNMU Política Nacional de Mobilidade Urbana
PNPB Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel
Proconve Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos
Automotores
PWR Pressurized Water Reactor (Reator de Água Pressurizada)
SOFC Células de Óxido Sólido
TIR Taxa Interna de Retorno
TMA Taxa Mínima de Atratividade
UE União Europeia
UNFCCC Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas
VPL Valor Presente Líquido
LISTA DE SÍMBOLOS

atm = atmosfera
cal/volt = caloria por volt
cal/mol = caloria por mol
ºC = graus Celsius
E = potencial elétrico (V)
Eanodo = sobre-tensão de ativação anodo
Ecatodo = sobre-tensão de ativação catodo
Erev = potencial mínimo reversível
Etermo = voltagem termoneutra
Etm = sobre-tensão da transferência de massa
F = Constante de Faraday
g/mol = grama por mol
GW = gigawatt
IR = sobre tensão ôhmica
K = kelvin
kg = quilograma
km = quilômetros
m3 = metros cúbicos
m/s = metros por segundo
Mt = milhões de toneladas
Mtep = milhões de toneladas equivalentes de petróleo
MW = megawatt
n = número de elétrons transferidos
Q = calor fornecido ao sistema
T = temperatura
t/ano = toneladas por ano
tep = tonelada equivalente de petróleo
TWh = terawatt-hora
W = trabalho líquido realizado
∆G = variação da energia livre de Gibbs
ΔH = variação de entalpia no sistema
ΔS = variação de entropia
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 19

2 FONTES DE ENERGIA ..................................................................................... 22

2.1 ENERGIAS NÃO RENOVÁVEIS ....................................................................... 22

2.1.1 Petróleo ................................................................................................................. 23

2.1.2 Gás natural ........................................................................................................... 26

2.1.3 Carvão mineral .................................................................................................... 27

2.1.4 Energia nuclear .................................................................................................... 28

2.2 IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS ..................................................................... 31

2.2.1 Convenções climáticas ......................................................................................... 31

2.2.2 Neutralidade climática ........................................................................................ 35

2.3 ENERGIAS RENOVÁVEIS ................................................................................. 39

2.3.1 Energia eólica ....................................................................................................... 41

2.3.2 Energia solar ........................................................................................................ 44

2.3.2.1 Energia solar fotovoltaica...................................................................................... 44

2.3.2.2 Energia solar térmica ............................................................................................. 46

2.3.3 Energia hidroelétrica ........................................................................................... 47

2.3.4 Energia de biomassa ............................................................................................ 50

3 HIDROGÊNIO COMO FONTE DE ENERGIA ............................................. 53

3.1 ASPECTOS GERAIS ............................................................................................ 53

3.1.1 Origem ................................................................................................................. 53

3.1.2 Características...................................................................................................... 54

3.1.2.1 Características físicas ............................................................................................ 54

3.1.2.2 Características químicas ........................................................................................ 55

3.1.3 Isótopos do hidrogênio ........................................................................................ 56


3.2 TIPOS DE HIDROGÊNIO COMO FONTE DE ENERGIA ................................ 57

3.2.1 Hidrogênio cinza .................................................................................................. 57

3.2.2 Hidrogênio marrom ............................................................................................. 59

3.2.3 Hidrogênio azul .................................................................................................... 61

3.2.4 Hidrogênio branco ............................................................................................... 63

3.3 HIDROGÊNIO VERDE ........................................................................................ 66

3.3.1 Panorama global .................................................................................................. 66

3.3.2 Hidrogênio verde na Europa .............................................................................. 68

3.3.3 Hidrogênio verde no Brasil ................................................................................. 70

3.4 CADEIA PRODUTIVA DO HIDROGÊNIO VERDE ......................................... 71

3.5 PROCESSO DE PRODUÇÃO DO HIDROGÊNIO VERDE .............................. 73

3.5.1 Descrição do processo .......................................................................................... 74

3.5.2 Termodinâmica da eletrólise .............................................................................. 75

3.6 ARMAZENAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DO HIDROGÊNIO ......................... 78

3.6.1 Armazenamento do hidrogênio .......................................................................... 78

3.6.2 Distribuição do hidrogênio.................................................................................. 80

3.7 APLICAÇÕES ....................................................................................................... 80

3.7.1 Refino de petróleo ................................................................................................ 81

3.7.2 Amônia verde ....................................................................................................... 82

3.7.3 Metanol verde....................................................................................................... 85

3.7.4 Produção de aço ................................................................................................... 87

3.7.5 Ônibus movido a hidrogênio ............................................................................... 88

3.7.6 Outras aplicações ................................................................................................. 94

3.8 ANÁLISE COMPARATIVA DOS DIFERENTES TIPOS DE HIDROGÊNIO . 95

4 MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA ......................................................... 99

5 ESTUDO DE CASO .......................................................................................... 107


5.1 CARACTERIZAÇÃO (FRENTE ECONÔMICA) ............................................. 108

5.1.1 Custos de investimento (CAPEX)..................................................................... 110

5.1.2 Custos operacionais (OPEX) ............................................................................ 111

5.2 CARACTERIZAÇÃO (FRENTE AMBIENTAL) ............................................. 114

5.2.1 Análise da poluição atmosférica na cidade de São Bernardo do Campo ..... 115

5.3 ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA DO PROJETO......................... 120

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 121

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 124

ANEXO A – Fluxo de Caixa Descontado (FCD) ............................................................... 137


19

1 INTRODUÇÃO

O planeta Terra possui aproximadamente 4,5 bilhões de anos de idade. Durante todo
esse período o planeta passou e continua a passar por diversas mudanças em suas características
incluindo pressão e temperatura. Ao analisar-se os primórdios da história do planeta,
compreende-se que a vida terrestre começou a aparecer devido à formação da atmosfera.
Precedentemente ao surgimento da espécie humana, houve a formação do efeito
estufa, que consiste na retenção de calor na superfície terrestre proporcionado pela formação de
uma camada de gases na atmosfera. Devido ao efeito estufa, a temperatura terrestre manteve-
se favorável para o desenvolvimento das diversas formas de vida que conhecemos hoje.
Contudo, hoje em dia o efeito estufa está atrelado ao aquecimento global, fenômeno que resulta
no aumento de temperatura no planeta Terra. (ANGELO, 2016).
Atualmente o efeito estufa tem sido acentuado devido à demasiada quantidade de
gases poluentes presentes na atmosfera terrestre, em especial o gás carbônico (CO2). Um dos
principais responsáveis pela emissão descomedida de gás carbônico é a queima de combustíveis
fosseis para a geração de energia (GE, FRIEDRICH, VIGNA, 2020).
Sabendo da importância da temperatura no globo terrestre para que sejam mantidas
as condições favoráveis para a permanência e desenvolvimento da vida terrestre, entende-se
que mudanças climáticas não naturais são prejudiciais ao meio ambiente e aos habitantes.
Entre as diversas consequências negativas do aquecimento global, está o
derretimento de geleiras no Ártico. O gelo no Ártico provoca o efeito albedo, que consiste na
reflexão de uma parte considerável da energia solar. Quanto mais diminui a quantidade de gelo
sobre a superfície terrestre, mais aumenta a absorção da incidência solar. O derretimento das
calotas de gelo também provoca aumento dos níveis dos mares, ocasionando o desequilíbrio de
ciclos naturais e ameaçando a biodiversidade no planeta Terra.
O Brasil, assim como os demais países do globo, vem enfrentando as consequências
das mudanças climáticas de forma notável para qualquer civil. Os impactos negativos gerados
no meio ambiente não só afetam todo um ciclo ecológico, mas também afetam diretamente a
vida da população, uma vez que a seca nos reservatórios de hidrelétricas pode causar aumentos
da conta de luz e dos alimentos (DORETTO, 2021).
Se por um lado há secas, por outro se nota o aumento de chuvas torrenciais. As
regiões do Sudeste brasileiro sofrem com os resultados das chuvas intensas, que ocasionam
20

enchentes, deslizamentos, quedas de árvores, dentre outros. A seca e a chuva intensa apontam
para a variabilidade do ciclo hidrológico, evento que proporciona estiagens prolongadas e
também longos períodos chuvosos (DAMASIO, 2020).
Infelizmente, estudos apontam para um agravamento da situação em um futuro
próximo caso não sejam tomadas ações eficazes. (GRUPO WWF, 2021).
Realizar ações que diminuam os impactos causados pela mudança climática é de
extrema necessidade, pois as consequências já visíveis nos dias atuais tendem a se agravar
continuamente. Cientistas afirmam que devido ao aquecimento global é possível que uma parte
considerável do planeta se torne inabitável (RIPPLE et al, 2021).
Em decorrência do problema ambiental da atualidade que se agrava mais a cada
ano, os países de modo geral estão cada vez mais inclusos em projetos que preveem a redução
da emissão de poluentes na atmosfera. O tratado internacional mais recente e de maior
importância tem sido o Acordo de Paris. O principal objetivo desse tratado é limitar o aumento
de temperatura do planeta para abaixo de 2 ºC. Para atingir a meta, os países participantes
comprometem-se com mudanças internas e inclusão de projetos ecológicos (UNITED
NATION, 2021).
Um dos projetos ecológicos que se destacam por ser muito promissor é o hidrogênio
verde. O hidrogênio é o elemento de maior quantidade no planeta Terra, com a característica
de produzir grandes quantidades de energia sem que seja emitido algum poluente. O hidrogênio
verde traz a proposta de uma produção sustentável de hidrogênio, pois utiliza energias limpas
combinado com o processo de eletrólise (SMINK, 2021).
Especialmente, o mercado de hidrogênio verde ganhará oportunidade a partir de
políticas energéticas pós-pandemia para a retomada da economia e para acelerar a transição
energética em diversos países. A força motriz deste crescimento é a visão de governos e
empresas do hidrogênio como necessário para viabilizar a descarbonização mundial, requerida
para o alcance das metas do Acordo de Paris no horizonte de 2050 (GOVERNO FEDERAL,
2021).
A proposta deste trabalho foi apresentar a forma mais bem vista em questões
ambientais de produção de hidrogênio, um processo ainda “novo”, mas com grande potencial
para ajudar a transição energética mundial e principalmente brasileira.
O objetivo geral foi apresentar um estudo acerca do hidrogênio verde, focando na
utilização do mesmo como uma alternativa sustentável em comparação ao hidrogênio
proveniente de combustíveis fósseis, a fim de reduzir a emissão de CO2 na atmosfera e
consequentemente ajudar no equilíbrio climático.
21

Já os objetivos específicos se expressam na demonstração de diferentes formas de


produção de hidrogênio, comparando os processos com a produção de hidrogênio verde no
âmbito econômico e ambiental. Além de apresentar as características e diversas aplicações do
objeto de estudo e compreender e analisar a necessidade da busca por alternativas sustentáveis.
O trabalho tem um caráter qualitativo que busca compreender os fenômenos através
de uma pesquisa exploratória, levantando dados e informações de bibliografias para realizar
uma descrição aprofundada e realizar um estudo de caso acerca do hidrogênio verde.
22

2 FONTES DE ENERGIA

Energia tem por definição o poder de gerar trabalho, sendo que na Física o trabalho
é o resultado da força pelo deslocamento provocado. Através do movimento produzido para
realizar atividades, a princípio por humanos e posteriormente por animais, passou-se a
compreender o conceito de trabalho e assim também de energia (GOLDEMBERG, 1979).
Desde os primórdios da humanidade, a energia tem se mostrado fundamental para
o desenvolvimento da sociedade. Conforme a espécie humana evolui, as formas de manipular
energia crescem de forma conjunta, sendo a eletricidade uma das vertentes de maior utilização
e que proporcionou elevado avanço tecnológico assim como desenvolvimento no âmbito social
e econômico (ATLAS DA ENERGIA ELÉTRICA, 2005).
A geração de energia torna-se cada vez mais indispensável, uma vez que a produção
está intrinsecamente atrelada ao crescimento tecnológico. Perante esse cenário onde a energia
desempenha papel fundamental, há uma preocupação em torno da disponibilidade dos recursos,
pois grande parte da matriz energética mundial ainda é composta por fontes não-renováveis.
Devido a esse fator, buscam-se novos meios de se produzir energia para que haja
uma maior diversificação na matriz energética dos países de todo o mundo e principalmente
para que ocorra uma diminuição dos impactos negativos ocasionados pela geração, distribuição
e consumo de energia de pequena e larga escala. Visando alcançar energias cada vez mais
limpas, ou seja, que não causem a mesma agressão ao meio ambiente em comparação com as
tradicionais, surgem-se as energias renováveis (MAUAD, 2017).
Para que se tenha uma melhor compreensão da situação atual do mundo em relação
a produção e utilização de energia, é indispensável que sejam estudadas as energias não-
renováveis e renováveis.

2.1 ENERGIAS NÃO RENOVÁVEIS

Caracteriza-se como energia não renovável as fontes energéticas que estão


disponíveis de forma limitada. Geralmente, as energias não renováveis são energias que emitem
poluição em larga escala, causando efeitos danosos no meio ambiente e na sociedade.
23

Na era da pré-industrialização, utilizava-se lenha e carvão vegetal, ou seja,


biomassa, como fonte energética de forma majoritária. O carvão mineral começou a ter grande
atuação na economia a partir da Revolução Industrial e posteriormente o uso de derivados de
petróleo passou a crescer de forma exponencial (COSTA, 2005).
Na atualidade as fontes não-renováveis ainda representam 85% da produção
mundial de energia. Contudo, as reservas desses combustíveis tornam-se cada vez mais escassas
perante ao elevado consumo decorrente da demanda energética cada vez maior. Alinham-se as
poucas reservas disponíveis aos efeitos negativos ocasionados no meio ambiente devido ao uso
demasiado de energias não-renováveis (HINRICHS, 2014).
Diante dessa realidade, surge-se a necessidade de conhecer as fontes energéticas
que dominam o cenário mundial, pois a partir dessa compreensão é possível traçar novos
caminhos para a produção de energias limpas considerando as limitações do planeta e as
demandas atuais.

2.1.1 Petróleo

Entende-se por petróleo o líquido de característica oleosa e inflamável. É uma


substância que provém de uma mistura de óleo bruto, gás natural em solução e semissólidos
asfálticos espessos e pesados. O petróleo é composto essencialmente por hidrocarbonetos,
sendo os hidrocarbonetos compostos químicos de carbono e hidrogênio. Encontram-se no
petróleo também quantidades pequenas de compostos de vanádio, níquel e enxofre
(HINRICHS, 2014).
O petróleo já era bastante utilizado desde os tempos bíblicos para diversas
aplicações, incluindo em lâmpadas e na área da medicina. Na Babilônia e no Antigo Egito, o
piche de asfalto era utilizado por volta de 2.500 a.C. com a função de impermeabilizar, enquanto
na Grécia e em Roma a substância era utilizada nas armas. A utilização do petróleo como
combustível para aquecimento e iluminação aumentou em decorrência do declínio do uso do
óleo de baleia, pois o preço desse produto estava aumentando consideravelmente uma vez que
a espécie estava sendo dizimada (HINRICHS, 2014).
A exploração de campos e perfuração de poços de petróleo teve início no século
XIX, e desde então o petróleo vem ganhando espaço na economia mundial, sobrepondo o
carvão e outros combustíveis daquela época, em decorrência da criação de motores movidos a
24

gasolina e a óleo diesel. Apesar de haver uma redução gradativa da utilização do petróleo, essa
fonte energética ainda ocupa um espaço considerável na matriz energética mundial, sendo de
ordem de 33% (ATLAS DA ENERGIA ELÉTRICA, 2005).
Origina-se o petróleo a partir da decomposição de matéria orgânica sobretudo fauna
marinha. Devido à alta pressão e temperatura e ao confinamento, esse material orgânico com o
tempo transforma-se em petróleo. Tanto o petróleo quanto o gás natural podem fluir por rochas
adjacentes, assim formando os depósitos de petróleo, esses que são encontrados em rochas
sedimentares como arenito, xisto e calcário, devido à característica de absorção (HINRICHS,
2014).
O petróleo é distribuído geograficamente de forma singular, pois uma pequena
quantidade de países, geralmente áreas desérticas e sem riquezas naturais superficiais possuem
grandes reservas de petróleo. O Oriente Médio é onde há a maior concentração de petróleo em
todo o planeta. É também possível encontrar quantidades consideráveis de petróleo em regiões
do continente americano, Ásia central e costa ocidental da África (MILANI, 2000).
Devido a diversos fatores como o aumento do preço do petróleo imposto pelo
mercado internacional, diminuição das reservas e produções de petróleo dos países
industrializados e pela instabilidade política dos países de maiores jazidas de petróleo, ocorre
desde 1985 uma busca pela exploração da substância em águas profundas e ultra profundas. A
Petrobras assumiu papel de liderança na indústria petrolífera em relação a extração de petróleo
em águas profundas. Aproximadamente 12 bilhões de barris de reservas foram encontradas pela
Petrobras na Bacia de Campos (MILANI, 2000).
Para se obter o produto útil, é necessário que o petróleo bruto passe por diversas
fases durante o refino. O primeiro passo desse processo é a destilação, onde o petróleo é
separado de acordo com seu ponto de ebulição. Inicialmente aquece-se o petróleo que em
seguida passa por uma torre de fracionamento, essa torre possui por volta de 40 metros de altura.
Com o aquecimento diferenciam-se os variados tipos de petróleo que posteriormente são
coletados. Os produtos, que também são chamados de frações, mais pesados ficam na parte
inferior da torre, enquanto os mais leves condensam no topo, por exemplo a gasolina. Os que
não condensam são retirados na parte superior e adicionados ao gás natural (HINRICHS, 2014).
A partir da destilação do petróleo é possível chegar às seguintes frações:
 Gás natural, cujo ponto de ebulição é inferior a 40 ºC. O metano é o principal
componente. Nessa faixa de temperatura, obtém-se o gás de cozinha (gás
liquefeito de petróleo, GLP), que tem como componentes o propano (C3H8) e o
butano (C4H10);
25

 Gasolina natural, cujo ponto de ebulição é abaixo de 200 ºC. Pentano (C5H12) e
dodecano (C12H26) correspondem aos hidrocarbonetos obtidos nessa faixa de
temperatura;
 Querosene, cujo ponto de ebulição varia entre 150 ºC até 275 º C. Além do
querosene, também é possível obter-se gasolina para aviões;
 Diesel, cujo ponto de ebulição varia entre 250 ºC até 400 ºC. Utiliza-se o diesel
como combustível para veículos pesados;
 Parafinas e óleos lubrificantes, cujo ponto de ebulição varia entre 350 ºC e 550
ºC. Os óleos lubrificantes são utilizados para manutenção de veículos, a parafina
por sua vez é utilizada para a produção de velas;
 Asfalto e piche, cujo ponto de ebulição encontra-se acima de 550 ºC. A partir
dessa fração é possível se obter óleo residual utilizado na produção de asfalto e
piche (GOLDEMBERG, 1979).
O Gráfico 1 ilustra os valores dispostos no texto.

Gráfico 1 - Pontos de ebulição das frações do petróleo.

Fonte: dos Autores

No ano de 2010, ocorreu um enorme vazamento de petróleo em decorrência de uma


explosão de equipamento em uma plataforma. O acidente ocasionou a perda de 175 milhões de
galões de petróleo bruto. Apesar de que ainda há a informação da totalidade dos efeitos
negativos causados por esse evento, sabe-se que o vazamento de petróleo afeta fortemente a
26

vida marinha, pois além de ocasionar a poluição dos mares também adoece e muitas vezes mata
os seres aquáticos (HINRICHS, 2014).

2.1.2 Gás natural

Define-se por gás natural a junção de hidrocarbonetos leves, especialmente o


metano (CH4). Essa substância tem origem a partir da decomposição da matéria orgânica, da
mesma forma que o petróleo bruto (HINRICHS, 2014).
O gás natural pode ser classificado como gás associado e gás não associado, sendo
o gás associado extraído juntamente com o petróleo para posteriormente ser separado durante
o processo de produção, classificando-se como coproduto. Por sua vez, o gás não associado é
extraído de forma pura e em maiores quantidades na jazida e contêm maiores concentrações de
hidrocarbonetos (VIEIRA et al., 2005).
Na Europa descobriu-se o gás natural em meados de 1659, contudo, não houve uma
grande utilização desse produto, uma vez que o gás proveniente do carvão carbonizado
(atualmente conhecido como gás de síntese) já era utilizado em larga escala (SANTOS et al,
2002). Contudo, a utilização no EUA deu-se por volta de 1821, na cidade de Fredonia em Nova
York, tendo a função de fornecer energia para realização de alimentos e também para
iluminação (FERREIRA, 2006).
A Rússia é o país que contém a maior reserva de gás natural em todo o mundo,
sendo o principal fornecedor de grande parte da Europa. Os países do Oriente Médio e da Ásia
estão no ranking dos 10 países com as maiores concentrações de gás naturais. O Brasil ocupa a
37ª posição, que corresponde à 364,2 bilhões de metros cúbicos de gás. (REIS et al., 2005).
A utilização do gás natural como fonte de energia teve grande destaque no período
de 1973 até 1979. De acordo com a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis) as reservas de gás natural, em 2008, somaram 185,1 trilhões de m3, com um
aumento de 4,5% em comparação com 2007. Atualmente identificaram-se 337,238 bilhões de
metros cúbicos de reservas de gás natural. (AGÊNCIA ANP, 2021)
Com o passar dos anos, o papel do gás natural no cenário mundial como fonte
energética tem aumentado consideravelmente. A produção do gás no Brasil iniciou-se no século
XIX juntamente com a indústria do carvão, levando a formação de empresas como a CEG e a
Comgás. Por volta de 1980 houveram algumas tentativas de utilização de gás natural na matriz
27

energética brasileira, e em 1990 houve uma retomada de interesses acerca do gás natural, desde
então a utilização do gás natural no Brasil tem crescido, de forma que no período de 1997 até
2006 obteve-se uma expansão média anual de aproximadamente 18% (SANTOS, 2007).
Projeta-se que o gás natural passe a ser cada vez mais utilizado futuramente, em
decorrência do gás natural oferecer valores consideravelmente inferiores em relação ao petróleo
e por apresentar-se como uma forma de geração de energia menos poluente (SOUSA, 2010). O
gás natural permanece sendo uma fonte de energia não-renovável por ter como origem
compostos fósseis, por tanto, não é capaz de suprimir completamente a demanda energética
mundial por um longo período.

