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DEZEMBRO, 2022 Faculdades Unidas do Norte de Minas

Seminário I
Estágio Hospitalar
Ana Clara dos Reis Caldeira
Ana Paula Souza Oliveira
Capítulo 34: Adequação do meio bucal do
paciente hospitalizado
INTRODUÇÃO
Embora existam entre 200 e 300 espécies habitando a superfície dental, o
Streptococcus mutans tem sido o microrganismo mais estudado e associado à
doença cárie em humanos.
.Alta sobrevivência no meio ambiente bucal
Forte aderência à superfície dentária
Alta especificidade genética
Alto poder adaptativo, colonizando outros sítios do corpo humano
Microrganismo mais associado a bacteremias
de origem dental > Endocardite infecciosa.
O estudo dos componentes genômicos é
importante para seu reconhecimento.
Têm-se buscado alternativas ao gluconato
de clorexidina 0,12%, que a longo prazo, torna
a microbiota resistente e especializada.
Fluoreto de estanho 0,4% > apresenta muitos
efeitos colaterais, alto custo e curta validade.
Nos primórdios do século XXI: discussão sobre as relações da boca como
fator de morbimortalidade,
Peumonias nosocomiais: causadas por patógenos presentes na boca e
faringe > impacto do biofilme dental.
As pneumonias por ventilação mecânica (PAV), são causadas por
microrganismos que muitas vezes, são aspirados antes da internação na UTI.

Macedo; Costa et al. (2008) definem que “a adequação do meio bucal


é um instrumento que o cirurgião-dentista pode utilizar para criar um
ambiente favorável à paralisação da doença cárie, proporcionando
uma maior longevidade aos procedimentos restauradores”,
Cuidados bucais em pacientes imunocompetentes, jovens e
em circunstâncias sistêmicas adequadas, não será o mesmo
que em pacientes críticos em UTI.

Adequar o meio compreende uma série de medidas para a


recuperação do equilíbrio sistêmico, preservando as
estruturas possíveis e eliminando os nichos de retenção de
microrganismos, devolvendo à boca suas funções.

Para isso. o ponto de partida é o exame clínico (anamnese e


exame físico).
Exame Clínico do paciente crítico e a prática
odontológica:
Idade do paciente: acarreta em redução das atividades do corpo humano.
Condição dos dentes; rebordos alveolares; mucosa bucal: verificar demandas
Doenças de base e medicamentos: trombose venosa profunda, AVE,
hipertensão, diabetes mellitus, entre outras, envolve o uso de medicamentos.
Medicamentos: resistência a antimicrobianos.
Escolha do anestésico local: verificar idade do paciente, doenças sistêmicas.
Alterações salivares: Mucosa seca pode aumentar a entrada de
microrganismos.
Dentre os anticorpos salivares, estão as IgA
Secretoras (IgA-S), presente na saliva e nas
secreções nasal e brônquica:
É o mediador humoral mais importante para a
imunidade da mucosa;
Coopera com uma infinidade de mecanismos de
proteção
Estão em áreas com íntimo contato com o meio
ambiente
Pode ser usada como parâmetro do status
imune da mucosa bucal.
Paciente crítico e interações sistêmicas
DIABETES, OBESIDADE E DOENÇA PERIODONTAL

Obesidade: desequílibrio do sistema imune > modificação do comportamento


de doenças e dos tratamentos, como da periodontite
Redução de respostas imunoinflamatórias, necessitando de atenção especial
na realização de procedimentos invasivos,
A doença periodontal pode ter um impacto nos sistemas orgânicos, causando
mudanças bioquímicas, aumentando a liberação de mediadores inflamatórios,
interferindo no metabolismo da glicose e elevando o risco para doenças
cardiovasculares.
Caso clínico
O paciente não apresentava biofilme nem cavidades a
seres seladas, mas, aos 80 anos, apresentava diversas
enfermidades. Cardiopatias: Hipertensão – 30 anos,
Insuficiência Cardíaca Congestiva – ICC, Ruptura
Aneurisma Aorta Abdominal – AAA, Valvulopatia
mitral e AVE (há 4 anos); Nefropatias: IRC moderada
(30% de atividade do rim), Proteinúria, Cistos renais,
problemas pulmonares (em decorrência de ser ex-
tabagista), EAP – Edema Agudo de Pulmão (pós-crise
hipertensiva), DPOC – Doença Pulmonar Obstrutiva
Crônica e Carcinoma do Seio Maxilar. Radioterapia e
quimioterapia com Cetuximabe.
Caso clínico
Há três anos,o paciente teve uma sequência de internações, necessitando, em 2008,
de cuidados na UTI por repetidos EAPs. Após o diagnóstico de carcinoma, uma equipe
de profissionais passou a trocar informações e elaborar o plano de tratamento para a
remoção dos dentes com lesões periodontais e periapical, no intuito de realizar a
radioterapia. A adequação bucal foi mediante exodontias pré- tratamento oncológico.
Durante a radioterapia, houve o aparecimento de mucosite por radiação, e foi realizado
um protocolo de laserterapia para manutenção da integridade da mucosa em padrões
compatíveis com alimentação via oral. Assim, foi prescrita de saliva artificial, óleos
minerais e chá de camomila para lubrificação da mucosa bucal e orofaringe.
Atualmente, ele está aguardando a cirurgia cardíaca e a colocação de uma prótese
obturadora do rebordo alveolar/seio maxilar esquerdo.
Capítulo 35: Controle químico do biofilme bucal
INTRODUÇÃO

