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Durante o experimento, foi observado que ao alaranjado de metila (MO, Methylorange) foi

eluído ao utilizar o etanol como fase móvel. Este fora sempre adicionado ao topo da coluna
cuidadosamente para evitar perturbações na superfície da sílica e provocar imprecisões nos
resultados. A medida que o etanol fluía arrastando o alaranjado de metila ou evaporava, a coluna era
reabastecida para evitar secura. A eluição do MO pelo etanol fica evidente na Figura 1 ao notar o a
coloração amarelada próxima a torneira da mangueira, indicando seu escoamento.

Pode se concluir então que a eluição do MO ocorre em detrimento das forças atrativas entre
a fase móvel serem mais intensas do que as forças atrativas entre o MO e a fase estacionária, a sílica
(FORTES, 2003). Então para confirmar as hipóteses levantadas a respeito dos dados experimentais
obtidos, será necessário realizar a analise da estrutura das substancias envolvidas.

Primeiramente a respeito da sílica, esta possui grupos silanol (-SiOH) na superfície. Outro
fator importante é a disposição desigual da densidade eletrônica que os grupos silanois causam,
manifestando um comportamento característico de um ácido de Bronsted à sílica (ILER, 1979). A
sílica é polar graças a essa assimetria de cargas, o que condiz com sua capacidade adsorvente. Pode-
se conferir a estrutura da sílica na Figura 2.

A polaridade do etanol resulta da presença de uma hidroxila (-OH) e uma cadeia de


hidrocarboneto em sua estrutura molecular. A hidroxila cria um momento dipolo, com uma carga
parcial negativa no oxigênio e uma carga positiva no hidrogênio, tornando essa parte da molécula
polar (SOLOMONS, 2012). A cadeia de hidrocarboneto, embora seja apolar, contribui para a
polaridade geral da molécula podendo fazer interações por meio de dipolo-instantâneo e dipolo-
induzido, porém pela parte apolar ser curta, essa contribuição é sobrepujada pelas interações
polares. Observar estrutura do etanol na Figura 3.

O MO, com fórmula molecular C14H14N3NaO3S, é um sal orgânico que apresenta uma
estrutura contendo tanto cátions (Na+) quanto ânions. Essa configuração resulta em uma interação
íon-dipolo, onde os íons presentes interagem com moléculas polares da fase estacionária, como a
sílica gel, na cromatografia em coluna. Sua coloração vermelha é característica e decorre das
propriedades eletrônicas e estruturais da molécula (LAMPMAN, 2009). Estrutura do alaranjado de
metila na Figura 4.

O etanol, por outro lado, é um solvente polar e tem uma interação diferente com o
alaranjado de metila. O etanol é capaz de estabelecer ligações de hidrogênio com os grupos
funcionais polares presentes na molécula do alaranjado de metila, como o grupo ácido (-COOH) e o
grupo fenol (-OH). Essas interações de ligação de hidrogênio entre o etanol e os grupos funcionais
do alaranjado de metila enfraquecem as interações entre o alaranjado de metila e a sílica gel
(SOLOMONS, 2012).

Como se pode perceber na Figura 1, o azul de metileno (AM) permanece no topo da coluna
significando que as interações com o etanol, utilizado na eluição do MO, não são intensas o
suficiente para promover a eluição. Sendo assim necessário um aumento da polaridade do solvente.
Esse processo deve ser gradual para evitar imperfeições na coluna cromatográfica (ZUBRICK,
2005). Adicionou-se um solvente com uma polaridade entre a do etanol e do ácido acético, uma
solução etanólica 1:1 antes de seguir para o ácido acético.
A respeito da solução água-etanol 1:1, a adição de água ao etanol aumenta a polaridade da
solução e a capacidade de formação de pontes de hidrogênio, a polaridade geral e a força das
interações de hidrogênio ainda podem ser menores do que as interações observadas em uma solução
de ácido acético puro. As moléculas de água são altamente polares e possuem grupos hidroxila (-
OH) que são eficientes em estabelecer ligações de hidrogênio com outras moléculas polares. Nesse
caso, a presença da água favorece a formação de pontes de hidrogênio entre as moléculas de água,
etanol e outros compostos presentes na solução.

Caso fosse utilizado inicialmente a o ácido acético ao invés do etanol, poderia haver o risco
de uma coeluição do azul de metileno e do alaranjado de metila. A fração coletada no béquer então
ainda seria uma mistura dos dois. Portanto, foi necessário começar de um solvente menos polar e ir
caminhando até um mais polar para efetuar a separação.

Utilizando do mesmo raciocínio empregado anteriormente, se faz necessário uma analise da


estrutura do AM, consultar Figura 6. O azul de metileno, um sal orgânico de fórmula molecular
C16H18N3SCl, exibe uma estrutura molecular notável que influencia suas interações em
cromatografia em coluna. Sua composição iônica é marcada pelos íons S+ e Cl-, resultando em uma
predominante interação íon-dipolo com a fase estacionária (LAMPMAN, 2009). A presença dos
íons na estrutura favorece ligações eletrostáticas com grupos polares na sílica gel. Adicionalmente,
o azul de metileno é caracterizado por sua coloração verde escura. Quando submetido à
cromatografia em coluna, o azul de metileno demonstra uma retenção mais robusta devido às suas
interações intensas com a fase estacionária. A compreensão dessas interações e de suas diferenças
em relação ao alaranjado de metila é essencial para otimizar a separação cromatográfica e
interpretar os resultados obtidos.

Os solventes em uma cromatografia em coluna podem funcionar das duas seguintes


maneiras:

Primeiro, provendo um meio capaz de solvatar as moléculas adsorvidas após sua liberação
na superfície do adsorvente. Segundo, as moléculas do solvente podem aderir a superfície do
adsorvente deslocando as moléculas lá existentes e promovendo a eluição. O primeiro jeito pode ser
observado no processo entre o alaranjado de metila e o etanol. Já o segundo, é o caso que se aplica a
eluição do azul de metileno pelo ácido acético (FORTES, 2003).

A eluição do azul de metileno pelo ácido acético em cromatografia em coluna é um processo


influenciado por interações moleculares específicas. O ácido acético é um ácido carboxílico polar,
contendo o grupo funcional carboxila (-COOH), que é capaz de formar ligações de hidrogênio com
grupos polares da fase estacionária, como os grupos silanol na sílica gel. A interação ocorre entre os
oxigênios do grupo carboxila e os hidrogênios presentes na sílica gel.

Devido a essa interação forte e específica entre o ácido acético e a fase estacionária, as
moléculas de ácido acético podem aderir à superfície da sílica gel, deslocando as moléculas
previamente adsorvidas, como o azul de metileno. Essa ação competitiva resulta na eluição do azul
de metileno da coluna.

Assim pode-se explicar a eluição do azul de metileno ao abastecer a coluna com o ácido
acético. A Figura 7 denota esta afirmação, ao analisar a coloração azul-esverdeada próxima da
torneira. Em comparação com a Figura 1, é visível o deslocamento da fase de azul de metileno.

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