2.1.3 Carvão mineral

O carvão mineral pode ser definido como um produto cuja aparência tem
semelhanças com uma rocha de cor marrom ou preta. É originado de resíduos florestais
acumulados sob a forma de turfa (GOLDEMBERG, 1979). Devido à pressão e temperatura
juntamente com o soterramento e atividade orogênica, os resíduos assumem ao longo do tempo
uma forma sólida, concentrando carbono em um processo chamado carbonificação.
É possível classificar o carvão de quatro formas, sendo o tipo de carvão mais jovem
denominado lignitos, esse tipo de carvão possui alto teor de água e baixo valor calorífico. O
carvão sub-betuminoso é formado com pressões e temperaturas maiores. Com quantidades
ainda superiores de pressão e temperatura o carvão betuminoso é originado, sendo esse o tipo
de carvão mais abundante no planeta. O carvão betuminoso é caracterizado por um elevado teor
de enxofre. Por fim, há o carvão antracito, sendo um tipo de carvão de grande dureza e elevado
valor calorífico (HINRICHS, 2014).
A gaseificação do carvão trata-se do processo de conversão do carvão em produtos
gasosos através da reação com o oxigênio, vapor d'água e dióxido de carbono. Resulta-se dessa
reação os produtos: CO2, CO, H e CH4. O processo de gaseificação se dá por meio de reatores
estando em altas condições de pressão e temperatura (GOLDEMBERG, 1979).
Em 1795, construiu-se na região do baixo Jacuí, Rio Grande do Sul, ferrovias que
deram início a história do carvão mineral no Brasil. Durante um longo período, a mineração de
carvão no brasil ocorria de forma primitiva, somente se desenvolveu na época da Segunda
28

Guerra Mundial. A partir dessa época, a região do sul de Santa Catarina tem assumido liderança
na produção e desenvolvimento da mineração brasileira (GOMES, 1998).
Em comparação com as demais fontes energéticas, o carvão mineral é o recurso que
possui maior quantidade em abundância na natureza e a maior perspectiva de vida útil. Quando
se trata de posição na matriz energética mundial, o carvão ocupa uma elevada posição, ficando
abaixo do petróleo. Contudo, ocorreu um decréscimo da utilização do carvão como fonte
energética na última década devido a substituições que vem acontecendo na Europa Ocidental,
como por exemplo a utilização de energia nuclear pela França e o aumento da utilização do gás
natural e petróleo em todo continente europeu. Entretanto, o carvão ainda continua tendo grande
utilização no Estados Unidos (BORBA, 2001).
Em relação ao Brasil, o consumo de carvão é baixo, sendo aproximadamente 0,5%
em comparação com o cenário mundial. Dessa porcentagem, 62% destina-se à área da
siderurgia, 33% para geração de termelétrica, 1,3% é direcionado a indústria da celulose, 1%
para a petroquímica e o restante para outros setores como indústria de cimento, alimentos e
secagem de grãos. O carvão no brasil no setor energético não ocupa uma participação relevante
na matriz energética devido a uma falta de incentivos por meio de políticas governamentais
(BORBA, 2001).
Não somente a emissão, mas também a extração e transporte do carvão atinge
negativamente o meio ambiente. Em uma tentativa de diminuir os impactos gerados pela
indústria do carvão, uma série de medidas foram tomadas desde a última década de forma que
há uma maior fiscalização e controle de toda produção. As medidas tomadas buscam recuperar
as áreas de mineração, promover uma melhor disposição dos rejeitos de beneficiamento e um
controle dos poluentes emitidos pelas usinas termoelétricas. Contudo, ainda existe uma série de
problemáticas envolvendo a indústria petrolífera que apresentam dificuldades de serem
controladas como a emissão de enxofre e nitrogênio (GOMES, 1998).

2.1.4 Energia nuclear

Denomina-se energia nuclear ou nucleoelétrica, a fonte energética gerada a partir


da fissão do urânio em um reator nuclear. Assim como em uma termelétrica, a queima do
combustível produz um vapor que aciona a turbina, essa que acoplada a um gerador forma
corrente elétrica. Se tratando de usinas nucleares, ocorre a fissão do urânio no reator no sistema
29

PWR (Pressurized Water Reactor) onde a água tem a temperatura elevada até a margem de 320º
C e na condição de pressão de 157 atm. Posteriormente a água encaminha-se até o gerador de
vapor, onde ocorre a vaporização da água do circuito secundário. O vapor formado proporciona
o acionamento da turbina que ao movimentar o gerador, resulta em corrente elétrica
(ELETRONUCLEAR, 2001).
A energia nuclear começou a ganhar destaque nos anos 70 devido a conflitos em
relação ao petróleo juntamente com uma crise energética. Duas décadas depois, a energia
nuclear já possuía um considerável papel na produção mundial de energia, passando de 0,1%
para 17%. Em meados de 1996 totalizavam-se 442 usinas nucleares em funcionamento ao redor
do mundo (ELETRONUCLEAR, 2001). Hoje em dia a energia nuclear ocupa cerca de 15% da
matriz energética mundial, sendo que 69% da energia nuclear produzida é proveniente da
Europa Ocidental e América do Norte (CERCONI, 2009).
O consumo atual de energia nuclear tem diminuído em grande parte dos países.
Consta-se um número inferior de usinas nucleares em funcionamento comparando-se com os
anos 60. O declínio no uso da energia nuclear se dá pelos fatores de segurança e preços elevados
para que seja efetuado os rejeitos nucleares (BAJAY et al., 2018).
Por volta de 1960, houve um estímulo por parte do Governo Brasileiro em torno do
estudo da energia nuclear afim de se posicionar de forma alinhada com os demais países. Por
haver uma necessidade de ampliação energética que fosse capaz de suprimir a demanda
energética do Rio de Janeiro, decidiu-se que Angra dos Reis seria a região de implantação da
primeira usina nuclear (Angra I). Apesar da construção de Angra I ter iniciado em 1972,
somente em 1982 obteve-se a primeira reação nuclear em cadeira e em janeiro de 1985 a usina
entrou em operação comercial, porém, logo após esse evento a usina saiu de operação e seu
retorno se deu em 1987, operando até 1990.
No período de 1991 até 1994 as pausas foram de menor frequência, no entanto,
apenas em 1995 a usina de Angra I começou a ter um funcionamento de forma mais regular.
Iniciou-se a construção da segunda usina nuclear no Brasil (Angra II) em 1976, sendo planejado
que a usina entrasse em operação em 1983. Por falta de recursos, a obra estagnou-se durante
muito tempo e a operação do reator foi realizada apenas no ano 2000 (ATLAS DA ENERGIA
ELÉTRICA, 2005). Atualmente o Brasil está com um projeto para a construção da Angra III,
com previsão de entrar em operação em 2026.
O Ministro de Minas e Energia do Brasil, Bento Albuquerque, declarou no
Seminário Internacional de Energia Nuclear (Sien) a intenção do Brasil de consolidar a energia
nuclear no país, implicando na construção de novas usinas (RUDDY, 2021)
30

O Brasil é um grande detentor de urânio, ocupando a sexta posição no ranking


mundial de maiores reservas. Estima-se que a quantidade de urânio nas reservas nacionais
totaliza 309.200 toneladas, estando localizados no Estado do Ceará e na Bahia (ATLAS DA
ENERGIA ELÉTRICA, 2005).
O urânio é aplicado essencialmente na geração de energia elétrica, sendo ele um
combustível para reatores nucleares. Para que o urânio seja utilizado em uma usina nuclear, é
necessário uma série de etapas, sendo elas a mineração, o beneficiamento e a produção de
dióxido de urânio (UO2) (INB, 1999).
Por possuir a matéria-prima juntamente com a tecnologia das usinas, o Brasil torna-
se um dos poucos países a dominarem completamente o ciclo do combustível nuclear para a
produção de energia elétrica (BALDEZ, 2018).
Apesar de todo o potencial no quesito de geração de energia, as usinas nucleares
ocasionam grandes impactos negativos no meio ambiente. Além da possibilidade de
contaminação do solo, água e ar em decorrência dos radionuclídeos, há também o risco para o
ambiente local proporcionado pela descarga de efluentes utilizados no aquecimento da água.
Em abril de 1986 ocorreu em uma usina nuclear em Chernobyl, Ucrânia, o maior
acidente nuclear da história. O acidente foi ocasionado pela explosão de um dos quatro reatores
da usina. A radioatividade liberada foi tamanha que até hoje não se pode contabilizar ao certo
toda a extensão do problema causado. Ainda hoje observa-se consequências do ocorrido, como
por exemplo mutações genéticas e contaminação da vegetação e do solo (ATLAS DA
ENERGIA ELÉTRICA, 2005).
Além do incidente em Chernobyl ocorreu também um acidente nuclear no ano de
1979 em Three Mile Island, na Pensilvânia. A falta de verificação da válvula da bomba
ocasionou na falha no sistema de resfriamento. O acidente ocasionou a liberação de gases
radioativos para a atmosfera. (LEPP, 2011)
Outro incidente de grande extensão foi o de Fukushima Daiichi no ano de 2011
devido a um tsunami que inundou os geradores de emergência, o combustível da instalação
superaqueceu, gerando o derretimento do núcleo, que resultou em uma série de explosões
devido ao acúmulo de hidrogênio. Dez anos após o acidente ainda é possível encontrar áreas de
contaminação no entorno da usina. (FRITZ, 2021)
31

2.2 IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS

Nas últimas décadas o mundo vem enfrentando diversos desastres ecológicos,


sendo a maioria deles ocasionado por drásticas mudanças nas condições do planeta geradas por
ações humanas. Um desses fenômenos modernos que ocorre e é potencializado pela ação
humana é o aquecimento global.
O aquecimento global é um fenômeno de elevação da temperatura da terra de forma
muito superior à normalidade. Esse aumento súbito de temperatura provoca uma série de
eventos negativos na área ambiental como por exemplo o aumento de queimas em florestas, o
derretimento de geleiras, sendo que esse resulta na elevação do nível do mar e alagamento de
áreas costeiras, entre outros problemas.
Ainda no âmbito das mudanças climáticas, tem-se o efeito estufa que consiste no
aprisionamento de gases poluentes na atmosfera devido a sua alta concentração. Esses gases
pesados retidos fazem com que ocorra um isolamento térmico, provocando um aumento da
temperatura.
A geração de energia não renovável proveniente de combustíveis fósseis torna-se
duplamente danosa ao meio ambiente, pois não apenas apresenta o risco de esgotamento de um
recurso natural, mas também ocorre emissões de gases poluentes em sua produção como, por
exemplo, o dióxido de carbono (CO2), o gás metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O) (ATLAS
DA ENERGIA ELÉTRICA, 2005).
Uma vez que as mudanças climáticas afetam todas as nações do globo, surge-se
cada vez mais a necessidade de criar alternativas para diminuir a geração de poluentes, com o
intuito de preservar a vida na Terra e garantir um futuro sustentável.

2.2.1 Convenções climáticas

Anualmente ocorre a Conferência das Partes (COP), essa reunião tenta estabelecer
acordos e metas climáticas para redução de gases poluentes em países do mundo inteiro.
O planeta Terra ao longo de sua idade vem mostrando vários sinais de alerta para o
ser humano, esses sinais podem ser percebidos pelos desastres ambientais que devido ao
aquecimento global estão de agravando. Após a revolução industrial, o planeta Terra está cada
32

vez mais quente devido a expansão da produção industrial e a liberação de gases poluentes. Não
demorou muito para a população perceber esses sinais e tomar providencias em busca da
neutralização climática. Países do mundo inteiro estão se reunindo em busca de acordos para a
diminuição de gases do efeito estufa e durante anos diversos acontecimentos vem dando história
a essa busca.
A primeira Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente teve início em
1992 no Rio de Janeiro, marcado por um consenso internacional na abordagem das mudanças
climáticas. Um dos principais marcos foi a criação da Convenção-Quadro das Nações Unidas
sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) assinada por 166 países e que passou a funcionar no
dia 21 de março de 1994 em 197 países (IBERDROLA, 2021).
Em 1997, foi criado um tratado internacional derivado da UNFCCC chamado
Protocolo de Kyoto, que deu início ao primeiro compromisso global para tentar diminuir as
emissões de GEE responsáveis pelo aquecimento global e construiu bases para futuros acordos
internacionais sobre mudanças climáticas. O Protocolo de Kyoto foi assinado no dia 16 de
março de 1998 e entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005 (IBERDROLA, 2021).
A chamada COP13 foi realizada em dezembro de 2007 em Bali, Indonésia. Nessa
conferência iniciou-se um processo de negociação para o segundo período de compromissos do
Protocolo de Kyoto, através do Plano de Ação de Bali, que não definiu metas de emissões de
GEE, mas criou um cenário para que negociações fossem levadas para a COP15, na esperança
de fechar um novo acordo. Um plano conhecido como Roteiro de Bali, é conhecido por nortear
e tratar de discussões sobre o clima até dezembro de 2009, prazo para elaboração de um novo
tratado. Também foi percebida uma necessidade urgente da realização do plano de ação, visto
que há um aumento de temperaturas médias globais do ar e do oceano, do derretimento
generalizado de neve e do gelo e da elevação do nível médio do mar. Além disso, a inclusão da
questão das florestas também foi incluída no texto da decisão final da conferência pela primeira
vez, onde estabeleceram compromissos para a redução de emissões causadas pelo
desmatamento de florestas tropicais (CETESB, 2020).
A COP15 realizada em dezembro de 2009 em Copenhague, Dinamarca, marcou a
criação de um documento chamado Acordo de Copenhague, comprometendo países a contribuir
com US$ 10 bilhões ao ano, entre 2010 e 2012, e com US$ 100 bilhões ao ano a partir de 2020,
para a mitigação e adaptação dos países mais vulneráveis frente aos efeitos das mudanças
climáticas. Além do mais, o documento reconhece a importância de reduzir as emissões
produzidas pelo desmatamento e degradação de florestas e aceita promover incentivos positivos
para financiar ações com recursos de países desenvolvidos (CETESB, 2020).
33

A discussão da elaboração de um segundo compromisso do Protocolo de Kyoto


com metas atualizadas e a criação de um novo acordo com metas para todos os grandes
emissores, inclusive os países desenvolvidos foi marcada na COP16 realizada em Cancun,
México no ano de 2010. Embora não fosse concluído um acordo de metas para os países
desenvolvidos, um dos pontos estabelecidos foi a criação do Fundo Verde, com o objetivo de
financiar projetos de iniciativas climáticas de países em desenvolvimento (CETESB, 2020).
Finalmente, na conferência realizada em Durban, África do Sul na COP17 no ano
de 2011 estabeleceu-se um pacote de medidas, incluindo uma segunda fase para o Protocolo de
Kyoto, o mecanismo que deve reger o Fundo Verde para o clima e um roteiro para o novo
acordo global. Chamado de ‘Plataforma de Durban’ marcou o início de uma fase da política
climática global, tendo como objetivo controlar a temperatura da Terra abaixo de 2 ºC com a
redução da emissão de GEE (CETESB, 2020).
A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2012, foi
realizada entre os dias 26 de novembro e 7 de dezembro, em Doha, no Catar. As negociações
dos 193 países tinham como objetivo definir um acordo, com metas que direcionem os países
a diminuírem as emissões de GEE para o segundo período do compromisso. Por motivos
específicos, Canadá, Nova Zelândia, Japão e Estados Unidos decidiram não ratificar o
protocolo. Discussões como as decisões de financiamento e outras ações, como transferência
de tecnologia e como os recursos serão repassados também não foram finalizadas. A COP18
teve um resultado muito abaixo do esperado. (CETESB, 2020).
A chegada da COP19 em 2013 que ocorreu em Varsóvia, trouxe esperança para que
fosse definido um acordo climático, onde tornará obrigatório a redução das emissões de GEE a
partir de 2020. Mas a conferência foi marcada por discussões entre países desenvolvidos e
países em desenvolvimento no que diz respeito à diminuição de GEE e por conta do mecanismo
de compensação econômico por perdas e danos que teria como objetivo ajudar na recuperação
e reconstrução de países atingidos por eventos climáticos extremos ou por fenômenos
relacionados ao aquecimento global, como o aumento dos níveis dos oceanos. Isso causou a
falta de progresso nas negociações de um novo acordo global climático (CETESB, 2020).
2014 foi o ano da COP20, a 20ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro da
ONU sobre Mudanças do Clima em Lima, Peru. Nessa conferência o objetivo foi analisar as
ações para conter o aumento da temperatura global e por consequência, mitigar os impactos da
mudança global do clima. Um documento conhecido como “Chamado de Lima para a Ação
Climática” foi aprovado na COP20, esse documento é um acordo para a redução de emissões
de GEE, servindo como base para um novo acordo global do clima e também trata dos
34

compromissos de cada país ao determinarem suas próprias metas de redução de GEE (CETESB,
2020).
Um novo acordo climático global é criado em 2015 na COP21, realizada em Paris,
França. Ele foi aprovado por 195 países e ratificado por 147, entre eles o Brasil, sendo colocado
em vigor oficialmente no dia 4 de novembro de 2016. O Acordo de Paris possui o objetivo de
reduzir o aquecimento global reduzindo as emissões de GEE para limitar o aumento médio da
temperatura global a 2 ºC comparados aos níveis pré-industriais (CABRAL, 2019).
Outras conferências também tiveram importante marcos, como a COP22 em
Marrakech, no Marrocos onde entrou em vigor o Acordo de Paris e a busca de caminhos para
o financiamento climático; a COP23 de Fiji que ocorreu em Bonn na Alemanha que teve a grata
surpresa do interesse da Síria em fazer parte do Acordo de Paris; a COP24 realizada na Polônia
em Katowice que foi fundamental para a criação de Regras do Acordo de Paris, a criação de
um Comitê de Cumprimento do Acordo de Paris e a aprovação de medidas para melhorar
informações sobre a mudança do clima e a COP25 ocorrida em Madrid que foi fundamental
para tomar ações mais ambiciosas referente às metas do Acordo de Paris.
A Figura 1 exibe as principais conferências e seu marcos.

Figura 1 - As principais cúpulas climáticas e seus marcos.

Fonte: IBERDROLA, 2021


35

2.2.2 Neutralidade climática

Todas as conferências climáticas tiveram episódios diferentes e marcos importantes


para a criação e evolução do primeiro acordo global sobre mudança climática. O chamado
Acordo de Paris estabelece uma estrutura global para alcançar uma neutralidade climática
diminuindo as emissões de GEE, principalmente a emissão de gás carbônico (CO2) que está
cada dia mais elevado devido ao consumo excessivo de carne, a queima de combustíveis fósseis
para geração de energia, o aumento de atividades industriais e o demasiado uso de transportes.
O efeito estufa é importante para o planeta Terra porque proporciona um equilíbrio
climático. Ele é composto por gases que tem a propriedade de aquecer a atmosfera absorvendo
e emitindo radiações eletromagnéticas. Os principais gases do efeito estufa são o vapor de água
(H2O), o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O) e os
clorofluorcarbonetos (CFCs) (CIÊNCIA E CLIMA, 2021).
O vapor de água é o gás de efeito estufa mais presente na atmosfera, corresponde a
aproximadamente 50% do efeito estufa. Suas principais fontes são as superfícies de água, gelo
e neve e se transformam em vapor por processos conhecidos como evaporação, sublimação e
transpiração. As atividades humanas possuem pouca influência na quantidade de vapor de água
presente na atmosfera, o vapor de água aumenta devido às intensificações do efeito estufa vindo
de outras atividades. Portanto, se houver intensificação do efeito estufa aumentará a temperatura
da Terra, esse efeito gera mais vapor de água na atmosfera ajudando no aquecimento e
intensificando o efeito estufa (ECYCLE, 2021).
O dióxido de carbono, também conhecido como gás carbônico, está presente na
atmosfera classificado como o segundo gás mais ativo no efeito estufa, com cerca de 20% do
total de sua formação. Essa molécula tem um papel muito importante na fotossíntese das plantas
essencialmente na formação da glicose e é fundamental para o efeito estufa, pelo fato de suas
moléculas serem duradouras na atmosfera e varia de 50 a 200 anos, sustentando o fenômeno
por mais tempo (CIÊNCIA E CLIMA, 2021).
As mudanças climáticas que aconteceram a milhões de anos atrás, no passado
geológico da Terra, não teriam acontecido sem a função reguladora do CO2, porém, desde a
Revolução Industrial, o ser humano interfere cada vez mais no ciclo do carbono, aumentando
em grande escala sua concentração na atmosfera. O setor mais crítico na alta emissão de gás
carbônico para o efeito estufa é o setor energético derivado da queima de combustíveis fósseis.
Outros eventos que vem se tornando críticos são as queimadas de florestas causadas pelo
36

aquecimento global e desmatamento e a agropecuária. Além de contribuírem para o


aquecimento global e proporcionar mudanças climáticas, pioram a qualidade do ar trazendo
sérios riscos de saúde para população e dificulta a vida animal e o desenvolvimento da flora.
O Gráfico 2 de 2016 e aponta os principais emissores de gases efeito estufa em
toneladas de CO2 equivalente, excluindo uso da terra e mudança no uso da terra.
Os Estados Unidos por muito tempo foi o país que mais emitiu gases de efeito estufa
por ano, porém, em 2005 essa realidade mudou, quando a China movida por uma forte
industrialização baseada em combustíveis fósseis, passou os EUA. Índia, Rússia, Japão e
Alemanha que também aparecem como os mais emissores.
O Brasil aparece na sexta colocação, apresentando a necessidade de adotar políticas
de baixo carbono como o apoio contra o desmatamento e o investimento em energias
renováveis.

Gráfico 2 - Os 10 maiores emissores de gases do efeito estufa em 2016.

Fonte: CLIMATE WATCH, 2019

Com base nos dados apresentados pela Climate Watch (2019), o Brasil permaneceu
na sexta posição dos países que mais emitem gases do efeito estuda no mundo em 2018. A
Figura 2 mostra a proporção de cada setor responsável na emissão de gases de efeito estufa no
Brasil e aponta que 44% das emissões estão ligadas ao desmatamento (mudança de floresta para
área degradada), degradação do solo, entre outros. Já as atividades pecuárias estão em segundo
lugar no ranking com 25% da produção dos gases poluentes ligadas à fermentação, solos
agrícolas, manejo de dejetos de animais, cultivo de arroz e queima de resíduos agrícolas
(OLIVEIRA, 2019).
37

Figura 2 - Emissão de gases do efeito estufa no Brasil em 2018.

Fonte: OLIVEIRA, 2019


O metano também tem uma grande parcela de contribuição para o aquecimento
global com cerca de 18%, ele é proveniente de processos de decomposição anaeróbica (não
precisa de oxigênio) de organismos, digestão de animal e queima de biomassa. Ela está presente
em lixões, no tratamento de efluentes líquidos e de aterros, na criação do gado, em arrozais, na
produção e distribuição de combustíveis fósseis e nos reservatórios hidrelétricos. Metade de
todas as emissões de metano é proveniente da agricultura, do estômago de bovinos e ovinos,
dos depósitos de excrementos utilizados como adubos e plantação de arroz. Além do mais, o
metano é muito mais potente que o gás carbônico como agente responsável pelo efeito estufa,
ele retém 21 vezes mais calor comparado ao dióxido de carbono e tem o poder de acelerar mais
ainda o aquecimento global (ECYCLE, 2021).
Sem menos importância, o óxido nitroso, produzido naturalmente pelos oceanos e
florestas, é emitido durante o processo de desnitrificação do ciclo do nitrogênio. Esse processo
acontece quando a presença de nitrogênio (N2) na atmosfera que é capturado por plantas e
convertido em amônia (NH3) ou íons de amônio (NH4+) em um processo de nitrificação. Ainda
que suas emissões na atmosfera sejam baixas, ele é um dos principais alarmantes do
aquecimento global, isso porque o óxido nitroso consegue absorver uma grande quantidade de
energia, causando um efeito estufa de aproximadamente 300 vezes mais intenso que o CO2.
38

A principal fonte de emissão de óxido de nitroso é a atividade agrícola com


aproximadamente 75%, e os outros 25% são originados pela queima de biomassa, produções
de energia e atividades industriais (ECYCLE, 2021).
Mas afinal, neutralidade climática é uma mudança radical na economia de um país,
eliminando combustíveis fósseis e todas as fontes que geram emissões de CO2, seja no
transporte, na geração de energia ou em processos industriais, ou seja, a cada tonelada de CO2
emitida, uma tonelada deve ser compensada com medidas de proteção climática, como o plantio
de árvores que realizam o sequestro de carbono naturalmente, e investimentos em fontes de
energia renovável. Mas além do processo natural, também existem estudos para realizar o
chamado sequestro geológico de carbono, uma forma de devolver o carbono para o subsolo.
Outra forma de alcançar a neutralidade climática seria pela compensação de carbono, ao invés
de um país financiar projetos em seu solo nacional, pode investir em projetos como o plantio
de árvores e preservação de florestas em outros países (RUSSELL, 2019).
Muitos países estão tornando seus compromissos com o Acordo de Paris mais
rígidos e se comprometendo a chegar numa neutralidade climática até 2050. Dinamarca e
Noruega foram além e se compromissaram, através de lei federal, a atingir a neutralidade
climática até 2050. A união europeia tem um plano estratégico para a engrenagem acelerar, e
conta com metas climáticas ambiciosas como a criação do Plano Verde para lidar com temas
de perda de biodiversidade, agricultura sustentável, imposição de regras ambientais e
penalidades para poluidores.
Já o Brasil, em sua participação na última Convenção do Clima em 2020 também
se comprometeu a atingir a neutralidade climática até 2050 e acabar com o desmatamento ilegal
até 2030, também foi destacado a importância de apoio financeiro de países desenvolvidos para
alcançar os objetivos.
Há diversas maneiras de alcançar a neutralidade climática, e estamos caminhando
com urgência para esse marco, e essas mudanças só irão ocorrer com o comprometimento dos
líderes nacionais com o Acordo de Paris, apoiando o investimento de novas tecnologias e
incentivo para a população criar pequenos hábitos que fazem a diferença, como por exemplo a
economia de energia e a diminuição da ingestão de carne.
39

2.3 ENERGIAS RENOVÁVEIS

Energia renovável é todo tipo de energia gerada através de uma fonte natural
considerada inesgotável como: a luz do sol, o calor da terra, os ventos, as marés, ondas e
moléculas de hidrogênio. Essas fontes se regeneram espontaneamente caracterizando-se como
fontes primárias, e podem ser consideradas fontes secundárias através de uma ação adequada
pelo ser humano a partir das fontes primárias.
As emissões de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera tais como, dióxido de
carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e gases fluorados (compostos de HFCs,
PFCs, SF6 e NF3) provenientes de processos industriais que utilizam energias renováveis, são
muito menores quando comparadas às fontes não renováveis, e dependendo do processo, essa
emissão chegar a zero, caracterizando-se como uma energia limpa ou também chamada de
energia verde.
As energias renováveis são uma forma de energia sustentável, pois atendem todas
as necessidades humanitárias da geração atual sem causar comprometimento às necessidades
de gerações futuras. Esse tipo de energia pode contribuir para a recuperação do planeta no
sentido de proporcionar um aumento da eficiência energética podendo ser uma solução para
problemas econômicos, sociais e ambientais de um país.
Com o avanço tecnológico da energia sustentável, muitos países estão desejando a
transição energética por vários motivos, de acordo com a InterAcademy Council (2007) os
motivos são:
 Os benefícios ambientais e de saúde pública, visto que as modernas tecnologias
de energia renovável produzem emissões muito baixas (ou quase zero) de gases
de efeito estufa e de poluentes atmosféricos convencionais como o dióxido de
enxofre (SO2) e dióxido de nitrogênio (NO2), em comparação com as
alternativas de combustível fóssil,
 Os benefícios de segurança energética onde os recursos renováveis diminuem a
exposição à escassez de oferta e à volatilidade dos preços nos mercados de
combustíveis convencionais e podem reduzir a dependência das fontes
estrangeiras de energia, incluindo a dependência do petróleo importado,
 O desenvolvimento e benefícios econômicos pelo fato de muitas tecnologias
renováveis poderem ser implantadas de forma crescente, faz com que sejam
adequadas para países em desenvolvimento, em que existe uma necessidade
40

urgente de ampliar o acesso aos serviços de energia nas zonas rurais, além disso,
uma maior dependência dos recursos renováveis nacionais pode reduzir a
transferência de pagamentos por energia importada e estimular a criação de
empregos.
Apesar da alta importância na utilização de energias sustentáveis, um estudo feito
em 2010 pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) evidenciando o cenário de 2019, mostra que,
apenas cerca de 10% de toda energia global são obtidas de recursos renováveis, sendo a
hidroelétrica a mais utilizada com 6% conforme o Gráfico 3.

