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TCC Hidrogênio Verde (Versão Final)
TCC Hidrogênio Verde (Versão Final)
ENGENHARIA QUÍMICA
em de de 2021.
BANCA EXAMINADORA
Em primeiro lugar agradecemos a Deus por nos conceder saúde e sabedoria durante o
desenvolvimento do trabalho.
Às nossas famílias que sempre nos apoiaram e incentivaram nos momentos difíceis.
Aos colegas da thyssenkrupp Uhde do Brasil, em especial ao Luiz Mello, que nos proporcionou
a “energia de ativação” do nosso trabalho.
Aos professores que tivemos a oportunidade de conhecer, em especial nosso orientador Douglas
Richter que nos indicou o melhor caminho a seguir durante as pesquisas e evolução do trabalho.
RESUMO
Nowadays, the atmospheric pollution is one of the biggest problems addressed in the world and
the area of urban transport is one of the greatest or most significant responsible for the daily
greenhouse gas emissions due to burning fossil fuels. Facing this situation, green hydrogen is
the great bet for fuel generation to reduce the CO2 emissions in several sectors. The purpose of
this project was to show a detailed study about green hydrogen and a case study aimed at the
elimination of CO2 in the public transport sector of São Bernardo do Campo city, as well as the
economic and environmental feasibility replacing diesel buses with green hydrogen buses. The
methodology approached was carried out through bibliographical reviews, case study and
discounted cash flow, considering all the variables needed to the project implantation in 20-
year economic analysis horizon. The research also has compared the environmental
characteristics of green hydrogen, diesel, and hydrogen obtained from fossil fuels and its
economic competitiveness. The case study proposes detailed validation on the environmental
and economic pillars of replacement of the entire diesel bus fleet with green hydrogen buses
with sustainable and economically profitable return considering an IRR of 22% and NPV of
approximately R$ 635,748,976.00, generating payback from the 6th year of the project (year
5).
Keywords: Green hydrogen. Hydrogen bus. Renewable fuel. Hydrogen plant. Feasibility study.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 17 - Comparação entre o processo produtivo da amônia comum com amônia verde... 85
Gráfico 11 - Emissões totais de toneladas de CO2 e desagregadas por setor. ....................... 116
Gráfico 12 - Emissões totais de toneladas de CO2 e desagregadas por município. ............... 116
Tabela 16 - Poluentes emitidos pela frota atual de ônibus da cidade de São Bernardo do Campo.
................................................................................................................................................ 117
Tabela 18 - Emissão de poluentes produzidos pela frota de ônibus ao longo de 15 anos na cidade
de São Bernardo do Campo. ................................................................................................... 118
LISTA DE EQUAÇÕES
Equação 16: Equação do potencial revesivel entre eletrodos - Erev = ΔGnF = 566902 . 23074 =
1,23 volts .................................................................................................................................. 76
Equação 17: Equação da voltagem termoneutra - Etermo = ΔHnF = 1,48 volts .................. 76
Equação 21: Reação de síntese do metano - CH4 (g) + H2O (g) → CO (g) + 3 H2 (g) .................. 82
atm = atmosfera
cal/volt = caloria por volt
cal/mol = caloria por mol
ºC = graus Celsius
E = potencial elétrico (V)
Eanodo = sobre-tensão de ativação anodo
Ecatodo = sobre-tensão de ativação catodo
Erev = potencial mínimo reversível
Etermo = voltagem termoneutra
Etm = sobre-tensão da transferência de massa
F = Constante de Faraday
g/mol = grama por mol
GW = gigawatt
IR = sobre tensão ôhmica
K = kelvin
kg = quilograma
km = quilômetros
m3 = metros cúbicos
m/s = metros por segundo
Mt = milhões de toneladas
Mtep = milhões de toneladas equivalentes de petróleo
MW = megawatt
n = número de elétrons transferidos
Q = calor fornecido ao sistema
T = temperatura
t/ano = toneladas por ano
tep = tonelada equivalente de petróleo
TWh = terawatt-hora
W = trabalho líquido realizado
∆G = variação da energia livre de Gibbs
ΔH = variação de entalpia no sistema
ΔS = variação de entropia
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 19
3.1.2 Características...................................................................................................... 54
5.2.1 Análise da poluição atmosférica na cidade de São Bernardo do Campo ..... 115
1 INTRODUÇÃO
O planeta Terra possui aproximadamente 4,5 bilhões de anos de idade. Durante todo
esse período o planeta passou e continua a passar por diversas mudanças em suas características
incluindo pressão e temperatura. Ao analisar-se os primórdios da história do planeta,
compreende-se que a vida terrestre começou a aparecer devido à formação da atmosfera.
Precedentemente ao surgimento da espécie humana, houve a formação do efeito
estufa, que consiste na retenção de calor na superfície terrestre proporcionado pela formação de
uma camada de gases na atmosfera. Devido ao efeito estufa, a temperatura terrestre manteve-
se favorável para o desenvolvimento das diversas formas de vida que conhecemos hoje.
Contudo, hoje em dia o efeito estufa está atrelado ao aquecimento global, fenômeno que resulta
no aumento de temperatura no planeta Terra. (ANGELO, 2016).
Atualmente o efeito estufa tem sido acentuado devido à demasiada quantidade de
gases poluentes presentes na atmosfera terrestre, em especial o gás carbônico (CO2). Um dos
principais responsáveis pela emissão descomedida de gás carbônico é a queima de combustíveis
fosseis para a geração de energia (GE, FRIEDRICH, VIGNA, 2020).
Sabendo da importância da temperatura no globo terrestre para que sejam mantidas
as condições favoráveis para a permanência e desenvolvimento da vida terrestre, entende-se
que mudanças climáticas não naturais são prejudiciais ao meio ambiente e aos habitantes.
Entre as diversas consequências negativas do aquecimento global, está o
derretimento de geleiras no Ártico. O gelo no Ártico provoca o efeito albedo, que consiste na
reflexão de uma parte considerável da energia solar. Quanto mais diminui a quantidade de gelo
sobre a superfície terrestre, mais aumenta a absorção da incidência solar. O derretimento das
calotas de gelo também provoca aumento dos níveis dos mares, ocasionando o desequilíbrio de
ciclos naturais e ameaçando a biodiversidade no planeta Terra.
O Brasil, assim como os demais países do globo, vem enfrentando as consequências
das mudanças climáticas de forma notável para qualquer civil. Os impactos negativos gerados
no meio ambiente não só afetam todo um ciclo ecológico, mas também afetam diretamente a
vida da população, uma vez que a seca nos reservatórios de hidrelétricas pode causar aumentos
da conta de luz e dos alimentos (DORETTO, 2021).
Se por um lado há secas, por outro se nota o aumento de chuvas torrenciais. As
regiões do Sudeste brasileiro sofrem com os resultados das chuvas intensas, que ocasionam
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enchentes, deslizamentos, quedas de árvores, dentre outros. A seca e a chuva intensa apontam
para a variabilidade do ciclo hidrológico, evento que proporciona estiagens prolongadas e
também longos períodos chuvosos (DAMASIO, 2020).
Infelizmente, estudos apontam para um agravamento da situação em um futuro
próximo caso não sejam tomadas ações eficazes. (GRUPO WWF, 2021).
Realizar ações que diminuam os impactos causados pela mudança climática é de
extrema necessidade, pois as consequências já visíveis nos dias atuais tendem a se agravar
continuamente. Cientistas afirmam que devido ao aquecimento global é possível que uma parte
considerável do planeta se torne inabitável (RIPPLE et al, 2021).
Em decorrência do problema ambiental da atualidade que se agrava mais a cada
ano, os países de modo geral estão cada vez mais inclusos em projetos que preveem a redução
da emissão de poluentes na atmosfera. O tratado internacional mais recente e de maior
importância tem sido o Acordo de Paris. O principal objetivo desse tratado é limitar o aumento
de temperatura do planeta para abaixo de 2 ºC. Para atingir a meta, os países participantes
comprometem-se com mudanças internas e inclusão de projetos ecológicos (UNITED
NATION, 2021).
Um dos projetos ecológicos que se destacam por ser muito promissor é o hidrogênio
verde. O hidrogênio é o elemento de maior quantidade no planeta Terra, com a característica
de produzir grandes quantidades de energia sem que seja emitido algum poluente. O hidrogênio
verde traz a proposta de uma produção sustentável de hidrogênio, pois utiliza energias limpas
combinado com o processo de eletrólise (SMINK, 2021).
Especialmente, o mercado de hidrogênio verde ganhará oportunidade a partir de
políticas energéticas pós-pandemia para a retomada da economia e para acelerar a transição
energética em diversos países. A força motriz deste crescimento é a visão de governos e
empresas do hidrogênio como necessário para viabilizar a descarbonização mundial, requerida
para o alcance das metas do Acordo de Paris no horizonte de 2050 (GOVERNO FEDERAL,
2021).
A proposta deste trabalho foi apresentar a forma mais bem vista em questões
ambientais de produção de hidrogênio, um processo ainda “novo”, mas com grande potencial
para ajudar a transição energética mundial e principalmente brasileira.
O objetivo geral foi apresentar um estudo acerca do hidrogênio verde, focando na
utilização do mesmo como uma alternativa sustentável em comparação ao hidrogênio
proveniente de combustíveis fósseis, a fim de reduzir a emissão de CO2 na atmosfera e
consequentemente ajudar no equilíbrio climático.
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2 FONTES DE ENERGIA
Energia tem por definição o poder de gerar trabalho, sendo que na Física o trabalho
é o resultado da força pelo deslocamento provocado. Através do movimento produzido para
realizar atividades, a princípio por humanos e posteriormente por animais, passou-se a
compreender o conceito de trabalho e assim também de energia (GOLDEMBERG, 1979).