Na Odontologia, as áreas que estudam a relação − a estomatologia e a


periodontia − preocupam-se com a avaliação do risco de agravamento
e/ou surgimento de problemas de saúde, como no caso dos partos
prematuros, do diabetes mellitus, das pneumonias etc.
Pacientes em condições especiais, como em UTI > prevenção de
complicações sistêmicas > reduz o tempo e o custo de hospitalização.
Valorizar controle de infecção cruzada. Mycobacteriumtuberculosis, o
pseudomonasaerugionosa e o staphylococcus aureus são algumas
bactérias que colonizam a cavidade bucal.
Estudos científicos mostraram que os microrganismos que causam as
pneumonias nosocomiais (são definidas como uma infecção pulmonar
adquirida durante a estadia no hospital que ocorrem 48 horas após a
internação hospitalar), colonizam o biofilme e a mucosa bucal.
Os mesmos patógenos respiratórios encontrados nas culturas obtidas em
pacientes de UTI, com pneumonia hospitalar, estavam presentes no
biofilme dental e nas secreções da traqueia desses pacientes.
Como alternativa aos recursos mecânicos de higiene bucal, foram
cogitadas outras medidas de uso local, como o controle químico do
biofilme bucal, que preconiza o uso de substâncias de efeito antisséptico,
como a clorexidina e outras substâncias.
O uso da clorexidina reduziu a incidência de infecções respiratórias, a
necessidade de antibióticos sistêmicos e a mortalidade de um número
considerável de pacientes de forma representativa.
Os efeitos adversos da clorexidina são a formação de manchas nos dentes e
na língua, a alteração do paladar e, eventual, a descamação da mucosa da
boca ou a aceleração do processo de formação do cálculo dentário.
No tratamento das infecções fúngicas, em especial as candidíases, as opções
terapêuticas vão desde a Nistatina, clorexidina, e até mesmo a solução
bicarbonatada. É fato que as candidoses, no trato orofaríngeo, são ocorrências
frequentes nas UTI.
Apesar dos efeitos positivos deste método de controle químico, o controle
mecânico (especialmente quando associado ao químico) demonstra
superioridade.
Capítulo 36: Gestão em odontologia hospitalar
INTRODUÇÃO

A Constituição Federal Brasileira traz à tona o conceito de integralidade.


Nos últimos anos, houve uma grande expansão da área da saúde, com a
inclusão de novos atores no cenário hospitalar. Neste contexto, faz-se
presente o atendimento odontológico

Política de Saúde e a Odontologia Hospitalar


Em 2004, o Ministério da Saúde traz a proposta de se reorganizar a atenção
ampliando a atenção à saúde bucal da população: implementação da Política
Nacional de Saúde Bucal – Programa Brasil Sorridente:
O Programa Brasil Sorridente:
- Significou a inserção da saúde bucal no modelo de atenção para a saúde
como um todo, propondo um modelo cujos princípios englobam
universalidade, integralidade e equidade.

No âmbito da Assistência hospitalar, o Ministério da Saúde possibilitou, em


2005, a emissão pelo cirurgião-dentista da Autorização de Internação
Hospitalar

O Ministério da Saúde publicou a Portaria No 1.032/GM(Gabinete do


Ministro) de 05/05/2010, que inclui procedimento odontológico na Tabela
de Procedimentos, Medicamentos, Órteses e Próteses e Materiais Especiais
do SUS voltados aos pacientes com necessidades especiais que
necessitem de atendimento em ambiente hospitalar.
A inserção da odontologia em ambiente hospitalar:

Neste primeiro momento encontramos


um modelo de organização que
representa as unidades e serviços
hospitalares.