Gráfico 3 - Matriz energética mundial.

Fonte: FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, 2020

O baixo índice de energias renováveis na matriz energética mundial pode ser


explicado devido a existência de alguns inconvenientes, na qual a maioria deles é relacionada
ao fato do recurso explorado – eólico ou luz solar, por exemplo – ser disseminado, dificultando
o acesso e causando um baixo potencial de exploração. Isso também demandaria mais terras e
água para as instalações, impactando no habitat natural, paisagens e vida selvagem impactando
consideravelmente no projeto.
Os custos elevados para se obter uma energia renovável se tornam outro ponto a ser
observado, porém, no momento, a questão deve ser levada para o olhar estratégico visando que
no futuro os benefícios de uma produção de energia sustentável tragam saúde para o meio
ambiente e população humana, mas, isso ainda é tema de discussão na política de subsídios, já
que os projetos precisam de altos investimentos.
41

Em resumo, de acordo com a InterAcademy Council (2007), o aperfeiçoamento


contínuo das tecnologias de conversão, armazenamento e transmissão de energia poderia
melhorar a relação custo-competitividade das fontes renováveis e contribuir para a
confrontamento de preocupações sobre confiabilidade e aumentar o número de locais
apropriados para o desenvolvimento de energias renováveis. Isso exigirá muito esforço dos
governos do mundo inteiro para implantar políticas que favoreçam os investimentos na área de
pesquisa e desenvolvimento de tecnologias renováveis para assegurar o aceleramento
progressivo para que novas alternativas renováveis possam competir com as tecnologias
convencionais que atualmente dominam os mercados da energia mundial.

2.3.1 Energia eólica

Fortemente motivada pelas discussões sobre mudanças climáticas e da consequente


necessidade de redução da emissão dos gases de efeito estufa e de outros gases poluentes, a
energia eólica tem sido uma das fontes renováveis que mais crescem no mundo (MINISTÉRIO
DE MINAS E ENERGIA, 2020).
A energia eólica é obtida através do aproveitamento do vento, que é o movimento
das massas de ar. Para transformar a energia dos ventos em energia elétrica são
usados aerogeradores, que possuem imensas hélices que se movimentam de acordo com a
quantidade de vento no local. Essas hélices, em geral, possuem o tamanho de uma asa de avião
e são instaladas em torres de até 150 metros de altura (EMPRESA DE PESQUISA
ENERGÉTICA).
Existem dois tipos de parques eólicos, o chamado “onshore”, onde as torres eólicas
estão em terra firme e o processo de aproveitamento do vento é feito a partir do vento que sopra
de localizações em terra e também o “offshore”, onde o aproveitamento do vento é feito através
do vento que sopra em alto-mar. Ambos têm algo em comum, é utilizada energia limpa e
renovável, porém, segundo a empresa do setor energético Iberdrola (2021), avalia que a
produção de energia de um parque “offshore” comparada a um parque “onshore” chegaria a
dobrar em relação a produção média, isso porque o vento que sopra no mar é mais intenso que
em terra firme, além disso, o impacto visual e acústico é baixo e, graças a isso, sua capacidade
instalada é superior no mar, chegando a centenas de megawatts. Por outro lado, a facilidade
42

proporcionada pelo transporte marítimo permite atingir potências unitárias e tamanhos muito
maiores do que em terra (IBERDROLA, 2021).
Assim como a energia solar, a energia eólica pode ser considerada praticamente
infinita. Entretanto, é importante avaliar a densidade de energia eólica em cada região sabendo
que o vento não é distribuído de forma uniforme em todo o planeta.
Segundo o boletim anual 2020 da Associação Brasileira de Energia Eólica, o Brasil
esteve em sétimo lugar no Ranking Mundial de capacidade eólica acumulada num estudo
elaborado pela GWEC (Global Wind Energy Council), tendo instalado 2,3 GW de nova
capacidade (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA EÓLICA, 2021).
A Figura 3 mostra que o Brasil ficou atrás apenas de países como China, EUA,
Alemanha, Índia, Espanha e França.

Figura 3 - Capacidade total instalada.

Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA EÓLICA, 2021

O gráfico mostra que o Brasil é um ótimo lugar para investimento de energia eólica,
principalmente em regiões sul e nordeste que de acordo com a EPE (Empresa de Pesquisa
Energética) tem um grande potencial de jazidas de vento e permitem as instalações de diversos
parques eólicos. Na Figura 4 é possível ver a velocidade média anual do vento (m/s) no Brasil.
Fator de capacidade é uma forma de avaliar o potencial eólico de uma determinada
região, e pode ser entendido como o percentual de aproveitamento, estimado ou efetivo, do total
da potência máxima instalada. Ele aponta boas características dos ventos brasileiros resultando
num valor que é o dobro da média mundial. Enquanto a média mundial do fator de capacidade
está ao redor de 25%, o Brasil, na média, tem um fator de mais de 40%, atingindo valores
próximos a 60% e 70% no Nordeste. Essa força dos ventos brasileiros significa uma alta
produtividade e, com cada vez mais parques eólicos operando, a eólica vem batendo recordes
43

atrás de recordes durante a “safra dos ventos”, período que vai de junho até o final do ano,
chegando a atender 80% do Nordeste (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA EÓLICA,
2020).

Figura 4 - Mapa eólico do Brasil.

Fonte: EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2013

A Associação Brasileira de Energia Eólica (2021) aponta que no Brasil há 726


usinas instaladas, 19 GW de capacidade instalada, 4 GW de capacidade em construção
promovendo a redução de 22900000 t/ano de CO2 atualmente.
Há uma revolução indiscutível acontecendo no mundo: estamos nos afastando das fontes
poluentes e priorizando as renováveis de baixo ou baixíssimo impacto ambiental, destacando-
se aí a energia eólica. Em alguns países isso está ocorrendo rapidamente e há outros ainda lentos
nesta transição. Independente da velocidade, o fato é que esta mudança é irreversível e devemos
44

nos engajar para que ela aconteça de forma cada vez mais eficiente e rápida em todo o mundo.
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA EÓLICA, 2020)

2.3.2 Energia solar

Energia solar é a energia proveniente do Sol. Esta energia é captada por painéis
solares, formados por células fotovoltaicas e transformada em energia elétrica ou mecânica. A
energia solar é considerada uma fonte de energia limpa e renovável, pois não polui o meio
ambiente e não acaba (LAVEZZO, 2016).
O sol é fonte de energia renovável, o aproveitamento desta energia tanto como fonte
de calor quanto de luz, é uma das alternativas energéticas mais promissoras para enfrentarmos
os desafios do novo milênio de crises energéticas e mudanças climáticas. A energia solar é a
solução ideal para áreas afastadas e ainda não eletrificadas, especialmente num país como o
Brasil onde se encontram bons índices de insolação em qualquer parte do território. A Energia
Solar soma características positivas para o sistema ambiental, pois o Sol, trabalhando como um
imenso reator à fusão, irradia na terra todos os dias um potencial energético extremamente
elevado e incomparável a qualquer outro sistema de energia, sendo a fonte básica e
indispensável para praticamente todas as fontes energéticas utilizadas pelo homem
(LAVEZZO, 2016).

2.3.2.1 Energia solar fotovoltaica

A energia solar fotovoltaica nada mais é do que a conversão da luz solar em


eletricidade. Através de um fenômeno conhecido como efeito fotovoltaico, os fótons, que são
partículas elementares presentes na energia luminosa, são absorvidos por uma célula
fotovoltaica gerando energia elétrica.
As estimativas futuras sobre a energia solar variam de forma ampla e, assim como
todas as previsões, dependem muito de pressupostos de políticas e de custos. Assim como na
energia eólica, a base de recursos potenciais é grande e amplamente distribuída no mundo
inteiro, embora, as perspectivas sejam melhores em alguns países do que em outros. O maior
desafio para a aplicação dessa tecnologia é o custo elevado. Os custos da energia solar
45

fotovoltaica variam de acordo com a qualidade do recurso e do módulo solar utilizado, mas são
normalmente mais altos do que o custo da geração de energia convencional e consideravelmente
mais elevados do que os custos de geração de energia eólica (INTERACADEMY COUNCIL,
2007).
Atualmente, a participação da energia solar tem baixa expressão na matriz mundial.
Porém, ela exibiu um aumento de cerca de 2.000% entre 1996 e 2006, visto que, em 2015, a
capacidade instalada total mundial atingiu 177 GW (MAUAD, FERREIRA, TRINDADE;
2017).
Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, o Brasil não figura
no Ranking Mundial Solar FV. Um dos desafios que o Brasil enfrenta é a falta de qualificação
de profissionais no mercado e a dificuldade de armazenamento na geração de energia.

Na Figura 5 é listado os países que mais investem nesse setor.

Figura 5 - O mercado fotovoltaico no mundo.

Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA, 2021

O Brasil é um país tropical e na maior parte do território o sol prevalece, tornando-


se mais sustentável o uso de energia solar fotovoltaica. Isso explica os dados obtidos pela
Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) mostrados no Gráfico 4, que
demonstra o crescimento da fonte solar fotovoltaica no Brasil.
46

Gráfico 4 - Evolução da fonte solar fotovoltaica no Brasil.

Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA, 2021

A Fonte Solar Fotovoltaica no Brasil gera diversos benefícios. Segundo a


Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, mais de 7,4 GW estão operando desde
2012, mais de R$ 38,2 bilhões em novos investimentos privados aplicados, mais de 224 mil
novos empregos gerados e mais de R$ 11,3 bilhões foram arrecadados de tributos
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA, 2021).

2.3.2.2 Energia solar térmica

A energia solar térmica também utiliza a energia solar para operar, usa a energia do
sol para aquecer a água e utiliza placas solares para captar energia que vem do sol e transferir
para água, aquecendo-a e por fim ficará armazenada num reservatório podendo ser utilizada
conforme a demanda. Essa tecnologia pode ser utilizada para condicionamento de ar em casas
e edifícios, para aquecer água, produzir eletricidade e combustíveis. Sistemas ativos de energia
térmica solar podem também fornecer água quente em edifícios residenciais e comerciais, bem
como para a secagem de colheitas, processos industriais e dessalinização que é a retirada do
47

excesso de sal e minerais da água através de processos químicos (INTERACADEMY


COUNCIL, 2007).
De acordo com InterAcademy Council (2007), atualmente a tecnologia da energia
solar térmica é utilizada, principalmente, para aquecimento da água. No mundo todo,
aproximadamente 40 milhões de residências (cerca de 2% do total de domicílios) usam sistemas
solares de água quente. Os principais mercados desta tecnologia estão na China, Europa, Israel,
Turquia e Japão, com a China, por si só, respondendo por 60% da capacidade mundial instalada
(INTERACADEMY COUNCIL, 2007).
Há também uma série de tecnologias que concentram a energia solar térmica para
gerar calor nos processos industriais e produzir eletricidade. Calhas, torres e antenas parabólicas
são utilizadas para concentrar a luz solar. A energia térmica concentrada é absorvida por alguma
superfície material e usada para operar um ciclo de energia convencional (INTERACADEMY
COUNCIL, 2007).
Tecnologias de concentração de eletricidade solar térmica funcionam melhor em
áreas com maior nível de radiação solar direta e oferecem vantagens, em termos de capacidade
embutida de armazenamento de energia térmica. Recursos de produção de hidrogênio e de
outros combustíveis, como exemplo a gaseificação a vapor, com energia solar, do carvão ou
outros combustíveis sólidos e outros meios de usar formas diluídas de calor solar como tubos
coletores, lagoas solares e chaminés solares também estão sendo pesquisados
(INTERACADEMY COUNCIL, 2007).

2.3.3 Energia hidroelétrica

A energia hidroelétrica é a energia renovável mais desenvolvida do mundo, ela


utiliza a força da água corrente para gerar energia elétrica. O processo começa na construção
de uma barragem em um rio com o objetivo de represar a água e formar um reservatório, quase
como um lago. A água é captada desse reservatório e conduzida por tubulações para a casa de
força, uma edificação onde se localizam as turbinas e geradores que transformarão a pressão da
água da barragem em movimento e esse movimento em energia elétrica (BOCK, 2018).

A água é o recurso natural mais abundante na Terra, com um volume estimado


de 1,36 bilhões de quilômetros cúbicos (km3) recobre 2/3 da superfície do
planeta sob a forma de oceanos, calotas polares, rios e lagos. Além disso, pode
48

ser encontrada em aquíferos subterrâneos, como o Guarani, no Sudeste


brasileiro. A água também é uma das poucas fontes para produção de energia
que não contribui para o aquecimento global e a formação do reservatório
(SILVA; HAYASHI; SANGIULIANO, p. 5, 2010).

O Brasil é o país que mais possui reserva de hidroenergia em nível mundial, sua
riqueza em possuir água abundante proporciona a criação de grandes usinas hidroelétricas, com
isso, a principal fonte de energia elétrica do país passa a ser a Hidroelétrica.
Em um gráfico produzido pela Internacional Energy Agency (IEA) mostra os
principais produtores de hidroeletricidade no mundo, conforme a Figura 6.

Tabela 1 - Produtores de hidroeletricidade.


PRODUTORES TWh % do total mundial
China 1232 28,5
Brasil 389 9
Canadá 386 8,9
Estados Unidos 317 7,3
Rússia 193 4,5
Índia 151 3,5
Noruega 140 3,2
Japão 88 2
Vietnã 84 1,9
França 71 1,6
Resto do mundo 1274 29,6
Total 4325 100
Fonte: Adaptado de INTERNATIONAL ENERGY AGENCY, 2020.

A Tabela 1 apresenta uma lista que inclui a produção de eletricidade a partir do


armazenamento bombeado e exclui países sem produção hídrica.
O Brasil se encontra em segundo lugar no Ranking com uma produção de 389
Terawatt-hora, na frente de países como Canadá, Estados Unidos e Rússia.
Além do mais, na matriz elétrica brasileira, a energia hidroelétrica representa cerca
de 60% da fonte de eletricidade, conforme o a Figura 6.
49

Figura 6 - Distribuição da matriz elétrica brasileira 2021.

Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA

As grandes usinas hidroelétricas enfrentam grandes desvantagens pelos impactos


ambientais causados, geralmente por possuírem uma disponibilidade por grandes áreas,
causando desmatamento, alterações nas estruturas dos rios e impacto na vida marinha.
A burocracia e o custo altamente elevados também dificultam a construção de novas
usinas, as desvantagens sobre a natureza impactam diretamente em projetos de grandes
proporções.
Entretanto, uma alternativa menos burocrática e mais barata é a construção de uma
Pequena Central Hidroelétrica (PCH) que funciona como uma usina hidroelétrica de pequeno
porte, além de gerar um menor impacto ambiental.
A base de recursos das pequenas centrais hidroelétricas é bem grande no mundo
inteiro, uma vez que a tecnologia pode ser aplicada em grande proporção em pequenos rios.
Além disso, para construir uma pequena central hidrelétrica o investimento necessário é
geralmente viável, o tempo de construção é curto e centrais modernas são automatizadas e não
precisam de operadores permanentes. Os principais obstáculos da energia hidroelétrica são
sociais e econômicos e não técnicos, uma vez que a construção de uma usina pode gerar muitos
50

problemas ambientais e, portanto, encarecendo o projeto. Os esforços recentes de pesquisa e


desenvolvimento têm se centrado na incorporação de novas tecnologias e métodos operacionais
e em minimizar ainda mais os impactos sobre as populações de peixes e outros usos da água
(INTERACADEMY COUNCIL, 2007).

2.3.4 Energia de biomassa

A biomassa é utilizada na produção de energia a partir de processos de combustão


de material orgânico com a lenha, lixívia, bagaço de cana-de-açúcar, resíduos florestais e
agrícolas, casca de arroz, excrementos de animais, entre outros materiais orgânicos que formam
a biomassa. A biomassa é produzida e acumulada em um ecossistema, porém nem toda a
produção primária passa a incrementar a biomassa vegetal do ecossistema. Parte dessa energia
acumulada é aproveitada pelo ecossistema para sua própria manutenção. As vantagens
envolvem o baixo custo, permite o reaproveitamento de resíduos e é menos poluente que outras
formas de energia, como por exemplo, a de combustíveis fósseis. A queima de biomassa
provoca a liberação de dióxido de carbono na atmosfera, porém, como este composto havia sido
previamente absorvido pelas plantas que deram origem ao combustível, o balanço de emissões
de CO2 é próximo de zero (SILVA; HAYASHI; SANGIULIANO, 2010).
Por ser um recurso renovável que pode atingir emissões quase nulas de gases do
efeito estufa (GEE), desde que tecnologias apropriadas sejam utilizadas e que as matérias-
primas sejam geradas de forma sustentável, pode considerar que uma dependência da biomassa
em aplicações modernas desempenhe um papel importante na transição energética sustentável
(INTERACADEMY COUNCIL, 2007).
Os usos modernos da biomassa oferecem muitas possibilidades para reduzir a
dependência por combustíveis fósseis, diminuir emissões de GEE e promover um
desenvolvimento econômico sustentável. Diversas tecnologias de energia de biomassa estão
disponíveis para a aplicação em pequena e larga escala, uma delas é a gaseificação, onde
combina calor e eletricidade, também temos o gás de aterro sanitário, recuperação de energia
pelos resíduos sólidos e também os biocombustíveis para o setor de transportes, como o etanol
e biodiesel (INTERACADEMY COUNCIL, 2007).
O etanol de cana-de-açúcar, dentre todos citados, é o combustível de biomassa de
maior sucesso comercial produzido atualmente. O etanol de cana-de-açúcar tem um balanço
51

energético positivo e tem se sobressaindo por apoios de políticas públicas em vários países,
principalmente o Brasil, que atualmente satisfaz cerca de 40% de suas necessidades de
combustível para automóveis com o etanol de cana-de-açúcar (INTERACADEMY COUNCIL,
2007).
Já o biodiesel, outro combustível para transporte à base de biomassa, há pouco
tempo tornou-se disponível comercialmente em virtude de programas na Europa e na América
do Norte, mas essa opção oferece um potencial limitado para a redução dos custos de produção,
e sua viabilidade provavelmente continuará a depender de incentivos externos, como os
subsídios agrícolas. Além disso, fatores consideráveis como o atendimento a especificações dos
combustíveis e um controle de qualidade rigoroso são essenciais para firmar o comércio do
biodiesel. As novas tecnologias têm favorecido a diversificação da cadeia de fornecimento do
biodiesel, usando, por exemplo, o bioetanol em vez do metanol de carvão como matéria-prima
(INTERACADEMY COUNCIL, 2007).
A energia do biogás, a partir da digestão anaeróbica (ausência de oxigênio gasoso)
em aterros sanitários, em estações de tratamento de esgotos e em locais para gestão de estrume,
é considerada uma opção de fácil acesso no contexto de créditos de carbono disponíveis através
do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Essa forma de energia de biomassa não só
substitui a combustão de combustíveis fósseis, mas também diminuem as emissões de metano
(CH4), um gás de efeito-estufa considerado mais potente que o dióxido de carbono. Tecnologias
disponíveis para converter a biomassa em formas de energia disponível variam em termos de
escala, qualidade dos combustíveis e custo. Tecnologias de grande escala que já estão no
mercado incluem, por exemplo, leitos fluidificados, queima de pó, biomassa e co-combustão
de carvão mineral, bem como vários tipos de sistemas de gaseificação, pirólise etc. Contudo,
essas tecnologias ainda não estão comercialmente disponíveis em países em desenvolvimento
e exigem apoio financeiro – bem como construção de capacidade local – para serem mais
amplamente implantadas. Um importante investimento para a expansão da energia da biomassa
abrange os estudos em ciências biológicas e química, com foco no desenvolvimento de culturas
destinadas à produção de energia, engenharia molecular e até mesmo na simulação artificial de
processos biológicos naturais, como a fotossíntese (INTERACADEMY COUNCIL, 2007).
Um Plano Nacional de Energia (PNE) 2050 apresentado pela Empresa de Pesquisa
Energética (EPE) e o Ministério de Minas e Energia (MME) em 2020, contém os principais
desafios para a disseminação e o desenvolvimento dos novos biocombustíveis.
O primeiro desafio é a concentração da produção de biocombustíveis em poucos
países no mundo, que dificulta o comércio internacional e impede a formação de um mercado
52

internacional de biocombustíveis. Para isso deve haver o crescimento e a diversificação de


países na produção e no consumo de biocombustíveis.
O segundo desafio abrange a diversificação das biomassas para biocombustíveis e
o desenvolvimento de novos biocombustíveis que podem trazer soluções para a
descarbonização no segmento de transporte e também em bioplástico e biomateriais.
O terceiro desafio fica por conta da diversidade de qualidade do produto e
assimetria de informação que é uma das barreiras para a expansão do aproveitamento de
biomassa. Por exemplo, na cogeração industrial a inexistência de padronização sobre o
combustível, de modo que facilite a utilização e a validação do preço, impede seu maior
aproveitamento. O mesmo vale para os biocombustíveis veiculares e sua aplicação
internacional. A diversidade de qualidade leva a uma significativa assimetria de informação,
aumentando os custos de transação da fonte.
Por último a diversidade de atores estabelecendo políticas públicas para o setor de
transportes, onde diversas políticas públicas concorrem para o crescimento do setor de
transportes mais eficiente, confiável, limpo e economicamente sustentável. Tais como a Política
Nacional de Biocombustíveis, o Rota 2030, o Programa de Controle da Poluição do Ar por
Veículos Automotores (Proconve), o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel
(PNPB), o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV) e a Política Nacional de
Mobilidade Urbana (PNMU). Estabelecer um sistema efetivo de governança dessas políticas,
do compartilhamento de estatísticas e de informações é uma tarefa complexa e que exige
coordenação e estratégia de comunicação entre as diferentes partes interessadas (MINISTÉRIO
DE MINAS E ENERGIA, 2020).
O Plano Nacional de energia 2050 aponta estratégias e planos em longo prazo para
atender o setor energético brasileiro, uma de suas expectativas é que no ano de 2050 a biomassa
apresente um potencial energético de 530 milhões de tep (Tonelada equivalente de petróleo),
com isso, a biomassa florestal pode ajudar com mais de 95 milhões de tep. Um fator importante
a ser levado em consideração é a substituição dos automóveis a combustão dando espaço a
veículos elétricos, que vai demandar uma maior geração de energia elétrica, dando mais espaço
para a biomassa. A ampliação de usinas para produção de hidrogênio verde também interessa
o mercado de biomassa, pois a utilização de um recurso renovável atende ao processo de
produção de hidrogênio verde. Com novas tecnologias de plantio, aproveitamento do solo e sua
transformação em energia, torna-se cada vez mais eficiente, a biomassa, que vem crescendo e
se tornando fundamental na transição energética brasileira e no mundo (FLORESTAL, 2021).
53