Desde os primórdios da humanidade, a energia tem se mostrado fundamental para
o desenvolvimento da sociedade. Conforme a espécie humana evolui, as formas de manipular
energia crescem de forma conjunta, sendo a eletricidade uma das vertentes de maior utilização
e que proporcionou elevado avanço tecnológico assim como desenvolvimento no âmbito social
e econômico (ATLAS DA ENERGIA ELÉTRICA, 2005).
A geração de energia torna-se cada vez mais indispensável, uma vez que a produção
está intrinsecamente atrelada ao crescimento tecnológico. Perante esse cenário onde a energia
desempenha papel fundamental, há uma preocupação em torno da disponibilidade dos recursos,
pois grande parte da matriz energética mundial ainda é composta por fontes não-renováveis.
Devido a esse fator, buscam-se novos meios de se produzir energia para que haja
uma maior diversificação na matriz energética dos países de todo o mundo e principalmente
para que ocorra uma diminuição dos impactos negativos ocasionados pela geração, distribuição
e consumo de energia de pequena e larga escala. Visando alcançar energias cada vez mais
limpas, ou seja, que não causem a mesma agressão ao meio ambiente em comparação com as
tradicionais, surgem-se as energias renováveis (MAUAD, 2017).
Para que se tenha uma melhor compreensão da situação atual do mundo em relação
a produção e utilização de energia, é indispensável que sejam estudadas as energias não-
renováveis e renováveis.
2.1.1 Petróleo
gasolina e a óleo diesel. Apesar de haver uma redução gradativa da utilização do petróleo, essa
fonte energética ainda ocupa um espaço considerável na matriz energética mundial, sendo de
ordem de 33% (ATLAS DA ENERGIA ELÉTRICA, 2005).
Origina-se o petróleo a partir da decomposição de matéria orgânica sobretudo fauna
marinha. Devido à alta pressão e temperatura e ao confinamento, esse material orgânico com o
tempo transforma-se em petróleo. Tanto o petróleo quanto o gás natural podem fluir por rochas
adjacentes, assim formando os depósitos de petróleo, esses que são encontrados em rochas
sedimentares como arenito, xisto e calcário, devido à característica de absorção (HINRICHS,
2014).
O petróleo é distribuído geograficamente de forma singular, pois uma pequena
quantidade de países, geralmente áreas desérticas e sem riquezas naturais superficiais possuem
grandes reservas de petróleo. O Oriente Médio é onde há a maior concentração de petróleo em
todo o planeta. É também possível encontrar quantidades consideráveis de petróleo em regiões
do continente americano, Ásia central e costa ocidental da África (MILANI, 2000).
Devido a diversos fatores como o aumento do preço do petróleo imposto pelo
mercado internacional, diminuição das reservas e produções de petróleo dos países
industrializados e pela instabilidade política dos países de maiores jazidas de petróleo, ocorre
desde 1985 uma busca pela exploração da substância em águas profundas e ultra profundas. A
Petrobras assumiu papel de liderança na indústria petrolífera em relação a extração de petróleo
em águas profundas. Aproximadamente 12 bilhões de barris de reservas foram encontradas pela
Petrobras na Bacia de Campos (MILANI, 2000).
Para se obter o produto útil, é necessário que o petróleo bruto passe por diversas
fases durante o refino. O primeiro passo desse processo é a destilação, onde o petróleo é
separado de acordo com seu ponto de ebulição. Inicialmente aquece-se o petróleo que em
seguida passa por uma torre de fracionamento, essa torre possui por volta de 40 metros de altura.
Com o aquecimento diferenciam-se os variados tipos de petróleo que posteriormente são
coletados. Os produtos, que também são chamados de frações, mais pesados ficam na parte
inferior da torre, enquanto os mais leves condensam no topo, por exemplo a gasolina. Os que
não condensam são retirados na parte superior e adicionados ao gás natural (HINRICHS, 2014).
A partir da destilação do petróleo é possível chegar às seguintes frações:
Gás natural, cujo ponto de ebulição é inferior a 40 ºC. O metano é o principal
componente. Nessa faixa de temperatura, obtém-se o gás de cozinha (gás
liquefeito de petróleo, GLP), que tem como componentes o propano (C3H8) e o
butano (C4H10);
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Gasolina natural, cujo ponto de ebulição é abaixo de 200 ºC. Pentano (C5H12) e
dodecano (C12H26) correspondem aos hidrocarbonetos obtidos nessa faixa de
temperatura;
Querosene, cujo ponto de ebulição varia entre 150 ºC até 275 º C. Além do
querosene, também é possível obter-se gasolina para aviões;
Diesel, cujo ponto de ebulição varia entre 250 ºC até 400 ºC. Utiliza-se o diesel
como combustível para veículos pesados;
Parafinas e óleos lubrificantes, cujo ponto de ebulição varia entre 350 ºC e 550
ºC. Os óleos lubrificantes são utilizados para manutenção de veículos, a parafina
por sua vez é utilizada para a produção de velas;
Asfalto e piche, cujo ponto de ebulição encontra-se acima de 550 ºC. A partir
dessa fração é possível se obter óleo residual utilizado na produção de asfalto e
piche (GOLDEMBERG, 1979).
O Gráfico 1 ilustra os valores dispostos no texto.
vida marinha, pois além de ocasionar a poluição dos mares também adoece e muitas vezes mata
os seres aquáticos (HINRICHS, 2014).
energética brasileira, e em 1990 houve uma retomada de interesses acerca do gás natural, desde
então a utilização do gás natural no Brasil tem crescido, de forma que no período de 1997 até
2006 obteve-se uma expansão média anual de aproximadamente 18% (SANTOS, 2007).
Projeta-se que o gás natural passe a ser cada vez mais utilizado futuramente, em
decorrência do gás natural oferecer valores consideravelmente inferiores em relação ao petróleo
e por apresentar-se como uma forma de geração de energia menos poluente (SOUSA, 2010). O
gás natural permanece sendo uma fonte de energia não-renovável por ter como origem
compostos fósseis, por tanto, não é capaz de suprimir completamente a demanda energética
mundial por um longo período.
O carvão mineral pode ser definido como um produto cuja aparência tem
semelhanças com uma rocha de cor marrom ou preta. É originado de resíduos florestais
acumulados sob a forma de turfa (GOLDEMBERG, 1979). Devido à pressão e temperatura
juntamente com o soterramento e atividade orogênica, os resíduos assumem ao longo do tempo
uma forma sólida, concentrando carbono em um processo chamado carbonificação.
É possível classificar o carvão de quatro formas, sendo o tipo de carvão mais jovem
denominado lignitos, esse tipo de carvão possui alto teor de água e baixo valor calorífico. O
carvão sub-betuminoso é formado com pressões e temperaturas maiores. Com quantidades
ainda superiores de pressão e temperatura o carvão betuminoso é originado, sendo esse o tipo
de carvão mais abundante no planeta. O carvão betuminoso é caracterizado por um elevado teor
de enxofre. Por fim, há o carvão antracito, sendo um tipo de carvão de grande dureza e elevado
valor calorífico (HINRICHS, 2014).
A gaseificação do carvão trata-se do processo de conversão do carvão em produtos
gasosos através da reação com o oxigênio, vapor d'água e dióxido de carbono. Resulta-se dessa
reação os produtos: CO2, CO, H e CH4. O processo de gaseificação se dá por meio de reatores
estando em altas condições de pressão e temperatura (GOLDEMBERG, 1979).
Em 1795, construiu-se na região do baixo Jacuí, Rio Grande do Sul, ferrovias que
deram início a história do carvão mineral no Brasil. Durante um longo período, a mineração de
carvão no brasil ocorria de forma primitiva, somente se desenvolveu na época da Segunda
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Guerra Mundial. A partir dessa época, a região do sul de Santa Catarina tem assumido liderança
na produção e desenvolvimento da mineração brasileira (GOMES, 1998).
Em comparação com as demais fontes energéticas, o carvão mineral é o recurso que
possui maior quantidade em abundância na natureza e a maior perspectiva de vida útil. Quando
se trata de posição na matriz energética mundial, o carvão ocupa uma elevada posição, ficando
abaixo do petróleo. Contudo, ocorreu um decréscimo da utilização do carvão como fonte
energética na última década devido a substituições que vem acontecendo na Europa Ocidental,
como por exemplo a utilização de energia nuclear pela França e o aumento da utilização do gás
natural e petróleo em todo continente europeu. Entretanto, o carvão ainda continua tendo grande
utilização no Estados Unidos (BORBA, 2001).
Em relação ao Brasil, o consumo de carvão é baixo, sendo aproximadamente 0,5%
em comparação com o cenário mundial. Dessa porcentagem, 62% destina-se à área da
siderurgia, 33% para geração de termelétrica, 1,3% é direcionado a indústria da celulose, 1%
para a petroquímica e o restante para outros setores como indústria de cimento, alimentos e
secagem de grãos. O carvão no brasil no setor energético não ocupa uma participação relevante
na matriz energética devido a uma falta de incentivos por meio de políticas governamentais
(BORBA, 2001).
Não somente a emissão, mas também a extração e transporte do carvão atinge
negativamente o meio ambiente. Em uma tentativa de diminuir os impactos gerados pela
indústria do carvão, uma série de medidas foram tomadas desde a última década de forma que
há uma maior fiscalização e controle de toda produção. As medidas tomadas buscam recuperar
as áreas de mineração, promover uma melhor disposição dos rejeitos de beneficiamento e um
controle dos poluentes emitidos pelas usinas termoelétricas. Contudo, ainda existe uma série de
problemáticas envolvendo a indústria petrolífera que apresentam dificuldades de serem
controladas como a emissão de enxofre e nitrogênio (GOMES, 1998).
