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MÉRITO

Com razão a agravante.

É incontroverso no processo (fls.329) que a sócia executada é casada em regime de comunhão


parcial de bens com xxxxxxxxxxxxxx.

De acordo com o art. 1.658 do Código Civil, no regime de comunhão parcial de bens
comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na constância do casamento, excluindo-se
apenas as hipóteses expressamente previstas no art. 1.659.

Dentre as exceções do art. 1.659 suprarreferido se encontra a hipótese de obrigações


anteriores ao casamento, do que decorre, , a plena comunicação contrario sensu das dívidas
posteriores a ele.

Também é digno de nota que o art. 1.660, I do Código Civil é expresso ao estabelecer que
entram na comunhão os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda
que, ressalte-se, só em nome de um dos cônjuges.

Em outras palavras isso significa dizer que os bens adquiridos na constância do casamento
pertencem, em regra, a ambos os cônjuges, em partes iguais, bem como que respondem pelas
dívidas de ambos.

Por sua vez o art. 1.663, caput e §1º do Código Civil estabelece que a administração do
patrimônio comum compete a qualquer dos cônjuges, sendo que as dívidas contraídas no
exercício da administração obrigam os bens comuns e particulares do cônjuge que os
administra, assim como os bens particulares do outro cônjuge na razão do proveito que houver
auferido. E nesse particular cumpre presumir que o lucro obtido pelo marido reverteu em favor
da família.

Já nos termos do art. 1.664 do Código Civil os bens da comunhão respondem pelas obrigações
contraídas pelo marido ou pela mulher para atender aos encargos da família, às despesas de
administração e às decorrentes de imposição legal.

Note-se que segundo o art. 1.666 apenas as dívidas contraídas por qualquer dos cônjuges na
administração de seus bens particulares e em benefício destes não obrigam os bens comuns, o
que não é o caso dos autos.
Note-se ainda ser irrelevante o fato de xxxxxxxxxxxxxxxx não constar do título executivo e nem
tampouco do pólo passivo da execução, haja vista que a constrição pretendida se dará sobre a
meação pertencente à executada xxxxxxxxxxxxxxx, ainda que mantidos em nome de seu
marido (v. art. 1.660, I do Código Civil), não se vislumbrando ofensa ao art. 779 do Código de
Processo Civil.

Acrescente-se ainda que o art. 790, III do Código de Processo Civil estabelece que são sujeitos à
execução os bens do cônjuge ou companheiro, nos casos em que seus bens próprios ou de sua
meação respondem pela dívida, pelo que, em tese, a esposa do sócio executado poderia até
mesmo vir a ser chamada a responder pela dívida com seus bens próprios ou de sua meação.

Nesse passo, tendo em vista que os bens adquiridos por de xxxxxxxxxxxxxxx na constância do
casamento se comunicam com o patrimônio da sócia executada xxxxxxxxxxxxxxxxxxx, é
legitimo o pedido de pesquisa patrimonial para bloqueio de bens e penhora de ativos
financeiros que se encontram em nome do cônjuge não executado, de modo a alcançar a
meação a que tem direito o cônjuge devedor.

Diante do exposto, dou provimento ao agravo de petição para determinar a pesquisa de bens e
ativos financeiros em nome de de xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, através dos sistemas INFOJUD/DOI,
SISBAJUD, RENAJUD e ARISP, ficando autorizada a penhora de 50% do patrimônio localizado.

Atentem as partes para a previsão do art. 1026, §§ 2º e 3º do CPC, não cabendo embargos de
declaração para revisão de fatos, provas e da própria decisão, sob pena de multa.

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