3 HIDROGÊNIO COMO FONTE DE ENERGIA

3.1 ASPECTOS GERAIS

3.1.1 Origem

A palavra hidrogênio possui origem do grego, sendo composta pelos termos


“hydro” e “genes” que significa gerador de água.
Durante o século XVI, o físico e alquimista T. Von Hohenheim, também conhecido
como Paracelsus, foi o primeiro a obter artificialmente o gás hidrogênio (H2) através da reação
de alguns metais com ácidos (ECYCLE, 2020). Paracelsus não recebeu nenhum mérito pela sua
realização, pois para que se receba mérito pela descoberta de um elemento químico é necessário
que seja realizada a caracterização do mesmo (HOLZLE, 2008).
Em 1670, o químico Robert Boyle também obteve hidrogênio pelo mesmo método,
produzindo um gás inflamável, mas novamente sem realizar caracterizações (HOLZLE, 2008).
Após todas essas obtenções de hidrogênio sem caracterização, finalmente o
hidrogênio foi reconhecido como uma nova substância química. Isso ocorreu em 1766 através
do químico e físico inglês Henry Cavendish que conseguiu separar o hidrogênio dos gases
inflamáveis produzidos por Boyle e em seguida estudou suas propriedades físicas, batizando
sua descoberta como “ar inflamável”.
Em 1781, Henry Cavendish descobriu que quando queimado o “ar inflamável”
produz água, sendo assim, é Cavendish quem recebe o crédito pela descoberta do hidrogênio
como um elemento químico.
Esse novo elemento químico recebeu o nome de hidrogênio em 1783 quando o
químico Antoine Lavoisier e o físico Pierre-Simon Laplace, ambos franceses, realizaram
experimentos em conjunto, semelhantes aos de Cavendish, onde a queima do hidrogênio
produzia água (DIAS, 2021).
54

3.1.2 Características

O hidrogênio é encontrado em estado puro como um elemento químico gasoso. Ele


é inflamável, incolor, inodoro, não metálico e insolúvel.
É um elemento raro na atmosfera terrestre, já que sua densidade muito leve o
permite escapar à gravidade da Terra, porém está presente em abundância na superfície terrestre
em combinação com outros elementos, na forma de hidrocarbonetos, e em especial a água.
O hidrogênio é o elemento mais abundante no Universo. Geralmente ele é
encontrado no estado atômico e na forma de plasma, estimando cerca de 75% da massa
elementar, cujas propriedades são distintas daquelas do gás hidrogênio. Foi através do modelo
atômico de Bohr que foi possível explicar o comportamento estável do átomo de hidrogênio
(TODA MATÉRIA, 2021).

3.1.2.1 Características físicas

O hidrogênio molecular é um elemento que pode participar de diversos tipos de


reação. Essa capacidade é explicada pela seguinte característica:

O hidrogênio molecular possui grande afinidade química com diversos


compostos. Essa propriedade diz respeito à capacidade que uma substância
tem de reagir com a outra, pois mesmo se duas ou mais substâncias forem
colocadas em contato, mas não houver afinidade entre elas, não ocorrerá a
reação. Desse modo, ele participa de reações como hidrogenação, combustão
e simples troca (ECYCLE, 2020).

Ele é o gás mais leve que se conhece. Sua densidade é cerca de 14 vezes menor do
que a densidade do ar. Quando esfriado com ar liquefeito e comprimido fortemente, obtém-se
o hidrogênio líquido que possui ponto de ebulição a -252,9 ºC à pressão atmosférica
(BIOMANIA, 2021).
Segundo Biomania (2021), existem dois diferentes tipos de hidrogênio molecular e
eles são distinguidos da seguinte forma:
55

Em função do sentido de rotação de seu núcleo ou spin nuclear. Estas


variedades são o para-hidrogênio, menos energético e com diferentes sentidos
de rotação dos núcleos dos dois átomos, e o orto-hidrogênio, de maior energia
e com giros análogos. Em temperatura ambiente, a proporção normal é de três
partes do segundo para uma do primeiro (BIOMANIA, 2021).

As principais características físicas do hidrogênio molecular são:


 Na temperatura ambiente, é encontrado na forma de gás;
 É um gás inflamável;
 Ponto de fusão de -259,2 ºC;
 Ponto de ebulição de -252,9 ºC;
 A massa molar do H2 é de 2 g/mol;
 Pode se tornar cátion e/ou ânion monovalente;
 Apresenta ligação covalente sigma, tipo s-s, entre os dois átomos de hidrogênio
envolvidos;
 Os átomos compartilham dois elétrons entre si;
 Suas moléculas são apolares;
 Suas moléculas interagem por meio de forças dipolo induzido.

3.1.2.2 Características químicas

“O hidrogênio atômico não se encontra livre na natureza, mas sim combinado em


grande número de compostos” (BIOMANIA, 2021).
Segundo Ecycle (2020), o hidrogênio é um elemento que possui grande
instabilidade, sendo assim, é muito reativo e possui a tendência de ajustar seu estado eletrônico
de várias formas.

A estabilidade do átomo de hidrogênio é alcançada quando ele recebe um


elétron na camada de valência (a camada mais externa de um átomo). Em
ligações iônicas, o hidrogênio interage exclusivamente com um metal,
ganhando um elétron dele. Já em ligações covalentes,
o hidrogênio compartilha seu elétron com um ametal ou com ele mesmo,
formando ligações simples (ECYCLE, 2020).

As principais características do hidrogênio atômico são:


 Apresenta apenas um nível eletrônico;
56

 Apenas um próton em seu núcleo;


 Apenas um elétron em seu nível eletrônico;
 Possui maior eletronegatividade que qualquer elemento metálico;
 Maior potencial de ionização que qualquer elemento metálico;
 O seu número de nêutrons depende do isótopo:
o Prótio não possui nêutrons;
o Deutério possui 1 nêutron;
o Trítio possui 2 nêutrons.

3.1.3 Isótopos do hidrogênio

A estrutura atômica do hidrogênio apresenta um próton (carga positiva) no núcleo


e um elétron (carga negativa) na camada externa.
Segundo Biomassa (2021):

Seu peso atômico na escala comparativa química é de 1,00797. A diferença


entre esse valor e o observado para o peso do hidrogênio em seus compostos
fez com que alguns químicos pensassem que não se tratava de um erro de
medida, mas sim do peso combinado de átomos de hidrogênio de pesos
diferentes, ou seja, de isótopos de hidrogênio.

O hidrogênio possui 3 isótopos, átomos de mesmo número atômico e diferentes


números de massa, sendo eles o prótio, deutério e trítio (ECYCLE, 2020).

Figura 7 - Isótopos do hidrogênio.

Fonte: MANUAL DA QUÍMICA, 2021.


57

O prótio (1H), também chamado de monotério, é um dos isótopos estáveis do


hidrogênio. Ele é o mais abundante entre os três isótopos, com o hidrogênio contendo 99,986%
de prótio. Seu núcleo é formado por um próton, um elétron e não possui nêutron.
O deutério (2H), informalmente simbolizado pela letra “D”, tem seu núcleo formado
por um próton e um nêutron. Sua massa atômica é igual a 2 e o hidrogênio contém 0,014 de
deutério.
O trítio (3H), também chamado de trício e informalmente simbolizado com a letra
“T”, é o terceiro e último isótopo do hidrogênio e o menos abundante entre eles. Seu núcleo
contém um próton e dois nêutrons. O trítio é um isótopo radioativo e apresenta vida média de
aproximadamente 12,3 anos.
A Tabela 2 relaciona algumas características de cada um dos isótopos do
hidrogênio.

Tabela 2 - Algumas características dos isótopos do hidrogênio.


Prótio Deutério Trítio
(Hidrogênio leve) (Hidrogênio (Hidrogênio
pesado) superpesado)
Abundância (%) 99,986 0,014 10-18
Massa atômica 1,0079 2,0141 3,0162
Ebulição (K) H2 – 20,3 D2 – 23,6 T2 – 25,1
Ebulição (ºC) H2O - 100 D2O – 101,4 T2O – 102,9
Fonte: dos Autores.

3.2 TIPOS DE HIDROGÊNIO COMO FONTE DE ENERGIA

3.2.1 Hidrogênio cinza

O hidrogênio cinza ou cinzento é o mais abundante no mundo e corresponde a cerca


de 95% da produção global, pois este é destinado à geração de vapor ou a chamada reforma a
vapor (catalítica) do metano que consiste na liberação de gases obtendo como produto os
compostos CO2 e H2.
58

Esse método processa-se a altas temperaturas, requerendo grandes energias, além


disso, o metano é considerado um combustível de fonte não renovável (IPEN, 2019).
A reforma a vapor é um processo que utiliza uma etapa catalítica (catalisadores) e
consiste na conversão da mistura de vapor d`água e um combustível primário em um gás de
síntese (hidrogênio e monóxido de carbono). Este método possui como vantagem a redução do
monóxido de carbono e por consequência, um alto rendimento em hidrogênio (IPEN, 2019).
A Reforma Catalítica Contínua (CCR) é um processo químico que converte naftas
de refinaria de petróleo destiladas do óleo de baixa octanagem em produtos líquidos de alta
octanagem chamados de reformates, que são estoques de mistura premium para gasolina de alta
octanagem. O processo parcialmente desidrogena parafinas, isoparafinas e naftenos cíclicos e
os converte em aromáticos de alta octanagem (CHROMALOX, 2017).
A octanagem é a medida de resistência do combustível à pressão que ele sofre
dentro da câmara de combustão do motor, ou seja, é a capacidade que ele tem de resistir, em
mistura com o ar, ao aumento de pressão e de temperatura (MINASPRETO, 2015).
As naftas consumidas no processo de octanagem é a de destilação direta (DD) e do
coqueamento hidrotratada (NHK).
A Figura 8 exemplifica os produtos de obtenção através da reforma catalítica.

Figura 8 - Reforma catalítica para obtenção do hidrogênio.

Fonte: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE, 2016.

Os processos térmicos para a produção de hidrogênio cinza normalmente envolvem


um processo de alta temperatura no qual o vapor reage com um hidrocarboneto para produzir
hidrogênio como o gás natural, diesel, combustíveis líquidos renováveis, carvão gaseificado ou
biomassa gaseificada (ALÉM DA ENERGIA, 2021).
Com a utilização da reforma do vapor que emite um alto índice de gases, as
emissões significativas de CO2 chegam a cerca de 870 milhões de t/ano (COM CIÊNCIA,
2021).
59

Do ponto de vista econômico, a reação de reforma a vapor do etanol apresenta certa


vantagem. O etanol utilizado, precisa ser diluído e o seu uso na forma não destilada nas usinas
de açúcar e álcool pode ser uma boa alternativa para reduzir o custo final do processo de
produção do hidrogênio.
A preparação de catalisadores para produção de hidrogênio é uma área de pesquisa
em desenvolvimento e em fase inicial. O desafio é desenvolver catalisadores que apresentam
alta estabilidade, atividade e seletividade na reforma a vapor do etanol. Isso significa que há
possibilidade de uma alta produção em hidrogênio com resistência à formação de coque. O
coque é uma propriedade obtida a partir da destilação do carvão mineral que é utilizado em
fornos de altas temperaturas. Portanto, a busca por catalisadores que maximize a obtenção de
H2 e iniba a formação de CO, tem uma grande importância para o desenvolvimento do processo.

3.2.2 Hidrogênio marrom

O hidrogênio marrom consiste no mesmo processo de obtenção do hidrogênio cinza


(reforma do vapor), exceto a sua origem de obtenção que se baseia a partir da gaseificação do
carvão que consiste na reação parcial do carbono e oxigênio formando os compostos como CO
e H2.
As reações termoquímicas dos combustíveis sólidos, como o carvão ou a biomassa
em contato com o ar ou oxigênio e vapor d’água, resultam na formação de gases que podem ser
usados como fonte de energia térmica e elétrica. O principal produto da gaseificação é uma
mistura de gases: monóxido de carbono, hidrogênio, dióxido de carbono, metano e enxofre
(PENSAMENTO VERDE, 2015).
O processo inicia-se com a secagem durante o aquecimento do combustível, essa
etapa ocorre lentamente, pois a biomassa e madeira são compostos úmidos. A gaseificação do
combustível que ocorre logo após a secagem, obtém-se uma mistura de gases combustíveis que
são levados à etapa da pirólise.
A pirólise é a fragmentação das partículas, ou seja, transformação por aquecimento
de uma mistura em outras substâncias. Nesse caso, após a mistura de gases haverá a vaporização
dos componentes voláteis.
60

A próxima etapa é a remoção das impurezas e partículas nocivas que podem ser
derivados de enxofre que reagirá com o oxigênio. Os gases provenientes desta combustão
alimentam as turbinas do ciclo gás gerando energia elétrica.
As gaseificações ocorridas no processo estão listadas de acordo com a Tabela 3.

Tabela 3 - Principais reações envolvidas no processo de gaseificação.


Tipo de reação Reação
Combustão com oxigênio C + O2 → CO2 (1)

Gaseificação com oxigênio C + ½ O2 → CO (2)

Gaseificação com vapor C + H2O → CO + H2 (3)

Gaseificação com dióxido de carbono C + CO2 → 2 CO (4)


(Reação de Boudouard)

Reação de Shift CO + H2O → CO2 + H2 (5)

Gaseificação com hidrogênio C + 2 H2 → CH4 (6)

Reação de Metanização CO + 3 H2 → CH4 + H2O


(7)
Fonte: Carvão mineral, 2021.

A Figura 9 exemplifica o processo de obtenção do hidrogênio através do processo


simplificado da gaseificação.
61

Figura 9 - Gaseificação para obtenção de hidrogênio marrom.

Fonte: Carvão Mineral, 2021.

3.2.3 Hidrogênio azul

O hidrogênio azul também é obtido a partir do processo de gás natural (reforma do


vapor) produzindo o CO2 e H2, porém o hidrogénio azul é menos poluente do que a versão
cinzenta do gás. Ele é capturado a partir da produção do hidrogênio cinza, é armazenado e
enterrado no solo. Então quase não há a emissão de dióxido de carbono nesse processo, pois na
fase final é ocorrida a captura de carbono.
A captura do dióxido de carbono gerado na produção do hidrogênio a partir da
reforma a vapor do gás natural permite que ele seja injetado no poço para empurrar o petróleo
durante o processo de extração. O CO2 reage com o solo e fica aprisionado nele. Esta é uma
forma de “sequestrá-lo” (ALÉM DA ENERGIA, 2021).
A captura e armazenamento de carbono (CCS) é uma tecnologia que tem como
objetivo diminuir as emissões de CO2 na atmosfera. É possível capturar até 90% das liberações
desse gás produzidas a partir do uso de combustíveis fósseis. A CCS possui três etapas
principais: a captura, o transporte e o armazenamento.
62

A primeira etapa que envolve a captura pode ocorrer por três processos diferentes
chamados de pré-combustão, pós-combustão e combustão de oxi-combustível.
 Os sistemas de pré-combustão convertem combustível sólido, líquido ou gasoso
em uma mistura de hidrogênio e gás carbônico a partir de processos como
gaseificação ou reforma. Nessa reação, o hidrogênio pode ser usado como
gerador de calor ou energia livre de dióxido de carbono;
 A captura pós-combustão, por sua vez, envolve capturar o gás carbônico da
exaustão de um sistema de combustão e absorvê-lo em um solvente, antes de
remover e comprimir os elementos poluentes. O dióxido de carbono também
pode ser separado usando filtração por membrana de alta pressão, bem como
por processos de separação criogênica;
 Por fim, a combustão de oxi-combustível consiste na queima de um combustível
com o oxigênio no lugar do ar, para que o gás resultante seja constituído de
vapor de água e gás carbônico. Apesar desse processo facilitar a captura de
carbono devido à sua maior concentração, ele requer a separação prévia de
oxigênio do restante do ar (ECYCLE, 2020).
Na segunda etapa desse processo, envolve o transporte, que é feito para que o
dióxido de carbono possa ser comprimido e transportado por meio de dutos que já ocorrem em
processos como o de gás natural.
Na última etapa, o gás carbônico é armazenado cuidadosamente em formações
geológicas selecionadas que ficam localizadas a vários quilômetros abaixo da superfície da
terra. Dentre as opções, podem ser armazenados em aquíferos profundos, reservatórios de gás,
camadas de carvão e etc. Devido ao armazenamento em locais bem profundos da superfície do
solo e longe da atmosfera os impactos de suas emissões diminuem, o que não gera a emissão
para a atmosfera e contribui para a diminuição do aquecimento global.
Não há efetivamente uma produção de hidrogênio azul no mundo devido ao elevado
custo na operação de captura de carbono e instalações produtivas que permitem realizar os gases
que são emitidos através do processo de obtenção do hidrogênio cinza.

De acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA), a tecnologia


de captura e armazenamento de carbono é um componente-chave no combate
às mudanças climáticas. O uso de fontes de energia renováveis não será
suficiente para conter as emissões de gás carbônico geradas por fábricas,
usinas e transportes. De modo complementar ao uso de energias renováveis, é
necessário implementar o processo de captura e armazenamento de
63

carbono para atingir as metas climáticas propostas no Acordo de Paris


(ECYCLE, 2020).

Para fazer jus ao seu potencial e impulsionar a transição energética para um mundo
de baixo carbono, o desenvolvimento do hidrogênio deve se concentrar não apenas na produção,
mas também na construção da cadeia de abastecimento geral necessária e um ambiente de
mercado favorável. Isso significa apoiar a inovação e o desenvolvimento de tecnologia,
especialmente para usos finais do hidrogênio. A infraestrutura e os arranjos institucionais
precisam ser desenvolvidos. São necessários regulamentação, estruturas de mercado e
governança robustas (CBIE, 2020).
Em 2020, o governo russo aprovou um plano para o desenvolvimento do hidrogênio
até 2024 com o objetivo de aumentar a produção e expandir sua aplicação, além de tornar a
Rússia uma das líderes mundiais em produção e exportação. O Gabinete de Ministros do país
euroasiático espera que a exportação de hidrogênio nacional possa chegar a 200 mil toneladas
em 2024 (ALEKSANDR GALIPERIN, 2021).
Segundo Gazprom, “A produção de hidrogênio 'azul' neutro em carbono garantirá
o papel da Rússia como a maior exportadora mundial de hidrogênio 'azul' a longo prazo”
(ALEKSANDR GALIPERIN, 2021).

3.2.4 Hidrogênio branco

O hidrogênio branco é obtido a partir de eletrolisadores. Um eletrolisador é


alimentado por uma fonte de energia elétrica onde uma célula eletroquímica com dois eletrodos
chamados de catodo e o anodo produzem os gases hidrogênio e oxigênio.
Esse processo equivale a 4% do hidrogênio produzido no mundo e consome um
alto índice de energia elétrica, sendo uma das principais desvantagens. Ele é muito utilizado em
países do continente europeu e para cerca de 3600 TWh produz-se 2,4 milhões toneladas de
H2 (COM CIÊNCIA, 2021).
O desafio na produção desse tipo de hidrogênio engloba as melhorarias do processo
de eletrólise da água para que a demanda de energia seja menor e que possa ser suprida por
fontes renováveis como solar ou eólica.
Os materiais para os anodos e catodos precisam ser desenvolvidos para que a quebra
da ligação da molécula de água ocorra com maior facilidade quando for obter o hidrogênio em
64

reação com o oxigênio. Esse processo demandaria menor consumo de energia e produziria o
hidrogênio em maior quantidade.
Os pesquisadores visam continuamente a busca de materiais para que o anodo e o
catodo possam ser bons eletrocatalisadores de baixo custo e alta estabilidade química e
durabilidade com intuito de serem abundantes e não tóxicos. Dentre as finalidades já
encontradas, o elemento prata (Pt) ainda é o melhor material para esse processo, porém seu
custo é alto o que a torna inviável.
Segundos os pesquisadores, os materiais como as ligas de Ni-Mo-Cu assim como
sulfetos, têm uma grande aposta e apresenta boa performance nos testes, mas ainda precisam
ser melhor estudados.
Para produzir H2 com emissão zero, tem sido proposta a quebra da ligação da água
pela ação da luz solar, neste caso usando fotocatalisadores. São materiais semicondutores que
ao absorverem luz, promovem a formação de elétrons fracamente ligados e com alta mobilidade
que podem ser facilmente transferidos para água dos chamados pares elétrons-lacunas na
superfície desses semicondutores. Os elétrons promovem a redução da água gerando
hidrogênio, e as lacunas geram a oxidação. Esse conjunto gera o oxigênio. Neste caso há dois
sistemas possíveis de serem empregados, onde se usa apenas a luz solar, chamada fotocatálise
ou a luz solar e energia elétrica, chamada fotoeletrocatálise (COM CIÊNCIA, 2021).
O desafio é a obtenção de semicondutores, pois materiais desse tipo sofrem
fotocorrosão que é a corrosão ácida em uma chapa metálica, inox, latão e etc.
A Figura 10 exemplifica o processo de obtenção do hidrogênio branco em
fotoeletrocatálise.

Figura 10 - Representação da produção de hidrogênio em fotoeletrocatálise.

Fonte: COM CIÊNCIA, 2021.


65

Outra boa alternativa é utilizar o hidrogênio branco no processo de reciclagem para


os plásticos que não são recicláveis que é caso dos polímeros de alta densidade linear, por
exemplo, cabos de panela, tomadas, isopores e etc.

Segundo Flavio Ramalho Ortigão, fundador da Bioenergia e da Recupera,


através da conversação de plásticos, comumente derivados de petróleo e
compostos principalmente de hidrogênio e carbono, em singás em um
processo sem emissões, nós evitamos que a mesma quantidade de petróleo
virgem seja extraída. O hidrogênio branco é uma maneira economicamente
viável de transformar o problema do descarte dos plásticos não recicláveis em
uma solução verde (CICLO VIVO, 2020).

Segundo Monica Saraiva Panik, curadora do Núcleo Transformação Energética-


Hidrogênio do Movimento BW Expo, Summit e Digital 2020 “O hidrogênio será fundamental
para atingir esse objetivo, por isso há oportunidades em sete setores, como transporte, indústria,
mineração, siderúrgico, construção e armazenamento de energia”.

E ainda afirma que com esse recurso, seria possível produzir 576 mil kg de
hidrogênio, que poderia abastecer 576 mil carros ou 23 mil ônibus. Isso porque
a tecnologia trazida produziria 144 kg de hidrogênio a cada 1 tonelada de
plástico. Já um carro pode percorrer cerca de 100 km por dia com 1 kg de
hidrogênio, enquanto um ônibus consome cerca de 25 kg de hidrogênio por
dia (CICLO VIVO, 2020).

