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Logística Ambiental de Resíduos Sólidos Recicláveis em São Sebastião
Logística Ambiental de Resíduos Sólidos Recicláveis em São Sebastião
RESUMO
O presente artigo trata da logística ambiental dos resíduos sólidos em São Sebastião - SP, aborda sobre a problemática da
destinação correta dos resíduos sólidos. O objetivo é descrever sobre como a destinação correta dos resíduos sólidos pode
melhorar a sustentabilidade da cidade: definindo, descrevendo e demonstrando como os processos de preparação domiciliar
para a coleta seletiva pode otimizar a reciclagem e a destinação final desses resíduos. Trata-se de uma pesquisa qualitativa
descritiva, utilizando de fontes bibliográficas e documentais, além de pesquisa de campo e entrevista. Após entrevistas e
pesquisa de campo, foi possível constatar que a maior parte dos resíduos sólidos coletados não chegam na cooperativa em
condições de reciclagem. Conclui-se que, se a população tiver conscientização e orientação de como realizar o processo de
seleção e pré-preparo dos materiais para a coleta seletiva, o número de resíduos reciclados aumentará, e com isso o número
de resíduos destinados de forma inadequada reduzirá, contribuindo com a otimização da sustentabilidade na região.
PALAVRAS-CHAVE: Logística ambiental. Resíduos sólidos. Sustentabilidade. São Sebastião. Reciclagem. Coleta seletiva.
ABSTRACT
This article deals with the environmental logistics of solid waste in São Sebastião - SP, which deals with the problem of the
correct destination of solid waste. The objective is to describe how the correct disposal of solid waste can improve the
sustainability of the city: defining, describing and demonstrating how the processes of home preparation for selective
collection can optimize the recycling and the final destination of this waste. It is a descriptive qualitative research, using
bibliographical and documentary sources, as well as field research and interview. After interviews and field research, it was
possible to verify that most solid wastes collected do not reach the cooperative under recycling conditions. It is concluded that
if the population has awareness and guidance on how to carry out the process of selection and pre-preparation of the
materials for the selective collection, the number of recycled waste will increase and thus the number of improperly destined
waste will reduce, contributing to the optimization of sustainability in the region.
Keywords: Environmental logistics. Solid waste. Sustainability. São Sebastião. Recycling. Selective collect.
1. INTRODUÇÃO
2. RESÍDUOS SÓLIDOS
Os resíduos sólidos são os resultados das atividades de origem industrial, doméstica,
hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição, podendo se apresentar de forma sólida
ou semi-sólida, segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT (2004).
Diferente do lixo que pode ser entendido como algo descartável e impossível de ser
reaproveitado, o resíduo sólido é baseado na possibilidade de reutlização, partindo do
pressuposto de que esses resíduos podem ser matéria-prima na produção de novos artefatos,
conforme comenta Andreoli et al (2014).
O Brasil produz anualmente mais de 78,3 milhões de toneladas de resíduos sólidos por
ano, desse montante cerca de 40% dos resíduos gerados são destinados de forma inadequada,
conforme estudos do Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (SELURB) citado
no Jornal do Estado de Minas (2019).
Especificando o município em questão, São Sebastião é considerado uma estância
balneária e está localizado no litoral norte do Estado de São Paulo, sua área total é de
403,34km², com cerca de 83.020 habitantes, segundo o site da Prefeitura Municipal de São
Sebastião (2019).
São Sebastião produz cerca de 140 toneladas de lixo por dia na baixa temporada,
segundo uma matéria no G1 (2018).
O crescimento constante na geração de resíduos sólidos tem inúmeras consequências
negativas, como: custos altos na coleta e tratamento do lixo; dificuldade de encontrar áreas para
a disposição final; e o desperdício de matéria-prima, conforme o Instituto Brasileiro de Defesa
do Consumidor – IDEC (2005).
Esta relevância também foi constatada por Lima apud Almeida e Amaral (2006, p. 2) na
afirmação de que:
A inesgotabilidade do lixo é como um aspecto importante da
problemática do lixo, assim como a origem e produção. O ritmo
acelerado do crescimento populacional constitui um fator preocupante
à medida que se considera a produção de lixo por pessoa. Aliado a este
crescimento acrescenta-se a expansão de indústrias para atender às
necessidades de um crescente número de consumidores. Frente a uma
geração inevitavelmente considerável de volume de lixo, faz-se
necessário buscar soluções a fim de evitar o comprometimento de toda
a qualidade de vida do planeta.