PWR (Pressurized Water Reactor) onde a água tem a temperatura elevada até a margem de 320º
C e na condição de pressão de 157 atm. Posteriormente a água encaminha-se até o gerador de
vapor, onde ocorre a vaporização da água do circuito secundário. O vapor formado proporciona
o acionamento da turbina que ao movimentar o gerador, resulta em corrente elétrica
(ELETRONUCLEAR, 2001).
A energia nuclear começou a ganhar destaque nos anos 70 devido a conflitos em
relação ao petróleo juntamente com uma crise energética. Duas décadas depois, a energia
nuclear já possuía um considerável papel na produção mundial de energia, passando de 0,1%
para 17%. Em meados de 1996 totalizavam-se 442 usinas nucleares em funcionamento ao redor
do mundo (ELETRONUCLEAR, 2001). Hoje em dia a energia nuclear ocupa cerca de 15% da
matriz energética mundial, sendo que 69% da energia nuclear produzida é proveniente da
Europa Ocidental e América do Norte (CERCONI, 2009).
O consumo atual de energia nuclear tem diminuído em grande parte dos países.
Consta-se um número inferior de usinas nucleares em funcionamento comparando-se com os
anos 60. O declínio no uso da energia nuclear se dá pelos fatores de segurança e preços elevados
para que seja efetuado os rejeitos nucleares (BAJAY et al., 2018).
Por volta de 1960, houve um estímulo por parte do Governo Brasileiro em torno do
estudo da energia nuclear afim de se posicionar de forma alinhada com os demais países. Por
haver uma necessidade de ampliação energética que fosse capaz de suprimir a demanda
energética do Rio de Janeiro, decidiu-se que Angra dos Reis seria a região de implantação da
primeira usina nuclear (Angra I). Apesar da construção de Angra I ter iniciado em 1972,
somente em 1982 obteve-se a primeira reação nuclear em cadeira e em janeiro de 1985 a usina
entrou em operação comercial, porém, logo após esse evento a usina saiu de operação e seu
retorno se deu em 1987, operando até 1990.
No período de 1991 até 1994 as pausas foram de menor frequência, no entanto,
apenas em 1995 a usina de Angra I começou a ter um funcionamento de forma mais regular.
Iniciou-se a construção da segunda usina nuclear no Brasil (Angra II) em 1976, sendo planejado
que a usina entrasse em operação em 1983. Por falta de recursos, a obra estagnou-se durante
muito tempo e a operação do reator foi realizada apenas no ano 2000 (ATLAS DA ENERGIA
ELÉTRICA, 2005). Atualmente o Brasil está com um projeto para a construção da Angra III,
com previsão de entrar em operação em 2026.
O Ministro de Minas e Energia do Brasil, Bento Albuquerque, declarou no
Seminário Internacional de Energia Nuclear (Sien) a intenção do Brasil de consolidar a energia
nuclear no país, implicando na construção de novas usinas (RUDDY, 2021)
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Anualmente ocorre a Conferência das Partes (COP), essa reunião tenta estabelecer
acordos e metas climáticas para redução de gases poluentes em países do mundo inteiro.
O planeta Terra ao longo de sua idade vem mostrando vários sinais de alerta para o
ser humano, esses sinais podem ser percebidos pelos desastres ambientais que devido ao
aquecimento global estão de agravando. Após a revolução industrial, o planeta Terra está cada
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vez mais quente devido a expansão da produção industrial e a liberação de gases poluentes. Não
demorou muito para a população perceber esses sinais e tomar providencias em busca da
neutralização climática. Países do mundo inteiro estão se reunindo em busca de acordos para a
diminuição de gases do efeito estufa e durante anos diversos acontecimentos vem dando história
a essa busca.
A primeira Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente teve início em
1992 no Rio de Janeiro, marcado por um consenso internacional na abordagem das mudanças
climáticas. Um dos principais marcos foi a criação da Convenção-Quadro das Nações Unidas
sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) assinada por 166 países e que passou a funcionar no
dia 21 de março de 1994 em 197 países (IBERDROLA, 2021).
Em 1997, foi criado um tratado internacional derivado da UNFCCC chamado
Protocolo de Kyoto, que deu início ao primeiro compromisso global para tentar diminuir as
emissões de GEE responsáveis pelo aquecimento global e construiu bases para futuros acordos
internacionais sobre mudanças climáticas. O Protocolo de Kyoto foi assinado no dia 16 de
março de 1998 e entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005 (IBERDROLA, 2021).
A chamada COP13 foi realizada em dezembro de 2007 em Bali, Indonésia. Nessa
conferência iniciou-se um processo de negociação para o segundo período de compromissos do
Protocolo de Kyoto, através do Plano de Ação de Bali, que não definiu metas de emissões de
GEE, mas criou um cenário para que negociações fossem levadas para a COP15, na esperança
de fechar um novo acordo. Um plano conhecido como Roteiro de Bali, é conhecido por nortear
e tratar de discussões sobre o clima até dezembro de 2009, prazo para elaboração de um novo
tratado. Também foi percebida uma necessidade urgente da realização do plano de ação, visto
que há um aumento de temperaturas médias globais do ar e do oceano, do derretimento
generalizado de neve e do gelo e da elevação do nível médio do mar. Além disso, a inclusão da
questão das florestas também foi incluída no texto da decisão final da conferência pela primeira
vez, onde estabeleceram compromissos para a redução de emissões causadas pelo
desmatamento de florestas tropicais (CETESB, 2020).
A COP15 realizada em dezembro de 2009 em Copenhague, Dinamarca, marcou a
criação de um documento chamado Acordo de Copenhague, comprometendo países a contribuir
com US$ 10 bilhões ao ano, entre 2010 e 2012, e com US$ 100 bilhões ao ano a partir de 2020,
para a mitigação e adaptação dos países mais vulneráveis frente aos efeitos das mudanças
climáticas. Além do mais, o documento reconhece a importância de reduzir as emissões
produzidas pelo desmatamento e degradação de florestas e aceita promover incentivos positivos
para financiar ações com recursos de países desenvolvidos (CETESB, 2020).
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compromissos de cada país ao determinarem suas próprias metas de redução de GEE (CETESB,
2020).
Um novo acordo climático global é criado em 2015 na COP21, realizada em Paris,
França. Ele foi aprovado por 195 países e ratificado por 147, entre eles o Brasil, sendo colocado
em vigor oficialmente no dia 4 de novembro de 2016. O Acordo de Paris possui o objetivo de
reduzir o aquecimento global reduzindo as emissões de GEE para limitar o aumento médio da
temperatura global a 2 ºC comparados aos níveis pré-industriais (CABRAL, 2019).
Outras conferências também tiveram importante marcos, como a COP22 em
Marrakech, no Marrocos onde entrou em vigor o Acordo de Paris e a busca de caminhos para
o financiamento climático; a COP23 de Fiji que ocorreu em Bonn na Alemanha que teve a grata
surpresa do interesse da Síria em fazer parte do Acordo de Paris; a COP24 realizada na Polônia
em Katowice que foi fundamental para a criação de Regras do Acordo de Paris, a criação de
um Comitê de Cumprimento do Acordo de Paris e a aprovação de medidas para melhorar
informações sobre a mudança do clima e a COP25 ocorrida em Madrid que foi fundamental
para tomar ações mais ambiciosas referente às metas do Acordo de Paris.
A Figura 1 exibe as principais conferências e seu marcos.
Com base nos dados apresentados pela Climate Watch (2019), o Brasil permaneceu
na sexta posição dos países que mais emitem gases do efeito estuda no mundo em 2018. A
Figura 2 mostra a proporção de cada setor responsável na emissão de gases de efeito estufa no
Brasil e aponta que 44% das emissões estão ligadas ao desmatamento (mudança de floresta para
área degradada), degradação do solo, entre outros. Já as atividades pecuárias estão em segundo
lugar no ranking com 25% da produção dos gases poluentes ligadas à fermentação, solos
agrícolas, manejo de dejetos de animais, cultivo de arroz e queima de resíduos agrícolas
(OLIVEIRA, 2019).
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Energia renovável é todo tipo de energia gerada através de uma fonte natural
considerada inesgotável como: a luz do sol, o calor da terra, os ventos, as marés, ondas e
moléculas de hidrogênio. Essas fontes se regeneram espontaneamente caracterizando-se como
fontes primárias, e podem ser consideradas fontes secundárias através de uma ação adequada
pelo ser humano a partir das fontes primárias.
As emissões de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera tais como, dióxido de
carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e gases fluorados (compostos de HFCs,
PFCs, SF6 e NF3) provenientes de processos industriais que utilizam energias renováveis, são
muito menores quando comparadas às fontes não renováveis, e dependendo do processo, essa
emissão chegar a zero, caracterizando-se como uma energia limpa ou também chamada de
energia verde.
As energias renováveis são uma forma de energia sustentável, pois atendem todas
as necessidades humanitárias da geração atual sem causar comprometimento às necessidades
de gerações futuras. Esse tipo de energia pode contribuir para a recuperação do planeta no
sentido de proporcionar um aumento da eficiência energética podendo ser uma solução para
problemas econômicos, sociais e ambientais de um país.
Com o avanço tecnológico da energia sustentável, muitos países estão desejando a
transição energética por vários motivos, de acordo com a InterAcademy Council (2007) os
motivos são:
Os benefícios ambientais e de saúde pública, visto que as modernas tecnologias
de energia renovável produzem emissões muito baixas (ou quase zero) de gases
de efeito estufa e de poluentes atmosféricos convencionais como o dióxido de
enxofre (SO2) e dióxido de nitrogênio (NO2), em comparação com as
alternativas de combustível fóssil,
Os benefícios de segurança energética onde os recursos renováveis diminuem a
exposição à escassez de oferta e à volatilidade dos preços nos mercados de
combustíveis convencionais e podem reduzir a dependência das fontes
estrangeiras de energia, incluindo a dependência do petróleo importado,
O desenvolvimento e benefícios econômicos pelo fato de muitas tecnologias
renováveis poderem ser implantadas de forma crescente, faz com que sejam
adequadas para países em desenvolvimento, em que existe uma necessidade
40
urgente de ampliar o acesso aos serviços de energia nas zonas rurais, além disso,
uma maior dependência dos recursos renováveis nacionais pode reduzir a
transferência de pagamentos por energia importada e estimular a criação de
empregos.