Os processos de produção dos tipos de hidrogênio estão apresentados na Figura 11.

Figura 11 - Processos de obtenção dos tipos de hidrogênio.

Fonte: COM CIÊNCIA, 2020.


66

3.3 HIDROGÊNIO VERDE

O hidrogênio verde é o combustível mais limpo do mundo. Ele surgiu através de


um processo chamado de eletrólise, no qual separa o gás de hidrogênio (H2), existente na
fórmula da água (H2O), através de corrente elétrica, porém, para ser chamado de verde, essa
corrente na qual faz a separação dos componentes precisa ser gerada por fontes de energia
renováveis como a solar fotovoltaica, solar térmica, eólica, hidroelétrica e biomassa. Através
desse processo, a produção do combustível se torna totalmente descarbonizada, pois zera a
emissão de dióxido de carbono no meio ambiente.
Tendo em conta as suas propriedades verdes, ele pode ser um combustível que traz
muitas vantagens no mundo, isso por que:
 O seu processo de produção com fins energéticos não emite gases que causem
o efeito estufa, sendo que esse processo gera somente água;
 Pode ser utilizado para produção de outros gases e combustíveis líquidos;
 As estruturas existentes para gases altamente inflamáveis, podem ser utilizadas
para transportar e armazenar o hidrogênio;
 Por ser um elemento altamente energético podem ser utilizados no lugar de
baterias;
Porém, para que tenha esse combustível totalmente limpo, demanda altos custos
para sua produção. Mas devido ao Acordo de Paris as empresas e seus governos nacionais estão
em busca de uma transição energética para uma economia de baixo carbono. A União Europeia
busca tomar a frente para a utilização desse combustível e anunciou um acordo chamado de
“Acordo Verde”, a meta é que entre o período de 2030 a 2050 esse hidrogênio deva ser
produzido em escala totalmente relevante e não demande tantos custos.

3.3.1 Panorama global

Em 2018 a produção de hidrogênio global correspondeu a cerca de 115 Mt, sendo


cerca de 73 Mt de hidrogênio puro. A produção de fertilizantes e os refinos de petróleo
correspondeu a cerca de 70,08 Mt de hidrogênio puro. Já os outros 42 Mt são correspondentes
ao hidrogênio em misturas com diversos gases, para a produção do metanol utilizou-se cerca
67

de 12,18Mt e o restante foi utilizado para outros segmentos da indústria (MME, 2021a). O
Gráfico 5 mostra a evolução da demanda de hidrogênio puro e em mistura com outros gases,
por aplicação (MME, 2021a).

Gráfico 5 - Evolução mundial do hidrogênio.

Fonte: MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2021a.

No mundo já se tem um mercado internacional de hidrogênio, mas que representa


menos de 10% do valor econômico global. Após o Acordo de Paris, todos os países do mundo
buscam o crescimento do mercado de hidrogênio para seu uso energético. A União Europeia, e
principalmente a Alemanha, já anunciaram seus planos estratégicos para a indústria do
hidrogênio verde e políticas de financiamentos para outros países produzirem e contribuir na
consolidação do mercado global.
Ainda temos muitas limitações nas aplicações energéticas desse combustível, por
diversas condições, entre elas a existência de poucas plantas de produção de hidrogênio verde
e seus desafios tecnológicos, as dificuldades de transporte e armazenagem do hidrogênio - já
que é um produto potencialmente perigoso com riscos de explosão - e também o alto custo
agregado na sua obtenção, principalmente pela exigência do processo na projeção e utilização
de equipamentos específicos, deixando-o mais caro quando comparado ao hidrogênio obtido
por fontes não renováveis.
68

3.3.2 Hidrogênio verde na Europa

Segundo a Comissão Europeia (2020), a UE tem a meta de até 2030 chegar a uma
redução de emissões de CO2 de pelo menos 40% em relação a 1990. Pois, cerca de 95% do
consumo energético utilizam fontes fósseis. Isto prova que o continente Europeu é muito
dependente desses combustíveis, e para seu processo de produção gera em torno de 70 a 100
milhões de toneladas de CO2 em um único ano.
O plano estratégico da UE é tornar o consumo energético totalmente verde, um
pacote de energia limpa foi aprovado pelo parlamento europeu em novembro de 2018, no qual
incluem a meta de 32% de energias renováveis até o ano de 2030. Com essa meta de energia
renovável, boa parte será utilizada para a produção do hidrogênio verde (Parlamento Europeu,
2019).
Apesar destas projeções, o bloco europeu não tem condições de produzir a
quantidade necessária para atingir a meta de neutralidade climática, e, portanto, a UE está em
busca da formação do mercado internacional do hidrogênio analisando países com áreas
disponíveis para sua produção. Com isso, a Europa busca atingir dois grandes objetivos: o
primeiro é obter uma grande segurança energética, pois poderá comprar esse combustível de
muitos países, já que até então eles querem eliminar os combustíveis que geram muito CO2,
dando a chance para que qualquer país com áreas disponíveis para energias renováveis possa
produzir o hidrogênio verde para um desenvolvimento econômico tanto interno quanto para sua
exportação, pois o bloco europeu será um grande consumidor desse combustível. Já o segundo
objetivo do bloco é que com a importação do combustível verde, a UE consiga atingir até 2050
o seu objetivo emitir zero carbono.
A União Europeia busca aliados em potencial para atingir sua meta, o bloco já
esgotou todo seu potencial hidrelétrico e por isso procura um país que se encaixe diretamente
nos aspectos em potencias para a produção do hidrogênio verde, sendo um desses países o
Brasil, com alta capacidade de produção desse combustível. O principal país do bloco que busca
essa aliança é a Alemanha, que projeta investir em países aliados e busca investir no território
brasileiro para a sua transição energética.
Em junho de 2020, a Alemanha lançou sua estratégia nacional para a produção de
hidrogênio verde. O país alemão informa que o hidrogênio verde é um elemento essencial do
acoplamento do setor energético e que o seu uso e seus produtos descendentes abrem novos
69

caminhos para a descarbonização, buscando a viabilização de toda a cadeia de valor do


combustível, isso inclui: tecnologias, armazenamento, logística e claro o uso.
A Alemanha em sua estratégia aborda que apenas o hidrogênio obtido por fontes
renováveis é sustentável ao longo prazo. Mas que irá apoiar um rápido crescimento de mercado
e estabelecer valores a novas cadeias correspondentes aos processos de produção do novo
combustível. O governo alemão acredita que nos próximos 10 anos, virá uma onda de
desenvolvimento no mercado global de hidrogênio.
A estratégia do governo alemão é buscar parcerias internacionais com capacidade
produtiva e com áreas preparadas para a produção do combustível verde. Foi aprovado segundo
a LUPION (2020) no parlamento alemão cerca de 7 bilhões de euros para o ramp-up do mercado
de tecnologias e desenvolvimentos na Alemanha. Além disso, no pacote de estímulo acordado
de mais de 2 bilhões de euros foram disponibilizados para acordos internacionais. O governo
sabe que não será possível a produção no país pela incapacidade de produzir grandes
quantidades que serão necessárias nessa transição energética, pois tanto na Europa, quanto na
Alemanha tem-se a dependência de geração energética por combustíveis fósseis. Buscando a
permanência não como grande produtor do combustível, mas sim como grande importador.
Com a estratégia lançada em 2020, o governo alemão mostrou alguns objetivos e
ambições com esse novo combustível. Claro que o objetivo mais evidente tanto da Alemanha
como do bloco europeu é assumir a responsabilidade global com a redução de emissão de CO2
utilizando o hidrogênio verde para isso. Mas o outro objetivo do governo é a busca de tornar o
hidrogênio mais competitivo impulsionando as reduções de custos e com um crescimento
rápido do mercado global, tornando o hidrogênio verde uma matéria-prima sustentável para as
indústrias e dando a elas a alternativa verde para a transição energética, com preços
competitivos e melhorando a infraestrutura de transporte mesmo que utilizando as estruturas
atuais para transportes de gases inflamáveis e altamente perigosos.
Portugal, outro país Europeu que lançou em 2020 um plano estratégico para o
hidrogênio, busca uma introdução mundial do combustível, sendo um pilar sustentável para a
economia descarbonizada. Portugal sabe que será extremamente necessário adotar e colocar em
prática ações de curto e longo prazo, criando uma base para um sistema energético nacional,
integro e otimizado. A estratégia portuguesa busca avaliar todos os padrões de produção,
consumo e principalmente as formas como utilizam as energias. O governo português busca
tentar alcançar a meta de 2030 introduzindo esse novo vetor energético e claro, diversificando
ofertas para que possam ser mais eficientes e com menor custo possível.
70

Buscando desempenhar um papel em todos os subsetores do país, tais como:


eletricidade, transporte e aquecimento. Sendo o hidrogênio uma via de tecnologia compatível
com padrões atuais de consumo, Portugal só teve essa percepção de um potencial muito alto no
hidrogênio porque o país vem amplificando e tendo resultados extremamente positivos em
relação aos custos de produção de energias renováveis.
O governo português busca e olha o hidrogênio verde como uma solução para a
transição da economia, gerando novos empregos e substituindo as importações energéticas.
Acreditando que o país tem condições e disponibilidade de se tornar uma referência tanto em
produção, como no consumo e exportação do combustível verde. O país busca implantar um
laboratório colaborativo para o desenvolvimento de novas tecnologias para a produção dessa
substância.

3.3.3 Hidrogênio verde no Brasil

O Brasil é um dos países com maior potencial de produção do hidrogênio verde do


mundo, isso por que a matriz energética brasileira, segundo LUPION (2020), é composta por
muitas fontes de energias totalmente renováveis.
Podendo-se tornar grande aliado no crescimento do mercado de hidrogênio verde
principalmente para a Europa, já que a Alemanha vê no território brasileiro uma grande chance
de produção em massa exatamente pela matriz energética do país, podendo considerar que o
Brasil pode se tornar no futuro um grande exportador do produto.
Atualmente tem-se um dos menores custos para a geração de energia renovável pois
seu consumo no mercado interno já é muito grande, e isso é o que torna o país especial para a
União Europeia, já que atualmente, segundo o Canal Energia (2021), o Brasil comporta cerca
de 60 % de empresas alemãs que trabalham no desenvolvimento de novas tecnologias para a
produção em alta escala do hidrogênio verde e com custos acessíveis.
Isso mostra que o Brasil tem acesso a tecnologias de ponta para a elaboração
estratégia da economia do hidrogênio verde. O país assinou no ano de 2021 um acordo de um
projeto piloto de uma planta desse combustível no estado do Pernambuco, esse acordo prevê
viabilizar a demanda do produto e preparar o porto do estado para uma produção em alta escala
no futuro. A empresa responsável pelo acordo é a Neoenergia, que tem uma capacidade de
energias renováveis muito grande no estado.
71

O governo brasileiro tem demonstrado grande interesse nesse novo mercado


internacional de hidrogênio. Desde 2005 o Brasil busca uma estruturação do mercado interno
de hidrogênio, mostrando uma valorização de rotas tecnológicas nas quais o país tem vantagens
competitivas, mas após a descoberta do Pré-sal em 2006, o governo brasileiro alterou suas
prioridades e deixou de lançar o uso de hidrogênio no Brasil. Um roteiro desde 2005 foi criado
para a estruturação da economia brasileira para o hidrogênio, esse roteiro desde essa época
mostra as vantagens competitivas que o Brasil tem em relação aos outros países globais.
A partir do ano de 2020, o hidrogênio verde tornou-se parte da estratégia energética
brasileira no Plano Nacional de Energia 2050. O Brasil aposta que o uso do hidrogênio verde
pode trazer possibilidades que permitem a descarbonização dos setores industriais do mercado
brasileiro. A partir desse PNE o governo busca desenhar e aprimorar toda a infraestrutura,
armazenamento, abastecimento e incentivos de novas tecnologias e articulando também com
outras instituições internacionais a busca por novas tecnologias da área do combustível verde.
Isso significa que o Brasil deve abraçar todas as oportunidades de desenvolvimento para as
tecnologias de produção do hidrogênio verde, no qual pode tornar o país competitivo nesse
mercado, mas não limitando somente o país a esse tipo de hidrogênio. O Brasil se mostra
consistente e promissor em viabilizar uma trajetória de descarbonização profunda no setor
energético, fazendo com que o mercado se acelere e tirando um proveito dos recursos naturais
do país.

3.4 CADEIA PRODUTIVA DO HIDROGÊNIO VERDE

A cadeia de valor do hidrogênio inclui, na prática, três fases que compreende a


produção, o seu armazenamento, distribuição e abastecimento e uso final, conforme
demonstrado o esquema da Figura 12 (República Portuguesa, 2020).
72

Figura 12 - Esquema da cadeia produtiva.

Fonte: REPÚBLICA PORTUGUESA, 2020.

Na cadeia de valor do hidrogênio verde temos a sua primeira etapa com a produção
do combustível através de seu processo eletrolítico. Isso sempre identificando diferentes vias,
processos e tecnologias associadas a novos desenvolvimentos. Essa primeira fase da cadeia
pode ser requerida em diferentes escalas, sendo grande escala (centralizada) centralizando todos
os esforços em um único consumo e a outra é pequena escala (descentralizada) variando os
locais de consumos.
Logo após sua primeira etapa, temos o início da segunda, na qual tratamos de
diferentes aspectos. Para a cadeia de valor do hidrogênio nessa fase trata-se de armazenamento,
distribuição e abastecimento. O processo inicia-se no armazenamento após sua produção e
conclui-se na entrega para seu uso final, caracterizando durante essa fase processos que se
desagregam em subprocessos. Esses subprocessos referem-se a armazenagem subterrânea,
liquefação, compressão, distribuições em dutos e transportes marítimos e rodoviários.
Na última etapa da cadeia de valor do hidrogênio, depende principalmente de sua
cadeia de abastecimento, na qual direciona o uso do combustível ao seu setor final e as suas
principais aplicações como setores de mobilidades, transportes e indústria. O hidrogênio pode
ser direcionado junto ao gás natural para a geração de energia elétrica e calor em setores
estacionários como os residenciais e industriais também.
73

3.5 PROCESSO DE PRODUÇÃO DO HIDROGÊNIO VERDE

Na primeira fase de sua cadeia de valor, temos o seu processo de produção no qual
chama-se de processo eletrolítico ou eletrólise. Para sua obtenção precisa-se principalmente da
produção de energias limpas que derivam de processos renováveis, essa energia é utilizada para
separar o hidrogênio da água e é a origem dessa energia que torna a cor do hidrogênio verde.
A eletrólise da água começou com a revolução industrial, quando em 1800,
Nicholson e Carlisle descobriram a possibilidade de ruptura eletrolítica da molécula de água.
Em 1902, já existiam 400 eletrolisadores industriais em operação (Instituto de Química de São
Carlos, 2020).
A eletrólise é um processo químico não espontâneo no qual ocorre a decomposição
eletroquímica de uma substância pela passagem da corrente elétrica, ou seja, a conversão de
energia elétrica em energia química (PALHARES,2016).
A corrente elétrica que flui em um sistema eletroquímico promove reações de
oxidação e redução das espécies envolvidas. Um sistema eletroquímico possui, no mínimo, dois
condutores eletrônicos - chamados de eletrodos - imersos em um condutor eletrolítico
(eletrólito). Os eletrodos e os eletrólitos são componentes básicos nos quais ocorrem os
fenômenos eletroquímicos, podendo participar ou não das reações químicas (PALHARES,
2016).
Para que a corrente elétrica no sistema aumente de forma significativa, é necessário
que a diferença de potencial entre os dois eletrodos exceda um valor mínimo. E esse potencial
de decomposição geralmente varia de 1 a 4 volts a depender do eletrólito utilizado
(PALHARES, 2016).
A reação de eletrólise, chamada de reações eletrolíticas são heterogêneas. Pois a
área do eletrodo influencia diretamente sua taxa de reação (PALHARES, 2016).
As espécies passam pelas seguintes etapas: os reagentes se aproximam da superfície
do eletrodo; na superfície do eletrodo o reagente envolve-se no processo de transferência de
carga, tornando-se produto, ao mesmo tempo em que a carga elétrica é transportada para o outro
eletrodo; por fim, ocorre a migração do produto da superfície do eletrodo para a solução. Nesse
processo a corrente elétrica circula por meio do circuito externo e uma corrente iônica através
da solução. Geralmente uma ou mais dessas etapas são lentas e determinam a velocidade do
processo (PALHARES, 2016).
74

3.5.1 Descrição do processo

A eletrólise da água consiste na separação de suas moléculas nos gases hidrogênio


e oxigênio pela passagem de corrente elétrica contínua. A corrente flui entre dois eletrodos
separados e imersos em um eletrólito, o qual tem a função de aumentar a condutividade iônica
do meio. Um diafragma ou separador deve ser utilizado para evitar a mistura dos gases gerados
nos eletrodos. Os eletrodos, o diafragma e o eletrólito são elementos que configuram a célula
eletrolítica (PALHARES, 2016).
Os eletrodos devem ser resistentes à corrosão, apresentar boa condutividade
elétrica, boas propriedades catalíticas e integridade estrutural. O eletrólito não pode se
modificar durante o processo e nem deve reagir com os eletrodos. O diafragma serve também
para evitar o curto-circuito entre os eletrodos, deve possuir uma alta condutividade iônica e
estabilidade física e química (PALHARES, 2016).
A reação global da eletrolise é mostrada na reação 8:
H2O + energia → H2 (g) + 12 O2 (8)
O hidrogênio é gerado no cátodo e o oxigênio no ânodo, conforme a Figura 13.

Figura 13 - Esquema do processo de eletrólise.

Fonte: Adaptado de CHEMRUS, 2018.


75

Essa energia absorvida no processo é convertida em calor nos eletrodos e energia


química na forma de hidrogênio gasoso. As reações nos eletrodos são descritas como (NETO;
MOREIRA, 2007):
Catodo: 2 H2O +2 e- → H2 (g) + 2 OH (9)
Anodo: 2 OH- → 12 O2 + H2O + 2 e- (10)

3.5.2 Termodinâmica da eletrólise

Em uma operação eletrolítica a temperatura e pressão são constantes, a energia


requerida para a reação de eletrólise é dada pela variação de entalpia no sistema (ΔH)
(PALHARES, 2016). Pela primeira lei da termodinâmica, o calor fornecido ao sistema é dado
por Q, o trabalho líquido realizado é W e ΔH sua variação de entalpia, conforme a Equação 11
para um sistema aberto:
ΔH = Q – W (11)
Como o único trabalho realizado é a energia elétrica aplicada ao eletrolisador, pode
ser escrito conforme a Equação 12 (NETO; MOREIRA, 2007).
W = -n. F . E (12)
Onde:
 n - Número de elétrons transferidos;
 F - Constante de Faraday (=23074 cal/volt equivalente);
 E - Potencial elétrico [V]
Substituindo a Eq. (11) em (12) tem-se (NETO; MOREIRA, 2007):

E= (13)
.
Para um processo isotérmico reversível (sem perdas), o calor Q é dado conforme a
Equação 14 (NETO; MOREIRA, 2007).
Q = T .ΔS (14)
Onde T é a temperatura e ΔS é a variação de entropia.
Substituindo a Eq. (14) em (13) resulta na definição do potencial mínimo reversível
necessário para realização da eletrólise na condição de perdas nulas conforme a Equação 15
(NETO; MOREIRA, 2007).
76

.
𝐸 (15)
Na Equação 8, o termo do numerador (∆H – T.∆S) é a variação da energia livre de
Gibbs ∆G. Nas condições normais de pressão e temperatura (1 atm e 25°C) ∆H é igual a 68320
cal/mol e ∆G igual a 56690 cal/mol. Portanto, o potencial reversível entre os eletrodos pode ser
calculado por (NETO; MOREIRA, 2007).

𝐸 = = 1,23 𝑣𝑜𝑙𝑡𝑠 (16)


.
Entretanto, devido às perdas no processo da eletrólise, o potencial requerido entre
os eletrodos é maior do que o potencial reversível. Na Equação 15, n e F são constantes, e
considerando as mesmas condições de pressão, temperatura e concentração de eletrólito, ∆H é
constante e Q variará conforme E variar. Como o processo se torna irreversível, Q diminuirá e
possivelmente pode tornar-se negativo quando a energia é perdida na forma de calor. No ponto
em que Q = 0, ou seja, toda a energia necessária para o processo de eletrólise é suprida pela
energia elétrica, o potencial agora é chamado de voltagem termoneutra (do inglês,
thermoneutralvoltage). Esse potencial é dado pela Equação 17 (NETO; MOREIRA, 2007).

𝐸 = 1,48 𝑣𝑜𝑙𝑡𝑠 (17)


Entretanto, o potencial a ser aplicado nos eletrodos, porém, deve ser maior do que
o calculado pela Equação 17. Nessas condições, parte da energia elétrica é perdida na forma de
calor que aumentará a temperatura dos eletrodos no eletrolisador (NETO; MOREIRA, 2007).
A voltagem de operação de um eletrolisador é dada pela Equação 18 (NETO;
MOREIRA, 2007):
𝐸=𝐸 + 𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 (18)
Onde as perdas no processo de eletrolise são dadas pela Equação 19.
Perdas = 𝐸 +𝐸 +𝐸 + 𝐼𝑅 (19)
Onde:
 𝐸 - sobre-tensão de ativação anodo
 𝐸 - sobre-tensão de ativação catodo
 𝐸 - sobre-tensão da transferência de massa
 IR - sobre tensão ôhmica (I é a corrente e R é a resistência da célula que inclui
o eletrólito, eletrodo e os terminais)
Na eletroquímica, a sobre-tensão (do inglês, overpotential) é a diferença entre o
potencial elétrico do eletrodo com corrente fluindo e sem corrente no estado de equilíbrio. A
77

eficiência da eletrólise convencional na célula (par de eletrodos) é dada pela Equação 20


(NETO; MOREIRA, 2007).

𝑛 = (20)

Entretanto, sobre condições ideais de operação (sem perdas ou processo reversível),


a produção de hidrogênio acontece com uma eficiência de 120% (condição teórica), e sob
condições de voltagem termoneutra a eficiência é de 100% (NETO; MOREIRA, 2007).
Na Figura 14 é apresentada a relação entre a tensão de operação em uma célula
eletrolítica com a temperatura. Abaixo da tensão de equilíbrio não é possível que ocorra a
eletrólise, entre a tensão de equilíbrio e a tensão termoneutra a eletrólise é endotérmica e acima
da tensão termoneutra, exotérmica. A tensão de equilíbrio diminui com o aumento da
temperatura, já a tensão termoneutra apresenta um pequeno aumento com a temperatura
(PALHARES, 2016).

Figura 14 - Relação de tensão x temperatura.

Fonte: PALHARES, 2016.


78

3.6 ARMAZENAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DO HIDROGÊNIO

Na segunda fase de sua cadeia de valor, temos o seu processo de distribuição e


armazenamento. O hidrogênio é um combustível altamente perigoso, igual a gasolina e o
metano ele tem que ser manipulado com muito cuidado pois é altamente inflamável (POVEDA,
2007).
Entretanto, algumas propriedades do hidrogênio favorecem seu uso como um
combustível em termos de segurança. Por exemplo, o hidrogênio apresenta maior coeficiente
de difusão no ar, assim, quando liberado, é diluído rapidamente com uma concentração não
inflamável. A menor energia térmica radiante do hidrogênio, a qual é devido a níveis mais
baixos de emissão de calor próximo à chama, permitiria menores riscos de fogos secundários e
favoreceria o trabalho das equipes de resgate em caso de algum acidente. Embora o hidrogênio
seja explosivo em uma ampla faixa de concentrações (4% a 75,6%), a gasolina apresenta um
maior potencial de risco em relação ao hidrogênio. As concentrações para que ocorra a explosão
com gasolina são menores às requeridas para o hidrogênio (POVEDA, 2007).
É um combustível inodoro e incolor, no caso de vazamento não é facilmente
perceptível. Portanto a utilização de sensores detectores de hidrogênio em um lugar no qual é
armazenado e distribuído, tornando-se crucial para a detecção de vazamento.