De acordo com Bringhenti (2004), os resíduos sólidos urbanos ou lixo urbano são os
resíduos recolhidos pelo serviço de coleta regular do município, os quais podem ser
encaminhados para disposição final em aterro sanitário. Não significa que necessariamente são
encaminhados para aterro sanitário, muitos desses resíduos também podem ir para aterros
controlados, o que não convém, pois o aterro controlado “não é considerado uma forma
adequada de disposição de resíduos porque os problemas ambientais de contaminação da água,
do ar e do solo não são evitados”, segundo o Manual de Educação para Consumo Sustentável
(2005, p. 123).
A disposição final inadequada dos resíduos sólidos pode gerar impactos ambientais,
sociais, culturais, econômica, tecnológica e de saúde pública. O ideal é que, como previsto por
lei, esses resíduos fossem descartados de maneira correta, começando pela separação do resíduo
orgânico do reciclável.
De acordo com Silva e Almeida apud Andreoli et al. (2014) “[...]pode-se dizer que
quando se mistura todo o material descartado, tem-se o lixo. Quando se faz a separação do lixo
e encontra-se materiais que podem ser reutilizados, o resíduo sólido.”
Ao falar sobre resíduo sólido, nos deparamos com os termos rejeito e lixo, podemos
entender o rejeito como um resíduo já reutilizado e sem possibilidade de aproveitamento em
outro ciclo de produção, já o lixo pode ser compreendido como o material sólido descartado
incorretamente e misturado a outro de propriedade química e física diferente, que não tem mais
valor comercial, como explica Hiwatashi (1998).
Há diversas formas de classificar os resíduos sólidos, conforme mostra a tabela abaixo:
Hiwatashi (1998, p. 18) afirma que “Os resíduos sólidos domiciliares são divididos em
materiais orgânicos e inorgânicos”.
Conforme Ministério do Meio Ambiente (2019), os resíduos orgânicos são compostos
basicamente por restos de animais ou vegetais descartados em consequência de atividades
humanas. Esses resíduos podem ter inúmeras origens, como doméstica ou urbana (restos de
alimentos e podas), agrícola ou industrial (resíduos de agroindústria alimentícia, indústria
madeireira, frigoríficos, etc), de saneamento básico (lodos de estações de tratamento de
esgotos), entre outras, o Ministério ainda comenta que esses resíduos representam metade dos
resíduos sólidos urbanos gerados no Brasil.
Já o resíduo reciclável inorgânico, “É [...] todo o resíduo descartado que constitui
interesse de transformação de partes ou o seu todo. Esses materiais poderão retornar à cadeia
produtiva para virar o mesmo produto ou produtos diferentes dos originais.” (MINISTÉRIO
DO MEIO AMBIENTE, 2012).
Complementa que para tornar o processo de reciclagem eficaz o consumidor deve seguir
três passos, sendo o primeiro separar o material reciclável, o que inclui embalagens de papelão,
plástico, isopor, metal (aço, alumínio), embalagens longa-vida, vidro, etc. O segundo passo, é
lavar todo o material, as embalagens devem ser encaminhadas limpas, pois restos de alimentos,
produtos de limpeza/higiene e cosméticos podem contaminar o material, inviabilizando sua
reciclagem. Já o terceiro procedimento é encaminhar o material para a coleta seletiva,
cooperativas de catadores ou centrais de recebimento de recicláveis (exemplo: escolas e
supermercados), caso a cidade não disponha de um sistema de coleta seletiva.
Esses três passos, permitem que os materiais retornem para o processo produtivo,
diminuindo o volume de resíduos acumulados em lixões e aterros.
3. DESENVOLVIMENTO DA TEMÁTICA
Trata-se de uma pesquisa qualitativa descritiva, utilizando de fontes bibliográficas e
documentais, além de pesquisa de campo e entrevista.
A pesquisa de campo foi feita na Coopersuss (Cooperativa de triagem de sucata), “in
loco” no município de São Sebastião, no local dos despejos, registrando e analisando a atual
situação. As informações sobre a quantidade de resíduos sólidos e destinação final foram
pesquisadas junto à Secretaria de Meio Ambiente (SEMAM) da Prefeitura Municipal de São
Sebastião.
Foram realizadas duas entrevistas, a primeira com o Agente Fiscal da SEMAM. Para
entender melhor sobre o processamento e a destinação dos resíduos do município, foi
questionado ao agente fiscal da SEMAM se o serviço de coleta de resíduos sólidos que existe
no munícipio é realizado separadamente (orgânico do reciclável), o mesmo afirma que sim.
Também foi questionado a respeito do modo de processamento e pós-seleção dos
resíduos orgânicos e recicláveis, o fiscal informa que não há processamento do resíduo
orgânico. Já os resíduos recicláveis vão para a cooperativa de sucata da cidade, Coopersuss,
que faz uma triagem desses resíduos, separando o lixo não reciclável que ocasionalmente vem
junto.