Apesar da alta importância na utilização de energias sustentáveis, um estudo feito
em 2010 pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) evidenciando o cenário de 2019, mostra que,
apenas cerca de 10% de toda energia global são obtidas de recursos renováveis, sendo a
hidroelétrica a mais utilizada com 6% conforme o Gráfico 3.
proporcionada pelo transporte marítimo permite atingir potências unitárias e tamanhos muito
maiores do que em terra (IBERDROLA, 2021).
Assim como a energia solar, a energia eólica pode ser considerada praticamente
infinita. Entretanto, é importante avaliar a densidade de energia eólica em cada região sabendo
que o vento não é distribuído de forma uniforme em todo o planeta.
Segundo o boletim anual 2020 da Associação Brasileira de Energia Eólica, o Brasil
esteve em sétimo lugar no Ranking Mundial de capacidade eólica acumulada num estudo
elaborado pela GWEC (Global Wind Energy Council), tendo instalado 2,3 GW de nova
capacidade (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA EÓLICA, 2021).
A Figura 3 mostra que o Brasil ficou atrás apenas de países como China, EUA,
Alemanha, Índia, Espanha e França.
O gráfico mostra que o Brasil é um ótimo lugar para investimento de energia eólica,
principalmente em regiões sul e nordeste que de acordo com a EPE (Empresa de Pesquisa
Energética) tem um grande potencial de jazidas de vento e permitem as instalações de diversos
parques eólicos. Na Figura 4 é possível ver a velocidade média anual do vento (m/s) no Brasil.
Fator de capacidade é uma forma de avaliar o potencial eólico de uma determinada
região, e pode ser entendido como o percentual de aproveitamento, estimado ou efetivo, do total
da potência máxima instalada. Ele aponta boas características dos ventos brasileiros resultando
num valor que é o dobro da média mundial. Enquanto a média mundial do fator de capacidade
está ao redor de 25%, o Brasil, na média, tem um fator de mais de 40%, atingindo valores
próximos a 60% e 70% no Nordeste. Essa força dos ventos brasileiros significa uma alta
produtividade e, com cada vez mais parques eólicos operando, a eólica vem batendo recordes
43
atrás de recordes durante a “safra dos ventos”, período que vai de junho até o final do ano,
chegando a atender 80% do Nordeste (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA EÓLICA,
2020).
nos engajar para que ela aconteça de forma cada vez mais eficiente e rápida em todo o mundo.
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA EÓLICA, 2020)
Energia solar é a energia proveniente do Sol. Esta energia é captada por painéis
solares, formados por células fotovoltaicas e transformada em energia elétrica ou mecânica. A
energia solar é considerada uma fonte de energia limpa e renovável, pois não polui o meio
ambiente e não acaba (LAVEZZO, 2016).
O sol é fonte de energia renovável, o aproveitamento desta energia tanto como fonte
de calor quanto de luz, é uma das alternativas energéticas mais promissoras para enfrentarmos
os desafios do novo milênio de crises energéticas e mudanças climáticas. A energia solar é a
solução ideal para áreas afastadas e ainda não eletrificadas, especialmente num país como o
Brasil onde se encontram bons índices de insolação em qualquer parte do território. A Energia
Solar soma características positivas para o sistema ambiental, pois o Sol, trabalhando como um
imenso reator à fusão, irradia na terra todos os dias um potencial energético extremamente
elevado e incomparável a qualquer outro sistema de energia, sendo a fonte básica e
indispensável para praticamente todas as fontes energéticas utilizadas pelo homem
(LAVEZZO, 2016).
fotovoltaica variam de acordo com a qualidade do recurso e do módulo solar utilizado, mas são
normalmente mais altos do que o custo da geração de energia convencional e consideravelmente
mais elevados do que os custos de geração de energia eólica (INTERACADEMY COUNCIL,
2007).
Atualmente, a participação da energia solar tem baixa expressão na matriz mundial.
Porém, ela exibiu um aumento de cerca de 2.000% entre 1996 e 2006, visto que, em 2015, a
capacidade instalada total mundial atingiu 177 GW (MAUAD, FERREIRA, TRINDADE;
2017).
Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, o Brasil não figura
no Ranking Mundial Solar FV. Um dos desafios que o Brasil enfrenta é a falta de qualificação
de profissionais no mercado e a dificuldade de armazenamento na geração de energia.
A energia solar térmica também utiliza a energia solar para operar, usa a energia do
sol para aquecer a água e utiliza placas solares para captar energia que vem do sol e transferir
para água, aquecendo-a e por fim ficará armazenada num reservatório podendo ser utilizada
conforme a demanda. Essa tecnologia pode ser utilizada para condicionamento de ar em casas
e edifícios, para aquecer água, produzir eletricidade e combustíveis. Sistemas ativos de energia
térmica solar podem também fornecer água quente em edifícios residenciais e comerciais, bem
como para a secagem de colheitas, processos industriais e dessalinização que é a retirada do
47
O Brasil é o país que mais possui reserva de hidroenergia em nível mundial, sua
riqueza em possuir água abundante proporciona a criação de grandes usinas hidroelétricas, com
isso, a principal fonte de energia elétrica do país passa a ser a Hidroelétrica.
Em um gráfico produzido pela Internacional Energy Agency (IEA) mostra os
principais produtores de hidroeletricidade no mundo, conforme a Figura 6.
energético positivo e tem se sobressaindo por apoios de políticas públicas em vários países,
principalmente o Brasil, que atualmente satisfaz cerca de 40% de suas necessidades de
combustível para automóveis com o etanol de cana-de-açúcar (INTERACADEMY COUNCIL,
2007).
Já o biodiesel, outro combustível para transporte à base de biomassa, há pouco
tempo tornou-se disponível comercialmente em virtude de programas na Europa e na América
do Norte, mas essa opção oferece um potencial limitado para a redução dos custos de produção,
e sua viabilidade provavelmente continuará a depender de incentivos externos, como os
subsídios agrícolas. Além disso, fatores consideráveis como o atendimento a especificações dos
combustíveis e um controle de qualidade rigoroso são essenciais para firmar o comércio do
biodiesel. As novas tecnologias têm favorecido a diversificação da cadeia de fornecimento do
biodiesel, usando, por exemplo, o bioetanol em vez do metanol de carvão como matéria-prima
(INTERACADEMY COUNCIL, 2007).
A energia do biogás, a partir da digestão anaeróbica (ausência de oxigênio gasoso)
em aterros sanitários, em estações de tratamento de esgotos e em locais para gestão de estrume,
é considerada uma opção de fácil acesso no contexto de créditos de carbono disponíveis através
do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Essa forma de energia de biomassa não só
substitui a combustão de combustíveis fósseis, mas também diminuem as emissões de metano
(CH4), um gás de efeito-estufa considerado mais potente que o dióxido de carbono. Tecnologias
disponíveis para converter a biomassa em formas de energia disponível variam em termos de
escala, qualidade dos combustíveis e custo. Tecnologias de grande escala que já estão no
mercado incluem, por exemplo, leitos fluidificados, queima de pó, biomassa e co-combustão
de carvão mineral, bem como vários tipos de sistemas de gaseificação, pirólise etc. Contudo,
essas tecnologias ainda não estão comercialmente disponíveis em países em desenvolvimento
e exigem apoio financeiro – bem como construção de capacidade local – para serem mais
amplamente implantadas. Um importante investimento para a expansão da energia da biomassa
abrange os estudos em ciências biológicas e química, com foco no desenvolvimento de culturas
destinadas à produção de energia, engenharia molecular e até mesmo na simulação artificial de
processos biológicos naturais, como a fotossíntese (INTERACADEMY COUNCIL, 2007).
Um Plano Nacional de Energia (PNE) 2050 apresentado pela Empresa de Pesquisa
Energética (EPE) e o Ministério de Minas e Energia (MME) em 2020, contém os principais
desafios para a disseminação e o desenvolvimento dos novos biocombustíveis.
O primeiro desafio é a concentração da produção de biocombustíveis em poucos
países no mundo, que dificulta o comércio internacional e impede a formação de um mercado
52
3.1.1 Origem
3.1.2 Características
Ele é o gás mais leve que se conhece. Sua densidade é cerca de 14 vezes menor do
que a densidade do ar. Quando esfriado com ar liquefeito e comprimido fortemente, obtém-se
o hidrogênio líquido que possui ponto de ebulição a -252,9 ºC à pressão atmosférica
(BIOMANIA, 2021).
Segundo Biomania (2021), existem dois diferentes tipos de hidrogênio molecular e
eles são distinguidos da seguinte forma:
55
A próxima etapa é a remoção das impurezas e partículas nocivas que podem ser
derivados de enxofre que reagirá com o oxigênio. Os gases provenientes desta combustão
alimentam as turbinas do ciclo gás gerando energia elétrica.
As gaseificações ocorridas no processo estão listadas de acordo com a Tabela 3.
A primeira etapa que envolve a captura pode ocorrer por três processos diferentes
chamados de pré-combustão, pós-combustão e combustão de oxi-combustível.