3.6.1 Armazenamento do hidrogênio

Diversos métodos para o armazenamento do hidrogênio, como mostrado na Figura


15, foram desenvolvidos na busca de um sistema seguro, eficiente, prático e que ofereça as
características técnicas necessárias para sua aplicação comercial (POVEDA, 2007).
79

Figura 15 - Métodos de armazenamento do hidrogênio.

Fonte: POVEDA, 2017.

O hidrogênio pode ser dividido em basicamente 3 tipos de armazenagem, sendo


eles:
 O hidrogênio gasoso é armazenado por compressão em tanques de alta pressão
e microesferas de vidro e, por adsorção em materiais a base de carbono e de alta
área superficial como zeólitas, estruturas metal-orgânicas, polímeros
microporosos e hidratos (POVEDA, 2007).
 O hidrogênio líquido, no qual o gasoso é reformado através do processo de
liquefação. O método mais simples para a liquefação do hidrogênio é o
conhecido ciclo de expansão de Joule-Thompson. Neste ciclo o gás é
comprimido, resfriado, submetido a uma expansão isoentalpica através de
válvula redutora (throttle valve) e armazenados em tanques (POVEDA, 2007).
O hidrogênio ligado através de hidretos, no quais são principalmente compostos
do sistema metal-hidrogênio formados pela reação de metais, compostos intermetálicos e ligas
com o hidrogênio. Os hidretos são classificados em relação ao tipo de ligação. Estes podem ser
hidretos metálicos, complexos ou químicos (POVEDA, 2007).
80

3.6.2 Distribuição do hidrogênio

O transporte do hidrogênio gasoso efetuado por gasodutos é semelhante ao usado


para a distribuição do gás natural. Um gasoduto é uma rede de tubagens que permitem a
circulação do hidrogênio sob a forma gasosa das instalações de produção deste gás para as
indústrias em áreas fortemente industrializadas, bem como, em ligações mais curtas entre a
produção local e os locais de consumo. Grandes quantidades de hidrogênio são geralmente
transportadas na forma gasosa através de gasodutos. Hidrogênio na forma líquida e gasosa pode
ser transportado por meio de caminhões para locais remotos ou para aplicações de pequena
escala (ABREPRO, 2011).
O problema com a distribuição do hidrogênio é este poder reagir com as paredes de
metal do gasoduto, desgastando-as com o tempo e até mesmo poderem vir a aparecer fugas.
Para se evitarem estes problemas recorre-se a métodos que incluem a mistura do gás hidrogênio
com outros gases ou o uso de cimento comprimido, plásticos ou vários aços na construção do
gasoduto ou à adição de inibidores desta reação no próprio tubo, gerando custos adicionais
(ABREPRO, 2011).

3.7 APLICAÇÕES

O hidrogênio independente da fonte em que é obtido apresenta essencialidade em


diversos processos de obtenção de outras matérias-primas e insumos de primeira e segunda
geração, além de ser empregado como combustível principalmente em processos industriais.
Visto a substituição dos H2 cinza, marrom, branco e azul, o H2 verde se apresenta como uma
alternativa limpa obtida de fontes renováveis, tornando os demais processos, contribuintes para
a neutralidade de carbono, podendo ser empregado em diversas aplicações.
Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA) o hidrogênio verde pela isenção
de emissão de CO2 e potencial viabilidade e projeção de substituição aos demais tipos de
hidrogênio, oferece maneiras de descarbonizar uma variedade de setores - incluindo transporte
de longa distância, produtos químicos e ferro e aço - onde está se mostrando difícil reduzir as
emissões de forma significativa. Também pode ajudar a melhorar a qualidade do ar, pela
diminuição de emissão de GEE e fortalecer a segurança energética. Apesar dos objetivos
81

climáticos internacionais muito ambiciosos, as emissões globais de CO2 relacionadas à energia


atingiram um pico histórico em 2018. A poluição do ar exterior também continua sendo um
problema urgente, com cerca de 3 milhões de pessoas morrendo prematuramente a cada ano.
O uso de hidrogênio hoje é dominado pela indústria, se destacando na
empregabilidade em processos como: refino de petróleo, produção de amônia, produção de
metanol e produção de aço. Aproximadamente todo esse hidrogênio é fornecido usando
combustíveis fósseis, e, portanto, segundo a IEA, há um potencial significativo para reduções
de emissões com o hidrogênio verde.

3.7.1 Refino de petróleo

O hidrogênio é um gás muito útil nas indústrias petroquímicas por conta de sua
facilidade de reação com outros elementos químicos. Nas refinarias é o principal insumo no
processo de remoção de enxofre de diversos combustíveis como a gasolina e o óleo diesel, além
de permitir a produção de um combustível de queima mais limpa e menos poluente.
Nos últimos anos, segundo a Air Products, o barril de petróleo bruto tem se tornado
mais pesado, com maior proporção de carbono em relação ao hidrogênio, e mais ácido, com
mais enxofre. O hidrogênio injetado no refino, torna mais leve o petróleo bruto pesado e permite
a remoção da acidez. Isso permite que as refinarias de petróleo produzam misturas de produtos
de maior valor, como a gasolina, e atendam as especificações cada vez mais rigorosas sobre
combustíveis com baixo teor de enxofre.
Apesar do hidrogênio contribuir para a produção de um combustível menos
poluente, por ser empregado no processo advindo de fontes não renováveis e dada sua alta
demanda neste setor, ele acaba paralelamente contribuindo para uma elevada taxa de emissão
de CO2 devido seu modo de síntese, tornando assim, sua contribuição ambiental não muito
relevante.
Porém, o hidrogênio verde aplicado nesta indústria angariaria grandes contribuições
ambientais, devido a isenção de geração de gás carbônico em sua síntese e igual contribuição
na redução de enxofre nos combustíveis, permitindo que este seja menos poluente com uma
queima mais limpa.
82

3.7.2 Amônia verde

A amônia é um dos mais importantes compostos inorgânicos que pode ser utilizado
para diversas aplicações desde participação em ciclos de compressão devido ao seu elevado
calor de vaporização e temperatura crítica, até para produção de fertilizantes agrícolas,
composição de produtos de limpeza, produção de fibras como o nylon e síntese do ácido nítrico.
São produzidas mais de 170 milhões de toneladas métricas anualmente deste
composto, sendo cerca de 80% deste total, a amônia destinada para fabricação de fertilizantes
e os outros 20% distribuídos entre as demais aplicações. Apesar da expressiva produção anual
ela tem apresentado uma projeção crescente para os próximos anos, visto a expansão
populacional e a alta demanda de fertilizantes para atender às plantações de alimentos
consumidos em todo o mundo (HEALTH, 2004; SMILL, 1997).
Com um átomo de nitrogênio e três de hidrogênio a amônia ou amoníaco, como é
chamado comercialmente, é obtido a partir de uma reação química entre os dois elementos de
sua fórmula molecular em uma pressão e temperatura estrategicamente específicas para
contribuição de rendimento e conversão química, pelo processo denominado Haber-Bosch.
O hidrogênio que participa da síntese e compõe a molécula da amônia nos processos
atuais e convencionais é o cinza, obtido através do gás natural, com a reforma catalítica do
hidrocarboneto gasoso pela reação representada na Equação 21 a seguir.
CH4 (g) + H2O (g) → CO (g) + 3 H2 (g) (21)
O hidrogênio verde por apresentar as mesmas características químicas e
aplicacionais do cinza se faz um eletivo substituto a ser utilizado na síntese da amônia sem
alteração no processo ou aplicabilidade do composto, conferindo ao amoníaco a denominação
de “amônia verde”.
A amônia verde é definida por sua produção a partir de elementos obtidos de fontes
renováveis, sem a geração de CO2 em qualquer etapa do processo. Ela tem apresentado cada
vez mais um papel de grande crucialidade para enfrentar os desafios de produzir alimentos
suficientes para alimentar a crescente população global e sem emitir CO2 (SMILL, 1997).
O processo atual de síntese da amônia recebeu o nome de Haber-Bosch, pois foi
desenvolvido pelos químicos Fritz Haber e Carl Bosch, ambos da empresa BASF, em meados
de 1920 após longos anos de desenvolvimentos frustrados. Desde 1884 diversos químicos e
físicos iniciaram as pesquisas e testes para produção da amônia, após o reconhecimento deste
composto como essencial para o cultivo das plantações, mas os resultados não eram satisfatórios
83

visto que os processos acabavam por não gerar a amônia, ou gerar em quantidades ínfimas que
não poderiam ser aproveitadas ou reproduzidas.
Após diversos estudos e aperfeiçoamentos tanto de reação, uso de catalisador,
condição de processo e equipamentos, Haber e Bosch chegaram em um resultado satisfatório,
consumando a obtenção da amônia com parâmetros de processo definidos que garantia bom
rendimento da reação, trazendo viabilidade para produção industrial deste composto
(CHAGAS, 2007).
Este processo é o mesmo até hoje e recebeu apenas alguns incrementos, como por
exemplo, a substituição de alguns equipamentos para aproveitamento energético e reciclo de
materiais não reagidos.
O processo de obtenção de amônia ocorre através da reação entre N2 e H2
catalisados pelo ferro. O nitrogênio compõe 78% do ar atmosférico e mediante desta abundância
ele é obtido através da destilação seca do ar, onde o ar é liquefeito à -200 °C e sofre um
aquecimento gradual, onde à -196 °C o nitrogênio ebule da mistura indo para uma câmara de
condensação. Já o hidrogênio no processo convencional é obtido através do gás natural.
Ambos os gases, nitrogênio e hidrogênio secos dão início ao processo Haber-Bosch
quando são misturados e encaminhados a um compressor, fundamental para o processo, visto
que maiores pressões favorecem o deslocamento da reação para a formação da amônia. A
pressão ideal de síntese é de aproximados 450 atm e a temperatura é de 200 °C, sendo
imprescindível o seu controle pois temperaturas superiores deslocam a reação para o sentido
inverso.
Após a compressão dos gases, a mistura já na pressão e temperatura do processo
passam pela câmara de catalisador, onde entram em contato com o catalisador ferro e o
promotor molibdênio. O catalisador viabiliza a reação entre os gases permitindo que 1 molécula
de N2 reaja com 3 moléculas de H2, formando então a amônia, conforme reação exotérmica
apresentada pela Equação 22 abaixo, que gera quantidade de calor suficiente para manter a
câmara aquecida.
N2(g) + 3 H2(g) ↔ 2 NH3(g) (22)
A amônia obtida é enviada para a câmara de resfriamento, onde através da
diminuição de temperatura, se liquefaz formando amônia líquida, que por sua vez é armazenada
podendo ser comercializada. O nitrogênio e hidrogênio que não reagiram no processo, retornam
como gás de reciclo, podendo ser novamente aproveitados durante a síntese, conforme
apresentado no fluxograma presente na Figura 16.
84

Figura 16 - Fluxograma do processo Haber-Bosch.

Fonte: INTERNATIONAL JOURNAL OF APPLIED SCIENCE AND TECHNOLOGY, 2017.

Tendo em vista o processo de obtenção da amônia, observa-se que o hidrogênio


utilizado na síntese é obtido através do gás natural em um processo a parte do Haber-Bosch,
que não influência diretamente o decorrer do processo. A partir deste aspecto, em termos de
característica química de igualdade entre os hidrogênios das demais cores, traz-se a viabilização
da utilização do hidrogênio verde na injeção com o nitrogênio, pois este apenas apresentará um
processo preliminar de obtenção diferente, mas mantendo as mesmas características no
processo Haber, porém, de forma vantajosa sustentavelmente, além de não exigir qualquer
adequação ou alteração na produção da amônia.
A comparação entre os processos de produção de amônia com hidrogênio de fontes
não renováveis e do hidrogênio verde pode ser observado, através do comparativo realizado
pela empresa thyssenkrupp na Figura 17.
85

Figura 17 - Comparação entre o processo produtivo da amônia comum com amônia verde.

Fonte: Adaptado de THYSSENKRUPP, 2020.

3.7.3 Metanol verde

O metanol é um composto químico universal que hoje ainda é produzido a partir do


carvão e do gás de síntese derivado do gás natural (H₂ e CO). Em 2019 mais de 98 Mt deste
composto foi produzido, cerca de 80% é utilizado como matéria-prima para produtos químicos
e 20% como portador de energia (SIEMENS ENERGY, 2021).
Quando de origem não renovável, ele se torna um grande contribuinte para a
poluição. Para ser considerado sustentável, ou seja, denominado “verde”, necessita ser
produzido a partir de hidrogênio renovável de origem biológica (biometanol) ou eletroquímica
(e-metanol) e CO2 atmosférico.
Atualmente existem projetos de implantação de usinas integradas e comerciais em
grande escala do mundo para a produção de combustível ecológico e neutro para o clima, como
é o caso do projeto Haru Oni, desenvolvido no Chile para a produção de metanol verde, a partir
de hidrogênio verde e CO2 atmosférico.
86

O projeto consiste em utilizar a energia eólica para produzir o hidrogênio verde. Os


eletrolisadores usam a energia eólica para separar a molécula da água em seus componentes,
oxigênio e hidrogênio. Esta eletrólise aproveita o vento volátil e a energia solar.
Em seguida, o CO₂ é capturado do ar e combinado com o hidrogênio verde para
produzir metanol sintético: a base para combustíveis neutros para o clima, como e-diesel, e-
gasolina ou e-querosene, que podem ser usados para mover carros, caminhões, navios ou
aeronaves.
Em uma terceira etapa do processo, aproximadamente 40% do metanol é então
convertido em gasolina sintética. Uma representação desta usina pode ser observada na Figura
18.

Figura 18 - Usina de produção de metanol verde.

Fonte: SIEMENS ENERGY, 2021.

A escala deste projeto traça uma projeção de produzir e-metanol inicialmente de


cerca de 750.000 litros por ano até 2022. Parte do e-Metanol será convertida em e-Gasolina
(130.000 litros por ano). Em duas etapas, planeja-se aumentar a capacidade para 55 milhões de
litros de e-Gasolina por ano até 2024 e para mais de 550 milhões de litros por ano até 2026,
quantidade esta, suficiente para mais de um milhão de pessoas dirigirem seus carros por quase
um ano (SIEMENS ENERGY, 2021).
87

3.7.4 Produção de aço

O aço é uma liga de ferro e carbono e é um importante material utilizado em


diversos setores e que participa da fabricação de diversos produtos como automóveis,
tubulações, esteiras e caçambas de minas de carvão, cabos elétricos, entre outros.
Dada a larga possibilidade de utilização, segundo o FCH JU (2021), sua produção
corresponde à 7% das emissões de CO2 no mundo, trazendo uma considerável urgência de
mudança em seu processo produtivo.
O processo completo da síntese deste material ocorre através do carvão mineral e
do minério de ferro. Primeiramente em um processo denominado redução, ocorre a
transformação do carvão em coque metalúrgico através do seu aquecimento na coqueria, onde
após sua transformação é encaminhado para o alto forno. Paralelamente o minério de ferro passa
pelo processo de sinterização onde é queimado e após queima é chamado de sínter, ele assim
como o carvão é encaminhado ao alto forno.
O alto forno é onde ocorre a formação de ferro gusa, sendo este o produto entre o
minério de ferro e o carvão mineral. O coque metalúrgico, o sínter, o minério de ferro bitolado
e pelotas, são carregados no topo do alto forno. Na região inferior do alto forno é injetado ar
quente à uma temperatura de 1200 °C, além de combustíveis auxiliares como carvão mineral
pulverizado e o gás natural. Durante a descida da carga, reações químicas acontecem até resultar
no ferro gusa líquido, preenchendo o cadinho localizado na base do alto forno.
Quando o cadinho enche, uma perfuratriz abre um dos furos do gusa do alto forno
que vaza pelo canal de corrida, sendo recolhido em carros torpedos.
Quando chega à aciaria o ferro gusa passa por um processo que reduz a quantidade
de enxofre de acordo com o tipo de aço a ser produzido, chamado dessulfurização. Após este
processo, o gusa é despejado dentro de um convertedor, junto com sucata para o processo de
refino primário. Oxigênio é soprado para reduzir a quantidade de carbono e fósforo do gusa,
transformando-o em aço (USIMINAS, 2020).
Uma representação completa do fluxo de produção do aço pode ser observada na
Figura 19.
88

Figura 19 - Fluxo de produção do aço.

Fonte: USP, 2013.

A grande emissão de CO2 na produção do aço é advinda da utilização de gás natural


para aquecimento nas etapas de redução e alto forno. E esta matéria-prima pode ser substituída
pelo hidrogênio verde, como combustível do processo para geração de calor. Segundo o FCH
JU (2021), usar hidrogênio verde na fase de produção de redução pode abater significativos 150
milhões de toneladas de CO2 por ano na Europa e abrange outras pertinentes reduções nas
demais siderúrgicas localizadas em outras regiões do mundo.

3.7.5 Ônibus movido a hidrogênio

O setor de transportes é hoje um dos com maior responsabilidade de contribuição


ao efeito estufa. No estado de São Paulo no ano de 2019 pré pandemia, onde considera-se a
circulação normal de veículos, foram emitidas aproximadamente 299.118 toneladas de gás
monóxido de carbono, 164.869 toneladas de gás NOx e 2.712 toneladas de SO2, conforme
apresentado na Tabela 4.
89

Tabela 4 - Estimativas da emissão veicular no estado de São Paulo em 2019.

Fonte: Adaptado de CETESB, 2020.

Observa-se que os ônibus foram responsáveis pela emissão de 1,7% de CO, 16%
de NOx e 7% de SO2 o que atribui a essa categoria considerável aporte à poluição atmosférica.
Dada a relevância destes veículos busca-se mitigar as emissões poluentes a partir
do desenvolvimento de tecnologias que permitam aos ônibus a isenção na eliminação de gases
do efeito estufa. Para tal, os ônibus movidos a hidrogênio apresentam uma assertiva opção no
atendimento desta necessidade.
Os ônibus de hidrogênio como são chamados, com tecnologia brasileira, são
dotados de uma célula a combustível hidrogênio (Hydrogen Fuel Cell) como fonte de energia
de alimentação motora, que por sua vez pode ser um motor elétrico ou híbrido, utilizando em
conjunto baterias ou supercapacitores para geração de energia (SCHETTINO; RIBEIRO,
2007).
Uma célula combustível é uma célula eletroquímica que converte energia potencial
em energia elétrica a partir de reações eletroquímicas. Cada célula possui dois eletrodos, o
90

ânodo e o cátodo, também o eletrólito, que transporta partículas eletricamente carregadas de


um eletrodo a outro, e um catalisador que acelera as reações nos eletrodos (AMERICAN
HISTORY, 2017).
O princípio de funcionamento da célula é através do ar que é alimentado de um lado
de uma membrana permeável a íons H+, mas não à molécula H2, enquanto o combustível
(hidrogênio gasoso, umidificado para manter a condutividade da membrana) é alimentado do
outro, de forma que o combustível se oxida, ou seja, sofre uma “combustão a frio”. Neste
processo, as cargas elétricas são liberadas e coletadas por placas condutoras para o seu
aproveitamento num circuito elétrico. Como a conversão energética não passa por um estágio
de alta entropia, como ocorre no caso dos processos térmicos, esta apresenta uma eficiência de
conversão energética muito superior à das máquinas térmicas, cujo rendimento máximo
apresenta as limitações do “Ciclo de Carnot” (SCHETTINO; RIBEIRO, 2007).
Portanto, a célula a combustível funciona como uma bateria, através de uma reação
eletroquímica entre o combustível e um oxidante, produzindo eletricidade. Entretanto, ela não
acumula energia internamente, e não é restrita pela quantidade de energia dentro da pilha, como
no caso da bateria. O combustível e o oxidante são fornecidos externamente ao anodo e ao
catodo, e os resíduos são retirados, de modo que a célula não precisa ser continuamente
descarregada e recarregada. O catodo e o anodo são separados por um eletrólito, o qual consiste
em uma das principais diferenças entre os tipos de células de combustível que podem ser usadas.
As reações eletroquímicas que ocorrem nas células são representadas pelas equações a seguir:
Semi reação de oxidação: H₂₍g₎  2H⁺(aq) +2e⁻ (23)
Semi reação de redução: 2H⁺(aq) + ½O₂ (g) + 2e⁻  H₂O(l) (24)
Reação global: H₂(g) + ½O₂(g)  H₂O(l) (25)
A energia elétrica gerada é determinada pelo número de células (voltagem) e pela
área da superfície das células (amperagem). Essa forma de montagem permite que sejam feitas
“stacks” de diversos tamanhos para a geração de eletricidade de acordo com a necessidade,
utilizando-se as mesmas placas e membranas. Uma exemplificação do funcionamento da célula
combustível a hidrogênio está apresentada na Figura 20.
91

Figura 20 - Célula combustível a hidrogênio.

Fonte: Adaptado de AMERICAN HISTORY, 2017.

Existem quatro tipos de células de combustível a hidrogênio, podendo variar os


eletrólitos e a forma do combustível. Algumas células precisam de hidrogênio puro e portanto,
exigem equipamentos extras, como um reformador para purificar o combustível. Outras células
podem tolerar algumas impurezas, mas podem precisar de temperaturas mais altas para sua
funcionalidade com eficiência. Eletrólitos líquidos circulam em algumas células, o que requer
a utilização de bombas para sua circulação, e o tipo de eletrólito também determina a
temperatura operacional da célula (AMERICAN HISTORY, 2017).
Dentre os tipos de células empregadas estão as células alcalinas, onde se utiliza uma
solução de hidróxido de potássio em água para seu eletrólito com temperaturas entre 150 a 200
°C. Há também as células de carbonato fundido (MCFC) que utilizam compostos de carbonatos
de sal de sódio ou magnésio em temperatura de cerca de 650 °C como eletrólito, as células de
ácido fosfórico (PAFC) que utilizam ácido fosfórico entre 150 e 200 °C como eletrólito, as
células de membrana de troca de prótons (PEM) que funcionam com um eletrólito de polímero
na forma de uma folha fina e permeável em temperatura operacional de cerca de 80 °C e também
as células de óxido sólido (SOFC) que fazem o uso de compostos cerâmicos duros de óxidos
de metal, como cálcio ou zircônio à 1000 °C (AMERICAN HISTORY, 2017).
92

Cada tipo de célula combustível apresenta vantagens e desvantagens que variam de


acordo com as condições operacionais necessárias e os custos envolvidos em sua construção e
utilização, mas em todos eles o combustível e o oxidante são fornecidos externamente. Os
catalisadores à base de platina promovem as ionizações no anodo e no catodo e a membrana do
polímero é construída de modo que os elétrons que normalmente fluiriam do combustível ao
oxidante possam ser desviados por um caminho externo, como um motor elétrico
(SCHETTINO; RIBEIRO, 2007).
Nos modelos híbridos, o sistema automotivo de célula combustível a hidrogênio
combinado com baterias reduz o peso veicular e aumenta o rendimento e eficiência no consumo.
Há também um armazenamento de energia nas baterias, utilizadas quando o ônibus requerer
maior potência.
O sistema de tração dos veículos a hidrogênio se compõe de um subsistema
armazenador de hidrogênio, um de células a combustível, um subsistema de tração composto
de motor elétrico e comandos eletrônicos e um conjunto de equipamentos auxiliares (como
compressores, para o gerenciamento da alimentação de ar e combustível, sistema de controle
da variação de potência, entre outros). Para a construção de ônibus, esse sistema de tração é
aplicado em um chassi apropriado, ao qual se agrega a carroceria (ou a um conjunto monobloco
chassis/carroceria) (SCHETTINO; RIBEIRO, 2007).
A tecnologia utilizada de propulsão é totalmente livre de emissões de poluentes. No
lugar de dióxido de carbono e outras emissões dos carros comuns, somente vapor d’água é
eliminado pelo escapamento dos ônibus (FINEP, 2021).
O hidrogênio utilizado nas células combustíveis é hoje gerado pela reforma
catalítica do gás natural (hidrogênio cinza), e esta por não se tratar de uma origem limpa, apesar
do ônibus a hidrogênio emitir zero gases poluentes, ainda indiretamente contribui para a
poluição atmosférica. Visto que o hidrogênio verde não possui qualquer restrição de utilização
e possui as mesmas especificações dos demais hidrogênios, sua aplicação nas células
combustíveis de ônibus a hidrogênio é uma excelente alternativa ainda mais sustentável, que
agrega maior valor ambiental ao veículo em questão.
Os processos de produção e abastecimento de hidrogênio para aplicação em ônibus
é feito pela eletrólise da água, que libera oxigênio e hidrogênio, que por sua vez vai para uma
unidade de compressão, depois passa por filtros de purificação, tanques de armazenagem e
abastecedor que permite injeção do hidrogênio no veículo, conforme Figura 21.
93

Figura 21 - Processo de produção e abastecimento de hidrogênio baseado em eletrólise.