A figura visa trazer aspectos complexos


da estrutura administrativa e assistencial
de um hospital, Vários momentos devem
ser apontados na busca da regulação da
Odontologia no ambiente hospitalar,
como o espaço criado pela Cirurgia e
Traumatologia Bucomaxilofacial, já no
ano de 1975, e a Estomatologia.
A inserção da odontologia em ambiente hospitalar:
Neste momento, encontramos a figura
do odontólogo com sua atuação
reconhecida nos processos de atenção
ao paciente internado ou com
necessidade de internação.

O Serviço de Odontologia Hospitalar


(SOH) mostra que o ambiente hospitalar
precisa de uma visão ampliada sobre as
práticasna busca da instituição de
formas de fazer promoção, prevenção e
recuperação da saúde bucal como coisa
intra-hospitalar. Este processo se dá
com a inserção da equipe de
Odontologia em: ambulatório, internação
e centro cirúrgico.
O odontólogo, em ambiente hospitalar, necessita de formação que o habilite a
atuar em condições diferenciadas em relação ao seu consultório. Faz-se
necessária capacitação tanto para que as rotinas assistenciais quanto para as
gerenciais. Na assistência, precisa:
Conhecer as rotinas do ambiente hospitalar;
Interagir com as equipes multidisciplinares,
Ter a consciência que, em conjunto com os médicos, são prescritores que
atuam nos hospitais com a responsabilidade que isto traduz; reconhecer e
saber atuar com as diferentes tecnologias presentes nos ambientes de
internação,
Reconhecer situações de emergência sabendo dar suporte básico à vida do
paciente internado,
Interpretar exames de imagem e laboratoriais.
.Na gestão, o odontólogo com formação e capacitação em gestão
hospitalar precisa conhecer que indicadores são ferramentas utilizadas para
avaliar desempenho, envolvendo organização, recursos e metodologia de
trabalho.
Os Serviços de Odontologia Hospitalar, enquanto setores específicos com
atuação multidisciplinar, devem estabelecer os indicadores a serem
utilizados, com a finalidade de tecer metas que propiciem maior qualidade
de serviços, além de dados possíveis de mensuração para traçar
comparações sequenciais confiáveis.
A gestão em odontologia hospitalar deve ser dimensionada em vários
aspectos como assistenciais, de gerência e de formação, entre tantos.
Capítulo 37: Atendimento Odontológico ao paciente em
nível Hospitalar e seu papel na rede de atenção do SUS
INTRODUÇÃO
A coordenação do cuidado é um dos princípios da APS. Esse princípio pressupõe
que o cirurgião-dentista atue nesse sistema no sentido de orientar usuários e
encaminhá-los a níveis de assistência de maior complexidade, quando necessário,
mantendo sua responsabilidade pelo acompanhamento do usuário e o
seguimento do tratamento. A continuidade do fluxo ocorre com avaliação
especializada nos Centros de Especialidades Odontológicas (CEO), um serviço
enquadrado no segundo nível de atenção da rede, bem como ao nível de atenção
terciária. Dessa maneira, é necessária a ampliação do acesso dos usuários aos
serviços de atenção secundária e terciária (Odontologia hospitalar).
ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO A USUÁRIOS DO SUS
- SERVIÇO DE ODONTOLOGIA HOSPITALAR

O serviço de Odontologia hospitalar (OH) se destina aos pacientes de


complexidade internados nas unidades hospitalares, incluindo a UTI, que
necessitam de assistência por apresentarem comprometimento sistêmico
oriundo das diversas especialidades médicas de um hospital geral.

São elas: hematologia, neurologia, oncologia, reumatologia, nefrologia,


endocrinologia, moléstias infectocontagiosas, cardiologia, transplantes,
dentre outras.
A união de todos esses fatores resulta na necessidade de resolubilidade
odontológica, muitas vezes em caráter emergencial, para a sequência de
tratamento clínico e restabelecimento do quadro de saúde integral do paciente.