Os sistemas de pré-combustão convertem combustível sólido, líquido ou gasoso
em uma mistura de hidrogênio e gás carbônico a partir de processos como
gaseificação ou reforma. Nessa reação, o hidrogênio pode ser usado como
gerador de calor ou energia livre de dióxido de carbono;
A captura pós-combustão, por sua vez, envolve capturar o gás carbônico da
exaustão de um sistema de combustão e absorvê-lo em um solvente, antes de
remover e comprimir os elementos poluentes. O dióxido de carbono também
pode ser separado usando filtração por membrana de alta pressão, bem como
por processos de separação criogênica;
Por fim, a combustão de oxi-combustível consiste na queima de um combustível
com o oxigênio no lugar do ar, para que o gás resultante seja constituído de
vapor de água e gás carbônico. Apesar desse processo facilitar a captura de
carbono devido à sua maior concentração, ele requer a separação prévia de
oxigênio do restante do ar (ECYCLE, 2020).
Na segunda etapa desse processo, envolve o transporte, que é feito para que o
dióxido de carbono possa ser comprimido e transportado por meio de dutos que já ocorrem em
processos como o de gás natural.
Na última etapa, o gás carbônico é armazenado cuidadosamente em formações
geológicas selecionadas que ficam localizadas a vários quilômetros abaixo da superfície da
terra. Dentre as opções, podem ser armazenados em aquíferos profundos, reservatórios de gás,
camadas de carvão e etc. Devido ao armazenamento em locais bem profundos da superfície do
solo e longe da atmosfera os impactos de suas emissões diminuem, o que não gera a emissão
para a atmosfera e contribui para a diminuição do aquecimento global.
Não há efetivamente uma produção de hidrogênio azul no mundo devido ao elevado
custo na operação de captura de carbono e instalações produtivas que permitem realizar os gases
que são emitidos através do processo de obtenção do hidrogênio cinza.
Para fazer jus ao seu potencial e impulsionar a transição energética para um mundo
de baixo carbono, o desenvolvimento do hidrogênio deve se concentrar não apenas na produção,
mas também na construção da cadeia de abastecimento geral necessária e um ambiente de
mercado favorável. Isso significa apoiar a inovação e o desenvolvimento de tecnologia,
especialmente para usos finais do hidrogênio. A infraestrutura e os arranjos institucionais
precisam ser desenvolvidos. São necessários regulamentação, estruturas de mercado e
governança robustas (CBIE, 2020).
Em 2020, o governo russo aprovou um plano para o desenvolvimento do hidrogênio
até 2024 com o objetivo de aumentar a produção e expandir sua aplicação, além de tornar a
Rússia uma das líderes mundiais em produção e exportação. O Gabinete de Ministros do país
euroasiático espera que a exportação de hidrogênio nacional possa chegar a 200 mil toneladas
em 2024 (ALEKSANDR GALIPERIN, 2021).
Segundo Gazprom, “A produção de hidrogênio 'azul' neutro em carbono garantirá
o papel da Rússia como a maior exportadora mundial de hidrogênio 'azul' a longo prazo”
(ALEKSANDR GALIPERIN, 2021).
reação com o oxigênio. Esse processo demandaria menor consumo de energia e produziria o
hidrogênio em maior quantidade.
Os pesquisadores visam continuamente a busca de materiais para que o anodo e o
catodo possam ser bons eletrocatalisadores de baixo custo e alta estabilidade química e
durabilidade com intuito de serem abundantes e não tóxicos. Dentre as finalidades já
encontradas, o elemento prata (Pt) ainda é o melhor material para esse processo, porém seu
custo é alto o que a torna inviável.
Segundos os pesquisadores, os materiais como as ligas de Ni-Mo-Cu assim como
sulfetos, têm uma grande aposta e apresenta boa performance nos testes, mas ainda precisam
ser melhor estudados.
Para produzir H2 com emissão zero, tem sido proposta a quebra da ligação da água
pela ação da luz solar, neste caso usando fotocatalisadores. São materiais semicondutores que
ao absorverem luz, promovem a formação de elétrons fracamente ligados e com alta mobilidade
que podem ser facilmente transferidos para água dos chamados pares elétrons-lacunas na
superfície desses semicondutores. Os elétrons promovem a redução da água gerando
hidrogênio, e as lacunas geram a oxidação. Esse conjunto gera o oxigênio. Neste caso há dois
sistemas possíveis de serem empregados, onde se usa apenas a luz solar, chamada fotocatálise
ou a luz solar e energia elétrica, chamada fotoeletrocatálise (COM CIÊNCIA, 2021).
O desafio é a obtenção de semicondutores, pois materiais desse tipo sofrem
fotocorrosão que é a corrosão ácida em uma chapa metálica, inox, latão e etc.
A Figura 10 exemplifica o processo de obtenção do hidrogênio branco em
fotoeletrocatálise.
E ainda afirma que com esse recurso, seria possível produzir 576 mil kg de
hidrogênio, que poderia abastecer 576 mil carros ou 23 mil ônibus. Isso porque
a tecnologia trazida produziria 144 kg de hidrogênio a cada 1 tonelada de
plástico. Já um carro pode percorrer cerca de 100 km por dia com 1 kg de
hidrogênio, enquanto um ônibus consome cerca de 25 kg de hidrogênio por
dia (CICLO VIVO, 2020).
de 12,18Mt e o restante foi utilizado para outros segmentos da indústria (MME, 2021a). O
Gráfico 5 mostra a evolução da demanda de hidrogênio puro e em mistura com outros gases,
por aplicação (MME, 2021a).
Segundo a Comissão Europeia (2020), a UE tem a meta de até 2030 chegar a uma
redução de emissões de CO2 de pelo menos 40% em relação a 1990. Pois, cerca de 95% do
consumo energético utilizam fontes fósseis. Isto prova que o continente Europeu é muito
dependente desses combustíveis, e para seu processo de produção gera em torno de 70 a 100
milhões de toneladas de CO2 em um único ano.
O plano estratégico da UE é tornar o consumo energético totalmente verde, um
pacote de energia limpa foi aprovado pelo parlamento europeu em novembro de 2018, no qual
incluem a meta de 32% de energias renováveis até o ano de 2030. Com essa meta de energia
renovável, boa parte será utilizada para a produção do hidrogênio verde (Parlamento Europeu,
2019).
Apesar destas projeções, o bloco europeu não tem condições de produzir a
quantidade necessária para atingir a meta de neutralidade climática, e, portanto, a UE está em
busca da formação do mercado internacional do hidrogênio analisando países com áreas
disponíveis para sua produção. Com isso, a Europa busca atingir dois grandes objetivos: o
primeiro é obter uma grande segurança energética, pois poderá comprar esse combustível de
muitos países, já que até então eles querem eliminar os combustíveis que geram muito CO2,
dando a chance para que qualquer país com áreas disponíveis para energias renováveis possa
produzir o hidrogênio verde para um desenvolvimento econômico tanto interno quanto para sua
exportação, pois o bloco europeu será um grande consumidor desse combustível. Já o segundo
objetivo do bloco é que com a importação do combustível verde, a UE consiga atingir até 2050
o seu objetivo emitir zero carbono.
A União Europeia busca aliados em potencial para atingir sua meta, o bloco já
esgotou todo seu potencial hidrelétrico e por isso procura um país que se encaixe diretamente
nos aspectos em potencias para a produção do hidrogênio verde, sendo um desses países o
Brasil, com alta capacidade de produção desse combustível. O principal país do bloco que busca
essa aliança é a Alemanha, que projeta investir em países aliados e busca investir no território
brasileiro para a sua transição energética.
Em junho de 2020, a Alemanha lançou sua estratégia nacional para a produção de
hidrogênio verde. O país alemão informa que o hidrogênio verde é um elemento essencial do
acoplamento do setor energético e que o seu uso e seus produtos descendentes abrem novos
69
Na cadeia de valor do hidrogênio verde temos a sua primeira etapa com a produção
do combustível através de seu processo eletrolítico. Isso sempre identificando diferentes vias,
processos e tecnologias associadas a novos desenvolvimentos. Essa primeira fase da cadeia
pode ser requerida em diferentes escalas, sendo grande escala (centralizada) centralizando todos
os esforços em um único consumo e a outra é pequena escala (descentralizada) variando os
locais de consumos.
Logo após sua primeira etapa, temos o início da segunda, na qual tratamos de
diferentes aspectos. Para a cadeia de valor do hidrogênio nessa fase trata-se de armazenamento,
distribuição e abastecimento. O processo inicia-se no armazenamento após sua produção e
conclui-se na entrega para seu uso final, caracterizando durante essa fase processos que se
desagregam em subprocessos. Esses subprocessos referem-se a armazenagem subterrânea,
liquefação, compressão, distribuições em dutos e transportes marítimos e rodoviários.
Na última etapa da cadeia de valor do hidrogênio, depende principalmente de sua
cadeia de abastecimento, na qual direciona o uso do combustível ao seu setor final e as suas
principais aplicações como setores de mobilidades, transportes e indústria. O hidrogênio pode
ser direcionado junto ao gás natural para a geração de energia elétrica e calor em setores
estacionários como os residenciais e industriais também.
73
Na primeira fase de sua cadeia de valor, temos o seu processo de produção no qual
chama-se de processo eletrolítico ou eletrólise. Para sua obtenção precisa-se principalmente da
produção de energias limpas que derivam de processos renováveis, essa energia é utilizada para
separar o hidrogênio da água e é a origem dessa energia que torna a cor do hidrogênio verde.
A eletrólise da água começou com a revolução industrial, quando em 1800,
Nicholson e Carlisle descobriram a possibilidade de ruptura eletrolítica da molécula de água.
Em 1902, já existiam 400 eletrolisadores industriais em operação (Instituto de Química de São
Carlos, 2020).
A eletrólise é um processo químico não espontâneo no qual ocorre a decomposição
eletroquímica de uma substância pela passagem da corrente elétrica, ou seja, a conversão de
energia elétrica em energia química (PALHARES,2016).
A corrente elétrica que flui em um sistema eletroquímico promove reações de
oxidação e redução das espécies envolvidas. Um sistema eletroquímico possui, no mínimo, dois
condutores eletrônicos - chamados de eletrodos - imersos em um condutor eletrolítico
(eletrólito). Os eletrodos e os eletrólitos são componentes básicos nos quais ocorrem os
fenômenos eletroquímicos, podendo participar ou não das reações químicas (PALHARES,
2016).