Fonte: FINEP, 2021.

Há uma crescente demanda de produção de ônibus movido à hidrogênio em diversos


países. A China detém o maior número de veículos em circulação, tendo contabilizado já em
2018 mais de 200 unidades em operação. O país é o maior mercado consumidor do combustível
e tem o maior volume de produção de hidrogênio do mundo, isso devido aos seus investimentos
em pesquisa e políticas de crédito (WRIBRASIL, 2021).
A Europa enxerga o hidrogênio como parte imprescindível de sua política energética e
por esse motivo vem investindo na produção dos veículos movidos a hidrogênio e possui 84
unidades destes ônibus alternativos. Já os Estados Unidos é o segundo país com maior
quantidade de unidades de ônibus com célula combustível a hidrogênio, detendo 35 destes
veículos (WRIBRASIL, 2021).
Já no Brasil existem pelo menos cinco ônibus movidos a hidrogênio com tecnologia
nacional. O país foi o primeiro da América Latina a possuir uma frota mais sustentável. Os
projetos iniciais foram lançados para circulação no corredor ABD na região metropolitana de
São Paulo e também na cidade universitária do Rio de Janeiro e apresentaram satisfatoriedade
ao que foi projetado, porém ainda utilizam de hidrogênio advindo de fontes não renováveis,
necessitando de uma possível substituição por hidrogênio verde para atender a 0% de emissão
de gases poluentes direta e indiretamente (WRIBRASIL, 2021). A Figura 22 apresenta os
modelos de ônibus movidos a hidrogênio já em circulação no Brasil.
94

Figura 22 - Ônibus movido a hidrogênio.

Fonte: FINEP, 2021.

3.7.6 Outras aplicações

O hidrogênio verde pode ser aplicado também como combustível ou fonte de


energia limpa em meios de transporte, energia em edifícios e residências e até na geração de
energia de outras fontes.
Segundo a IEA (2019), no transporte, o H2 verde pode ser utilizado como
combustível dos veículos tanto leves, de passeio por exemplo, quanto em veículos mais
pesados, como caminhões. A competitividade dos carros com célula de combustível a
hidrogênio depende dos custos da célula de combustível e dos postos de abastecimento,
enquanto para os caminhões a prioridade é reduzir o preço do hidrogênio entregue. O transporte
marítimo e a aviação têm opções limitadas de combustível de baixo carbono disponíveis e
representam uma oportunidade para os combustíveis à base de hidrogênio.
Em edifícios, o hidrogênio pode ser misturado às redes de gás natural existentes,
com o maior potencial em edifícios multifamiliares e comerciais, particularmente em cidades
densas, enquanto as perspectivas de longo prazo podem incluir o uso direto de hidrogênio em
caldeiras de hidrogênio ou células de combustível.
Na geração de energia, o hidrogênio é uma das principais opções para o
armazenamento de energia renovável, e o hidrogênio e a amônia podem ser usados em turbinas
95

a gás para aumentar a flexibilidade do sistema de energia. Além da amônia também poder ser
utilizada em usinas movidas a carvão para reduzir as emissões.

3.8 ANÁLISE COMPARATIVA DOS DIFERENTES TIPOS DE HIDROGÊNIO

A partir da descrição dos diferentes processos produtivos que dão origem ao


hidrogênio e denominam suas cores, pôde-se realizar uma comparação entre eles a fim de
analisar a escala produtiva, impactos ambientais, custos e viabilidade produtiva.
A empregabilidade dos diferentes tipos de hidrogênio está diretamente ligada ao
custo de processamento e matéria-prima. Portanto, os processos com maior viés ambiental,
tanto pela inovação inserida quanto pela disponibilidade de recursos e tecnologias, elevam o
custo e consequentemente diminuem sua aplicação considerando o cenário atual.
Em termos de demanda, o hidrogênio cinza é o mais utilizado atualmente visto que
a disposição de hidrocarbonetos para sua produção é a mais utilizada atualmente através da
reforma do vapor, isso se deve principalmente ao custo e facilidade no processo. Um processo
com menores etapas para obter o produto final, acaba sendo mais vantajoso para as empresas.
Baseando-se na premissa de que o hidrogênio cinza é um recurso finito e sua obtenção não é
renovável, os maiores desafios desse processo é a capacidade de obtê-lo com baixos índices de
CO2.
Outro processo produtivo amplamente utilizado é o do hidrogênio marrom com a
utilização de materiais ricos em carbono, como o carvão. Esta matéria-prima quando de origem
vegetal é considerada renovável e de origem mineral é considerado não renovável.
Independentemente de sua fonte, ambos trazem ao processo um aspecto negativo, pois quando
aplicado o carvão vegetal, apesar da viabilidade de sua renovação, tem-se o replantio de árvores
para esta finalidade e a necessidade de manutenção florestal. A justificativa de um processo
com maiores dificuldades engloba o reflorestamento que apresenta um certo tempo de
crescimento para suprir a cadeia de hidrogênio marrom, já quando aplicado o carvão mineral,
o problema de escassez e não reconhecimento da necessidade, confere um processo de
limitações produtivas.
Para os tipos de hidrogênio menos utilizados e também considerados menos
poluentes, temos o exemplo do hidrogênio azul. Apesar de ter origem igual ao cinza, tem uma
produção menor devido ao incremento em seu processo com a captura do CO2. Essa captura
96

facilita muito a redução nas emissões do gás, porém, é um processo adicional a etapa de reforma
de vapor e mesmo que seja vantajoso para o ambiente, ele é um custo elevado para as empresas
e por isso é pouco utilizado. De fato, a sua obtenção é atualmente uma boa aposta para o
consumo global, mas ainda o elevado preço desse hidrogênio compete com o hidrogênio cinza
que chega a ser 60% menor.
O hidrogênio branco também é uma boa aposta de uso, mas devido à elevada
demanda de energia elétrica em seu processamento eleva seu custo e dificulta ou mitiga sua
viabilidade de utilização. A grande contemplação é a utilização do processo de eletrólise, pois
os elementos químicos para o anodo e catodo utilizados precisam ser continuamente estudados
e viabilizados, pois elementos com um maior aproveitamento e custo menor, gera uma
competitividade melhor. O grande desafio engloba encontrar os eletrocatalisadores para
viabilizar o processo de obtenção.
Atualmente pela inovação inserida no processo em termos de tecnologia e suporte
industrial, o hidrogênio verde tem o menor índice de utilização, mas em contrapartida tem a
maior projeção de crescimento global, visto as vantagens ambientais devido a nula emissão de
CO2 e origem 100% renovável. Ainda é um processo novo e que precisa continuamente de
estudos e viabilização, mas é a grande aposta do crescimento global para os anos posteriores,
estima-se que em 2030 esse recurso será acessível e de menor custo, o que trará grandes
vantagens para a obtenção de hidrogênio e contribuição para o aquecimento global, além de
também servir como subprodutos para outros tipos de indústrias como a de fertilizantes.
Em termos de custo, conforme a Tabela 5, de acordo com a IEA (2020), o preço
médio por tipo de hidrogênio cinza com 1,5 dólares por cada kg produzido, o hidrogênio azul
tem um custo aproximado de 2,40 dólares por kg e o verde de 7,50 dólares por kg.

Tabela 5 - Custo em dólar para o kg do hidrogênio.


Tipo de Hidrogênio Custo (dólar/kg)
Cinza 1,5
Azul 2,4
Verde 7,5
Fonte: dos Autores

De fato, os menores custos de produção do hidrogênio são observados na reforma


a vapor do metano (gás natural) e na gaseificação do carvão, as quais consistem em rotas
tecnológicas baseadas em fontes energéticas fósseis. A eletrólise da água usando fontes
97

renováveis (eólica e solar) em geral, é a rota tecnológica mais cara dentre as já disponíveis no
mercado. Mas, os projetos em condições e locais específicos podem ser competitivos se
explorar os nichos específicos como custos e alternativas de obtenção desse processo.
Os custos de produção das principais tecnologias, dados pela IEA (2020), mostram
que as fontes fósseis, atualmente, têm custo menor que a eletrólise com a geração elétrica
renovável (EPE, 2021).
A Figura 23 apresenta faixas de custo de produção do hidrogênio

Figura 23 - Faixas de custos da produção de hidrogênio.

Fonte: EPE, 2021.

A Figura 23 comprova que a eletrolise é um dos processos mais caros de obtenção


de hidrogênio e a reforma do vapor é um dos mais acessíveis. Isso demonstra que a busca por
98

fontes renováveis e baixos custos de produção é a chave para a contribuição tanto para as
empresas, quanto para o meio ambiente.
Em termos ambientais, os tipos de hidrogênio com matérias-primas e recursos
renováveis são os de maiores relevâncias, portanto o hidrogênio verde devido à isenção de
emissão de poluentes e processamento por fontes 100% renováveis, é o que mais contribui para
a sustentabilidade e meio ambiente, além de ser um grande recurso para outros insumos.
Para os hidrogênios cinza e marrom devido a utilização de combustíveis fósseis
com elevada emissão de CO2 na atmosfera trazem altos malefícios com consequências
irreversíveis ao meio ambiente, visto a geração de poluentes e exploração de recursos finitos
além de ser altamente utilizado nos dias atuais.
99

4 MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA

Quando a demanda brasileira por energia final é abordada, nota-se que o Brasil teve
uma enorme expansão nesse setor durante a década de 1970, quando o consumo brasileiro de
energia correspondia a 70 milhões de toneladas equivalentes de petróleo enquanto a população
atingia uma média de 93 milhões de habitantes. Em 2000, a demanda de energia quase que
triplicou, subindo para uma média de consumo de 190 milhões de toneladas equivalentes de
petróleo e a população chegava a ultrapassar cerca de 170 milhões de habitantes. A estimativa
de crescimento de energia estudado pela EPE no período entre 2005 e 2010 estimou um
crescimento 5% na demanda de energia interna (TOLMASQUIM, 2007).
Segundo Tolmasquim (2007), em 1970 existiam apenas duas fontes de energia,
petróleo e lenha, que correspondiam a 78% do consumo, enquanto em 2000 três fontes
correspondiam a 74% do consumo, onde a energia hidráulica se juntou ao petróleo e a lenha
como principais fontes de energia no Brasil. Projeta-se para 2030 uma situação em que quatro
fontes serão necessárias para satisfazer 77% do consumo, além de petróleo e da energia
hidráulica, a cana-de-açúcar e o gás natural serão fontes de energia importantes, com redução
da importância da lenha.
Destaca-se ainda a reversão da tendência de redução da participação das fontes
renováveis na matriz energética brasileira. Em 1970 essa participação era superior a 58%, em
virtude da predominância da lenha. Com a introdução de recursos energéticos mais eficientes,
a participação das fontes renováveis caiu para 53% no ano 2000 e chegou a 44,5% em 2005
(TOLMASQUIM, 2007).
No ano de 2015 o Brasil atingiu cerca de 261 milhões de toneladas equivalentes de
petróleo, tendo um crescimento muito grande em relação a demanda de energia, isso ocorreu
pelo desenvolvimento do país em relação ao ano de 1970, muitas indústrias chegaram,
população em um crescimento muito alto, entre outros setores nos quais consomem energia.
A demanda brasileira de energia tem uma projeção até o ano de 2050, devido ao
cenário brasileiro e a alta demanda de energia, um estudo realizado pela EPE (Empresa de
Pesquisa Energética) diz que o Brasil tende a um crescimento de 2,2 % em média por ano,
chegando ao ano de 2050 com o dobro de consumo final, isso comparado com o ano de 2015,
conforme apresentado no Gráfico 6.
100

Gráfico 6 - Evolução do consumo final de energia.

Fonte: EPE, 2018.

Os derivados de petróleos são a principal fonte de energia para o consumo final


brasileiro, seguidos da eletricidade e dos produtos da cana. Entretanto a partir do Gráfico 7 é
possível analisar que em alguns cenários existe uma diminuição dos derivados de petróleo,
alavancada pelo setor de transporte.

Gráfico 7 - Participação das fontes no consumo final.

Fonte: EPE, 2018.


101

A Figura 24 mostra que 51,6% da geração de energia na oferta interna brasileira


provém de energias de fontes não-renováveis, enquanto cerca de 48,4% de provém energias
totalmente renováveis.

Figura 24 - Geração de Energia Interna.

Fonte: EPE, 2021.

A indústria e os transportes são os setores responsáveis pela maior parcela do


consumo final de energia, seguidos do setor energético. No cenário inferior, o setor de
transportes ganha participação de 31,2 % do consumo, enquanto a indústria possui participação
de 32,1 % do consumo. Os outros setores não consomem tanto, mas possuem percentuais
consideráveis conforme a Figura 25.

Figura 25 - Porcentagens de consumos energéticos.

Fonte: EPE, 2021.


102

Nas próximas três décadas, há incertezas relacionadas ao perfil de expansão da


atividade industrial brasileira e às alternativas tecnológicas que podem se inserir neste processo
ao longo do tempo. O consumo de energia na indústria parte de 85 Mtep em 2015 e alcança nos
cenários inferior e superior, respectivamente, 118 Mtep (média de 0,9%) e 189 Mtep (média de
2,2%) em 2050 (EPE, 2020).
O Gráfico 8 demonstra que para a alta demanda energética do setor industrial, cerca
de 58% dessa energia provém de fontes renováveis.

Gráfico 8 - Fontes de energia na indústria.

Fonte: EPE, 2020.

No consumo residencial, após períodos de baixo crescimento econômico que


caracterizaram as últimas décadas do século passado, a estabilidade econômica e a elevação da
renda média das famílias nos anos 2000 criaram condições para atender parte da demanda
reprimida por energia nos domicílios brasileiros (EPE, 2017).
No horizonte deste plano, em maior ou menor grau, estima-se que esse contexto
permaneça em ambos os cenários. Assim, no setor residencial, estima-se que o consumo final
de energia cresça 1,2% e 1,7% ao ano nos cenários inferior e superior, respectivamente, entre
2015 e 2050. As principais fontes de energia utilizadas no setor residencial conforme o Gráfico
9 são a eletricidade, GLP, gás natural e lenha (EPE, 2020).
103

Gráfico 9 - Consumo residencial de energia.

Fonte: EPE, 2020.

O setor energético brasileiro principalmente em grandes centros de transformações,


processos de extrações e nos transportes de produtos energéticos, participam ativamente no
consumo de energia total do país e seu consumo final total no Brasil subiu para 11,2% no ano
de 2015. Subindo para o terceiro setor que mais consume energia no país.
A Tabela 6 apresenta o ranking das energias mais utilizadas nesse setor, com base
no ano de 2018.

Tabela 6 - Consumo de energia no setor energético.


Fonte (mil tep)
Bagaço de cana 14.296
Gás natural 7.234
Derivados de petróleo 4.175
Eletricidade 2.706
Gás de coqueria 209
Total 26.620

Fonte: EPE, 2020.


104

Atualmente o setor de transportes brasileiro é o segundo setor que mais consome


energia no Brasil cerca de 31,2 %, atrás apenas do setor industrial. Nos últimos anos ocorreu
um enorme crescimento no setor principalmente em transportes rodoviários, tanto de cargas
quanto de passageiros. Esse setor é estratégico principalmente em relação aos impactos
ambientais, pois como o consumo é consideravelmente grande, sua agressão ao meio ambiente
é diretamente proporcional a esse consumo.
Um ponto no qual é possível notar isso é o tipo de energia que esse setor mais
consome, onde grande parte são combustíveis derivados de fontes fósseis, conforme
demonstrado no Gráfico 10.

Gráfico 10 - Consumo energético no setor de transporte.

Fonte: EPE, 2020.

A agropecuária é um dos setores que apresenta um dos menores consumos em


relação aos outros setores na matriz energética brasileira com cerca de 5,1%, ficando na frente
apenas de dos setores comercial e público.
No entanto, esse setor apresenta um crescimento anual superior a taxa média anual
de crescimento do PIB ao longo de todo o horizonte e cenário brasileiro de 2015 a 2030, houve
um estudo no qual previu um crescimento no consumo de energia nesse setor de
105

aproximadamente 1,6 milhoes de tep, esses aspectos mostram que segundo um estudo da EPE
(2020) mostra que tem-se um crescimento ate 2050 de cerca de 4% no consumo do setor.
A demanda de energia no setor agropecuário é basicamente restrita ao óleo diesel,
eletricidade e lenha. Outros energéticos, como por exemplo, GLP, carvão vegetal, óleo
combustível e etanol têm participação inexpressiva e pouco se ampliam ao longo do horizonte
(EPE, 2020)
Os principais estados brasileiros que possuem um grande avanço em tecnologias
para geração de energias renováveis situam-se na região nordeste. O nordeste brasileiro tem e
pode suportar muitos parques de energia eólica ou energia solar, isso considerando uma
expansão de energia até o ano de 2029.
Até pouco tempo atrás a energia eólica podia ser considerada como uma fonte
alternativa para geração de energia, porém na última década houve um crescimento
impressionante na geração de energia eólica no Brasil.
Hoje a energia eólica já é considerada como uma fonte de energia consolidada e
tem um papel fundamental na matriz energética do Brasil, levando em conta os dados
apresentados a seguir:

O salto da capacidade instalada das usinas eólicas em todo o país é


surpreendente. Pulou de 935,4 MW, em 2010, para 12.966 MW em 2017. E
considerando o que foi contratado em leilões, alcançará 17.452 MW ainda em
2020, um aumento de 1.772% em uma década (NEOENERGIA, 2020).

As condições favoráveis dos ventos, fazem com que a geração de energia eólica
bata diversos recordes nos últimos anos. Segundo o Ministério de Minas e Energia, em 21 de
julho de 2021 ocorreu o recorde de geração média de energia eólica, quando o ONS identificou
a marca inédita de 11.094 MW, valor capaz de atender a aproximadamente 100% da demanda
de energia da região nordeste em um único dia (GOVERNO DO BRASIL, 2021).
Dados atualizados de 2021 indicam que segundo o Canal Energia:

A energia eólica atingiu, em fevereiro de 2021, a marca de 18 GW de


capacidade instalada, o que corresponde a 10,3% da matriz elétrica nacional.
Esta fonte ainda informa que de acordo com dados apresentados pela
Associação Brasileira da Energia Eólica, são 695 parques e mais de 8.300
aerogeradores (GURGEL, 2021).
106

Ainda vale ressaltar que a energia eólica já é responsável por impactar cerca de 80
milhões de brasileiros, de acordo com dados de 2021 da ABEEólica (Associação Brasileira de
Energia Eólica).
A energia solar é muito forte no nordeste, pois a região possui os maiores índices
de radiação solar no Brasil, e devido a isso é a melhor escolha para a implantação de novas
usinas solares. Com base nisso, a região é o local de agrupamento da maioria dos 73 projetos
que operam no país (STROM BRASIL, 2021).
O grande índice de radiação solar tem feito com que a região bata diversos recordes
de geração solar fotovoltaica.
Segundo o ONS, no dia de 28 de junho de 2021, a geração média de energia solar
alcançou o recorde de 681 MW durante o dia, valor que representa cerca de 6,4% de toda a
demanda de energia da região (HEIN, 2021). Ainda nesse mesmo dia o ONS registrou um
recorde na geração instantânea quando a região alcançou o pico de 1.873 MW (CANAL
ENERGIA, 2021).
De acordo com o ONS, no dia 19 de julho de 2021, um novo recorde de geração de
energia solar foi registrado quando “a geração instantânea (pico) alcançou 2.211 MW, às 12h14,
montante suficiente para atender a 20% da demanda do subsistema do Nordeste naquele
momento” (CANAL ENERGIA, 2021).
Através do cenário apresentado de que o setor de transportes é um dos que apresenta
maior demanda por energia final e também um dos setores que mais polui através da emissão
de CO2, será realizado um estudo que buscará a substituição do tipo de combustível, de diesel
para hidrogênio verde, da frota de ônibus da empresa de transporte público. E para que ocorra
essa substituição será proposta a implantação de uma usina de hidrogênio verde que possa suprir
a demanda por H2 verde combustível dessa frota.
107

5 ESTUDO DE CASO

Este estudo tem o objetivo de propor a substituição do diesel por H2 verde como
combustível dos ônibus da frota da BR7 Mobilidade, empresa que possui concessão para operar
o transporte público coletivo de São Bernardo do Campo.
A cidade de São Bernardo do Campo foi escolhida porque é uma região na qual
demanda muito movimento de ônibus, cerca de 250 mil passageiros diários. Segundo a Weather
Spark (2021) a cidade possui de agosto a dezembro uma velocidade média de vento acima de
12 km/hora e de dezembro a agosto uma velocidade média de 10,5 km/hora. Suportando um
parque eólico no qual precisaria de aproximadamente 10 km/hora de velocidade média do vento
para que a turbina funcione e comece a gerar energia, segundo a VINCI ENERGIES (2021).
Sendo necessário cerca de 3 turbinas eólicas para o fornecimento de aproximadamente 32
MWh, de acordo com a GE (2021).
A localização da planta na qual produzirá combustível que irá suprir toda a demanda
dos ônibus após os 17 anos do projeto, foi projetada na garagem de ônibus no bairro do
Montanhão em São Bernardo do Campo, na qual facilitará o abastecimento dos ônibus
conforme a Figura 26. Já o parque de energia eólica ficara localizado a 800 metros de distância
da garagem da BR7 Mobilidade conforme a Figura 27, o qual pode ser transportado através do
cabeamento elétrico da região.

Figura 26 - Localização da planta de hidrogênio verde.

Fonte: GOOGLE MAPS, 2021.


108

Figura 27 - Localização do parque eólico.

Fonte: GOOGLE MAPS, 2021.

5.1 CARACTERIZAÇÃO (FRENTE ECONÔMICA)

A frota da BR7 Mobilidade é composta por 392 veículos em operação e 32 veículos


reserva (7,55% da frota total), totalizando 424 veículos que possuem idade média de 6,9 anos.
247 destes veículos são do tipo básico, também chamados de convencional (MARQUES, 2020).
Admite-se que os 177 veículos restantes são do tipo “padron”.
Para este estudo, também será admitido que a frota terá um crescimento anual
estimado em cerca de 1%.
A proposta inicial é de que a total substituição da frota ocorra em até 15 anos, que
passariam a contar a partir do 3º ano do projeto, já que nos primeiros dois anos de projeto
(considerados como Anos 0 e 1) o investimento será focado na planta para produção de
hidrogênio verde e no parque eólico, totalizando um total de 17 anos para a implantação total
do projeto.
Nessa proposta tem-se a estimativa de que a cada ano uma quantidade específica
dos ônibus movidos a diesel sejam trocados por ônibus a hidrogênio. Com a estimativa de
investimento na planta de hidrogênio e na substituição do tipo de combustível da frota ficando
da seguinte forma:
109

 Nos Anos 0 e 1 todo o investimento será focado na planta para produção do


hidrogênio verde;
 Do Ano 2 até o 8, deve ser trocado o tipo de combustível de 20% da frota a
diesel do ano anterior;
 Do Ano 9 até o 14, deve ser trocado o tipo de combustível de 30% da frota
a diesel do ano anterior;
 No Ano 15, deve ser trocado o tipo de combustível de 5 ônibus da frota a
diesel do ano anterior;
 No Ano 16, deve ser trocado o tipo de combustível de 4 ônibus da frota a
diesel do ano anterior;
 Por fim, no Ano 17 serão adicionados à frota os últimos 6 ônibus movidos
a hidrogênio verde previstos no projeto.
Além disso, é importante ressaltar que em todos anos de substituição do tipo de
combustível da frota, todos os novos veículos adicionados (previsto pelo crescimento anual de
1% da frota) já devem ser movidos a hidrogênio verde.
Com base nessas premissas, a Tabela 6 mostra a quantidade de ônibus na frota a
cada ano e quantos deles serão movidos a cada tipo de combustível.
110

Tabela 7 - Quantidade de ônibus na frota e tipo de combustível.


