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RESENHA

Resenha sobre o diálogo entre o texto MILROY, James. Ideologias linguísticas e as


consequências da padronização. Políticas da norma e conflitos linguísticos. São
Paulo: Parábola, v. 391, p. 49-87, 2011 e a professora Ma. Renata Santos. 

Érica Dias Borges


Cursando graduação em licenciatura de Letras –
Língua Portuguesa na Universidade do Extremo
Sul Catarinense – UNESC
Disciplina: Português Para Estrangeiros
ericadias@unesc.net

Discussões sobre a padronização e variação linguística

O texto de Milroy (2011) traz ideias acerca da ideologia da padronização da


língua, que significa levar à construção de uma norma para “garantir” a manutenção da
língua. O que ocorre é que pressupõe-se que os objetos a serem padronizados são
variáveis, de natureza não uniforme. De acordo com o autor, a padronização consistiria
“na imposição de uniformidade a uma classe de objetos.” Essas suposições carregam
consigo uma crença de que há uma língua correta, e a professora Ma. Renata Santos
afirma que esta crença está baseada no senso comum e não possui fundamento. Pois,
uma vez que a língua é algo natural para o falante, esta não é um objeto claramente
definível.

No início da conversa, a professora Renata traz conceituações acerca dos termos


variação, variedade e variantes para contextualizar e abranger o tema da padronização
linguística. É a partir destas diferenciações que se pode entender a ideologia da
padronização, trazida por Milroy (2011). De acordo com as explicações da professora
na conversa, a variação é um fato inerente às diversas línguas, que mudam e variam. A
variedade consiste em diferenças dialetais motivadas por fatores diacrônicos. E por fim,
a variante baseia-se em diferentes formas com o mesmo significado referencial.

Nas discussões sobre variação a professora Renata dialoga sobre o fato de que,
na escola, os alunos tendem a buscar um certo ou errado - quando na verdade é só o
caso de uma variante, por exemplo. E isso se deve pelo fato de que muito é cobrado dos
alunos na escola uma maneira específica de falar e escrever. A padronização do
português inicia-se em sala de aula e gera ideias equivocadas acerca da língua. Para
poder esclarecer esses equívocos, cabe ao professor de língua conseguir argumentar pra
que os processos da língua sejam legitimados e que haja clareza acerca das discussões
de língua e linguística, compreendendo os aspectos que tangem as variações.

Em seguida, a professora Renata discursa sobre as consequências da


padronização – que consiste na imposição de uniformidade a uma classe de objetos. A
professora ainda afirma que os processos de padronização no ensino de idiomas são
extremamente artificiais, relacionados a fatores políticos, culturais e socioeconômicos
que não levam em conta a língua como um todo, mas que buscam elitizá-la e estabelecer
limites.

Sabendo-se que tudo trata-se de questões políticas e culturais, o professor deve


compreender que o contexto do aluno é bastante determinante para o seu aprendizado. E
a partir da identificação de padrões e contextos, o docente saberá como seguir e aplicar
seus métodos de maneira adequada e eficiente. Identificando a insegurança linguística,
por exemplo, e investigando a perspectiva racista da língua, o professor saberá quais
caminhos percorrer para gerar as discussões necessárias em sala de aula.

Por fim, a professora fala sobre as abordagens de ensino de língua estrangeira e a


postura do docente neste contexto. Compreender os aspectos e ferramentas de
comunicação que melhor se encaixam com os alunos e os levarão a compreender a
língua como algo que está presente em nosso cotidiano e que está em constante
mudança é crucial.

REFERÊNCIAS

MILROY, James. Ideologias linguísticas e as consequências da padronização. Políticas


da norma e conflitos linguísticos. São Paulo: Parábola, v. 391, p. 49-87, 2011.
SANTOS, Renata; ELTERMANN, Ana Cláudia Fabre. A Promoção das línguas, a
ideologia da padronização e seus efeitos sobe o Talian. Travessias Interativas, n. 22, p.
151-170.

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