Para que a corrente elétrica no sistema aumente de forma significativa, é necessário
que a diferença de potencial entre os dois eletrodos exceda um valor mínimo. E esse potencial
de decomposição geralmente varia de 1 a 4 volts a depender do eletrólito utilizado
(PALHARES, 2016).
A reação de eletrólise, chamada de reações eletrolíticas são heterogêneas. Pois a
área do eletrodo influencia diretamente sua taxa de reação (PALHARES, 2016).
As espécies passam pelas seguintes etapas: os reagentes se aproximam da superfície
do eletrodo; na superfície do eletrodo o reagente envolve-se no processo de transferência de
carga, tornando-se produto, ao mesmo tempo em que a carga elétrica é transportada para o outro
eletrodo; por fim, ocorre a migração do produto da superfície do eletrodo para a solução. Nesse
processo a corrente elétrica circula por meio do circuito externo e uma corrente iônica através
da solução. Geralmente uma ou mais dessas etapas são lentas e determinam a velocidade do
processo (PALHARES, 2016).
74
E= (13)
.
Para um processo isotérmico reversível (sem perdas), o calor Q é dado conforme a
Equação 14 (NETO; MOREIRA, 2007).
Q = T .ΔS (14)
Onde T é a temperatura e ΔS é a variação de entropia.
Substituindo a Eq. (14) em (13) resulta na definição do potencial mínimo reversível
necessário para realização da eletrólise na condição de perdas nulas conforme a Equação 15
(NETO; MOREIRA, 2007).
76
.
𝐸 (15)
Na Equação 8, o termo do numerador (∆H – T.∆S) é a variação da energia livre de
Gibbs ∆G. Nas condições normais de pressão e temperatura (1 atm e 25°C) ∆H é igual a 68320
cal/mol e ∆G igual a 56690 cal/mol. Portanto, o potencial reversível entre os eletrodos pode ser
calculado por (NETO; MOREIRA, 2007).
𝑛 = (20)
3.7 APLICAÇÕES
O hidrogênio é um gás muito útil nas indústrias petroquímicas por conta de sua
facilidade de reação com outros elementos químicos. Nas refinarias é o principal insumo no
processo de remoção de enxofre de diversos combustíveis como a gasolina e o óleo diesel, além
de permitir a produção de um combustível de queima mais limpa e menos poluente.
Nos últimos anos, segundo a Air Products, o barril de petróleo bruto tem se tornado
mais pesado, com maior proporção de carbono em relação ao hidrogênio, e mais ácido, com
mais enxofre. O hidrogênio injetado no refino, torna mais leve o petróleo bruto pesado e permite
a remoção da acidez. Isso permite que as refinarias de petróleo produzam misturas de produtos
de maior valor, como a gasolina, e atendam as especificações cada vez mais rigorosas sobre
combustíveis com baixo teor de enxofre.
Apesar do hidrogênio contribuir para a produção de um combustível menos
poluente, por ser empregado no processo advindo de fontes não renováveis e dada sua alta
demanda neste setor, ele acaba paralelamente contribuindo para uma elevada taxa de emissão
de CO2 devido seu modo de síntese, tornando assim, sua contribuição ambiental não muito
relevante.
Porém, o hidrogênio verde aplicado nesta indústria angariaria grandes contribuições
ambientais, devido a isenção de geração de gás carbônico em sua síntese e igual contribuição
na redução de enxofre nos combustíveis, permitindo que este seja menos poluente com uma
queima mais limpa.
82
A amônia é um dos mais importantes compostos inorgânicos que pode ser utilizado
para diversas aplicações desde participação em ciclos de compressão devido ao seu elevado
calor de vaporização e temperatura crítica, até para produção de fertilizantes agrícolas,
composição de produtos de limpeza, produção de fibras como o nylon e síntese do ácido nítrico.
São produzidas mais de 170 milhões de toneladas métricas anualmente deste
composto, sendo cerca de 80% deste total, a amônia destinada para fabricação de fertilizantes
e os outros 20% distribuídos entre as demais aplicações. Apesar da expressiva produção anual
ela tem apresentado uma projeção crescente para os próximos anos, visto a expansão
populacional e a alta demanda de fertilizantes para atender às plantações de alimentos
consumidos em todo o mundo (HEALTH, 2004; SMILL, 1997).
Com um átomo de nitrogênio e três de hidrogênio a amônia ou amoníaco, como é
chamado comercialmente, é obtido a partir de uma reação química entre os dois elementos de
sua fórmula molecular em uma pressão e temperatura estrategicamente específicas para
contribuição de rendimento e conversão química, pelo processo denominado Haber-Bosch.
O hidrogênio que participa da síntese e compõe a molécula da amônia nos processos
atuais e convencionais é o cinza, obtido através do gás natural, com a reforma catalítica do
hidrocarboneto gasoso pela reação representada na Equação 21 a seguir.
CH4 (g) + H2O (g) → CO (g) + 3 H2 (g) (21)
O hidrogênio verde por apresentar as mesmas características químicas e
aplicacionais do cinza se faz um eletivo substituto a ser utilizado na síntese da amônia sem
alteração no processo ou aplicabilidade do composto, conferindo ao amoníaco a denominação
de “amônia verde”.
A amônia verde é definida por sua produção a partir de elementos obtidos de fontes
renováveis, sem a geração de CO2 em qualquer etapa do processo. Ela tem apresentado cada
vez mais um papel de grande crucialidade para enfrentar os desafios de produzir alimentos
suficientes para alimentar a crescente população global e sem emitir CO2 (SMILL, 1997).
O processo atual de síntese da amônia recebeu o nome de Haber-Bosch, pois foi
desenvolvido pelos químicos Fritz Haber e Carl Bosch, ambos da empresa BASF, em meados
de 1920 após longos anos de desenvolvimentos frustrados. Desde 1884 diversos químicos e
físicos iniciaram as pesquisas e testes para produção da amônia, após o reconhecimento deste
composto como essencial para o cultivo das plantações, mas os resultados não eram satisfatórios
83
visto que os processos acabavam por não gerar a amônia, ou gerar em quantidades ínfimas que
não poderiam ser aproveitadas ou reproduzidas.
Após diversos estudos e aperfeiçoamentos tanto de reação, uso de catalisador,
condição de processo e equipamentos, Haber e Bosch chegaram em um resultado satisfatório,
consumando a obtenção da amônia com parâmetros de processo definidos que garantia bom
rendimento da reação, trazendo viabilidade para produção industrial deste composto
(CHAGAS, 2007).
Este processo é o mesmo até hoje e recebeu apenas alguns incrementos, como por
exemplo, a substituição de alguns equipamentos para aproveitamento energético e reciclo de
materiais não reagidos.
O processo de obtenção de amônia ocorre através da reação entre N2 e H2
catalisados pelo ferro. O nitrogênio compõe 78% do ar atmosférico e mediante desta abundância
ele é obtido através da destilação seca do ar, onde o ar é liquefeito à -200 °C e sofre um
aquecimento gradual, onde à -196 °C o nitrogênio ebule da mistura indo para uma câmara de
condensação. Já o hidrogênio no processo convencional é obtido através do gás natural.
Ambos os gases, nitrogênio e hidrogênio secos dão início ao processo Haber-Bosch
quando são misturados e encaminhados a um compressor, fundamental para o processo, visto
que maiores pressões favorecem o deslocamento da reação para a formação da amônia. A
pressão ideal de síntese é de aproximados 450 atm e a temperatura é de 200 °C, sendo
imprescindível o seu controle pois temperaturas superiores deslocam a reação para o sentido
inverso.
Após a compressão dos gases, a mistura já na pressão e temperatura do processo
passam pela câmara de catalisador, onde entram em contato com o catalisador ferro e o
promotor molibdênio. O catalisador viabiliza a reação entre os gases permitindo que 1 molécula
de N2 reaja com 3 moléculas de H2, formando então a amônia, conforme reação exotérmica
apresentada pela Equação 22 abaixo, que gera quantidade de calor suficiente para manter a
câmara aquecida.
N2(g) + 3 H2(g) ↔ 2 NH3(g) (22)
A amônia obtida é enviada para a câmara de resfriamento, onde através da
diminuição de temperatura, se liquefaz formando amônia líquida, que por sua vez é armazenada
podendo ser comercializada. O nitrogênio e hidrogênio que não reagiram no processo, retornam
como gás de reciclo, podendo ser novamente aproveitados durante a síntese, conforme
apresentado no fluxograma presente na Figura 16.
84
Figura 17 - Comparação entre o processo produtivo da amônia comum com amônia verde.
Observa-se que os ônibus foram responsáveis pela emissão de 1,7% de CO, 16%
de NOx e 7% de SO2 o que atribui a essa categoria considerável aporte à poluição atmosférica.
Dada a relevância destes veículos busca-se mitigar as emissões poluentes a partir
do desenvolvimento de tecnologias que permitam aos ônibus a isenção na eliminação de gases
do efeito estufa. Para tal, os ônibus movidos a hidrogênio apresentam uma assertiva opção no
atendimento desta necessidade.
Os ônibus de hidrogênio como são chamados, com tecnologia brasileira, são
dotados de uma célula a combustível hidrogênio (Hydrogen Fuel Cell) como fonte de energia
de alimentação motora, que por sua vez pode ser um motor elétrico ou híbrido, utilizando em
conjunto baterias ou supercapacitores para geração de energia (SCHETTINO; RIBEIRO,
2007).