Ao perguntar sobre a destinação final dos resíduos recolhidos, o Agente informou que
os resíduos orgânicos vão para o aterro sanitário em Tremembé em São Paulo, já os resíduos
recicláveis, depois que passam pela cooperativa do município, são comprados por várias
empresas recicladoras.
Já a segunda entrevista, foi realizada com a Chefe de Divisão de Educação Ambiental
da SEMAM, a gestora disponibilizou dados referente aos resíduos recicláveis da cidade que
foram passados pela Coopersuss para a SEMAM, referente ao quilos movimentados em 2018,
o que proporcionou um diagnóstico preliminar da situação, identificado os problemas e
sugerindo soluções.
A Tabela 2 mostra o controle dos tipos de materiais recicláveis recebidos e separados
mensalmente por quilo pela cooperativa no ano de 2018. Esses materiais são entregues por
munícipes e pela empresa que realiza o serviço de coleta regular do município. Após o
recebimento a cooperativa faz uma seleção de acordo com o tipo de resíduo.
Nota-se que há uma tendência no aumento dos resíduos sólidos no ano em questão. Ao
fazer uma média dos resíduos recebidos pela Coopersuss nos meses de baixa temporada, temos
cerca de 65 toneladas por mês, que é um número pouco significativo, considerando que não
chega a 50% do lixo recolhido por dia.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como citado anteriormente, são recolhidos diariamente 140 toneladas de lixo no
município, ou seja, 4.200 toneladas por mês na baixa temporada. Já a cooperativa Coopersuss
está recebendo em média apenas cerca de 65 toneladas por mês neste período, de acordo com
os dados fornecidos na Tabela 2.
Levando em consideração que cerca de 30% de todo o lixo pode ser considerado
reciclável, segundo o Ministério do Meio Ambiente, é possível notar que há uma defasagem de
1.195 toneladas/mês de resíduos recicláveis recolhidos. O que significa que a cooperativa
deveria estar recebendo aproximadamente 1.260 toneladas de resíduos recicláveis por mês.
Estes resultados mostram que nem todo material reciclável vai para a cooperativa. Parte
da defasagem dos resíduos podem ser devido a: condições impróprias do material e também a
disposição final inadequada.
Quando o material chega em condições impróprias na cooperativa ou na usina de triagem
não permite o aproveitamento do mesmo. A disposição final inadequada por sua vez contribui
para a poluição ambiental, pois esses resíduos acabam sendo despejados em lixões, no mar e
nos manguezais.
Como proposta, sugere-se que, além conscientização dos munícipes, também é
necessário a orientação na forma de pré-preparo para o descarte correto dos resíduos, a fim de
evitar a contaminação do material, contribuindo para a otimização do melhor aproveitamento
no processo de reciclagem.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, R.A.J; AMARAL, S.P. Lixo urbano, um velho problema. Bauru/ SP, 2006.
Disponível em: <http://www.simpep.feb.unesp.br/anais/anais_13/artigos/78.pdf>. Acesso em
13 mar. 2019. 19h24.
ANDREOLI, C.V.; et al. Resíduos Sólidos: origem, classificação e soluções para destinação
final adequada. Disponível em: <http://www.agrinho.com.br/site/wp-
content/uploads/2014/09/32_Residuos-solidos.pdf>. Acesso em 11 abr. 2019. 11h12.
ESTADÃO. Brasil perde 3 bilhões por ano por não reciclar resíduos. Disponível em:
<https://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,brasil-perde-r-3-bilhoes-ao-ano-por-
nao-reciclar-residuos,70002559053>. Acesso em: 02 abr. 2019. 19h40.
G1 – GLOBO. Mesmo com política de resíduos 41,6% tem destino inadequado. Disponível
em: <http://g1.globo.com/natureza/noticia/2015/07/mesmo-com-politica-de-residuos-416-do-
lixo-tem-destino-inadequado.html>. Acesso em: 02 abr. 2019. 19h43.
G1 – GLOBO. Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo e recicla apenas 1%.
Disponível em: <https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/03/04/brasil-e-o-4o-maior-
produtor-de-lixo-plastico-do-mundo-e-recicla-apenas-1.ghtml>. Acesso em: 06 mar. 2019.
11h35.
<https://www.em.com.br/app/noticia/economia/2019/03/15/internas_economia,1038088/reuso
-do-plastico-renderia-r-5-7-bilhoes-ao-brasil.shtml>. Acesso em: 18 mar. 2019. 14h37.
RIBEIRO, T.F; LIMA, S.C. Coleta Seletiva de Lixo Domiciliar – Estudo de Casos.
Uberlândia/MG, 2000. Disponível em:
<www.seer.ufu.br/index.php/caminhosdegeografia/article/viewFile/15253/8554>. Acesso em:
28 mar. 2019. 16h22