A multidisciplinaridade, contribui com o crescimento coletivo dos profissionais


da saúde, propiciando assim uma integração no desenvolvimento. Assim, pode-
se dizer que a Odontologia vem galgando seu espaço, ainda que timidamente,
no ambiente hospitalar, superando preconceitos de uma cultura apoiada na
especialidade médica, rompendo paradigmas por meio de resultados
consistentes em equipes multidisciplinares, em que médicos e odontólogos
contribuem conjuntamente na assistência integral do paciente.
ÁREAS DE ATUAÇÃO DA EQUIPE DE ODONTOLOGIA
EM AMBIENTE HOSPITALAR

Rede Básica de Atenção: postos de saúde da família


UPA (unidade de pronto atendimento):
Serviço de urgência e emergência odontológicas
CEO (centro de especialidades odontológicas): atendimento
especializado em Odontologia
Odontologia hospitalar:
Atendimento clínico–odontológico a pacientes internados ou com
necessidade de internação:
Ambito ambulatorial
Atendimento preventivo e curativo a pacientes
internados, com possibilidade de deslocamento
do leito para consulta/procedimento em
ambulatório ou daqueles cujas patologias de
base requeiram o tratamento odontológico em
ambiente hospitalar. No âmbito ambulatorial, são
executadas atividades como adequação do meio
bucal para pacientes oncológicos, que sofrerão
transplantes, cirurgias cardíacas, dentre outros;
além de atividades preventivas.
Leito hospitalar

Atendimento preventivo e curativo de


pacientes internados, sem possibilidade
de deslocamento do leito para
consulta/procedimento em ambulatório.
Assim, os procedimentos são efetuados
em leito com materiais e equipamentos
adaptados para a consulta.
Unidade de terapia intensiva
Para atuação em UTI, os membros da equipe de saúde bucal devem
receber treinamento adequado relacionado de maneira mais intensa com a
biossegurança, além de conhecimento dos equipamentos utilizados junto ao
leito do paciente como oxímetro, bomba de perfusão, monitores etc.

Em geral, cada serviço de Odontologia elabora um protocolo de


atendimento mais adequado ao perfil epidemiológico dos pacientes
internados, aliado à realidade do cenário institucional. No protocolo, devem
constar as informações sistêmicas e bucais de cada paciente
disponibilizadas no prontuário.
Centro cirúrgico sob anestesia geral

Para a anestesia geral é um termo


utilizado para designar uma técnica
anestésica que promove inconsciência
(hipnose), total abolição da dor
(analgesia/anestesia) e relaxamento
do paciente, possibilitando arealização
de qualquer intervenção cirúrgica
conhecida. Pode ser obtida com
agentes inalatórios e/ou endovenosos.
Critérios para inclusão dos pacientes no serviço de
Odontologia hospitalar em centro cirúrgico sob
anestesia geral
Pacientes que foram avaliados por cirurgião-dentista quanto à necessidade
de tratamento odontológico em nível especializado de atenção (hospitalar).
Pacientes com patologias sistêmicas, físicas, genéticas, poligênicas e outras
associadas a alterações de comportamento que inviabilize atendimento
ambulatorial.
Pacientes internados, cujo comprometimento odontológico seja relevante e
influencie na terapêutica médica a ser empregada.
Necessidades de tratamento acumuladas.
Conclusão
O momento atual vivencia a construção de normativas que nos possibilitam
vislumbrar a Odontologia no meio hospitalar. A Resolução RDC (Anvisa) no 7, de 24
de fevereiro de 2010, que dispõe sobre os requisitos mínimos para funcionamento
de unidades de terapia intensiva, aborda a necessidade de garantia de acesso à
assistência odontológica em UTI.

Essa normativa é um exemplo de abertura de possibilidades para que se trabalhe a


Odontologia em novo prisma dentro das instituições com a liberação, no Código
Brasileiro de Ocupações, dos procedimentos sob responsabilidade do odontólogo.
Como agentes públicos executores das políticas em saúde e prestadores de
serviços em saúde, cabe-nos sugerir critérios de implementação de Serviços em
Odontologia Hospitalar.
Referências Bibliográficas
1. Agha-Hosseini, F, Mirzaii-Dizgah, I, Mansourian, A, et al, Serum and stimulated whole saliva
parathyroid hormone in menopausal women with oral dry feeling. Oral Surg. Oral Med. Oral Pathol.
Oral Radiol. Endod., June 2009;107(6):806–810, doi: 10.1016/j.tripleo.2009.01.024.

2. Caldeira, MP, Cobucci, RAS. Higiene oral de pacientes em intubação orotraqueal internados em
uma Unidade de Terapia Intensiva. RevistaEnfermagemIntegrada (Ipatinga: Unileste-MG). 2011;
4(1):731–741.

3. ANDRADE, M. V. M.; SANTOS, A. R. Gestão de pessoas no serviço público federal: o caso do Núcleo
de Documentação da Universidade Federal Fluminense. In: XIII Seminário Nacional de Bibliotecas
Universitárias. Natal, 2004.

4. Brasil. Conselho Federal de Odontologia. Código de Ética. Resolução CFO-42 de 20 de maio 2003.
Obrigada!
ODONTOLOGIA - 9° PERÍODO
FUNORTE

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