Uma célula combustível é uma célula eletroquímica que converte energia potencial
em energia elétrica a partir de reações eletroquímicas. Cada célula possui dois eletrodos, o
90
a gás para aumentar a flexibilidade do sistema de energia. Além da amônia também poder ser
utilizada em usinas movidas a carvão para reduzir as emissões.
facilita muito a redução nas emissões do gás, porém, é um processo adicional a etapa de reforma
de vapor e mesmo que seja vantajoso para o ambiente, ele é um custo elevado para as empresas
e por isso é pouco utilizado. De fato, a sua obtenção é atualmente uma boa aposta para o
consumo global, mas ainda o elevado preço desse hidrogênio compete com o hidrogênio cinza
que chega a ser 60% menor.
O hidrogênio branco também é uma boa aposta de uso, mas devido à elevada
demanda de energia elétrica em seu processamento eleva seu custo e dificulta ou mitiga sua
viabilidade de utilização. A grande contemplação é a utilização do processo de eletrólise, pois
os elementos químicos para o anodo e catodo utilizados precisam ser continuamente estudados
e viabilizados, pois elementos com um maior aproveitamento e custo menor, gera uma
competitividade melhor. O grande desafio engloba encontrar os eletrocatalisadores para
viabilizar o processo de obtenção.
Atualmente pela inovação inserida no processo em termos de tecnologia e suporte
industrial, o hidrogênio verde tem o menor índice de utilização, mas em contrapartida tem a
maior projeção de crescimento global, visto as vantagens ambientais devido a nula emissão de
CO2 e origem 100% renovável. Ainda é um processo novo e que precisa continuamente de
estudos e viabilização, mas é a grande aposta do crescimento global para os anos posteriores,
estima-se que em 2030 esse recurso será acessível e de menor custo, o que trará grandes
vantagens para a obtenção de hidrogênio e contribuição para o aquecimento global, além de
também servir como subprodutos para outros tipos de indústrias como a de fertilizantes.
Em termos de custo, conforme a Tabela 5, de acordo com a IEA (2020), o preço
médio por tipo de hidrogênio cinza com 1,5 dólares por cada kg produzido, o hidrogênio azul
tem um custo aproximado de 2,40 dólares por kg e o verde de 7,50 dólares por kg.
renováveis (eólica e solar) em geral, é a rota tecnológica mais cara dentre as já disponíveis no
mercado. Mas, os projetos em condições e locais específicos podem ser competitivos se
explorar os nichos específicos como custos e alternativas de obtenção desse processo.
Os custos de produção das principais tecnologias, dados pela IEA (2020), mostram
que as fontes fósseis, atualmente, têm custo menor que a eletrólise com a geração elétrica
renovável (EPE, 2021).
A Figura 23 apresenta faixas de custo de produção do hidrogênio
fontes renováveis e baixos custos de produção é a chave para a contribuição tanto para as
empresas, quanto para o meio ambiente.
Em termos ambientais, os tipos de hidrogênio com matérias-primas e recursos
renováveis são os de maiores relevâncias, portanto o hidrogênio verde devido à isenção de
emissão de poluentes e processamento por fontes 100% renováveis, é o que mais contribui para
a sustentabilidade e meio ambiente, além de ser um grande recurso para outros insumos.
Para os hidrogênios cinza e marrom devido a utilização de combustíveis fósseis
com elevada emissão de CO2 na atmosfera trazem altos malefícios com consequências
irreversíveis ao meio ambiente, visto a geração de poluentes e exploração de recursos finitos
além de ser altamente utilizado nos dias atuais.
99
Quando a demanda brasileira por energia final é abordada, nota-se que o Brasil teve
uma enorme expansão nesse setor durante a década de 1970, quando o consumo brasileiro de
energia correspondia a 70 milhões de toneladas equivalentes de petróleo enquanto a população
atingia uma média de 93 milhões de habitantes. Em 2000, a demanda de energia quase que
triplicou, subindo para uma média de consumo de 190 milhões de toneladas equivalentes de
petróleo e a população chegava a ultrapassar cerca de 170 milhões de habitantes. A estimativa
de crescimento de energia estudado pela EPE no período entre 2005 e 2010 estimou um
crescimento 5% na demanda de energia interna (TOLMASQUIM, 2007).
Segundo Tolmasquim (2007), em 1970 existiam apenas duas fontes de energia,
petróleo e lenha, que correspondiam a 78% do consumo, enquanto em 2000 três fontes
correspondiam a 74% do consumo, onde a energia hidráulica se juntou ao petróleo e a lenha
como principais fontes de energia no Brasil. Projeta-se para 2030 uma situação em que quatro
fontes serão necessárias para satisfazer 77% do consumo, além de petróleo e da energia
hidráulica, a cana-de-açúcar e o gás natural serão fontes de energia importantes, com redução
da importância da lenha.
Destaca-se ainda a reversão da tendência de redução da participação das fontes
renováveis na matriz energética brasileira. Em 1970 essa participação era superior a 58%, em
virtude da predominância da lenha. Com a introdução de recursos energéticos mais eficientes,
a participação das fontes renováveis caiu para 53% no ano 2000 e chegou a 44,5% em 2005
(TOLMASQUIM, 2007).
No ano de 2015 o Brasil atingiu cerca de 261 milhões de toneladas equivalentes de
petróleo, tendo um crescimento muito grande em relação a demanda de energia, isso ocorreu
pelo desenvolvimento do país em relação ao ano de 1970, muitas indústrias chegaram,
população em um crescimento muito alto, entre outros setores nos quais consomem energia.
A demanda brasileira de energia tem uma projeção até o ano de 2050, devido ao
cenário brasileiro e a alta demanda de energia, um estudo realizado pela EPE (Empresa de
Pesquisa Energética) diz que o Brasil tende a um crescimento de 2,2 % em média por ano,
chegando ao ano de 2050 com o dobro de consumo final, isso comparado com o ano de 2015,
conforme apresentado no Gráfico 6.
100
aproximadamente 1,6 milhoes de tep, esses aspectos mostram que segundo um estudo da EPE
(2020) mostra que tem-se um crescimento ate 2050 de cerca de 4% no consumo do setor.
A demanda de energia no setor agropecuário é basicamente restrita ao óleo diesel,
eletricidade e lenha. Outros energéticos, como por exemplo, GLP, carvão vegetal, óleo
combustível e etanol têm participação inexpressiva e pouco se ampliam ao longo do horizonte
(EPE, 2020)
Os principais estados brasileiros que possuem um grande avanço em tecnologias
para geração de energias renováveis situam-se na região nordeste. O nordeste brasileiro tem e
pode suportar muitos parques de energia eólica ou energia solar, isso considerando uma
expansão de energia até o ano de 2029.
Até pouco tempo atrás a energia eólica podia ser considerada como uma fonte
alternativa para geração de energia, porém na última década houve um crescimento
impressionante na geração de energia eólica no Brasil.
Hoje a energia eólica já é considerada como uma fonte de energia consolidada e
tem um papel fundamental na matriz energética do Brasil, levando em conta os dados
apresentados a seguir:
As condições favoráveis dos ventos, fazem com que a geração de energia eólica
bata diversos recordes nos últimos anos. Segundo o Ministério de Minas e Energia, em 21 de
julho de 2021 ocorreu o recorde de geração média de energia eólica, quando o ONS identificou
a marca inédita de 11.094 MW, valor capaz de atender a aproximadamente 100% da demanda
de energia da região nordeste em um único dia (GOVERNO DO BRASIL, 2021).
Dados atualizados de 2021 indicam que segundo o Canal Energia:
Ainda vale ressaltar que a energia eólica já é responsável por impactar cerca de 80
milhões de brasileiros, de acordo com dados de 2021 da ABEEólica (Associação Brasileira de
Energia Eólica).
A energia solar é muito forte no nordeste, pois a região possui os maiores índices
de radiação solar no Brasil, e devido a isso é a melhor escolha para a implantação de novas
usinas solares. Com base nisso, a região é o local de agrupamento da maioria dos 73 projetos
que operam no país (STROM BRASIL, 2021).
O grande índice de radiação solar tem feito com que a região bata diversos recordes
de geração solar fotovoltaica.
Segundo o ONS, no dia de 28 de junho de 2021, a geração média de energia solar
alcançou o recorde de 681 MW durante o dia, valor que representa cerca de 6,4% de toda a
demanda de energia da região (HEIN, 2021). Ainda nesse mesmo dia o ONS registrou um
recorde na geração instantânea quando a região alcançou o pico de 1.873 MW (CANAL
ENERGIA, 2021).
De acordo com o ONS, no dia 19 de julho de 2021, um novo recorde de geração de
energia solar foi registrado quando “a geração instantânea (pico) alcançou 2.211 MW, às 12h14,
montante suficiente para atender a 20% da demanda do subsistema do Nordeste naquele
momento” (CANAL ENERGIA, 2021).
Através do cenário apresentado de que o setor de transportes é um dos que apresenta
maior demanda por energia final e também um dos setores que mais polui através da emissão
de CO2, será realizado um estudo que buscará a substituição do tipo de combustível, de diesel
para hidrogênio verde, da frota de ônibus da empresa de transporte público. E para que ocorra
essa substituição será proposta a implantação de uma usina de hidrogênio verde que possa suprir
a demanda por H2 verde combustível dessa frota.
107
5 ESTUDO DE CASO
Este estudo tem o objetivo de propor a substituição do diesel por H2 verde como
combustível dos ônibus da frota da BR7 Mobilidade, empresa que possui concessão para operar
o transporte público coletivo de São Bernardo do Campo.
A cidade de São Bernardo do Campo foi escolhida porque é uma região na qual
demanda muito movimento de ônibus, cerca de 250 mil passageiros diários. Segundo a Weather
Spark (2021) a cidade possui de agosto a dezembro uma velocidade média de vento acima de
12 km/hora e de dezembro a agosto uma velocidade média de 10,5 km/hora. Suportando um
parque eólico no qual precisaria de aproximadamente 10 km/hora de velocidade média do vento
para que a turbina funcione e comece a gerar energia, segundo a VINCI ENERGIES (2021).