Ano Total de ônibus Ônibus a diesel Novos ônibus a H2 Total de ônibus a H2
0 424 424 0 0
1 429 429 0 0
2 434 343 91 91
3 439 274 74 165
4 444 219 60 225
5 449 175 49 274
6 454 140 40 314
7 459 112 33 347
8 464 89 28 375
9 469 62 32 407
10 474 43 24 431
11 479 30 18 449
12 484 21 14 463
13 489 14 12 475
14 494 9 10 485
15 499 4 10 495
16 504 0 9 504
17 510 0 6 510
18 516 0 6 516
19 522 0 6 522
20 528 0 6 528
Fonte: dos Autores.

5.1.1 Custos de investimento (CAPEX)

As estimativas de custos do projeto são baseadas em um projeto que não visa


somente a substituição da frota de ônibus, mas também produção do próprio combustível, seu
próprio sistema de armazenamento e abastecimento dos ônibus estabelecido em São Bernardo
do Campo.
Esta estimativa de custos de investimentos será dada em Real brasileiro (R$).
Conforme a Tabela 7 estimou-se um investimento apresentando as principais áreas
do projeto.
111

Tabela 8 - Estimativa de investimento.


Área de Investimento Unitário Quantidade Total
01 Ônibus H2 R$ 1.750.000 528 R$ 924.000.000
02 Planta de H2 Verde R$ 220.000.000 1 R$ 220.000.000
03 Parque eólico R$ 159.000.000 1 R$ 159.000.000
Total R$ 1.303.000.000
Fonte: dos Autores.

Abaixo estão indicadas as premissas específicas de cada área:


 Área 01 – Custo Unitário de Ônibus: Foram considerados os custos de um
ônibus fabricado no Brasil segundo a Associação Brasileira de Hidrogênio
e a estimativa de 528 ônibus no total após 20 anos.
 Área 02 – Custo da Planta de Hidrogênio: Estimativa de todos os itens
relativos ao processo, incluindo estação para abastecimento de ônibus,
parque eólico para geração da energia e impostos.
 Área 03 – Custo do Parque Eólico: Estimativa de aquisição do parque eólico
com sua instalação.
É importante ressaltar que os custos da planta de hidrogênio verde e do parque
eólico serão diluídos ao longo de 5 anos.

5.1.2 Custos operacionais (OPEX)

Como parte do desenvolvimento desse estudo, solicitou-se uma estimativa de custos


operacionais e insumos anualmente, esses dados foram calculados tendo em conta que a planta
de hidrogênio funcione 330 dias por ano, produzindo cerca de 5.316,44 toneladas/ano
estimando uma capacidade de abastecer 510 ônibus movidos a hidrogênio.
Todos os valores calculados foram estimados no Ano 0, tendo um aumento de frota
de 1% ao ano estima-se que o valor aumente gradualmente, os valores serão indicados nas
tabelas a seguir.
Todas as bases para as composições das tabelas serão indicadas logo após cada
tabela.
Para obter os custos de operações, foi calculado a disponibilidade da planta e sua
capacidade produtiva, quantidade de funcionários, quantidade de km rodados pelos ônibus,
conformes as tabelas a seguir.
112

Tabela 9 - Disponibilidade da planta e capacidade produtiva.


Área Disponibilidade (%) kg/dia kg/mês kg/ano
Planta de H2 90 16.110,4364 443.037,00 5.316.444,01
Fonte: dos Autores.

A planta terá disponibilidade de 90% ao ano, totalizando 330 dias trabalhados. Essa
planta de hidrogênio, conforme a Tabela 8, terá a capacidade de produção de aproximadamente
16.110 kg/dia. Em decorrência da troca em escala anual de ônibus, no começo de sua operação
a planta poderá ter sua capacidade diminuída para abastecer a quantidade de ônibus movidos a
hidrogênio da frota ou poderá operar em capacidade máxima e o hidrogênio restante do
processo poderá abastecer a demanda de energia da planta até que toda a frota seja trocada.

Tabela 10 - Quantidade de funcionários.


Funcionários Quantidade Turnos
Motorista 1584 3
Fonte: dos Autores.

Realizou-se uma estimativa de motoristas para a frota total de ônibus no Ano 20,
no qual operam cerca de 528 ônibus movido a hidrogênio verde, estimando-se que tenha 2
turnos de motoristas trabalhando no dia e 1 turno de motoristas de folga.

Tabela 11 - Estimativa da distância percorrida dos ônibus.

Autonomia
por
Transporte Quantidade km/dia Dias km/Ano
ônibus/dia
(km)
Ônibus 424 204,081633 86.496,00 365 31.571.040,00
Fonte: dos Autores.

A Tabela 10, mostra a quantidade aproximada de autonomia dos ônibus por dia,
mês e ano. Segundo a BR7 Mobilidade, antiga SBCTrans, a quantidade de ônibus na frota atual
é de 424 e a distância percorrida por dia é de aproximadamente 86.496,00 km. Com isso
estimou-se a autonomia diária de cada ônibus, da quantidade de quilômetros que todos os
ônibus rodam por dia e a quantidade de quilômetros totais dos ônibus anualmente, considerando
a frota total, juntamente com os ônibus reservas.
113

Através desses dados foi possível estimar os custos operacionais (OPEX) do projeto
total, nas tabelas a seguir tem-se a estimativa de custos, tais como: custo de combustível, custo
de manutenção e custo de serviços. Para todos os custos foi realizada a comparação entre os
ônibus movidos a hidrogênio e os ônibus movidos a diesel, com base no Ano 0.

Tabela 12 - Custo de combustível.


Custo da Custo
Combustív Preço Unitário Consumo/A
Consumo quilometrage combustível/a
el (R$) no
m (reais/km) no
0,14 4.419.945,6
Hidrogênio - 3,50 -
(kg/km) (kg/ano)
0,25 7.892.760,00 R$
Diesel 3,97 (reais/L) 0,99
(L/km) (L/ano) 31.255.329,6
Fonte: dos Autores.

Na Tabela 11, estimou-se os gastos com hidrogênio e diesel, nota-se que o custo do
hidrogênio unitário é R$ 0,00 reais, isso por que a planta de hidrogênio é da empresa e não tem
o custo do combustível, já o diesel tem um custo de R$ 3,97 por litro de compra do combustível
(GALMACCI, 2021).
Segundo a SBCTrans (2020), o consumo do combustível dos ônibus movidos a
diesel é de 4 km/L. Os ônibus movidos a hidrogênio consomem cerca de 14 kg/100 km (EMTU,
2007).
Através dos dados da pesquisa calculou-se o custo de quilometragem dos dois
combustíveis, estimou-se o gasto total de combustível por ano. Como não há gasto com o
hidrogênio combustível, o mesmo não foi calculado.

Tabela 13 - Custo de manutenção.


Manutenção Custo/km
Hidrogênio R$ 0,54
Diesel R$ 0,62
Fonte: dos Autores.

Na Tabela 12, foi estimado o custo de manutenção dos ônibus por km. O valor de
custo por km para um ônibus a diesel foi estimado pela CBN (2019) e o custo de manutenção
do ônibus movido a hidrogênio foi estimado pela Empresa de Pesquisa Energética (2020), como
114

o sistema de um ônibus a hidrogênio é igual de um ônibus elétrico estimou-se o mesmo valor


de manutenção.

Tabela 14 - Custo de serviços.

Tipo de serviço Custo unitário


Motorista R$ 2.170,00
Planta de Hidrogênio (kg) R$ 25,00
Fonte: dos Autores.

Na Tabela 13, foram estimados os valores dos insumos para a planta de hidrogênio
e para os gastos com motoristas.
Estimou-se um gasto de R$ 25,00 reais para cada kg de hidrogênio produzido já
contando com as matérias primas para o processo de obtenção do combustível (água e energia).
Segundo Vagas.com (2021) o salário de um motorista de ônibus é cerca de R$
2.170,00 reais por mês. Todos os valores estimados com custos de motoristas não foram
considerados dissídios, reajustes salariais, ajustes inflacionários e variação cambial.

5.2 CARACTERIZAÇÃO (FRENTE AMBIENTAL)

Segundo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA, 2018), define-se


como poluente atmosférico os diferentes tipos de forma de matéria em quantidade,
concentração, tempo e outros fatores que possuem o potencial de degradar a qualidade do ar,
que afete o bem-estar da população, que cause danos aos materiais, à fauna e flora ou que seja
prejudicial à segurança da sociedade.
Um estudo realizado na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo pelo
Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental (SALDIVA, 2007) comprova que cerca de
3 mil mortes por ano na região metropolitana de São Paulo estão ligadas à população do ar, que
juntamente com a média de 200 doenças associadas a poluição representa um custo de R$ 1,5
bilhões ao ano para a cidade.
Atualmente a cidade de São Bernardo do Campo possui um sistema de transporte
que contribui significativamente para a poluição do ar da região. Nota-se cada vez mais o
aumento das doenças relacionadas a baixa qualidade do ar devido aos poluentes presentes na
115

atmosfera. Procura-se mensurar de forma monetária o valor dos recursos naturais e da


degradação ambiental através da economia ambiental.
Um dos efeitos antrópicos de maior impacto ambiental é a queima de combustíveis
fosseis, que provocam a degradação da qualidade do ar gerando problemas de saúde as pessoas,
além de custos ambientais como perda da biodiversidade, perda de ambientes ecológicos, perda
de patrimônio cultural e perda estética.
Ao analisar a degradação do ar gerada pela utilização do ônibus a diesel observa-se
impactos que possuem três diferentes classificações (Knight e Young, 2006):
 Efeitos nocivos locais; como névoa e chuva ácida
 Efeitos ambientais globais; como aquecimento global juntamente com a
mudança climática
 Efeitos nocivos à saúde humana; como doenças respiratórias.
Portanto, torna-se ainda mais necessário estudar propostas de cunho ambiental afim
de diminuir os impactos negativos gerados no meio ambiente, pois mesmo que não seja possível
calcular efetivamente todos os efeitos danosos gerados devido a emissão de gases poluentes a
atmosfera, observa-se que a degradação ambiental está entrelaçada com gastos em diversos
setores.

5.2.1 Análise da poluição atmosférica na cidade de São Bernardo do Campo

Em 2014, lançou-se o Inventário do ABC, onde quantificou-se entre outros valores,


a quantidade de poluentes emitidos pela cidade de São Bernardo do Campo. Nota-se que na
região do ABC paulista a quantidade de CO2 emitida pelo setor de transporte ultrapassa as outras
áreas, como mostra o Gráfico 11.
116

Gráfico 11 - Emissões totais de toneladas de CO2 e desagregadas por setor.

Fonte: Inventário do ABC, 2014.

Ainda segundo o Inventário, a cidade de São Bernardo do Campo é a que mais


emite poluentes em comparação com as demais cidades do ABC paulista representando 35% da
poluição da região, como demostra o Gráfico 12.

Gráfico 12 - Emissões totais de toneladas de CO2 e desagregadas por município.

Fonte: Inventário do ABC, 2014.

No setor de transportes, verificou-se a emissão de 554.154 toneladas de CO2 e


desagregadas considerando toda a frota de ônibus e micro-ônibus do ABC paulista. Através
desse dado, nota-se que os ônibus urbanos representam aproximadamente 9,3% de toda
poluição emitida pelo setor. O gráfico abaixo demonstra as quantidades de poluentes em
toneladas emitidas pelos diferentes meios de transporte.
117

Gráfico 13 - Emissões totais de toneladas de CO2 e desagregadas por categoria.

Fonte: Inventário do ABC, 2014.

Para cálculo da quantidade atual de emissão de CO2 pelo setor de transporte em São
Bernardo do Campo, utilizou-se o dado da quantidade total da frota em funcionamento e a
quilometragem média que a frota faz por ano. A Tabela 15 apresenta os valores utilizados.

Tabela 15 - Dados utilizados.


Dados Unidade
Nº ônibus em
392 Ônibus/dia
funcionamento
Quilometragem da
25.560.000 km/ano
frota por ano
Fonte: dos Autores.

Utilizando os dados dispostos no Inventário do ABC que dispõem a emissão de CO2


e demais poluentes para ônibus movidos a diesel, calculou-se a poluição teórica do ar para um
ano onde a quilometragem total teria sido de 25.560.000 km. A Tabela 16 expõe os resultados
obtidos.

Tabela 16 - Poluentes emitidos pela frota atual de ônibus da cidade de São Bernardo do Campo.
CO2 CH4 N2O Total Unidade
Emitido por um
1,23952 0,00006 0,00003 1,23961 kg/km
ônibus
Emitido anualmente 31.682.131,20 1.533,60 766,80 31.684.431,60 kg/ano
Fonte: dos Autores.
118

Para cálculo da emissão total de poluentes no ar no setor de transporte na cidade de São


Bernardo do Campo, utilizou-se o valor de 9,3% que representa o quanto os ônibus da região
contribuem para a emissão dos poluentes na área em questão. Os resultados obtidos estão
dispostos na Tabela 17.

Tabela 17 - Emissão total de poluentes no setor de transportes na cidade de São Bernardo do Campo.
Dados %
Emissão de poluentes através de ônibus movidos a diesel
31.684,431 9,3
(tonelada/ano)
Emissão total de poluentes no setor de transportes
340.692,806 100
(tonelada/ano)
Fonte: dos Autores.

Através dos resultados dispostos, calculou-se a emissão de poluentes por ônibus


movidos a diesel na cidade de São Bernardo do Campo ao longo de 15 anos. Para a mesma
quantidade de tempo, comparou-se com a quantidade emitida pelo setor de ônibus em um
cenário onde seria efetuada de forma gradativa a substituição dos ônibus movidos a diesel por
ônibus movidos a hidrogênio, esses que não emitem nenhum poluente. A Tabela 16 demonstra
a significativa redução de poluentes emitidos ao ar. Salienta-se que no cenário proposto ainda
seria emitido poluentes na atmosfera devido a continuidade de utilização de ônibus a diesel até
a sua completa substituição. A proposta prevê a substituição de uma quantidade específica da
frota a diesel do ano anterior, conforme descrito no item 5.1, com o acréscimo de 5 novos ônibus
à hidrogênio a cada ano, ao longo de 15 anos.

Tabela 18 - Emissão de poluentes produzidos pela frota de ônibus ao longo de 15 anos na cidade de
São Bernardo do Campo.
Dados Unidade
Emissão de poluentes utilizando toda a frota de
475.266,465 Tonelada
ônibus movidos a diesel
Emissão de poluentes utilizando a frota hibrida de
178.449,110 Tonelada
ônibus a diesel e ônibus a hidrogênio

Quantidade de poluentes que não será lançada para


296.817,355 Tonelada
a atmosfera ao longo da substituição da frota

Fonte: dos Autores.


119

Considerando que ao longo dos 15 anos de análise, a representatividade da emissão


de poluentes por meio de ônibus continue sendo 9,3%, calculou-se o impacto que a substituição
representa no setor de transportes, através do cenário proposto e de um cenário onde não
ocorresse substituição do combustível dos ônibus. O Gráfico 14 demonstra a comparação.

Gráfico 14 - Comparação de emissão da poluição atmosférica ao longo de 15 anos.

5.150.000,000
5.110.392,097
5.100.000,000

5.050.000,000

5.000.000,000
Toneladas de CO2 e

4.950.000,000

4.900.000,000
Emissão de poluentes
4.850.000,000
4.813.574,742
4.800.000,000

4.750.000,000

4.700.000,000

4.650.000,000
Setor de transportes utilizando Setor de transportes utilizando
ônibus movidos a diesel ônibus movidos a hidrogênio

Fonte: dos Autores.

No cenário proposto seria possível evitar que 296.817,355 toneladas de gases


poluentes fossem emitidas para a atmosfera ao longo de 15 anos. Vale salientar que o cenário
de análise conta com a presença de ônibus a diesel que teriam sua quantidade reduzida
gradativamente, portanto tendo substituído 100% da frota para a utilização do ônibus à
hidrogênio, a poluição emitida pelo setor de ônibus seria zero. Observa-se que a diminuição da
emissão de poluentes na atmosfera no setor de transportes torna-se de maior significância
conforme aumenta-se a utilização de ônibus, proporcionalmente diminuindo a utilização de
outros veículos.
120

5.3 ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA DO PROJETO

O cash flow do projeto é desenvolvido a partir de variáveis de entrada e de saída,


conforme apresentado no Anexo A. Para as variáveis de entrada levou-se em consideração a
receita de passe de ônibus sem considerar acréscimo durante os anos, a vantagem na
manutenção durante a substituição da frota, visto que surgirá menos gastos com alguns ônibus
durante os anos e a vantagem de não precisar gastar com combustível já que a planta atenderá
toda a demanda de combustível da frota.
Para o cálculo da receita com o passe de ônibus, foi considerado a premissa de
250.000 passageiros por dia, o que representa 91.250.000 passageiros anuais. Além disso, o
valor da tarifa de ônibus foi considerado como R$ 4,75 (MARQUES, 2020). Para esse cálculo
não foi considerado o aumento do número de passageiros e nem do valor da tarifa de ônibus.
Para as variáveis de saída foi considerado a criação da planta de hidrogênio verde
e do parque eólico que estarão prontos em dois anos, o valor dos ônibus que serão comprados
durante os anos e a manutenção natural dos novos ônibus.
No horizonte econômico de 20 anos, foi calculado o retorno financeiro
considerando as variáveis do cash flow, onde foi possível calcular a TIR do projeto resultando
em 22%, um valor acima da TMA de 5%. Esse valor aponta a viabilidade econômica positiva.
121

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo do caso permitiu validar que a substituição completa da frota ocorra em


15 anos. Com isso, os dois primeiros dois anos visam a implantação da planta de hidrogênio,
enquanto os anos subjacentes a substituição da frota de diesel de anos anteriores.
Os custos de investimentos visam à aquisição da planta para a produção do próprio
hidrogênio verde, assim como a aquisição do parque eólico e a substituição de toda frota de
ônibus. A estimativa total de investimento (CAPEX) é de aproximadamente R$ 1,3 bi.
Após os 15 anos de substituição da frota (ano 17), haverá 510 ônibus movidos a H2,
enquanto em um cenário futuro para um período de 20 anos haverá 528. Os custos obtidos da
planta contemplaram todo o processo de abastecimento de ônibus, parque eólico e impostos
gerados ao processo produtivo.
Os custos operacionais (OPEX), conforme o Anexo A, contemplam uma estimativa
de operação e insumos de todos os processos gerados, desde o parque eólico, planta de
hidrogênio, custos de manutenção, custos de funcionários, entre outros a serem obtidos.
Admitindo-se que a planta opera 330 dias por ano e o aumento de frota em 1% ao ano partindo
da disponibilidade de motoristas para 3 turnos de trabalho e partindo do Ano 2 (ano inicial de
produção do combustível e troca dos ônibus) será produzido 5.316,44 t/ano de H2 e essa
estimativa permite validar que 510 ônibus movidos a hidrogênio sejam abastecidos.
O estudo de caso contemplou também as divisões com o custo de combustível,
manutenção e de serviços com base no Ano 0. Com o valor do diesel na casa de R$ 3,97/L, a
compra do combustível contempla um gasto anual de 7,9 milhões L/ano e tem-se que o custo
anual é de aproximadamente R$ 31,3 milhões.
Outra grande vantagem encontrada no estudo é que não haverá custo adicional para
a compra do hidrogênio verde combustível, já que a planta implantada é da própria empresa.
Mas para cada kg de hidrogênio produzido na planta custara entorno de R$ 25,00, esse valor
visa todos os gastos com matérias primas, funcionários e manutenção da planta.
O custo de manutenção para o hidrogênio estimado pela EPE (2020) é de
R$ 0,54/km, enquanto o dos ônibus a diesel estimado por CBN (2019) é de R$ 0,62/km. Isto é
explicado pelo fato de que a manutenção é mais econômica, o que contempla um dos itens de
retorno do investimento inicial da substituição da frota.
Na questão ambiental, atualmente o setor de transportes é responsável por cerca de
60% de emissão de CO2 na cidade de São Bernardo do Campo e isso totaliza cerca de 35% da
122

poluição total da região do grande ABC. Os dados estudados, permitiram avaliar que há um
total de 430.618 tCO2/ano emitidos somente para os ônibus.
Os ônibus movidos a diesel emitem aproximadamente 1,24 kg de CO2/km
considerando 25.560.000 km/ano de teor de emissão desse gás para a frota. Os cálculos obtidos
permitiram validar que a emissão de CO2 presente em ônibus movidos a diesel é de
31.682.131,20 t/ano para a cidade de São Bernardo do Campo. Isso demonstra que 9,3% dessa
emissão contempla a geração da emissão total de poluentes no setor de transporte que totaliza
340.692,81 t/ano.
Ao longo dos 15 anos, considerando todo o cenário de substituição da frota e
implantação da planta de hidrogênio verde, os investimentos calculados permitiram avaliar que
475.266,465 toneladas valida a quantidade emitida de CO2 de toda a frota dos ônibus movidos
a diesel o que demonstra que 9,3% t/ano de emissão desse poluente. Os dados obtidos através
da substituição da frota, haverá a redução de aproximadamente 300 mil toneladas de CO2
considerando o período de substituição da frota e após, a emissão será nula atingindo a
viabilidade ambiental do processo produtivo.
Os cálculos obtidos, conforme o Anexo A, permitiram analisar o estudo e mostrar
que esse projeto se torna viável, com um TIR (taxa interna de retorno) de aproximadamente 22
% com base em horizonte para 20 anos e com o VPL (valor presente líquido) de R$
635.748.976,00 resulta-se em um TMA (taxa mínima de atratividade) de 5% e investimento
total estimado no valor de R$ 1,3 bi de CAPEX. No Ano 5, tem-se o retorno do investimento
inicial, e no último ano o fluxo de caixa é aproximadamente R$ 261 milhões.
A viabilidade econômica do projeto contempla que a partir do Ano 5, conforme o
Anexo A, o retorno de investimento será visto com a já implantação da planta de hidrogênio
verde e continuação da substituição da frota total de ônibus a diesel. Considerando todas as
variáveis de entrada e saída do processo de acordo com cada ano subjacente e cash flows, a TIR
resultou em 22% do valor estipulado do projeto sendo acima da TMA de 5%, demonstrando a
viabilidade do projeto. Isso demonstra que a substituição dos ônibus a diesel para hidrogênio
verde e construção da planta para geração do combustível, reduz a zero as emissões de CO2
para a atmosfera comprovados através da pesquisa exploratória, estudo de caso e fluxo de caixa
descontado que foram utilizados para confirmar a viabilidade do processo. A confirmação do
processo de substituição tem impactos positivos para a economia permitindo compreender a
necessidade de encontrar cada vez mais alternativas sustentáveis para eliminar a produção de
hidrogênio através de combustíveis fósseis. Assim, a grande aposta na nova alternativa de
123

hidrogênio verde no mundo demonstra ser a chave para o futuro sustentável do planeta e para
os processos de produção.
Pode-se concluir que este trabalho atingiu seus objetivos, de expor e revisar a
matéria teórica sobre o hidrogênio verde e sua participação na matriz energética brasileira, de
validar o processo para gerar hidrogênio de forma totalmente limpa, e de neutralizar as emissões
de CO2 no setor de transportes da cidade de São Bernardo do Campo. A viabilidade econômica
foi demonstrada através dos cálculos realizados, e a viabilidade ambiental demonstrada através
de pesquisa bibliográfica e cálculo estimativo preliminar, no qual foi possível verificar a
redução quase total das emissões de CO2 geradas pelo transporte público da cidade.
Adicionalmente, demonstrou-se também um potencial de energia eólica na região. Com este
trabalho, propõe-se que a cidade de São Bernardo do Campo se torne a primeira do Brasil a ter
o transporte público isento de emissões de CO2.
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ANEXO A – Fluxo de Caixa Descontado (FCD)

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