Sendo necessário cerca de 3 turbinas eólicas para o fornecimento de aproximadamente 32
MWh, de acordo com a GE (2021).
A localização da planta na qual produzirá combustível que irá suprir toda a demanda
dos ônibus após os 17 anos do projeto, foi projetada na garagem de ônibus no bairro do
Montanhão em São Bernardo do Campo, na qual facilitará o abastecimento dos ônibus
conforme a Figura 26. Já o parque de energia eólica ficara localizado a 800 metros de distância
da garagem da BR7 Mobilidade conforme a Figura 27, o qual pode ser transportado através do
cabeamento elétrico da região.
A planta terá disponibilidade de 90% ao ano, totalizando 330 dias trabalhados. Essa
planta de hidrogênio, conforme a Tabela 8, terá a capacidade de produção de aproximadamente
16.110 kg/dia. Em decorrência da troca em escala anual de ônibus, no começo de sua operação
a planta poderá ter sua capacidade diminuída para abastecer a quantidade de ônibus movidos a
hidrogênio da frota ou poderá operar em capacidade máxima e o hidrogênio restante do
processo poderá abastecer a demanda de energia da planta até que toda a frota seja trocada.
Realizou-se uma estimativa de motoristas para a frota total de ônibus no Ano 20,
no qual operam cerca de 528 ônibus movido a hidrogênio verde, estimando-se que tenha 2
turnos de motoristas trabalhando no dia e 1 turno de motoristas de folga.
Autonomia
por
Transporte Quantidade km/dia Dias km/Ano
ônibus/dia
(km)
Ônibus 424 204,081633 86.496,00 365 31.571.040,00
Fonte: dos Autores.
A Tabela 10, mostra a quantidade aproximada de autonomia dos ônibus por dia,
mês e ano. Segundo a BR7 Mobilidade, antiga SBCTrans, a quantidade de ônibus na frota atual
é de 424 e a distância percorrida por dia é de aproximadamente 86.496,00 km. Com isso
estimou-se a autonomia diária de cada ônibus, da quantidade de quilômetros que todos os
ônibus rodam por dia e a quantidade de quilômetros totais dos ônibus anualmente, considerando
a frota total, juntamente com os ônibus reservas.
113
Através desses dados foi possível estimar os custos operacionais (OPEX) do projeto
total, nas tabelas a seguir tem-se a estimativa de custos, tais como: custo de combustível, custo
de manutenção e custo de serviços. Para todos os custos foi realizada a comparação entre os
ônibus movidos a hidrogênio e os ônibus movidos a diesel, com base no Ano 0.
Na Tabela 11, estimou-se os gastos com hidrogênio e diesel, nota-se que o custo do
hidrogênio unitário é R$ 0,00 reais, isso por que a planta de hidrogênio é da empresa e não tem
o custo do combustível, já o diesel tem um custo de R$ 3,97 por litro de compra do combustível
(GALMACCI, 2021).
Segundo a SBCTrans (2020), o consumo do combustível dos ônibus movidos a
diesel é de 4 km/L. Os ônibus movidos a hidrogênio consomem cerca de 14 kg/100 km (EMTU,
2007).
Através dos dados da pesquisa calculou-se o custo de quilometragem dos dois
combustíveis, estimou-se o gasto total de combustível por ano. Como não há gasto com o
hidrogênio combustível, o mesmo não foi calculado.
Na Tabela 12, foi estimado o custo de manutenção dos ônibus por km. O valor de
custo por km para um ônibus a diesel foi estimado pela CBN (2019) e o custo de manutenção
do ônibus movido a hidrogênio foi estimado pela Empresa de Pesquisa Energética (2020), como
114
Na Tabela 13, foram estimados os valores dos insumos para a planta de hidrogênio
e para os gastos com motoristas.
Estimou-se um gasto de R$ 25,00 reais para cada kg de hidrogênio produzido já
contando com as matérias primas para o processo de obtenção do combustível (água e energia).
Segundo Vagas.com (2021) o salário de um motorista de ônibus é cerca de R$
2.170,00 reais por mês. Todos os valores estimados com custos de motoristas não foram
considerados dissídios, reajustes salariais, ajustes inflacionários e variação cambial.
Para cálculo da quantidade atual de emissão de CO2 pelo setor de transporte em São
Bernardo do Campo, utilizou-se o dado da quantidade total da frota em funcionamento e a
quilometragem média que a frota faz por ano. A Tabela 15 apresenta os valores utilizados.
Tabela 16 - Poluentes emitidos pela frota atual de ônibus da cidade de São Bernardo do Campo.
CO2 CH4 N2O Total Unidade
Emitido por um
1,23952 0,00006 0,00003 1,23961 kg/km
ônibus
Emitido anualmente 31.682.131,20 1.533,60 766,80 31.684.431,60 kg/ano
Fonte: dos Autores.
118
Tabela 17 - Emissão total de poluentes no setor de transportes na cidade de São Bernardo do Campo.
Dados %
Emissão de poluentes através de ônibus movidos a diesel
31.684,431 9,3
(tonelada/ano)
Emissão total de poluentes no setor de transportes
340.692,806 100
(tonelada/ano)
Fonte: dos Autores.
Tabela 18 - Emissão de poluentes produzidos pela frota de ônibus ao longo de 15 anos na cidade de
São Bernardo do Campo.
Dados Unidade
Emissão de poluentes utilizando toda a frota de
475.266,465 Tonelada
ônibus movidos a diesel
Emissão de poluentes utilizando a frota hibrida de
178.449,110 Tonelada
ônibus a diesel e ônibus a hidrogênio
5.150.000,000
5.110.392,097
5.100.000,000
5.050.000,000
5.000.000,000
Toneladas de CO2 e
4.950.000,000
4.900.000,000
Emissão de poluentes
4.850.000,000
4.813.574,742
4.800.000,000
4.750.000,000
4.700.000,000
4.650.000,000
Setor de transportes utilizando Setor de transportes utilizando
ônibus movidos a diesel ônibus movidos a hidrogênio
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
poluição total da região do grande ABC. Os dados estudados, permitiram avaliar que há um
total de 430.618 tCO2/ano emitidos somente para os ônibus.
Os ônibus movidos a diesel emitem aproximadamente 1,24 kg de CO2/km
considerando 25.560.000 km/ano de teor de emissão desse gás para a frota. Os cálculos obtidos
permitiram validar que a emissão de CO2 presente em ônibus movidos a diesel é de
31.682.131,20 t/ano para a cidade de São Bernardo do Campo. Isso demonstra que 9,3% dessa
emissão contempla a geração da emissão total de poluentes no setor de transporte que totaliza
340.692,81 t/ano.
Ao longo dos 15 anos, considerando todo o cenário de substituição da frota e
implantação da planta de hidrogênio verde, os investimentos calculados permitiram avaliar que
475.266,465 toneladas valida a quantidade emitida de CO2 de toda a frota dos ônibus movidos
a diesel o que demonstra que 9,3% t/ano de emissão desse poluente. Os dados obtidos através
da substituição da frota, haverá a redução de aproximadamente 300 mil toneladas de CO2
considerando o período de substituição da frota e após, a emissão será nula atingindo a
viabilidade ambiental do processo produtivo.
Os cálculos obtidos, conforme o Anexo A, permitiram analisar o estudo e mostrar
que esse projeto se torna viável, com um TIR (taxa interna de retorno) de aproximadamente 22
% com base em horizonte para 20 anos e com o VPL (valor presente líquido) de R$
635.748.976,00 resulta-se em um TMA (taxa mínima de atratividade) de 5% e investimento
total estimado no valor de R$ 1,3 bi de CAPEX. No Ano 5, tem-se o retorno do investimento
inicial, e no último ano o fluxo de caixa é aproximadamente R$ 261 milhões.
A viabilidade econômica do projeto contempla que a partir do Ano 5, conforme o
Anexo A, o retorno de investimento será visto com a já implantação da planta de hidrogênio
verde e continuação da substituição da frota total de ônibus a diesel. Considerando todas as
variáveis de entrada e saída do processo de acordo com cada ano subjacente e cash flows, a TIR
resultou em 22% do valor estipulado do projeto sendo acima da TMA de 5%, demonstrando a
viabilidade do projeto. Isso demonstra que a substituição dos ônibus a diesel para hidrogênio
verde e construção da planta para geração do combustível, reduz a zero as emissões de CO2
para a atmosfera comprovados através da pesquisa exploratória, estudo de caso e fluxo de caixa
descontado que foram utilizados para confirmar a viabilidade do processo. A confirmação do
processo de substituição tem impactos positivos para a economia permitindo compreender a
necessidade de encontrar cada vez mais alternativas sustentáveis para eliminar a produção de
hidrogênio através de combustíveis fósseis. Assim, a grande aposta na nova alternativa de
123
hidrogênio verde no mundo demonstra ser a chave para o futuro sustentável do planeta e para
os processos de produção.
Pode-se concluir que este trabalho atingiu seus objetivos, de expor e revisar a
matéria teórica sobre o hidrogênio verde e sua participação na matriz energética brasileira, de
validar o processo para gerar hidrogênio de forma totalmente limpa, e de neutralizar as emissões
de CO2 no setor de transportes da cidade de São Bernardo do Campo. A viabilidade econômica
foi demonstrada através dos cálculos realizados, e a viabilidade ambiental demonstrada através
de pesquisa bibliográfica e cálculo estimativo preliminar, no qual foi possível verificar a
redução quase total das emissões de CO2 geradas pelo transporte público da cidade.
Adicionalmente, demonstrou-se também um potencial de energia eólica na região. Com este
trabalho, propõe-se que a cidade de São Bernardo do Campo se torne a primeira do Brasil a ter
o transporte público isento de emissões de CO2.
124
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